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Ao ouvir os gritos malignos de sua esposa na Mansão Ye, o príncipe refém, filho mais odiado do Imperador Zhou, caminha apressado. Ele já estava a dois dias sem se alimentar, a terceira senhorita Ye, com quem havia se casado, havia o obrigado a se ajoelhar no gelo, no pátio do palácio. Ela havia feito isso após a droga do Nó de Primavera do Bicho de Seda atacar mais uma vez. Na ocasião, apesar de sentir uma dor insuportável, Tantai Jin havia a impedido veementemente de ficar nos seus braços. Ele a havia empurrado e na ocasião ela bateu a cabeça e desmaiou.
Naquele dia ele chamou os serviçais para não levantar suspeitas e alegou que ela havia tentado matá-lo. Apesar da falta de provas, ninguém no palácio, nem mesmo a avó da senhorita Ye Xiwu poderiam duvidar que ela realmente tivesse tentado tirar a vida de seu esposo, e embora ela fosse favorecida por todos, ninguém poderia negar que ela era uma donzela cruel, que não mostrava sinais de arrependimento quando maltratava os criados. Todavia havia um porém, ela evitava proximidade na hora de torturar, preferindo usar instrumentos ou assistir uma pessoa odiada congelar lentamente no lago. Exceto com Tantai Jin, incontáveis vezes ela havia usado as próprias mãos para enforcá-lo.
Tantai Jin secretamente a odiava, mas demostrava ser doce e gentil com ela em público. Embora ela não merecesse um pingo da sua falsa gentileza, ele fazia o possível para não ter mais problemas; mesmo que tivesse nascido sem nenhum sentimento particular, havia aprendido a disfarçar para viver em sociedade. Mas aquele dia que a empurrou no chão ele sentia algo peculiar, o que pareceu assustador para o feto demoníaco. Ele sentiu que talvez quisesse foder aquela rica e mimada senhorita que chamava o nome dele inebriada pelo Nó do Bicho de Seda. Ele foi incapaz de lidar com isso e a empurrou assim que se aproximou dele, se agarrando em seu pescoço. Ela caiu e bateu a cabeça e ele chegou bem perto de sentir culpa, algo que nunca havia sentido, mas afastou o pensamento em um segundo, porque sentiu que era a única que coisa que poderia fazer.
Quando bateu a cabeça no chão, a jovem senhorita havia tido um sonho muito longo, que a fez ficar desacordada por três dias. Assim que abriu os olhos castanhos escuros, Ye Xiwu amaldiçoou seu marido em voz alta " Tantai Jin!". Então, ela contou a sua família que ele havia a empurrado. Ela mesma decidiu puni-lo, como de costume, deixando-o ajoelhado no pátio do palácio, no relento e no auge no inverno.
Mas por que ele correria para uma esposa que o tratava assim? Ele também não sabia ao certo, talvez ele gostasse de ver a garota fora de si, talvez ele sentisse prazer em ver a jovem arruinar ainda mais a reputação dela ou racionalmente ele quisesse que a garota evitasse fazer algo muito escandaloso, que pudesse culminar em uma punição de seu pai ou de seu segundo irmão, porque isso com certeza respingaria nele. Já era difícil o bastante ser o príncipe refém, então ao menos ele tinha que ajudar a manter Ye Xiwu favorecida e imaculada, embora não fosse uma tarefa fácil.
Ele refletia sobre aqueles dias passados, quando os gritos de Ye Xiwu se tornavam mais nítidos.
Tantai Jin chegou ao salão oeste da Mansão Ye, lugar onde costumavam se reunir para tomar chá com visitantes importantes. Ye Xiwu estava dando um chilique pois aparentemente Xiao Lin havia feito uma visita e tomado chá com a avó, seu pai, o General Ye, além de sua irmã, Ye Bingchang. Porém ninguém havia chamado Ye Xiwu para participar, embora soubessem da sua obsessão pelo príncipe herdeiro daquele país. Ela argumentava que era a única filha legítima e deveria ser avisada se algo acontecesse na família. Em outras palavras ela queria ser avisada caso Xiao Lin fizesse a proposta de casamento à sua irmã, talvez para que ela pudesse tomar uma atitude mais drástica, já que alegava ser desde sempre apaixonada por ele.
Tantai Jin revirou os olhos em seu lugar, ele havia chegado sem fazer nenhum alarde e permanecia no canto, escutando mais um chilique de Ye Xiwu, ela era tão irritante e mimada que às vezes ele tinha o desejo secreto de estrangulá-la. Infelizmente ele não poderia, não porque ele fosse um anjo, ele com certeza não era, mas tinha um senso de dever muito grande. Ele não sabia o que era sentimentos de honra e dever, porém, racionalmente havia observado Xiao Lin durante toda a sua vida como refém no palácio. Ele costumava pensar que se fosse uma pessoa adequada, então talvez as pessoas parariam de abandoná-lo, mas isso nunca deixou de acontecer.
Enquanto argumentava, Ye Xiwu se tornou de repente ciente da sua presença no lugar e olhou para ele com uma feição questionadora, ele olhou para ela imediatamente, com olhos frios, mas fingiu que não estava entendendo. "O que faz aqui Tantai Jin?", ela disse o confrontando, ela havia administrado uma punição e esperava que ele a cumprisse sem fugir. "Vim ver se minha querida esposa estava em apuros." ele faz a cara mais inocente, que faria até um anjo duvidar da sua pureza, pois seria sempre Tantai Jin que estaria certo. Ele costumava se fazer de puro e inocente diante dos outros, mas Ye Xiwu não acreditava em absolutamente nada, na verdade ela não poderia acreditar em nenhuma bondade que não fosse paga por dinheiro ou que não fosse de seu pai ou avó, porque ela mesma não via razão para alguém ser bom com outra pessoa. "Veja só Ye Xiwu , seu marido é tão atencioso com você!" Ye Bingchang disse e soou para todos como um elogio, mas a senhorita mais velha não era inocente e sabia em que ponto poderia afetar sua irmã desequilibrada. "Sua vaca!" Ye Xiwu disse, respondendo-a. Tantai Jin secretamente riu, pois em vez de negar o casamento deles, como ela sempre fazia, ela apenas xingou sua irmã e se retirou. "Vamos Tantai Jin.", ele a seguiu sem questionar nada, o príncipe refém era sempre muito obediente à Ye Xiwu , apesar de às vezes soltar farpas para provocá-la.
O casal saiu junto. Eles, é claro, sempre diziam se odiar. Mas eram sempre vistos andando ao lado um do outro pela mansão. Tantai Jin sabia de muitos dos seus planos e pensamentos malignos, ela costumava falar com ele enquanto caminhava, de vez em quando ele até se surpreendia com a mente perversa da mulher, mas por algum motivo ela nunca fazia nem metade das coisas que falava. Mas nesse dia ela estava quieta, como se seus planos realmente fossem ser colocados em prática e ela não quisesse que ninguém estragasse.
Na porta de seus aposentos, Ye Xiwu falou "Volte para sua punição Tantai Jin", ela de repente se lembrou olhando pra ele, "Ainda não passou três dias! Volte a noite para nosso compromisso.". Ele fechou a cara para ela e saiu, voltando ao pátio, se ajoelhado no lago congelado. Ye Xiwu costumava ser cruel com ele, mas despendia uma atenção absurda para alguém que ela alegava não querer nem olhar, ela com certeza observava muito ele e até mesmo tocava sua pele pálida para o fazer sentir dor. Mesmo que ela tivesse o compromisso mais importante, todas as noites ela voltava para o quarto para administrar alguns golpes de chicote nas costas de seu marido. Era uma rotina dolorosa para Tantai Jin, mas muitas vezes ele ficava intrigado com o quanto a terceira senhorita era comprometida com aquele horário, ele pensava que ela devia o odiar muto. Ele não entendia completamente o sentimento, mas se sentia tocado por algo tão intenso e devastador vindo dela.
Ele sentia frio até nos ossos, enquanto estava ajoelhado no pátio da mansão. Ele se obrigou a resistir bravamente, sabia que se desmaiasse sonharia com a entidade que aparecia sempre que ele estava na beira da morte, ele dizia que Tantai Jin teria um futuro glorioso e seria imperador do reino demoníaco. Ele não via a hora desse dia chegar, ele com certeza esmagaria todos seus inimigos, mas apesar disso ele não queria morrer ainda.
Quando a noite chegou, ele levantou do gelo, muito fraco, gotículas de neve se acumulavam em seus cílios e em seu cabelo sedoso. Suas roupas finas não eram capazes de o proteger do vento cortante. Apesar de tudo ele caminhou com a melhor postura que conseguiu. Quando abriu a porta dos aposentos de Ye Xiwu , onde ele costumava dormir, aos pés dela. Ele encontrou a garota de pernas cruzadas, parecendo entediada. "Feche logo a porta Tantai Jin, está entrando vento frio!", ele pensou como Ye Xiwu era uma desgraçada sem coração, mas apenas se ajoelhou no tapete do quarto. "Vamos logo com isso Ye Xiwu .", ele disse apressado para se aquecer. "Eu vou a hora que eu quiser!", a garota retrucou. Ela pegou o chicote, mas para a surpresa de Tantai Jin ela ficou de frente para ele e se abaixou o observado de perto "Você deve me odiar. Não tem vontade de me estrangular Tantai Jin?", ele respondeu com um sorriso sarcástico "O que você acha?", ele pensou que após isso levaria um tapa na cara ou até mesmo uma chicotada, mas ela apenas ficou com uma cara pensativa. Ela se lembrava claramente do seu sonho, mas era mais que um sonho, parecia uma visão, tão real, o rosto de Tantai Jin um tanto diferente, mas ainda sim era ele que a estrangulava. Os olhos vermelhos e a força daquele diabo enviaram calafrios pelo seu corpo, enquanto ele a chamava pelo nome de Li Susu . Mas ela preferia não pensar naquele sonho agora.
Ye Xiwu pegou o chicote e começou a administrar golpes nas costas de seu marido, como sempre fazia, de início ele resistiu serrando os dentes. Mas em algum momento seu corpo ficou todo quente e ele começou a gemer. O som ascendeu o alerta em um ponto especifico do corpo de Ye Xiwu ela o bateu mais, inebriada pelos seus gritos e gemidos. Mas ela de repente parou quando o corpo fraco de Tantai Jin caiu, as mãos delicadas dela tremiam, seu corpo parecia querer entrar em colapso. Ela foi desperta pela visão das costas largas ensanguentadas e se abaixou levantando seu tronco e acolhendo-o em seus braços sem se importar com as manchas de sangue em seu vestido. A feição dela era realmente preocupada e seus sentimentos eram confusos. Ao olhar para baixo, ela percebeu uma saliência em sua calça e afastou a roupa de cima de Tantai Jin, apenas para constatar melhor que ele estava excitado. Ela abriu levemente a boca e esfregou as coxas por impulso. Então acordou do transe e chamou alguns criados ordenado que aquecessem água e o limpassem e trouxessem alguns remédios.
Os criados ficaram um pouco chocados com o estado do rapaz e ainda mais envergonhados por perceber que de alguma forma ele sentiu tesão em ser espancado. A garota cruel ficou de cabeça baixa, incapaz de olhar para a câmara ao lado, onde protegido por uma tela, estava seu esposo desacordado em uma banheira quente. Os aposentos da terceira senhorita eram espaçosos e com móveis finos e objetos caros, ela se mudou para lá a um mês e meio atrás, quando se casou com Tantai Jin, era o segundo aposento mais refinado, após os aposentos do próprio General Ye.
A cruel senhorita não parecia cruel agora, mas acuada, ela havia recusado trocar seu vestido branco sujo com o sangue de Tantai Jin. Ela só se levantou da sua cama quando seu marido já havia sido vestido e tratado pelos criados. Ela se levantou para que colocassem ele na cama e quando uma criada chegou com um remédio líquido e um pano molhado para amenizar a febre dele, ela gritou para que ela saísse e todos saíssem.
Ye Xiwu , que nunca havia cuidado de ninguém na vida, olhou compassivamente para o rosto de Tantai Jin, ela pensou que talvez tivesse sido dura demais, que o corpo dele já estava muito fraco. Geralmente ela se divertia com o sofrimento dele, mas não havia nenhum sorriso em seus lábios, pelo contrário, seus olhos estavam um pouco marejados, mas ela piscou repedidas vezes para afastar-se do buraco em seu coração. Ela pegou a tigela com o remédio e soprou o líquido na colher, ela despejou o líquido entre os lábios dele, levantando sua cabeça com cuidado para ele não engasgar. Apesar de sua falta de experiência, ela sabia como proceder, ela se lembrava de sua avó cuidado dela após uma doença na infância. Ela havia ficado febril por dias quando sua mãe se suicidou, ela só tinha seis anos e se lembra de perguntar-se repetidamente se sua mãe havia se matado por ter uma filha má e porquê ela não a amava o suficiente.
Ela continuou os cuidados com Tantai Jin, o dando todo remédio. Após isso ela pegou o pano, o molhando mais na tigela com água e tocando delicadamente o tecido na testa dele. Ele fez um som inteligível ao toque, ele estava delirante, como se tivesse tendo um pesadelo. Ye Xiwu tocou na bochecha dele sentindo o quanto sua pele estava quente. Ela se virou para molhar mais o pano e quando voltou, antes que pudesse tocá-lo, ele segurou seu pulso firme e abriu os olhos. "O que está fazendo?", sua voz era muito baixa por causa da dor e ele tinha certo medo no seu olhar. "Estou cuidando de você.", ela disse e Tantai Jin não conseguiu compreender isso, mas estava muito cansado para discutir e mergulhou febril novamente na cama, ele sentia vagamente o toque da garota e do pano molhado em sua testa, mas só conseguia pensar que aquilo era apenas um sonho muito bom.