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Além dos Mares (OKEGOM)

Summary:

* Esta história possue palavrões leves.
* Artes não são da minha autoria, mas as edições sim.

੭᜴ Depois de alguns anos da derrota do reino do mar da morte, o mar azul voltou a viver num mundo pacífico e sereno. Tatsumiya, desde àquela época, não conseguiu esquecer aquele que salvou sua vida. Até porque graças ao rapaz misterioso, ela ainda estava ali, observando a Wadanohara conversar com seus amigos exatamente como ela fazia anos atrás. Ela se sente inquieta toda vez que lembrara da estranha orca, e queria poder vê-lo novamente… mas o que a dama não sabia, era que no polo norte, Idate também sentia uma certa falta dos tempos que passou em outros mares. Enquanto a princesa Uomi planeja recuperar sua irmã mais nova, Tatsumiya tenta ajudar a sua princesa, ao mesmo tempo que tenta se aproximar de Idate, que passará um período no mar azul para participar do aniversário do reino… e ajudar Tatsumiya depois de ter espontaneamente se candidatado como seu ajudante.

Notes:

(See the end of the work for notes.)

Chapter 1: O Retorno de uma Orca.

Chapter Text

Sabe aquele sentimento melancólico? Nostálgico, assustador, ao mesmo tempo que reconfortante? Aquele momento em que você se pega perdido em seus próprios pensamentos…

 

Pois, era assim que uma mulher estava, observando a paisagem do mar das estrelas.

 

A mesma presença seu reino em uma guerra sanguinária, duas vezes. Um ser querido se sacrificou para salvar a todos… várias vidas inocentes perdidas…

 

—Tatsumiya? — A mulher é retirada de seu devaneio, sentindo o toque da pequena bruxa ao seu lado.

 

Olhando para a menor, Tatsumiya se sente ainda mais melancólica. Aquela pequena bruxa que estava ao seu lado, havia salvado todo o mar, ainda tão jovem. A heroína, querida por todo o reino, era reconhecida por todo lugar que passava. Seu nome era Wadanohara.

 

— Você está bem? — A garota pergunta, vendo que Tatsumiya ainda a observava sem respostas. A maior percebe que ainda estava em silêncio, e desvia o olhar da bruxa, dando um sorriso envergonhado.

 

— Ah… me desculpe — Ela volta a olhar para as estrelas — Só estou um pouco pensativa, não se preocupe.

 

— Hmm… — Wadanohara estava mais madura. Seu coração ainda era infantil e bondoso, mas a bruxa era mais racional do que antes. Isso é esperado, depois de anos terem se passado e depois de protagonizar uma guerra árdua tão jovem.

 

— Mesmo depois de tanto tempo, você ainda vai continuar vindo aqui e encarar o oceano, não é? — Wadanohara diz com um sorriso, colocando suas mãos atrás das costas e observando a paisagem com Tatsumiya.

 

— Ahaha… sim, não posso evitar. — As duas então começam a compartilhar, mesmo sem falar uma palavra, momentos nostálgicos juntas. Estar ali, naquele mesmo lugar que as duas já estiveram antes e várias vezes, trazia uma sensação familiar e aconchegante.

 

— UWAAAA, EU ME RENDO, EU ME RENDO! — O grito de Memoca faz as duas olharem para trás.

 

A cena era Dolpi formando bolinhas de “neve” com a areia branca do mar das estrelas, e jogando várias vezes na Memoca, que começava a se afundar num montinho branco.

 

Wadanohara e Tatsumiya se olham, e começam a rir das duas. A bruxa vai participar da brincadeira, disfarçando andar para longe mas estava na verdade pegando uma bolinha e arremessando na Dolpi por trás. A golfinho se surpreende com a bola que veio do além, dando brecha para Memoca pular do seu montinho e atacar a amiga.

 

— AHA! — Memoca diz, pulando em cima da Dolpi.

 

— O QUE!? NÃAAO, NÃAAO!! NÃO VALE! — Ela diz se debatendo na areia irritada, enquanto a Memoca estava em cima dela rindo. Wadanohara só começa a rir da situação e vai tirar Memoca de cima da Dolpi.

 

Fukami também estava presente, mas apenas observava a cena de longe, enquanto olhava para as estrelas enterradas no chão ao mesmo tempo.

 

Ver aquela cena fez com que Tatsumiya se afastasse de seus pensamentos, e sorrisse mais calma para os jovens que brincavam.

 

“…Fico feliz que as coisas ainda continuem assim.” A dama pensa.

 

Tatsumiya sente a presença de mais algumas pessoas, então ela olha para o caminho das estrelas, e vê ao longe duas figura familiares.

 

Era Helica e Pulmo, e as duas olhavam para Tatsumiya.

 

— Eh? O que a doidona faz aqui? — Memoca pergunta, se referindo á Helica que estava se aproximando com a Pulmo.

 

— Doida e água viva… — Dolpi murmura. Apesar de estar mais velha, a golfinho ainda tem alguns costumes de quando era criança, sendo um deles murmurar frases simplistas.

 

Fukami caminha até as companheiras, vendo as garotas se aproximarem.

 

— Será que só estão num passeio? — Wadanohara pergunta.

 

— Sei lá — Memoca da de ombros e corre para o meio da pequena estrada, sinalizando com os braços erguidos para Helica e Pulmo — OOOOOOI DOIDONA E ÁGUA VIVA.

 

— Só tem nós cinco aqui… por que ela está acenando? — Fukami finalmente diz algo com sua expressão neutra de sempre, e Wadanohara ri da aleatoriedade de Memoca.

 

— Aquiiii — Dolpi fica ao lado de Memoca, fazendo o mesmo.

 

“Será que aconteceu algo? Helica e Pulmo estavam ocupadas com a princesa Uomi… elas não iriam simplesmente sair do castelo e passear numa hora dessas.” Tatsumiya pensa.

 

E então Helica finalmente chega nos cinco ali presentes, brava com Memoca por chama-la de doida.

 

— QUEM É DOIDA AQUI?? — É a primeira coisa que Helica diz após alcançar todos ali.

 

— Oras quem mais seria hehehehe — Memoca ri. A garota pássaro recebe um peteleco na nuca de Fukami, que apareceu atrás da mesma, repreendendo o comportamento da amiga.

 

— AI, EI! — Memoca diz colocando a mão sobre a nuca e olhando para Fukami.

 

— Bom dia Helica, Pulmo — Wadanohara recepciona as garotas com um sorriso sereno.

 

— Wadanohaaaaara, graciooosa como seeeempre — Pulmo diz, retribuindo o sorriso da bruxa.

 

— Bom dia Wada… — Helica diz num suspiro, se recompondo por causa de Memoca.

 

— Nos desculpem por atrapalhar vocês, mas viemos buscar a Tatsumiya. — A garota diz, olhando para Tatsumiya em seguida, que já parecia esperar algo do tipo.

 

— A-Aconteceu algo? — Tatsumiya pergunta um pouco tensa, ainda mais depois de cobrir a mente com aqueles pensamentos um tanto traumáticos.

 

— Hum? Ah, não não. A princesa quer falar com você, sobre a decisão que tomamos do assunto que tivemos que conversar em particular.

 

Tatsumiya ainda não havia entendido nada sobre esse assunto. Mais cedo naquele mesmo dia, Jiiya falou para Tatsumiya que tinha assuntos pessoais para tratar com Helica e Pulmo. Como Tatsumiya é um pouco mais próxima da princesa do que as outras, estranhou o porquê de não poder participar da conversa, já que nada seria importante demais ou bobo demais a ponto de que ela não pudesse ouvir… e Uomi nunca tinha feito isso antes. Desde então, a maior está paranóica e um pouco sensível, facilitando o seu naufrágio nas memórias nostálgicas.

 

Percebendo o que de fato estava acontecendo, Wadanohara olhou para Tatsumiya preocupada.

 

— Entendo… — A dama diz, e então indo até Helica e Pulmo, sem falar mais nenhuma palavra.

 

— Desculpem meniiiiiinos, a Tatsumiyaaaaa estara de voooolta looogo logo. — Pulmo se despede dos quatro, enquanto flutua até Helica e Tatsumiya que foram mais a frente, deixando Pulmo destraída com as estrelas para trás.

 

— … A princesa fez uma reunião sem a Tatsumiya?? — Memoca pergunta, com uma expressão confusa em seu rosto enquanto via as três moças se afastando.

 

— Ehh? — Dolpi também fica confusa, percebendo a estranheza da situação.

 

Fukami também olhava para as figuras indo embora, com sua expressão neutra e os mesmos questionamentos só evidentes em sua cabeça.

 

— … — Wadanohara tinha um olhar triste, enquanto olhava Tatsumiya sumir por completo de sua vista.

 

“…. O que será que fez a Princesa Uomi tomar essa decisão?” A bruxa pensa, dessa forma, perdendo as três moças de vista.

 

No castelo do rei do mar, estava Uomi com sua expressão neutra de sempre, sentada a espera de Tatsumiya.

 

— Uuuh… espero que ela não tenha ficado chateada… — Jiiya diz, se referindo a saída de Tatsumiya após ter falado para a mesma se retirar.

 

Logo as portas da sala se abrem, revelando Helica, que abriu; Pulmo, flutuando ao lado de Tatsumiya; E Tatsumiya, no meio das duas jovens, com uma expressão meio nervosa em seu rosto.

 

— T-Tatsumiya! Sente, por favor. — Jiiya diz, notando que a moça parecia triste.

 

— Certo… — Tatsumiya entra na sala, se sentando num pequeno puff que estava no centro do salão… coisa que não estava antes.

 

Helica e Pulmo vão para suas posições normais, que são ao lado do assento da princesa.

 

— Creio que esteja chateada… eu… sinto muito. Tínhamos alguns assuntos a tratar e eu não sabia se seria uma boa ideia você ouvir. Mas, chegamos a conclusão de que você deve saber. — Jiiya fala, e então a princesa se levanta, deixando um pouco em choque todas as garotas ali. Depois da guerra, a princesa Uomi despertou. Embora a princesa Mikotsu tenha sido derrotada de alguma forma, a princesa Uomi consegue acordar de vez em quando, sem isso afetar Mikotsu de forma significativa. Sendo assim, as pessoas não estão acostumadas com a princesa acordada, e falando, desde que ela começou a se despertar de seu sono.

 

— Tatsumiya — Uomi diz, com sua expressão neutra ainda no rosto.

 

— S-Sim, princesa Uomi? — Tatsumiya era a que mais não se acostumara com a princesa acordando desta forma. A insegurança de seu despertar provocar a Mikotsu a ataca toda vez que Uomi abre a boca.

 

— … Eu… tenho algo a declarar, não só para você, como para todas aqui. — Uomi diz, olhando para Pulmo e Helica que também estavam um pouco nervosas vendo a Uomi acordada.

 

— … Vocês sabem o quanto são importantes para mim, não sabem? — A Uomi diz, segurando suas próprias mãos.

 

— Tanto quanto todo o mar, quanto cada cidadão deste reino. Desde que meu pai se foi, as coisas têm sido muito difíceis, tanto para mim quanto Mikotsu… E mesmo após tudo isto, vocês nunca saíram do meu lado. Pelo contrário, deram suas vidas para salvar todo o reino, e a mim. Sei que isto já aconteceu a alguns anos, mas nunca agradeci apropriadamente, então…

 

Tatsumiya parecia entender aonde Uomi queria chegar, e assim que abriu a boca, Uomi a interrompe.

 

— Eu sei, Tatsumiya. E sim, eu preciso sim fazer isto. — A princesa diz, já sabendo que Tatsumiya iria falar que ela não precisava fazer isto, já que o dever de todos era servi-la.

 

— Além do mais, tem outros motivos para eu tomar a decisão que irei falar logo logo. — Uomi diz, dando as costas para as garotas.

 

— É sobre a Mikotsu… — Ela diz, fazendo até Jiiya tremer, mesmo já sabendo do que o assunto se tratava.

 

Já as demais presentes, ficaram em alerta. Helica serrou seus punhos com força, e sua raiva estava visível em seu rosto, achando que algo grave aconteceu. Pulmo ficou neutra e inquieta, enquanto Tatsumiya ficou em choque.

 

— Eu… ainda consigo sentir a presença dela. — Uomi diz, colocando a mão em seu peito — Mas, é estranho.

 

Ela se vira para as meninas novamente.

 

— É uma sensação diferente. Eu sinto sua presença… mas tem algo faltando.

 

— …Então… ela está viva? — Tatsumiya diz, mais para si mesma. Ela sabia que Mikotsu não morreria tão fácil, mas ainda assim.

 

— O problema não é este, isso já era esperado. — Uomi ergue sua cabeça, olhando para as três ali — Eu não consigo mais sentir o seu ódio.

 

As três ao mesmo tempo mudaram suas feições, como se tivessem acabado de receber uma notícia muito repentina e grave.

 

— Vocês sabem, nós fazemos parte uma da outra. Era natural eu sentir sua angústia e tristeza… mas agora, eu não sinto mais esta dor. É como se ela tivesse desligado estas emoções, ou estivesse dormindo, porque eu não consigo sentir nada além de sua presença.

 

“…Isso quer dizer…” Tatsumiya pensa.

 

— A-A princesa acha que… — Helica fala em choque, fazendo Tatsumiya olhar para ela, como se as duas tivessem pensado a mesma coisa.

 

— … Mikoootsu… estaaa calma? — Pulmo completa, colocando as mãos na boca.

 

Uomi apenas acena com a cabeça.

 

“…. Impossível. Mikotsu odeia a princesa com todas as forças desde que o rei se foi… e ainda na guerra… as duas chegaram a conversar mas…” Tatsumiya olha para suas próprias mãos, que estavam sobre seus joelhos, enquanto ela estava sentada sobre as próprias pernas naquele pequeno puff aqua.

 

— Bom… certamente não devemos tomar decisões precipitadas, mas devemos levar em consideração a opinião da princesa. — Jiiya fala, notando o silêncio de todas ali.

 

— De fato, também não estou insinuando coisa alguma, mas… — Uomi volta a olhar para baixo — Eu estou curiosa sobre esse sentimento. Eu nunca senti isto antes, e quero me aprofundar mais nas emoções de Mikotsu. Se existe mesmo uma possibilidade dela estar começando a abolir o seu ódio, eu quero ajudar.

 

As três jovens então se olham, ainda surpresas e confusas.

 

— Então… o que a princesa irá fazer finalmente? — Tatsumiya quebra o silêncio, voltando ao ponto.

 

— Vocês sabem que o aniversário do reino está chegando, certo? — Uomi diz, levantando a cabeça novamente e olhando para as meninas.

 

— Ooooh é meeeesmo! — Pulmo diz, flutuando um pouco mais alto e sorrindo, mudando por completo sua expressão de preocupação. Como se ela já não soubesse do assunto, já que foi exatamente sobre o que Jiiya conversou com ela e Helica.

 

— Estou pensando em fazer uma festa grande desta vez. — Uomi diz, voltando a segurar suas mãos.

 

— E… o seu aniversário também se aproxima, não é, Tatsumiya?

 

Tatsumiya fica surpresa pela princesa lembrar de seu aniversário, que faltava um mês para chegar.

 

Ela desvia o olhar para Helica e Pulmo, as quais estavam sorrindo para Tatsumiya.

 

“Espera…” Tatsumiya começa a raciocinar.

 

— Ahem! — Jiiya se intromete — Pois bem. A Princesa achou uma boa ideia comemorar seu aniversário e o aniversário do reino! Estávamos pensando nisso a um tempo, e como seu aniversário é alguns dias depois do reino, queríamos saber se você acha isto uma boa ideia, hehe…

 

Jiiya conclui, com um pouco de vergonha. Tatsumiya sente suas bochechas ficarem quentes também, envergonhada por todos terem pensado em seu aniversário como se fosse algo tão importante.

 

— P-Pessoal… !! Não precisava de algo assim! — Tatsumiya fica vermelha por completo, olhando para baixo.

 

— Claaaaaro que preciiiiiisa!! — Pulmo flutua até Tatsumiya.

 

— Você é uma das mais próximas da princesa, nosso pilar, você merece. — Helica diz se aproximando e dando um curto sorriso.

 

Uomi anda até Tatsumiya, e olha para a garota que se esforçava para não recuar seu olhar envergonhado.

 

— Tatsumiya, como eu disse, você e todas aqui… são muito importantes para mim. Por favor, deixe-me retribuir tudo que já fez por mim.

 

Tatsumiya se vê encurralada, com a princesa na sua frente, e duas companheiras sorrindo ansiosas a espera do sim da garota.

 

Ela então da um suspiro, e abaixa sua cabeça.

 

— Se é o que a majestade quer… — Ela diz, corando novamente.

 

— VIIIIIVAAAAA! — Pulmo flutua toda a sala.

 

— HAHAHAHA!! MAIS CERVEJA!! Glup, q-quero dizer… — Helica coça sua nuca, sorrindo envergonhada com o que acabou de dizer.

 

“Então era esse o assunto que eu não poderia ouvir…” Tatsumiya pensa, dando um sorriso tímido. Ela ergue sua cabeça, e vê Uomi, sorrindo para ela.

 

Ver aquilo deixou Tatsumiya surpresa, e mais feliz por dentro. Não era comum ver Uomi sorrir…

 

— Certo! Então, sobre a Mikotsu! — Jiiya chama a atenção das garotas contentes na sala, fazendo todas voltarem para seus postos.

 

— A princesa irá monitorar a Mikotsu, o que significa que ela terá que ficar acordada. Isto é perigoso então ela vai sim dormir as vezes, mas… para ter certeza das emoções de Mikotsu, precisamos entender se ela está acordada ou não… para ver se isso é o que está afetando suas emoções.

 

— Hmmp. Princesa, não se arrisque muito por conta dela. Não podemos ter outra guerra aqui. — Helica é direta.

 

— Eu sei… não se preocupem. Eu vou me certificar de que ela não faça mais nada de novo, nem que eu tenha que dormir para sempre novamente. — Uomi diz, voltando a se sentar, deixando as demais com olhares tristes porque já estavam animados pela sua princesa estar interagindo como antigamente.

 

— Certo, então… — Tatsumiya se levanta. — Era sobre isso que iria falar comigo, princesa?

 

— Sim… e eu tenho um pedido.

 

— Oh… certo, no que posso ajudar?

 

— Você já viu Wadanohara e os outros hoje, certo?

 

— Sim, majestade. Quer que eu chame eles?

 

— Eu tenho um assunto a tratar com a Wadanohara e o Samekichi… espero não incomodá-los.

 

—… Entendo. — Tatsumiya diz.

 

“… Será que ela vai falar sobre o mar da morte?” Tatsumiya pensa, mas balança a cabeça negativamente e se prepara para sair do castelo.

 

— Certo, é para eu chamar eles dois? — Tatsumiya pergunta, segurando suas mãos.

 

— Sim, por favor. Não posso ficar acordada por mais tempo, estaria me arriscando demais então quero falar sobre isso logo.

 

— Entendido, eu então…

 

— C-CUIDADO VOCÊ VAI… — Tatsumiya é interrompida por uma voz familiar invadindo a sala.

 

Todos olham para as portas do salão, e só vêem a Memoca caída no chão, com Dolpi em cima dela. Logo atrás delas, estava Fukami as julgando severamente, e Wadanohara ao seu lado com suas mãos na boca.

 

Tatsumiya apenas da um suspiro e fecha seus olhos.

 

— D-Desculpe princesa… Nós ficamos preocupados com a Tatsumiya e… achamos que seria uma boa ideia vir aqui falar com ela mas… — Wadanohara diz, se curvando para Uomi da onde estava.

 

— As duas não conseguiram controlar os próprios ânimos e vieram fofocar os assuntos de vocês. — Fukami completa a frase de Wadanohara com suas próprias palavras.

 

— F-Fukami!! — Wadanohara olha para ele nervosa.

 

— WAAAH É MENTIRA!! — Memoca bate as mãos no chão, irritada com Dolpi que continuava em cima dela.

 

— Bom dia Princesa Uomi. — Dolpi diz normalmente, como se não estivesse esmagando ninguém.

 

Uomi olha para aquela cena, enquanto Memoca se debatia e gritava “QUE BOM DIA OQUE!!!??? SAI DE CIMA DE MIM VOCÊ TÁ MUITO PESADA AAAAARGH” e Dolpi falava “Está chamando Dolpi de gorda??”

 

— E depois eu que sou doida… — Helica murmura… alto o suficiente para Memoca ouvir e gritar com ela também.

 

Mas a atenção de todos vai diretamente para Uomi, que sorriu pela segunda vez no dia.

 

Era como se todos estivessem olhando uma grande barra de ouro de última qualidade, porque era essa a sensação, por conta da Uomi estar radiando uma aura gigante de alegria.

 

— A PRINCESA SORRI! —Dolpi grita.

 

— MEU DEUS — O choque fez Memoca se levantar rapidamente, fazendo Dolpi cair de costas no chão — QUAL É A DESGRAÇA??? O MAR VAI FICAR MENSTRUADO DE NOVO?? O MISERÁVEL BRANCO VAI VOLTAR PRA CÁ??

 

Memoca surta, realmente achando que era fim dos tempos porque Uomi estava sorrindo.

 

Todos então começaram a rir - menos fukami, que só fez um facepalm, julgando as coisas que Memoca dizia na frente da Princesa - E Tatsumiya anda até Wadanohara, que depois de rir junto com todos foi ajudar Dolpi a se levantar.

 

— As costas de Dolpi doem…. — Dolpi diz sorrindo por conta de todos estarem felizes, mas uma lágrima descia por sua bochecha.

 

— Ah…! Quer que eu faça uma magia de cura? — Wadanohara pergunta. Era engraçado ver aquela cena, já que depois de todos crescerem, Dolpi e Memoca que eram muito mais baixas que Wadanohara, estão mais altas que ela. Mas ainda assim, isso não impede a bruxa de continuar cuidando das duas como uma mãe.

 

— Wadanohara… — Tatsumiya interrompe a conversa das duas — Você chegou na hora certa, apesar de estar xeretando…

 

A moça diz, rindo atrás de sua mão sobre a boca.

 

— EHH!?.. E-Eu não estava xeretando!! — Wadanohara diz quase chorando. É, apesar dos anos, ela continua a mesma garotinha sensível e amorosa no fundo.

 

— Ahaha… eu sei bobinha. Enfim, a princesa quer falar com você e o Samekichi.

 

— Ah… samekichi? — Wadanohara fica surpresa pela princesa querer conversar com ela depois de um tempo — …Aconteceu algo sério mesmo?

 

Wada pergunta, não tendo boas memórias da última vez que a princesa quis falar com samekichi diretamente.

 

— O quê? Ah, não. Eu estou mais aliviada até… — Tatsumiya sorri para a menor — É só que, aparentemente, a princesa está sentindo algo na Mikotsu… algo sem ser ódio.

 

Wadanohara arregala seus olhos após ouvir aquilo, ficando curiosa e ao mesmo tempo preocupada.

 

— M-Mikotsu??

 

— Senhorita Wadanohara! — Jiiya corta o grande barulho que estava naquele salão, pois todos ainda estavam comemorando o sorriso de Uomi, que até já parou de sorrir se sentindo envergonhada pela ação de todos.

 

Wadanohara então olha para a princesa Uomi, e Tatsumiya faz o mesmo.

 

— Podemos conversar… a sós? — A voz de Uomi ecoa pela sala, depois de todos terem ficado calados e olharem para Wada.

 

A bruxa então engole seco, e sente um toque no ombro. Ela olha para seu lado e Tatsumiya estava lhe dando um sorriso sereno e caloroso. A pequena então se sente mais calma, e caminha até a princesa, fazendo todos na sala se retirarem.

 

— Aah… Será que ela vai demorar muito? eu tô com mó vontade de comer uvas do mar… — Memoca diz bocejando, e aguardando a Wadanohara numa sala com bancos.

 

— Uvas do mar… — Dolpi murmura, indo atrás de Memoca. Fukami estava logo atrás da menor.

 

Tatsumiya passa por eles, e Memoca a chama atenção.

 

— EI! Tatsumiya! — A moça olha para trás.

 

— O que foi que rolou? Aconteceu algo grave mesmo?

 

— Ah… não, não foi nada. — Tatsumiya sorri para os três, ainda aliviada que não era algo tão sério. — Só foi uns assuntos pendentes com a princesa, e…

 

Ela olha para baixo, deixando Memoca e Dolpi curiosas.

 

— Creio que a Wadanohara vai sair da sala com uma surpresinha. — Tatsumiya levanta seu rosto, revelando um sorriso malicioso enquanto se referia ao aniversário do reino que prometia ser uma grande festa, coisa que as pequenas gostam.

 

— WOOO!!! AGORA VOCÊ ME DEIXOU CURIOSA — Os olhos de Memoca brilhavam e ela logo correu para as portas do salão de novo, mas Fukami apenas a puxa pela gola da camisa quando passa por ele, sem nenhum esforço.

 

— ARGH, MINHA GARGANTAAA — Memoca começa a se debater, e Fukami a solta, começando a repreender seus comportamentos infantis e dizendo que não era para fofocar os assuntos da princesa. Dolpi apenas olha para Memoca fazendo birra no chão, e Tatsumiya sorri para os jovens de costas, se retirando do local.

 

A dama então sobe até o topo do castelo, indo para a varanda do mesmo, onde costumava ir para refletir.

 

O mar estava lindo e sereno, exatamente como estava antes. Ela coloca suas mãos no corrimão de madeira, sentindo as ondas do mar balançando seus longos cabelos brancos. Tatsumiya havia mudado assim como Wadanohara durante esses anos. Ela deixou seu cabelo crescer, assim como ele era quando Meikai ainda estava vivo.

 

Falando nele, ela volta ao seu estado melancólico. Observando a paisagem, memórias da última guerra invadem sua cabeça.

 

“Desde que meu pai se foi, as coisas têm sido muito difíceis, tanto para mim quanto Mikotsu… E mesmo após tudo isto, vocês nunca saíram do meu lado. Pelo contrário, deram suas vidas para salvar todo o reino, e a mim.”

 

As palavras de Uomi surgem em sua mente, como uma luz forte brilhando na escuridão.

 

Saber que Uomi via paz, mesmo na miséria… Saber que ela se sente segura com pessoas como a Tatsumiya ao seu lado… a inspirar a pensar o mesmo. Mesmo em situações difíceis, ela nunca esteve sozinha…

 

Mesmo perdida no escuro, ela encontrou um boato… uma luz…

 

“Sei que isso já aconteceu há alguns anos, mas nunca agradeci com atenção…”

 

Essas palavras, juntamente com as memórias da última guerra, fizeram com que Tatsumiya se lembrasse de uma pessoa.

 

Seus olhos brilharam ao ver esta pessoa em sua mente. Sim…

 

— … Aquela orca… — Tatsumiya sussurra para si mesma. Ela lembra de quando estava à beira da morte, completamente perdida numa escuridão terrível… e então, de repente…

 

Um desconhecido de terno, surgiu no completo caos, e a salvou sem nem pensar duas vezes. Essas memórias aquecem seu coração, e assim como a princesa…

 

— Isso já aconteceu há tantos anos... mas ainda assim, nunca agradeci comentarmente… — Ela suspira, se debruçando sobre o corrimão de madeira, olhando para o reino abaixo.

 

“Se eu ao menos… tive uma oportunidade. Se eu ao menos pudesse o ver de novo, eu…” Vários pensamentos invasivos gritaram na mente de Tatsumiya, ela começou a sentir angústia e arrependimento.

 

“Assim como Meikai… eu nunca… eu nunca agradeci como devia… eu…” Ela sentiu sua mente se afundando na escuridão de sua própria dor.

 

Ela podia sentir as lágrimas surgindo em seus olhos, como um copo d'água prestes a transbordar. Pensar em memórias assim iria fazer com que Tatsumiya tivesse, mesmo que pequeno, um surto. Ela ficou entusiasmada

 

Ela precisa…

 

— A vista daqui é muito bonita.

 

… De uma luz.

 

— … — Tatsumiya ouve uma voz familiar, e rapidamente olha para o seu lado.

 

Um rapaz de terno, com um cigarro na boca, debruçado sobre o corrimão de madeira ao lado de Tatsumiya, observava a mesma paisagem que ela.

A dama se afastou um pouco dele, incrédula. Sua expressão era de puro choque.

 

— Hum? O que houve? — O rapaz finalmente olha para o peixe — Por que está chorando?

 

Tatsumiya ficou paralisada, só depois viu uma lágrima na sua bochecha, mas aquilo não importava.

Pois ela estava apenas olhando

Uma luz, no meio de sua escuridão.

Chapter 2: Irmãos Rancorosos e Decisões Inusitadas.

Chapter Text

— Você vai o quê!?

Um jovem orca grita com seu irmão, que se encontrava despreocupado em sua sala de estar, com os pés sobre a pequena mesa de vidro logo a frente do sofá no qual ele estava sentado.

 

— Isto mesmo. — A figura responde, deixando um pouco de fumaça sair de sua boca, que tinha um cigarro no seu canto.

 

Ahh, a cena de dois irmãos discutindo. É natural que irmãos se odeiem, e a família seja uma zona de guerra constante... E claro que não seria diferente com aqueles dois. A cena consistia no irmão mais velho, repreendendo o mais novo por suas escolhas repentinas e sem pé nem cabeça; Enquanto o irmão mais novo apenas ignorava qualquer palavra que saísse da boca do maior, estampando o sorriso mais sínico em seu rosto.

 

Sim, aquela cena era típica e comum na residência das Orcas de Iceberg Island. E quem mais sabia disto, era a pequena orca, que espreitava a discussão pela fresta da porta do quarto.

 

A causa da briga da vez, era Idate, o irmão mais novo, declarando que passaria uns meses fora de sua morada da forma mais natural possível. Já em outro lado, temos o mais velho, Takama; O rapaz não gosta tanto do irmão pelo comportamento irracional e violento do mesmo. Mas ainda assim, não consegue evitar de demonstrar o mínimo de preocupação por ele.

 

E quanto a pequena que observava tudo? Aquela era Nagi, filha de Takama. Ela não consegue evitar de ver o pai e o tio brigando, já que é meio difícil não ouvir os dois discutindo e também pela sua afinidade com Idate.

 

— Não, você não vai. — Takama diz num tom sério, cruzando seus braços.

 

Idate olha para o irmão, com seu sorriso ainda no rosto.

 

— Eh? — Ele encara Takama em silêncio, fazendo o irmão ficar mais irritado.

 

— COMO ASSIM "EH" !? O que da em você as vezes?? Primeiro violenta nossos vizinhos por puro prazer, depois enche a cara e volta pra casa bêbado... E EU JÁ FALEI PRA NÃO FUMAR DENTRO DA MINHA CASA. — Takama grita a última parte, indo até Idate e pegando o cigarro da sua boca ferozmente, deixando o rapaz surpreso e finalmente abrindo seus olhos.

 

— Nooossa… e eu que sou agressivo? — Idate diminue seu sorriso cínico, expirando o ar de seus pulmões, fazendo toda fumaça do cigarro sair pelo seu nariz.

 

Takama destrói o cigarro com suas próprias mãos, o esmagando. Em seguida limpa as cinzas em seu próprio manto. Ele então suspira, e leva sua mão para o dorso de seu nariz, demonstrando claramente sua decepção para Idate.

 

— Idate… o que foi que fez você tomar uma decisão tão repentina assim? — O mais velho pergunta, ainda com a mesma pose.

 

— Oras… eu já fiz isso antes, não? — Idate retira seus pés da mesa da sala, antes que o irmão reclamasse daquilo também.

 

— Sim, e nós conversamos sobre isso. — Takama diz, retirando sua mão de seu rosto e olhando para Idate novamente.

 

— Eu não sou sua mãe, muito menos seu pai, então não vou simplesmente mandar em você. Mas saiba que você tem responsabilidade, afinal você não é uma criança, nem um adolescente. — O mais velho inicia seu discurso arcaico, fazendo Idate se debruçar sobre si mesmo no sofá, respirando fundo e desviando o olhar para a direção oposta que Takama estava.

 

— Eu não ligo para onde você vai, nem o que anda enfiando na sua boca — Takama diz, se referindo ao fato de Idate fumar em excesso e beber bebidas alcoólicas até não aguentar mais.

 

— Mas… ao menos, tenha noção de que você tem que parar de ser um maníaco suicida, porque é exatamente o que você se parece com suas decisões inusitadas. Eu não gosto de falar isso, mas… a Nagi se importa com você e você sabe disto. O que você acha que ela pensa quando você aparece aqui sujo de sangue ou vomitando todo o chão!? Ela pode estar um pouco mais velha, mas ainda assim é uma criança!

 

Idate começa a encarar os seus sapatos, ainda em silêncio.

 

Vendo que aquela discussão teria o mesmo fim de todas as outras, Takama suspira, e cruza os braços novamente.

 

— Para aonde você vai se meter desta vez? — O maior pergunta, fechando seus olhos.

 

Idate o olha, ainda debruçado sobre as próprias pernas enquanto segurava suas mãos. Ele sorri de canto de boca, mas ainda estava sério por dentro.

 

— Achei que não se importava com o que eu fazia ou deixava de fazer, Irmão. — Idate diz, apontando a hipocrisia (ou mentira) de Takama. O mais velho da um pequeno pulo e demonstra mais irritação ao irmão.

 

— E-EU NÃO ME IMPORTO. Porque eu ligaria para alguém que nem liga para si mesmo, isto é patético. — Takama diz, desviando seu rosto de Idate.

 

— Eu só quero ter certeza de que você não está se metendo em mais problemas, igual você sempre faz e acaba envolvendo a mim e minha família. E também… — O rapaz olha para o quarto de Nagi, fazendo a garota que ainda estava ali se mover para o lado da porta, encostando-se na parede de seu quarto.

 

— … Quero saber o que dizer para Nagi, quando não o ver aqui. — Takama concluí, voltando para Idate com seus olhos fechados, repreendendo a decisão repentina do mais novo por dentro.

 

Idate apenas suspira e se levanta, espreguiçando seu corpo que ficou o dia inteiro deitado naquele sofá.

 

— Nagi já está uma mocinha, não precisa de mim para ficar cuidando dela. Além disso, você é o pai dela não é? Não era você também que dizia para eu não influencia-la? — Idate diz, terminando de estralar suas costas e suas mãos.

 

— Eu sei disso seu idiota. Eu só… — Takama suspira — Apenas responda a maldita pergunta. Aonde está se metendo?

 

Idate sorri mais uma vez, e olha para a grande janela da sala. Visitar aquela mansão sempre será um privilégio para Idate, embora ele não goste tanto da dona… sendo ela a esposa de seu irmão.

 

— Eu não tenho um mapa que me guie aonde eu vou. — Idate diz, ainda olhando para o céu estrelado por trás daquela janela no teto.

 

— Eu só sou … uma orca passeando, afinal. — Idate sorri para o irmão, e finalmente se move, saindo da sala.

 

— Está me dizendo que não tem para onde ir e mesmo assim você vai!? — Takama segue o mais novo as pressas, depois de tentar racionar o que Idate queria dizer.

 

Os dois se retiram da sala, deixando Nagi inquieta em seu quarto. A garota se sentia destruída.

 

Desde que ela se entende por gente, ela não só gostava de seu tio de forma afetiva, como era apaixonada por ele. Quando ele partiu de repente pela primeira vez, ela chorou todos os dias e noites, enquanto seus pais tentavam a acalmar.

 

E quando o rapaz voltou, a garota ficou muito grudada no mesmo, e até mais agressiva quando ele tentava se afastar da sobrinha. Agora, receber esta notícia novamente…

 

— … Tio… você está… — A expressão da garota fica sombria, apesar de sua vontade de chorar ser grande — … tentando fugir de mim de novo?

 

Enquanto isso nos corredores da mansão, Idate arrumava seu terno, que havia deixado mais desleixado para relaxar no sofá de Takama, ao mesmo tempo que Takama o sufocava com várias perguntas.

 

— Você é um nômade ou o quê? Eu sempre desconfiei de ser um agiota… por isso estou sentindo falta de algumas jóias do meu quarto. Idate, se você estiver roubando minha casa para usar de dinheiro para comprar seus malditos cigarros eu juro que eu…

 

— Cristo... irmão, você não para de falar, pelo amor de deus. — Idate diz num suspiro, já perdendo a paciência com o mais velho seguindo ele por trás naquele enorme corredor com candelabros e um tapete vermelho. A lua iluminava a mesma através das grandes janelas nas paredes.

 

— Só me diga o que você está pensando de uma vez. — Takama puxa o irmão pelos ombros, fazendo o rapaz o olhar nos olhos.

 

— Eu vou explorar uns mares. — Idate finalmente responde uma das milhares de perguntas do maior.

 

— … Uns mares? — Takama não entendeu, e Idate afastou suas mãos de seus ombros, rolando seus olhos já irritado.

 

— Sim, mares. Quando eu saí de Iceberg Island eu fui para vários lugares, e um deles foi um lugar chamado Mar Azul.

 

— … Bom… mar sem ser azul não existe né. — Takama diz. Embora seu tom de voz fosse de desconfiança, por achar que Idate estava inventando, Idate ri do irmão achando que ele estava sendo irônico.

 

— Qual é a graça agora?? — Takama diz indignado, e Idate só para sua risada.

 

— Hm… agora que você me fez lembrar deste mar… — Idate olha para a janela novamente — … Lembrei do reino que visitei uma vez.

 

Takama olha para o irmão, ainda com seu olhar de reprovação, mas o mais velho estava curioso.

 

— Reino? Que reino?

 

— Um reino bem no fundo do mar. — Idate volta a andar pelo corredor, com suas mãos no bolso da calça. Takama o segue logo atrás novamente.

 

— As pessoas de lá me trataram bem até, haha. Foi bem divertido bulinar uns carinhas que encontrei no caminho também. — Idate da um sorriso sádico com as memórias de seus maltratos com Samekichi… até vir em sua cabeça um outro tubarão, que ele havia lutado para proteger uma dama.

 

— Você o quê!? Eu sabia!! Estava se metendo em problemas enquanto nós nos preocupávamos com você!! VOCÊ É TÃO…!! — Takama iria explodir de raiva e pular em Idate ali mesmo, mas ele percebe que o irmão havia parado de andar, e estava com uma expressão de choque em seu rosto.

 

— Hm? O que foi? — Takama muda completamente seu tom de voz vendo Idate agir estranho de repente. Mesmo que ele repreenda o irmão de todas as formas, ele realmente não consegue esconder seu afeto pelo mesmo, que vive nas profundezas de seus sentimentos.

 

— … Aquela camarãozinha… — Idate esboça um sorriso que aumentava lentamente, até ele abaixar a cabeça e rir sozinho.

 

— Camarãozinha? Do que você está falando?

 

— Ahahah! obrigado irmão, acho que tenho em mente para onde ir agora. — Idate diz ainda sorrindo, e dando tapinhas no ombro de Takama, depois de o segurar por uns segundos. Ele então volta a andar, rindo sozinho, enquanto Takama ficou parado completamente confuso por uns minutos; Mas corre atrás de Idate novamente, o cobrindo de perguntas, mas a orca não estava ouvindo mais nada. Ele estava muito ocupado em seus próprios pensamentos.

 

“ Nossa … foram tantos anos, eu nem me lembrava mais deste dia ” Idate pensa, sorrindo.

 

— Ei, você está bem? — Idate pergunta para a moça ferida, que estava surpresa pelo rapaz ter a defendido tão de repente.

 

— A-Ah, eu?? Quero dizer… sim, obrigada. — A jovem responde, segurando a mão de Idate, que a ofereceu para ajuda-la a se levantar. As primeiras impressões dele sobre a dama era que ela era elegante, e pelo seu comportamento com o rapaz, era uma moça gentil. Idate então se comportou de uma forma que ele normalmente não se comporta, principalmente com estranhos. Ele foi educado, e bem cavalheiro, apesar de estar fazendo tudo aquilo por não ter nada melhor para se fazer. Ele até aceitou o pedido da bruxa, que dias atrás ele tentou matar…

 

Aceitando levar a desconhecida para um local seguro, e assim tomar “conta” dela até tudo se cessar. Graças a Idate, a moça ficou segura.

 

E então, como prometido, a bruxa retornou com seus amigos para buscar a dama depois de o mar voltar ao que era antes. Dessa forma, a orca se despediu da moça, e eles nunca mais se viram.

 

Essas memórias fizeram com que Idate se sentisse mais calmo de certa forma, mas assim como seu comportamento repentino ao interagir com a estranha, ele não percebeu a indiferença de suas emoções, e apenas ignorou o fato de sua alegria ao lembrar desse acontecimento.

 

Quando a orca estava prestes a abrir os portões da mansão para ir embora, Takama puxa seu braço com força, o trazendo de volta para a vida real.

 

— VOCÊ ESTÁ ME IGNORANDO?? — Takama grita com Idate, que fica surpreso com o irmão estressado, e percebe que acabou se perdendo em seus pensamentos.

 

— Ah, desculpa hahaha. Acho que acabei voando um pouco. — Idate sorri para Takama, que estava quase explodindo de ódio.

 

— EU TE FIZ VÁRIAS PERGUNTAS E VOCÊ SÓ SAIU ANDANDO!! SINCERAMENTE IDATE, PORQUÊ VOCÊ… — Idate coloca seu dedo sobre a boca do irmão, que olha para as mãos de Idate em seu rosto, como se ele tivesse acabado de apontar uma arma para ele… Isso porque ele definitivamente iria quebrar o dedo da orca depois de ter calado o irmão mais velho desse jeito.

 

— Shh, tá vendo? É por isso que você tem verrugas. — Idate diz, com seu sorriso sínico ainda no rosto — Viver tão estressado e falando sem parar faz mal para a pele, sabia? Então, que tal fecharmos isso por um minuto hein?

 

Idate finaliza suas últimas palavras, dando tapinhas de leve na bochecha de Takama, que o olhava paralisado de raiva.

 

E então Idate caminha sorridente para fora da mansão, como se nada tivesse acontecido. Ele encara a lua brilhante, que estava com um aspecto azulado, iluminando toda a paisagem coberta de neve.

 

Ele da um longo suspiro, e olha para baixo.

 

— Parece que vou te visitar mais uma vez, camarãozinha. — Ele diz, erguendo sua cabeça e olhando para as estrelas.

 

Aquele momento era tão relaxante e romântico…

 

Até uma mesa atingir Idate que ainda estava na entrada da mansão, a qual foi arremessada pelo seu irmão furioso, através da janela do primeiro andar.

 

Felizmente, algo como aquilo não mataria Idate, mas ele se machucou bastante…

 

— Ahaha… TRAPACEIRO COMO SEMPRE NÉ, IRMÃO? — Idate grita o irmão, após tirar a mesa de cima de seu corpo, olhando para a janela com sua cabeça sangrando e seu sorriso sínico.

 

A resposta de Takama foi dar o dedo do meio para Idate, e rapidamente fechar a janela da mansão, assim indo embora. O mais velho é um homem de respeito, então fazer algo do tipo xingar palavras pesadas, só era visto por Idate que era o único que conseguia o tirar do sério a esse ponto.

 

Idate então sorri, e caminha para a vila de Iceberg Island, a qual era afastada da mansão chique da esposa do irmão.

 

“ Bom, amanhã vai ser um longo dia… melhor eu dormir logo. ” Pensa a Orca, assim, indo para sua casa no vilarejo.

Chapter 3: Reencontro de Inimigos Passados.

Chapter Text

A diferença entre o oceano pacífico para o glacial é tão grande, que chega a ser engraçado.

Idate sentia seu corpo formigar completamente toda vez que saía de Iceberg Isle para explorar outros mares, por conta da absurda diferença térmica.

 

Como dito na noite passada, o rapaz realmente partiu de sua ilha para aproveitar um tipo de férias que ele mesmo decidiu tomar. Sem um barco (e por sempre viajar manualmente) Idate estava se adentrando no tão esperado Mar Azul, em sua forma de orca.

 

Ele então avista o reino submerso, e da uma pausa, voltando a sua forma humanóide.

 

O rapaz observa o reino iluminado abaixo. Mesmo estando de dia, as luzes eram facilmente vistas.

 

— Haah... e cá estou eu mais uma vez — Idate diz, sorrindo enquanto pensava nas suas últimas memórias naquele lugar.

 

“ Bom, vejamos. Eu trouxe cervejas e cigarros do Rock comigo. Espero que ele não se importe, haha ” A orca pensa, nadando para o reino enquanto olhava dentro de uma pequena sacola preta que carregava.

 

Na noite passada, o rapaz havia aproveitado que ainda era madrugada e invadiu a casa do Penguim, que estava embriagado e dormindo no sofá com uma garrafa de vodka meio vazia em sua mão. O mesmo ainda teve a audácia de colar um postite super gay em sua cara, escrito: “Rock, obrigado pelos cigarros e cervejas, amigão! Vou precisar para a viagem, espero que não se importe. ^3^

 

- Beijinhos, O seu parceiro de Câncer Pulmonar. ♡”

 

Conforme Idate entrava mais no reino, ele ficava mais curioso. Era nostálgico para ele visitar aquele lugar. Pelo visto, Umizoko era um dos lugares favoritos de Idate para “passear”, mesmo só tendo visitado o reino uma única vez. Para ele, Umizoko era um prato completo, pois tinha: Vários locais para ir (Pontos de certa forma turísticos, como o mar das estrelas); Mercados com petiscos deliciosos e baratos, acompanhados de bebidas em sua maioria alcoólicas ou apenas suco de frutas; E a cereja do bolo… Peixinhos para ele “brincar”.

 

Falando em mercados, Idate lembra de algo quando retirou uma caixa de cigarro da sacola.

 

— … Eu estou … de baixo d'água. — A expressão da orca fica em branco, esquecendo completamente que seus cigarros não funcionariam dentro do mar…

 

— Bom dia, senhor! Você não parece ser daqui. Seja bem vindo à Umizoko! Tome este panfleto e o mapa do reino. — Uma garota molusco alaranjada diz, entregando um panfleto bem decorado junto com um mapa.

 

Idate olha para a menor, em seguida sorrindo e pegando os papéis.

 

— Obrigado.

 

A garota então se retira rapidamente, indo para um grupo com outras garotas, também segurando panfletos. As demais olhavam para Idate e depois para a menina molusco, assim começando a murmurar coisas do tipo: “Eu ainda não acredito que a Minero nos arrastou para isso.” Uma garota de cabelos verdes resmunga com uma expressão neutra; “Bom, pelo menos estamos fazendo algo útil e realmente vamos ganhar alguma coisa invés dos tesouros imaginários que ela procurava.” Outra de cabelos brancos presos numa chiquinha longa com laços cinzas responde; “E-EI! N-Não é culpa minha que não achávamos nenhum tesouro!! De qualquer forma… que medo daquele cara… SERÁ QUE ELE É UM AGIOTA!?” “VOCÊ FALOU MUITO ALTO SUA BOBA!” As duas amigas da molusco supostamente chamada Minero dão um bonk na menor, fazendo ela choramingar.

 

Idate apenas observou as garotas com o mesmo sorriso de sempre, e decidiu ignorar tudo que ouviu para as meninas acreditarem que não falaram nada tão alto desde o início.

 

— Ai ai, crianças — A orca diz, voltando a andar enquanto dava uma olhada no panfleto em sua mão.

 

O papel azul decorado com estrelas e algumas ondas, tinha a imagem de uma grande construção, que aos olhos de Idate… parecia um hotel; Ao topo da mesma estava escrito “O Aniversário do Reino se aproxima! Chame todos os seus amigos e familiares para comemorar mais um ano de paz em Umizoko”

 

— Hoho? parece divertido. — Idate sorri virando o outro lado do panfleto, para ver se tinha mais informações enquanto andava pelas ruas movimentadas, completamente distraído.

 

Não muito longe dali, um tubarão que antes era temido por todos... recebia olhares de admiração assim que pusera os pés em Umizoko. Seu nome era Samekichi.

 

O garoto estava desde o amanhecer, sentado em sua típica pedra. Ele está bem pensativo ultimamente, e isso por

 

causa de Wadanohara. Depois de uns dias após o seu retorno, Samekichi e Wadanohara começaram oficialmente a namorar. Agora, os jovens estão prestes a completar um ano juntos… e ele não sabia o que fazer… nem o que dar para a amada.

 

Afinal, tudo isso ainda é muito novo para ele.

 

Então, já cansado de pensar, o tubarão pulou para o mar com o objetivo de ver a namorada.

 

— É o Samekichi!! Por favor, me da um autógrafo?? — Samekichi é surpreendido por uma pequena criança, erguendo um papel e caneta para ele. Aquilo já era comum em seu dia a dia… apesar do garoto nunca se acostumar com pessoas o elogiando a todo momento.

 

Desde que Samekichi voltou do Mar da Morte, a princesa Uomi foi uma das primeiras a saber, depois de Wadanohara e seus amigos é claro. E então, ela fez questão de convocar uma reunião com todos os cidadãos do reino, assim nomeando todos aqueles que fizeram parte da salvação do Mar Azul - Sendo eles Samekichi, Wadanohara, Memoca, Dolpi e Fukami; Juntamente com suas cortes Tatsumiya, Pulmo e Helica - como Os Cavalheiros do Mar, ou Nobres de Umizoko.

 

Samekichi é admirado por todo o reino desde então. Ver crianças com roupas góticas como a de Samekichi ou roupas de bruxas era comum depois do ocorrido, assim mostrando o quanto Wadanohara e seu amado são queridos pelo povo.

 

O tubarão então pega o papel da criança, ainda nervoso e desacostumado com isso. Ele desenha um rabisco de um tubarão bravo - ele - e escreve seu nome em cima.

 

Samekichi não fazia a menor ideia de como dar autógrafos, então na primeira vez que pediram um a ele, o garoto perguntou para a Wadanohara como fazia um…

 

Quando a bruxa lhe disse que ele podia só desenhar algo ou escrever seu nome, ele literalmente transformou as duas coisas em seu autógrafo.

 

— Aaah!! Obrigado!! — A criança abraça o papel após Samekichi a entregar, assim correndo para seus pais que o esperavam.

 

Samekichi da um sorriso tímido, e volta a seguir o seu rumo.

 

A alegria por finalmente ser respeitado depois de tudo que ele já passou, o atingia sempre que situações do tipo aconteciam.

 

“Onde será que Wada está…” O tubarão volta para seu objetivo, olhando para o céu acima do mar enquanto andava.

 

— Opa, foi mal. — Alguém diz, após ter se esbarrado em Samekichi e passado direto por ele.

 

— Ah, não foi nad… — O tubarão olha para trás, e se sente paralisado. Aquele que o esbarrou era ninguém menos que Idate, a orca que por pouco não tirou sua vida anos atrás. Samekichi fica irritado com a rápida memória em sua cabeça, não pensando duas vezes em confrontar o rapaz distraído de costas.

 

— Você!! — O garoto grita, aproximando sua mão de sua katana. Ele hesita em atacar Idate diretamente, pois os dois estavam no meio de uma rua movimentada.

 

— Ham? — Idate se vira, ainda segurando um panfleto e com uma mão no bolso. A orca analisa rapidamente Samekichi, notando que ele era um tubarão, assim automaticamente se interessando por ele.

 

— O que faz aqui. — Samekichi tinha um olhar sombrio. Ele não era o mesmo que antes, estava muito mais forte, o que significa que ele não estava intimidado pela orca… embora a mesma ainda não tenha feito nada.

 

Idate sorri de canto de boca, franzindo as sobrancelhas.

 

— Perdão, nos conhecemos? — O rapaz questiona, querendo saber o porquê da intimidade daquela pergunta.

 

Samekichi arregala seu olho, não acreditando que Idate não o reconheceu.

 

— Acha que isso é alguma brincadeira!!? — Samekichi grita, achando que a orca estava zombando dele.

 

Seu grito chama a atenção dos que estavam andando pela rua movimentada, assim parando para prestar atenção nos dois ali.

 

— Eu não sei porque eu brincaria com um estranho... — Idate desfaz o seu sorriso, dobrando o panfleto e o guardando no bolso de seu terno — A não ser, é claro, de que tipo de brincadeira estejamos falando.

 

A orca exibe um sorriso assustador, fazendo Samekichi recuar um pouco. Ele sabia que começar uma luta naquele lugar não era bom, e tentou pensar em como chamar Idate para longe do reino… Mas como? O que fazer? O que fazer!?

 

— Ahahaha! Me desculpe — Idate muda completamente seu humor, deixando Samekichi surpreso.

 

— Eu não deveria falar algo assim para um total desconhecido, ainda mais cercado de crianças. — A orca diz sorrindo, e Samekichi percebe que realmente estava arrodeado por crianças, todas com seus olhos brilhando a espera de seu grande ídolo começar uma luta épica ao vivo.

 

— E também… — Idate se aproxima, colocando uma mão no ombro de Samekichi — Eu sou dependente de cigarros, sabe? E Caaara… como eu tô louco pra fumar… Não consigo lutar assim.

 

Diz Idate, sentindo até náuseas por não ter fumado desde que começou sua viagem de manhã bem cedo por estar de baixo d'água.

 

— Você também fuma, não é? Tem um câncerzinho de pulmão aí que eu sei — O rapaz ri, cutucando o peito de Samekichi, que o empurra irritado.

 

— Vejo que realmente não me reconhece.

 

— Não mesmo — Idate o interrompe, ainda sorrindo sinicamente mesmo tendo sido empurrado.

 

— Mas saiba que… — Samekichi completa sua frase — Eu não vou permitir que toque em nenhum morador sequer neste reino.

 

O tubarão lança um olhar sombrio, que intimidaria qualquer um…

 

— … Boop — Idate toca o peito de Samekichi novamente, claramente não levando o garoto a sério.

 

. . .

 

Um velhinho varria a frente de sua barraca, até ser surpreendido por uma orca de terno caindo bem em cima de seus jarros de plantas decorativas.

 

— WAAAAH, MINHAS FLORES!! — O velhinho grita em choque.

 

— Au… nossa, aquele tubarão é bem forte hein? Interessante. — Idate se senta, sorrindo mesmo sangrando.

 

— … SAIA… DAQUI!!! — A orca é surpreendida por um velhinho batendo em sua cabeça com uma vassoura.

 

— HUH?? EI EI, QUAL FOI COROA!? — Idate grita, se afastando do idoso raivoso.

 

— VOCÊ VAI PAGAR O PREJUÍZO!! — O idoso diz, balançando a vassoura irritado.

 

A paciência de Idate já estava se esgotando desde que chegou em Umizoko. E depois de tudo isso... ela se esgotou por completo.

 

E o que te faz pensar isso, hein? Velhote- — Idate diz com um olhar assassino, mas sua atenção é tomada pela prateleira dentro da barraca do senhor idoso…

 

" Cigarros Marinhos por apenas 10 moedas… "

 

Os olhos de Idate brilharam, como se uma pessoa faminta estivesse encarando um banquete completo bem na sua frente…

 

. . .

 

— Vou querer vinte, por favor — Idate diz em pé na frente da barraca, sorrindo para o idoso enquanto apontava para os cigarros como se nada tivesse acontecido…

 

— EU VOU TE DAR É VINTE PAULADAS, SEU DELINQUENTE — O idoso volta a bater em Idate com a vassoura.

 

Enquanto isso, Samekichi era sufocado por várias crianças que pulavam nele, falando coisas do tipo “ELE ARREMESSOU AQUELE CARA COM UM SOCO!!” “AUTOGRAFA MINHA BICICLETA!” “Será que aquele cara vai virar um novo supervilão?? VAMOS CHAMAR ELE DE SUPER AGIOTA!” “AUTOGRAFA A CARECA DO MEU PAI!!”

 

Samekichi nada para cima, fugindo da multidão que o cercava rapidamente. Ele então se esconde no telhado de uma casa em outra rua.

 

“ Ufa… consegui sair inteiro. Crianças… realmente são assustadoras…! ” O tubarão pensa ofegante, logo depois dando um suspiro de alívio.

 

“ Agora… aquela orca. Eu o arremessei para longe… onde ele deve ter caído? ” Samekichi pensa, inquieto por ter deixado seus nervos tomarem conta de seus punhos e não ter analisado as consequências de sua ação. Ele nada mais para cima, tendo a vista de todo o reino. O garoto estava nervoso por ter perdido Idate de vista.

 

Samekichi não sabia o porquê da orca estar naquele mar de novo, mas de uma coisa tinha certeza…

 

— Nada de bom tem que se esperar com esse cara por aqui… Tenho que encontra-lo e dar um fim nisso, de uma vez por todas.

 

O tubarão diz, assim, começando sua caçada pelo Caos Eminente.

 

. . .

— Haah… Senhor Wanderley, eu acabei — O Caos Eminente diz ofegante, com uma mão segurando uma vassoura, enquanto a outra enxugava seu suor misturado com o sangue em sua testa… depois de ter varrido a calçada de um senhor idoso, em troca de cigarros.

Notes:

Você chegou ao fim! Por favor, se você gostou do capítulo, não esqueça de comentar algo. Me incentiva muito a escrever:)