Chapter Text
Bebê.
Aquele pequeno palito de plástico queimava como fogo na mão de Will. O Graham olhava para aquilo com olhos arregalados - mesmo não sendo um homem religioso - ele rezou para que aquilo fosse mentira, rezou com todas as suas forças.
O pequeno palito de plástico podia parecer algo inofensivos para os outros, mas para Will aquilo era a pior arma que ele já havia posto em suas mãos. Aquele maldito palito dava ainda mais motivos para o seu maldito coração escolher estar do lado de Hannibal, afinal o palito era a prova de que o amor deles poderia dar frutos. O dito palito era um teste de gravides, e para a completa infelicidade - falicidade - de Wil, o teste deu positivo.
Pelo o que pareciam horas Will apenas ficou ali, parado em seu banheiro encarando aquele pedaço de plástico obsoleto - que parecia estar zombando dele a cada segundo que passava.
Por um impulso de seu cérebro, o Graham levanta do sanitário onde estava sentando anteriormente e anda em direção a sua sala, pegando seu telefone de forma automática e discando o número de Hannibal Lecter. A cada barulho que o telefone fazia Will se encolhia ou apertava ainda mais o taste em sua mão.
No momento em que Hannibal atendeu, os sentimentos de Will venceram, é ele tomou uma decisão que não haveria mais volta. Ele disse.
-Eles sabem.
No segundo em que as palavras sairam de sua boca, Will desligou o telefone. E ao mesmo tempo ele pode sentir um peso que o Graham nem sabia que existia deixar seus ombros.
Mas mal sabia Will que aquela noite estava só começando.
...
Tudo desmoronou naquela noite.
Obviamente, Will não achava que Hannibal iria embora sem deixar algum tipo de rastro sangrento, mas uma parte dele desejava que isso acontecesse, que o Lecter fosse simplesmente embora - mas Will deveria saber, que quando se tratava de Hannibal Lecter as coisas nunca poderiam ser simples.
A esperança de que quando chegasse a casa de Hannibal tudo estivesse vazio e ele tivesse partido para nunca mais voltar enchia o peito de Will enquanto ele dirigia até Baltimore - mesmo amando o Lecter, Will sabia que era melhor ele longe dali. Não que o Graham não fosse o procurar no futuro.
Mas essa esperança fora completamente esmagada no momento em que ele viu Alana Bloom caida na entrada da mansão, mesmo resentindo dela, Will sentiu pena de vela ali caida na chuva então ele deixou seu casaco para protege-la um pouco. Logo após fazer isso, o Graham marchou na direção de Hannibal, com a arma em mãos apontando para a sua frente - ele estava pronto para tudo o que pudesse encontrar dentro daquela casa.
Tudo menos aquilo.
Will não estava preparando para ver sua filha, Abigail ali viva olhando para ele com lágrimas nos olhos, por um momento ele se permitiu suspirar de alívio, apenas por um momento. O Graham perguntou para a menina onde Hannibal estava, mas a única resposta que obteve fora ela olhando além de seus ombros, é ele entendeu.
Virando o rosto junto do corpo ele teve um vislumbre de seu amado, com as roupas ensanguentados, rosto machucado e com a dor de uma traição em seus olhos.
-Você deveria ter ido embora. - disse Will, com sua voz chorosa e quebrada
Dali por diante foi só dor e sofrimento para aquela pequena família em construção.
Assim que Hannibal se aproxima de Will, ele coloca a mão em sua bochecha a dor de seus olhos parecia ter sumido sendo substituída por amor e carinho, Will se deixa ter esperança de que tudo ficará bem - oh pobre Will. Mas logo tudo acaba, o Graham ve a faca se aproximando cada vez mais de sua barriga, mas ele estava dormente demais para fazer alguma coisa.
Por incrível que pareça a dor não veio exatamente no momento em que a barriga de Will fora perfurada, ela veio assim que sua mente gritou com ele dizendo que seu bebê iria morrer com um golpe daqueles. Na hora em que esse pensamento veio, Will urrou, não por causa de sua dor mas sim da dor de seu filho ainda não nascido.
O Graham chorou ainda mais quando ele viu sua filha, ser esfaqueada no mesmo lugar por outra pessoa que ela considerava uma figura paterna. Ele viu a vida deixar os olhos da linda garota, é em meio ao som de sangue escorrendo Will ouviu o coração da menina parar. Assim ele apagou.
Will Graham perdeu dois filhos naquela noite...
Ou não será que não?
...
Quando Will recobrou a consciência, ele se sentiu pesado, tudo ao seu redor parecia demais para aguentar e apenas o simples movimento de abrir os olhos parecia tirar toda sua enérgica. Tudo melhorou quando o graham sentiu a água escorrendo por sua garganta
No momento em que a água alcançou seu estômago, as memórias voltaram com tanta força e velocidade que parecia um tsunami. Então Will com uma calma irreconhecível até para ele mesmo, perguntou ao médico ao seu lado onde estava o corpo do feto que ele carregava naquela noite.
-Não ah corpo algum senhor Graham, seu bebê está saudável é vivo em seu ventre. - disse o médico, e Will se sentiu entorpecido
Era como quando ele estava com encefalite, só que mais leve e menos grave. O Graham quase não ouviu o médico, ou melhor não quis ouvir. Sua mente estava em descrença, como seu filho havia sobrevivido? Aquela facada poderia matar qualquer um - que não fosse will
-O senhor deve ser um homem muito ligado a deus, afinal só ele poderia ter feito seu bebê sobreviver a aquele tipo de evisceração. - disse o médico mais uma vez, bem parecia que ele estava falando mais consigo mesmo do que com Will
Mas isso não mudava o fato de que as palavras dele não passavam de um eufemismo. Will não era um homem religiosos, ele nunca fora muito chegado a qualquer tipo de religião, o Graham chegava até zombar internamente da crença de algumas pessoas. Então porque diabos seu bebê estava vivo?
Não o julguem mal, Will estava feliz por seu filho ter sobrevivido, mas algo dentro dele ainda queria saber o porque. Poucos segundos se passaram, é com um suspiro Will decide desistir, mesmo ansiando por saber o real motivo de seu filho ter sobrevivido ele decidiu deixar isso pra lá. Aceitando isso Will leva uma de suas mãos no local onde as bandagens estavam e acaricia o lugar, sem se importar com o médico ao seu lado
Assim que o Graham parece estar recuperado do choque de descobrir que seu filho ainda estava vivo, o médico anuncia que havia uma visita para ele. Will não se choca com o anuncio, era realmete óbvio que alguém do fbi ou até mesmo algum de seus conhecidos viessem velo para tentar arrancar alguma pista do local onde Hannibal poderia estar. Por isso quando Frederick Chilton entrou em seu quarto, ele já estava preparado para qualquer coisa que o psiquiatra tentasse.
É como havia previsto, Chilton tentou fazer "amizade" com ele para assim pegarem o homem que havia os estripado, mas mesmo com todas as suas investidas, Frederick não teve sucesso.
Will esperava ver mais pessoas, como Jack ou Alana - até lembrar que eles estavam na casa de Hannibal naquela noite, é que concerteza nenhum dos dois havia saido ileso. Mas para o seu alivio, ninguém o perturbou mais.
...
Dessa forma, os meses foram passando e a gravidez de Will fora avançando até chegar no momento em que o graham finalmente iria conhecer o filho dele e de Hannibal.
Houve momentos nesses meses em que Will olhava para o seu reflexo no espelho
quando estava sem camisa por horas a fio, é via sua protuberante barriga e a gigantesca cicatriz - que mais parecia com um sorriso grotesco
Nesses momentos ele costumava contar ao bebê coisas sobre sua irmã falecida e seu pai, obviamente ocultando as coisas inapropriadas, afinal Will não queria que seu menino - e sim Will já sabia o sexo de seu bebê - conhecesse a morte tão cedo.
O dia em que o filho de Will chegou ao mundo, parecia mais um dia normal de chuva e neve em Wolf Trap, mas para Will aquele dia iria carregar um grande significado. Assim que o bebê chegou ao mundo, mostrando para ele a potência de seus pequenos pulmões o Graham chorou, mas dessa vez o choro carregava sua felicidade que transbordou ainda mais quando a enfermeira pôs o bebê em seus braços, e Will pode visualiza-lo melhor
Ao sentir o peso do bebê em seus braços, Will soube ali que tudo era real, naquele momento ele soube que pelo menos um de seus filhos havia sobrevivido a aquele jantar sangrento.
-Bem vindo ao mundo pequeno... Dylan. - sussurrou Will no ouvido do bebê, que ao ouvir a voz do pai parou de chorar instantaneamente
Uma coisa que Will sabia erá que havia chances do bebê puxar alguma característica de Hannibal, já que ele também tinha a genética do lecter. Mas ele não estava preparado para ver o cabelo loiro ralo na cabeça do filho, é parecia que Dylan séria uma lembrança constante de Hannibal.
Oque Will não sabia era o quão constante essas lembranças seriam.
No decorrer dos dias, parecia que a saudade que ele sentia de Hannibal no começo havia aumentando, e nem era por causa de Dylan. Will supôs que alguns hormônios da gravidez haviam ficado, então concerteza toda essa saudade compulsiva iria embora. Mas para o azar do Graham isso não aconteceu.
Em algum momento das primeiras semanas de vida de Dylan, Will tomou uma decisão enquanto olhava para o bebê que dormia pacificamente em seu berço absorto demais dos conflitos internos de seu pai. Will resolveu deixar todo esse conflito de lado e focar na maior decisão que ele havia tomado em toda sua vida - a segunda maior.
Ele iria encontrar Hannibal lecter.
Mas primeiro, ele precisava ter uma das maiores virtudes do ser humano.
A paciência.