Actions

Work Header

Placeholder (EzKayn)

Summary:

Kayn nota que há algo de errado com ele. Não é mais necessário que ele beba nas festas para que se esqueça do que aconteceu no dia seguinte, e dias inteiros parecem simplesmente ser apagados de sua memória. O medo de ser tratado como louco e expulso de mais uma banda começa a fervilhar os gatilhos e pânicos dentro dele, ameaçando a realização de seus sonhos e seu futuro como Idol. Ele precisa encontrar uma forma de resolver o problema.

Kayn x Ezreal
Sett x Yone x Aphelios
K'Sante x Yone

Notes:

Essa fic era pra ser uma oneshot, mas tá ficando enorme então vou particionar pra que a leitura não fique cansativa. Essa fic existe graças a um grupinho de nóias que me arrastaram a força pra esse fandom mesmo que eu seja uma hater de carteirinha do jogo <3
Se quiserem brigar com alguém por isso aqui existir, briguem com Kyle, Raven e Riss. Menções honrosas ao Jake e ao Mori que foram dragados pra esse meio junto comigo.

Avisos: essa fic foi escrita para um público adulto e contém vários temas sensíveis que podem causar gatilhos. Se você tem gatilhos com algum dos temas abaixo, prossiga com cautela. Se você é menor de idade e tá lendo isso, não conta pra sua mãe.

- transtorno dissociativo de identidade
- investidas abusivas
- falhas de comunicação que levam a violência
- violência
- abuso de drogas e álcool
- relacionamento poliamoroso
- discussão sobre suicídio e depressão
- sexo explícito

Se você mesmo assim quer ler essa bomba, divirta-se!

Alguma hora a fic ganha capa.

Chapter 1: Parte 1

Chapter Text

Algo de errado estava acontecendo. Kayn sabia que sim, sabia há algum tempo considerável, mas insistia que não era nada demais.

Começou com uns esquecimentos aqui e ali; umas bebedeiras que acabava acordando no dia seguinte sem se lembrar de nada, amnésia alcoólica… normal, certo? Errado. Kayn tinha certeza que não tinha bebido nem antes, nem depois do show na noite passada, mas acordara com aquela sensação horrorosa da ressaca. A boca seca, o estômago embrulhado, a dor de cabeça aguda.

Levantou-se cambaleando no quarto escuro e precisou se apoiar na parede para não ir ao chão de uma vez. O equilíbrio completamente perdido, estômago revirando. Respirou fundo segurando firme e abriu a porta. O sol que iluminava o corredor inundou o quarto escuro e fez Kayn cerrar os olhos com força usando o braço para cobrir o rosto. Yone, que calmamente lia um livro sentado na poltrona da sala, ergueu os olhos azuis em direção ao corredor que levava para os quartos ao ouvir o barulho da porta se abrindo, bem a tempo de ver Kayn dar o primeiro passo para fora e desmontar em direção ao chão com um estrondo.

O produtor fechou seu livro colocando-o sobre a mesa de centro e se levantou indo em direção ao rapper a passos rápidos, ajudando-o a levantar-se sem questionar demais, segurando-o por sob os braços para dar apoio.

— Tome um banho e coma alguma coisa. Vou te fazer um café forte. Você está fedendo. — o homem de cabelos brancos alfinetou, ajudando Kayn a caminhar até o banheiro, então o empurrando para dentro do box e saindo para buscar uma toalha para ele, logo voltando, deixando a toalha limpa lá e fechando a porta.

Kayn sequer conseguiu responder à provocação. Tirou a camisa e levou a mesma até o nariz, torcendo as feições ao compreender o comentário de Yone: estava imundo. Como sequer tinha conseguido dormir daquela forma? Olhou-se no espelho, destruído, olheiras fundas, exausto, os cabelos completamente desgrenhados. Arranhões nos braços. O que caralhos tinha acontecido? Quanto tinha bebido? Não se lembrava de colocar sequer um único copo de álcool na boca e ainda assim…

Rendeu-se ao banho. Era melhor pensar nisso quando estivesse melhor.

Depois de um banho revigorante, sentia-se um pouco melhor, mas ainda faltava algo no estômago. Seguiu para a cozinha onde encontrou Yone servindo um café da manhã. Rezou internamente para que ele não lhe estivesse torturando com aquele maldito natô* que ele costumava arrumar de vez em quando. Odiava aqueles malditos feijões fedidos e era o que menos precisava naquele momento absolutamente confuso. Por sorte não tinha nada como feijão mofado sobre a mesa, mas um café da manhã que mais parecia um bom almoço do seu ponto de vista. Arroz — provavelmente japonês, considerando que era Yone quem tinha feito, o que tinha um gosto estranhamente doce, mas era melhor que natô —, vegetais cozidos, peixe grelhado, manga cortada e um copo de chá o qual o produtor acabava de servir.

Yone suspirou e negou com a cabeça ao olhar para ele, franzindo o cenho em reprovação.

— Eu quis dizer tomar um banho, se vestir e depois comer, Kayn.

Kayn olhou para baixo, a toalha parecia cobrir bem o que precisava ser coberto.

— Eu só vou comer rapidinho e depois já coloco uma roupa. Não esquenta com isso, Yone. Nada aqui que seja absurdamente diferente daquilo que vocês também tem… — Ele disse escolhendo ignorar e sentar-se para comer, já caindo de boca na comida sem esperar resposta.

Yone revirou os olhos e puxou uma cadeira ao lado dele, apoiando os cotovelos sobre a mesa e encarando o rapaz de cabelos rosados em silêncio.

— Ai, puta merda… O que eu fiz dessa vez? É a porcaria da roupa? Odeia tanto assim ver meus mamilos por alguns minutos? Eu só tô com uma fome do cão! Parece que vomitei meus órgãos por inteiro essa noite… Não sobrou nada além de desespero, tontura e vontade de morrer, Yone, tenha pena de mim! — Choramingou.

Yone suspirou mais uma vez.

— Qual é o seu lance com o Ezreal, Kayn? — o homem perguntou sem hesitar.

Kayn quase cuspiu todo o chá que tinha acabado de beber.

— Pff… O quê?! Eu… Ezreal? Tá brincando, yone? Não tem nada de mais! Somos amigos, ué, como eu e você! Eu só calhava de ser fã dele antes de conhecê-lo, então além de amigo eu sou um pouco fanboy também, pff, nada de mais, ‘cê sabe. Nunca atrapalhou nosso desempenho… — explicou-se tentando ocultar o nervosismo.

Nada daquilo era mentira, claro. Não tinha nada com Ezreal, infelizmente. Ez parecia vê-lo como amigo, como todos os outros caras da Heartsteel. Um grande “nada de mais”. Se Ez desse mole, se o olhasse torto por dois segundos, se sorrisse muito perto, ah, aí seria outra história…

— Hm. — Yone afirmou com a cabeça e encostou as costas contra a cadeira. — Você não parece se lembrar de nada do que fez essa noite, outra vez. Kayn, você anda passando muito dos limites com a bebedeira, mesmo que no conceito nós sejamos um grupo de “bad boys”, na prática isso não é bem visto na mídia. Não tenho como te proteger se você corre pra se queimar todo fim de show. Por mais que sua capacidade vocal seja muito boa, seus graves sejam impressionantemente bons, não tenho como fazer dar certo se você não nos ajudar.

— Hum, isso eu sei, foi mal, Yone, vou tentar controlar meus impulsos de fazer besteira na próxima vez, mas… se não for um problema perguntar, o que meu vexame tem a ver com o Ez?

Yone levantou-se apoiando as mãos sobre a mesa e suspirou.

— Você tentou beijá-lo. Ninguém viu, ele veio me contar. Não queria que eu te falasse, porque sabia que você estava muito bêbado e provavelmente o confundiu com alguma garota, sei lá. Mas eu sei, Kayn, que você mudou muito seus hábitos desde que entrou pro grupo, apesar de que as bebedeiras aumentaram… Talvez você esteja se sentindo sexualmente reprimido? Não sei.. De todo modo, seria bom se você pudesse resolver esses problemas sem envolver o Ezreal, e de forma discreta. Preferencialmente não num canto escuro de uma after party onde poderia acabar sendo pego por alguém louco pra ganhar dinheiro com uma foto polêmica e um tabloid de segunda categoria. É só o que eu tenho a dizer. Pode terminar seu café da manhã.

O produtor afastou-se da mesa por uns minutos para pegar uma xícara e a garrafa de café e colocá-las ambas sobre a mesa à frente de Kayn, saindo logo em seguida em direção à sala mais uma vez, provavelmente para voltar ao seu livro.

Kayn olhou para o relógio na parede, passava das dez da manhã. Merda.

Chegou mais do que atrasado para o ensaio com Sett, Ezreal e K’Sante. Fazia sentido a casa estar tão silenciosa. Os treinos com vocal seriam na parte da manhã, de tarde Aphelios e Yone se juntariam a eles para o ensaio de performance. Avistou K’Sante próximo ao bebedouro perto da sala de ensaio, ele estava enchendo sua garrafinha d’água, Sett, perto dele, parecia entretido na conversa dos dois. Entrou de fininho na sala, tentando não ser notado. Se era pra tomar mais bronca, então quantos mais minutos pudesse adiar seria melhor.

Kayn não era um medroso, não confunda. Ele apenas não queria acabar brigando com alguém da banda. Estavam juntos há pouco tempo, só tinham um álbum lançado, ainda não tinham se consolidado de verdade — por isso fazia muito sentido que Yone estivesse tão preocupado com a imagem que passavam pra porcaria do público… Kayn tinha um histórico problemático justamente nesse quesito: a última banda não tinha acabado bem. Tinha sido expulso mesmo depois de dedicar quase dez anos de sua vida àquele trabalho, mesmo depois de tantos anos como trainee, pra chegar e perder tudo da noite para o dia por causa de uma discussãozinha de nada.

Alguém tinha perdido um dente, mas mesmo assim era demais, não?

Parou segurando a pochete nas mãos e colocando-a devagar sobre o banco de descanso no canto da sala. A voz de Ezreal ecoava na sala enquanto ele, concentrado, tentava não oscilar o tom enquanto fazia os movimentos de dança da coreografia do refrão. Tinha tentado beijá-lo, segundo Yone… Aquilo estava ficando realmente grave então… Sério demais.

Sequer se lembrava daquilo. Sequer se lembrava de ter bebido, que dirá de tentar beijar Ezreal… Se o tivesse beijado naquele estado, jamais se perdoaria por ser incapaz de lembrar-se disso.

— Vai ficar só olhando ou vai vir participar? — Ezreal estava virado para ele, um sorriso radiante estampado em seu rosto suado. Ele tomou um pouco de água de sua garrafinha plástica e apontou a mesma para o rapaz de cabelos rosa. — Quer?

Água, sim, queria água.

— Ah valeu, tá um calor terrível lá fora. — foi em direção ao cantor e pegou a garrafinha que lhe foi estendida, virando o bico contra a boca, sorvendo o líquido insípido.

A boca dele estava bem ali… Pressionou o biquinho contra o lábio inferior para fechar o pininho e entregou a garrafa de volta. Que tipo de pensamento era aquele? Ah, claro, o tipo intrusivo e indecente. O tipo que constantemente vinha sondando sua mente e dando aquelas ideias erradas que provavelmente pareceram extremamente boas enquanto estava bêbado. E que pareciam extremamente boas agora também.

— Eu imagino mesmo. Daqui a pouco é meio dia, o sol fica um horror nesse horário nessa época do ano. Quente demais. — o cantor guardou a garrafinha e sorriu de volta para Kayn.

— Mais quente que isso só você mesmo.

A frase saiu estranha. Era pra ter falado aquilo? Que esquisito… Não ia dizer isso, ia dizer “vamos ensaiar então?”, mas aí saiu aquela cantada horrorosa e… Aquela voz não parecia ser sua, só parecia… gravada.

Escuro.

Merda.

Ainda estava bêbado?

 

As luzes se acenderam. Gritos, xingamentos, o que estava acontecendo? Que merda era aquela?

— Eu falei pra você não se meter com a porra do Ezreal, Kayn! Que caralho! É assim tão difícil pra você respeitar o espaço das pessoas?! — Yone parecia tão puto… por que estava tão puto assim?

— O que caralhos tu tem na cabeça, irmão? Se ele disse pra você que era pra se afastar, por que tu não se afastou? — Sett, enfurecido, empurrou Kayn pelos ombros.

Kayn sentiu as costas baterem na parede. Estava absolutamente confuso. Em que universo paralelo tinha acordado agora? Que porra tudo aquilo significava.

— Porra! Me desculpa! Eu juro que eu não sei o que me deu… Eu só… 

Kayn procurou com os olhos algum sinal dos cabelos verdes de Ezreal e o encontrou no canto da sala, sentado no banco com os cotovelos sobre os joelhos e a cabeça baixa. K'Sante abaixado em frente a ele parecia conversar com ele aos sussurros. Aphelios de pé ao lado dele lançava um olhar inquisitivo na direção de si. Engoliu seco. Como se explica algo que se desconhece? A que tipo de droga poderia aferir um comportamento que sequer sabia o que tinha feito?

Pelos sinais do ambiente, imaginava que tinha assediado Ezreal de alguma forma. Por que tinha feito aquilo? Qual era o sentido daquilo? Ezreal era… ele era…

Ezreal era o sol de seu mundo. Por mais que odiasse admitir, aquela banda era tudo pra si… então… por quê? Por que tudo parecia ruir sob seus pés cada dia mais? Por que estava fazendo aquelas coisas e, principalmente, porque não era capaz de se lembrar de nada?

— Você só…? Tá usando alguma droga ilegal e fodendo com tudo e calhou de o coitado do Ezreal estar na hora errada e no lugar errado, Kayn? Duas vezes? — Sett inquiriu.

— Me desculpa… eu vou embora. Talvez seja melhor eu não socializar mesmo. Acho que não estou apto a isso… — tentou esquivar-se, torcendo para que o deixassem em paz, nas Sett o segurou pelos ombros.

— Não sem a gente conversar antes, irmãozinho. Eu, você e o Yone vamos bater um papo de homem pra homem. Aphelios e K'Sante vão tomar conta do Ez enquanto isso.

Sett afastou-se da parede puxando Kayn pelo colarinho, Yone os seguiu em silêncio até a sala ao lado. Nenhum dos outros três dirigiu a palavra ao rapper quando passaram por eles num silêncio desconfortável. Kayn se sentia sufocado, em pânico. Não sabia o que estava acontecendo consigo. As memórias eram vazias, confusas.

Na sala ao lado, Sett logo o empurrou para que se sentasse no banco, então abaixou-se à sua frente, olhando-o nos olhos, e disse: — Você achou que seria engraçado abusar do Ezreal só porque ele é ingênuo? Está nesse grupo para nos sabotar?

Kayn engoliu seco. As mãos trêmulas agarraram-se à beira do banco.

— Não, nada disso! Eu jamais iria fazer propositalmente qualquer coisa contra o Ez ou a banda… Eu amo meu trabalho e… a verdade é que… — hesitou. Era a única forma, precisava de coragem. — Estou a-apa… eu gosto do Ez. Gosto demais dele, acho que perdi a mão, achei que ele estava flertando comigo e ignorei os sinais. Sei que errei absurdamente, então vou me manter afastado do Ez e evitar ficar sozinho com ele de agora em diante. — mentiu.

Sett suspirou e baixou a cabeça.

— Não me faça me arrepender de confiar em você, Kayn. Eu valorizo demais o seu trabalho, e gosto de você como amigo, como pessoa. Não rompa com a minha confiança. Se não tiver outra forma, não vou evitar quebrar sua cara na porrada, e você já não é muito bonito.

O maior levantou-se e deu dois tapinhas no ombro de Kayn, saindo da sala em seguida, deixando o rapper e o produtor a sós.

— Você não tem ideia do que fez, não é? — Yone perguntou após conferir que Sett tinha mesmo saído da sala.

Kayn mordeu o lábio inferior. Como podia ser tão difícil enganar um único filho da puta?

— Por que você acha isso? — tentou ser firme e investigar.

Yone negou com a cabeça.

— Você parece possuído por algum tipo de demônio, Kayn. Não sei, não gosto muito de acreditar nessas coisas, mas do nada você muda completamente. Antes era só quando bebia, então sempre associei com a bebida, mas hoje… Estive com você de manhã e pelos horários que me passaram da sua chegada, não teria dado tempo de você parar pra beber em algum lugar, você está sóbrio, mas mesmo assim fica com essa expressão desolada e confusa como se não soubesse o que está acontecendo sobre algo que você mesmo fez. — Yone parecia genuinamente preocupado, talvez fosse por isso mesmo que ele era o "pai" de todos ali, sempre pronto a dar suporte a cada um. — Sett e os outros não parecem ter notado, mas eu percebi que o jeito que você fala é diferente, a voz fica bem mais grossa, seu olhar muda, fica mais agressivo, a postura, parece outra pessoa, Kayn. Normalmente eu sou contra, mas acho que você devia procurar um templo, um padre, um pastor, sei lá. Faz um exorcismo, tira esse capeta de dentro do seu corpo. Eu te ajudo a conversar com o Ez depois disso pra tirar a limpo esse caos todo. — ele suspirou se levantando e estendendo a mão para o rapper.

Kayn não imaginava que poderia experimentar tamanho alívio instantes depois de tanto desespero. Pensar que Yone e os outros o odiariam e expulsariam, como tinha acontecido na outra banda, era um pesadelo.

Não era religioso, não acreditava em deuses ou demônios. Para ele, os demônios eram as pessoas e o inferno era a Terra. As pessoas que se aproveitavam das mais fracas, as pessoas que torturavam as outras, que garantiam que a vida delas fosse tão miserável quanto possível. Essas pessoas definitivamente eram demônios.

Pensando bem, não estava sendo um demônio na vida de Ezreal naquele momento? Não importava que fosse completamente apaixonado por ele, se Ez não correspondia seus sentimentos, então aquilo tudo não passava de assédio. Encolheu os ombros sentindo o peso das ações das quais não se lembrava em suas costas.

— O que exatamente eu fiz ao Ez? — tomou coragem para perguntar, já que Yone parecia mesmo acreditar em si.

O produtor suspirou e afirmou com a cabeça.

— Por que não vem comigo e vê? As câmeras pegaram tudinho.

Hesitante, Kayn seguiu Yone até a sala de vídeo, onde o produtor rapidamente acessou as câmeras da sala onde estavam anteriormente. Sett tinha se juntado ao trio e todos pareciam estar num clima um pouco melhor, agora que Ezreal estava mais calmo. Yone não pareceu focar nisso, voltando o vídeo até o momento em que Kayn entrou na sala.

Kayn se lembrava de entrar, de tomar a água oferecida pelo cantor, mas aí as coisas pareciam mudar de figura. Uma câmera estava posicionada num excelente ângulo, que pegava muito bem o rosto de Kayn no momento em que ele se sentiu apagar: o momento onde um sorriso de canto quase maligno dominou sua face.

"Mais quente que isso, só você mesmo." Cringe.

"O que quer dizer com isso, Kayn? Credo!" Ezreal riu sem graça, dando um leve empurrão no rapper.

Kayn pareceu alargar o sorriso no vídeo, aproximando-se predatoriamente do mais novo, levando uma mão ao rosto dele e acariciando-o.

"Quero dizer o que disse, Ez. Quando vai parar de se fazer de sonso? Não consegui te beijar ontem por pouco, mas não significa que desisti de fazê-lo. Não vou descansar até ter você nos meus braços… e quando eu tiver…" 

As câmeras não conseguiram captar o que ele disse, pois sussurrou ao pé do ouvido do cantor, cujas orelhas ficaram instantaneamente vermelhas e os olhos se arregalaram. Merda! Que caralhos tinha dito ao Ezreal?

As mãos desceram para a cintura do cantor como se fossem íntimos. Ez apoiou as mãos em seu peito para afastá-lo, mas Kayn inclinou-se sobre ele, encurralado-o contra a parede.

"Para de brincar com isso, Kayn… eu não gosto…" Pediu uma primeira vez.

Kayn pareceu beijar-lhe o maxilar e sussurrar mais alguma coisa, colocando a coxa entre as pernas do cantor.

"Kayn! Sett e K'Sante vão nos pegar aqui! Pare!" Insistiu uma segunda vez.

Assistindo aquilo com Yone, ele se sentia um monstro. Claramente o cantor estava tentando afastá-lo. O que caralhos estava fazendo e como não se lembrava de nada daquilo?

"Kayn!" Ezreal chamou e ele sequer respondeu.

A mão do rapper segurou o queixo do cantor e em instantes suas bocas estavam coladas em um beijo intenso. Por um momento Ezreal pareceu se perder no tempo; suas mãos subiram ao pescoço do rapper e ele pareceu corresponder ao contato, mas logo depois desceu novamente as mãos para o peito dele e o empurrou com força, ofegando enquanto se recupera a durante o afastamento de Kayn. O rapper, no entanto, não parecia disposto a desistir no vídeo, e o puxou pelo braço de volta para si.

"Kayn! Não! Para! Chega! A gente conversa sobre isso depois, aqui e agora não é o momento nem lugar!" A voz do garoto parecia trêmula. Ele estava assustado.

Kayn sentia o coração apertado. Como tinha ousado assustar Ezreal daquela forma? Causar tamanho estresse àquele que era o sol de sua vida…

Sequer se lembrava o sabor da boca dele, pra piorar ainda mais. Tudo aquilo por nada.

"Kayn isso, Kayn aquilo… Esquece essa porra de nome! Quando for gemer meu nome, me chame de Rhaast." Ele disse com um sorriso maligno, puxando o cantor para si pela cintura.

Ezreal o chutou e aproveitou enquanto ele se recuperava para correr até a porta da sala, mas Kayn o puxou pela camisa, fazendo-o desequilibrar-se e cair no chão.

"Socorro! Sett! K'Sante!" Ezreal gritou.

Foram instantes. Os dois líderes entraram na sala ao ouvir os gritos de Ezreal, e logo Sett imobilizava o rapper no chão enquanto K'Sante ligava para Yone e Aphelios para relatar a situação. 

Kayn xingava e se debatia, tentando escapar do maior, mas não havia o que fazer diante dos braços daquele brutamontes.

— E poucos minutos depois a gente chega. — Yone concluiu.

Kayn parecia fora da realidade, era como assistir uma gravação de si da qual não se recordava viver. Como se estivesse numa realidade paralela.

— Eu não… como eu pude fazer algo como isso…? Talvez eu devesse me jogar de uma vez na frente de um caminhão… — resmungou para si mesmo logo antes de sentir o estalo do tapa de Yone em sua cara.

— Se está arrependido, vá resolver esse problema! Se matar não vai diminuir qualquer estrago que você tenha feito, muito pelo contrário, isso te coloca na posição de vítima e faz com que as outras pessoas pareçam erradas por te contrariar. Seja responsável pelas suas ações. Vá ver o que caralhos está acontecendo dentro dessa cabeça de merda e não fique perto do Ez sem minha supervisão até saber o que está acontecendo. — Yone suspirou. — Não tanko esse lance de fugir quando as coisas se apertam. Você pode não ser essa coisa assediadora se Ezreal, mas também me recuso a acreditar que é esse covarde que foge das responsabilidades. Principalmente depois de admitir pra mim e pro Sett que você tem sentimentos por ele, o que eu não acho que seja de todo mentira, é, Kayn?

O rapaz de cabelos rosa desviou o olhar e prensou os lábios num fio fino.

— Eu o adoro, Yone… Não sei o que está acontecendo comigo, porque não consigo me lembrar dessas coisas, porque faço essas coisas, em primeiro lugar. Por favor, não me expulsa do grupo… Eu faço qualquer coisa! — suplicou.

Yone sabia de muita coisa sobre Kayn, coisas que ninguém mais no grupo sequer imaginava. Sabia porque se importava, porque fazia questão de construir uma relação de confiança real com todos ali. Kayn lhe confiara coisas sobre seu passado, sobre a banda anterior, sobre a gravadora e sobre como tudo chegou ao fim. Tinha falado sobre abusos constantes que beiravam a tortura, sobre a depressão e a culpa que se seguiram após a expulsão. Tinha falado sobre tentativas de suicídio e abuso de drogas lícitas e ilícitas. Yone sabia que ele tinha melhorado depois de entrar na Heartsteel, mas agora se questionava se não devia tê-lo pressionado a procurar tratamento desde o início…

— Eu vou marcar psiquiatra pra você. Vou te acompanhar na consulta pra ter certeza que não vai fugir. E você vai na igreja. Não sei se é transtorno ou se é demônio, mas vamos lidar com isso antes que seja tarde demais.

Chapter 2: Parte 2

Summary:

Kayn conhece um pouco mais da sua contraparte Rhaast, e tudo leva a um mal entendido entre os membros do grupo.

Chapter Text

Kayn ficou aguardando na recepção enquanto Yone foi conversar rapidamente com Ezreal e os outros, mas logo o produtor estava de volta para levar Kayn para casa. Era como se estivesse de castigo por aquele dia. Yone mal chegou em casa e já estava pendurando-se no telefone para agendar as consultas nas quais levaria o rapper para investigar as causas daqueles apagões.

O rapper seguiu para seu quarto, não se sentia bem para ficar em qualquer outro ambiente naquele momento. Na verdade, queria beber. Queria entornar uma garrafa de vodka e esquecer de tudo, mas tinha medo de voltar a ser aquele filho da puta agressivo e colocar tudo em risco.

Pegou um caderno e uma caneta para fazer anotações e se jogou na cama preguiçosamente. O quarto estava um caos, uma zona. Esperava que Yone não aparecesse ali, ou tomaria outra bronca, e não estava nem um pouco bem para aquilo.

Começou a escrever uma carta para si mesmo, mas para aquela versão estranha que aparecia quando apagava.

“Olá. Acho que seu nome é Rhaast… você é mesmo alguma espécie de demônio? Está destruindo minha vida, é melhor parar ou vou acabar destruindo a nós dois em retaliação. Não sou muito equilibrado, por favor deixe o Ezreal em paz.”

Mal terminou de escrever e aquela sensação horrível de desmaio o tomou outra vez. Bosta. Tinha invocado mesmo o capeta…

Quando voltou a si o caderno estava rabiscado em seu colo. Certo, aquele cara era um doente até para os padrões baixos de Kayn. Só um grande e torto desenho de pinto em cima de seu texto e uma caligrafia completamente diferente escrito “Tá, valeu. Frouxo.”

Frouxo? Aquele bosta fazia as merdas, sumia deixando para Kayn levar toda a bronca, e o frouxo era ele? O dono legítimo do corpo? Como poderia não ficar irritado com aquilo? Se pudesse, esganaria aquele tal de Rhaast até a morte sem dó. Hipócrita de merda.

Irritado, acabou por ir dormir para ver se melhorava. Acordou com batidas na porta de seu quarto. Numa olhada rápida no celular, viu que já passava das nove da noite. Tinha apagado por tanto tempo que preocupou-se ao acordar. Levantou rapidamente para abrir a porta e deu de cara com a pessoa que menos esperava ali. Ezreal fez um breve sinal de silêncio.

— Posso entrar pra conversar? — O rapaz de cabelos verdes perguntou.

— É melhor não, Ez. Yone falou que é melhor não ficarmos sozinhos. — Por mais tentador que fosse, sabia que era uma ideia péssima.

Ezreal suspirou e insistiu.

— Não tem problema, se você me beijar, estamos em casa e não corremos o risco de ninguém tentar vender a notícia pra um paparazzi. Nossa reputação é questionável, Kayn, a gente precisa evitar escândalos. Yone disse que acha que você está possuído por demônios, eu queria conversar sobre isso. Quero entender o que está acontecendo contigo ultimamente. Só que se o Sett me pega perto de você, apanharemos os dois. — Ezreal riu baixinho. — Se você quiser alguma prova de que tá tudo certo, te beijo eu mesmo.

— Heim? — Kayn ficou confuso. — Não precisa… quer dizer, não é que eu não queira, mas… você não estava tipo, chorando e tal?

— Eu não estava chorando, Kayn. Eu estava tentando absorver a situação. É por isso mesmo que a gente precisa conversar. Mesmo que eu esteja bem, não me machuquei, não estou te odiando e nem nada disso, isso não muda o fato de que você me assediou mesmo quando eu disse claramente ‘pare’. Você me assustou, não parecia você mesmo, parecia outra coisa. Você é esquentado, briga por tudo, tem uma índole pra lá de questionável e metade da nossa má reputação vem só de você, sozinho, mas você jamais me faria mal. Tem posters meus colados na sua parede. Nós somos amigos desde que começamos nesse grupo… Eu quero entender o que está acontecendo, Kayn. Eu me preocupo com você. 

Kayn hesitou, mas abriu espaço para que o mais novo entrasse no quarto e fechou a porta em seguida.

Ezreal desviou da bagunça no chão e sentou-se na beirada da cama, convidando o dono do quarto a se sentar ao lado, o que Kayn fez hesitantemente, mantendo alguma distância com medo de perder o controle novamente.

— Você me disse pra te chamar de Rhaast, isso me fez pensar que havia outra pessoa aí dentro. Isso foi assustador, Kayn.

“Espere só um pouco, não vou deixar vocês ficarem falando de mim sem me apresentar devidamente, hahaha!”

As feições de Kayn mudaram diante dos olhos de Ezreal, suas sobrancelhas se ergueram e um sorriso de canto se formou em seu rosto. A postura antes acuada, tensa e hesitante, assumiu-se confiante e relaxada. A voz se tornou grave de repente.

— Sim, Rhaast, sim. Por favor, me chame de Rhaast. Pode considerar que eu sou a versão melhorada do seu colega frouxo aqui. Ele não sabe muito sobre mim ainda, mas eu prefiro conversar com gente bonita como você, Ez.

Ezreal sentiu um arrepio subir a espinha. Não parecia sobrenatural, não era como imaginava que seria encontrar um demônio, mas definitivamente era diferente de Kayn, e extremamente repentino.

— Há quanto tempo você… — tentou ter a coragem para sustentar a conversa com Rhaast. — ...convive com Kayn?

Rhaast se aproximou mais, ficando mais próximo de Ezreal na cama.

— Mais ou menos quatro anos… Mas eu costumava me soltar só quando ele precisava de mim ou estava bêbado demais, mas… ah, Ez, é cansativo ver como ele cadela você, como te idolatra, mas não se atreve a se expressar. Ele nem mesmo tenta! Como eu posso conviver pacificamente com alguém que banca de maioral, mas amarela na hora de tentar conquistar a pessoa que ama? Me perguntei isso, então resolvi fazer minha investigação sobre você… Ah, Ez…

Ezreal engoliu seco quando Rhaast segurou-lhe a mão.

— Não fique tenso, eu não vou te assediar. Prometo que logo logo eu vou embora e te devolvo o frouxo. A propósito, estou deixando ele assistir isso pela primeira vez, então ele sabe muito bem o que eu estou falando pra você e não vai se esquecer disso quando eu for embora.  Vamos dizer que é uma forma de tornar as coisas mais justas depois do que ocorreu de manhã.  — Rhaast continuou. — Eu te agarrei, mas quem tomou a bronca foi ele. — riu. — Mas eu tenho bons motivos para minhas ações, eu juro.

— E o que pode ser um bom motivo pra ter me assediado no ensaio, Kayn? Quero dizer, Rhaast.

— Minha paciência é curta e Kayn estava enrolando demais pra chegar em você. — deu de ombros e riu em seguida, erguendo a mão do cantor até a altura de seus lábios e então beijou as costas da mesma.

— E desde quando isso parece um bom motivo pra assediar alguém, Rhaast? Isso é insano!

— Hmmm, mas deu certo, não deu? Você veio até aqui conversar com ele a sós mesmo com os avisos de Sett, Yone e K'Sante. Aphelios não deve ter dito nada, como sempre. Mas, o mais importante, você mesmo se ofereceu pra nos beijar se isso fosse uma forma de provar que não estava desconfortável com nossa presença. Isso me mostra que no fundo você não só quer que nós o beijamos, mas você espera que façamos isso.

Ezreal sentiu o rosto aquecer-se violentamente. Aquela coisa dentro de Kayn não só estava observando o tempo todo, mas estava completamente atenta aos sinais e o lia como um livro aberto. Fosse o que fosse, Rhaast definitivamente não era estúpido. A boca abriu-se algumas vezes na intenção de dizer algo para se defender, mas nem uma palavra saiu. Rhaast sorriu ainda mais.

— Você quer beijar a mim ou ao Kayn, Ezreal? — perguntou diretamente com sua voz grave e sedutora.

Ez quase engasgou pelo nervosismo.

— O que é você, Rhaast? — com as orelhas em brasa pela pergunta do outro, tentou desviar o assunto.

— Eu sou Kayn, Ez, por mais difícil que seja acreditar nisso, nós somos o mesmo, só que eu sou a versão que deu certo, eu sou o que ele queria ser. — ele ergueu suavemente o rosto do mais novo pelo queixo para que seus olhares se encontrassem. — Não está acreditando? Vou deixar você falar com ele.

Mais uma vez, diante dos olhos azuis celestes de Ezreal, Kayn pareceu se transfigurar. As feições se modificando em instantes, o rosto perdendo o sarcasmo, se tornando mais sério, preocupado.

Kayn acariciou levemente o rosto de Ezreal ainda em sua mão.

— Me desculpa, Ez… Ele parece ter mais controle sobre mim do que eu gostaria… Você deveria aproveitar esse momento pra fugir, antes que ele te faça algum mal. Não consigo controlar quando ele assume… me desculpa.

Estar em pânico por não se sentir dono de si mesmo era inevitável. Rhaast assumia quando queria, fazia o que entendia. Kayn via isso com clareza naquela hora; como o outro lado de si, tal qual Mr. Hyde, era mais forte, quase invencível. E se Rhaast era assim tão poderoso que podia assumir o controle na hora que queria, como poderia evitar que ele fizesse qualquer mal ao garoto que amava?

— Ele não quer me fazer mal, Kayn. — Ezreal pareceu compadecer-se da situação do mais velho. Como podia ser tão adorável e compreensivo? — Acho que ele só quer que você seja mais confiante de fazer as coisas que realmente quer. Céus! O que você passou na vida pra isso acontecer com você, Kayn?!

Ezreal segurou o rosto do mais velho entre as duas mãos, usando os polegares pra traçar suavemente as linhas do contorno de sua face. Kayn não pôde deixar de se sentir abençoado por estar nas mãos daquela criatura angelical. Tinha sido um demônio por toda a vida, mas nele parecia encontrar alguma redenção. Céus! Como estava apaixonado. Talvez fosse tão forte e assustador que tinha tentado enterrar bem fundo dentro de si para não se machucar, mas agora era demais para aguentar.

— Eu te amo, Ez. Por favor, me desilude se não quiser nada comigo. Quem sabe assim ele te deixa em paz… eu te deixo em paz.

O olhar de Kayn era desesperador, preocupado, à beira de um precipício. Ezreal nunca mais queria ver aquela expressão em seu rosto.

— Não me deixe em paz nunca… mas pare de tentar me beijar em público, por favor. — Ez deu uma risadinha e sorriu gentilmente para o mais velho, radiante como o sol. — Eu prefiro que o que quer que a gente tenha, fique entre nós dois… três? — riu.

Kayn riu, não conseguiu fugir do magnetismo do mais novo. Era incrível como ele conseguia acalmá-lo daquele jeito sem nem parecer se esforçar. Deixou-se levar pelo momento e quando deu por si já estava colando seus lábios aos dele num beijo calmo. Sentiu o rosto esquentar de repente pelo que estava fazendo, mas antes que pudesse se afastar, Ezreal envolveu seu pescoço com os braços e o puxou mais para si, entreabrindo os lábios e convidando-o para aprofundar aquele contato. Ezreal o queria. Rhaast não estava errado sobre aquilo.

Ah, como era bom finalmente saber o gosto da boca dele, a textura da língua dele na sua, ouvir seus suspiros tão de perto e sentir os dedos dele em sua nuca brincando com seu cabelo… Como era bom poder tocar sua cintura, envolvê-lo em seus braços, demonstrar em ações seus sentimentos, sua doce obsessão. Findaram o beijo calmo roçando os lábios de um jeito gostoso. Ezreal sorriu.

— Ainda é Kayn, ou é Rhaast? — perguntou em tom calmo.

— Kayn… — o mais velho respondeu.

— Você beija bem, Kayn. É diferente do beijo do Rhaast, mas é muito bom também. Podemos fazer de novo?

Kayn sentiu uma onda de felicidade inundá-lo por dentro naquele momento e sorriu involuntariamente.

— Quantas vezes você quiser, Ez… Quantas vezes você quiser. — repetiu, reafirmando para ambos.

Em instantes estavam novamente com os lábios colados em mais um beijo, explorando o espaço interno da boca um do outro com suas línguas; suas mãos se ocupando no corpo alheio, explorando as formas por cima das roupas, tentando conter o desejo e extravasar apenas o necessário.

Ezreal sentia-se bem. Era estranho pensar que acabaria daquela forma com Kayn tão cedo. Por mais que o achasse atraente, não lhe passava pela cabeça até algum tempo antes a ideia de envolver-se romantica ou sexualmente com qualquer membro do grupo, mas desde que ele tinha começado a mandar indiretas durante e após os shows, e principalmente depois das duas tentativas dele em beijar-lhe a boca, tinha se rendido à ideia. Kayn era o tipo de cara que o fazia perder a cabeça, grosso, mas doce, bruto, mas o protegia, e vê-lo na possibilidade de interesse romântico era agradável.

Sabia, pois o mais velho não escondia de ninguém, que Kayn era um fã antes de ser um colega de grupo; talvez ele já nutrisse esse tipo de desejo, de paixão, desde aquela época. Talvez fosse só uma forma de liberar a carência, mas duvidava disso. Apesar de ter uma imagem prejudicada perante a crítica padrão, Kayn era adorado pelos fãs, tinha uma legião ao seu dispor. Definitivamente não passaria fome. Mas talvez ele tivesse realmente escolhido aquele caminho tortuoso de viver um amor proibido com seu colega de banda… Quais eram as chances do amor proferido por Kayn ser real? O quanto se machucaria caso se permitisse render aos encantos do rapper? O quanto se arrependeria de deixá-lo seduzir a si?

Em meio aos beijos, à sensação dos dentes dele em seu lábio inferior, mordendo levemente, puxando um pouco e sorrindo safado para si, Ezreal se perguntava um milhão de “e se”, mas se sentia incapaz de fugir daquela bela armadilha. Talvez tivesse se deixado dragar para as profundezas e agora estivesse prestes a se afogar sem chance alguma de retornar à superfície, ou talvez tivesse encontrado um tesouro inestimável no fundo do oceano pelo qual valia a pena afogar-se.

— Ah, Ez… — ele sussurrou em meio aos beijos, roçando a ponta do nariz contra o rosto do mais novo. — Se não me impedir, vou te beijar a noite inteira.

Ezreal riu baixinho, acariciando o rosto do mais velho, olhando-o nos olhos assim tão de perto.

— Não vou te impedir, eu quem pedi por isso. — o garoto de cabelos verdes sorriu.

— Merda, Ez, você me deixa maluco. — ele sacudiu a cabeça e riu de si mesmo, mordendo o queixo do mais novo em seguida, arrancando uma gargalhada dele.

— Maluco você já é, Kayn, eu não preciso nem fazer nada…

Kayn tomou-lhe os lábios novamente; o terceiro beijo era ainda mais urgente e profundo que os dois anteriores. Agora que já tinha encontrado sua sincronia, era mais fácil envolver-se no ritmo do outro, dançar conforme a música. Os dois estavam completamente entregues ao beijo, e pareceu apenas natural para Ezreal que subisse no colo do outro e sentasse virado de frente para ele, facilitando o contato entre suas bocas. Para Kayn era como um sonho se realizando, poder segurar a cintura fina de Ezreal em suas mãos, poder descer a mão pela lateral de seu corpo sem causar alarde a ninguém, ter o consentimento dele para tocá-lo, para beijá-lo.

Mesmo que fosse difícil controlar-se para não passar dos limites, era delicioso ter qualquer coisa dele, qualquer coisa que fosse. Se pudesse declarar seus sentimentos abertamente, se pudesse chupar-lhe a língua e provocar aqueles ofegos e suspiros, então era mais do que o bastante.

Mas talvez houvesse alguém ali que não achava que era o bastante. Alguém que era ganancioso, obstinado, alguém que estava disposto a assumir riscos maiores, e que estava tão apaixonado quanto o outro idiota.

A sensação era etérea, estranha, levemente desconfortável. Se não soubesse exatamente o que estava acontecendo, poderia entrar em pânico, poderia estar em uma terrível angústia, mas não. Só era estranho, tudo parecia um pouco mais distante, mas estava tudo lá. Sua mente parecia desconectada da realidade, mas ele sabia que suas mãos ainda estavam contra o corpo quente de Ezreal, que quando apertava, era a carne macia das coxas do mais novo que estava sob suas mãos nubladas.

O beijo tomou um viés mais agudo, mais bruto, erótico. Ezreal notou a mudança quando a mordida em seus lábios foi mais forte, quando ele chupou sua língua como se o felasse. O cantor não conseguiu conter o gemido quase melodioso que escapou-lhe a boca. Merda! Aquilo era sexy demais!

Kayn espalmou-lhe as mãos nas nádegas e o puxou para si e para baixo, aumentando o contato entre seus corpos, os polegares encaixando-se nos passantes da calça  jeans que o jovem vestia enquanto os dedos longos entravam ousados nos bolsos.

Ezreal sentia o calor subindo por seu corpo, o mais velho o estava provocando; aquele era o momento de decidir se parava por ali ou seguia em frente até onde os deuses — ou demônios — quisessem. Ao mesmo tempo que hesitava, sabia que queria aqueles lábios em outras partes de seu corpo. Sabia que queria Kayn entre suas pernas, mas… seria assustador? Rhaast agora não parecia tão assustador…

As mãos em seu quadril pressionaram para que ele ondulasse o corpo, para que roçassem seus corpos de maneira provocante. Ezreal cedeu. Céus! Que gostoso! Sentir Kayn endurecer-se sob si enquanto o beijava e o olhava nos olhos era tão erótico que fazia seu próprio corpo responder aos estímulos. Aquilo era um perigo, definitivamente. Sentaria nele tão forte que quem naquela casa fosse capaz de tirá-lo de cima do rapper seria consagrado o novo rei da Inglaterra, mais bem encaixado que a excalibur na pedra.

— K-Kayn… — gemeu num sussurro. — Vai ter que assumir a responsabilidade…

— Pff… Pelo filho que vou colocar dentro de você? — a voz que o respondeu era grave e erótica, fez correr um arrepio pelo corpo do mais novo. — Eu assumo se você me chamar pelo nome certo.

— R-Rhaast… — ofegou sentindo os lábios do mais velho descendo por seu pescoço, beijando e mordiscando a pele exposta.

Ezreal pendeu a cabeça para o lado, dando mais espaço para que o outro o beijasse, e desceu as mãos pelo peito dele arranhando por cima da camiseta.

— Isso, bom garoto. — Rhaast sussurrou ao pé do ouvido do menor, mordiscando e abocanhando o lóbulo da orelha dele, sugando deliciosamente e brincando com a língua no local.

— Rhaast… Kayn está observando o que estamos fazendo? — hesitou ao questionar, apertando os dedos contra o peito do outro

O mais velho riu baixinho e selou os lábios do mais novo num beijo carinhoso.

— Quando vai entender que eu e Kayn somos a mesma coisa, Ez? Ele está fazendo exatamente o que eu estou fazendo… tocando você, beijando você… só que eu estou empolgado demais com essa ideia para fazer as coisas do jeito dele. Quero fazer do meu jeito. — ele subiu uma mão pelo abdômen e tórax do menor, alcançando seu pescoço e envolvendo-o sem apertar. — Hoje eu vou assumir a responsabilidade, assim como você pediu.

Ez tremeu em excitação. Aquilo contava como um menáge? Certamente não, né?

— Pode me provar? Deixe-me falar com ele um instante… — pediu vendo o mais velho revirar os olhos com uma expressão entediada e então o semblante dele se suavizou.

Kayn riu ao retomar o controle total de seu corpo e tomou a boca do menor em um beijo apaixonado, Ezreal riu com ele. Era estranho como mudava, como um agia de um jeito e outro de outro, mas ainda assim havia tanta sintonia entre ele e aquelas duas entidades.

— Você conseguia me sentir? O que Rhaast falou é verdade? Vocês dois… eu não entendo bem como funciona… — perguntou ao findarem o beijo, roçando seus lábios aos do mais velho, rebolando suavemente sobre o colo dele para provocá-lo.

— É muito esquisito, mas, sim… Rhaast parece controlar bem o que somos, seja lá o que isso signifique. É assustador ainda, mas estou tão feliz de você não me xingar e sair gritando que eu estou possuído por um demônio que tudo me parece lucro. Se ele está de acordo em nós dois dividirmos esse momento e você também… 

— Não exatamente existe “nós dois”, idiota. — ele mudou de repente, falando consigo mesmo.

Ezreal ergueu uma sobrancelha, assistindo a cena peculiar.

— Não me ouviu falar pro Ez? Eu e você somos o mesmo caralho! Só que você é a parte de nós que eu não gosto, e eu sou a parte de nós que você precisa. Rhaast, Kayn, é tudo a mesma bosta, se quer saber, por isso que eu acho você um frouxo. — a expressão de sarcasmo no rosto e o olhar para o nada deixavam claro que era Rhaast e que se dirigia ao outro lado de si mesmo, a Kayn.

— Nossa! E você é um pau no cu! Caralho! Você nunca me deixou participar dos seus momentos antes, claro que seria estranho! Tá querendo que eu sinta um bagulho completamente novo de repente e aja como se não fosse nada? — pelo tom mais agudo da voz, aquele era Kayn, e estava bem irritado com o outro “ele”.

— Claro! Você é um medroso! Eu não quero você nos meus bons momentos… O problema é que eu tô cansado de ficar fingindo que não estou aqui enquanto você brinca de casinha com os seus amigos! Porra! É sério que ninguém nesse caralho acha bizarro que sua voz muda completamente quando você canta?

— Muda? — Kayn perguntou, confuso.

— Ah! Vai pra merda que nem tu percebe? — Rhaast perdeu a paciência 

Ezreal não conseguiu segurar e riu, atraindo a atenção do mais velho.

— Tá rindo do quê? — a voz deixava claro que ainda era Kayn, embora a expressão no rosto não desse muitas pistas.

Ez não conseguia, definitivamente aqueles dois eram uma piada.

— Você brigando consigo mesmo em voz alta na minha frente no meio de um momento super íntimo nosso. A gente meio que tava indo transar, eu só queria ter certeza de que estava tudo bem fazer isso com a pessoa certa e tudo mais, mas aí você entrou numa discussão interna em voz alta. Desculpa, Kayn, mas isso foi hilário.

— Porra! Sério?! Caralho, é sério… — ele escondeu o rosto nas mãos e bufou. — Como eu sou estúpido! Eu devia ter me matado de tarde pra não passar essa vergonha agora… Cê deve ter perdido completamente o tesão com esse papo de maluco, né?

O mais novo, ainda rindo, tirou as mãos do maior da frente de seu rosto e o beijou carinhosamente. Em seguida negou com a cabeça.

— Perdi, mas nada que a gente não possa procurar de novo. Se vocês dois calarem a boca, chegarem a um consenso e me beijarem, talvez ainda dê tempo de consertar as coisas. — ele deu um sorriso de canto e Kayn se derreteu por completo, puxando-o para si e beijando-o imediatamente.

Aquele beijo era mais divertido, mas ao mesmo tempo picante. Quando Ezreal envolveu os braços ao redor do pescoço do mais velho, este o jogou sobre a cama, ficando por cima dele, entre suas pernas. O beijo se tornava um amasso, com Kayn esfregando seu quadril contra o do menor num ritmo provocante enquanto se beijavam, depois descendo sua boca pelo pescoço dele, beijando e chupando sua pele, mordiscando-a e mandando arrepios por todo o corpo dele. Mesmo que estivessem vestidos ainda, aquilo era bom o bastante para os dois para que seus corpos reagissem voltando a bombear sangue para seus membros.

Ezreal adorava a sensação de ser a causa da ereção de outro cara. Sentir Kayn endurecendo contra seu corpo outra vez era revigorante para sua autoestima. Dava vontade de apressar as coisas, mas ao mesmo tempo queria aproveitar cada instante e explorar as diferenças internas do mais velho e como aquilo poderia interferir em seu desempenho sexual. Ezreal estava curioso para saber se eles tinham preferências diferentes, se faziam de modos diferentes… Pensando assim, existiam dois Ezreals dentro dele também, um bom garoto extrovertido e animado, sempre pronto a encantar seus fãs e as pessoas que o rodeavam, e aquele Ezreal; aquele que às veze sussurrava coisas imorais ao pé do ouvido e dava ideias e planos malucos, fazia perguntas indecentes. Não literalmente, claro, mas figurativamente era como se fossem partes tão distintas de si que sequer pareciam a mesma pessoa.

Pensando por esse lado, talvez fosse isso que Rhaast queria dizer com “somos a mesma coisa”, talvez por algum motivo simplesmente não fosse tão fácil para eles se conectarem como era para si; equilibrar seu lado social e seu lado sem vergonha. Pensando por esse viés se tornava mais fácil compreender o que poderia estar acontecendo dentro da cabeça dele naquele momento, afinal, Ezreal social bem como Ezreal sem vergonha sentiam a mesma coisa quando as mãos de Kayn subiam por dentro de sua camisa, quando os dedos calejados pelas cordas da guitarra arranhavam sua pele de um jeito gostoso e apertavam seus mamilos.

— Ez… 

O maior ofegou erguendo a camisa do outro, que logo o ajudou a retirar, jogando-a para o lado de qualquer jeito. Em seguida desceu os beijos pelo peito do garoto de cabelos verdes, lambendo e mordiscando a pele clara até alcançar o mamilo esquerdo dele, circulando-o com a língua e abocanhando-o, chupando-o.

Ezreal riu baixinho e levou as mãos aos cabelos do maior, acariciando-os e observando atentamente enquanto ele dedicava tanto esmero a brincar com seus mamilos.

— Você gosta? — perguntou com curiosidade genuína.

— Dos seus peitinhos? Ué, claro! — respondeu simplista o mais velho, arrancando risadas de Ezreal. — Seus mamilos são tão lindos e rosadinhos que eu poderia chupar e morder até você não aguentar mais.

— Bobo… — Ez riu e negou com a cabeça. — Mas eu preferiria que você chupasse outra coisa, sabia? — jogou na lata e acertou em cheio.

Kayn abriu um enorme sorriso de canto, sem conseguir conter a felicidade em ouvir um pedido tão sem vergonha daqueles vindo do seu baixinho.

— É pra já, chefia. 

Ele ergueu o corpo rapidamente e tratou de abrir a calça do menor, puxando-a para longe de seu corpo junto da cueca que ele vestia sem nem hesitar, jogando no chão de qualquer jeito e então devorando seu amado completamente nu sob si, sorrindo quase como um idiota e mordendo o lábio inferior como se se perguntasse por onde começaria o banquete.

Subiu as mãos pelas panturrilhas de Ezreal, passando por seus joelhos e coxas, posicionando-se entre as pernas dele, observando de perto o quanto ele já estava excitado, como seu membro rígido repousava sobre seu abdômen, avermelhado, quente, pulsando. Kayn umedeceu os lábios com a língua antes de lamber a virilha dele, provocando.

Ezreal voltou ambas as mãos aos cabelos do maior, enlaçando os dedos aos fios rosados, observando enquanto ele estendia com luxúria a língua para fora e lambia lentamente toda a extensão de seu membro a partir de suas bolas, subindo pela linha do freio até abocanhar a cabeça e chupar lentamente.

O menor pendeu a cabeça para trás e deixou um gemido gostoso escapar de seus lábios, logo voltando a olhar o que o outro fazia, enquanto este usava uma mão para segurar a base enquanto beijava e chupava a ponta sem pressa, brincando, provocando, enrolando a língua e chupando como se tomasse um sorvete gostoso. Ergueu o quadril contra a boca dele indicando que gostaria que ele o abocanhasse, mas Kayn se afastou com aquele mesmo sorriso sacana no rosto e voltou a fazer do mesmo jeito lento e provocante que estava fazendo antes. Ele queria fazer Ezreal implorar?

Kayn distribuía beijos e lambidas pela extensão, mas não o engolia como Ez queria, deixando-o incomodado propositalmente, brincando com seus limites. O mais novo não aguentaria aquela tortura por muito tempo.

— Kayn, Rhaast… por favor… não me tortura. — ofegou. — Por favor, chupa pra mim…

O mais velho abocanhou uma das bolas do menor e chupou deliciosamente, depois repetindo o mesmo na outra.

— Como? Quer que eu coloque tudo na boca? É isso? — provocou.

— Sim, só… pelo amor de tudo o que é mais sagrado, Kayn… me faz gozar.

Ah! Como tinha sonhado com o dia em que poderia ouvir aquilo sair daquela boquinha! Que prazer! Que satisfação!

Abriu a boca colocando a língua para fora e lentamente escorregou o membro do menor para dentro de sua boca de forma que ele observasse bem enquanto tudo sumia para dentro daquele espaço quente e úmido, então começou a chupá-lo com vontade, fazendo Ezreal se arquear e morder o lábio para abafar os gemidos que vinham, não querendo chamar atenção de quem poderia estar do lado de fora no corredor.

Kayn estava adorando sentir os dedos do menor se apertando e puxando seu cabelo, as pernas dele apertando sua cabeça enquanto ele chupava gostoso o menor, deixando-o indefeso, fora de si. Adorava a sensação de estar no controle do prazer dele naquele momento. Escorregou o dedo médio por entre as nádegas do menor, forçando-o para dentro do corpo dele, então penetrando-o e usando-o para estimular duplamente o garoto de cabelos verdes, que precisava usar ainda mais autocontrole para não gemer alto ali e acabar delatando o que faziam no quarto de Kayn.

Naquele ritmo, não duraria muito, mas no fim sabia que nem podia. Todos estavam em casa naquela noite, se queria mesmo transar com Kayn naquela noite, teria que ser algo rápido e discreto e não a foda lenta e gostosa que sabia que seria ideal para os dois. Pelo menos por aquela vez, teria que incentivar o maior a acabar mais rápido.

— Ah, meu deus! Kayn! Rhaast! — tentou controlar a voz em seus gemidos, sussurrando. — Isso, enfia mais um, por favor!

Claro que o faria. Era o cachorrinho de Ez naquela noite, obedeceria seus pedidos e receberia as recompensas como mandava a tradição. Enfiou o dedo anelar junto do médio, estocando com os dedos enquanto subia e descia a cabeça numa felação ritmada e gostosa, esfregando as pontas dos dedos contra a próstata do menor, fazendo-o apertar os dedos dos pés nos lençóis e arquear as costas, mordendo o lábio para segurar os gemidos. Não tinha nada mais delicioso no mundo do que o som da voz melodiosa de Ezreal chamando seu nome, mesmo que ele precisasse abafar e controlar o volume naquele momento. 

Ezreal não aguentou muito mais. Tudo aquilo era demais pra ele naquele momento. O medo de serem descobertos, o desejo por Kayn, o receio sobre Rhaast, a excitação do momento.

— Kayn, eu- eu vou gozar!

Ezreal avisou, mas o mais velho não parou o que estava fazendo, continuando a chupar o pau do cantor vorazmente, e a dedá-lo ainda mais rápido. Incapaz de se segurar mais, o mais novo se deixou tomar pela onda forte do orgasmo e gozou na boca de Kayn, que lambeu tudo, colocando a língua para fora para que o cantor pudesse ver a bagunça que fazia em sua boca, deixando escorrer um pouco pelo canto.

O cantor estava ofegante e corado, os cabelos verdes grudados na lateral do rosto bonito e vermelho. O peito subia e descia com a respiração.

Kayn ergueu o corpo para observá-lo melhor, admirando a obra de arte que ele era, e retirou os dedos de dentro dele com cuidado.

Sob o olhar curioso e nublado do mais baixo, Kayn abaixou um pouco sua calça de moletom, puxando o pau para fora. Estava duro feito pedra. Ez lambeu os lábios e afastou as pernas para que o outro se encaixasse entre elas, e assistiu quando Kayn cuspiu na própria mão uma porção daquela mistura de sêmen e saliva, espalhando aquilo no pau antes de se encaixar entre as pernas do melhor, esfregando a glande no cuzinho do cantor e forçando-se para dentro.

Ezreal abriu a boca, mas não deixou a voz sair para aquele gemido. Olhos nos olhos, os dois se encaravam cúmplices, tomados pela excitação do momento, enquanto Kayn se empurrava lentamente até o fundo, até estar completamente dentro dele. Ez respirou aliviado ao notar que o outro estava completamente dentro.

— Você está bem? —- Kayn perguntou em tom baixo.

— Estou… ainda estou bem sensível, então, por favor, vamos começar devagar… — o de cabelos verdes acariciou o rosto de Kayn entre suas mãos.

Kayn afirmou com a cabeça e beijou-lhe os lábios carinhosamente, começando a mover seu quadril devagar, fazendo um vai e vem lento, ritmado, gostoso. Ez abafava seus gemidos no beijo, envolvendo o pescoço do mais velho com seus braços, arranhando-lhe as costas. 

Conforme o corpo menor se acostumava e os movimentos passavam a ter menos resistência, Kayn rebolava mais gostoso contra ele, descendo os beijos pelo maxilar e pescoço do cantor enquanto o fodia gostosinho.

— Ahn! Merda, Kayn! — Ezreal controlava o volume da voz como podia, mas gemer era inevitável.

— Eu gosto da sua voz, solta ela pra mim, Ez…

Ezreal estava absorto demais no prazer e na sensibilidade de seu corpo para compreender o que se passava, mas aquela era a voz de Rhaast.

Sem reposta, o maior resolveu tomar uma atitude para obter o que queria. Ele segurou os braços de Ezreal para cima de sua cabeça com uma das mãos, então passou a fodê-lo bem mais rápido e fundo. Ez mordeu o lábio inferior com força para abafar os gemidos. Kayn envolveu o membro semi rígido do menor na mão livre, passando a masturbá-lo enquanto o foda.

Os olhos do menor se encheram de lágrimas pela hipersensibilidade, um prazer imenso tomando seu corpo a cada nova investida do maior,  a boca de Kayn distribuía mordidas e chupões em seu pescoço e ombro.

— Ahn! Kayn! Não! Para! Ahn! — não conseguiu controlar a voz, arqueando o corpo, cerrando os olhos de modo que um filete de lágrimas escorreu de seus olhos.

Kayn tomou-lhe a boca num beijo intenso e faminto, devorando cada pedaço dele, chupando sua língua, fodendo-o com desejo e gana.

Então o susto: a porta se abriu furiosamente e, antes que pudesse reagir, Kayn estava do outro lado da cama, nocauteado por um soco de Sett que respirava pesado, alterado, nervoso como nunca antes.

Ezreal entrou em pânico, puxando os cobertores para se cobrir no desespero, enquanto Yone o puxava para si para consolá-lo, acreditando que Kayn tinha lhe feito a pior das coisas. 

— Vem, Ez, vou te tirar daqui… — Yone o puxou, mas Ezreal não foi com ele, olhando-o como quem está em pânico.

— Não, não, não! Vocês entenderam tudo errado! Meu Deus, Sett! O que você fez!?! — enrolado nos cobertores, ele foi na direção de Kayn, que estava desacordado com o soco que tomou de Sett.

O grandalhão não entendeu, ficando ainda mais irritado. 

— Ez! Ele pode ser nosso amigo, mas ele estava estuprando você! — ponderou.

— Meu deus, não! — Ez pegou o corpo desfalecido do rapper em seus braços. — Eu vim aqui por que eu quis, caralho! Eu sou maior de idade, eu… caralho, Sett! Vocês dois sequer avaliaram a situação! Eu tava dando pra ele por que eu quis e você nocauteou o coitado!

Yone se afastou discretamente dando alguns passos para trás.

— E você! Não foge! — Ezreal apontou na direção do produtor, que olhou para os lados como se tentasse jogar a culpa em outra pessoa que não estava lá. — O que eu faço agora? Me ajudem!

Chapter 3: Parte 3

Summary:

Sett e Yone precisam ter uma conversa. Kayn e Ezreal tem a chance de descobrir mais sobre a vida secreta de Yone.

Notes:

Feliz aniversário Kayn!

Chapter Text

— Como assim ele queria dar pro Kayn? — Sett resmungou na sala de espera, suspirando pesado. — Nem faz sentido! De manhã o cara tenta beijar ele e ele grita socorro, a gente faz o drama do século na sala de treino, e de noite ele foge do quarto pra dar o rabo pro Kayn! Você entendeu isso, Yone? Por favor me diz que eu não errei em dar aquele soco…

Yone sorveu mais um gole generoso do café gelado pelo canudo do copo, fazendo aquele barulho típico de sucção de algo que já acabou, então suspirou pesado e pendeu a cabeça para trás.

— Os dois são estúpidos e nós somos desavisados. Foi um acidente… só podemos esperar que ele esteja bem a tempo do show de sábado.

Sett levantou da cadeira, inquieto, e andou de um lado para o outro da sala, pensativo.

— Acha que o K'Sante teria batido nele?

— Tenho certeza que sim, Sett. Dado o contexto, não creio que ele vai estar puto com você quando acordar. Você não quebrou os dentes dele, então está tudo bem.

— Tipo, você acha mesmo isso ou só tá falando isso pra me consolar? Por que eu acho que você…

— Definitivamente é a segunda opção, agora sossega o facho e cala a boca, por favor? — Yone interrompeu. — Acabamos de nocautear nosso rapper no meio de uma transa, eu vi o Ezreal e tive que ajudar a carregar o Kayn pelado, estou traumatizado e tentando me recuperar. Me dê uns minutinhos de silêncio, por favor! 

— Grosso. — Sett resmungou, sentando-se numa poltrona e cruzando os braços.

Yone negou com a cabeça e ignorou, levantando-se para jogar o copo vazio no lixo.

Uma enfermeira saiu do quarto e se dirigiu aos dois homens na sala de recepção com um sorriso gentil no rosto.

— Ele está bem e acabou de acordar. Se quiserem ir falar com ele, o médico quer mantê-lo em observação por algumas horas. Ele está um pouco desidratado, então vai tomar um pouco de soro. — ela informou e acompanhou a dupla até o quarto onde Kayn estava.

Havia uma compressa em sua cabeça e um vergão arroxeado em seu rosto que dava sinais de inchaço. Sett tinha um belo gancho de direita.

— Isso parece doloroso. — Yone comentou no ápice de sua sensibilidade.

— Você calado era poeta. — resmungou Sett.

— Agora a culpa é minha?

Kayn fez um sinal com os braços chamando a atenção dos dois para si.

— Parem com essa porra, já não basta eu ter ganhado um puta soco na cara de graça, ainda preciso ouvir vocês brigando no hospital? Não, mano, para!

— É, vocês já acabaram com a nossa noite, façam o favor de se comportar ao menos no hospital. — Ezreal bufou irritado.

— Vai ficar tudo bem, Ez… a gente termina outro dia. E de quebra agora esses dois tão devendo uma pra nós. Olha que benção! — um sorriso maligno brotou no rosto de Kayn, mas ele logo desfez pra resmungar de dor, pois os músculos da bochecha estavam doloridos por causa do impacto. — Merda, melhor estar desinchado amanhã. Me lembra de nunca brigar contigo, Sett. Se algum dia eu tiver que te matar, certamente não vai ser num mano a mano. Caralho!

— Hehe, — Sett riu — melhor mesmo nem arriscar um mano a mano comigo, parceiro, que o negócio com o pai aqui é bruto! — Ele sorriu largo como se não fosse um dos culpados por tudo aquilo estar acontecendo, e flexionou o braço exibindo os músculos. — Essas gracinhas aqui não existem à toa, não!

Yone puxou a touca do ruivo para frente cobrindo-lhe a face e se afastou em direção à janela.

— Como era mesmo…? Você calado era poeta , acho que é algo do tipo, não? — o produtor repetiu arrancando risadas de Ezreal e Kayn. — Foi mal mesmo, meninos, pelo que aconteceu. Mas, por favor, entendam que é uma situação delicada e suspeita né? A gente meio que só tinha metade da história, tomamos a decisão errada, mas acreditamos que vocês fariam o mesmo em nosso lugar, não é?

Ezreal suspirou e negou com a cabeça. — Tudo bem, Yone. A gente devia ter trancado a porta, de todo modo.

— Não como se uma portinha fosse me deter… — Sett ergueu os ombros enquanto arrumava a touca na cabeça.

Todos lançaram olhares repressores para o ruivo instantaneamente.

— Que foi? É a verdade! O lobo mal derruba uma porta daquelas com um sopro e baubau. — apenas ele riu de si mesmo. — Vocês são um saco, te contar, heim!

— Alguém contou pro Aphelios e pro K’Sante onde estamos? — Ezreal desviou do assunto tentando evitar que Sett passasse ainda mais vergonha.

— Eu avisaria se pudesse… — Kayn riu.

— Vá se foder, Kayn! — Ezreal segurou o riso por saber que era uma piada completamente questionável.

— Ah, vai pra porra! Das piada ruim dele você ri! Eu vou pra minha casa. Vocês que são brancos que se entendam. — Sett chutou uma pedrinha imaginária e saiu do quarto ao som das risadas de Ezreal e Kayn.

— Melhor eu ir com ele. O hospital é longe de casa e a chave do carro está comigo. Vou deixar meu celular com você, Ez, já que não trouxemos o seu. Liga pro Sett na hora que o Kayn tiver alta. Vou estar por perto pra vir buscar vocês. — Yone sorriu gentilmente, pegando o aparelho no bolso e caminhando até Ezreal para entregá-lo. — Está sem senha pra você conseguir ligar. Tenha juízo. — Reiterou antes de entregar o aparelho nas mãos do cantor.

— Pode deixar, mãe. Vou tomar cuidado. Assim que o Kayn tiver alta, eu ligo pro Sett pra você vir nos buscar. — repetiu deixando claro que tinha entendido a mensagem e sorriu de volta para o maior ao pegar o aparelho das mãos dele e depositar sobre o colo.

Yone despediu-se e saiu pela porta, apressando os passos para acompanhar Sett, que estava aguardando o elevador naquele momento.

A saída do quarto tinha sido não menos que caótica. Após a breve discussão sobre Sett ter nocauteado Kayn, Yone notou que havia um sangramento no nariz do rapper e todos entraram em absoluto pânico. Yone então mandou que Ezreal se vestisse rapidamente e que Sett pegasse o rapper, de forma que a cabeça dele ficasse erguida, então ajudou o maior a carregá-lo até o carro para que pudessem dirigir rapidamente até o hospital mais próximo — que, infelizmente, já não era tão perto assim. Não houve tempo para informar K’Sante, que tinha saído para uma corrida noturna, ou Aphelios, que estava trancado em seu quarto como sempre.

Sett foi no banco de trás com Kayn desacordado em seu colo, e Ezreal no banco do carona, enquanto Yone dirigia como um piloto de fuga. Por sorte as ruas estavam vazias naquele horário e não tiveram nenhum acidente, mas certamente alguma multa chegaria em breve. O sangramento felizmente não era nada de mais, apenas alguns vasinhos rompidos no nariz por conta da pressão do soco. Também não houve nenhuma fratura, por sorte, já que aquele soco tinha pegado muito bem, e apenas o fato de Sett ter comedido sua força tinha evitado danos ainda maiores.

— O celular do Yone tá sem senha? — Kayn perguntou com um sorriso travesso em seu rosto.

Ez apertou o pequeno botão lateral fazendo a tela do pequeno aparelho acender-se, então deslizou o dedo sobre a tela fazendo a tela inicial abrir-se sem problema algum.

— … Sim… Parece que tá sem senha. — O mesmo sorriso travesso nasceu em seu rosto quando seu olhar se cruzou com o do mais velho. Os dois tinham a mesma ideia, como se naquele momento conversassem por telepatia. Talvez estivessem dividindo o mesmo neurônio naquele momento, e esse neurônio estava bem a fim de encrenca.

Ezreal rapidamente enfiou-se mais para perto do outro, encostando bem a cadeira à maca, e então rapidamente ele e Kayn começaram a fuçar os aplicativos e contatos no celular do produtor.

 

Yone e Sett entraram no elevador. O maior estava emburrado e não tinha dito sequer uma palavra para o produtor desde que o mais velho tinha se juntado a ele na espera pela caixa metálica. Yone pigarreou quando as portas se fecharam e eles dois estavam a sós.

— Vai fazer cu doce até quando, Sett?

— Até você parar de me tratar como se eu fosse um estorvo. — resmungou sem olhar para o mais baixo.

Yone revirou os olhos e suspirou, virando-se de frente para o ruivo.

— Você não é um estorvo. Me desculpe, eu estava estressado. Tudo isso acontecendo, eu não queria descontar em você… Me sinto responsável por todos e, consequentemente, pelas escolhas estúpidas de todos também. Nesse caso, falo do Ez e do Kayn; não acho que você tenha sido estúpido em momento algum, eu teria feito o mesmo que você se tivesse entrado primeiro, mas talvez não tivesse a mesma força que você, apenas. 

Sett suspirou e relaxou a expressão facial antes irritada.

— Eu não queria ter uma DR na frente dos outros, mas fiquei bem irritado por você me tratar com aquela grosseria toda quando eu só queria diminuir um pouco a tensão que estava. Mas, tudo bem, eu te perdoo. Não consigo ficar irritado por muito tempo com vocês, nem quero. — descruzou os braços relaxando os ombros.

Yone segurou o rosto do maior com ambas as mãos e ajeitou as sobrancelhas dele com os polegares num carinho sutil.

— Obrigado por me perdoar.

— Sempre vou, Yone. Você dificilmente erra. 

Sett inclinou-se para frente e roubou um selar dos lábios do mais velho, mas nesse exato momento a porta do elevador se abriu e uma senhora com um andador entrou por ele, fazendo com que o produtor rapidamente se afastasse para o canto e ficasse completamente envergonhado, usando a franja para esconder o rosto vermelho.

A senhora educadamente os cumprimentou desejando uma boa noite e apertou o botão referente ao andar para o qual desejava ir. Um silêncio abissal preencheu o ambiente apertado, mas logo foi cortado pela risada de Sett. A senhora então iniciou uma conversa com ele:

— Que risada gostosa! Está feliz, meu jovem? — ela sorriu gentilmente.

— Estou, tia. Desculpe a falta de educação. Meu dia foi uma loucura, mas agora eu sei que vai ficar tudo bem, acho que só precisava extravasar um pouco. — ele respondeu.

A senhora riu e afirmou com a cabeça.

— É importante a gente tentar ser feliz todo dia. A vida passa muito rápido pra a gente ficar triste o tempo todo. Manda tudo de ruim à merda e faz o que faz você feliz. — ela deu dois tapinhas no braço do ruivo.

O elevador parou e abriu a porta no andar que ela queria ir, então Sett segurou a porta com a mão para que ela saísse com calma.

— Vocês dois fazem um casal bonito. Tenham uma ótima noite! — ela disse ao sair e acenar.

Yone escondeu o rosto nas mãos. Sett riu escandalosamente no que a porta se fechou.

— Viu? Somos um casal bonito! — Sett repetiu aos risos.

— Não somos um casal… — o produtor pigarreou e desviou o olhar.

— Ah, para! — Sett o abraçou por cima do ombro. — Até a tiazinha desconhecida falou! Você comeu meu namorado, logo, é dele, e tudo o que é dele… — Sett sussurrou o final da frase aos pés do ouvido do mais velho — …é meu também.

 

— Meu deus, tu tá vendo essa merda, Ez!? — Kayn observou ao pegar o celular das mãos do mais novo para abrir uma foto em específico na galeria do produtor. — E eu tava com medo de chegar em você por sermos da mesma banda e dar merda e tal! Ca-ce-te! Como?

Ezreal estava de queixo caído. A vida secreta de Yone de repente parecia incrivelmente divertida para ele e para o rapper ferido. Aquele celular era uma bomba! Yone devia confiar muito nele para deixar o aparelho sem senha em suas mãos; chegava a se sentir mal por bisbilhotar depois de notar aquele detalhe.

— Ele deve confiar pra caralho em mim… — a voz saiu até fraca.

— Mano! Eu nem sabia que o Aphelios podia fazer essas caras! — Kayn riu passando as fotos. — Meu deus! Ez, você tem que me mandar nudes também, eu tô com inveja. Não tenho nude nenhuma salva no celular, de ninguém! Até o Yone recebe nudes e eu não…

— Você tá absolutamente chocado com os nudes, mas… Mano, Kayn… O Aphelios e o Yone parecem estar namorando pelo conteúdo das conversas com ele, mas você notou isso aqui…? — o cantor pegou o celular novamente, voltando para o menu de conversas e abrindo o contato “Corno”, que claramente era Sett pela foto, no que o conteúdo das conversas também era altamente suspeito e questionável.

— O nome do filme é “A vida secreta de Yone”. Ele furou o olho do Sett? Sett e Aphelios tinham um caso? Como tudo isso acontece sob o mesmo teto que a gente mora, todos nós trabalhamos juntos, e nenhum de nós dois sabia disso? Eles escondem muito bem ou nós dois que somos tapados mesmo? — Kayn ria.

— Eles três são péssimos, vocês dois que são absolutamente egocêntricos mesmo e nunca notaram porque estavam ocupados demais olhando o próprio reflexo no espelho. — a voz grossa de Rhaast deu o ar da graça, lembrando-os que ele existia naquela equação.

Ez fez um bico falso.

— Não sou egocêntrico! Eles escondem bem…

— Escondem bosta! Cheguei bêbado outro dia e tropecei no Yone e no Aphelios se catando no sofá da sala, aquele maior, perto da janela. Não sei como o sofá estava limpo no dia seguinte, porque aquilo ali estava QUENTE! Irmão, eu tive que bater umas duas punheta pra dormir, porque o negócio foi bruto! — Rhaast riu, mas logo parou para resmungar da dor. — Caralho, esqueci que essa merda ainda tá doendo. Quero ir embora.

— Ah não! O sofá da janela não! — choramingou. — Eu não vou conseguir mais sentar lá!

— Então faz as malas e sai de casa, bebê! — Rhaast segurou para não rir de novo por causa da dor. — Aqueles ali já devem ter se comido na casa inteira, se pá até no seu quarto e no meu, sei lá. Você teria coragem de foder no sofá da sala sabendo que o K’Sante ta no quarto dele ali do lado? Que o Sett tá no quarto dele ali do lado? Eu não teria. No quarto foi a merda, eles entraram lá, a porta tava fechada, mas na sala não tem como. A sala é de todo mundo, todo mundo passa por lá.

Ez ficou pensativo por uns instante.

— Teria. Teria coragem sim. Se eu tivesse bêbado, provavelmente eu faria algo assim. Você não? — Ez riu de si mesmo, sentindo as bochechas esquentarem.

— Claro que eu teria! Inclusive, pretendo. Mas isso quando minha cara parar de doer. Se você prender minha cabeça entre essas coxas aí, do jeito que tá doendo, eu acho que choro.

 

— Deixa seu celular comigo. — Yone pediu, estendendo a mão para Sett para que o maior entregasse o aparelho tão logo chegaram em casa e saíram do carro. — O do Ez ficou em casa, deixei o meu com eles pra eles ligarem na hora que o Kayn tiver alta.

Sett pareceu incrédulo, deixando o queixo cair ao encarar o mais velho.

— Tu… deixou teu celular com aqueles dois pamonhas? Deixou na mão deles… sem senha?

— Deixei, ué. Qual o problema? Eles vão precisar ligar na hora que saírem de lá.

Sett deu um tapa na própria cara e riu alto.

— Yone! Eles vão fuçar tua vida inteira! Aphelios pode dar tchau pra paz dele daqui em diante. Você tem que dar graças a todos os deuses e espíritos guardiões se eles não resolverem comprar uma lhama pela internet no seu cartão. Se eles não contratarem strippers pra virem aqui em casa eu vou pessoalmente levar os dois ao médico por estarem fora de si.

— Ah. — Yone coçou a nuca. — Mas Kayn já me pegou com Aphelios na sala uma vez, acho que não dá em nada. 

— Puta? Aphelios não comentou nada sobre isso…

— Aphelios comenta sobre todas as nossas transas com você? Você realmente gosta de ouvir detalhes sobre as transas que seu namorado tem com outros caras, Sett? Me dá o celular logo. — chamou atenção para a mão estendida.

Sett riu casualmente. — Ele não transa com “outros caras”, Aphelios só fode comigo e contigo. Eu gosto de saber sobre o que ele anda fazendo, gosto de aprender como satisfazê-lo bem. Tudo o que mais quero é aquele homem feliz, Yone, é tão errado e bizarro assim? Quando concordamos em namorar a gente discutiu todos os termos e ele deixou bem claro que se você desse mole pra ele, ele ia e ia com gosto. Eu aceitei os termos e se foda eu, ué. Achei que você efetivamente ia dar mole pra ele? Não. Mas se o destino quis assim, quem sou eu pra reclamar? Você gosta dele, ótimo pra ele. Ele tá feliz, eu tô feliz. Só acho que dava pra ser mais feliz ainda se eu e você nos déssemos bem assim também. — Sett balançou os ombros. — Eu acho você terrivelmente atraente, te pegaria sem pensar duas vezes, mas você foge de mim igual o diabo foge da cruz! A gente podia só conversar na moral sobre isso, eu e você. 

— A gente já tá conversando sobre isso, Sett… — Yone bufou.

— Sim, mas, porra, a gente tá conversando na garagem! Eu quero uma conversa direito, sabe? Vamos no meu quarto ou no seu, a gente senta onde ninguém vai atrapalhar a gente e discute nossos termos. Você me diz claramente o que eu preciso fazer pra você me dar uma chance de te mostrar que vale a pena ficar comigo, a gente fica de boa e qualquer hora ainda, se pá, rola um mènáge de qualidade, eu, você e o Phel. Sei que ele jamais negaria essa oportunidade de ouro, e eu também não.

Yone jogou a franja pra trás e suspirou, andando nervosamente pra um lado e pro outro. — Você não tem vergonha, Sett? É um safado mesmo.

— O sujo falando do mal lavado. Onde foi mesmo que o Kayn pegou vocês dois fodendo? No sofá da sala onde nós todos compartilhamos, em público? Ah, sim, pensei. — Sett riu se aproximando de Yone e segurando-o pela mão de forma que ele parasse de sapatear. — Olha pra mim, olha nos meus olhos e diz que não tem nem um pouquinho de vontade de trepar comigo que eu paro. Me joga esse balde de água fria… — Ele pegou as mãos do mais velho, colocando-as sobre seu abdômen de forma que o produtor pudesse sentir os músculos sob a camiseta apertada. — Diz que não tem nem um pouquinho de tesão em mim e eu te deixo em paz.

O produtor engoliu seco. Se afirmasse aquelas coisas seria uma mentira deslavada, mas definitivamente não queria dar o sabor da vitória a Sett. Estavam naquele pé de guerra secreto desde uns meses atrás, quando Yone tomara a iniciativa de propor sexo a Aphelios depois do mais novo “acidentalmente” lhe mandar um nude. Aphelios tinha sido honesto depois da transa, explicando que tinha sido uma isca, que aquela nude não era para mais ninguém além do produtor mesmo, mas que ele tinha um lance com Sett também.

Yone tinha decidido que não interferiria no casal depois daquilo, mas bastou uma noite de bebedeira para ir parar no quarto de Aphelios novamente. Sett então tinha provocado-o sobre o assunto e eles começaram aquela guerra fria, onde Yone sempre zombava do ruivo por estar “comendo a mulher dele”, e Sett revidava tentando comê-lo em troca.

Nas últimas semanas, entretanto, os avanços de Sett tinham se tornado mais incisivos, pegando-o de surpresa. Sett às vezes simplesmente começava a tratá-lo como se já fossem namorados, se jogando em seu colo no sofá enquanto lia, abraçando-o desavisadamente na cozinha ou roubando selinhos como aquele do elevador só porque sim. Yone sabia que a tensão entre eles só estava aumentando exponencialmente com o passar do tempo e alguma hora ou eles brigariam feio, ou acabariam na cama.

— Sett… chega de brincadeiras. Me dá o celular, por favor. — tentou se manter sério, mas seu rosto vermelho não escondia a vergonha que estava sentindo. Sett sorriu.

— Me beija e eu te entrego ele sem questionar.

Yone bufou, revirou os olhos, pendeu a cabeça pra trás e então cedeu, inclinando-se e elevando um pouco os pés para alcançar a boca do mais novo, que só então soltou-lhe o braço para segurá-lo pela cintura. Finalmente uma vitória.

Sett envolveu a cintura de Yone com as mãos, subindo-as pela lateral do corpo dele ao mesmo tempo em que invadia a boca do mais velho com sua língua sem perder tempo. O produtor, por sua vez, subiu as mãos pelo abdômen do maior até alcançar seu pescoço, envolvendo-o com os braços, correspondendo ao beijo dele mesmo que a contragosto por conta de seu orgulho. Sett não era ruim, muito pelo contrário. Era só que… era complicado.

Havia algumas coisas que Yone normalmente preferia evitar, e, recentemente, uma dessas coisas era se envolver com ativos. E, céus! Ele sabia que Sett não queria dar a bunda pra ele. Isso era algo que teria que ser discutido caso eles realmente fossem levar aquela relação a algum lugar. Só queria evitar a fadiga, mas Sett não estava disposto a facilitar.

Sett subiu a mão direita por suas costas e nuca, a outra desceu até seu traseiro e apertou sem pudor algum; então ele envolveu a mão direita no rabo de cavalo de Yone e puxou num tranco que fez o produtor pender a cabeça para trás e deixar escapar um gemido baixo enquanto o mais novo beijava a pele do pescoço recentemente exposto.

O portão se abriu com um rangido e os dois se sobressaltaram, dirigindo imediatamente os olhares assustados para K’Sante que entrava em casa, voltando de sua corrida noturna.

K’Sante os olhou agarrados ali. Os olhou dos pés à cabeça. Então sacudiu a cabeça afirmativamente e seguiu para dentro de casa sem dizer nada.

— Eu falei que era uma péssima ideia. — Yone resmungou, se desvencilhando dos braços do maior e ajeitando as roupas e o cabelo.

— Não falou bosta nenhuma, não. — Sett segurou uma risada nervosa, se ajeitando também, então pegou o celular no bolso e entregou nas mãos do mais velho. — Toma, mas vamos conversar a sério lá dentro, em um lugar mais reservado do que a garagem…

Chapter 4: Parte 4

Summary:

Kayn e Ezreal finalmente têm seu tempo a sós. As coisas entre Sett e Yone parecem tomar um rumo.

Chapter Text

Bzzzzz…

Dedos grossos enlaçados aos cabelos brancos e longos de forma firme, puxavam com moderação. O beijo intenso mantinha os dois homens presos no magnetismo do outro como ímãs fortes e metal.

Bzzzzz…

O produtor prendia o mais novo com suas pernas como se não quisesse deixar que ele fugisse dali, não que Sett fosse tentar fugir de todo modo; o ruivo, por sua vez, era ele mesmo uma armadilha de braços e pernas para o menor, selando-o na cama com o peso de seu enorme corpo, enquanto trocavam aquele amasso gostoso, os beijos ousados.

Bzzzzz…

— Mas que porra! — Yone buffou irritado — Atende logo essa merda de celular, Sett! Quem tá te ligando às 4 da manhã?!

— Meu celular tá com você, Yone. — Sett segurou o riso, mordendo o queixo do mais velho enquanto o assistia tirando desajeitadamente o celular do bolso da calça. 

— Ah, merda, eu tinha esquecido a porra do Kayn e do Ez no hospital. — resmungou verificando o número na tela e atendendo a chamada. — É o Yone…

Irritado pela nova interrupção, Yone dirigiu até o hospital. Sett, no banco do passageiro, tentava acalmá-lo acariciando seu joelho e sua coxa enquanto puxava assuntos aleatórios para distrair o mais velho.

Logo estavam em frente ao hospital, onde Ez e Kayn aguardavam para ir embora. Os dois entraram imediatamente no carro pelo banco de trás, e logo o produtor levava todos de volta para casa.

— Vocês demoraram a atender o telefone. Estavam dormindo? — Ez perguntou quebrando o silêncio.

— Ou estavam brigando pelo Aphelios? — Rhaast estava para o crime.

Yone sentiu as orelhas esquentarem. Sett estava certo e os filhos da puta tinham fuçado seus arquivos. Rebentos do capeta.

— Não é da conta de você o que estávamos fazendo ou deixando de fazer, e, Kayn, nossa relação com Aphelios também não tem nada a ver com você, até onde eu sei. — Yone respondeu ríspido. Sett arregalou os olhos, mas nada disse.

— Eu acho que tem a partir do momento que vocês invadiram meu quarto e me nocautearam empatando minha foda com o Ez. Saber as fofocas de vocês é uma excelente forma de equilibrar um pouco as coisas. Acho que até diminuiria a dor na minha cara… — o rapper fez o papel dramático.

Yone buffou e ignorou, mas Sett… Sett se sentiu mal o bastante para morder a isca plantada pela criatura maligna, o próprio filho do capeta.

— Eu e o Aphelios temos um relacionamento… diferente. Eu sempre soube que ele gostava do Yone, ele não mentiu pra mim nem nada.

— Cala a boca, Sett! — Yone trovejou.

— Eu tô em dívida com eles, Yone! O Kayn tá fodido demais por minha culpa! — choramingou.

— E o Ez tá fodido de menos graças a vocês também. — Kayn cruzou os braços e afirmou com a cabeça como se dissesse algo inteligente.

Ezreal segurou a risada cobrindo a boca com as mãos.

— A gente tava entediado no hospital, mas quem diria que a vida do Yone era tão apimentada! Que sabor, meus irmãos! — Kayn continuou apoiando os braços entre os bancos do motorista e do carona, um sorriso de canto desenhado no rosto inchado. Para Ezreal, estava claro que era Rhaast desde que entraram no carro, mas os outros dois ainda não conheciam aquelas diferenças.

Yone negou com a cabeça e permaneceu em silêncio, concentrado na direção do veículo, tentando ignorar os mais novos, fingindo que não era dele de quem falavam.

— Enfim, só calhou do Yone aceitar entrar nessa pelo Phel, mas ele não vai muito com a minha cara não. Tô tentando mudar isso pra que seja justo pra todo mundo, mas ele é cabeça dura demais, nossa senhora. O homem não relaxa por um minuto! — Sett sorriu sacana e colocou a mão sobre a coxa de Yone que, irritado, deu um tapa na mão dele.

— Então você realmente é um corno conformado até que o Yone aceite seu amor? Como funciona esse lance? Vocês vão ter um relacionamento a três? — Ezreal mostrou suas verdadeiras cores ao explicitar sua curiosidade, arrancando risadas de Sett, que, por sorte, levou tudo na brincadeira. Kayn riu alto. — Faz sentido o Yone ter salvo seu contato como “corno”.

Sett franziu o cenho.

— Poxa, Yone! Sério que tu salvou meu contato desse jeito?

Yone deu de ombros e segurou o riso.

Não muito tempo depois, os quatro chegavam em casa depois de passar numa farmácia para comprar os analgésicos que foram receitados ao rapper por conta da dor no rosto. Tão logo chegaram, Yone informou que cancelaria os ensaios na parte da manhã naquele dia, e fariam tudo na parte da tarde, considerando que já passava das cinco da manhã e ninguém tinha ido dormir ainda.

Sett esperou que Ez e Kayn fossem para o quarto pegar as coisas para tomar um banho e dormir, e então aproveitou a oportunidade para perguntar se Yone queria prosseguir com o que estavam fazendo antes, mas foi dispensado pelo mais velho que insistiu que eles deveriam dormir um pouco.

Novamente em posse de seu celular, Yone disparou uma mensagem no grupo de conversa da banda para informar a todos que os ensaios da manhã estavam cancelados por aquele dia devido um acidente envolvendo o Kayn. Fora Aphelios e K’Sante, todos sabiam muito bem que aquele acidente não era exatamente um acidente assim, mesmo assim era melhor manter o linguajar escolhido pelo mais velho mesmo.

No caminho para os quartos, Kayn pegou a mão de Ez antes que o mais baixo fosse buscar suas coisas, então sugeriu com a voz baixa para não ser ouvido pelos outros.

— Banho juntos? Não vai ser como a gente queria, mas é o que tem pra hoje… — o timbre era de Kayn mesmo. Ez sorriu.

— Claro, vou dar três batidas na porta e você abre, ok? — então ergueu-se nas pontas dos pés e selou os lábios aos do rapper que não evitou um sorriso que tomou seu rosto.

Yone estava cansado depois de toda aquela noite e precisava se energizar, então depois de tomar um banho no banheiro de sua suíte, ele saiu do quarto vestindo seus pijamas e cuidadosamente entrou no quarto de Aphelios, que dormia tranquilamente em sua cama. Aproximou-se sentando com cuidado na beira da cama e então enfiou seu rosto contra a curva do pescoço do mais novo, inalando seu perfume profundamente antes de se afastar e depositar um beijo em sua bochecha, observando-o dormir. Então, por fim, levantou-se e voltou para seu quarto.

Aphelios abriu os olhos, sonolento, a tempo de ver o produtor saindo do quarto, mas logo os fechou novamente, voltando a dormir.

 

Ezreal, como combinado, deu três batidinhas na porta, e logo ouviu o som da mesma sendo destrancada. Sorriu e entrou.

Kayn trancou a porta tão logo o menor entrou no cômodo para evitar outro acidente indesejado, imediatamente prensando-o contra a parede em seguida, arrancando uma risada do esverdeado que colocou as coisas que segurava sobre o balcão do banheiro de qualquer jeito.

— Acha mesmo que é uma boa ideia fazer isso com a sua cara machucada? — Ezreal perguntou selando os lábios do maior com um beijo carinhoso.

— Acho que desde que você não sente na minha cara ou me dê uma cabeçada, não vai me atrapalhar em nada. Outro dia, quando eu melhorar, a gente faz essa parte de você sentar na minha cara, prometo. — Kayn brincou mordiscando o lábio inferior do menor enquanto já tratava de remover as roupas dele.

Como tinha chegado antes ao banheiro, Kayn já tinha tirado a roupa quase toda, ficando apenas de cueca para apressar as coisas. Precisavam dormir um pouco ainda durante a manhã, visto que não teriam como fugir dos ensaios na parte da tarde — ele principalmente, que já tinha perdido os ensaios do dia anterior. Agora bastava remover as roupas do menor, entrar embaixo do chuveiro e fazer acontecer.

Em um piscar de olhos, já estavam ambos nus, agarrando-se contra as paredes do banheiro. Kayn segurava uma perna do menor na altura de seu quadril, roçando seus sexos desnudos, enquanto o cantor abraçava-lhe o pescoço em busca de apoio e arranhava sua nuca. Suas línguas se envolviam em movimentos eróticos no que os dois entregavam-se ao erotismo do qual tinham sido privados horas antes.

Ezreal foi quem desceu uma mão entre seus corpos, pegando os membros de ambos primeiro e começando a massageá-los juntos, ofegando em meio ao beijo, se permitindo ceder ao desejo. Esfregava bem as glandes uma na outra e na palma de sua mão, descendo os dedos pela extensão com a pressão certa para excitar e provocar Kayn.

O maior então puxou a outra perna dele para cima, erguendo-o do chão, e o carregou até dentro do box, só então colocando-o de pé novamente. Beijou-lhe a boca eroticamente mais uma vez e sussurrou ao pé de seu ouvido na voz grave e rouca de Rhaast:

— Vira de costas e apoia na parede, Ez.

Sem hesitar, o cantor o obedeceu, virando-se de costas com as mãos na parede, e o olhou por cima do ombro ao mesmo tempo que empinava bem a bunda arrebitada para ele. Viu Kayn afastar-se por uns instantes e pegar uma bisnaga de lubrificante no meio das roupas limpas que tinha levado para o banheiro — bem que era incomum mesmo ele levar as roupas pra lá, normalmente ele só enrolava a toalha no quadril e saía pela casa como se nada mais importasse —, e ao voltar ele colocou a bisnaga ao alcance, mas não acelerou tanto assim as coisas como o menor esperava.

Kayn abaixou-se atrás dele, ficando bem de cara com sua bunda arrebitada, então espalmou as mãos em suas nádegas e as afastou, mirando bem aquele buraquinho rosa e apertadinho, sorriu de canto e, sem aviso, enfiou a língua ali arrancando um gemido do mais novo.

Ez encostou a cabeça na parede azulejada e fria e ofegou, fechando os olhos e se concentrando na sensação da língua quente do outro em seu cu. Era algo que não esperava mesmo, visto que a grande maioria dos caras não gostava daquele lance, e nunca tinha dado a sorte de sair com alguém que se oferecesse. Afastou um pouco mais as pernas facilitando para que o maior o beijasse e chupasse naquele ponto tão sensível de seu corpo, onde logo estaria seu pau.

Beijar Ezreal, onde quer que fosse, era um prazer para Kayn. Arrancar suspiros e gemidos ao fazer isso era um bônus, e se tinha uma coisa que Rhaast gostava de fazer na vida, ah, então isso era comer cu. Enfiava a língua tão fundo quanto conseguia, levando o menor à loucura, e usava uma mão para acariciar-lhe o membro rígido em simultâneo, fazendo Ezreal suspirar de prazer. Mas Kayn mesmo já estava no limite do que poderia aguentar. Desde que tinha sido interrompido mais cedo, tudo o que queria era estar dentro do rapaz de cabelos verdes.

Não demorou-se muito, logo pegando o tubo de lubrificante e espalhando o conteúdo em sua mão. Kayn lambuzou o pau no produto e esfregou a cabeça contra o cu de Ezreal.

— Ahn, Kayn, não me enrola… Me fode de uma vez. — o garoto pediu manhoso.

Como poderia negar um pedido como aqueles?

Kayn enfiou-se por inteiro em Ezreal com uma estocada funda, arrancando um gemido mais alto do que o ideal para aquela hora da manhã da boca dele. Não esperou, logo começando a investir compassadamente contra a bundinha dele, fazendo um vai e vem gostoso.

Ezreal estava esperando por aquilo desde cedo. Com sorte, dessa vez os dois gozariam. Queria ser lambuzado pelo outro, tomado por ele com aquela vontade de antes; então não se irritou pela falta de sensibilidade do maior desde o início.

O som molhado do choque dos corpos sob o chuveiro, somado aos gemidos abafados de Ezreal e Kayn, preenchia o banheiro em meio à névoa causada pela água quente do chuveiro. Kayn beijava a nuca e o ombro do menor enquanto fodia o corpo apertado sem dó, buscando satisfação.

Uma das mãos de Ezreal se juntou à de Kayn que se ocupava em masturbá-lo, incentivando os movimentos, a outra ele usava para apoiar-se na parede, para não perder o equilíbrio.

Kayn retirou-se de dentro dele por um breve período, apenas para virá-lo de frente para si, com as costas coladas no azulejo, então ergueu as pernas do menor colocando-as em torno de sua cintura, e já enfiou-se novamente para dentro dele. Ezreal enlaçou os braços no pescoço do rapper para se segurar firmemente, e logo teve sua boca ocupada pela língua do maior, que o beijou de forma intensa e erótica, sugando-lhe a língua e mordendo seus lábios. 

As unhas curtas da mão esquerda arranhavam e se cravavam à nuca do homem de cabelos cor de rosa, a direita desceu novamente para que Ezreal pudesse se masturbar enquanto era invadido, o corpo sendo empurrado contra a parede conforme o outro se chocava contra ele, arrombando sua entrada em movimentos rápidos e fortes, marcando sua forma profundamente na carne macia.

Kayn apertava as coxas e nádegas do menor com força desnecessária, marcando seus dedos em vermelho na pele branca, evitando que ele caísse ou se desequilibrasse. O prazer intenso dominava seus sentidos, nublava suas ações; quando Ezreal alcançou seu orgasmo, despejando sua semente entre os corpos, se arqueando e contraindo o corpo pelos espasmos do orgasmo, Kayn se sentiu ainda mais estimulado, apertado, esmagado pelo calor do outro, e logo não resistiu também, se derramando dentro dele, preenchendo-o com seu leite.

O beijo que trocavam aos poucos foi perdendo a intensidade, tornando-se mais apaixonado e menos urgente. Sorrisos eram trocados em meio ao contato dos lábios enquanto os dois se recuperavam por um momento. Só depois Kayn ajudou o menor a descer, retirando-se de dentro do corpo dele e se deliciando com a visão de seu sêmen escorrendo entre as pernas dele.

— Tá sorrindo, é? Acha bonito? Bonito vai ser na hora que eu tiver que limpar essa porcaria aqui. Vou fazer você lamber tudinho. — Ezreal brincou, segurando o rosto do maior entre suas mãos e beijando-lhe os lábios mais uma vez, mordendo o lábio inferior dele. — Falando nisso, é Kayn ou Rhaast que está aí?

— Isso importa? — o outro respondeu, rindo e dando um tapa na bunda do menor.

Chapter 5: Parte 5

Summary:

Kayn e Yone vão ao psiquiatra e à igreja e depois o rapper conta para todos do grupo sobre sua aventura divertida. Ezreal está pensativo sobre a vida amorosa de K'Sante.

Chapter Text

Depois do ensaio naquela tarde, já tinha a consulta de Kayn no psiquiatra, para a qual Yone fez questão de levá-lo pessoalmente para ter certeza de que o rapper não fugiria. Estava levando a sério aquela questão, mesmo que Kayn e Ezreal parecessem ter voltado a se dar bem. Não deixaria de considerar as possibilidades daqueles apagões e mudanças de comportamento de Kayn como algo sério e digno de investigação. Precisavam entender o que estava acontecendo para saber como lidar com aquilo.

Ficou do lado de fora da sala durante a consulta para garantir a privacidade dele com o psiquiatra, pois assim ele poderia falar mais abertamente sem se sentir julgado por alguém de seu convívio, e depois de algum tempo ele saiu com um receituário médico. Kayn parecia normal, nada de estranho nele naquele momento.

— Ele disse que ainda precisa investigar melhor, me agendou psicoterapia. Disse que não é fácil diagnosticar assim de cara, embora tenha suspeitas, mas precisa eliminar possibilidades. Me passou uns moduladores de humor pra testar, pediu pra eu tomar por dois meses pelo menos, mas ele vai fazer o acompanhamento pra ver se tem melhoras. — Kayn suspirou. — Satisfeito?

Yone afirmou com a cabeça, seguindo para o carro com o rapper.

— Vamos comprar seus remédios e depois levar você na igreja. Ainda vamos eliminar a possibilidade de demônio, já que aqui vai levar tempo pra obter algum resultado.

— Você não pode estar falando sério… — Kayn revirou os olhos.

 

Sett brincou com os dedos de Aphelios que estavam entrelaçados aos seus. Os dois estavam aninhados no sofá da sala confortavelmente enquanto assistiam a um filme qualquer, quando Sett resolveu puxar o assunto:

— Eu beijei o Yone na noite passada. Você tem razão, ele beija bem.

Aphelios se sobressaltou, virando-se de frente para o ruivo tão rápido quanto conseguiu com uma risada larga.

— Não acredito! — exclamou com sua voz baixa, rouca demais para cantar, mas ainda presente o suficiente para uma conversa casual em um ambiente de pouco barulho. — Ele finalmente cedeu?

— Ele teria cedido antes se você tivesse conversado com ele sobre isso como eu te pedi várias vezes. — Sett apertou levemente a ponta do nariz do menor, rindo junto com ele. — Ele precisava do meu celular e eu cobrei um beijo em troca, mas depois ele acabou se rendendo e a gente trocou uns amassos. Se a gente não tivesse que voltar no hospital pra buscar o Ez e o Kayn, porque eu nocauteei ele, talvez tivesse rolado algo a mais, mas quando voltamos ele já tinha voltado à carranca usual dele. — Sett suspirou pendendo a cabeça para trás.

Aphelios riu, puxando o rosto de Sett para si e dando um beijo na ponta de seu nariz.

— Você já deu um passo enorme em prol dos seus objetivos, se considerar que tava há meses tentando chegar nele.

Sett sorriu feito bobo, abraçando o menor pela cintura e o trazendo para seu colo.

— Se você falasse com ele, adiantaria bem as coisas. — comentou beijando várias vezes o pescoço do menor, que riu.

— E vou falar o quê? “Oi, Yone, então… eu queria muito que você ficasse com o Sett também, porque tô louco pra fazer um mènáge com vocês dois… Então se você puder me fazer o favor de deixar ele te dar uns catos e se acostumar com a ideia eu agradeço.” — zombou.

Sett riu alto enfiando a cara no ombro do instrumentista.

— Isso seria hilário. Se for falar isso, por favor me deixe estar no cantinho assistindo a reação de Yone. Ele vai surtar.

— Sabe que ‘cê tem razão? Isso seria hilário. — Aphelios riu e negou com a cabeça. — Quer saber? Vou fazer, nem que seja pelo meme. Espero que ele me perdoe, porque vai ser muito divertido.

 

Ezreal ficou até mais tarde com K’Sante no ensaio, mesmo depois que os outros foram embora; ele sentia que precisava ensaiar mais pra compensar o dia anterior e o maior estava desocupado e resolveu ficar e fazer companhia, aproveitando para ajudar o menor com seus conselhos sempre bem-vindos.

Quando os dois saíram do estúdio em direção ao estacionamento já era noite e o manto escuro empurrava os tons alaranjados do dia para o horizonte. K’Sante sentia que não podia evitar uma conversa mais íntima com Ezreal depois de tudo o que havia acontecido entre o grupo nos últimos dois dias.

— O que acha de irmos tomar um café no caminho pra casa? Tem uma cafeteria aqui perto que…

Ezreal o interrompeu exaltado, eufórico.

— CARAMEL MACCHIATO! — seus olhos brilhavam como estrelas. 

K’Sante não evitou uma gargalhada ao prender o cinto de segurança antes de dar a partida no carro.

— Certo, vamos tomar um caramel macchiato. — riu quando o menor comemorou animadamente e pegou o celular para tirar uma selfie com K’Sante ao fundo para postar em suas redes sociais comemorando que tomaria seu café favorito.

O co-líder pensou em como puxar aquele sinal enquanto dirigia em direção à cafeteria. Então estalou a língua antes de falar enquanto Ezreal digitava e editava a foto para postar.

— Sobre você e o Kayn, Ez… Tudo bem se não quiser me responder, mas você realmente gosta dele romanticamente? Desculpa me intrometer, mas eu tentei entender pelo que o Sett falou e simplesmente não consegui. Kayn tentou te beijar na sala do ensaio e você só faltou chorar, o Sett queria agredir ele na hora… Daí depois vocês conversaram sozinhos e se ajeitaram? Como foi?

Ezreal suspirou, sabia que aquelas perguntas viriam com frequencia.

— Kayn estava esquisito demais naquela hora, não parecia ele… Eu me assustei, foi isso. E… sim, acho que gosto dele dessa forma. Não tenho certeza do que sinto ainda, mas a atração é fato. Ele sempre foi o meu tipo… eu gosto de…

— Bad boys? — K’Sante completou, rindo quando viu o menor corar pelo retrovisor. — É bem a sua cara. Você tem cara de quem gosta de se meter em confusão, Ez, é o tipo de cara que não engana ninguém. Você gosta de problema e come confusão no café da manhã.

A gargalhada que o cantor deu daquela metáfora foi gostosa de se ouvir. Ele afirmou com a cabeça, dirigindo o olhar ao mais alto.

— Só que dessa vez acho que estou me metendo numa confusão gigantesca, né? Ficar com alguém da mesma banda que eu… e eu nem sei se isso vai dar certo… — desviou o olhar ficando sério ao pensar um pouco mais sobre aquilo.

— Não fique pensando se vai dar certo ou não agora que já começou, Ez. Se as coisas não derem certo, desde que vocês tenham maturidade pra continuar se dando bem mesmo sem ter um relacionamento, vai dar tudo certo. Às vezes os relacionamentos não dão certo mesmo, a gente acha que vai ser incrível e no fim descobre que não tem nada a ver com a outra pessoa, mas mesmo se a gente gostar muito da pessoa, dá pra viver em paz e ficar feliz pela felicidade dela, sabe?

Ezreal voltou a olhar para o maior com curiosidade, notando que já chegavam à cafeteria.

— Isso foi bem específico… Tá tudo bem, K’Sante? 

O co-líder riu enquanto estacionava o carro, negando com a cabeça.

— Bom, de fato é uma experiência muito pessoal, mas apenas entenda que é possível aproveitar e viver o momento, e mesmo se um dia vocês terminarem e perderem o interesse romântico, vocês podem continuar sendo amigos, podem continuar trabalhando juntos, desde que tenham a maturidade necessária para lidar com a sensação esquisita que fica quando a paixão acaba. E tá tudo bem, sério.

K’Sante desligou o motor do carro, soltando o cinto de segurança e indicando a cafeteria com a cabeça. Ezreal sorriu e afirmou com a cabeça, antes de sair com ele para tomarem seu café, mas dentro de sua cabeça ele só conseguia, como o bom fofoqueiro que era, se perguntar por quem da banda K’Sante tinha sido apaixonado e não tinha dado certo. Definitivamente teria que conversar com Kayn sobre aquele fato quando chegasse em casa para que pudessem investigar juntos.

 

As coisas saíram um pouco de controle na aventura religiosa de Yone e Kayn, o que era bastante previsível, na verdade, mas que tinha deixado o produtor bastante irritado, e, por isso, Kayn estava de castigo.

— Eu não acredito que você fez aquilo! — Yone rosnou enquanto descia do carro batendo a porta do veículo com mais força do que o necessário. — Se deus existe, nós dois com toda certeza iremos pro inferno agora…

— Ué!? Vocês queriam uma possessão demoníaca! Eu só dei isso pra vocês. — Kayn deu de ombros, descendo do veículo e revirando os olhos.

— Você LAMBEU a cara do pastor, puxou a cadeira de uma senhora, roubou o trompete do instrumentista e isso tudo na primeira meia hora do culto! — o mais alto impacientemente contava nos dedos os feitos do rapper que, com as mãos na cintura, parecia bastante orgulhoso de suas ações passadas.

— Foi divertido pra caralho, nunca achei que ia gostar de ir na igreja. A gente devia ir mais vezes, Yone. Da próxima vez vamos levar todo mundo!

— Se você aparecer na frente daquela igreja de novo, com toda certeza eles vão chamar a polícia. — Yone escondeu o rosto nas mãos, negando com a cabeça. — Foi um desastre completo!

Kayn riu divertido, andando para dentro de casa, sendo seguido pelo maior enquanto ainda discorria sobre o que tinha acontecido nas duas horas anteriores.

— Foi um desastre nada, eu chamaria de completo sucesso. Teve demônio ao vivo, teve emoção na vida dos crentes, teve diversão em família e eu quase adotei uma criança.

— AQUILO NÃO ERA UMA CRIANÇA, KAYN! VOCÊ PEGOU UM ANÃO NO COLO E SAIU CARREGANDO PRO CARRO DIZENDO QUE ERA SEU FILHO! Se aquele pobre homem não for expulso da igreja por acharem que ele é realmente um filho do capeta, eu não digo nada… Você sabe bem como essa galera consegue ser lunática de vez em quando. — Yone bufou batendo a porta depois de entrar. — E isso foi COMPLETAMENTE capacitista da sua parte, seu escroto!

— Kayn sequestrou um anão? — Aphelios, sentado no sofá, rapidamente se interessou pelo assunto, tentando segurar o riso. — Eu quero o contexto completo dessa história.

— Como eu posso evitar? Ele tava uma gracinha naquele terninho, eu queria trazer pra casa, mas o Yone não deixou. — o rapper soltou um muxoxo, deixando os ombros caírem dramaticamente. — Mas no fim todo mundo se divertiu e eu ainda ganhei um pastel.

— Você ROUBOU o pastel do prato de alguém, Kayn. — Yone corrigiu revirando os olhos e se jogando na poltrona exausto. — Eu nunca mais saio com você pra lugar nenhum, exceto pro psiquiatra ou pro manicômio, onde é seu lugar. Se o psiquiatra tivesse ido com a gente à igreja, certamente você teria sido internado imediatamente.

A cabeça de Ezreal brotou do corredor.

— Quem roubou o quê? É proibido fazer fofoca nessa casa sem mim! Todo mundo sabe disso… — ele veio a passos rápidos em direção à sala, saltando o sofá e se sentando.

Kayn riu divertido, claramente adorando a atenção que estava recebendo naquele momento.

— Chama o K’Sante e a Alune lá! Eu vou contar pra todo mundo como foi a nossa aventura hoje, foi legal pra caramba, a gente tem que ir todo mundo junto na igreja na próxima vez; eu pago pastel pra todo mundo no fim do culto. — brincou rindo e se sentando numa das poltronas da sala. Ezreal sabia que aquela voz era Rhaast, não Kayn. Alguma coisa bem bizarra devia ter rolado mesmo.

Aphelios mandou uma mensagem pelo celular para a irmã que demorou apenas alguns instantes para brotar na sala na companhia de K’Sante.

— Qual foi a merda tão grande que o Kayn fez que a família toda tem que se juntar pra ouvir? — ela comentou um tanto desinteressada, se sentando ao lado do irmão.

K’Sante não estava esperando muita coisa, de todo modo, mas se Kayn queria contar pra todo mundo, então todo mundo ouviria, não?

Kayn pigarreou limpando a garganta, levantando-se e tomando o “palco” para contar sua aventura para todos. Yone cobriu a cara com um travesseiro, com vergonha alheia do que o outro tinha feito.

Com os olhares de todos sobre si, ele sorriu completamente sem vergonha e começou sua história.

— Yone acha que eu posso estar possuído pelo demônio, então nós fomos à igreja hoje, eu e ele. Ele queria que a gente esperasse o culto acabar e fosse falar a sós com o pastor, mas eu sabia que aquele culto estava precisando de um pouco mais de animação… tava todo mundo tão entediado… Daí o pastor começou a rezar e eu pensei “oportunidades!” Levantei do banco e comecei a falar um bocado de abobrinha. “Mortais inúteis, eu desprezo vocês, seus deuses tolos e toda essa palhaçada que vocês chamam de religião”, eu disse. 

O Yone me beliscou, mas aí eu saí de perto dele e fui na direção do pastor. A igreja toda estava olhando pra mim com espanto, uma delícia, devo dizer. Claro que nenhum crente ali conhecia nossa música, ninguém sabia quem eu era, então tornou tudo ainda mais divertido.

“Eu sou Rhaast, o demônio da luxúria e o próximo que abrir a boca eu vou comer a esposa”, eu disse e todo mundo ficou bem quietinho me ouvindo, eu só escutei a cabeça do Yone batendo no banco da frente “tuc”. 

Ezreal escondeu o rosto nas mãos ouvindo aquilo. Claro que Rhaast assumiria o controle bem dentro da igreja e faria o regaço. Claro que Yone não teria paz levando aquele louco na igreja.

— O primeiro pastor que gritou “Eu te repreendo!” eu já respondi: “Há! Comi tua mulher”. Daí ele respondeu “Eu sou solteiro!” e eu rebati “Então vou comer tua mãe!” e ele choramingou “Minha mãe, não, irmão, isso é sacanagem!” e eu falei “Sacanagem foi ela colocar um troço feio igual você nesse mundo”. O pessoal dentro da igreja não sabia se ria ou se tinha medo, porque eu tava engrossando a voz o máximo que eu consigo, né. Ai, eu tava me divertindo tanto… 

Daí os pastores vieram tentar me segurar e eu saí correndo, foi quando eu vi o moleque de terninho azul parado do lado da porta. Achei fofinho, peguei no colo e falei “você vai ser meu filho agora”. O Yone entrou em desespero e saiu correndo atrás de mim, eu levei o moleque pro carro. Ele gritava “Pelo amor de deus, Kayn! Isso não é uma criança! Isso é um anão!” e eu respondi “Você não fale assim do meu filho! Ele só é compacto!” 

O moleque riu, então pra mim tava tudo certo, mas o Yone tava muito bravo comigo, então eu tive que abandonar meu filho pra fugir dele, mas infelizmente ele me alcançou e me arrastou pra dentro da igreja de novo puxando minha orelha e eu tive que pedir desculpa pros pastores que eu ofendi. — deu de ombros e suspirou interrompendo brevemente a narrativa.

Aphelios, Alune, Ezreal e Sett já choravam de tanto rir. K’Sante estava tentando absorver aquela informação e acreditar no que o rapper estava falando, mas, infelizmente, pela expressão de derrota de Yone, parecia que aquilo tudo tinha acontecido mesmo.

— Inclusive tive que pedir desculpas ao meu filho por querer trazer ele pra casa. Que ultraje! Juntou aquele monte de pastor pra rezar por mim e tentar expulsar o demônio, sem saber que o demônio sou eu mesmo, né. Me fizeram ajoelhar, achei bem desconfortável, não gostei. Mas fiquei quieto e fingi que o demônio foi embora pra eles deixarem eu levantar. O Yone tava me encarando com a cara de defunto padrão dele, essa cara de “eu sei o que você fez no verão passado e não me surpreende”, então eu só fiquei quieto até o fim do culto. 

Na hora que a gente tava saindo, eu tava com fome, então tinha uns pastéis num prato numa mesa e eu peguei um e comi. Quando eu já tava na última mordida ele gritou comigo. Gente, eu juro, o prato tava numa mesa, não tinha ninguém ali perto. Como eu ia saber que era de alguém? Então eu saí correndo puxando ele pela mão quando a mulher se deu conta que eu comi o pastel dela. Viemos embora correndo. Yone nunca dirigiu tão rápido na vida. Foi divertido pra caramba. Vamos todos juntos na próxima vez!

— A gente não vai de novo! — Yone bufou. — Só esquece isso! Se for demônio o problema, deixa apodrecer aí. Nunca mais que eu saio com você pra qualquer lugar que exija respeito e cordialidade.

— Eu quero ir na próxima! — Ezreal riu levantando o braço como uma criança que se oferece pra ir numa excursão.

— Nunca pensei que ir na igreja pudesse ser divertido, mas na próxima vez eu também quero ir. — Alune gargalhava e limpava as lágrimas nos cantos dos olhos.

— Definitivamente vamos todos juntos na próxima sessão de descarrego do Kayn! — Sett brincou também, levantando-se e indo até o Yone, afagando-lhe os cabelos. — Não precisa se preocupar, Yon, ele vai ficar bem nas nossas mãos…

— Pro inferno, vocês todos! — Yone levantou-se dando um tapa na mão de Sett e seguiu furioso para o quarto.

Chapter 6: Parte 6

Summary:

Rhaast decide ir até K'Sante para ouvir a fofoca diretamente da fonte.

Notes:

Eu sei que to há eras sem atualizar isso aqui, peço desculpas pra quem tava achando que não ia voltar nunca mais (igual as outras tantas fics que eu deliberadamente esqueci no churrasco...).
Aviso que os próximos capítulos também podem vir a demorar porque estou passando por um período de bloqueio criativo cabuloso e me mantive focada em terminar as fics que tinham data de entrega primeiro (a do amigo secreto, por exemplo). Agora estarei focada em terminar uma outra oneshot também que tenho que terminar até o fim do mês porque é presente, mas não queria adiar muito mais esse capítulo, então ele não ficou muito grande.
Enfim, espero que goste. Se puderem deixar suas impressões nos comentários, sempre fico muito feliz quando vocês comentam TT_TT <3
Boa leitura a todos

Chapter Text

— Eu e K’Sante estávamos conversando sobre umas coisas mais cedo… Acho que ele já teve um lance com alguém da banda. Não foi comigo, foi contigo?

Enrolado nos braços de Kayn, deitados de conchinha antes de dormir, Ezreal simplesmente lembrou que queria perguntar aquilo desde que Kayn tinha chegado em casa. Aquela informação estava incomodando desde quando K’Sante tinha comentado sobre relacionamentos de forma tão específica dentro do carro. Queria falar sobre aquilo com Kayn, mas acabou entretido com toda a história da aventura religiosa de Kayn e Yone e esqueceu de comentar antes, lembrando apenas já quando estavam fechando os olhos para dormir.

— Não? Nunca me relacionei com ninguém da banda antes. Só tive interesse em você aqui até hoje, Ez. — Kayn respondeu. Estava quase dormindo quando o cantor fez a pergunta, mas despertou imediatamente graças à fofoca quentinha que saiu da boca do outro.

— Hum… Se não fui eu, não foi você… restam Sett, que é o melhor amigo dele, o Yone, que é tipo o cara mais fechado do grupo, mas que comia o namorado do Sett no sigilo e por isso eu acho bem “sus”, e o Phel, que descobrimos recentemente que está pegando o Sett e o Yone ao mesmo tempo. A Alune não conta, ela é amapô e o Sante é mais gay que eu e você juntos, mais gay que o elenco de RuPaul’s Drag Race de todas as temporadas combinado.

— Tá bom, eu já entendi que não é a Alune. — Kayn riu baixinho, virando o rapaz de cabelos verdes para si. — Então me diz de quem você suspeita mais, ó grandioso sábio das fofocas do Heartsteel!

Ezreal deu uma risada gostosa, segurando o rosto do outro entre suas duas mãos e olhando-o nos olhos com aquele ar de sapeca que só Ezreal tinha.

— Eu acho que é o Sett ou o Yone. O Sett, mais provável. Eles já eram amigos antes, se conheceram na academia, pode ter rolado um romance no banheiro, aquela pegação gostosa, sabe? Uma delícia que só.

— O Sett? — Kayn ergueu uma sobrancelha achando bastante improvável mesmo com os motivos dados pelo menor. — Acha que o K’Sante gosta de gente tão maromba quanto ele mesmo? Eu apostaria num twink… provavelmente Aphelios. Aphelios já pega o Sett e o Yone, o que custaria ele pegar o K’Sante também, mas não ter dado certo? E, de quebra, o moleque mal fala, não ia vazar a fofoca do relacionamento nunca! Se não fosse o Yone ser tonto com telefone, a gente nunca ia descobrir o lance deles também.

Antes que Ez pudesse responder, a voz de Kayn ficou mais grossa, suas feições se modificaram, deixando claro que ele havia trocado com Rhaast, que rapidamente deu o ar da graça pra comentar a fofoca também.

— Vocês dois são burros ou o quê? É mais que óbvio que o lance dele foi com o Yone! Sett é o cara que gosta de twink, não o Sante. Mesmo que o Sante quisesse pegar o Sett, todo mundo sabe que o “big boss” sempre teve um crush absurdo no Phel e ele não ousaria se meter nisso; ele é elegante demais pra essas coisas. O Phel também namora o Sett há um bom tempo, então a gente sabe que não foi da parte dele também. Se o Phel deixou claro pro Sett que gostava do Yone também desde que eles começaram a namorar, então ele já gostava antes, o que significa que não houve espaço pro Sante ali… MAS O YONE É DIFERENTE! A gente não sabia nada sobre a vida sexual do Yone até ele deixar o celular na nossa mão, e também não fuçamos o suficiente pra ver o passado mais distante dele. Ele provavelmente é o cara que estamos procurando. — terminou seu raciocínio com um sorriso orgulhoso.

Ezreal estava de queixo caído e teria batido palmas se não fosse tão tarde da noite, então apenas afirmou com a cabeça e selou os lábios do maior.

— Tu é o brabo mesmo.

— Eu sou o brabo mesmo.

 

A missão agora era saber como tinha acontecido aquele relacionamento e porque tudo tinha acabado e quando tinham se dado os fatos.

Segundo Ezreal, K’Sante tinha falado que a paixão acabou, as coisas ficaram mornas e eles apenas perceberam que era melhor voltar a serem apenas amigos, mas como?  “A gente descobre que não tem nada a ver com o outro”: como assim “não tem nada a ver”? K’Sante e Yone se davam super bem, pareciam ter muito em comum toda vez que interagiam, gostos, hobbies, muita coisa mesmo. Os dois eram os mais organizados e comportados, os mais disciplinados. Eles sempre interagiam muito, assistiam filmes juntos e comentavam como se fossem críticos de cinema enquanto parecia que o cérebro dos outros membros da banda estava prestes a escorrer por seus ouvidos de tão estúpidos que eram perto dos dois “intelectuais”. Não que Aphelios fosse estúpido, ele não era, mas ele era muito mais interessado em jogos online e esse tipo de besteira nerd com Sett do que em besteira nerd de cinema como Sante e Yone.

Simplesmente não fazia sentido que tivessem terminado por descobrir que não tinham “tanto assim em comum” se continuavam tendo coisa pra caralho em comum. Só se não fosse Yone , mas Rhaast tinha certeza que era. Ezreal, no fundo no fundo, ainda achava que poderia ser Sett, mas era melhor não brigar com o alter-ego do namorado.

Depois de muito debate, Rhaast perdeu a paciência e resolveu ir direto ao ponto. K’Sante estava sozinho na cozinha tomando um copo de suco e era presa perfeita para a operação “se está com dúvidas, pergunte direto na fonte” . Aproximou-se o bastante, mas não demais, de forma que pudesse correr se por algum motivo sobrenatural o co-líder resolvesse agredi-lo pela ousadia.

— A pessoa que você namorou aqui da banda… é o Sett, Aphelios ou o Yone? — foi direto ao ponto sem nem introduzir.

K’Sante cuspiu o suco todinho de volta para o copo, piscando os olhos com as sobrancelhas tão erguidas que quase tocavam a raiz do cabelo.

— Me desculpe? — questionou embasbacado.

— Tá desculpado, mas, sério, quem foi? Sett, Aphelios ou Yone. Só pode ter sido um dos três. Kayn não foi e Ezreal também não.

— Ah, claro… — K’Sante suspirou, colocando o copo sobre o balcão, e usou as duas mãos para massagear as têmporas como se Kayn falando em terceira pessoa por si só já não fosse estranho o bastante. Talvez até fizesse sentido a teoria de Yone de que ele estava possuído por algum tipo de demônio ou entidade maligna. — Ezreal foi fofocar pra você.

— Só me diz logo quem foi ou eu vou me matar de curiosidade, e vou me matar bem na sua frente, de forma bem traumática, e preferencialmente fazendo uma livestream pra ter certeza de que seu nome vai ficar bem marcado na mídia, mas antes eu vou matar o Ezreal porque não quero que ele transe com ninguém depois que eu morrer. — exagerou violentamente na tentativa de assustar K’Sante e obter uma resposta mais rápida.

— Calma! Não tem nenhuma necessidade disso, Kayn… — K’Sante riu negando com a cabeça. Kayn era mesmo um idiota com um humor pra lá de quebrado. — Por tudo que há de sagrado, não mate ninguém, por favor, nem se mate também. De onde surgiu essa conversa toda? O que vai mudar na sua vida se você souber essa informação?

— Vai mudar que eu vou poder morrer em paz sabendo quem foi que você traçou, ué! Fofoca pela metade mata fofoqueiro, Sante! Nunca ouviu falar disso? Eu preciso da fofoca inteira. Sabe como eu me senti quando Ezreal me contou, mas não soube dizer quem tinha sido? Agora eu preciso que você me conte, é questão de vida ou morte. Quero saber quem foi, como foi, como vocês ficaram juntos… Se puder falar sobre isso num flashback, inclusive, eu ficaria ainda mais satisfeito. — sentou-se num dos bancos da cozinha, virando-se para K’Sante e cruzando as pernas, curioso, pronto para absorver cada vírgula e pingo de “i” da fofoca.

K’Sante gargalhou. Não tinha jeito. Por mais estranho que fosse, por mais bitolado e às vezes até perigoso que Kayn fosse, o cara era uma peça. Inegavelmente hilário.

— O que quer dizer com flashback, Kayn? — perguntou curioso sem entender o que o outro falava.

Por um instante, Kayn pareceu olhar para o nada, como se o nada o encarasse de volta, mas ele logo voltou a olhar para K’Sante, rindo.

— Nada, homem! Só conta logo e deixa que a magia acontece naturalmente! 

Sem entender o que caralhos o rapper queria dizer com aquela besteira toda de flashback e de fofoca pela metade, o maior resumiu sua risada, negando com a cabeça e cruzando os braços.

— Por que eu deveria te contar sobre isso?

Kayn suspirou e revirou os olhos. — Devo começar a live do suicídio?

— Nem brinque com isso! — K’Sante exclamou. — Eu só não entendo por que você quer tanto saber disso!

— Mano! Nós não somos amigos? Você sabe sobre a minha vida toda! Sabe sobre todos os meus relacionamentos anteriores! — Rhaast apelou para o emocional tentando convencer o maior a falar, mas K’Sante novamente ergueu uma sobrancelha e pendeu a cabeça para o lado.

— Você não teve nenhum.

— Mas se eu tivesse você saberia! — insistiu não aguentando e começando a gargalhar de si mesmo. — Caramba, Sante! Eu chupo seu cu, só me conta, por favor! Eu tô desesperado pra saber, vou me matar se você não me contar e estou falando sério agora.

K’Sante não dava conta do quão bobo aquele homem conseguia ser. Definitivamente todo mundo naquela banda era maluco. Suspirando e negando com a cabeça, decidiu que já fazia tempo o bastante para que aquilo não fosse mais um problema. Kayn e Ezreal estavam se relacionando, Sett e Aphelios também; não era como se um relacionamento que já tinha acabado — e que tinha acabado bem, por sinal — entre dois membros da banda fosse trazer problemas para o grupo.

— Certo, não se mate e não precisa me chupar. Isso foi logo no início da banda, então tem um tempo bom já…

— Isso aí, eu adoro flashbacks… — Rhaast sussurrou mais para si mesmo do que para o outro.

 

Tinham se mudado há poucos dias para a casa compartilhada entre os membros do grupo e estavam todos se esforçando para se entrosar bem. Havia muito caminho pela frente, muito trabalho, e todos pareciam ansiosos em dar o seu melhor para que aquele projeto caminhasse a passos largos. Ezreal e Kayn pareciam se tornar mais próximos, e ninguém dava conta quando Aphelios se juntava a eles para suas travessuras quase cotidianas. Sett vivia em tantas reuniões com possíveis patrocinadores que quase não o viam fora dos ensaios. K’Sante tinha ficado responsável por cuidar justamente de organizar o cronograma de todos e garantir o bem estar de todo o grupo durante aquele período, como co-líder. Se aproximar de todos individualmente, compreender seus gostos e necessidades, ajudar no florescer dos relacionamentos de amizade e parceria entre os membros. Foi assim que passou a conhecê-lo melhor; o sempre tão quieto e centrado Yone.

Yone era o mais velho dentre todos eles, tinha uma carreira popular, embora nichada no japão, e seu irmão mais novo ser o DJ da popular banda True Damage era algo que, gostasse ou não, trazia mais visibilidade para seu trabalho com a Heartsteel. Ele era quieto e organizado; K’Sante se preocupava que ele pudesse se esgotar com as travessuras dos outros membros, então tentou se aproximar mais dele para garantir que estivesse bem e não estivesse apenas sendo cordial e tentando não incomodar ninguém.

O resultado dessa aproximação tinha sido uma amizade próxima e gostosa, do tipo que faz você se sentir plenamente confortável. Yone era um excelente ouvinte, seus hobbies eram similares aos de K’Sante, o que fazia com que tivessem muito tempo de qualidade, e as coisas evoluírem a partir dali foi apenas a natureza seguindo seu curso.

Foi natural que começassem a ver um ao outro como mais do que apenas amigos em algum ponto, e nem levou tanto tempo assim. Foram menos de dois meses entre o momento em que K’Sante começou a tentar se aproximar de Yone e o momento em que deram seu primeiro beijo depois de um show, escondidos no banheiro do salão onde estava acontecendo uma das tão comuns after parties quando ainda eram apenas uma banda de abertura para shows de bandas maiores. Enquanto Ez, Sett e Kayn se embebedavam e Alune e Aphelios disputavam espaço na pista de dança, os dois se permitiam ceder aos desejos que vinham cultivando um pelo outro no cômodo apertado e inapropriado para aquele tipo de atividade.

Nenhum dos dois tinha se programado para levar as coisas a outro nível naquela noite, o que fez com que não avançassem o sinal naquele momento pela falta de preservativos no momento, mas tinha sobrado uma promessa de que aconteceria novamente e, naquele momento, K’Sante se pegava ansioso por saber quando teria novamente a oportunidade de ter o produtor em seus braços.

 Nada tinha mudado enquanto estavam com os outros membros da banda, mas quando estavam sozinhos em casa se pegavam constantemente distraídos em brincar entre si, e beijos passaram a acontecer com certa frequencia, fossem iniciados pelo produtor ou pelo cantor, fossem na sala, na lavanderia ou na cozinha. Era comum que se pegasse perdido na profundidade dos olhos azulados do asiático quando este acariciava seu rosto gentilmente e inclinava-se na ponta dos pés para alcançar seus lábios. Aos poucos, K’Sante se pegava derretendo-se pelo outro, querendo que aquilo se tornasse mais do que apenas uma amizade colorida.

Mal acreditou quando Yone aceitou seu pedido de namoro perguntando “Ainda não estávamos namorando? Achei que estávamos…”

E por alguns meses aquele tinha sido o segredo mais maravilhoso que guardavam em conjunto. Tinham optado por não contar a nenhum dos outros membros por medo de que eles ficassem inseguros sobre a possibilidade daquele relacionamento acabar estragando o clima entre os membros do grupo, apenas por isso nenhum deles sabia do que rolava entre os dois apaixonados. Ficavam apenas quando estavam a sós e mantinham a imagem que tinham antes quando tinha mais gente no recinto.

O que era uma medida de segurança para o relacionamento deles, entretanto, se tornou sua ruína.

Com o lançamento do primeiro álbum da banda e o debut oficial a agenda do grupo ficou cada vez mais lotada, e o que antes era apenas Sett ocupado de um lado para o outro, se tornou em todos os membros ocupados com entrevistas, sessões de fotos, ensaios, participações em programas de tv e rádio, promoção de produtos e comerciais, enfim. Sequer tinham tempo para os dois, e quando o tinham estavam tão cansados que optavam por assistir apenas um filme ou outro e dormir. A vida de namorados estava oficialmente morta e enterrada.

Yone foi quem tomou a iniciativa de dizer que era melhor os dois terminarem antes que acabassem se magoando irreversivelmente. K’Sante merecia a oportunidade de ser livre para ficar com quem quisesse e ele não queria ser um empecilho em seu caminho; por mais que o cantor negasse querer qualquer outra pessoa, Yone insistiu que o que eles tinham não daria certo naquele momento e que ambos sabiam que mais eram amigos do que namorados naquele ponto de suas vidas. K’Sante tinha que concordar; infelizmente estavam juntos pela comodidade de estar, mesmo assim ainda era muito doloroso desapegar, deixar ir. E foi contendo seus sentimentos para si que deixou Yone ir.

Nunca mais falaram sobre aquele relacionamento até aquele momento. K’Sante tinha certeza que Yone não tinha falado sobre aquilo com ninguém, e ele mesmo estava falando sobre pela primeira vez com Kayn, mesmo que fizesse bastante tempo.

 

— Você ainda gosta dele. Odeia admitir isso pra si mesmo, mas você gosta do Yone. Dá pra sentir isso na sua voz enquanto você fala sobre isso, Sante… Mano do céu, eu me odeio por fazer você tocar nesse assunto… — Kayn tinha uma expressão estranha no rosto, o cenho franzido em arrependimento e pena, como se quisesse ter o poder de ajudar de alguma forma.

K’Sante achou graça da expressão e do comportamento do menor e riu. 

— Você é quem está dizendo isso. Eu estou bem. Yone estava certo, nós dois éramos muito mais amigos do que namorados e terminamos em boa concordância de termos. Agora, se puder deixar esse assunto morrer aqui, eu agradeço.

— Desculpa fazer você reviver isso, Sante. Espero que o Yone perceba o partidão que ele deixou pra trás e volte pra você igual um boomerang. Que ele perceba que não tem Sett e Aphelios que substituam o gostoso que você é. — Kayn limpou uma lágrima e se levantou, caminhando até o líder e apoiando as mãos em seu peito, dando duas batidinhas leves. — Você é um gostoso. — apertou os peitos de K’Sante fazendo “fonfón” e repetiu: — Gostoso.

Então virou-se e saiu dali deixando K’Sante confuso às gargalhadas, sem ter entendido uma vírgula do que tinha sido aquilo tudo.

Kayn era doido. Definitivamente deveriam interná-lo num hospício.

Chapter 7: Parte 7

Summary:

Kayn e Ezreal debatem sua descoberta recente. Yone se vê numa armadilha montada por Aphelios e Sett.

Chapter Text

Que Ezreal e Kayn eram como duas metades do mesmo idiota, isso ninguém jamais discordaria, mas que os dois decidiriam — diga-se de passagem — entrar de cabeça naquela história como dois kamikazes e se meter por vontade própria no relacionamento e na vida amorosa alheia… ah, isso todo mundo sabia também .

E era justamente esse pequeno detalhe que plantaria uma semente enorme de caos dentro da cabeça de alguns membros da Heartsteel sobre as intenções verdadeiras de K’Sante ao falar sobre seu relacionamento passado com Yone justamente para o casal de fofoqueiros, justamente no momento em que as coisas começavam a ficar ainda mais esquisitas entre o produtor, seu amante e o namorado dele.

— O que você pensa sobre isso? — Ezreal perguntou casualmente ao rapper enquanto jogava no computador e o outro estava deitado em sua cama preguiçosamente mexendo em suas redes sociais.

— Sobre isso o quê? Às vezes penso que você acha que eu estou dentro da sua cabeça como o Rhaast está dentro da minha. — Kayn suspirou, desviando o olhar do celular para o cantor que não desviava os olhos azuis da tela por um minuto sequer.

— Sobre K’Sante, claro! — Ezreal bufou. — Ele parece ainda amar o Yone, mas o Yon tá cagando pra ele! Isso não é triste?!

— Pff… O Sante é um gostoso; isso é o que eu acho dele, ponto. Só que ninguém é obrigado a gostar de ninguém, e não importa como eu tente pensar nisso, não sei o que o Yon pensa de fato. Será mesmo que ele não gosta mais do Sante? Será mesmo que não dá pra somar mais um nesse trisal da desgraça… Onde come três, come quatro. ‘Cê não concorda comigo?

Ezreal gargalhou, mas logo tentou controlar o volume da própria risada. Já era tarde da noite quando conversavam e todos os outros deviam estar tentando dormir àquela hora.

— Daqui a pouco vai querer enfiar nós dois nesse “trisal da desgraça” e colocar todo mundo pra comer na mesma tigela. — o cantor riu. A partida terminou e ele girou a cadeira, ficando de frente para o rapper para conversar melhor.

— Isso não. De jeito nenhum. — Kayn esticou a perna para fora da cama, puxando a cadeira de Ezreal mais para perto com o pé e puxando o cantor para cima de si, girando com ele na cama para inverter as posições de forma que ficasse por cima do menor. — Já é difícil pra caramba te dividir comigo mesmo. Sabe o que o Rhaast faz comigo? Ele faz eu assistir tudo! Toda vez que ele assume o controle ele fica usando você pra se exibir pra mim…

— Ele fez isso uma vez só, Ka.

— Já é muita coisa! — fez bico e enfiou o rosto contra a curva do pescoço do cantor que riu baixinho daquela atitude, achando fofo. — Eu tive tanta dificuldade pra me aproximar de você do jeito que eu queria… Pra me declarar pra você… E ele se aproveita da minha fragilidade pra usar você pra se exibir pra mim!

— Ezreal está certo, eu não sou um problema tão grande assim e você está exagerando. — A voz grave deixava clara a mudança de personalidade.

— Ah, claro! — Kayn resmungou com sua voz normal. — Chegou o arroz de festa.

— Você é um fracassado sem mim, cala a boca. Se não fosse eu, você estaria chupando dedo até agora, Kayn. Fica aí reclamando de mim, mas quem tomou a coragem de tentar uns amassos com o Ez fui eu. Assustei ele nas primeiras tentativas? Talvez…

— Com certeza… — Ezreal concordou com a última parte.

— Mas os meios justificaram os fins e aqui estamos, lindos, fofos e praticamente casados. Olha que maravilha! O importante é realmente o que importa no final.

— Aparece só pra falar merda mesmo? — Kayn resmungou.

Ezreal riu. Ainda não tinha decidido se achava que era engraçado ou perturbador quando Kayn começava a conversar consigo mesmo daquele jeito, mas as caras e bocas que fazia definitivamente eram divertidas. Ele era doido, mas era seu doidinho. Abraçou o mais alto pelo pescoço, puxando-o para um beijo e calando sua boca antes que continuasse com aquela discussão.

Kayn arregalou os olhos e relaxou a expressão logo em seguida, ao sentir os lábios do outro se colarem aos seus e a língua dele pedir passagem para dentro de sua boca, se envolvendo à sua, assim que tal foi concedida. Os dedos da mão direita do cantor se envolveram aos cabelos de sua nuca e os da mão esquerda desceram por suas costas, fazendo Kayn se arrepiar e ceder de uma vez, rendendo-se à sensualidade daquele beijo e movendo seus lábios junto aos do menor num beijo apaixonado e gostoso.

Ainda estava dividindo o domínio com aquela outra coisa, entretanto, e foi ele quem usou as mãos para afastar as pernas do cantor para se enfiar entre elas e mover seu quadril de forma a esfregar sua intimidade contra à do vocalista, fazendo os dedos dele se apertarem com mais força contra sua pele.

Ezreal interrompeu o beijo sugando o lábio inferior do outro para gemer baixo, seus olhos azuis nublados num olhar erótico dirigido ao mais alto enquanto sentia seu corpo corresponder às provocações dele.

— Nós vamos transar? — Ezreal perguntou baixo, seu rosto corado pelo desejo, tão perto do rosto do outro que suas respirações se cruzavam.

Kayn apertou a coxa dele com vontade e riu daquela pergunta.

— Não. To sarrando em você só pra ver se você gosta do meu gingado. Claro que vamos, né, abestado. — Kayn riu, beijando a boca do outro mais uma vez com vontade depois de fazê-lo rir da piada idiota.

Ezreal riu em meio ao beijo ainda, mordendo os lábios do outro.

— Então me deixa cavalgar você… eu quero ficar por cima dessa vez.

 

Em outro quarto da casa as coisas também estavam quentes. Aphelios se ajeitou sobre o colo de Yone, levando o membro deste até sua entrada já previamente preparada e abaixando seu quadril enquanto o fazia entrar dentro de si lentamente até estar por inteiro lá dentro, então seus olhos carmins se encontraram com os azulados de Yone e em seguida eles juntaram seus lábios em um beijo intenso. 

O produtor o abraçou pela cintura, mantendo seus corpos juntos, e quando seus lábios se separaram, Aphelios começou a quicar no colo do mais velho, entreabrindo seus lábios para que gemidos baixos escapassem em sua voz rouca. Ele pendeu sua cabeça para trás e fechou os olhos aproveitando a deliciosa sensação do membro de Yone entrando e saindo de si.

Yone apertou-lhe a cintura, ajudando o mais novo a quicar sobre seu pau, tornando a transa mais intensa. Não costumava segurar sua voz também com Phel, e gemia junto dele, que já tinha dito outras vezes que gostava de ouvir os gemidos de seus parceiros durante o sexo.

Os ofegos e gemidos se misturavam aos sons úmidos criados pelo lubrificante e pelo choque de seus quadris, que tornavam o cenário ainda mais obsceno. No escuro do quarto iluminado apenas pela luz da lua que entrava pela janela, o pouco que podiam enxergar era mais do que o bastante para o que queriam obter.

— Ahn, Yon! Bom… Ah… tão bom! — Aphelios gemia enquanto rebolava, levando o mais velho à loucura junto consigo, apertando-o dentro de si.

O compositor empurrou o mais velho deitado sobre a cama, apoiando as mãos em seu tórax para quicar mais forte, cerrando os olhos apertado enquanto quicava com vontade, arrancando mais gemidos de Yone, que apertava sua coxa com uma mão e com a outra envolvia seu pênis passando a masturbar Aphelios num ritmo próximo ao de seus movimentos, estimulando-o duplamente.

— Phel… devagar… Ahn, desse jeito eu não vou aguentar! — o produtor avisou entre gemidos graves, se deleitando com o prazer proporcionado pelo amante.

— Então vem… Goza dentro de mim, Yone. — convidou sem parar de sentar gostoso, fazendo o mais velho revirar os olhos de prazer.

Aphelios apertou os dedos contra o peito de Yone, arranhando-o, e acelerou ainda mais seus movimentos, sentindo os próprios olhos lacrimejar pelo prazer quando Yone apertava sua glande ao tocá-lo; quando sentia-o alcançar seus pontos mais sensíveis, seu corpo chegava a tremer sobre o mais velho. E Yone não resistiu àquele convite, preenchendo Aphelios com seu sêmen ao mesmo tempo que o compositor gozava sobre seu abdomen.

Aphelios se curvou sobre Yone, beijando sua boca com urgência, rebolando um pouco mais contra o pau dele até parar por completo, ofegando em meio ao beijo. Esperava que o mais velho não o odiasse pelo que estava aprontando.

— Sett vai me matar se ele te pegar desse jeito… — Yone riu baixo, dando um tapa leve na coxa do compositor que riu também em resposta.

— Será? Eu acho que não… Acho que ele vai ficar com um tesão absurdo. — Aphelios sussurrou. — Aposta comigo?

— O que você está aprontando, Phel? — Yone riu e negou com a cabeça.

Aphelios se esticou e pegou o celular, sentando sobre o quadril do produtor e abrindo o aplicativo de mensagens, digitando algo.

— Aphelios… — Yone chamou em tom de alarme. — O que você está aprontando? — perguntou uma segunda vez.

— Chamei o Sett pra vir aqui. — respondeu baixo como se não fosse nada. — Vamos ver se ele vai querer te matar ou se vai ficar com tesão. Se ele ficar bravo, você ganha a aposta. Se ficar duro, eu ganho a aposta. O vencedor pode pedir o que quiser ao perdedor, e ele vai ter que fazer.

 

Sett achou estranho. Estava vendo um filme em seu quarto quando o celular vibrou, mensagem de Aphelios. “Vem no quarto de Yone agora. Vamos ter uma conversa, nós três.” Ah, não. Sério? Uma DR na hora de dormir? Bufou e revirou os olhos, mas era melhor não fazer Aphelios esperar ou seria pior. Ele não era muito gentil quando estava impaciente.

O rapper se levantou e deu uma ajeitada no cabelo, desligando a TV e calçando seus chinelos, dirigindo-se ao quarto do produtor, se perguntando que tipo de discussão Aphelios havia tido com o amante pra ter que chamá-lo junto. Aquilo ia ser desconfortável pra caralho… A menos que..

Abriu a porta do quarto do produtor e notou o escuro.

— Entra, fecha a porta e acende a luz. Vamos conversar. — Aphelios disse com sua voz baixa.

— Não, Phel, sério, isso é uma péssima ideia. — Yone resmungou.

— Eu estou no comando. Sh! — calou o mais velho. — Faz o que eu pedi, Sett.

O vastaya engoliu seco. Entrou no quarto escuro fechando a porta atrás de si e depois acendeu as luzes. Yone estava coberto com o lençol e escondia a cara com as mãos e Aphelios estava nu, deitado do lado mais perto da porta sem vergonha alguma. O compositor chamou o ruivo com os dedos para que se aproximasse e fez sinal para que ele se sentasse na beirada da cama, o que ele fez depois de trancar a porta por garantia. Tudo bem que era ele quem entrava no quarto dos outros nocauteando as pessoas e acabando com a alegria delas, mas era melhor prevenir do que remediar.

— A questão é a seguinte, Sett: Yone me fez uma torta de creme e eu te chamei porque pensei que talvez você poderia querer comer. — o compositor sussurrou aos pés do ouvido do vastaya que se arrepiou por inteiro e engoliu seco.

Sett devia ter entendido algo errado. Com certeza tinha entendido algo errado, certo?

Aphelios tinha convidado ele pra fazer alguma sacanagem a três de verdade? Ele tinha conseguido convencer Yone? Seu rosto se iluminou com um sorriso safado.

— Nem me convidaram antes? Deixa eu ver.

Enquanto Sett fazia o musicista arreganhar as pernas para observar a bagunça obscena feita pelo mais velho dos três ali, Yone se perguntava como fazia para se teleportar dali para o núcleo do sol.

— Ele fez mesmo uma bela bagunça aqui… — o ruivo riu baixo, passando os dedos sobre a entrada de Aphelios, enfiando dois lá dentro e puxando-os pra fora, trazendo um bocado do sêmen do mais velho neles. — Imagino que tenha sido gostoso…

— Penso que pode ser ainda melhor agora a três. — Aphelios teve que contornar sua vergonha para dizer aquilo, mas sabia o quanto o vastaya esperava por aquela oportunidade, e se Yone não o tinha enxotado até aquele momento, então parecia como um “sim” pra ele também.

— Vai me deixar entrar na sua brincadeira, Yone? — Sett perguntou diretamente ao produtor, o tom provocante e sensual se fazendo presente em sua voz e levando o platinado a sentir o rosto esquentar ainda mais com aquilo. — É uma oportunidade de continuar o que foi interrompido no outro dia.

Yone sabia, droga , sabia bem. Tinha pensado mais do que gostaria no que teria acontecido entre ele e Sett se não tivesse que ir buscar os garotos no hospital.

— Se o Aphelios quer isso, quem sou eu pra dizer não. Tecnicamente eu quem sou o intruso aqui, vocês namoram. — era verdade, Yone era o amante, Sett era o namorado oficial, tecnicamente o intruso era o produtor.

— Então, se eu que mando, — Aphelios se intrometeu — eu quero que a gente pare de enrolar e comece a agir, ok? — ele puxou Sett pela nuca e beijou-lhe a boca com desejo, sendo imediatamente correspondido pelo ruivo que agarrou-lhe as coxas e apertou em suas mãos grandes arrancando um gemidinho abafado do compositor.

Yone sentiu-se estranhamente excitado com a cena de Aphelios e Sett; não conseguia pensar que algum dia se sentiria daquele jeito como um voyeur, mas sabia como a pegada de Sett era boa e conseguia ver claramente como Aphelios se envolvia com ele. As luzes estavam acesas, as pernas de Aphelios arreganhadas e o ruivo voltava a enfiar seus dedos na entrada dele, dessa vez movendo-os num vai e vem, arrancando mais gemidos abafados do compositor. Yone podia sentir seu pau endurecer novamente sob o cobertor que usava para se cobrir.

Sett finalizou o beijo com o compositor, mas não parou de fodê-lo com os dedos, arrancando gemidos baixos do mesmo enquanto puxava o produtor para mais perto pelo braço, juntando a boca à dele num beijo em frente ao namorado. Por mais envergonhado que Yone estivesse, não tinha como negar um beijo do vastaya, principalmente numa situação como aquela, considerado como seu corpo estava reagindo àquele momento. Enquanto suas línguas se enroscavam, Sett afastou o lençol que cobria o corpo de Yone e desceu sua mão até o membro dele, começando a masturbá-lo. Estava louco para pôr suas mãos no platinado há tempos, sentir o calor do pau dele em sua mão finalmente era algo como um prêmio para o ruivo.

Aphelios levou suas mãos ao cós da calça do ruivo, tratando de abaixar o elástico da mesma junto com a roupa íntima dele, querendo deixá-lo nu também, tal qual ele e Yone estavam. Sett então teve que parar o que fazia por um instante para se despir, e enquanto isso Aphelios puxou o produtor para um beijo quente. Sua respiração estava ofegante quando o compositor levou sua mão até o membro do produtor, ocupando-se da atividade que o ruivo vinha fazendo antes e masturbando Yone. Sett juntou-se a eles depois de tirar suas roupas, levando as mãos ao corpo do platinado e tateando sua figura, acariciando a cintura estreita e subindo as mãos ao tórax dele, levando sua boca ao ombro do produtor, beijando a pele clara e subindo beijos e leves chupões pelo pescoço dele, colocando o cabelo longo para o lado.

Arrepios subiram pela espinha do produtor ao sentir o hálito quente do ruivo e suas mãos calejadas por sua pele e ele suspirou contra os lábios de Aphelios. Yone colocou uma mão para trás buscando o membro do ruivo e começando a masturbá-lo, sentindo-se mais excitado ao sentir o sexo do vastaya crescer em sua mão.

— Venho querendo te comer há um bom tempo, Yone… — a voz grave do ruivo sussurrou aos pés do ouvido do produtor, e uma das mãos dele desceu até suas coxas, apertando o local. — Vai me deixar realizar esse desejo hoje ou vai continuar me enrolando mesmo? — provocou.

Yone ofegou. Sett era golpe baixo, red flag . Estava evitando justamente porque sabia que não tinha volta. Fazia muito tempo que não era passivo, não estava em suas coisas preferidas no sexo, mas não era como se não gostasse de todo, e com a pegada que o ruivo tinha, duvidava que seria ruim transar com ele, mas Aphelios parecia estar de conluio com ele para tornar sua preocupação em fato, certamente tinha aquele desejo do ruivo em mente quando o chamou para participar. Não era como se detestasse a ideia de estar nas mãos do ruivo, mas talvez não quisesse fazer aquilo na frente de Aphelios.

— Te chamei aqui pra mim e você está querendo grudar no Yone, Sett? Vou ficar chateado. — Aphelios brincou ao interromper o beijo que trocava com o produtor.

— Você sabe o quanto eu queria isso, Phel… — o ruivo choramingou, ofegando quando a mão de Yone o apertou mais firme lá embaixo. — E uma coisa não impede a outra… Posso comer os dois, eu me garanto.

Aphelios riu divertido. — Então me prova. Se me satisfizer, eu deixo você ir pra cima do Yone, claro, se o Yone quiser.

O produtor notou que Aphelios estava tentando lhe garantir mais tempo para decidir se queria ou não aquilo, bem como para se preparar psicologicamente, se fosse o caso, e agradeceu com o olhar, mas não pôde deixar de ficar um pouco “vazio” da expectativa quando o rapper saiu de trás dele e foi puxar o compositor para si. Talvez no fundo quisesse mesmo, provavelmente queria; de todo modo, seria bom ver com seus próprios olhos como Sett era, como fazia. 

Sett brincou com Aphelios, jogando-o na cama e puxando-o pelas pernas enquanto ele ria. De joelhos entre as pernas do menor, o puxou até que o quadril dos dois estivesse mais ou menos encaixado e se inclinou sobre ele, beijando-lhe a boca apaixonadamente. Aphelios envolveu o pescoço dele com os braços, sorrindo em meio ao beijo que trocavam e gemendo arrastado quando sentiu o ruivo encaixar seu membro já rígido contra sua entrada, forçando-se a entrar.

O pau de Sett era mais grosso e encontrou alguma pouca resistência ao entrar, fazendo o lunari jogar a cabeça para trás e morder o lábio inferior com certa força.

— Você está bem, Phel? — Sett perguntou beijando o maxilar do compositor e mordiscando o local de leve.

— Estou bem, Sett… só… me fode. — o lunari ordenou, ofegante.

O vastaya não demorou, sorriu de canto, erguendo seu corpo e segurando o menor pela cintura, logo começando a mover seu quadril num vai e vem, fazendo seu pau entrar e sair do corpo do menor num ritmo gostoso. O sêmen deixado por Yone lá dentro misturado com o lubrificante usado na transa dos dois cumpria bem o papel de lubrificante para Sett, que não tinha tanta dificuldade em seus movimentos.

Aphelios gemia agarrando seus dedos nos cobertores, cerrando os olhos enquanto se acostumava com o tamanho de Sett. O jeito como o pau dele parecia preencher cada centímetro de si, alargando seu interior, era delicioso. Sua voz baixa e rouca enchia o quarto e os ouvidos dos dois outros homens. Era a primeira vez que Yone estava realmente em posição de voyeur, se masturbando timidamente enquanto assistia o ruivo fodendo seu namorado a poucos centímetros de distância.

— Ahn… merda… vem cá, Yone… — Aphelios chamou, direcionando os olhos nublados de prazer para o amante. — M-me deixa te chupar, vai…

O pedido inesperado chamou a atenção do platinado de volta de seus devaneios e ele mordeu o lábio inferior, aproximando-se mais do rosto do menor. Aphelios se ajeitou virando um pouco o torso e se apoiando no cotovelo, usando a outra mão para pegar o membro do produtor masturbá-lo um pouco antes de colocar a língua para fora e circular a glande, logo abocanhando o pau de Yone e começando a chupá-lo com vontade.

O ruivo puxou o rosto de Yone pela nuca, beijando-o e mordendo seu lábio.

— Parece bem inexperiente em menages pra alguém que tentou roubar meu namorado… Poderia ser que… essa é sua primeira vez em um? — Settrigh perguntou em tom de provocação, vendo o platinado corar e concordar. — Fofo. Pelo lado positivo, é bom ser sua primeira vez em algo e acho que o Phel concorda comigo.

— Cala a boca e me beija, Settrigh. — envergonhado, o produtor ordenou e logo teve sua ordem obedecida pelo ruivo, com todo prazer, claro.

Era estranho e muito bom poder beijar alguém ao mesmo tempo em que recebia um boquete de qualidade, Yone levou a mão à nuca do menor pressionando-o um pouco para impor o ritmo que queria, um passo um pouco mais rápido.

Para Aphelios, principalmente, a sensação naquele momento era incrível; finalmente estava com os dois ao mesmo tempo, com Sett o fodendo cada vez mais rápido enquanto Yone começava a se soltar e foder sua boca, forçando-o a relaxar mais o maxilar para receber mais do pau do produtor que escorregava para dentro de sua garganta. Aphelios se sentia uma verdadeira vadia, mas estava tão excitado que parecia que ia explodir. E quando o ruivo envolveu seu pau com as mãos grandes e fortes e começou a masturbá-lo num ritmo rápido, foi questão de instantes até que ele efetivamente chegasse ao ápice, tendo que tirar o pau de Yone da boca quando arqueou as costas e gemeu alto, chegando ao orgasmo, gozando na mão do vastaya e apertando o pau dele dentro de si com os espasmos de seu corpo.

Sett interrompeu o beijo que trocava com Yone para olhar o menor sob seus corpos e sorriu de canto vendo a bagunça suada que Aphelios era naquele momento. Então levou a mão suja de sêmen à altura da boca, lambendo os dedos sujos de forma que os dois, mas principalmente Aphelios, pudessem ver.

— Que venha o próximo. — brincou.

Aphelios riu enquanto o ruivo se retirava de dentro dele, e recostou-se ao encosto da cama, pegando a garrafinha de água no criado mudo e bebendo um pouco, dirigindo o olhar para o platinado.

— E aí, Yone, qual vai ser? — Sett o puxou pela mão para mais perto antes de levar a mão ao membro do produtor, voltando a masturbá-lo lentamente.

Yone suspirou e mordeu o lábio internamente. Não fugiria àquela altura. Sett parecia uma delícia. — Se puder me prometer que vai devagar comigo… Faz muito tempo desde a última vez que fui passivo.

— Vou te tratar feito uma princesa, Yon, não se preocupe com isso. — o ruivo brincou, rindo baixo. — Mas, sério, pode deixar que vou te fazer gozar bem gostoso. Deita aí, deixa eu te preparar devidamente. — o ruivo sugeriu, mas antes que Yone se afastasse, ele o beijou nos lábios.

O produtor se deitou, apoiando a cabeça nos travesseiros perto de Aphelios que acariciou seus cabelos para ajudá-lo a relaxar um pouco. Sett não demorou para achar o tubo de lubrificante e espalhou um bom bocado nos dedos. A mão livre ele usou para acariciar o corpo do platinado, inclinando-se sobre ele e beijando seu abdômen ao mesmo tempo que estimulava sua entrada com os dedos.

Yone levou os dedos aos cabelos de Sett, emaranhando-os nos fios ruivos, tentando relaxar ao máximo seu corpo. A sensação dos dedos do vastaya se forçando para dentro do seu corpo veio ao mesmo tempo que a sensação da boca dele envolvendo seu membro e Yone gemeu baixo, fechando os olhos enquanto sentia dois dedos de Sett romperem a resistência natural de seu corpo de uma vez. A pouca dor que aquilo causava, que era mais pelo incômodo da falta de costume, passava rápido e logo se tornava prazer conforme o vastaya movia aqueles mesmos dedos num vai e vem gostoso, curvando os dedos o suficiente para alcançar a próstata e arrancar um gemido de puro prazer do produtor.

Aquele gemido veio seguido do próprio Yone movendo um pouco seu quadril em busca de mais prazer; Sett respondeu acrescentando um terceiro dedo e movendo sua cabeça num vai e vem mais acelerado, intensificando a felação que fazia no mais velho. Seus olhos claros se prenderam ao rosto corado de Yone e seu pau respondeu à visão dele gemendo de prazer por sua causa. Mal podia esperar para que ele estivesse suficientemente acostumado, queria logo estar dentro dele, foder Yone e fazê-lo gemer seu nome vinha sendo um de seus sonhos eróticos mais frequentes desde que tinha descoberto que Yone tinha se tornado amante de Aphelios.

— Merda, Sett… — o platinado resmungou. — Eu não quero mais seus dedos… vem…

O pedido era uma ordem. Sett retirou os dedos de dentro do produtor e espalhou mais uma porção generosa de lubrificante sobre seu pau. Segurou as pernas do mais velho colocando-as sobre seus ombros e se encaixou nele, esfregando sua glande contra a entrada dele, ofegando de desejo.

— Posso? — garantiu que teria a permissão dele mesmo com o pedido indireto que tinha sido feito antes e recebeu uma resposta bem malcriada:

— Se eu pedi, é porque quero que me foda, Settrigh.

O ruivo riu baixo e empurrou o quadril para frente forçando-se para dentro do corpo do mais velho e assistindo daquele ângulo privilegiado como seu pau aos poucos sumia para dentro do produtor, arrancando um gemido arrastado e grave dele. Enfiou a glande e retirou, ouvindo um muxoxo dele antes de se forçar para dentro novamente, vencendo um pouco mais da resistência do corpo dele ao enfiar um pouco mais fundo antes de retirar novamente e repetir o processo, dessa vez enfiando tudo até colar seus quadris aos dele.

Yone pendeu a cabeça para trás e soltou a respiração. Sett era grosso, gostoso, e doía na medida certa para intensificar seu prazer. Yone arqueou o corpo quando ele começou a rebolar contra seu corpo fazendo um vai e vem gostoso em seu interior, arrancando gemidos de sua boca. O vastaya inclinou-se sobre ele e Yone envolveu seu pescoço com os braços, puxando-o para um beijo intenso e erótico no que Sett começou a fodê-lo mais forte aos poucos.

Os gemidos eram abafados em meio ao contato de seus lábios. Suas línguas se enroscavam de um jeito gostoso enquanto Sett o fodia cada vez mais gostoso, fazendo o produtor se perder naquele prazer que não sentia há tanto tempo, lembrando-o que quando era bem feito se tornava algo extremamente delicioso, e provando que Sett sabia bem fazer, também.

Aphelios estava adorando assistí-los, embora já estivesse cansado demais para participar naquele ponto. Ver seu namorado comendo gostoso seu amante enquanto relaxava não era nem um pouco ruim, ainda mais quando sabia que aquela posição que Sett estava usando com o mais velho era uma das mais gostosas e uma das mais fáceis de se chegar ao orgasmo sem sequer tocar no pênis, já que o pau do ruivo provavelmente estava acertando perfeitamente a próstata do mais velho a cada nova investida. Dava pra ver que sim, uma vez que cada vez mais Yone cravava suas unhas curtas nas costas do vastaya e seus gemidos estavam cada vez mais altos.

Os dedos dos pés de Yone se apertavam. Ele queria muito se masturbar e gozar, mas Sett o tinha prendido numa armadilha naquela posição e ele não conseguia. Podia sentir o pré-gozo escorrer e era doloroso estar naquela situação, precisando de alívio e não poder… Interrompeu o beijo choramingando.

— Sett… eu quero gozar… — suplicou ao ruivo que deu um sorriso travesso. Ele sabia perfeitamente o que estava fazendo.

— Você vai, Yon… Vai gozar bem gostoso enquanto eu te fodo bem forte e fundo, assim…

Os movimentos do vastaya se tornaram bem mais fortes, como se o pedido de Yone tivesse desbloqueado mais uma camada de desejo nele. Seus quadris se chocavam fazendo o som úmido ecoar pelo quarto junto com seus gemidos e ofegos. Yone teve que cerrar os olhos, jogando a cabeça para trás. Aquilo era demais, bom demais, uma tortura. Sentiu seu corpo tremer por inteiro e se contrair forte quando o orgasmo o alcançou sem demora, fazendo-o espasmar de prazer e sujar seu próprio abdome com seu semen enquanto gemia alto pelo prazer.

Sett também não se segurou quando o menor se contraiu daquele jeito forte e se permitiu gozar, preenchendo Yone com seu líquido. O produtor abriu os olhos nublados pelo prazer, cruzando seu olhar com o do ruivo enquanto ofegava e sentia os jatos quentes preencherem seu interior como há muito tempo não sentia.

— Cadela… — Yone xingou, fechando os olhos e pendendo a cabeça sobre os travesseiros, deixando o corpo relaxar exausto. — Quem disse que você podia gozar dentro? — resmungou, rindo em seguida.

— Ninguém disse que eu não podia também… — Sett riu, se retirando de dentro do mais velho e baixando as pernas dele sobre o colchão antes de se inclinar sobre ele e beijar seus lábios. — O mundo é dos espertos, Yone.

O produtor gargalhou e negou com a cabeça.

— É, você tem razão… o mundo é dos espertos, Sett.

Chapter 8: Parte 8

Summary:

Kayn e Ezreal tem um momento íntimo e no dia seguinte Kayn tira Yone para uma conversa séria.

Notes:

Hello! Eu sei que as atualizações estão demorando, peço desculpas a todos por isso. Quem me acompanha sabe os perrengues que eu tenho passado nesse último mês, fora o bloqueio criativo que tô enfrentando desde dezembro, mas mesmo assim eu tô fazendo das tripas coração pra continuar trazendo a fic pra vocês. Inclusive, vou tentar trazer outro capítulo dessa fic ainda esse mês se eu conseguir.

Estou com planos para mais uma Ezkayn depois que essa aqui for concluída, e também teremos uma Ahrilynn e uma Hweiphel em breve (tempo relativo, vão rezando aí e exorcizando o demônio do bloqueio deste autor sofrido KKK)

Enfim, boa leitura a todos que estavam viúvos de Placeholder.

Mais tarde posto em inglês também.

Chapter Text

Ezreal moveu seu quadril num rebolado gostoso. Kayn tinha o encaixe perfeito com ele e era excitante poder ver as expressões de prazer no rosto dele enquanto montava em seu pau deixando a vergonha completamente de lado para buscar o máximo de prazer que podiam ter juntos. A sensação deliciosa do membro de Kayn entrando e saindo de si, das mãos dele agarradas em suas coxas com firmeza como se tentasse descontar ali um tanto de seu prazer, os olhos heterocromáticos presos aos azuis dos seus numa conexão profunda guiada apenas pelos gemidos e pelos sons obscenos do choque de seus corpos no quarto era surreal. A conexão que tinham descoberto ter na cama era algo diferente de tudo que tinha experimentado antes. Independente de quem estivesse no comando naquele momento, Kayn ou Rhaast, Ezreal se sentia completamente envolvido com ele.

No que segurava o rosto do mais alto entre suas mãos e tomava-lhe os lábios com paixão em um beijo intenso e urgente, abafando os gemidos de ambos, Ezreal se sentia parte do mundo dele, e o sentia como parte de si. Amava o jeito como aquele homem o fazia se sentir, como o tomava para si com sede, como invadia sua boca com a língua como se quisesse devorá-lo. E quando as mãos firmes dele subiam por suas coxas para agarrarem sua cintura, para fazê-lo pular mais rápido em seu colo, Ezreal precisava buscar ar e era apenas impossível conter os gemidos que deixavam seus lábios.

Kayn mordia o lábio inferior de Ezreal, deliciando-se com os gemidos dele naquela voz melodiosa que tanto adorava. Ezreal era como um sonho se realizando; um anjo, a coisa mais linda em que já tinha posto seus olhos, e ele se sentia honestamente grato a Rhaast naquele momento, por que só tinha a coragem para chegar nele por conta de toda a merda que sua outra personalidade tinha feito até aquele momento. Era assustador pensar que podia perder o controle alguma hora, mas desde então Rhaast parecia mais empenhado em ajudá-lo com sua paixão por Ezreal do que atrapalhar sua vida cotidiana. Ezreal não parecia incomodado com a presença daquela “outra pessoa” no relacionamento deles, então, precisava mesmo ter medo?

Ezreal arqueou o corpo e tremeu sobre seu colo, Kayn tinha lhe acertado o ponto doce. O mais velho sorriu de canto e então passou a mirar naquele ponto na intenção que o cantor se contorcesse de prazer, o que, claro, não demorou a ocorrer. O cantor choramingou, contraindo-se ao redor do membro do mais velho, cerrando os olhos e mordendo a boca. Apoiou as mãos nas coxas do rapper apertando os dedos ali e resmungando pela sensibilidade. Estava trêmulo e o suor escorria por seu corpo desnudo.

A visão do cantor choramingando por conta do prazer excessivo apenas aumentou o desejo de Kayn por ele. Kayn beijou-lhe o pescoço sentindo o paladar se inundar do sabor salgado do suor, chupando a pele e marcando-a com a pressão de seus lábios, desceu os beijos pelo peito de Ezreal, que subia e descia com a respiração descompassada, e abocanhou-lhe o mamilo esquerdo, chupando e brincando com a língua ao redor do bico rosado.

O cantor levou uma das mãos aos cabelos cor de rosa do rapper, entrelaçando os dedos aos fios e puxando-os de um jeito gostoso, fazendo o mais velho se arrepiar por inteiro, então começou a rebolar gostoso no colo dele, devolvendo as provocações, fazendo Kayn gemer junto consigo. Não aguentaria muito naquele ritmo, sentia que gozaria a qualquer momento e seu corpo já dava esses sinais. As pernas pareciam fracas, o quadril estava trêmulo e seu interior se contraía involuntariamente deixando claro que logo chegaria ao ápice.

Como se notasse isso, Kayn envolveu o membro de Ezreal com uma das mãos, masturbando-o num ritmo acelerado e aquilo foi suficiente para que o loiro cedesse e se desfizesse na mão do mais velho, sujando os dedos dele com os vestígios de seu prazer.

Kayn, por sua vez, também se permitiu gozar logo em seguida. A pressão causada pelas paredes internas de Ezreal depois do orgasmo foram demais para que ele se contivesse, e ele se desfez dentro do cantor, preenchendo-o com sua semente enquanto tomava os lábios dele mais uma vez em um beijo apaixonado.

— Merda, Kayn! Você continua fazendo isso! — Ezreal reclamou em meio a ofegos, dando uma cabeçada leve contra a testa do mais velho.

— Isso o quê? Ah! — Kayn riu ao compreender o motivo da reclamação. — Mas você gosta quando eu te recheio feito um éclair.

— Eu vou te matar se continuar fazendo isso. Eu falo sério!

Definitivamente era isso que Kayn estava: apaixonado.

 

Tinha muita coisa acontecendo naquela casa, era o que Alune podia perceber facilmente.

Quieta em seu canto, apenas observando o cenário caótico com seus olhos afiados e julgadores, a irmã gêmea de Aphelios, empresária da banda, analisava o desconforto palpável de Yone, que constantemente parecia evitar os olhares dos outros membros do grupo por algum motivo que ela desconhecia até então. Ela sabia algumas coisas, claro. Era atenciosa o bastante pra saber que seu irmão aprontava, mas, mais do que isso, era confidente do irmão, ele lhe tinha confidenciado o status de seu relacionamento com Sett e com Yone, e como estava envolvido com aqueles dois de forma praticamente irreversível. Alune era contra aquela suruba toda dentro da banda, preocupava-se com o futuro do grupo caso aqueles relacionamentos não dessem certo por algum motivo, e sabia que as chances de não sair alguém ferido daquilo tudo eram bem baixas, mas o que ela podia fazer se todos aqueles homens pareciam loucos? Apenas podia torcer para que seu irmão não saísse ferido daquele fuzuê todo.

Viu quando Aphelios se aproximou do produtor que preparava o almoço, quando ele abraçou o mais alto pela cintura por trás e percorreu os dedos pelo abdômen dele em direção ao peito numa carícia discreta, mas bastante íntima. Aphelios era um caçador, embora não parecesse. Alune riu em silêncio para si mesma ao pensar aquilo. Seu tão discreto irmão era uma víbora sempre pronta para dar o bote.

Não podia ouvir o que Aphelios sussurrava ao pé do ouvido de Yone, mas percebeu como o mais velho ficou vermelho e desviou o olhar nervosamente antes de dar uma risadinha como se tentasse desviar do que quer que Aphelios estivesse falando.

Mais do que isso, viu como Kayn pareceu se sobressaltar no sofá quando K’Sante fez menção em ir para a cozinha e correu em direção ao co-líder iniciando uma conversa aleatória de modo que o grandalhão não fosse para a cozinha e não flagrasse o momento de carinhos e provocação de Yone e Aphelios. Alune anotou isso mentalmente. Kayn só deixou K’Sante ir quando Aphelios retornou para a sala, agindo como se não tivesse nada a ver com a história de repente e voltando para os joguinhos do celular.

Sett e Ezreal estavam fora naquela manhã, ela não tinha ido porque estava mais preocupada com a condição de Kayn, que cada dia lhe parecia mais estranho aos olhos. Embora o resto do grupo parecesse levar como brincadeira a ideia mirabolante de Yone levar justamente aquele ser humano pra um exorcismo, ela conseguia entender que o mais velho queria eliminar todas as possibilidades e, mais, ela mesma, conectada como era com sua espiritualidade, achava bastante plausível a ideia de que Kayn estivesse possuído por algum tipo de entidade demoníaca, embora não entendesse porque qualquer demônio escolheria um moleque ainda no início da carreira como aquele em vez de alguém mais poderoso e importante tipo, sei lá, possuir o presidente dos Estados Unidos(?).

Kayn parecia normal desde cedo pela manhã, mas sabia-se que ele podia mudar a qualquer momento. Não entendiam bem como aquilo funcionava ainda. Só era suspeito ele não querer deixar K’Sante ir para a cozinha enquanto Aphelios e Yone estavam de namorico lá, mas talvez ele estivesse tentando evitar que alguém atrapalhasse os apaixonados, ou pelo menos isso era o que fazia sentido na mente de referências limitadas de Alune naquela hora. Ela não tinha informações suficientes para saber que Kayn suspeitava que o bonitão dos dreads ainda gostava de Yone e podia ter ciúmes das interações românticas entre o produtor e o letrista.

O rapper, entretanto, tinha muito em sua cabeça desde que tinha ouvido a história de K’Sante sobre o relacionamento dele com Yone, claro que mais da metade do que tinha naquela cabeça rosa-choque era baboseira e abobrinha, mas mesmo assim era bastante coisa para a cabeça dele. Rhaast insistia que precisavam fazer o trabalho de cupido para juntar Yone e K’Sante novamente, pelo menos para que eles conversassem devidamente sobre o relacionamento antes que as coisas se tornassem mais sérias entre o produtor e Aphelios. Enquanto Yone era um amante, tudo bem que ele ficasse com outras pessoas, certo? Era difícil chegar a uma conclusão sozinho, já que Shieda não pensava que era prudente se meter no relacionamento dos outros dessa forma. A última vez que alguém tinha se intrometido em seus relacionamentos sem ter certeza do que estava rolando, ele tinha sido nocauteado por Sett em cima de Ezreal.

Por mais que pensasse que K’Sante tinha o direito de saber o que Yone pensava sobre o término deles, talvez o que Yone pensava sobre aquilo não seria algo bom… Suspirou.

 

Silêncio não era muito comum naquela casa, então quando o almoço pareceu silencioso naquele dia, Yone agradeceu a todas as divindades pela dádiva do silêncio. Era por que Aphelios estava mais rouco que o normal pela agitada e quente noite anterior, por que Kayn parecia estranhamente focado em sua própria cabeça talvez lidando com seus demônios internos, figurativa ou literalmente, ou por que Sett e Ezreal não estavam em casa já que tinham compromissos importantes para aquele dia em outra cidade e voltariam só de noite, o ambiente estava muito mais silencioso que o normal.

O problema é que, tão logo K’Sante foi cuidar dos pratos, visto que era seu dia de cuidar da louça, Kayn puxou o produtor para o quintal da casa alegando que precisava de um conselho dele numa questão pessoal de suma importância.

Oras, não era normal ele pedir conselhos assim tão abertamente. Yone ficou curioso quanto ao que poderia estar afligindo o rapper e o seguiu sem questionar.

Kayn pareceu ponderar por um momento antes de iniciar o assunto, respirando fundo e olhando para o céu como quem claramente está tentando evitar o contato visual direto com a outra pessoa.

— Eu tenho um amigo que… — o rapper começou, mas logo foi interrompido pelo mais velho.

— Não comece dizendo que o problema é com o amigo, por que todo mundo sabe que nunca é. Assume logo a bosta que você aprontou, Shieda. — Yone bradou colocando as mãos na cintura e lançando um olhar impaciente para o mais jovem.

Kayn quase rosnou em retorno, negando veemente com a cabeça. — Eu tô falando de um amigo mesmo, mas se você prefere assim… Rhaast tinha um namorado há um tempo atrás…

— Eu não tinha namorado algum, me deixe fora disso, imprestável. — A voz grave denunciava a alteração de personalidade mais uma vez, Yone segurou uma risada, por mais que estivesse preocupado com ele naquele momento.

— Porra! Ninguém me deixa falar nessa merda! — Kayn bufou irritado e esfregou as mãos na calça nervosamente. Virou-se para o produtor em seguida com um olhar determinado em seu rosto, encarando Yone e aquela cara de velho debochado dele de frente. — Eu acho que o K’Sante ainda não superou o relacionamento de vocês dois e você deveria conversar com ele antes de se enfiar de vez no relacionamento do Sett com o Aphelios e acabar magoando o pobre K’Sante. Ele é bem gostoso, sabia? Você não pode simplesmente sair magoando pessoas gostosas por aí e achando que tá tudo bem, Yone.

Chapter 9: Parte 9

Chapter Text

— Você não pode simplesmente sair magoando pessoas gostosas por aí e achando que tá tudo bem, Yone.

O produtor ouviu aquelas palavras em looping em sua cabeça por alguns momentos antes de voltar à realidade encarando confuso os olhos heterocromáticos à sua frente. Kayn sabia? Como? K’Sante tinha contado pra ele? O que raios estava acontecendo? Aquilo tinha sido há meses! K’Sante parecia bem, como assim ele “ainda não superou”? Estava boquiaberto com o que tinha acabado de ouvir saindo da boca do rapper.

— Tá. Quem te falou sobre mim e o K’Sante? — inquiriu diretamente sentindo o sangue ferver, mas tentando se controlar. Quem Kayn pensava que era pra se meter de bicudo em algo tão pessoal de sua vida pela segunda vez dentro de uma única semana? Não era o bastante ele e Ezreal terem-no exposto para Sett?

— Hum… O Sante. — Kayn quase fez um bico ao falar, parecendo uma criança mimada. — Na real eu suspeitei e fui peitar ele, daí ele confirmou que vocês dois tiveram um lance. Quer dizer, um lance não, vocês efetivamente namoraram durante um tempo, né.

Yone sentiu as bochechas esquentarem. K’Sante parecia ter falado bastante coisa para aquele moleque tagarela do Kayn. Bosta. Quanto tempo teria que gastar para explicar algo que não precisava de explicação nenhuma agora? Se K’Sante fosse um pouquinho mais prudente em quem confiava aquela informação, tal como Yone deveria ter sido mais prudente quanto a quem olhava seu celular, pouparia uma bela dor de cabeça.

— A gente namorou, mas terminamos de comum acordo, não é como se tivesse algum mistério por trás dessa história. O relacionamento esfriou e nós terminamos. Fim. Isso acontece, Kayn, amor eterno é coisa de conto de fadas, a maior parte das pessoas não vive isso na prática.

— Você diz isso, mas o que o Sante diz? — Kayn ergueu o queixo, confiante, Yone torceu os lábios.

— K’Sante concordou com isso à altura. Nós dois estávamos acomodados com o relacionamento que já não funcionava mais. Mal nos encontrávamos romanticamente naquela época há algum tempo. — Yone suspirou, apoiando a mão na cintura, um tanto quanto impaciente. — Nós dois ficamos sensíveis com o término, mas optamos por manter isso para nós assim como tínhamos optado por não falar sobre o relacionamento antes. Foi depois disso que Sett e Aphelios assumiram o relacionamento deles, mas nunca mais conversamos sobre, e eu achava que K’Sante não queria falar sobre isso também, já que terminamos, como disse antes, em comum acordo.

Kayn pareceu pensativo por um instante antes de apoiar a mão no ombro do produtor e apertar de leve, olhando-o nos olhos.

— Yon, você e o Sante precisam conversar. Vocês dois deviam ter conversado sobre isso há muito tempo, mas continuam fingindo que não precisam falar sobre isso, só que vocês dois parecem carregar alguma coisa inacabada sobre isso, de algum jeito, que tentam enfiar dentro da terra a qualquer custo.

Yone achou engraçada a situação e não conseguiu segurar uma risadinha, negando com a cabeça aos próprios pensamentos.

— É engraçado que logo você está me dando conselhos sobre como lidar com pessoas.

— É pra você ver que eu não fiquei chateado quando você tentou exorcizar meu demônio de estimação e me impediu de trazer meu filho pra casa. — o rapper respondeu de forma conclusiva, arrancando uma risada gostosa de Yone.

— Para de dizer que aquele homem era seu filho! Ele provavelmente era mais velho que você, Kayn!

— No meu coração ele era meu filho, Yone, isso é algo que você nunca vai entender, mas tá tudo bem, eu gosto de você mesmo assim. Agora vai lá e resolve teus assuntos com o Sante. Eu vou bombardear o Ezreal com mensagens de texto sobre como estou morrendo de saudades dele e quero que ele sente na minha cara quando voltar pra casa. — deu dois tapinhas no ombro de Yone antes de afastar-se, voltando para dentro da casa.

Kayn era, provavelmente, a pessoa mais insana que ele conhecia.

— Você mudou bastante, Kayn, será que já são os efeitos dos remédios? Achei que levaria mais tempo pra notar alguma diferença, mas você parece mais calmo.

 

Kayn não se sentia “mais calmo”. Se sentia normal. Rhaast estava um tanto quieto naquela manhã, mas também era assim antes de ele se revelar de fato… Não era como se ele tomasse a maior parte do seu tempo ou algo do tipo, ele só vinha quando queria. Os remédios, inclusive, só pareciam dar um tanto de sono a mais, e realmente era um tanto cedo para esperar que eles fizessem efeito real. O médico tinha deixado claro que só começaria a ver efeitos reais depois de uns dois meses de tratamento ou mais, mas era gostoso poder dormir direto sem acordar no meio da noite por conta da ansiedade.

Se sentia menos ansioso, sim, mas o motivo disso tinha nome começado com Ez e lindos olhos azuis, e um sorriso de tirar o fôlego. Tinha que agradecer, sim, ao Rhaast por ter tomado a iniciativa, já que só estava tendo aquele romance gostoso com o vocalista por causa dele, o que quer que ele fosse. Se era sua personalidade fragmentada, se era um demônio, se era realmente parte dele como dizia ser ou não, Rhaast tinha sido o motivo de ele poder dormir agarradinho com Ezreal agora, de poder tomar bronca dele depois de uma transa gostosa, de poder beijá-lo quando queria.

— Fica me chamando de demônio como se eu não soubesse o que você pensa… — sua boca proferiu em voz grave enquanto ele se olhava no espelho após o banho, refletindo sobre os acontecimentos recentes.

— Você não é um fragmento da minha personalidade também… Eu pesquisei um pouco a respeito e vi que pessoas com TDI não têm contato com as outras faces de sua personalidade. A gente conversa, tipo agora, o que me faz pensar que você não sou eu, Rhaast, você é algo diferente. Eu não me importo, sabe? Te considero mesmo assim, sou grato e tal, mas eu gostaria que você fosse mais sincero comigo antes que os outros descubram. O médico logo vai perceber que isso não é TDI e talvez pense que eu estou mentindo, o que me deixaria mal, principalmente se o Yone estiver junto. Ele pode pensar que tudo era uma desculpa para me aproveitar do Ezreal…

— Você nunca… Você é tonto demais pra se aproveitar do Ez, ele é bem mais esperto que você. Mais fácil ele se aproveitar de você sem pensar duas vezes. Eu apostaria todas as minhas fichas nele. — a risada grave que se seguiu foi logo alterada pela expressão preocupada de Kayn no reflexo do espelho.

— Você está fugindo do tópico principal, Rhaast. O que é você?

 

Yone sentiu um nervosismo que não sentia há muito tempo. O estômago parecia revirado e um calafrio percorria seu corpo enquanto encarava a porta fechada, pensando em como fazer a abordagem de forma apropriada. Kayn estava certo, não podia simplesmente seguir em frente sem resolver aquelas pendências. Não tinha pensado nisso por muitos meses, mas se K’Sante ainda pensava, então eles tinham que conversar. Tinha saído de um relacionamento dentro da banda e agora estava se envolvendo em outro e aquilo poderia prejudicar o entrosamento do grupo se não tivesse cuidado. Talvez K’Sante poderia carregar rancor dele ou de Sett e Aphelios e era seu dever evitar aquilo como podia.

Sabendo que não tinha como demorar toda a eternidade, tomou coragem e bateu à porta, esperando uma confirmação vocal de K’Sante para girar a maçaneta abrindo a porta e entrando no ambiente em seguida quando foi autorizado.

K’Sante estava sentado em sua cama, a tv estava ligada e um filme que o japonês não reconheceu estava pausado na tela, indicando que o vocalista estava assistindo a peça quando ele chegou.

— Yon… — ele pareceu surpreso. — Aconteceu alguma coisa? Posso te ajudar de alguma forma?

O japonês suspirou, tomando a liberdade de sentar-se à beira da cama depois de fechar a porta, ficando mais perto do mais alto. Seu olhar, entretanto, perdeu-se entre seus joelhos e pés, tendo dificuldade de encarar diretamente o mais novo por algum tempo.

— Eu… Kayn veio falar comigo. Você contou a ele sobre nós, né? Ele tocou num detalhe que… A gente nunca mais conversou sobre o que rolou entre nós. Eu achei que tava tudo certo, mas agora penso que talvez não estivesse tão certo assim. Ele disse que acha que talvez você não estivesse tão certo assim que terminar era a melhor opção naquela época, e eu lembro que você dizia que não queria ficar com outras pessoas… — as palavras pareciam minguar de alguma forma quando iam sair e sua voz saía baixa.

K’Sante sentiu um incômodo no estômago, um nervosismo similar ao que o produtor sentia naquele momento. Nada do que ele estava dizendo era tão errado assim, de fato, mas ele tinha concordado com aquilo tudo de forma consciente. Sabia que Yone seguiria em frente com mais facilidade do que ele mesmo e que não seria fácil lidar, mas tinha escolhido aquela rota. Por mais que amasse Yone, por mais que ainda se sentisse em casa quando estava com ele, de fato, sabia que ele estava apaixonado por outra pessoa agora.

— Eu não sei o que passa na cabeça do Kayn, de verdade. Acho que aquele soco do Sett deve ter soltado mais uns parafusos ali dentro. Ele antes não era assim tão intrometido… — o cantor riu baixo, um tanto sem jeito, tentando disfarçar seu nervosismo.

— Ele não estava mentindo ou tirando coisas da cabeça dele. Eu sabia o que eu estava fazendo ao comentar sobre questões de relacionamento perto do Ezreal. Eu sabia que eles iam matutar nesse assunto até chegar a você. Eu também sabia que eu não devia fazer isso, mas não sabia como fazer pra a gente ter essa conversa, só que eu sei bem que a gente tinha, Yone, que falar sobre isso agora. — as palavras saíram com mais facilidade do que o homem de cabelos verdes pensou que sairiam. Estava com tudo entalado no peito há mais tempo do que deveria e agora que estava encurralado pela própria trama, não tinha como fugir sem assumir a verdade perante Yone. — Eu não queria terminar. E eu vou ficar bem, eu sei que eu vou, mas não vou fingir pra você que nada disso tem me afetado. Eu ainda te amo e ainda dói pensar que você não sente mais o mesmo que eu. É difícil lidar quando a gente é um momento na vida de quem é nossa vida inteira, mas é como eu disse, eu sei que vou ficar bem. Só não vou ficar bem se ficar me perguntando constantemente se você toma suas decisões sabendo ou não sabendo disso, então eu tinha que te confrontar de algum jeito…

— …Mas nenhum de nós dois é bom em falar sobre os próprios sentimentos. — Yone previu como aquela frase terminaria, e pelo sorriso tímido que brotou nos lábios carnudos de K’Sante, tinha acertado.

O asiático engoliu seco e sentiu as mãos tremerem levemente. Aquilo não era menos difícil de ouvir do que de dizer. K’Sante ainda o amava… Tinha suspeitas, mas as certezas eram complicadas. Estava contra a ponta de uma espada, independente do que fizesse agora, alguém sairia ferido. De um lado, K’Sante, com quem tinha rompido há um bom tempo, mas que ainda o amava, e do outro Aphelios, com quem estava ficando, e que estava envolvido com mais uma pessoa além dele. Quais eram as chances de, no fim, ser Yone quem sofreria sozinho o peso de suas próprias decisões?

— Nenhum de nós dois é bom nisso, Yon, porque temos medo de lidar com a responsabilidade das emoções dos outros. Mas se tem uma coisa que liderar essa banda me ensinou, é que não somos mais donos dos sentimentos das outras pessoas do que dos nossos próprios. Eu não posso controlar como você se sente, mas posso evitar que os meus sentimentos não resolvidos atrapalhem a sua felicidade. É por isso que eu acho que a gente precisava conversar antes de você firmar um relacionamento com aqueles dois, por que eu sinto que hora ou outra isso vai acontecer. — K’Sante continuou. — Aphelios parece te amar também, e eu sei que você gosta muito dele, ou não teria se envolvido nessa cama de gato. Você não é uma pessoa que se permitiria ser amante se não o amasse. — ele engoliu seco, fazendo uma pausa. — É por isso que… antes que isso se torne impossível, antes que seja um problema… Seria demais se eu pedisse uma oportunidade pra matar a saudade e me despedir de vez, ou eu estou me humilhando demais se pedir pra você ficar comigo uma última vez?

Chapter 10: Parte 10

Chapter Text

O problema não era trocar alguns amassos com outra pessoa; Yone era solteiro até onde se entendia, e o caso dele com Aphelios e até mesmo com Sett era algo… complicado. Aphelios era apaixonado por Yone, mas também por Sett. Sett era apaixonado por Aphelios, mas tinha um pensamento bastante progressista no que dizia respeito a aceitar as ideias “meio tortas” do namorado, e então estava aproveitando para curtir aquele lance fora do padrão com Yone. Yone… bem, Yone gostava de Aphelios, mas não saberia dizer se estava apaixonado, só que tinha o coração aberto para o que pudesse surgir daquele lance. Ele não sentia nada específico em relação ao vastaya, porém; tesão, talvez — não, certamente.

Mas quando se tratava de K’Sante o jogo era outro. K’Sante não tinha sido apenas um lance carnal, ele tinha sido a pessoa que segurava sua mão e afastava suas inseguranças. Ele tinha sido o rosto que o japonês mais queria ver ao fim do dia, e talvez por isso as coisas tinham esfriado tão rápido quando a agenda ficou lotada demais para encaixar os sentimentos dentro dela.

O negro acariciou seu rosto com gentileza e Yone fechou os olhos e suspirou, o cheiro do perfume dele adentrando suas narinas, trazendo de volta as lembranças de um romance secreto, mas não menos intenso, não menos bonito. Lembranças das caminhadas noturnas pelo parque, dos beijos trocados sob um carvalho de onde gostavam de observar as estrelas. Imagens e sensações; dedos entrelaçados, juras de amor no silêncio da noite, promessas não ditas que se esvaíram com os raios de sol da manhã.

— É demais, sim, mas eu acho que tudo bem. A gente não teve tempo de acertar as coisas, talvez eu tenha sido rápido demais, seco demais. — admitiu, se dando por vencido.

Talvez fosse um erro, mas quem não erra? Talvez fosse se arrepender depois, mas seria apenas mais um dentre tantos arrependimentos que o japonês carregava na bagagem.

K’Sante sorriu de leve por não ter sido rejeitado, mas aquilo não era o bastante. Não era só sobre obter a permissão para beijá-lo, ele precisava das verdades não ditas, precisava de uma confissão, das palavras que pareciam tão complicadas de organizar.

O cantor selou os lábios do produtor carinhosamente, sua barba roçando no rosto de Yone como uma carícia suave. O gosto nostálgico tomando o paladar, a sinergia boa do beijo conhecido do qual sentia falta. Os lábios se abriram juntos, permitindo o aprofundamento daquele contato íntimo e gentil, carregado de sentimentos confusos, de saudades bloqueadas por uma fachada de discrição.

Credo, K’Sante quase se sentia  jogado de volta ao armário, trancafiado lá durante meses sem poder expressar o amor que sentia por aquele homem de trejeitos ríspidos e coração gentil.

As mãos de Yone se apoiaram no peitoral de K’Sante, subindo sem pressa até o pescoço dele, desenhando as linhas de seu trapézio antes de acariciarem sua nuca. K’Sante, por sua vez, o segurava gentilmente pelo queixo, enquanto a outra mão descia para repousar na cintura delgada do asiático, puxando-o um pouco mais perto. Ele sentia tanta falta daqueles lábios que podia chorar.

As línguas se envolveram sem pressa, relembrando o sabor de tantos beijos trocados, explorando aquele território já conhecido como se fosse a primeira vez. E quando o beijo terminou, em uma repetição carinhosa de vários beijinhos suaves, K’Sante sentia o coração se apertar mais uma vez de um jeito doloroso dentro do peito.

Yone não era mais seu.

Abriu os olhos devagar para ver o rosto sereno do japonês ainda com os olhos fechados. Os cílios escuros repousando sobre as maçãs do rosto, as cicatrizes leves que marcaram o lado esquerdo de seu rosto, e que estavam frequentemente cobertas por maquiagem, mas não ali. Ali ele estava limpo, estava como realmente era, perfeito em todos os seus detalhes e marcas.

— Diga, Yone, mas, por favor, não minta pra mim, eu não vou guardar rancor. Você não sente mais nada por mim? Em algum momento você me amou de verdade?

Aquelas perguntas pareciam carregadas de temor e coragem; K’Sante tinha medo da verdade, mas precisava saber. Yone prensou os lábios em um fio, mas não abriu os olhos. As imagens de dias diferentes ocupavam a escuridão das pálpebras, repetindo os olhares, os sorrisos, as juras de amor sob as cobertas no meio da noite.

O silêncio da expectativa doía mais do que as palavras, mas K’Sante sabia que o japonês devia estar organizando o que queria dizer, que não devia ser fácil simplesmente responder aquelas questões sem algum preparo mental. Se estivesse no lugar dele, certamente se sentiria encurralado, e foi por esse motivo que demorou tanto para tomar coragem de tentar falar com ele sobre aquele assunto, não querendo incomodá-lo.

— Amei. — uma única palavra que carregava tanta coisa, tantos dias e noites, tantos sentimentos, tantos atos. — Amei tanto que doeu perceber que eu dependia tanto de você quando já não tínhamos tanto tempo juntos.

As mãos de Yone desceram pelos ombros e para o peito do mais alto devagar, como se os dedos percorressem linhas já conhecidas, para relembrar-se de tantas vezes em que aquele peito foi seu colo, sua casa.

— Eu não gosto de depender de ninguém, K’Sante. Eu sempre me virei sozinho. Foi assustador perceber que a distância nos tornava cada dia mais estranhos um para o outro, sempre cansados demais, sempre ocupados demais. Acho que eu não sirvo para relacionamentos. Também não devo aprofundar as coisas com Aphelios e Sett. Acho que sou um jogo para eles tanto quanto eles devem pensar que são um jogo para mim.

K’Sante encostou sua testa à do mais baixo e suspirou, puxando-o para um abraço.

— Me desculpe por permitir que você se sentisse desse jeito sem notar o quão aflito você estava. 

— Não é sua culpa. Você não tinha como saber o que eu não te contei. Acho que não sirvo para relacionamentos. — repetiu como tinha repetido um milhão de vezes dentro de sua cabeça quando se cobrava por pensar que já não era o bastante para sustentar uma relação.

— Não. Não diga isso. Você serve sim, eu fui tão feliz com você que é difícil desapegar das lembranças. — K’Sante respondeu subindo uma mão para afagar os cabelos platinados do mais velho. — Só calhamos de ter um momento complicado por causa do trabalho, e em vez de conversarmos direito, empurramos até onde dava e você se cansou de me esperar. Eu entendo. Talvez eu devesse ter organizado melhor o meu tempo, as coisa seriam diferentes se eu tivesse separado mais tempo para nós dois.

— Não seriam, Sante. Você fez o que precisou fazer. Colocou a banda em primeiro lugar como prometemos que faríamos, e isso não foi um erro. Nosso sucesso se deve, em partes, a isso também. Nós fizemos sacrifícios, alguns doeram mais do que outros.

As palavras que tentavam confortá-lo não tinham tanto efeito. K’Sante sentia culpa por ter perdido o amor de sua vida em troca do sucesso, mas sabia que não poderia ter escolhido de outra forma, afinal, o sonho de todos estava envolvido naquele projeto.

— Talvez se tivéssemos esperado as coisas se estabilizarem antes de começarmos aquele relacionamento, as coisas tivessem sido mais favoráveis a nós dois.

Um silêncio doloroso tomou o quarto por alguns momentos que pareceram uma eternidade antes que K’Sante tomasse a coragem de repetir a pergunta feita anteriormente.

— Mas e agora? Não sente mais nada por mim?

E novamente o silêncio dominou o ambiente pelo que pareceu ser um milhão de anos, embora não houvesse passado mais do que alguns instantes até que Yone respondesse.

— Sinto. Sinto um monte de coisas. É difícil explicar. — Yone confessou. — Sinto saudade, sinto um carinho enorme por tudo o que você sempre representou pra mim. Sinto que eu dizer essas coisas vai tornar ainda mais difícil seguir em frente. — ele suspirou, e então afastou-se um pouco para olhar o mais alto nos olhos. — Mas acima de tudo, sinto saudade.

— E amor? Você ainda…? — a pergunta não foi terminada, mas nem precisava, pois Yone sabia exatamente o que K’Sante queria dizer apenas de olhar para ele.

— A gente nunca deixa de amar alguém, Sante, esse amor só muda de forma. Eu te amava de um jeito que ficar mais de 24 horas longe de você parecia um tormento; eu era atormentado pela solidão quando você não estava por perto. Agora eu ainda amo, mas a solidão não me incomoda mais, porque quando me sinto sozinho lembro que estou solteiro e me enfio entre as pernas de outro alguém para esquecer o vazio da minha própria alma.

O rosto do homem de pele escura parecia um tanto confuso e chocado com aquela confissão; suas sobrancelhas se franziram e seu semblante se tornou um tanto pesado.

— Então você não quer nunca mais ter um relacionamento porque tem medo de se apegar e sofrer pela solidão? — o Nazumah tentou traduzir o que o outro tinha dito em palavras mais simples.

Yone suspirou e riu baixo em seguida, negando com a cabeça.

— Também, mas, essencialmente, usando o tipo de palavreado que Kayn, Ezreal, Alune e Aphelios costumam usar, acho que eu sou cafajeste demais para estar em um relacionamento com um cara bom e correto como você, K’Sante. Provavelmente eu só entraria em um relacionamento onde os envolvidos soubessem que eu sou incapaz de ficar sozinho com as vozes da minha cabeça, e onde estivesse tudo bem se eu procurasse outra cama nas noites solitárias, porque dessa forma eu não preciso culpar ninguém, nem a mim mesmo pela minha solidão.

K’Sante não conseguiu desfazer aquela expressão confusa. Soltou o ar que não tinha percebido prender e concordou com a cabeça, pensando por uns instantes antes de quebrar o silêncio.

— Então se eu estiver de acordo em ter um relacionamento aberto onde você possa ficar com quem quiser quando não estiver comigo, você voltaria?

— K’Sante…

— É uma situação hipotética, Yone. Você já está saindo com o Aphelios, eu sei disso. Aphelios não parece se incomodar que você tenha outros lances, ele tem um relacionamento com o Sett e todo mundo sabe disso, provavelmente não se incomodaria e nem mudaria com você se você arrumasse outro relacionamento que não brigasse com essa situação de agora. Nesse caso, você não precisaria deixar de ficar com ele e nem nada do tipo… Só… Poderia ficar comigo também quando as noites estivessem solitárias.

Talvez estivesse se humilhando demais por aquele sentimento, mas o ditado diz que “quem não chora, não mama”, e se houvesse a mínima possibilidade de resgatar aquele sentimento bom de meses atrás, K’Sante tentaria.

— Aphelios não decide por mim, o que tem entre nós não é oficial.

— E se fosse? Se fosse oficial com ele, você não ficaria com mais ninguém?

— Acho que ele não ligaria se eu ficasse com outras pessoas…

— Então fique comigo. Eu prometo que vou tentar não ficar enciumado demais. Digo, na situação atual você já está ficando com eles e eu nunca tentei intervir, vou continuar fazendo a mesma coisa.

— K’Sante, está se humilhando demais. — Yone suspirou pesado, subindo as mãos para segurar o rosto do maior entre elas. Olhos nos olhos, preocupação estampada no rosto do asiático. — Isso não é do seu feitio.

— Sou um homem desesperado, Yone. Recorri até ao Kayn pra conseguir falar com você. — K’Sante engoliu seco e respirou fundo, exalando o ar longamente. — Eu amo você. Amo você mais do que amo a mim mesmo, e eu sou um homem orgulhoso, mas estou cansado de só aceitar as coisas como são sem lutar por isso. Fiquei em silêncio por bastante tempo porque achava que algo entre nós podia ser um problema para o grupo e sabia que você não iria querer prejudicar o grupo; e eu estava certo, já que você preferiu terminar comigo do que sugerir que a gente se assumisse para viver nosso relacionamento em paz para não prejudicar o grupo.

— K’Sante…

O homem de dreads verdes prensou os lábios carnudos em um fio, soltando o menor e encarando-o com dor no olhar, o cenho franzido em uma expressão preocupada e cansada.

— Diga que a verdade é que não me quer mais, Yone. Estou tentando o melhor que posso, encontrando soluções, procurando formas de tentar fazer isso dar certo, de ter uma nova chance da gente voltar, mas você não me nega, só se esquiva! Se disse que não me quer, vou entender. Mas seja direto, não me enrole, não tente fazer isso não doer. O que você quer, Yone?

O que queria?

Yone desviou o olhar para o canto do quarto. Não sabia bem o que queria, mas sabia o que não queria.

Não queria ver aquela expressão no rosto de quem havia amado tanto. Não queria ser o motivo do sofrimento dele. Não queria que as coisas continuassem confusas como estavam.

— Por favor, Yone…

Yone mordeu o lábio inferior com força e apertou as pontas dos dedos contra as palmas das mãos, tentando descontar em si mesmo de alguma forma a frustração que rondava todo seu ser.

— Eu não consigo! — admitiu, sentindo o amargor daqueles sentimentos tomando seu paladar. — K’Sante! Eu não quero acabar te machucando ainda mais, e eu sei que só vou te fazer sofrer. Eu te amo, mas acho que te deixar ir é a melhor coisa que posso fazer por você.

— Você não pode decidir por mim, Yone. O que VOCÊ quer de nós dois?

O que queria?

Queria tanta coisa que seus braços não eram capazes de abraçar tudo de uma vez só.

Aquela proposta de K’Sante era tentadora, mas Yone sabia que o Nazumah sofreria com aquela escolha, e por isso era tão difícil simplesmente concordar com aquele plano. Mas, pensando pela lógica, não seria igualmente difícil para ele continuar do jeito que estavam?

— Quero você, mas não quero te fazer sofrer e sei que vou.

— Então pare de se martirizar pelo que não pode ter certeza, tire esse “mas” e só aceita logo essa porcaria de proposta que eu estou te fazendo. Namora comigo outra vez, mas dessa vez vamos deixar esse relacionamento aberto, e daí você pode ficar com o Aphelios, com o Sett, com o raio que o parta que você quiser. Desde que no fim do dia eu possa abraçar você e dizer que te amo sem ter medo de você me olhar com essa cara de quem comeu e não gostou, eu vou ficar bem. Só não quero continuar fingindo que não há nada entre nós dois, porque isso está me matando!

As palavras saíram de K’Sante como se tirassem um enorme peso de suas costas. Não era fácil amar sem ser correspondido, ou ser correspondido, mas ficar naquele jogo de chove e não molha que já vinha vivendo há meses com Yone. Seu timbre estava carregado daquelas emoções que transbordavam, incapazes de continuar represadas como vinham sendo pelos últimos tempos.

— Quer ser meu namorado nesses termos, Yone? — ele completou com a voz mais calma agora.

 

Você sabe o que é um Darkin, Kayn?