Chapter 1: Olhos castanhos
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Se tinha uma coisa que Wade sempre odiou foi acordar cedo, mas quando teve que trabalhar para manter os estudos se via numa obrigação em seguir uma rotina, o qual estava completamente desanimado. Suspirou brevemente fechando os olhos e apreciando o silêncio que o seu apartamento lhe proporcionava, mas no momento em que seu segundo despertador — caso não acordasse com o primeiro — tocou, qualquer resquício de ânimo evaporou, bufou e levantou-se da cama tirando a coberta com certa brutalidade, odiava acordar cedo, sempre detestou.
Com certos resmungos matinais foi até a sua minúscula cozinha, que consistia em uma geladeira; microondas; duas prateleiras; um balcão; uma pia e um fogão — nunca utilizado. Abriu uma das prateleiras em busca de seu café, mas torceu o nariz em ver que não tinha ido às compras, em outras palavras, sem café. Quando abriu a geladeira ficou feliz em ver um iogurte ali, ao menos conseguia ludibriar o estômago até o meio dia.
Após sua rápida 'refeição', correu para o seu quarto e trocou-se o mais breve possível, talvez tivesse sorte em não pegar fila na cafeteria e conseguir um café decente antes de ir para o trabalho, pois não poderia de jeito nenhum ficar sem cafeína no organismo.
Teve que fechar os olhos ao sentir aquele vento frio ricocheteando o seu rosto, tão bom, pensava, levantou a gola de seu casaco e caminhou apressadamente até a cafeteria mais próxima. Via aquele aglomerado de pessoas esperando seus ônibus para irem trabalhar, outros para estudar. Aqueles que saiam com os seus guarda-chuvas para evitarem que a leve garoa caíssem sobre eles, completamente irritados falando ao telefone, revirava os olhos perante isso, aquelas pequenas gotículas eram tão boas, relaxavam o seu corpo e sua mente, parecia mais leve, não entendia porque muitos não apreciavam.
Apertou o passo, já que, com aquele clima as cafeterias ficam entupidas. Quando avistou a Bittersweet House, um sorriso brotou em seus lábios, mas sumiu rapidamente ao ver aquela enorme fila, tinha o que? Sete, oito pessoas na sua frente? Mordeu a língua para não xingar aquele povo que certamente tinha café em casa. A cada segundo que passava ficava batendo o pé direito até que se cansava e batia o esquerdo. Mantinha os braços cruzados com uma enorme carranca em perceber que certamente chegaria atrasado no trabalho, já imaginava o esporro que levaria de seu chefe. Suspirou começando a ficar ainda mais nervoso com a demora, já que um cliente estava paquerando o atendente, que claramente estava desconfortável pela forma que sorria forçadamente, mas não prestou muita atenção nisso, tinha mais gente na sua frente que também estava ficando impaciente com aquela situação. Até que um deles — o que estava atrás do paquerador de meia tigela — resolveu agir deixando o outro desconfortável. Segurou o riso diante disso. A fila finalmente tinha voltado a andar, gemeu de satisfação, não aguentava mais ficar ali parado.
Desviou o olhar o relógio de parede que tinha no local, engolindo seco em ver que faltava cinco minutos para dar o seu horário, estava ferrado. Conforme a fila andava, sentia-se cada vez mais nervoso, sabia que deveria ter desistido daquele café e ir correndo para o trabalho, mas seu organismo praticamente gritava que necessitava de um café antes de enfrentar o tornado que seu chefe era. Só de pensar que logo estaria se deliciando pelo gosto amargo da cafeína lhe deixava em êxtase, não poderia iniciar seu dia sem isso.
Fixou seu olhar para o chão como se fosse a coisa mais interessante do mundo e, naquele momento, era. Olhou brevemente para o relógio, sem levantar totalmente a cabeça, questionou se não deveria desistir e dar um louco e ir correndo, chegaria o que; dez minutos atrasados? Riu de si mesmo, era completamente louco em querer ouvir do chefe só por causa do café. Será que deveria levar um para ele também? Indagou-se. Talvez seu chefe fosse como Wade quando toma café; relaxado e recarregado de sua paciência quase nula. Crispou os lábios, pensativo. Extremamente alheio da fila que andou e era a sua vez. Apenas voltou para a realidade quando ouviu uma doce voz lhe chamando:
“Senhor?” Tornou a olhar para frente fixando seu olhar no atentende e arfando. Sua boca ficou seca e seu coração falhou uma batida. Deus, agora entendia porque o cliente babaca tava flertando com o funcionário, seria mentira se dissesse que não queria cortejá-lo também. Céus, aquilo parecia um anjo. Cabelos castanhos completamente bagunçados, os olhos avelãs que continham um brilho inocente, os lábios finos e avermelhados, provavelmente pelo fato de possuir mania em morde-los, era o que pensava Wade. Engoliu seco dando um passo à frente e passando a tamborilar seus dedos sobre o balcão. Sentia aquele frio na barriga em ter aqueles olhos lhe olhando, como se estivesse vendo a sua alma.
Limitou-se em apenas acenar e olhou para as opções de café, murmurando logo em seguida: “Um Macchiato, por favor.” Estava evitando olhar para o funcionário, tinha certeza que se fizesse isso certamente daria em cima, obviamente que não seria inconveniente como o outro.
“Claro, um Macchiato saindo no capricho.” A voz totalmente animada fez seu coração acelerar. Torceu o nariz ao pensar que estava se sentindo atraído pelo outro. Olhou brevemente para o acastanhado, o qual ainda nem tinha descoberto o nome, já que, desviou rapidamente o olhar para sequer olhar a identificação. “Aqui está, deseja mais alguma coisa?” Piscou várias vezes como se estivesse em transe, nem reparou que estava encarando-o, olhou para o café sobre o balcão e depois para o atendente, mirando no crachá. Peter. Um nome lindo em sua opinião.
“Ah…” Nesse momento deveria simplesmente dizer um não, agradecer, pagar e ir trabalhar, mas não o fez. “Um donuts?” Peter deu uma leve risada, aquele cliente era estranho em sua opinião. Estava ali, praticamente como uma estátua, encarando-o como se fosse um alien e desviando o olhar. Assim que entregou o doce para o outro, sorriu, achando uma graça vendo-o desviar o olhar.
“Mais alguma coisa?” indagou.
“Não, obrigado.” falou rapidamente se atrapalhando e indo o mais rápido possível até o caixa. O frio em sua barriga não sumia e nem sabia o porquê estava assim, Deus, era só um atendente e já ficou se derretendo, mas também não tinha como negar que o tal de Peter era lindo, sentia até vontade de retornar mais vezes na cafeteria, mas certamente seria muito estranho, então logo descartou essa ideia.
Com tudo pago, foi o mais rápido possível para o seu trabalho. Tinha tirado o donuts da embalagem e comia durante o percurso conforme tomava o seu café, lembrando-se do meio do caminho que tinha esquecido de comprar o café de seu chefe. A vontade de retornar era grande, mas não por causa do café, e sim por causa de Peter, aquele atendente lhe deixou inebriado.
Suspirou ao chegar em frente do enorme edifício o qual trabalhava. Respirou profundamente antes de entrar naquele ambiente tenso. Apenas em ver os rostos de seus colegas, já sabia que seu chefe não estava em seu melhor dia. Certamente estava ferrado. A única coisa que queria naquele instante era estar na cafeteria encarando, disfarçadamente, o atendente de olhos castanhos.
Chapter 2: Malditas borboletas
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Gemeu no segundo em que pisou para fora da instituição da qual estudava administração. Deixou seus ombros caírem, sentindo-se cansado e frustrado. Seus ouvidos ainda zumbiam com o falatório de seu chefe. Não imaginava que ouviria tanto, por Deus, aquele homem tinha tirado o dia para brigar com todo mundo. Até tentou oferecer o seu café — a contra gosto —, para acalmar o homem, mas no final seu chefe além de reclamar do café, jogou fora. Wade arrependia-se amargamente de tentar ser legal com o outro. Se não queria o café bastava devolver. Bufou ao se lembrar disso, tinha passado o resto da manhã azedo por não ter cafeína no corpo, odiava tomar o café do trabalho, Wade suspeita que a pessoa que preparava tinha um ódio mortal das pessoas que trabalhavam lá, o café era tão horrível que até o cheiro lhe repudiava.
Não via a hora de chegar em casa e simplesmente se jogar no sofá, mas não podia, tinha que começar os seus estudos e a droga do trabalho senão logo, logo iriam se acumular caso não começasse o quanto antes. Rastejava-se de volta para casa. Moído. Seu estômago também protestava já que não tinha comido nada desde o almoço, que foi um simples sanduíche, para completar o seu dia, lembrou-se que não tinha nada em casa. Suspirou. Deu meia volta indo em direção a conveniência duas quadras antes de seu apê.
Wade agradeceu por aquelas portas das lojas de conveniência abrirem automaticamente. Duvidava que possuía força de vontade para empurrar uma mísera porta. Apenas algumas pessoas estavam naquele lugar: comprando bebida, cigarro, guloseimas. Wade seguiu em rumo para o expositor, vislumbrando aquelas maravilhosas comidas congeladas, como sempre, suas refeições se limitam a isso e cup noodles, claro que poderia comprar miojo que sai mais barato, mas o fato de ter que ficar sujando panela não lhe agradava nem um pouco. Num resumo total, Wade era um completo sedentário e investia seu dinheiro da pior forma possível, um dos motivos que seu dinheiro acabava na metade do mês. Talvez devesse parar de comer aquelas porcarias gostosas congeladas e começasse a cozinhar. Quem sabe no próximo mês, pensou enquanto pegava uma lasanha e colocava na cestinha, seguindo rumo entre as estantes e pegando pão, voltando logo em seguida para o expositor e pegar queijo e presunto; precisaria fazer sanduíche para sobreviver. Torceu o nariz diante daquele cenário, definitivamente precisava mudar a sua alimentação.
Com tudo na cestinha, foi rumo ao caixa, sorrindo para o jovem que estava exausto, possivelmente estava cobrindo o turno de alguém. Ao pagar se despediu do funcionário e foi rumo para o seu apê. Já estava tarde, a essa altura já deveria estar na cama, descansando devidamente para acordar cedo, mas infelizmente precisava ao menos estudar um pouco. Enquanto a lasanha esquentava no microondas, tratou de ajeitar a sua minúscula sala, que consistia num sofá de três lugares — para caso resolvesse dormir ali mesmo —, uma mesinha de centro para fazer suas coisas, já que comprar uma mesa estava fora de questão, pois morava sozinho e uma televisão.
Deixou seus materiais sobre a mesinha e seguiu rumo a cozinha no momento em que ouviu o barulho do eletrodoméstico. Serviu-se e foi para a sala, começando a estudar conforme comia. Não viu o tempo passar, mas estava tão cansado. Sua cabeça doía. Pegou o seu celular, precisava de carga, focou nas horas e arregalou os olhos. 03:38. Se tivesse sorte conseguiria tirar um bom cochilo. Suspirando, levantou-se do chão, pôs o celular para carregar e deitou-se no sofá mesmo.
Grunhiu ao escutar seu despertador, sentia suas pálpebras pesadas. Não queria levantar, mas precisava. A contragosto se levantou, gemendo logo em seguida ao sentir suas costas e pescoço doendo, consequência de dormir no sofá sem travesseiro. Protestou vários palavrões conforme se aproximava de seu celular, desligando o alarme. A primeira coisa que resolveu fazer foi tomar um banho para que pudesse despertar, logo após, tomou remédio para dor. Certamente ficaria de mal humor o dia inteiro. Sem nenhuma vontade de comer pela manhã, Wade saiu.
Aquele frio pela manhã sempre seria maravilhoso. Enfiou as mãos no bolso, sentindo seu últimos trocados. Suspirou, no fundo agradecendo por ainda ter dinheiro para comprar um café e um donuts para si. Na verdade estava ansioso em rever o funcionário da cafeteria, a simpatia dele certamente iria alegrar o seu dia. Mas infelizmente seria seu último dia até que recebesse novamente.
Quando o sininho indicou a sua entrada, agradeceu aos céus que não tinha uma fila gigante, era só ele e o funcionário. Sorriu ao se aproximar. “Bom dia”, pronunciou, sentindo aquelas estúpidas borboletas no estômago quando Peter sorriu para si. Céus ninguém merece ficar daquele jeito por alguém que nem conhece. Sentia seu rosto queimar.
“Bom dia” Peter se lembrava daquele cliente. Apelidou-o de cliente envergonhado, porque assim como ontem, ele estava desviando o olhar enquanto batia os dedos sobre o balcão. “O que desejas?”, indagou gentilmente.
“Um Macchiato, por favor.”, pediu envergonhado. Wade nem parecia um adulto, sentia-se um adolescente, principalmente com o funcionário sorrindo para si. Poderia ficar desfrutando daquela presença, se isso fizesse seu dia melhorar consideravelmente, por vários dias se fosse necessário. “E um donuts.”, murmurou, achando que não tinha sido ouvido, mas Peter ouviu.
Estava achando extremamente adorável aquele cliente. Normalmente vinha uns apressados, ignorantes, alguns educados, mas que precisavam de atendimento rápido. E claro, tinha os idiotas, mas nunca clientes envergonhados, bom, no nível dele. Assim que preparou o café e pegou o doce, entregou para o cliente, sorrindo enquanto ele lhe entregava o dinheiro. “Desculpa, não tenho gorjeta.” Certamente não existia cliente como ele.
“Não tem problema.” Peter pronunciou calmamente. Seguindo-o pelo olhar enquanto que saia da cafeteria com o estômago revirado. ‘Malditas borboletas estúpidas’, era o que pensava Wade, sem ver Peter negando com a cabeça soltando uma sutil risada.
O restante do dia de Wade foi uma bosta como sempre. Tinha esquecido que precisava comprar o almoço. Não fez um sanduíche para si e ainda tinha que ir para faculdade depois do trabalho. Mas seu dia só ficou ainda pior graças ao seu chefe, parecia que o homem dormido com a bunda para a Lua, porque misericórdia, ele estava impossível. Mas apenas de lembrar de Peter, sorria; a voz doce, os olhos castanhos cheios de brilhos, aquele lindo sorriso. Poderia desfrutar dessa imagem para alegrar o seu dia, mas logo se repreendia ao pensar no outro. Sentia aquelas borboletas estupidas em seu estômago e ficava parecendo um bobo apaixonado, coisa que ele não estava. E ele não estava torcendo feito louco para que chegasse o dia do pagamento o mais breve possível.
Chapter 3: Mercado
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E o restante do mês, para Wade, passou-se da maneira mais lenta possível. Sem dinheiro para poder comprar o café matinal, não que ele precisasse comprar pois poderia fazer em casa, mas ainda assim não tinha mais dinheiro nem para comprar um mísero café instantâneo, era um caos. Seu mal humor apenas piorou. E pela primeira vez, notou o quão mal administrava seu próprio dinheiro; comprando comidas prontas, enlatada, congelada e, agora, querendo comprar o café da manhã, céus, estava perdido.
O bom disso tudo — como se tivesse —, Wade não viu mais o atendente, o que era bom em sua opinião, porque ainda não conseguia acreditar que teve uma atração por ele — não que tivesse problema por ser um homem, mas… Wade não sabia explicar, mal falou com o outro e sentia seu estômago revirar, como se tivesse várias borboletas voando dentro de si.
Quando seu chefe lhe entregou naquela manhã o seu salário, todo o estresse acumulado, sumiu, como num passe de mágica. Seu estômago até resmungou e sua boca salivou, no fim, não passou fome no almoço, já que, novamente, esqueceu de preparar um sanduíche. Wade apenas não esquece a cabeça porque ela grudada.
Estalou as suas costas assim que sua aula terminou. Amava quando as aulas acabavam mais cedo, conseguia descansar um pouco mais, apesar que teria que estudar para uma prova. Suspirou de cansaço, pondo sua mão sobre seu ombro direito que protestava de dor, devido outra noite mal dormida. Talvez devesse parar de dormir no sofá ou em cima de seus livros sobre a mesinha de centro da sua sala.
Com certos resmungos voltou para casa. Amanhã seria sábado, em outras palavras, dia de compras — talvez devesse fazer uma lista —, era o que pensava. Voltar para casa sempre parecia ser uma tortura em sua opinião, tinha que caminhar, o que lhe fazia pensar que acabava perdendo vários minutos de sua vida, ou até horas se for contar o caminho que faz para ir ao trabalho e depois para a universidade para no fim, voltar para casa, normalmente sua mente se volta para: e se tivesse um carro ou até mesmo uma moto? Seria mais fácil se locomover, economizaria tempo. Mas então sua consciência e seu bolso lhe fazem lembrar que, não tinha dinheiro para manter um automóvel e, pior, não tinha nem sequer, no mínimo, a habilitação. Wade estava perdido.
Passando por uma loja de bicicletas lhe fez perceber que aquilo poderia ser a sua solução, claro, se conseguisse guardar dinheiro… Talvez devesse comprar um porquinho, assim não corria o risco de mexer no dinheiro guardado. É… Está aí a solução; um porquinho. Com um largo sorriso como se tivesse resolvido todos os seus problemas, voltou para casa o mais rápido possível, praticamente correu.
Okay… Era muito provável que correr até em casa, não tinha sido uma boa ideia, na verdade foi uma péssima ideia, precisava fazer uma anotação mental de jamais fazer algo do gênero. Agradecia por ter investido dinheiro em um filtro de água, ficou endividado por meses, mas valeu a pena. A água gelada descendo por sua garganta era extremamente revigorante, sentia-se no paraíso.
Após os três copos de água, torceu o nariz ao notar o quão fedido e grudento estava. Ugh! Definitivamente, péssima ideia. Resolvido, tomou um banho rápido, pegou a sua roupa suja e a levou até a máquina de roupa de segunda mão que tinha na área de serviço, ao lado da cozinha. Configurou ela e a deixou fazer o seu trabalho, notando logo em seguida que sua casa estava… suja por assim dizer. Não limpava o quê? Duas, três semanas? Não sabia dizer, estava tão focado em outras coisas que o mero pensamento de limpar uma casa parecia tão efêmero.
"Ok, eu limpo essa merda amanhã", disse, estalando os dedos logo em seguida. Pegou seu material de estudo e tratou de ajeitar o canto na sala, passando a estudar até o momento que a máquina parou de trabalhar. Estendeu a roupa em seu varal de chão, outro bom investimento em sua opinião, e retornou para a sala, mas dessa vez resolveu fazer a lista de compra para poder ir dormir, até porque amanhã seria um longo dia.
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Quando Wade pensa que esqueceu os olhos castanhos de Peter, o seu sorriso gracioso e sua voz que fazia o seu peito se aquecer, estava redondamente enganado. Acordar no meio da madrugada devido ao susto por ter sonhado com o atendente da cafeteria, não estava em seus planos. E, não, não foi um sonho erótico, céus, foi um sonho agradável, extremamente bobo; como se fosse um dia normal, ambos convivendo juntos.
Então passar o restante da madrugada acordado, fazendo qualquer coisa que não fosse dormir, deveria ter lhe deixado com uma aparência horrível, já que as pessoas do supermercado o olhavam com uma careta. Wade não os culpava, ele estava deplorável mesmo.
Nunca imaginou que estaria um dia comprando verduras, frutas para si, talvez mais tarde quando estivesse estabilizado, mas parece que esse dia veio antes; tudo por causa de uma cafeteria, era o que gostava de pensar.
Entre murmúrios sobre o quão estranho aquilo estava sendo, depositou o saquinho da abobrinha em seu carrinho, empurrando-o logo em seguida. Mas o que o Wade não contava, era esbarrar em outro carrinho.
"Puta que pariu", sussurrou num modo inaudível para outros. E quando estava prestes a pedir desculpas, travou. Amaldiçoando qualquer coisa existente da face da Terra, porque ali, diante de si, estava Peter, o qual lhe fez ter um sonho extremamente comum — algo que nunca chegou de sonhar.
“Desculpe-me” Quem pediu fôra Peter, pois como sempre em sua presença, Wade paralisou.
Limpando a garganta, disse: “Tudo bem, eu também devo desculpas” E crispou os lábios. Seria mentira se dissesse que não estava preocupado se o outro recordava de si. Em vez de Wade simplesmente sair do caminho do acastanhado, solidou-se no chão, como uma raiz, ficando sob o olhar atento e o rosto franzido do menor.
“Com licença?”, indagou, inclinando a cabeça, confuso. Foi o suficiente para o maior acordar para a vida.
“Ah, sim, claro. Desculpa, Peter.”, disse, afastando-se para dar espaço ao outro.
Peter até teria continuado o seu trajeto se não fosse por aquele estranho saber o seu nome. Paralisado no lugar tentando saber de onde o sujeito lhe conhecia, acabou questionando: “Hum, como sabe o meu nome?”
Aquilo foi como um balde de água fria para o mais velho. Desviou o olhar, sentindo seu rosto inteiro queimar devido a vergonha que estava sentido. ‘Céus’, pensava.
“Da cafeteria”, murmurou.
“Ah!” Peter piscou algumas vezes tentando se lembrar, sorrindo logo em seguida quando aquela ação lhe fez recordar. “Claro, o cliente envergonhado.”
“O quê?!”, questionou, arregalando os olhos. Quando finalmente ele se lembra de Wade, é por algo vergonhoso. Uma sútil risada escapou dos lábios do mais jovem.
“Perdão, mas foi essa impressão que você deixou.” E riu, balançando a cabeça. “Enfim, preciso ir, até” Acenou, seguindo em frente.
Após um longo tempo plantando, Wade murmurou: “Porra!” Definitivamente não esperava por essa. Peter certamente iria lhe assombrar ainda mais.
Chapter 4: Péssimo dia
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Ao chegar em casa extremamente cansado, porque a esperteza em pessoa chamada Wade, acabou se empolgando nas compras, e, por incrível que pareça não comprou nenhuma besteira… Ok, talvez uns dois, três… dez pacotinhos de miojo ou mais, na verdade, não se lembrava, pois quando entrou no corredor só viu sua mão deslizando sobre a prateleira, gostava de pensar que a culpa foi da promoção, mas essa não era a questão, e sim que após ter pagado as compras e empacotado-as, lembrou-se de um detalhe extremamente crucial: ele não tinha nenhum meio de transporte e, convenhamos, pegar um ônibus cheio de compras não era muito bom, então o que fez? Foi para casa de a pé. Terrível. Teve que parar várias vezes, pois as sacolas pesadas machucavam seus dedos. Da próxima vez faria compras aos poucos.
E então, além de estar de cansado, vinha a parte mais chata: guardar as compras. Uau! Wade nunca imaginou o quão chato seria ficar separando as coisas, cortar as carnes em pedaços pequenos, pois vivia sozinho, guardá-las em saquinhos e, sim, ele tinha se lembrado de comprar saquinhos porque se não ele estaria ferrado nesse momento. Era tão estranho ver sua geladeira cheia… tinha até salada, normalmente ela vivia entupida de cervejas, refrigerantes e pizzas, definitivamente estranho. E quando pensa em estranho logo sua mente é invadida pelos olhos castanhos de Peter.
“Ugh!” Wade sabia que vê-lo no mercado acabaria lhe assombrando depois. Céus, estava fodido. “Malditos olhos castanhos”, resmungou, passando a cortar a carne com mais… agressividade digamos assim. Sentia seu rosto queimar só de se lembrar da cena do mercado, ainda não acreditava que ficou conhecido aos olhos do outro como cliente envergonhado, era o fim da picada.
Com tudo cortado e separado, tratou de guardar o restante da comida. Suspirou, fazendo uma careta logo em seguida ao ver o estado da pia e de sua casa. Como queria que sua casa se limpasse magicamente, seria tudo tão mais fácil.
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“Porra!”, gemeu ao se jogar na cama e sua coluna protestar devido ao esforço. Talvez devesse parar de acumular sujeira da casa para limpar tudo de uma única vez. Ninguém merece ficar passando a vassoura nos cantinhos do teto para tirar as benditas teias de aranha… Ou talvez a solução de seus problemas no quesito limpeza fosse comprar um aspirador.
“Seria maravilhoso”, murmurou com gosto, fechando os olhos em seguida, precisava de um descanso antes de ir tomar um banho. “Um mísero cochilo.” Como não tinha dormido, devido Peter invadir seus sonhos, com aquele bendito sorriso. Quando menos percebeu o cansaço tinha sido mais forte e adormeceu ali mesmo.
Quando seu despertador tocou às cinco da manhã, a primeira coisa que Wade viu e sentiu foi a sua cara no chão. “Mas que porra!” Ninguém merece acordar dessa forma, ao menos sua cama não era um box, porque se fosse, vish, talvez Wade passasse o dia na cama gemendo.
Levantou-se abruptamente e dirigiu-se até o seu banheiro, arrancando com agressividade suas roupas e entrando no chuveiro. É, Wilson começou muito bem o seu dia. E parecia que ele só melhorava a cada segundo, por quê?
Bom, após sair do banho, Wade conseguiu, de uma maneira graciosa, tropeçar no tapete do banheiro, dando de cara com a porta. Várias xingamentos foram proferidos, mas não parou por aí, após se vestir resolveu preparar o seu café da manhã e, adivinhem? Ele queimou os ovos.
“Eu não acredito”, balbuciou desacreditado. “Hoje não é o meu dia, só pode.” A questão era que Wade nunca queimou os ovos, tanto que até gostava na gema mole, ele apenas se virou para fazer o café e então seu ovo, instantaneamente, queimou.
Queria chorar. Não estava sendo de fato o seu dia, no fim, passou o restante do dia na cama. Tinha quebrado um copo, cortado o dedo. O que mais faltava acontecer? Tinha tanto medo da resposta que correu para o quarto e enfiou-se debaixo das cobertas. Adormecendo novamente… Certamente iria se arrepender disso mais tarde, mas fazer o quê? Estava tão exausto, não só apenas da faxina, sua rotina já era puxada então chegou num ponto que seu corpo acabou protestando e sucumbiu-se a ele.
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Ele sabia que ia ser arrepender de ter dormido. Sabia! Agora estava ali, de pleno mal humor, numa segunda feira de manhã, às quatro e meia, preparando seu almoço — dessa vez não tinha esquecido —, tudo o que ele queria agora era o seu café, mas certamente isso não melhoraria seu bom humor, possivelmente nem mesmo o doce Peter.
Com tudo pronto, Wade finalmente partiu rumo ao Bittersweet House. Seu coração já palpitava e um pequeno sorriso brotou em seus lábios, mas não o suficiente para tirar a carranca de seu rosto. Tinha saído mais cedo, então nada de filas, tanto que ela começou a crescer depois de sua chegada.
E Peter estava lá, sorrindo para si e dizendo: “Bom dia”.
“Bom dia”, murmurou.
"Um machiatto para a viagem?", indagou, deixando Wade levemente surpreso por ele se lembrar do café de sua preferência.
Wade ficou levemente envergonhado e sorriu de canto para disfarçar. "Dessa vez vou querer um expresso bem forte e sem açúcar, por favor."
O acastanhado elevou a sobrancelha, curioso. “Não começou bem o dia?” Wade piscou surpreso com a pergunta.
“Ah...” Desviou o olhar enquanto o viu preparar o café. “Desde ontem”, murmurou por fim. Quando Peter se virou para si entregando o café, perguntou: “Como soube?”
“Hum? Bom, a maioria das clientes tendem a pegar expresso por vários motivos, uns gostam, mas é raro, outros porque o dia começou com o pé esquerdo e tem aqueles que precisam de um dose de cafeína bem forte para poderem se manter acordados, então apenas presumi que você não iniciou bem a sua manhã…” Wade paralisou, Peter estava falando consigo mais do que um simples bom dia, deseja mais alguma coisa e um volte sempre, não, ele estava falando, muitas palavras e Wade estava paralisado. A voz dele era tão serena, poderia ficar horas ouvindo ele falando, acalmou-o de uma forma que não soube explicar.
“Pois é”, balbuciou por fim, ainda de boca aberta. Peter acabou soltando uma leve risada, aquele cliente era estranho e de certa forma sua presença não era incômoda como de alguns que surgia no café.
“Deseja mais alguma coisa…hum…”, insinuou, fazendo-o entender o que ele queria logo em seguida.
“Wade.”
“Wade”, disse, sorrindo por fim. Céus, aquele garoto queria o mais velho tivesse um treco ali mesmo, os anjos era assim? Questionava-se. “Então, Wade, deseja mais alguma coisa?”
O Wilson gostou da forma que seu nome saiu dos lábios do outro, tão melódico. “Um donut’s”, pediu, sentindo aquelas tão famosas borboletas voarem em seu estômago.
“Um donut’s saindo no capricho.” Sorriram. Wade naquele instante reformulou seu pensamento de hoje cedo; Peter certamente conseguia melhorar o seu dia com poucas palavras.
Chapter 5: Ajuda Com O Trabalho Parte I
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O restante da semana para Wade se seguiu tranquilamente, por assim dizer. Seu chefe não estava de mal humor naquela semana, o que Wade presumiu é que a mulher deu um trato nele, pois ele estava até mesmo sorrindo. Conseguiu comprar o seu porquinho para finalmente juntar dinheiro e comprar uma bicicleta, naquele dia deu um surto de felicidade e acabou colocando uma nota de cinquenta dentro no porco, segundos depois sua felicidade foi embora e o desespero veio rapidamente, teve até mesmo vontade de quebrar o porco para recuperar o seu dinheiro. A questão, é que todo mundo começa pequeno guardar dinheiro, principalmente alguém que vive apertado logo no ínicio do mês após pagar as contas e ir ao mercado, então sabia que deveria ter começado com moedas e não notas altas, mas depois se conformou e, talvez, fosse até melhor, quem sabe nesses seus surtos conseguisse juntar dinheiro mais rápido e comprasse uma bicicleta usada. Um ótimo negócio em sua opinião.
Mas naquela semana seu professor tinha passado para a turma um trabalho que valeria mais da metade da nota da disciplina, aquilo tinha lhe feito suar frio, porque Wade era bolsista, não 100%, mas o suficiente para ter um maravilhoso desconto ao ponto de conseguir se formar sem ter problemas no quesito financeiro, claro que caso ficasse apertado, preferia diminuir na comida e pagar todas as contas, ter o nome sujo era algo que Wade não queria, por isso se esforçava em ter notas altas e manter a sua bolsa. Então aquele trabalho precisava ser bem feito.
Em casa estava tendo muita dificuldade em se concentrar, seu vizinho resolveu que seria incrível convidar os amigos para beber e com direito a música alta. Soltou um longo suspiro, decidido. Juntou seus materiais, desligou seu laptop e foi tomar um banho rápido. Com tudo pronto, pegou tudo e se dirigiu até a Bittersweet, seu estômago já revirava ao imaginar que Peter poderia estar trabalhando, seria tão incrível em sua opinião e… horrível, céus, talvez fosse uma péssima ideia.
Parou do outro lado da rua, já vendo pelas vidraças o doce atendente trabalhando, pelo visto naquele dia estaria atendendo nas mesas, seria ainda pior, certamente iria se distrair com as amêndoas de seus olhos ou o seu sorrisinho perfeito.
“Droga!”, vociferou, ponderando brevemente o que era pior; seu vizinho ou Peter. Chegou a conclusão de que, pelo menos, o jovem atendente de olhos castanhos seria a distração maravilhosa, ao menos não ficaria estressado.
Entrou no estabelecimento já sendo atingido por aquele cheiro de café. Foi em direção a uma das mesas e ajeitou seu material, enquanto o laptop ligava, Peter se aproximou, pronunciando com o típico sorriso: “Boa tarde, o que vai querer?”
Wade precisava parar de perder a voz sempre que o outro falava consigo, mas na real ele tinha medo de acabar falando uma bobagem, acontece que em certos momentos, Wade não possui filtro do cérebro até sua boca, falava o que vier na telha; aconteceu uma vez de sua ex vizinha ficar sempre insinuando para si, se tivesse sido nos tempos do ensino médio certamente teria dado bola, mas o Wilson estava tão focado em seus estudos e no trabalho que uma hora sua paciência explodiu e falou tantas coisas para a mulher, que por sinal era casada, que ela passou a lhe odiar. Ria muito quando se lembrava disso.
Fechou brevemente os olhos e sorriu. “Um café, com um pouquinho de canela seria bom”, disse juntando seu dedo indicador com o polegar como se quisesse mostrar exatamente a quantidade. “E pra começar, uns dois donuts com recheio de morango”, finalizou.
“Certo”, falou rindo, anotando o pedido e indo até o balcão. Enquanto isso, Wade passou a abrir todas as abas que tinha aberto em seu apê e o seu documento do trabalho. Talvez tivesse sido uma boa ideia ter vindo na cafeteria, aquele clima e o cheiro acabava deixando-o relaxado e tão concentrado que nem tinha reparado quando Peter trouxe o seu pedido. As coisas estavam fluindo tão espontaneamente que até se assustou, mas nada superou quando escutou a voz de Peter próximo do seu ouvido. “O certo seria os custos, você está falando as coisas no plural.”.
Wade segurou o grito que tanto queria sair, seu coração bateu a mil e não era por causa do outro, tinha certeza disso, porque ele levou um puta susto. Virou-se rapidamente para trás com os olhos arregalados, deixando o outro envergonhado por ter se intrometido.
“Desculpa”, pediu Peter, ainda vermelho. “É que eu vi você tão concentrado e minha curiosidade falou mais alto quando vi você fazendo o trabalho. Ai vi esse erro e digamos que não consigo me controlar, falando nisso aquela vírgula ali tá errada.” Wade estava paralisado, quais eram as chances dele ver o seu crush corado? Abriu a boca e por fim disse:
“Obrigado, nem tinha reparado.” E de fato, não tinha. Foi agraciado pelo pequeno sorriso do outro e ajeitou o trabalho. “Qual é a vírgula que você disse?”
“Essa.” E apontou com o indicador. “Meu Deus, mas você conjugou esse verbo de maneira errada.” Wade queria rir pelo tom indignado que saiu do saiu dos lábios de seu crush. “Meu Deus, você comeu uma palavra, você usou o ‘p’ e o ‘q’ pra falar porque, que horror!” Não aguentou e começou a rir. “Não ria, isso tá horrível, se eu fosse o seu professor acho que te estrangularia por tamanha blasfêmia contra a nossa ortografia.”
“Perdão, mas eu ia revisar depois.”
“Certeza?”, indagou desconfiado, elevando a sobrancelha. Wade anuiu. “Certo, mas se quiser posso revisar para você, eu vou entrar no meu horário de intervalo daqui a pouco.” Wade permanecia piscando atônito, não esperava que o outro se oferecesse.
“Não vai te atrapalhar, quer dizer, seria seu horário de descanso”
“Imagina, além disso não estou cem por cento confiável de que sua revisão estará certa”, disse, arrancando mais risada de Wade, quando Peter estava prestes a voltar em atender os cliente, Wade pediu:
“Pode me trazer mais café e um pedaço de torta de limão?”
“Claro” Sorriu. Wade poderia se derreter naquele momento.
Quando finalmente chegou o horário de intervalo de Peter, o próprio simplesmente puxou a cadeira e sentou-se, ficando bem próximo de Wade. “E então, como está o andamento do seu trabalho?”, indagou.
“Estou na metade, mas se quiser ir revisando.” E passou o laptop para o atendente que sorriu. Wade passou o tempo todo olhando para o seu crush que tinha o cenho franzido, estava bastante concentrado e as raras caretas que fazia devido aos seus erros arrancava sutis de risadas de si. Sinceramente ele não esperava uma aproximação daquela de maneira tão repentina, definitivamente ele era um anjo. “Você… tem mania de revisar os erros ortográficos dos outros?”
Peter acabou soltando uma risada, desconcentrando-se. Olhou para Wade sorrindo. “Talvez…” Desviou brevemente o olhar antes de retornar a encarar a imensidão azul do outro. “Digamos que eu tenho essa mania, não consigo evitar, nem mesmo com os meus pais.”
“Meu Deus!” E começaram a rir.
“Em minha defesa, eu amo fazer essas correções, algo que poucos gostam.”
“Concordo.” Sorriu de canto. “Você está estudando ou pretende?”
“Estou fazendo letras”
“Faz muito sentido” Peter acabou soltando uma gargalhada, fazendo o coração de Wade vibrar, arrancando mais sorrisos de si.
“Eu sei o que você está pensando”, balbuciou. Wade alargou ainda mais o seu sorriso e passou a bebericar o seu café, mas sem antes de questionar:
“Sabe é?”
“Uhum, você deve achar que eu sou muito maluco por fazer letras, com todas as regras ortográficas e tals”
“É você que está se chamando de maluco. Eu não disse nada.” Na verdade a única coisa que passou na mente de Wade era o quão incrível ele era.
“Sei”, murmurou, cerrando os olhos, arrancando outra risada de Wade, fazia tempo que ele não ria tanto num pouco período de tempo.
“Já lhe disseram que você é incrível?” Arregalou os olhos subitamente, e ali estava o que mais temia, seu filtro sumiu. Abriu a boca para dizer alguma outra coisa, mas nada saiu. Peter permaneceu lhe olhando surpreso, por fim sorriu pequeno.
“Meus pais e amigos, apenas.” E voltou para a revisão, Wade permanecia quieto, xingando-se mentalmente, até que Peter olhou de canto e disse: “Mas obrigado, apesar de eu não concordar com vocês.”
Wade abaixou a cabeça, vermelho como um pimentão, passou a comer a sua torta como se dependesse disso, não tinha nem coragem de espiar o seu crush, estava encabulado, com o coração palpitando e as borboletas em seu estômago revirando-se dentro de si.
Já Peter olhava cada pouco para o Wilson, sorrindo sutilmente e balançando a cabeça, aquele cliente era tão diferente. Estranhamente estar ao seu lado não era desconfortável.
“Prontinho, finalizei.” Sorriu ao devolver o laptop, teve finalmente o vislumbre dos olhos azuis de Wade. “Se você quiser que eu revise o restante de seu trabalho, posso fazer para ti.”
“Eu agradeceria, mas tenho que entregar segunda e acho que vocês não vão abrir amanhã” sibilou, envergonhado.
“Bom, isso é verdade”, murmurou ao pôr sua mão sobre o queixo. “Hum…” Olhou de canto e sorriu. “Se não for problema eu posso ir na sua casa.”
“Ah!” Ficou brevemente mudo. “Você já pensou que posso ser um cara mau?”
Peter não se aguentou e começou a rir, levantando-se da cadeira, pois já estava acabando o seu intervalo. “Com esses olhos pidões e rosto vermelho, nem de longe seria uma ameaça.” Wade olhou indignado para o outro, que riu ainda mais. Peter pegou a lapiseira que estava na mesa e escreveu no canto de uma folha o seu número. “Me mande uma mensagem com a localização.” E balançou os dedos voltando ao serviço, não podendo vislumbrar o quanto mexeu com o Wilson.
Chapter 6: Ajuda Com O Trabalho Parte II
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Naquele mesmo dia, ao retornar para casa, estava tão, mas tão feliz que só faltava ir pulando pela rua e gritar aos quatro ventos sobre o quão alegre estava. Quando chegou em sua residência e finalizou todo o seu trabalhou, deitou-se em sua cama, seu corpo inteiro vibrava de felicidade, mesmo que tivesse se matado para finalizar o trabalho estava de bom humor, não conseguia nem mesmo tirar o sorriso bobo da cara, naquela noite dormiu como um bebê. E quando acordou… Foi quando a realidade bateu na sua cara, literalmente.
Estava tendo sonhos tão bons que acabou se assustando com o seu celular tocando, o que resultou beijar o chão, tão incrível. É o melhor jeito de se acordar. “Filho de uma… Ugh!”, bradou irritado, levantando-se do chão e passando seus dedos por entre os fios de seu cabelo e suspirando.
Ainda meio desorientado, foi para a cozinha preparar seu café. Ficou escorado no balcão de olhos fechados enquanto esperava a cafeteira fazer o seu trabalho — não estava afim de tomar o instantâneo —, escutava o barulho característico da máquina e era como se estivesse ouvindo uma bela sinfonia, nem parecia um pensamento de um viciado em cafeína.
Quando o café ficou pronto, já despejou o líquido em sua caneca preferida, bebericando logo em seguida e gemendo em apreciação. “Só faltava um donuts”, murmurou. Sim, Wade era um viciado em café e em rosquinhas. Assoprou o café preto e amargo do jeito que gosta e voltou a beber, mas no processo — o que foi um erro — olhou para o seu relógio, assustando-se com o horário: 13:45. Engasgou-se com o café acabando por seu queimar.
“Caralho”, gritou. Depositou a caneca na pia e foi correndo para o seu quarto. Ele tinha dormido demais ao ponto de nem ouvir o seu despertado, então, o que foi que tocou que acabou lhe acordando? Céus, tinha até medo de descobrir a resposta. E com razão; pensou que tinha sido um sonho, mas não, ele tinha o número de Peter, e Peter tinha o seu número. Não foi um sonho e agora seu celular tinha uma mensagem do atendente.
‘Oi, Wade, vou estar passando na sua casa meio logo, espero não errar no endereço, meu senso de direção é horrível.’
E ele enviou uma figurinha. Wade permanecia com os olhos arregalados, principalmente quando viu o estado da sua casa, no entanto, não se comparava ao seu quarto que tinha diversas roupas jogadas no chão. Em meio ao desespero, pegou uma camisa qualquer, que não estivesse com mal cheiro e vestiu-se. Pegou todas as outras peças do chão e praticamente enfiou dentro de seu armário — que já estava virando do avesso.
Foi correndo jogar uma água no rosto e tratou de organizar por cima o resto da casa, não precisava estar impecável, apenas apresentável. Viu algumas roupas sujas ao lado da máquina de lavar roupa, simplesmente jogou dentro da mesma e os produtos em seguida, por fim ligou a máquina e deixou ela fazer seu trabalho. Poderia estender quando Peter fosse embora.
Terminando de deixar tudo nos trinques, deu uma breve olhada pela janela, vendo um fusca amarelo estacionar em frente ao prédio, franziu o cenho antes de arregalar os olhos e ver Peter saindo. Saiu de perto da janela com o coração a mil e sentindo suas mãos suarem. Oh, céus, estava em pânico. Não era rápido demais? Pensava, mas espera, rápido com o que se ele estava vindo lhe ajudar no trabalho. Eles eram amigos, né? Talvez o cérebro de Wade estivesse em curto naquele momento.
Escutou seu interfone tocar e foi rápido para atendê-lo. Moveu-se até a porta e mesmo que estivesse extremamente nervoso, tentou não sorrir de uma maneira estranha, mas talvez tenha fracasso nisso, pois no momento em que Peter olhou para si deu uma sutil risada.
“Oi, Wade.” Ele tinha um sorriso tão fofo na opinião do mais velho.
Chapter 7: Ajuda Com O Trabalho Parte III
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Wade tentou não sorrir de maneira estranha, mas obviamente falhou nessa missão. Estava tão nervoso que no canto de seus lábios, tremiam. Peter achou engraçado aquela expressão que o mais velho carregava, sorriu com isso.
Como se tivesse se tocado da realidade em que vivia, abriu espaço para o acastanhado. “Entre”, disse, coçando a nuca.
“Obrigado.” Peter sorriu ainda mais e entrou. “Aqui.” Mostrou para o maior um saquinho, este que ficou confuso tentando adivinhar o que tinha no conteúdo; Peter sorriu de canto antes de dizer: “Rola um café com donuts? Sobraram ontem, e como eu sei que você gosta resolvi trazer”, explicou por fim, deixando o estômago do mais velho ainda mais revirado. Wade definitivamente achava ele fofo.
“Vou preparar o nosso café”, disse, fechando a porta. “Por favor, fique à vontade.” Peter agradeceu e sentou-se no chão, em frente a mesinha de centro; Wade tinha deixado tudo preparado enquanto tentava deixar a casa levemente organizada. Conforme Wade preparava o café, Peter já foi ajeitando os erros.
O mais velho estava nervoso, seu crush estava ali em sua casa de forma tranquila. Ele ainda por cima lhe trouxe seu doce preferido. Céus, como não ter uma queda por alguém gentil como ele? Quando retornou com o café, depositou próximo dele e sentou-se ao seu lado. Peter sorriu para si antes de agradecer, deixando-o encabulado. Wade estava pior do que um adolescente.
“Muito erro?”, questionou, sorrindo de canto.
“Mais ou menos” Sorriu, dando uma sútil risada. “O donuts está bom?”
“Perfeito” Devorou ainda mais. Peter tinha que admitir que se sentia confortável ao lado de Wade, mesmo não o conhecendo, dificilmente Peter conseguia gostar rapidamente de alguém, principalmente quando se tratava de clientes, mas desde a primeira vez que atendeu ele, achou-o deveras interessante.
“Você realmente gosta de donuts”, apontou calmamente, retornando a ler o trabalho do outro.
“Definitivamente”, balbuciou, devorando outro. O tempo foi passando lentamente, com Peter corrigindo os seus erros, Wade aproveitou em estudar. Vez ou outra conversavam sobre banalidades, normalmente voltadas para o trabalho de Peter e o de Wade.
O mais velho já poderia dizer que não estava mais ansioso, estar na mesma presença que Peter era definitivamente relaxante. Ou era até a sua máquina parar de trabalhar e Peter lhe olhar.
“Quer ajuda pra estender a roupa?” Era uma simples pergunta que o fez quase se afogar com a saliva.
“Não” Deu uma sutil risada. “Não precisa, eu vou estender depois…”
“Tem certeza? Já acabei de ajeitar o seu trabalho”
“Tenho”, respondeu apressadamente. Céus, Peter definitivamente queria lhe deixar envergonhado. Sabia que não tinha problema dele estender as suas roupas, mas ainda assim. Para ele simplesmente se oferecer assim, significa que ele se sentia confortável em sua presença, né? Os circuitos do Wilson estavam pifando.
“Ok” Deu de ombros, sorrindo de canto. “Então eu já vou indo, também tenho que estudar” Levantou-se, juntamente com o Wade, que ficou triste com a saída dele.
“Claro, eu te vejo Segunda?”
“Com toda certeza”
Assim que ele foi embora, Wade pode respirar fundo. Coçou a cabeça e foi direto para a lavação estender a sua roupa. Sobre o dia de hoje, Wade pode concluir que, definitivamente, Peter sentia-se confortável em sua presença. O que para si era um ótimo sinal. Talvez pudesse chamá-lo para sair, mas a questão era se ele aceitaria. Mal se conheciam, todavia o atendente ainda assim lhe ajudou e veio até em sua casa. Quais as chances de levar um fora?
Arregalou os olhos ao pensar naquela possibilidade. “É o pior dos cenários”, balbuciou, pendurando a sua cueca do varal, logo em seguida a sua blusa. Wade definitivamente sabia que poderia levar um grande fora, mas talvez se aproximasse mais do menor suas chances aumentasse.
meowseok on Chapter 1 Tue 10 Sep 2024 01:26AM UTC
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Mangold on Chapter 1 Wed 18 Sep 2024 05:12PM UTC
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