Chapter 1: Prólogo
Chapter by rsrs3aoi3rsrs
Notes:
Revisado e editado dia 13/08/2024
Revisei umas partes e vi coisas que não batia com a história e alguns erros. Irei ficar revisando cada capítulo para a história não ir para um caminho esquisito. Caso vejam algum erro, pode avisar que eu conserto👍
Chapter Text
"Preciso sair daqui, eu tenho que sair daqui! Saiam do meu caminho, seus malditos filhos de puta. Maldita mar la hora en que pensa en salir de casa!"
Andando apressado, pensa Roier enquanto cena com um sorriso falso e ri sem graça para conhecidos e desconhecidos animados. Roier luta para ir ao banheiro mais próximo ou mais rápido possível. A festa barulhenta e animada estava lotada de pessoas, dificultando ainda mais a situação em que o garoto se encontra. Desesperado, Roier consegue entrar no banheiro, fechando a porta imediatamente. Olhando ao redor para ver se tem mais alguém, solta um suspiro aliviado, dando graças aos céus por ter usado sua última parcela de sorte por não ter ninguém se pegando no banheiro.
— Mierda... — Escorado na porta fechada, ele sentou no chão sentindo seus olhos queimados enquanto as lágrimas desciam de uma vez. Soluçando, o garoto de cabelos castanhos levemente cacheados tenta desesperadamente limpar as lágrimas. Pensando onde estava o problema nele, pois desde que se lembra, sempre teve um dedo podre para relacionamentos. Seja de quando era uma criança fofa com uma cartinha de "Namora comigo? Sim ou não", sendo feito de piada e sua carta encontrada no lixo, ou quando cresceu no auge da puberdade e foi feito de chacota pelo cara conhecido como o rebelde popular da sala. Até seu maldito primeiro e único namorado, Natalan, que apontava como ele se vestia e se comportava, o traiu no aniversário de 3 anos de namoro.
Agora, em seu novo relacionamento, Roier tinha começado a ter esperanças, mas tudo acabou diante de seus olhos. Tudo bem que eles não tinham nada sério, estavam apenas ficando e tudo mais, mas só de gravar os presentes feitos à mão e as noites na casa de seu amado enquanto seu filme favorito passando e ele sussurrava palavras bonitas em seu ouvido, fazia Roier pensar que eles estavam em algo sério.
— Spreen, imbécil sin corazón... — Choramingando e sentindo seu coração doer ao lembrar da imagem de ver seu ficante agarrando outra pessoa no sofá durante uma festa, Roier passa a mão pelos seus cabelos, rindo de quão patético ele parecia. Estava dando tudo errado para o garoto desde que ele entrou na universidade: primeiro, descobre a traição e suas notas chegaram ao cair. Enfrentar brigas com sua amada família e as coisas no seu clube de futebol americano chegaram a desandar. A única alegria que apareceu foi Spreen, o confortando em um momento difícil e eles começarem uma amizade colorida, além de ter Jaiden, Mariana, Tina e Quackity para alegrá-lo.
Suspirando, tentando recuperar o fôlego e a calma, Roier passa a mão pela cara e se concentra em não começar a chorar de novo, arranjando coragem para sair do chão. Se olhando no espelho, ele vê seus olhos inchados e seu rosto vermelho, parecendo uma criança que acabou de apanhar dos pais. Esse pensamento tira uma risada baixa dele antes de ligar a torneira para lavar o rosto enquanto se dizia para ser forte. O que só faz as lágrimas descerem ainda mais, o fazer pensar em mil é uma razão para sempre ser trocado ou rejeitado em seus relacionamentos. Às vezes ele era grudento demais? Talvez seja sua aparência? Seu ex-namorado fez questão de falar sobre o quanto ele engordava e que deveria sair do time de futebol americano. Falava que ele comia demais, mesmo se exercitando, parecia que ele era um porco desesperado pelos restos. Natalan falou de forma de brincadeira para usar como argumento de que era só uma piada. Todas as discussões deixaram Roier ainda mais frustrado, mas ele não conseguiu largar o belo homem que o tratava como um rei nos primeiros meses, que só tinha começado com essas piadas depois... Seu relacionamento com Natalan afetou muito sua autoestima já prejudicada, afetou seu relacionamento com seus amigos — na época, os tinha afastado por causa de Natalan — e até com sua família seu relacionamento foi prejudicado. Lembrava das lágrimas de seus pais enquanto brigava com eles, falando que o que eles falavam sobre Natalan ser ruim não era verdade, Vegetta proibindo Natalan de pisar em casa pois não aceitaria um ser nojento como aquele em seu lar. Lembrava de como Leo ficou choramingando baixo sobre pararem de brigar e que estava ficando com medo, e Tolo levando a criança para o quarto e pedindo para todos se enganarem. Ao lembrar desse acontecimento, uma onda de culpa rastejou pelas entranhas de Roier, seu coração apertando. Tentando pensar com calma, tentando falar para si mesmo que era passado, respirou fundo, então decidiu deixar os pensamentos negativos de lado por um tempo enquanto limpava as lágrimas.
"Não tenho tempo para isso agora . Isso é a porra de uma festa, eu só vou me jogar na bebida, festejar e dançar como eu quiser. Spreen que se explode com aquela perra. Vou só aproveitar."
Roier fala para si mesmo, se olhando no espelho, dando tapinhas na boca com um olhar determinado. Respirou fundo enquanto se recompôs e saiu sorrindo e gritando.
— A alma da festa voltou, chicos! Vamos dançar?! Vamos! Vamos! — Ele fala se jogando para frente, segurando qualquer pessoa pelos ombros, animando o pessoal que começa a pular e gritar "Hey, Hey, Hey!" ao ritmo da música, rindo. Sem sentir o olhar de um loiro recluso em um canto da sala, que estava tomando uma bebida com calma.
_____________
— Maldição... Que dor de cabeça... — Roier geme, colocando a mão na testa e se sentando. Ele nunca foi um cara de beber, sempre foi o cara que levava seus amigos para casa depois de uma longa festa, pois não gostava tanto de bebidas alcoólicas. Para Roier, não era necessário beber para se divertir igualmente com todos. Mas ao se deparar em uma situação tão difícil, ele só queria se levar e tirar os pensamentos ruínas de sua cabeça.
Coçando os olhos e olhando ao redor, percebe que estava em um lugar desconhecido e sente um braço agarrado à sua cintura. Ainda raciocinando, Roier vê que estava sem camisa e olha para ver quem o estava abraçando.
Puta
Que
Pariu
"Mierda, mierda, mierdaaaa!"
Roier arregala os olhos ao ver um belo cara de cabelos lisos, loiros com uma mecha branca e barba rala que o dá uma aparência mais madura. Cellbit Lange é o nome desse cara, o príncipe de coração frio que todos querem ficar. O cara com as melhores notas de todas, personalidade educada até certo ponto, extremamente rico e com um corpo e rosto fenomenal. Para Roier, isso seria uma benção se esse cara não fosse o cara por quem o seu melhor amigo atual é perdidamente apaixonado...
"Que merda é essa que eu fiz?!"
Chapter Text
Roier nunca foi alguém com muita sorte, principalmente quando se trata de "amor". Três graças e agora quatro ficaram marcadas em seu coração e alma, não que ele tenha esquecido de outros, mas esses são os que, de alguma forma, o marcaram.
A primeira ocasião foi quando ele tinha 11 anos. Tinha acabado de perder um dente de leite, era uma criança doce, educada e energética. Fazia cinco anos que foram adotados por seus pais, Vegetta e Foolish de Luque. Sempre foram uma família alegre e unida; ninguém poderia dizer que seus pais não o amavam.
Antes, eles moravam no México, mas, por causa do trabalho, mudaram-se para o Brasil. Sendo um lugar de língua e costumes diferentes, era compreensível que fosse um pouco difícil para Roier se adaptar. Porém, como o garoto esperto que era, ele se adaptou bem e já estava pegando o jeito com a língua. Mas, mesmo ele e seus pais sendo pessoas amáveis, ainda havia rumores saindo da boca de outros adultos sobre esses obviamente não sendo seus pais verdadeiros, além de ser de outro país e ainda não falar muito bem. Infelizmente, os filhos acabam imitando o comportamento dos pais. Muitas vezes, Roier Sofria bullying na sua nova escola: era excluído de brincadeiras em grupo, nunca era escolhido para fazer dupla em atividades escolares, tendo que fazer até uma maquete complexa sozinho em casa - foi um trabalho árduo, mas ele conseguiu com a ajuda dos pais, que guardaram a maquete até hoje. Nas aulas de educação física, além de ser a última a ser escolhida, nunca lhe deu muita atenção, além de fazer em algumas piadas de mal gosto com o garoto. Mas não é como se ele entendesse o que estava acontecendo na época ou como se as outras crianças entendessem o que estavam fazendo; ele acabou acreditando no que diziam e aceitava ficar sozinho. Isso até uma criança recém-chegada na sua sala ser legal com ele e eles começarem a voltar juntos para casa, já que suas casas eram na mesma direção. O garotinho, com suas bochechas rechonchudas avermelhadas e cabelos cacheados, voltava mais alegre para casa, o que chamou a atenção de seus pais, que o provocaram, achando que estava acontecendo o famoso crush infantil, quando o menino disse que fez um novo amigo na escola.
Seus pais não sabiam o que contavam em detalhes na escola. Nunca passou pela cabeça deles que seu adorável anjo estava sendo excluído e maltratado. Afinal, ele sempre voltava para casa sorrindo, pedindo ajuda na tarefa de casa e contando sobre o almoço que teve na escola. Era um garoto divertido, criativo e gentil; era impossível, na cabeça de Vegetta e Foolish, sequer considerou que Roier não era aceito pelos coleguinhas, até que seu filho apareceu chorando, com o cabelo bagunçado e sujo de lama. Essa cena fez o coração dos dois cair no chão.
— Mi pequeño niño, qué te pasó, angelito? — Vegetta logo se ajoelhou diante dele, acariciando suas bochechas enquanto perguntava desesperadamente o que tinha acontecido. Tolo, vendo a situação, tentei excitar Vegetta e colocar Roier calmamente na cadeira, enquanto verificava se ele tinha algum ferimento. Vegetta, branco como papel, tremendo e nervoso, acariciava a cabeça de Roier, falando que estava tudo bem e que eu iria preparar um banho quentinho e sua comida favorita. Depois desse susto, com Vegetta tomando um copo de água com açúcar, Tolo disse ao garotinho já limpo o que aconteceu. Lembrando do ocorrido, Roier colocou uma colher enorme na boca e soluçou enquanto mastigava. Esperando pacientemente, Tolo passando a mão na cabeça do garoto, sussurrando que estava tudo bem. Vegetta, vendo toda essa situação, sentiu seu coração apertado e pensou que iria chorar junto com seu filho, mas respirou fundo, tentando se rir.
Depois de juntar coragem, o pequeno Roier começou a contar o ocorrido. Disse que tinha feito uma cartinha pedindo ao Luca, a criança que foi legal com ele, em namoro. Quando entregue, as outras crianças ao redor de Luca começaram a rir, enquanto Luca fez uma expressão desconcertada e pegou a carta. Depois que ele pegou a carta, Roier correu para longe, feliz. No entanto, quando estava voltando para a sala, Luca e outras crianças riram dele e se depararam com a cartinha que ele havia decorado com suas figurinhas do Homem-Aranha no lixo. O pequeno sentimento as lágrimas descerem e correram para qualquer outro lugar, mas choveu nesse dia e ele escorregou em uma poça de lama no parquinho. As crianças ao redor começaram a rir dele e ele começou a chorar mais ainda. Uma professora o tirou de lá, vendo a situação, e o mandou para casa sozinho. Isso enfureceu Vegetta e Foolish.
"Por que caralhos ela não ligou para nós e deixou uma criança assim voltar sozinha?!"
Vegetta, muito irritado, quase ligado para a escola, mas imediatamente parou ao ouvir Roier, que começou a soltar mais coisas sobre o que acontecia na escola. Ele contou que o chamavam de órfão abandonado pelos verdadeiros pais, de burro, que sua burrice era contagiosa e como era excluída por todos. Ele perguntou se tudo aquilo era verdade e se era por isso que todos o diavam.
— No quería decir lo que pasó, no quería molestarte... Estabas busy mudándote y trabajando... — Com a voz travando e soluçando, Roier coçou os olhos para limpar as lágrimas. Seus pais, paralisados, o abraçaram se desculpando por não terem percebido. Eles tentaram consolar o garoto no abraço e com palavras consoladoras.
Após esse ocorrido, Vegetta foi à escola reclamar sobre o profissionalismo da escola por deixar uma criança sofrer essas coisas e por não entrar em contato com os pais, quase colocando fogo no local. A escola teve que lutar muito para convencer Vegetta a não denunciá-los, e nem foram eles que o convenceram, mas sim Foolish e Roier. Depois disso, eles se mudaram para um lugar mais próximo do emprego e mais longe do local, e mudaram Roier de escola. Em sua nova escola, Roier conheceu Jaiden, que apresentou Quackity e Mariana.
A segunda ocasião foi quando ele teve uma grande queda por um garoto conhecido como playboy, rebelde e popular da escola. O próprio estereótipo de delinquente ambulante: fumava, bebia, pichava a escola, desobedecia os pais e fazia tatuagem. O que Roier não sabia é que ele também tornava o bullying pesado. Só foi descobrir isso quando equipe coragem e foi dar em cima dele - Jaiden e Mariana sempre foram contra, Jaiden tem um sexto sentido sobre as relações de seus amigos, ser amiga de infância de três "dedos podres ambulantes" a conceder tais poderes. Mariana era contra por pura experiência própria e através das ações do menino de torturar outros pobres coitados. Quackity o apoiava, dizendo que a vida passa rápida demais e para aproveitar a juventude, tanto faz se o cara era o próprio embuste; o que uma ficada iria fazer de mal? - Ao dar em cima do garoto, seu pesadelo começou. O garoto, chamado Charles, humilhou Roier toda vez que o encontrou, jogando leite estragado nele, o fazendo tropeçar, picando "bicha nojenta" em seu armário e mesa. Isso enfureceu seus amigos, fazendo até Mariana ir até Charles e esmurrá-lo. Quem se separou foi Roier e Jaiden (que, mesmo querendo bater junto, teve que colocar a cabeça no lugar ao ver sangue nos punhos de Mariana).
Mas claro que a situação irritou e afetou o ego e o orgulho de Charles, o que fez com que ele começasse a pegar mais pesado com o bullying e a influenciar outros a fazerem também. Isso chegou ao ponto de outras pessoas, que não tinham nada a ver com a situação, começarão a espalhar rumores e a fazer comentários desnecessários sobre sua aparência. Seus amigos eram quem espantavam essas pessoas muitas vezes e o protegiam. Mariana falou o quanto essas pessoas eram nojentas e que não era para Roier dar ouvidos. Jaiden falou que ele não era nada do que os outros diziam, e que não era para ouvir e deixar se influenciar, que não era para dar importância porque eles não o conheciam e não tinham nada a ver com a vida dele. Quackity dizia que logo passaria, que as coisas estavam acalmando e tudo estaria bem, até que um dia Charles o empurrou da escada e Roier acabou torcendo o braço. Charles acabou sendo expulso da escola e Roier, durante esse tempo, se sentiu mais inútil e um incômodo para seus pais e amigos, odiando ver as outras pessoas, que antes sussurravam pelas suas costas, perguntando se estava tudo bem.
Depois disso, ao ir para o ensino médio, decidiu que se tornaria mais forte, tanto para se proteger e proteger os outros, quanto para se sentir melhor consigo mesmo e com seu corpo. Começou a ir para a academia e a fazer boxe, o que o fez entrar em forma e o deixou mais saudável fisicamente e mentalmente. Começou a ficar mais extrovertido e a fazer vários "amigos" na escola. A única coisa que o entristeceu nesse tempo foi o fato de seus amigos de infância irem para escolas diferentes.
Com isso, começa a terceira ocasião. Roier conhece Natalan, o belo garoto de cabelo preto. Sua parte mais apaixonante, na opinião de Roier, eram seus belos olhos: um castanho e o outro azul. Roier sempre sentiu-se afundar e se perder quando os encarava. Natalan era um paquerador nato, que flertava com Roier, sempre acertando nos pontos fracos, elogiando-o e fazendo-o rir. Sempre que pudesse, dançava com ele e o fazia dar uma giradinha só para segurá-lo mais perto, e eles riam. Quando eles namoraram e Roier foi apresentá-lo a seus amigos, Mariana e Quackity eram um pouco cautelosos, e Jaiden sentiu logo seu sentido de alerta apitar fortemente. Mas, vendo seu amigo feliz e como Natalan o tratava, decidiu dar uma chance. No momento em que viram eles entraram e conversaram, os três amigos se entreolharam e mentalmente entraram em um acordo. Natalan pareceu perceber isso e apenas soou inocentemente.
Quando foi apresentado aos pais de Roier, Foolish teve um mal pressentimento enquanto Vegetta fazia as promessas clássicas de pai protetor. Leonarda, que foi adotada durante a época de Charles, observou curiosamente Natalan. Não se sabia o porquê, mas Leonarda e Natalan nunca se entenderam. A criança sempre ficava mal-humorada quando via Natalan chegava em casa, se agarrava ao Roier enquanto dizia para ele não a deixar e nunca o deixava sozinho com Natalan. Roier apenas ria e dizia que era apenas a criança sendo ciumenta. Tolo, mesmo desconfiado, apenas sorria educadamente enquanto aconselhavam os dois garotos a terem cuidado e serem felizes. Ele não poderia simplesmente tratar mal o garoto que seu filho gostava por causa de um simples pressentimento.
O relacionamento entre Roier e Natalan começou a desandar depois que eles saíram do ensino médio e Roier entrou em uma universidade diferente de Natalan. Roier se juntou ao clube de futebol americano e se tornou bastante popular no campus, o que despertou um certo ciúme em Natalan. Ao descobrir que os amigos de Roier se encontraram na mesma universidade, ver Roier tão amigável com outros e o quão bem ele estava se saindo sem ele, fez Natalan se sentir menos superior, já que ele gostou de ver o quanto Roier dependia dele e como ele parecia no fundo do poço sem ele. Depois de uma visita à casa dos pais de Roier, enquanto Roier falava sobre suas conquistas e como estava saindo da universidade, Natalan ficava cada vez mais irritado. Isso resultou em um comentário sarcástico de que Vegetta e Foolish não encararam muito bem, iniciando uma discussão que fez com que Roier e Natalan saíram mais cedo. Naquela época, Roier e Natalan já estavam morando juntos há algum tempo. Ao voltar para casa, os dois tiveram sua primeira discussão, mas se reconciliaram no final. Desde esse dia, porém, Natalan começou a fazer "piadas" sobre como Roier comia demais, manipulando-o para fazer os outros parecerem errados aos olhos de Roier, afastando-o dos amigos e implantando ideias erradas sobre sua família.
Mesmo que Roier dissesse que estava bem, ao seu redor perceberam as mudanças que estavam acontecendo aos poucos, em como ele parecia vestir mais roupas compridas e evitar regatas ou camisas que mostrassem os braços todos, em como evitou comer muito, em como ele tem evitado seus amigos de infância e família, com suas notas caindo e ele faltando aos treinos do clube. Roier já estava acostumado a receber reclamações de seu treinador e professores, questionando se estava tudo bem, e já estava acostumado com os olhares preocupados enquanto passava pelos corredores.
Depois de passar na enfermaria da universidade, Roier se encontrou na direção a saída do local, já que suas aulas tinham acabado. Ele estava com uma dor forte de cabeça e os olhos doendo, pois chorou a noite inteira depois de uma discussão com seu namorado. Natalan ficou bêbado e acabou soltando uma brincadeira de que, se Roier não o tratasse bem, acabaria o deixando por outra pessoa. Roier ficou com isso martelando o dia inteiro e decidiu falar sobre o assunto, o que iniciou uma discussão que acabou deixando Roier chorando depois de levar um soco na bochecha. Na hora, ele quis reviver, mas acabou apenas agarrando Natalan pelo colarinho, o que fez o garoto com heterocromia soltar uma risada.
— O que? Vai me bater? — Ele disse com sarcasmo na voz e um sorriso de escarnio enquanto inclinava a cabeça em sua direção. Roier, lágrimas suaves descerem pelo rosto e sua bochecha doer, soltou-o desamparado, empurrou-o e mandou-o ir embora. Natalan apenas deu de ombros e saiu, não voltando naquela noite.
Natalan nunca havia batido nele antes. Roier sentiu saudades de quando eles dançavam de maneira boba, rindo enquanto seu namorado sussurrava palavras doces no seu ouvido. O garoto tinha mudado tanto. Roier ainda o amava, mas parecia que, a cada vez que o perdoava e aceitava seu abraço quente e reconfortante, Roier se afundava mais em algo de onde sentia que não conseguiria voltar, sentindo-se cada vez mais sufocado, e a única coisa que lhe A trazia rompeu foi quando Natalan mostrou uma traição de que voltaria a ser o cara amoroso que era no início.
Roier esfregou o rosto cansado depois de outra tentativa frustrada de focar em suas aulas. Andando pelos corredores e pensando em como vai voltar para casa e organizar as coisas, o celular de Roier vibra e ele vai ver com urgência no coração, esperando que seja uma mensagem de Natalan pedindo desculpas, fazendo mais uma vez uma promessa falha sobre mudar, dizendo que o ama e que faria um jantar só para eles à noite. Em vez disso, é pego de surpresa ao ver a mensagem de seu pai Vegetta.
Pa Vegetta: Ei, garoto, quando nos visitarás? Te echamos de menos. Não esqueça que você tem uma família, idiota.
Roier sente seus olhos arderem de novo, mas não sente nenhuma lágrima descer, parece que ele esgotou todas as suas lágrimas na noite anterior. Ele respondeu de volta que também estava com saudades e que os visitaria agora mesmo. Desde sua brigada naquele dia, ele os visitou menos, até que parou de visitá-los de vez. Estava com muitas saudades, mas sempre que pensava em visitá-los, a voz de Natalan surgia em sua cabeça, falando sobre como só queriam sair de Natalan dele, que iriam começar a falar mal de Natalan para fazer com que pensasse que deveria terminar. Mas, no momento, essa voz não estava funcionando em Roier, pois ele estava muito cansado e apenas queria sentir o calor de sua família, sendo isso o certo ou não.
Ao chegar em casa, Leonarda, que atendia a porta, se jogou nos braços de Roier falando que estava com saudades. Roier retribuiu com um abraço apertado e entrou em casa rindo, gritando que estava de volta. Seus pais o abraçaram, e o dia foi incrível. Foolish e Vegetta prepararam um grande banquete enquanto Roier ajudava Leonarda com uma lição de casa. Depois de comer, conversar, rir e brincar de alguma coisa, chegou a hora de Roier ir. Ao sair, Roier dá um último abraço aos seus pais.
— Tonto, não espere muito para visitar sua família. Eu estava começando a pensar que estava em cautela privada... — Roier riu da fala de seu pai e sugeriu que estava tudo bem. Até que seu pai acariciou sua bochecha inchada e percebeu algo estranho. Roier, percebendo isso, apenas se afastou rindo sem graça e encontrou algo para distraí-los desse assunto. Vendo que estava com muitas saudades de sua família, queria renovar as coisas entre seus pais e seu namorado.
— Então... Sei que a situação da última vez foi meio esquisita e pesada... Mas Natalan queria se desculpar, então... — Falando meio sem graça, Vegetta parecia encaixar as coisas na cabeça e continuava sem responder, apenas olhando para Roier. Tolo, que também viu, logo se mudou de seu filho e foi ver seu rosto.
— Não tinha percebido isso, mas agora... Filho, ele bateu em você? — Foolish ficou preocupado, o que deixou Roier tenso, tentando se afastar, enquanto Vegetta começou a ficar ainda mais irritado e cerrou os dentes.
— Pai, não é nad-
— Esse filho de puta te bateu?! O que ele tem feito com você... É por isso que você está assim?! Eu deveria ter o matado naquele dia quando ele teve a coragem de te chamar de porco! Incluso tuvo a audácia de fazer perguntas se você pudesse voltar aqui! — Vegetta começou o xingar, enquanto Roier vendo tudo desandar tentou refutar o pai dizendo que estava tudo bem. A discussão começou a aumentar com Roier começando a ficar irritado e ainda mais frustrado e Vegetta começou a chorar irritado, enquanto Foolish tentava os animado, tudo parou quando eles conseguiram ouvir choro de criança.
— Detener... Por que gritas? Você está peleando? Tengo miedo — Leonarda não entendeu o que estava apostando, estava tudo bem quando de repente seus pais e seu irmão começaram a gritar um com o outro, estava ficando com medo e começou a chorar. Tolo pega a criança no braço tentando a risada.
— Shii, Shii, está tudo bem. Por favor, acalme-se, para que possamos conversar direito. Vou colocar Leonarda na cama. — Foolish dá um olhar de advertência e de preocupação para os dois e vai para outro cômodo. Com um silêncio dos dois, o único barulho sendo de Vegetta soluçando e limpando as lágrimas, Roier, que estava irritado, começa a se sentir frustrado e se sentir preocupado e então sussurra um pedido de desculpas enquanto tenta ir embora, antes que consiga, seu pai seguro seu pulso rápido.
— Roier... Eu não posso aceitar aquele ser nojento aqui e nem aceitar o que ele está fazendo. Mas você sempre pode voltar, por favor, se você precisar de ajuda, nos procure, está bem? — Ao ouvir isso, Roier engole seco e o abraça.
— Pa, Está bem, estou bem, não te preocupes, vale? Ya no soy un niño, soy forte, puedo me proteger! — Roier se afasta do abraço do pai e lhe dá um enorme sorriso para o tranquilizar. Vegetta olhe e suspira.
— Espere um pouco, vou passar uma pomada nessa sua cara.
Ao voltar para casa naquela tarde, Roier se deparou com Natalan sentado no sofá, parecendo esperar. Roier soltou um suspiro e se preparou para mais uma discussão de muitas com seu amado. Depois de tantos dias, sem mudar de lugar, Roier estava se sentindo completamente exausto. Cansado de Natalan, que ultimamente está mostrando cada vez menos interesse nele — O que surpreendentemente, Roier dá graças a Deus — dos olhares preocupados e perguntas de desconhecidos sobre sua saúde, cansado de ver toda situação de merda que é se ver distante de seus melhores amigos, de se frustrar ao ver resultado de mais um teste e ter que pensar em trancar o curso, de tudo. Cansado, ele estava sentado em uma área isolada debaixo de uma árvore enquanto olhava o tempo. Estava no horário de almoço, Roier não estava com vontade de comer, mesmo não tendo comido nada o dia inteiro, só de pensar em olhar para comida faz o estômago de Roier revirar. Entediado de olhar para o céu, começa a observar as pessoas andando ao redor, até ver um cara o olhando de longe, seu cabelo loiro se mexia com o vento, ele parece está criando coragem para se aproximar enquanto os amigos ao seu redor o promoção. Quando eu estava prestes a se perguntar, uma mão surgiu na sua frente.
— Ei? Terra para o emo de moletom — Roier se assusta e por reflexo solta um grito surpreso. O garoto de óculos escuros com aparência de uma sobrancelha - Sou tão feio por acaso?
Assim que Roier conheceu Spreen, a partir desse dia, Spreen foi sua companhia. Logo viraram amigos e ficaram brincando e rindo de brincadeiras bobas. Ele também foi quem o incentivou a conversar com seus amigos de infância para se reaproximarem, assim o grupo cresceu mais um pouco.
Depois de um dia fazendo um trabalho na universidade na biblioteca, Roier volta para casa com as costas fazendo de ficar sentado na cadeira dura de madeira. Estava me sentindo meio preocupado por ter passado o dia na biblioteca, já que hoje era seu aniversário de 3 anos de namoro, então acabei comprando um bolinho no caminho. Abrindo a porta e entrando no pequeno apartamento que ele e Natalan compartilhavam, Roier começa a ouvir gemidos. Ao ouvir isso, a cabeça dele esfriou e ele travou no lugar, logo a compreensão do que estava batendo com tudo em sua cabeça. Ele cobriu seu rosto com suas duas mãos e ria baixo, achando que estava começando a surtar de vez. Ele respirou fundo, deixou o bolo na mesa e foi ao banheiro e colocou uma bacia para encher de água enquanto ia para a cozinha e pegava o gelo. Depois de colocar o gelo dentro da bacia, ele pega tomando cuidado para não derramar água no chão, depois de pensar um pouco, ele dá de ombros e vai de qualquer jeito para o quarto fazendo uma gambiarra para abrir a porta
" Mierda , esqueci de abrir a porta antes."
Se molhando um pouco Roier bufa irritado consigo mesmo tremendo de frio por causa da água fria. Abrindo a porta, vendo seu agora ex namorado no meio do ato, deu mais determinação e mais gosto na boca ao jogar a água em cima deles. Escutando os gritos irritados, Natalan querendo começar outra briga e a pessoa que estava com ele se levantando, Roier solta um grande sorriso travesso sentindo um peso sair de cima dos ombros enquanto corre para fora do apartamento, rindo, chorando e querendo vomitar enquanto escutava gritos invocados seu nome.
Voltando para casa dos pais depois de seu término pacífico, Roier se sente mais leve. Mesmo passado por tempos difíceis, chorando quase todas as noites, passando mal ao comer e umas pequenas crises e problemas de confiança. Roier começa a se sentir melhor, saindo mais com os amigos e família. Seus pais o confortando, seus amigos o ajudando aos poucos se sentirem confortáveis novamente, mesmo com seus pesadelos e sentimentos de mágoa, saudade e solidão, ele se sente mais calmo ao lembrar que tem gente o apoiando.
E assim começa a sua quarta e atual ocasião. Em meio de uma crise no banheiro da universidade, chorando ao não aguentar em se olhar no reflexo por está de camiseta, Roier se encontra esfregando os braços no canto do banheiro. O bom era horário de aula e não tinha perigo tão grande de ter outros alunos — O que é mentira, mas é algo que Roier se segura para poder desabar em paz, pois não aguentaria suas aulas acabar para chorar no banheiro de casa. — Como uma refutação imediata do universo, a porta aparecendo que era Spreen que estava entrando no banheiro. Ao ver Roier desse jeito, a primeira resposta óbvia para a situação de Spreen, era guardar seu cigarro e ir até ele e perguntar se estava tudo bem. Depois de desabafar, chorar e soluçar, Spreen o consolo negando as falas que Roier falava sobre ser feio. Ao ver que Roier não estava acreditando nele, Spreen acabou o beijando.
— Você acha que eu beijaria você se você não fosse bonito, idiota? — Isso claramente deixou Roier sem fôlego, seu coração acabou errando uma batida o deixando totalmente vermelho, o que tirou uma risada do Spreen.
A partir disso, ambos começaram a "sair", faziam algumas vezes, ia encontros, passandom o dia juntos. Todas essas ações fizeram Roier se sentir amado novamente como pessoa depois de tanto tempo, começou a sentir que merecia ser amado.
Durante esses anos, seu grupo de amigos cresceu novamente, adicionando Tina. A garota doce e tímida em certas graças, é a líder dos líderes de torcida do clube de Roier. Eles se aproximaram de um caso de bullying, onde Roier encontrou um dos líderes acabando empurrando uma garota perto do lixo. Quando ia entrevistar, Tina apareceu resolvendo a situação e tirando a garota do tempo. Roier admirado com a maneira como Tina resolveu a situação, chamou ela para sair com seus amigos. O que fez a garota inicialmente achar muito estranho e suspeito, mas depois viu que as ações do menino eram puras. Com o tempo, ela acabou entrando na roda.
Para explicar um pouco melhor do porque Roier está com Cellbit seja algo muito problemático, vamos falar de Quackity. Em algum momento, Quackity desenvolveu uma paixão pelo "Príncipe de Coração Frio", Cellbit Lange. Roier estaria pensando se dissesse que o cara não era atraente. Cellbit é um dos mais famosos da universidade, com sua aparência impecável, notas perfeitas, grande fortuna e boas maneiras. Sobre o apelido, sendo "Príncipe" autoexplicativo, vamos ao "Coração Frio": ele ganhou essa fama por rejeitar friamente qualquer confissão amorosa e por seu comportamento frio e arrogante com quem não gosta. Essa confiança se solidificou depois que ele rejeitou publicamente um ex-líder de torcida. A confissão foi gravada, e o vídeo mostra a garota sendo humilhada e desprezada, saindo chorando enquanto Cellbit apenas sorria sarcasticamente e revirava os olhos antes de ir embora. Ela deixou o logotipo da universidade em seguida. Não que Roier sinta pena dela; além de tentar ficar com Cellbit, ela também dava em cima de Roier e de qualquer outro garoto popular, além de praticar bullying contra aqueles que ela considerava "nerds fracassados".
De acordo com Quackity, sua paixão pela Cellbit começou quando um grupo da universidade rival se reuniu para espancá-lo após um jogo. Quackity havia provocado os adversários, chamando os de fracassados após uma derrota, e até jogou pipocas doces nos jogadores. Depois de apanhar um pouco, Cellbit apareceu como um cavaleiro em armadura e derrotou todos eles. Desde aquele dia, Quackity não para de falar sobre o quanto Cellbit é incrível e como está perdidamente apaixonado, fantasiando encontros casuais nos corredores que levariam a uma linda história de amor.
Como de costume, Roier e seus amigos foram convidados para mais uma festa, desta vez na casa dos Lange. Obviamente, os pais e os irmãos mais novos de Bagi e Cellbit estavam viajando, mas as duplas decidiram não ir para não perder as aulas na universidade. E foi nessa festa que tudo aconteceu, levando à situação atual.
Cellbit, sonolento, esfrega o rosto contra a cintura de Roier, que fica imediatamente tenso. Ao estranhar que seu "travesseiro" estava duro, Cellbit abre os olhos e vê a cintura de Roier. Ao raciocinar e lembrar da noite passada, Cellbit rapidamente se afasta, com o rosto completamente vermelho, e cai no chão.
—Porra! Ai, caralho... — Levantando-se, ele olha para Roier, que estava puxando o lençol para se cobrir. Percebendo a situação, Cellbit começa a balançar as mãos desesperadamente, tentando explicar: — P-Pera, não é isso, não é o que você está pensando. Você ficou bêbado e começou a conversar comigo, me beijou, mas eu percebi que você não estava bem e pensei em te deixar aqui para dormir. Mas aí você começou a tirar a roupa e se deitar, eu ia embora, mas você começou a chorar, então eu meio que fiquei até você dormir, e acabei dormindo também, e, e, e... — Enquanto Cellbit se explicava, Falando cada vez mais rápido, Roier percebeu como ele estava cortado até o pescoço... Ele é realmente muito bonito... Espera... BEIJAR?! Roier rapidamente ficou pálido e sem expressão.
— Calma, eu te beijei? — Quase perdendo a voz, Roier disse, sentindo suas mãos ficarem dormentes de tão frias que estavam.
— Sim... Você me beijou — Cellbit respondeu em voz baixa, abaixando a cabeça para esconder seu sorriso e rosto corado.
"Santa mierda, não pode ser possível, não, não..."
— Urk! Oh, me duele la cabeza — Com a dor de cabeça voltando, Roier colocou a mão na testa. Cellbit recuperou os sentidos e saiu apressado do quarto.
— Vou procurar um remédio. Fique à vontade para usar o banheiro. É a porta à direita! Seu celular está aí na cabeceira! — Assim que Cellbit saiu, Roier, ainda sem expressão, procurou por seu celular e o pegou para ver as mensagens. Havia mensagens de Vegetta, Leonarda, Jaiden, Mariana e Spreen. Franzindo as sobrancelhas, Roier decidiu ver primeiro as do pai e de Leonarda.
Pa Vegetta: Roier, onde você está? Tudo está bem? O que aconteceu?
03:27
Pa Vegetta: Por favor, responda-me, cabrón.
04:01
+34 mensagens
Roier: Olá papai, lo siento mucho. Terminei dormindo na casa de um amigo e esqueci de enviar uma mensagem. Não te preocupes, estou bem!
*Anexo de foto com Roier sorrindo*
Pa Vegetta: Mierda, não me preocupe mais assim. ¡Casi iba a ir à comisaría a registrarte como desaparecido!
Roier: Estoy bien, Pa, não te preocupes. (。•̀ᴗ-)✧
Pa Vegetta: (╬☉д⊙)⊰⊹ฺ
Roier suspirou, sentindo-se preocupado por preocupar seu pai novamente, e abriu o chat de Leonarda, vendo apenas figurinhas de choro e de raiva, acompanhadas de uma foto embaçada de Vegetta nervoso, com Foolish tentando acalmá-lo. As mensagens foram enviadas às 07:40. Roier respondeu com uma figurinha de cachorro se curvando e pedindo desculpas. Ao perceber a hora em que sua irmã invejou a mensagem, ele recebeu o local e viu que eram 13h30. Suspirando, ele respondeu às mensagens preocupadas de Jaiden e às mensagens sem sentido de Mariana, que provavelmente foram enviadas junto com Quackity. Quando chegou ao chat de Spreen, Roier sentiu um nervosismo crescente e quis evitar abrir uma conversa a todo custo.
Spreen: Ei, você está bem?
03:47
Spreen: A gente precisa conversar.
08:00
Ao sentir seu coração afundar com a última mensagem, Roier esfregou sua cara resmungando irritado ao perguntar o porquê de tudo dar errado para ele. Indo ao banheiro, ele começou sua lista de prioridades:
1° - Evitar Spreen a todo custo
2° - Evitar Cellbit
3° - Dá um jeito de arrumar coragem para contar essa história para seus amigos
4° - Não faça merda de conversar com Cellbit sem ter essa bomba resolvida.
Chapter Text
— Cellbo, você está bem? — Sentindo-se meio tonto, como se estivesse sonhando, Cellbit olha na direção da voz, vendo um garoto loiro sorrindo preocupado. Tentando se afastar da imagem agoniado, o cenário que antes parecia leve e pacífico começou a perder cor e a dar calafrios. A silhueta do garoto parecia ficar mais agressiva e pegajosa; segurando Cellbit pelos ombros, uma série de lágrimas começou a vazar dos olhos da silhueta. — N-Não! Você não pode me deixar! Você não me deixaria, certo?! Cellbit! — Gritando com urgência, as lágrimas pareciam criar um mar, e como se fosse uma areia movediça, Cellbit começou a afundar, tentando nadar desesperado para fora e gritando. Sentindo sua voz não sair de jeito nenhum, começou a chorar desesperadamente. A silhueta dessa vez começou a sorrir de maneira tão doce, que chegava a ser doentia. Apertando a mão em seus ombros, a silhueta do garoto loiro começou a afundar Cellbit mais ainda na areia movediça.
— Eu e você, para sempre, certo?
"Não, não, sai de perto de mim!"
— Cellbit...
"Eu não, não... Me solta!"
— Cellbit...
"Me deixa em paz!"
— Cellbit! — Ao acordar, percebe que quem estava segurando seus ombros era Bagi, que parecia desesperadamente tentando acordá-lo. - Cara, o que tem de errado? Você está bem? Foi um pesadelo? - O garoto olha em volta, um pouco desamparado, e percebe que está no estúdio de fotografia, a sala do clube de fotografia.
"Ele não está aqui, não tem como ele sequer estar, tá tudo bem."
Se acalmando com o pensamento, Cellbit respira fundo, inclinando-se para trás para estalar suas costas. Ele tinha acabado de passar horas dormindo na cadeira, terminando de editar uma foto para mandar para o clube de jornal da universidade. Depois de despertar completamente, volta seu olhar para Bagi, que estava o olhando preocupada.
— Tô bem, tô bem. Foi só um sonho esquisito... — Ele fala, levantando enquanto coloca o cabelo para trás. Bagi suspira enquanto pega uma caneca com café e empurra na direção dele. — Obrigado.
— Vamos voltar ao trabalho. Terminou a edição da foto da feira de cursos da faculdade? Será daqui a alguns meses, temos que ter pronto para o curso de marketing publicá-la e o clube de jornalismo preparar matéria sobre.
— Estou quase terminando, chefia.
— Então, de volta ao trabalho.
Cellbit Lange, segundo filho da família Lange. Uma família prestigiada com grande influência, tendo uma enorme empresa que ajuda a movimentar a economia. Uma família que tem no sangue o dom de aperfeiçoar qualquer área e se sair bem; na política, nos empreendimentos, na ciência, educação, entretenimento. Qualquer área. Desde cedo, as crianças dessa família são colocadas em atividades que estimulam o conhecimento em várias áreas e o costume de estar nelas. Philza, o atual "chefe" da família, acha importante estimular as crianças para que elas ganhem interesse em alguma área e a conquistem sem dificuldades e sem perder os sentimentos de ter uma infância normal. A mãe de Cellbit, alguém muito humilde, de coração doce e aventureiro, era uma pessoa muito criativa que sempre dava um jeito de fazer as lições de casa parecerem uma grande aventura. Para os gêmeos, o melhor método de aprendizagem foi fazer o cenário de estudo parecer uma cena de investigação. Cellbit e Bagi amavam e ainda amam enigmas, e de vez em quando assistem a uma série de investigação criminal quando têm tempo.
Antes, sua família era formada por Philza, Margareth, Bagi e Cellbit. Apesar de parecer o padrão de uma família rica que só foca no dinheiro e não no amor, sua família era extremamente o contrário. Seus pais eram extremamente amorosos, e os gêmeos, bem-educados. Era uma família perfeita, até Margareth morrer em um acidente de carro. Isso fez um enorme buraco na família, fazendo todos se afastarem por um tempo. Não havia uma noite em que os gêmeos não chorassem de saudade da mãe. Philza, arcando com as responsabilidades de ser um pai solteiro, teve muita dificuldade para fazer as coisas voltarem a andar, principalmente por Cellbit ser bem teimoso e sempre que podia fugir de suas aulas para entrar na sala de artes da mãe. Margareth era uma artista nata, amava pintar, dançar, cantar e tirar fotos. Ela dizia que todas essas coisas ajudavam a guardar os momentos preciosos para ela; mesmo podendo guardar no coração e alma, ela ainda gostava de guardar no mundo físico, como uma maneira de expressar o quanto amava cada parte de sua vida. Cellbit ia e ficava horas olhando um retrato da família em que estavam Philza, Bagi e Cellbit, e então uma foto mal colada de um selfie da sua mãe. Ela disse na época que pintou o quadro, que gostaria de pintar as pessoas mais importantes de sua vida, e que daria um jeito de se colocar lá também. Cellbit sentia que toda vez que ia nessa sala, era como sentir sua mãe com ele de novo.
Depois de 3 anos do ocorrido, a relação da família melhorou um pouco, mesmo com Philza não tendo tanto tempo quanto costumava para passar com seus filhos. Ele e Margareth, além de dividirem o tempo com as crianças, também dividiam o trabalho na empresa. Eram uma dupla que conseguia equilibrar a vida profissional com a pessoal. Após a morte de sua esposa, foi difícil equilibrar tudo, principalmente para passar o tempo com seus filhos, que acabaram de perder a mãe, e para equilibrar seus próprios sentimentos, a fim de dar o seu melhor na criação deles. Seus filhos eram e sempre serão como raios de sol em seus dias, e se agarrando a essa emoção, Philza criava coragem para se levantar todos os dias. Estava tudo indo bem e voltando aos eixos para os gêmeos, até seu pai aparecer falando que estava gostando de alguém.
Cellbit lembra desse dia até hoje. Quando seu pai deu a notícia, parecia como se tivessem cravado uma faca em suas costas. Ele lembra de se levantar e gritar com ele, perguntando se estava tentando substituir a sua mãe por alguém aleatório. Lembra de ter dito coisas dolorosas enquanto seu pai tentava explicar e sua irmã tentava acalmá-lo, mas isso tudo entrava por um ouvido e saía pelo outro. Ele saiu correndo da sala de jantar e trombou com o cara que seria o possível substituto para sua mãe, já que ele estava parecendo abatido e não havia nenhuma notícia sobre empregados novos. Cellbit o parou e apontou para ele, dizendo que ele nunca substituiria Margareth, mesmo que tentasse muito. Saiu de lá irritado, sentindo-se traído pelo próprio pai, correndo bravo sem ver por onde ia, enquanto escutava pessoas gritando seu nome. Quando percebeu, ele estava em um parquinho e apenas se sentou no balanço e começou a chorar.
— Como se atrevem a tentar te substituir... Eu nunca vou deixar isso acontecer... — Ele resmungava, olhando para o chão enquanto balançava um pouco o balanço.
— Ei, qué haces aquí solo a esta hora? — Parando de falar sozinho e olhando na direção da voz, viu um garotinho de macacão vermelho, cabelos castanhos e bochechas que pareciam de um esquilo. Sua voz fazia parecer que tinha língua presa e estava misturando duas línguas. Foi assim que Cellbit conheceu Roier.
Com Roier se sentando ao seu lado, eles começaram a conversar. Roier o consolou e falou para escutar o lado de seu pai, que sua mãe nunca seria substituída. Também o xingou por ser rude com alguém que ele nem conhecia. Mesmo que Cellbit tentasse argumentar, era cortado por Roier falando alguma coisa sem sentido e o chamando de criança enquanto agia como o mais velho, o que fazia Cellbit ficar sem palavras.
"Ele é um idiota ou é um idiota inteligente?"
Roier tem que admitir que só estava tentando parecer um adulto como seus pais e estava falando coisas que nem entendia. Ele nem mesmo entendia o conceito da morte. Para ele, Cellbit estava falando sobre sua mãe ter o abandonado e agora estar conseguindo um novo pai. Assim como foi com Roier, seus pais o abandonaram por não poderem ficar com ele, mas agora ele tem novos pais que cuidam dele e o amam muito. Ele ainda sente curiosidade de conhecer seus "verdadeiros" pais, mas sabe que agora está em um lugar muito longe para os encontrar. Ele entende que Cellbit conheceu a mãe dele, e eles se amavam, mas por algum motivo, a mãe teve que ir embora. Ela não pode ser substituída em seu coração. Mas não acha que é motivo para tratar os outros mal sem entender o lado deles. Roier não sabe muito o que falar; era uma situação complicada para a cabeça pequena e infantil dele. Cellbit parecia ter entendido um pouco do que ele queria dizer, mas ainda sentia como se sua mãe estivesse sendo traída.
— Você falar assim, creo que a tu mamá le gustaría que sejas feliz, mesmo si no está contigo. — Isso fez Cellbit parar, lembrando das memórias com sua mãe e sua família, de como ela sorria e ria. Sentiu sua garganta apertar e começou a chorar de novo, o que fez o pequeno Roier se assustar e, sem saber o que fazer, saiu do balanço e segurou a mão dele, o olhando preocupado, quase chorando junto. Depois de horas chorando, Cellbit decidiu que era hora de voltar para casa. Ainda com os dedos entrelaçados, Cellbit enxugou as lágrimas e bagunçou o cabelo de Roier.
— Obrigado. Vou voltar pra casa e conversar com meu pai. — Ele falou fungando pelo nariz entupido. Roier apenas sorriu e soltou a mão dele.
— Es muy tarde, mi papá se asustará si no vuelvo pronto, adiós pequeño! — Roier se afastou acenando e correu em direção à sua casa, pegando sua mochila do chão. Cellbit acenou de volta e percebeu que não tinha dito seu nome para ele e nem perguntado o nome dele.
Voltando para casa tarde, Cellbit levou uma bronca de sua irmã, que estava chorando preocupada, e recebeu um abraço apertado do pai. Cellbit pediu desculpas a eles enquanto chorava. Ele falou sobre como se sentia naquela situação. Depois de uma longa conversa com seu pai e irmã, ele foi conversar com o homem que seu pai estava namorando. Pedindo desculpas a ele, Cellbit prometeu fazer o seu melhor para aceitá-lo, e Missa prometeu fazer o melhor para ser aceito em sua família.
Depois de anos, sua família aumentou. Philza se casou com Missa. Cellbit e Bagi já se sentiam confortáveis com isso e planejaram o casamento junto com eles, com Cellbit querendo que tivesse elementos de terror paranormal, falando animado sobre a ideia. Enquanto Bagi dizia o quanto era idiota e sugeria colocar um corpo morto falso como bolo, algo que Cellbit até concordou, até ouvir dela que sua ideia era idiota. Missa se sentia perdido e assustado com a conversa, e Philza apenas riu enquanto acalmava os gêmeos. No final, o casamento foi lindo, e acabou com os gêmeos levando juntos as alianças, já que brigaram sobre quem iria levar. Foi um dia de alegria e diversão, e um novo quadro e novas fotos foram colocados na sala de artes. Anos depois, Chayanne e Tallulah foram adotados, e sua família agora estava mais unida que nunca.
As crianças Lange sempre estiveram nas melhores escolas, não tendo apenas aulas particulares em casa (por acharem que não era um método estimulante na questão de comunicação e que influenciaria negativamente a personalidade). Mas ainda assim, consideravam poucos seus amigos verdadeiros: Felps, Pac e Mike sendo esses poucos. Felps e os gêmeos se conheceram durante a infância, já que Felps é filho da melhor amiga de Margareth. Cellbit e ele se deram bem desde o primeiro olhar, fazendo com que Felps se tornasse cúmplice de Cellbit. Sempre que Cellbit planejava algo, Felps era incluído. Isso era principalmente em casos de fazer pegadinhas contra sua irmã e fugir das aulas para brincar na sala de artes da mãe. Conheceram Pac e Mike no ensino fundamental, quando o trio se deparou com o projeto científico criado pela dupla nomeada de "TazerCraft". Era uma invenção louca de bomba de chiclete que deu certo até demais, fazendo com que Cellbit e Bagi quase batessem na dupla por causa dos seus cabelos. Felps apenas mascava o chiclete enquanto dizia que o sabor era de Tutti Frutti. A partir desse momento, viraram um grupo inseparável.
No ensino médio, Cellbit, em sua fase rebelde, deu uma escapada da escola para perambular pela pracinha, onde encontrou ele... Bem, a energia dele era contagiante, sempre fazendo Cellbit sair de casa e se divertir na rua. Sempre que saíam, ele fazia questão de estar em contato físico, seja com o braço em volta de seus ombros, mãos dadas, mão na cintura ou se apoiando em suas costas. Ele era literalmente as chamas e Cellbit a mariposa, se sentindo cada vez mais atraído pelo garoto tão quente quanto o sol, pelo seu sorriso que parecia iluminar o seu dia. Mas, infelizmente, parecia que as chamas estavam mirando apenas nas asas da mariposa. O garoto começou a ficar cada vez mais pegajoso com Cellbit, segurando-o e chorando, pedindo para não deixá-lo, lançando olhares ciumentos para qualquer um que chegasse perto, até colocou um aplicativo de rastreamento no celular dele... Sussurrava nos ouvidos de Cellbit que ele era o único que o amaria tanto, para não o deixar como seu antigo namorado, que era taxado como a pior pessoa existente na Terra, uma merda sem coração que não aceitava o seu carinho. Forever era alguém muito inseguro e ciumento desde antes de seu ex-namorado o deixar. O fato de Cellbit o ajudar naquele dia na pracinha fez Forever crer que era destino. A princípio, pensava em só ser amigos, mas depois de ver o quanto Cellbit era fechado, introvertido, submisso, caiu na fantasia de protegê-lo do mundo e acreditou que sua única alegria no momento seria tirada dele por outros se ele vacilasse, e isso era a última coisa que ele desejava.
Em choque com a sua situação atual, Cellbit sentia sua mão tremer ao sentir seu celular vibrar a cada segundo com novas mensagens dele. Cellbit não era bobo, sabia quando as coisas estavam indo longe demais, mas ao pedir tempo para Forever, pareceu ter desencadeado um surto ainda maior no garoto. Ele mandava mensagens confusas, perguntando se tinha feito algo, dizendo que melhoraria, que amava Cellbit. Ficava violento quando perguntava se havia outra pessoa, e perguntava onde ele estava, logo mandava esquecer porque já sabia e dizia que iria até ele.
Cellbit começou a respirar como se estivesse buscando ar, e apenas deixou o celular em cima da mesa da lanchonete e pediu uma água. Seus amigos, que estavam vendo a situação, ficaram preocupados, pedindo para Cellbit se sentar e se acalmar, dizendo que tudo ficaria bem e que aquilo era o certo a se fazer. Mike resmungava baixo sobre como deveria começar a dar ouvidos aos seus pressentimentos ruins, enquanto pegava o celular de Cellbit para verificar como desativar o rastreador e se havia mais alguma coisa escondida. Pac foi pegar e pagar pela água, enquanto lançava olhares preocupados em direção a Cellbit. Felps apenas o encostou na cadeira e pediu para ele respirar fundo enquanto o abanava com o cardápio da lanchonete. Bagi, ao ver as mensagens, já havia se levantado para olhar por fora da loja e ficar de guarda. Ela pegou o celular para ligar para os pais, mas Cellbit a fez desistir da ideia, dizendo que não era para incomodá-los no horário de trabalho, que era algo que eles conseguiriam resolver sozinhos.
— Cadê ele, Bagi? Eu sei que ele está aqui. Por favor, saia da minha frente. — Sentindo seu coração parar, Cellbit arregalou os olhos e colocou a mão na boca, sentindo que iria vomitar. Começou a escutar uma discussão se iniciando na parte de fora e, ao olhar para o lado, viu que Mike havia saído. Felps colocou uma garrafa em sua mão.
— Aqui, amigo. Calma, a gente resolve isso, ok? Só relaxa um pouco, vou ver como estão as coisas. O Pac tá aqui. — Olhando nos olhos de Cellbit para ter certeza de que ele entendeu, Felps se levantou e foi para o lado de fora. Pac, ao seu lado, o confortava, dizendo que tudo ficaria bem. Cellbit começou a respirar fundo, tentando não prestar atenção às vozes cada vez mais altas do lado de fora, e conseguiu se acalmar.
— Cellbit! — Seu corpo ficou tenso e imediatamente ele olhou para a direção da voz. Forever parecia ofegante e a calma e frustração que estavam em seus olhos ao ver Cellbit, se transformaram em ódio profundo ao ver Pac ao seu lado, tocando seu ombro. - Sai de perto dele, porra! - Ao ir em sua direção, irritado e pronto para atacar Pac, Cellbit se levantou, colocando Pac para trás, o que fez Forever parar no lugar, confuso.
— Chega, Forever. Acabou. — Cellbit falou, sentindo seu almoço subir à garganta ao ver a expressão de dor no rosto do outro. Forever negou com a cabeça, lágrimas caindo de seus olhos.
— Não, não... Não! — Forever soluçou, batendo o pé e levantando um olhar irritado. — São eles! Eles colocaram coisas na sua cabeça!
— Isso não tem nada a ver com a gente, não, fi! Você que tem titica na cabeça! — Pac gritou de volta, ganhando um olhar ainda mais irritado de Forever. Depois de alguns segundos de silêncio, Forever, agora sem expressão, como se estivesse pensando em algo, deu um passo à frente em direção a Cellbit, ignorando Pac.
— Vamos, Cellbo. Vamos sair daqui e a gente conversa melhor. — Ele falou com uma voz incrivelmente doce, adotando uma postura mais calma e gentil enquanto se aproximava de Cellbit. Cellbit ficou paralisado ao ver Forever começando a esboçar um pequeno sorriso, tentando convencê-lo. Pac, percebendo a situação, puxou Cellbit para trás e disse para ele se afastar.
De repente, Mike apareceu com sangue escorrendo do nariz e sem os óculos, jogando-se em cima de Forever, puxando-o pelo pescoço com o braço e o derrubando no chão, causando um estrondo. Bagi, com a bochecha machucada, estava sendo apoiada por Felps para dentro da lanchonete. Felps a deixou em uma cadeira e foi tentar separar a briga.
Ao verem Bagi naquela situação, Cellbit e Pac correram em sua direção para verificar seus machucados, enquanto ela resmungava que estava bem, embora reclamasse do tapa e empurrão que recebeu, dizendo que foi o pior que já levou na vida. Mesmo que o loiro maluco fosse todo bombado, ela acreditava que ele não faria nada contra ela, já que tinham uma relação até boa, e achava que conseguiria convencê-lo a ir embora. Mas, ao dizer algumas verdades, levou um tapa e, ao tentar impedir que ele entrasse, foi empurrada de lado. Embora o loiro tenha se preocupado e tentado se desculpar, Mike chegou na hora e atacou Forever. Felps, que chegou logo depois, foi verificar Bagi. Após um soco no nariz, Mike apagou e Forever conseguiu entrar na lanchonete. Na hora que isso aconteceu, Felps deixou Bagi apoiada em um canto, depois de ter certeza que estava tudo bem e foi checar Mike, que demorou alguns minutos para despertar. Quando Mike despertou e entendeu o que estava acontecendo, entrou correndo na lanchonete com fogo nos olhos.
— Sai de cima de mim, seu merda! — Forever gritava irritado, tentando tirar Mike de cima dele.
— Seu filho da puta! Eu ainda não acabei com você! Escroto do caralho!
— Que caralho, dá pra pararem de brigar, porra?! Daqui a pouco a polícia aparece! — Felps, estressado e tentando separar os dois, gritava enquanto levava alguns socos.
— Sai de cima dele! — Cellbit, ao ouvir o que aconteceu pela Bagi, sentiu seu sangue ferver. Correndo na direção da briga, ele tirou Mike de cima do Forever e começou a socar o loiro. Forever, vendo que Cellbit estava batendo nele, parou de revidar e começou a se proteger. — Seu desgraçado, vai bater na irmã e nos amigos dos outros no inferno!
Cellbit desabafou a raiva que sentia com cada chute e soco que dava em Forever, falando o quanto estava cansado de tudo, até mesmo da simples existência dele, do fato de Forever respirar. Durante seu discurso de ódio, ninguém conseguiu intervir. Pac deu um tapinha na cara de Mike, dizendo que era só um nariz quebrado e umas costelas, e que em algumas semanas ele melhoraria, fazendo Mike choramingar sobre ter seu rosto lindo danificado e seu óculos quebrado. Felps perguntou a Bagi se ela estava bem, e ela apenas respondeu com um joinha.
Todos estavam acostumados com a versão violenta de Cellbit (menos Forever), já que Cellbit geralmente socava os caras que tinham a coragem de fazer bullying com seus amigos. Em momentos de raiva, ele já mandou sete caras para o hospital por terem destruído um projeto que Pac e Mike levaram quase um ano para finalizar. Cellbit e Bagi aprenderam diversos tipos de lutas quando eram crianças. Bagi tinha perdido a prática e achava que não seria necessário usá-las, mas, após esse ocorrido, prometeu a si mesma que voltaria às aulas e à academia. Cellbit, por outro lado, já estava acostumado a usar suas habilidades no dia a dia e ia à academia nos finais de semana.
Depois de alguns minutos, escutaram sirenes de polícia. Pelo visto, finalmente haviam chegado, já que fazia tempo que o gerente da lanchonete havia ligado para eles. Após serem levados e com Cellbit tendo que ser contido para não partir para cima de Forever novamente, os adolescentes passaram uma noite na prisão, sendo liberados por Missa, que perguntava desesperadamente o que tinha acontecido e se eles estavam bem. Philza chegou a pensar em deixá-los na prisão como uma lição, mas, ao ouvir Missa protestar e ao entender a história por trás do ocorrido, mudou de ideia. Forever, durante todo esse tempo, permaneceu com uma expressão vazia, sentindo-se completamente esvaziado por dentro. Após tudo o que ouviu e depois de ser espancado por Cellbit, sentiu como se algo tivesse perfurado sua alma.
Depois disso, eles nunca mais ouviram falar de Forever, como se ele tivesse desaparecido do mapa, como se nunca tivesse existido. Forever se tornou uma mancha na vida de Cellbit, como se tivessem jogado água sanitária em sua roupa favorita; por mais que tentasse, não conseguia remover essa marca. Sempre que tentava entrar em algum relacionamento, mesmo que fosse só para uma noite, ele ouvia a voz de Forever chorando. Já acordou de madrugada com a necessidade urgente de tomar um banho, sentindo-se sujo pelos abraços e sussurros de Forever em seu ouvido. Passava algumas noites em claro, tomando café enquanto tentava fazer algo para afastar as lembranças. Não suportava roupas pesadas, pois o faziam lembrar dos abraços apertados, grudentos, e nojentos que o deixavam sem ar.
"Maldito dia que resolvi cabular aquela aula de Biologia..."
Cellbit pensava, mal-humorado, enquanto ajustava a iluminação da foto que estava editando. Ele percebeu que era a foto do clube de futebol americano da escola e segurou um suspiro. Deu um zoom no rosto sorridente de um garoto de cabelos cacheados com uma faixa na cabeça.
Cellbit não era do tipo que se agarrava tanto a uma única memória, especialmente sem ter tido contato com a pessoa depois, mas esse caso era diferente. Mesmo sendo novo na época, ele se lembrava perfeitamente das bochechas de esquilo do garoto que o chamava de "pequeno", como se fosse 10 anos mais velho. O que fixou Cellbit em Roier não foi apenas o fato de que ele o confortou em um momento difícil de sua vida, mas também por Roier continuar sendo bondoso, alegre e incrível.
Desde criança, Cellbit era observador, capaz de entender a índole das pessoas (embora tivesse falhado drasticamente com Forever). Desde que viu Roier pela primeira vez e o reencontrou durante seu segundo ano na universidade (sendo o primeiro ano de Roier), teve a impressão de que ele era como uma estrela, um sol. Roier era energético, animado, elevava o astral dos outros, era gentil e ajudava quem precisava sem pensar duas vezes. Nas primeiras vezes que o viu, Cellbit sentiu apenas curiosidade.
"Não é aquele menino do parque? Hah, envelheceu como vinho... Que queixo mais... Tenho que ajudar com as papeladas do clube."
Com o tempo, acabou se pegando observando Roier mais de duas vezes por dia e stalkeando suas redes sociais. Isso o envergonhou, e ele tentou se distrair com outras coisas, mas, quando menos percebeu, estava encarando Roier novamente no campus.
— Cellbit? Cellbit! — Mike gritou, tentando chamar sua atenção, o que fez Cellbit dar um pulo.
— Cruzes, que foi?! — Colocando a mão no peito, ele olhou para Mike, que o encarava com a sobrancelha erguida. Felps, que estava comendo salgadinho em silêncio, deu sua opinião.
— Ele tá caidinho pela nossa estrelinha ali — Felps apontou com o dedo, sem se importar com as pessoas ao redor. Cellbit corou imediatamente e abaixou o dedo dele.
— Tá doido, porra?! Aponta não! — Pac começou a rir enquanto Mike olhava incrédulo para Roier.
Depois desse dia, Cellbit não teve paz no seu grupo de amigos. Sempre que o olhava ou trombava com Roier nos corredores, Mike lhe dava uma cotovelada rindo e sussurrando "Seu garanhão, por que não vai conversar com ele?" e Pac fazia "Iiih" o cutucando. Felps observava divertido enquanto comia algo. Bagi não sabia, por ela ser criadora oficial do clube de fotografia e participar do grêmio, estava muito ocupada. Quando entraram na universidade, não tinham vaga no clube de jornalismo (o que frustrou os gêmeos), e, como a escola tinha um clube de jornalismo, não acharam necessário o de fotografia. Depois de bastante luta, Bagi e Cellbit conseguiram abrir o clube oficialmente. Talvez tivesse sido mais fácil usar o sobrenome Lange, já que sua família é a maior patrocinadora da escola, mas eles queriam conquistar isso por si mesmos.
Cellbit tinha medo de tentar chegar perto de Roier, falando coisas como "Ou ele me queima ou me cega, prefiro observar de longe recebendo meu calor por dia de maneira segura...", claramente ainda havia uma sombra do que aconteceu com Forever, mas a diferença era que o calor de Forever doía, machucava, enquanto o de Roier o esquentava confortavelmente, dando-lhe energia. Mas nunca se pode ter certeza antes de experimentar, e Cellbit estava com medo de experimentar e se sentia sujo, com medo de sujá-lo com a mancha que Forever deixou.
Cellbit percebia sua estrela perder o brilho com o passar do tempo, ficando preocupado e pedindo para outras pessoas perguntarem se ele estava bem. Um dia, se pegou observando-o de maneira preocupada de novo, quando ele estava debaixo de uma árvore olhando o tempo.
— Isso não seria a oportunidade perfeita? — Felps fala escorado na parede, ganhando um olhar questionador de Cellbit. Mike e Pac também percebem e começam a formar um sorriso travesso no rosto.
— É simples, moço! O menino tá todo capenga, xoxo, tristonho há uns 3 meses! — Pac apoia seu braço no ombro de Cellbit, que olha incerto na direção de Roier.
— E neste exato momento, ele está em um lugar sozinho, entediado e olhando para as nuvens. E se alguém for lá e puxar um papo com ele? Começar uma amizade... — Mike continua, sentindo seu sorriso aumentar.
— Mas ele namora... — Cellbit fala cabisbaixo ao lembrar da tristeza que sentiu e sente ao saber dessa informação.
— Idai, parece que estão tendo problemas no paraíso, mas, de qualquer forma, é uma ótima oportunidade de começar uma amizade com alguém legal. Vai saber o que ele está passando, podemos ajudar. — Ao ouvir isso de Felps, Cellbit sentiu seu ânimo crescer.
"Bem, ser amigo dele é mais do que o suficiente... Não custa tentar."
Cellbit concorda em ir e começa a criar coragem enquanto seus amigos o encorajam. Quando estava prestes a ir, um garoto de cabelos pretos e óculos escuros começa a ir na direção de Roier e começa a conversar com ele.
— Lá se vai sua chance... — Felps fala, arremessando uma caixinha de suco no lixo e acertando, ganhando aplausos de Pac e Mike, que respondem com uma reverência. Cellbit sente uma pontada de raiva e seus ombros caem; Mike logo coloca o braço em volta de seus ombros.
— Relaxa, moço, você terá outra oportunidade!
— Até conseguir ver as orelhas e o rabo caírem junto — Pac murmura, e Mike quase deixa uma risada escapar enquanto sai andando, arrastando Cellbit para levar o grupo a outro local.
E a oportunidade finalmente chegou. Depois que Pac e Mike imploraram para Cellbit e Bagi fazerem uma festa na casa deles (pois perderam uma aposta e prometeram que haveria uma festa lá), usaram o argumento de que era o último ano deles na faculdade e nunca tinham feito uma festa lá, e que os pais e irmãos deles estavam viajando e tudo mais. A única parte que convenceu Cellbit foi o fato de parte de sua família estar viajando e de que Roier iria. O que convenceu Bagi foram as mesmas coisas, trocando o fato de que Roier iria pelo fato de que Tina iria.
Bagi, como uma ótima atacante, usaria essa oportunidade para novamente dar em cima de Tina. Enquanto Cellbit dizia que estava satisfeito em só olhar Roier de longe enquanto bebe alguma coisa. E foi exatamente o que aconteceu: Bagi foi dar em cima de Tina, Pac e Mike estavam perdidos pela festa, provavelmente fazendo alguma loucura que faria Cellbit e Bagi terem que dar seu depoimento para a polícia de novo. Felps provavelmente estava cantando no karaokê em uma sala separada com a namorada e algumas pessoas ao redor. Enquanto Cellbit estava no seu quinto copo, olhando para Roier, tendo uma tolerância alta ao álcool, não era um problema para ele beber tanto. Outro motivo para Cellbit não conversar com Roier era que ele parecia um stalker. Cellbit tinha medo de que isso assustasse Roier e que ele começasse a olhar para ele com desgosto. Ao pensar nisso, Cellbit desvia o olhar por um momento, constrangido, se xingando mentalmente.
— Ey, gatinho, por qué simplemente miras y nunca dices hola? Qué extraño! — Quando Cellbit percebeu, Roier estava o prendendo na parede, rindo, falando coisas sem sentido e o chamando de lindo. Isso quebrou Cellbit por completo; ele sentia seu rosto ficar quente e sua garganta ficar seca, até que Roier se aproximou e o beijou com tudo.
Cellbit achava que estava no céu; ele não sabia o que fez para merecer, mas santificado seja! Ao se separar do beijo, ainda atordoado e sem ar, Cellbit só volta aos sentidos quando Roier murmura que estava com vontade de vomitar. Se sentindo um pouco ofendido a princípio, ele logo percebe que o garoto está realmente passando mal e o leva para o banheiro. Depois de Roier vomitar e Cellbit o ajudar a limpar a cara e escovar os dentes, Cellbit o leva para seu quarto.
— Qué sueño... Tengo que dormir? Quiero que la fiesta continúe, todos se están divirtiendo!
— Não, não, você vai acabar desmaiando no meio da festa e não quero mais vômito no chão; se meus pais descobrirem que alguém fez isso no sofá ou no tapete, Missa manda matar — Cellbit fala risonho, apoiando-o para dentro do quarto. Roier faz biquinho frustrado e responde um "Está bien..." triste e começa a tirar a roupa até ficar só de cueca. — O que, o que você tá fazendo?!
— Hace calor, no duermo con ropa puesta — Roier murmura se jogando na cama enquanto Cellbit cora com a visão e apenas agita a cabeça, jogando um lençol por cima de Roier, que resmunga em resposta. Cellbit começa a aconchegar o lençol em volta de Roier para ter certeza de que estava bem coberto e pega o celular dele, que estava jogado no chão dentro da jaqueta, e coloca na cabeceira. Roier, vendo Cellbit cuidar dele, começa a chorar, fazendo Cellbit gelar e começar a perguntar se estava tudo bem enquanto se aproximava dele. - Eres tan amable, no me dejes solo... Spreen, esa perra, me dejaste para estar con otra persona, maldito traidor
Cellbit, ao sentir seu pulso de repente sendo puxado por Roier, apenas se deixou ser puxado e deitou na cama. Roier ainda chorava enquanto resmungava xingando o tal Spreen; Cellbit apenas o escutou murmurando palavras que não dava para entender até ele dormir. Se sentindo cansado também, Cellbit se deixou dormir com calma.
Chapter 4: Capítulo 3
Chapter by IoIoIo Alê Ioioio (rsrs3aoi3rsrs)
Notes:
Acabei enviando meio atrasado, tinha pipocado meu celular e marmita, caindo estilosamente na escada na frente de várias pessoas. Meu orgulho até agora está ferido. Mas antes tarde do que nunca, começarei a tentar postar pelo menos 2 capítulos nos finais de semana. Eu também terminei a linha do tempo; tô mais confortável para escrever sobre os personagens Mariana e Felps. Estou pensando em postar a linha do tempo e alguns extras e curiosidades depois de terminar a primeira parte da história. Além disso, também pensei em criar outra história de guapoduo, mais para obsesseduo na real; peguei uma inspiração para uma história assim. Mas só depois vou pensar direitinho nessa outra história. Este capítulo pode parecer meio dividido, já que ele mostra muita coisa acontecendo de uma só vez. Vou usar esta noite para revisar os outros capítulos e me planejar para o próximo capítulo. Tenham uma boa leitura 🤙
Revisado e editado dia 28/09/2024
Estou literalmente editando durante a madrugada, acordei e fiquei pensando no Quackity, e decidi dentre 3 a opção mais pica. No próximo capítulo, pedirei que releiam esse aqui.
Chapter Text
— Ele fez o quê?! — Mike, que estava segurando uma chave de fenda enquanto consertava uma câmera, exclama ao olhar para o loiro corado. Pac, que estava passando as ferramentas e olhando as instruções, se engasga com a própria saliva, tossindo desesperado e recebendo uma água de Felps, que estava surpreendentemente calmo demais com a situação.
O grupo se encontrava na sala de tecnologias. Pac e Mike, uma dupla reconhecida pela escola, eram conhecidos por fazer coisas malucas a fim de se divertir ou atingir seus objetivos, ou por realizarem muito bem seus trabalhos. Como são os mais confiáveis para cumprir qualquer tarefa que envolva ciências da tecnologia (área que ambos estão cursando), recebem vários pedidos para consertar equipamentos. Isso os ajuda a conseguir mais experiência e um dinheiro extra. No momento, estavam consertando uma câmera do clube de Jornalismo, algumas horas antes das aulas começarem. Felps estava lá para acompanhar Cellbit; eles sempre iam juntos para a universidade, e também Cellbit queria contar algo para o grupo. Bagi geralmente sai algumas horas mais cedo, pois gosta de ir à universidade mais cedo para organizar coisas do clube, então não estava presente, tudo seria repassado para ela mais tarde pelos garotos.
Cellbit, nervoso, contou o que aconteceu no dia da festa, ganhando olhares surpresos e fazendo Pac quase morrer engasgado com o ar. Ele sentia seu rosto arder ao lembrar daquele dia e o constrangimento crescer pela sua tentativa falha de fazer um pão com ovo para Roier. Ele se sentou encolhido na cadeira, sentindo os olhares sobre ele.
— Então a estrelinha te beijou por vontade própria, sem mais nem menos, e vocês ainda dormiram de conchinha?! E por que você está tão calmo?! Usando maconha de novo, Felps? — Mike, indignado, coloca a chave de fenda na mesa e aponta para Felps, que ergue uma sobrancelha e levanta os braços em sinal de rendição.
— Eu só sabia da parte do beijo por ter visto no dia. O resto eu apenas presumi na cabeça quando vi Cellbit levar Roier para o banheiro. — Tal confissão fez uma ansiedade estranha entrar no coração de Cellbit, que olhou para Felps surpreso. Felps, percebendo isso, apenas deu de ombros e, antes de falar qualquer coisa, foi interrompido por Pac.
— E por que você não nos contou nesses dias?! — Pac, que se recompôs, questiona ao olhar para Cellbit. Enquanto Mike pega de volta a chave de fenda e o manual de instruções da mão de Pac, resmungando que fez merda quando se distraiu, lendo as instruções e olhando para a câmera com atenção. Pac, vendo isso, aponta o erro murmurando baixo para Mike, comparando com as instruções, e logo depois volta a atenção para Cellbit.
— Eu estava processando o que tinha acontecido, e ainda estou. Ainda estou pensando que foi tudo um sonho, um surto aleatório meu, esquizofrenia, sei lá. Foi muito bom para ser real! Vocês sabem que eu geralmente não tenho tanta sorte — Cellbit falava agoniado, nervoso, sentindo-se ansioso ao lembrar dos macios lábios de Roier e desejando senti-los de novo. Corando com esse pensamento, ele nem percebe que estava mordiscando sua bochecha.
— Pode ficar tranquilo, meu amigo, realmente aconteceu, eu vi. — Felps dava uns tapinhas em seu ombro com seu sorriso relaxado de sempre, achando engraçada a maneira como seu amigo estava reagindo.
— E então? — Mike, que estava focado tanto na câmera quanto na conversa, pergunta, desviando o olhar da câmera e devolvendo o manual para Pac. Ganhando um olhar questionador de Cellbit, Mike começa a sorrir travesso. — O que aconteceu depois? Sei que só dormiram, mas o que aconteceu depois?
— Bem, nós comemos, conversamos um pouco e ele foi embora. — Resumindo tudo em uma única frase, Cellbit desvia o olhar de Mike.
— Na-na-ni-na-não. Você vai nos contar o que aconteceu em detalhes. Nem adianta tentar fugir do assunto, também. — Felps, agora curioso, bloqueia qualquer tentativa de Cellbit escapar do assunto.
— Só não me diga que você tentou cozinhar para ele em vez de pedir um iFood ou pegar uma comida já pronta — Pac fala de repente, olhando para Cellbit e provocando uma crise de tosse no loiro. Sorrindo vitorioso por ter acertado, Pac começa a rir. — Fez o garoto passar uma experiência de quase morte! Certeza que, se não colocou fogo, a comida estava horrível. O coitado deve sofrer até agora com aquele troço que você chama de alimento!
— Certeza que ele acha que você estava tentando envenená-lo! O menino deve estar assustado; se te ver vai sair correndo! — Mike, que também estava rindo, fala junto de Pac.
— Que coisa feia, Cellbit. Mal começaram a namorar e já está querendo ficar viúvo? Daqui a pouco o menino vai ser encontrado em decomposição pela escola. — Felps balançava a cabeça, usando um rosto decepcionado, e se juntava à brincadeira. — Não me diga que você também fez aquelas piadas sem graça que sempre acabam com um cadáver no meio.
Cellbit desvia o olhar para o outro lado, enquanto bebia água. Com essa reação, Pac e Mike soltam a risada de uma vez, passando mal. Felps, que antes mantinha uma certa calma, abafou a risada com a mão.
— A comida queimou e Roier acabou assumindo a cozinha e fez umas panquecas para nós dois, e ele riu das minhas piadas, ok?! — Irritado e com muita vergonha, Cellbit cruza os braços fuzilando seus amigos que estavam rindo dele.
— Olha pelo lado bom, Cell. Pelo menos já sabemos que você tem uma chance. — Felps, que estava tentando não rir, se recompõe aos poucos, tentando animá-lo e lembrando-o disso.
— É verdade, porque ele te beijaria então? Mesmo bêbado, isso significa que ele te conhece e te acha um frufru ou algo assim. Além do mais, agora você tem motivo para se aproximar dele e conversar. — Pac falava, limpando as lágrimas que soltou ao rir e tentando sufocar sua risada.
Mike, que tentava se recompor, respirava fundo e tentava não olhar para a cara de Cellbit, apenas concordando com um joinha às falas de seus amigos. Voltando sua atenção para a câmera e verificando se estava pronta, a entregou para Pac. Pac logo a entregou a Cellbit, ao ver que estava ligando normalmente e que não iria dar um pipoco aleatório. Cellbit, bufando com um beiço irritado, testava a câmera enquanto pensava no que seus amigos haviam dito, sentindo uma ponta de esperança se acender.
"Talvez se eu tentar..."
— Tá funcionando. Vou pensar nisso. Vou voltar para o clube. Meu celular vai acabar explodindo com a Bagi me mandando mensagem o tempo todo. — Cellbit suspirou, devolvendo a câmera para seus amigos e sorrindo fraco em agradecimento a eles. Mike e Pac acenaram para ele, dando tchau. Felps se despediu do lado de fora, dizendo que iria comprar um suco e oferecendo umas palavras motivadoras para Cellbit, dando joinha com as duas mãos e gritando: "Vai que é tua!"
Encorajado pelas palavras de seus amigos, Cellbit começa a fazer um plano para falar com Roier. Cantarolando baixinho, ele seguia bem-humorado em direção ao seu clube, questionando se deveria colocar seu plano em prática no horário de almoço.
...
Felps, mesmo se sentindo leve, não deixava de ficar um pouco preocupado com o relacionamento de seu amigo. Sabia que já tinha passado muito tempo desde o que aconteceu com Forever, mas reconhecia que coisas daquela época ainda afetam muito Cellbit. Felps recupera a compostura enquanto pega seu suco da máquina, olhando ao redor à procura de algo.
"Hora de começar a pesquisar."
Ele não podia deixar um de seus melhores amigos sofrer novamente, e uma pesquisa profunda, ou o famoso levantamento de antecedentes, não faria mal. Era só por precaução. Olhando para uma garota morena de moletom roxo saindo da sala de aula, percebe sua sorte cantarolando suavemente enquanto se dirigia em sua direção.
Felps sabia quem eram os participantes do grupo de amigos de Roier, sempre os via juntos e já tinha ouvido mil e uma coisas de Cellbit sobre eles. Sabia que Jaiden cursa animação e é uma das mais próximas de Roier. E, por incrível que pareça, tem uma máquina bem em frente à sua sala. Ele só precisava ter a sorte dela aparecer na hora certa, e agora tinha a oportunidade de conseguir informações extras de alguém mais próximo da estrelinha da escola.
— Ei, Jaiden! — Felps a cumprimenta com um sorriso relaxado enquanto toma seu suco, colocando seu plano em prática.
— Ah, o garoto do karaokê. Felps, né? — Jaiden, surpresa, abre um sorriso fraco enquanto guarda seu celular no bolso. Felps acena em concordância.
— Isso mesmo. Você estourou naquela música, me deu um trabalhão, visse? — Felps responde brincalhão, ganhando um sorriso divertido de Jaiden.
— Você teve sorte. Eu estava me segurando. Geralmente eu não me seguro tanto, mas tinha que resolver umas coisas — Dando de ombros, Jaiden começa a observar Felps. — Mas acho que você não quer falar apenas da nossa batalha épica, certo?
Felps, por um momento, deixa um sorriso frio escapar, pensando em como Jaiden era observadora. Ele apenas ergue os braços, rindo baixo.
— Pego em flagrante. Mas juro que estou com as melhores intenções. Estou aqui apenas para saber um pouco sobre uma pessoa que meu amigo gosta. — Ganhando um olhar questionador de Jaiden, que cruzou os braços, Felps abaixa os braços sorrindo. — O que? Eu vi você passando e me perguntei: "Por que não?" Não aguento mais ouvir meu amigo tagarelando sobre esse garoto sem parar, sabe? Então estou na esperança de juntá-los logo ou algo assim. — Sua declaração fez Jaiden descruzar os braços e olhar para ele compreensivamente, já que estava passando por uma situação semelhante.
— Ah, eu te entendo muito bem. Meu amigo vive falando no meu ouvido sem parar sobre um amigo seu também. Então talvez possamos fazer um acordo sobre isso. — Jaiden suspira, sentindo seus ombros relaxarem. Sua fala surpreende Felps, que reflete sobre quão boa era a sorte de Cellbit. — Sabe, meu amigo Quackity? Aquele baixinho, cabelo preto, touca, meio esquisito. Ele ultimamente tem falado sem parar do seu amigo loirinho, Cellbit. — Ao ouvir isso, Felps descarta imediatamente seu último pensamento.
— Eita. — Felps deixa escapar, sorrindo, soltando uma risada sem graça enquanto coçava a cabeça sem jeito, fazendo Jaiden erguer uma sobrancelha. — Digamos que o amigo que eu estava falando seja o Cellbit e o garoto que ele gosta seja o Roier...
— Puta merda. — Jaiden olhava para ele sem acreditar, deixando um silêncio reinar sobre o local ao ver a situação constrangedora que estava acontecendo. Ambos, em silêncio, começaram a refletir sobre a situação.
Ambos, "mães" de seus respectivos grupos, se encontravam em uma situação complicada, entendendo o que estava acontecendo. Jaiden temia que o que aconteceu entre Mariana e Quackity no passado voltasse a acontecer e que seus amigos acabassem machucados, e ainda por cima por causa de um Lange. Felps estava preocupado com a complicação do outro lado e do seu próprio lado, vendo que provavelmente Cellbit apenas não ligaria para os sentimentos de outro garoto e pensaria só em Roier, causando um problema ainda maior para seu amigo. Havia a chance de, caso machucasse Quackity, o que era bem possível, Roier não apenas não sentisse interesse por Cellbit, como também começasse a odiá-lo, o que resultaria em um coração e autoestima ainda mais machucados para seu amigo.
Ambos suspiraram ao mesmo tempo em voz alta, se olhando na mesma hora com uma compreensão sobre seus papéis em seus respectivos grupos. Eles quase se abraçaram para se confortar, mas, em vez disso, Felps tira seu celular do bolso, colocando-o nos contatos e entregando-o a Jaiden.
— Acho melhor você salvar meu contato e eu salvar o seu para conversarmos com mais detalhes e calma mais tarde.
Jaiden acena com a cabeça em concordância enquanto lhe entrega seu telefone e pega o dele. Ambos salvaram o número um do outro em seus celulares. Soltaram mais um suspiro e sorriram um para o outro.
— Muito complicado, não?
— Muito é pouco. — Felps responde, guardando seu telefone e acenando para Jaiden. — Vou indo agora. Boa sorte aí. Mais tarde eu mando uma mensagem e vemos como resolvemos isso.
Acenando de volta, Jaiden bufa ao ver a silhueta de Felps sumir e percebe seu celular vibrar. Vendo que era uma mensagem de Mariana em um grupo, logo abre o chat, se preparando mentalmente e rezando para ser uma boa notícia.
Roier, no momento, acabara de tomar um longo banho frio e havia recebido sermões do treinador sobre seu desempenho ruim no treino. Suspirando, ele sorri e ri, agradecendo as palavras de conforto e as graças de seu time, que davam tapinhas em seu ombro e cabeça.
— Não o leve a mal, Roier! Você sabe como ele fica preocupado com cada mudança no seu desempenho. Você é o melhor da equipe, então faz sentido. — Um de seus colegas falava, apoiando seu braço no ombro de Roier. Roier sorri, agradecendo, e se sentindo um pouco incomodado com o contato físico.
— Eh?! Como assim o melhor?! -—Mariana apareceu, intervindo, puxando o garoto de Roier, prendendo a cabeça dele em seu braço, dando-lhe cascudos na cabeça e agitando-o. O garoto começa a lutar para sair dos braços dela, enquanto as pessoas ao redor riem, provocando ainda mais a situação.
— Me solta! — Mariana, rindo, decide soltar o garoto, que sai bufando irritado e lhe dá o dedo do meio. Ela recebe alguns pedidos de desculpas brincalhões e os outros membros da equipe confortam o garoto, fazendo-o rir da situação.
— Não o provoque assim, Mari. Se o Scott ficar sabendo, vai ficar irritado. E não acho que você queira ficar mais um mês afastada por um braço deslocado. — Roier fala risonho, ajeitando sua faixa na cabeça e se verificando no espelho.
— Eu de braço fodido e o cabelo de menstruação de muleta novamente, bela visão. Bem que uma revanche faria bem, o ruim é que estamos perto das olimpíadas, não dá pra fazer charme e me meter em uma briga. — Mariana ri ao lembrar do namorado protetor do calouro loiro, arrancando uma risada de Roier. — Vai logo, princesa. Não temos o dia todo!
Dando um tapa na nuca de Roier, Mariana se afasta. Roier, agora sozinho com seus pensamentos, sem prestar atenção na bagunça ao redor, sente um arrepio. Pergunta-se quando ficou tão frio de repente, sentindo-se observado. Olhando em volta para ver se alguém o estava encarando, apenas via seus colegas de equipe conversando e brincando entre si. Suspirando achando que estava ficando doido, dá uma última olhada no espelho e vai até Mariana um pouco apressado.
...
Saindo do vestiário, Mariana ri junto com Roier, já que estavam com os braços por cima do ombro um do outro, tentando fazer a brincadeira "Nós andamos iguais", de maneira infantil e boba. Recebendo alguns olhares risonhos e sussurros de pessoas que viam de longe, já estavam acostumados com a esquisitice deles. Tropeçando para frente e para trás, Roier e Mariana, rindo, nem percebem a aproximação de Spreen, que os observa como se estivesse encarando um par de seres extraterrestres.
— Ei, seus esquisitos. — Chamando a atenção da dupla, que parou imediatamente no lugar, Spreen para na frente deles, joga o cigarro que estava na boca no chão e o pisa, dando um sorriso vazio de sempre. Se separando, Roier engole em seco enquanto Mariana coloca uma carranca no rosto.
— Amargurado que não gosta de alegria alheia. E aí, Spreen. — Roier sorri, acenando para Spreen, fingindo que nada tinha acontecido. Isso faz com que ele ganhe um olhar mal-humorado de Spreen, que, como resposta, Mariana ergue uma sobrancelha e dá um passo para frente.
— Oi para você também, Mariana. — Spreen deixa escapar de maneira sarcástica ao perceber sua ação e então volta seu olhar em direção ao garoto de faixa e jaqueta de time, que o deixava charmoso. Tirando os pensamentos da cabeça, Spreen fala com voz séria. — Roier, precisamos conversar.
Meio inquieto, Roier suspira, vendo que não dava mais para adiar. Colocando a mão sobre o ombro de Mariana, diz que estava tudo bem. Mariana, observando a situação, abandona sua posição de cautela. Apenas observa Roier indo sorrindo até Spreen, iniciando uma conversa aleatória e não recíproca, enquanto ambos se dirigem para um lugar mais quieto. Mariana, sem mostrar uma expressão real no rosto, tira o celular do bolso e manda uma mensagem para o grupo de amigos "Protetores da estrela estelar", relatando o que estava acontecendo.
Mariana sabia o que Spreen fez na festa pela Jaiden, assim como Tina e Quackity também sabiam. Eles criaram esse grupo desde que descobriram sobre o relacionamento de Spreen e Roier, atualizando Tina de tudo o que aconteceu até então com suas vidas, já que ela fazia parte do grupo também. Criaram o grupo com o objetivo de planejar como cuidar da situação e atualizar Tina, tendo lá planos para caso algo desse errado. Eles não tinham usado esse grupo há anos, porque Roier já era adulto e sabia se virar. O grupo era mais para xingar Spreen à vontade e relembrar do plano terrível que haviam planejado contra Spreen caso ele fizesse merda. A existência desse grupo quase seria esquecida se não fosse Jaiden contando o que aconteceu na festa, algo que preocupou e, em seguida, aliviou o grupo. Saber que Roier reagiu até que bem fez com que se sentissem como se tivessem levado um tapa dizendo: "O neném não é neném, é um adulto que sabe muito bem o que fazer. Ele não precisa de proteção, mas sim de apoio quando precisar."
Mariana: Parece que esse relacionamento finalmente vai ter um ponto final. Spreen veio "conversar sério" com Roier.
Cruzando os dedos para Roier mandar o "ursito" pra casa do caralho.
Figurinha de uma garota rezando "Deus, cá estou eu aqui de novo"
motherjaijai: Baixo assinado para isso acontecer logo abaixo:
✔️
anticristopink: ✔️
Mariana: ✔️
Mesmo não estando presente, Quackity também assinaria.
anticristopink: Descanse em paz, pobre patinho, sempre estará em nossos corações...
motherjaijai: F
Mariana: F
Mariana, ao ver as mensagens, olha em direção ao lugar onde Roier e Spreen foram, sem deixar de se sentir um pouco preocupado. Ainda estava preocupado também em saber como Quackity estava, decidindo mentalmente passar na casa dele depois das aulas.
...
Roier, sentindo-se cada vez mais ansioso, apenas sorri normalmente enquanto olha Spreen se encostar na parede, acendendo um cigarro e xingando baixinho porque seu isqueiro não estava funcionando. Como de costume, Roier geralmente tem uma caixinha de fósforos na bolsa para casos como esse, quando ele e Spreen estão sozinhos, mas dessa vez Roier não tinha a caixinha consigo. Spreen, começando a se estressar, solta um "Foda-se" e guarda o isqueiro, colocando o cigarro de volta na caixa. Roier, esperando "pacientemente", se encosta na parede também, com as mãos no bolso, olhando para baixo e chutando umas pedrinhas.
— Vamos parar com isso. — Spreen solta de repente, fazendo Roier parar por um segundo.
Ele não perguntaria "O quê?" ou "Por quê?", pois sabia exatamente sobre o que Spreen estava falando e o motivo. Sabia que isso iria acontecer quando eles tivessem a "conversa séria" que precisavam ter. Roier sabia que isso estava para acontecer há muito tempo, mas antes ele estava muito apegado e não queria deixar Spreen ir. Queria acreditar que poderia ser amado e ter um amor como o amor que seus pais sentem um pelo outro. Queria sentir o conforto, a segurança e a alegria no coração, como se sentiu na casa de Cellbit naquele dia, lembrando do sorriso e da risada sem graça do loiro, de seu rosto corando e sua voz falhando-
Não, ele não pode pensar nisso, principalmente nesse momento. Sabia que se começasse a pensar no loiro de mecha branca, não voltaria tão cedo. Acabaria mergulhado em pensamentos e se sentiria culpado por se deixar levar novamente, e isso complicaria ainda mais a situação com Quackity. No momento, ele precisava estar são.
Vendo que Roier não respondeu, Spreen fica um pouco impaciente, sentindo a raiva e a culpa o corroerem por dentro. Ele apenas queria resolver isso logo e voltar ao seu grupo em paz.
— Roier, você está prestando atenção no que eu estou dizendo? Não me ignore. — Falando com um tom grave, faz Roier despertar de seu devaneio. Ao ver Roier olhando com um olhar vazio, Spreen engole seco.
— Certo, era isso? — Roier, se desencostando da parede, pergunta inclinando a cabeça em dúvida, surpreendendo e até ofendendo Spreen.
"Tenho estado com você todos esses anos para que você não ficasse magoado, e é assim que você reage?!"
Spreen estava sentindo que estava prestes a se sentir terrivelmente irritado e humilhado. Ele esperava honestamente que Roier começasse a chorar e implorasse para não o deixar, ou pelo menos derramasse algumas lágrimas e perguntasse se havia feito algo de errado. Já estava até se preparando para colocar seu discurso de "O problema não é você, sou eu" em prática. Mas surpreendentemente, Roier parece não se importar, o que de algum modo magoa Spreen e atinge seu orgulho.
Spreen tenta se acalmar, imaginando que era apenas Roier tentando manter uma postura forte para não desabar na sua frente. Aproximando-se de Roier, Spreen pega suas mãos, ganhando uma reação interna negativa do outro.
— Roier, eu te considero muito. Mas simplesmente não dá mais, podemos continuar apenas amigos, ok?
Sentindo-se impaciente e estressado, Roier força um sorriso, fazendo Spreen soltar suas mãos de maneira delicada.
— Ok, está tudo bem, Spreen. Está tudo bem. Vou voltar primeiro, tá?
Essa reação agradou mais a Spreen, que se sentiu satisfeito. Ele soltou a mão de Roier, criando uma narrativa em sua cabeça de que Roier estava apenas tentando parecer durão e provavelmente iria correr para o banheiro chorar. Mas, na verdade, Roier se sentia tão vazio que não conseguia chorar. Sentia a raiva chegar aos poucos, seu rosto corar de frustração e vergonha ao se lembrar de coisas que não queria, querendo surtar ali mesmo.
Desde aquele dia na festa, em relação a Spreen, Roier sentia apenas: arrependimento, raiva de si mesmo e vergonha. Tinha vergonha de ter caído tão facilmente, de ter se deixado levar por alguém. Mesmo estando em um estado frágil, Roier sentia que não deveria ter se emocionado tanto. Lembrava de cada surto de ciúmes que teve ao ver Spreen conversando intimamente com alguém, e se arrependia amargamente de ter se deixado depender tanto de Spreen no início. A única coisa que ele queria agora era uma bala na cabeça, ser atropelado por um carro, ou qualquer outra coisa. Desde que Roier percebeu que Spreen o via apenas como um pobre coitado carente e decidiu humildemente ajudá-lo, alimentando-o com restos, Roier se sentiu irritado e patético. Se fosse anos atrás, estaria chorando e se culpando, mas com o tempo, começando a se cuidar e indo a sessões de terapia, com todo o apoio necessário, Roier foi se melhorando aos poucos. Mesmo tendo seus problemas e gatilhos, no momento Roier estava em um surto momentâneo, e nada interromperia sua sessão de xingamentos internos ao refletir novamente sobre sua situação com Spreen.
"Eu não te pedi para me ajudar, merda! Perra mala comida, maldita sea! Antes me hubieras dejado llorar en el baño, nada sería más terapéutico! No necesito tu lástima ni tu migaja!"
Respirando fundo, Roier percebe que está pensando demais. Ele não queria que Spreen se sentisse na obrigação de ajudá-lo, mas também sentia que não tinha culpa. Chutando outra pedra no caminho, agora irritado e sem paciência, ele faz uma careta ao ver que Mariana não estava esperando por ele no lugar combinado. Pegou seu celular e começou a mandar mensagens xingando Mariana.
— Urk, Dios mío... — Quackity resmungava mal-humorado, sentindo uma dor enorme de cabeça. Tinha faltado à aula naquele dia e provavelmente faltaria o resto da semana. No dia anterior, foi chamado para mais uma festa. Quackity apenas soltou um "Por que não?" e foi sem avisar seus amigos. Sabia que eles estavam ocupados e não queria preocupá-los com algo assim. Além disso, se perguntassem, ele poderia simplesmente culpar o celular quebrado e a preguiça de passar na casa de algum deles (algo que eles com certeza não acreditariam).
Sentando-se, Quackity passa a mão pelos cabelos e coça a barriga. Então percebe que não está em seu quarto e que está completamente sem roupa.
"Oh, mierda, santa perra..."
Quackity olha ao seu redor e vê um lugar completamente vazio, suspirando aliviado. Levantando-se rapidamente, ele vai até o espelho e observa os chupões e marcas de mordidas, além de sentir pontadas de dor na parte de trás. Somando um mais um, percebe que deve ter dado seu anel dourado para alguém, o que não era considerado incomum. Ele é um adulto consciente, tinha uma vida sexual bem ativa e segura, sempre tendo cuidado com quem transava mesmo bêbado, o problema era que dessa vez ele não lembrava de nada. Quackity sempre ficava com alguém depois das festas ou depois de uma bebedeira no bar quando terminou com Wilbur, só sossegou depois de Cellbit o salvar. Isso o fez lembrar de algo desagradável, mas no momento não tinha tempo para xingar o loiro em sua cabeça, tinha que resolver esse problema primeiro. Se acalmando e respirando fundo enquanto passava a mão pelo cabelo, ele olha em volta do quarto, ele vê pôsteres da universidade rival, a Federação!
"Mierda, mierda..."
Vendo os pôsteres do time de futebol americano, e uma foto em equipe deles, Quackity sentia seu sangue gelar ficando desesperado, a respiração de Quackity para quando escuta a porta ranger. Olhando em volta, procurando um lugar para se esconder, Quackity se vê sem saída e volta para cama fingindo dormir.
— Hm? Ele ainda não acordou. Jurava que tinha escutado barulho... — O garoto resmungava enquanto ia em direção de Quackity, deixando algo em cima da escrivaninha. Ele se agacha do lado da cama que Quackity estava deitado. Ele cutucava delicadamente a bochecha de Quackity, o achando fofo.
Quackity só conseguia xingar em 3 línguas diferentes em sua cabeça, enquanto aguentava por meia hora o estranho parar de graça. Depois de um tempo, o garoto que encarava o rosto de Quackity, decidiu se levantar e ir embora. Quackity deixa escapar um suspiro aliviado, se sentia soar frio, sentindo suas mãos molhadas de suor. Ele limpa a mão no lençol e percebe que estava limpo com cheiro de bebê.
"Esse cara me deu banho?! Não, não, não, eu estou dando o fora daqui já! Só tenho que pegar minha roupa e vestir..."
Quackity logo se levanta, pegando a sua roupa que estava na ponta da cama dobrada, colocando ela com pressa e tendo cuidado para não fazer barulho. Ele vê um prato com comida, suco e remédio. Engolindo seco olhando para aquilo, fez Quackity ficar um pouco sensível. Suspirando, ele enfiou um pão na boca, engoliu o suco junto com remédio e agradeceu mentalmente antes de pular pela janela e correr para casa.
Quackity se perguntava o do porquê se meter em problemas assim, querendo apenas ter criado juízo e ido para a escola. Lá pelo menos estaria recebendo cafuné de Roier enquanto reclamava sobre a vida, falando mal sobre casais felizes, secando garotos bonitos do campus pelos olhos e tagarelando sem parar sobre a divindade que Cellbit era. Fofocando com Jaiden e brincando com Mariana. Veria os treinos de Tina enquanto ajudava ela e o time com a coreografia, descobrindo podres horríveis e causando caos no campus. Sentindo o arrependimento batendo e os pés doendo enquanto segurava sua amada bombinha contra a boca, Quackity prometeu pela milésima vez que criaria juízo e prestaria atenção na maldita universidade.
Extras
Bagi e Tina
Resolvendo as papeladas e revisando alguns trabalhos feitos de seus colegas de clube, Bagi bufou impaciente por Cellbit estar demorando muito. Pegando o seu celular para enviar mais uma mensagem para Cellbit, ela se depara com o contato de Tina, sentindo uma calma invadir seu coração. Sorrindo fraco, solta um suspiro baixo apertando no chat, relendo sua conversa com ela. Bagi, que sempre se esforçava para atrair a atenção da líder de torcida, morena de cabelos lisos, pele levemente bronzeada pelo sol, que tem um sorriso capaz de abalar toda sua estrutura, finalmente conseguiu seu número. Mesmo agora tendo mais um trabalho complicado para fazer em contribuição, mas como é pela Tina, é capaz de Bagi enfrentar um batalhão com as próprias mãos sem nem tremer.
Lembrava de Tina em seu ensino médio, uma garota determinada, forte e incrivelmente adorável. Lembra de ter competido com ela, querendo que sua chapa vencesse, acabando sendo derrotada. Lembra do desempenho de Tina, do quão incrível ela parecia ao responder suas perguntas, o quão esforçada ela foi. Se sentia feliz em ter perdido por alguém pela primeira vez, Bagi sendo sempre competitiva, nunca tendo perdido uma única vez sem ser pelo seu irmão. Tinha um orgulho e arrogância extremamente enorme, só para ser abalado por Tina que no final a repreendeu tão agressivamente. Bagi lembra da ardência e da dor em sua bochecha pelo tapa que levou de Tina, foi nesse momento que percebeu que tinha se apaixonado. Desde então, tenta reconquistar a atenção e o brilho de admiração que Tina tinha por ela.
Suspirava arrependida de suas ações anteriores, era alguém muito imatura que achava maior que todos. Se lotava de responsabilidades maior que ela mesma, com convicção de que conseguiria resolver tudo. Até que no ensino médio a conheceu, depois de suas palavras, sentiu como se um enorme peso saísse de seus ombros. Se sentia tão leve que achava que poderia voar, sentia seu coração bater e suas bochechas coradas.
Agora, por algum milagre, Bagi finalmente conseguiu a atenção de Tina, prometendo no final que iria conversar com o curso de Artes Visuais. Mesmo que seja algo complicado de se fazer, ver os olhos de Tina brilhando e seu sorriso animado, acabou aceitando. Enquanto pensava internamente que nunca conseguiria recusar algo que Tina pedisse, e isso seria perigoso, Bagi colocava a mão na bochecha que a muito tempo foi acertada por Tina, Bagi sentia seu sorriso aumentar e seus olhos suavizarem. Até que sentiu uma mão no seu ombro se assustando.
— Cheguei! Cê tá bem? Tá aí toda tchonga rindo pro vento. Pensando na Tina de novo? — Cellbit falava abrindo um sorriso malicioso, colocando um braço em volta dos ombros de Bagi, enquanto cutucava a bochecha de sua irmã. Bagi, irritada, agarrou o seu dedo com força. - Aí! Solta meu dedo, vai quebrar, vai quebrar!
— Deixe de drama e volte ao seu trabalho. Chega de ficar vagabundeado por aí, tem papelada ali para resolver e temos as fotos do curso de design de moda para editar! — O soltando, Bagi sai dos braços do outro e pega algumas papeladas. — Teremos uma reunião com todo o Clube depois do almoço, não se atrase.
— Você sabe que eu nunca me atraso, só me agora atrasei porque queria passar na sala de tecnologias e dá um oi pro Tazer e Craft, hum! — Cellbit vira a cabeça dramaticamente indo em direção a sua mesa.
Bagi suspira, sorrindo um pouco ao perceber que seu irmão estava de bom humor. Logo depois voltando com um rosto sério ao olhar fotografias mal editadas, depois de se preparar mentalmente, foi à mesa do responsável.
...
Tina sentia sua orelha arder, sentindo que alguém estava falando mal dela. Ela via as líderes de torcida fazer a coreografia, indo gentilmente corrigir uma ou duas coisas. Seu humor estava ótimo e inabalável, sentindo que tinha conseguido uma oportunidade ótima tanto para si quanto para sua amiga. Alem de ter feito um boa ação de ter dado a possibilidade do Clube e do Curso se reconciliarem.
Em relação a Bagi, Tina tinha uma constante cautela sobre. Sempre se sentindo como se tivesse sendo caçada por um gato, um coelho por um lobo. Sempre se sentiu assim desde o ensino médio quando se encontrou com a beleza elegante e fria de Bagi, que sempre parecia impecável. A admirava pelas suas ações cheias de confiança e determinação, acreditava que ela estava à procura de algo melhor para todos. Sua confiança sobre a imagem que criou sobre a loira se despedaçou ao ver a imagem feia, arrogante e orgulhosa da mesma. Lembrava de suas palavras egoístas e suas tentativas de deixar Tina para baixo e a fazer se sentir inferior. Essa lembrança sempre acertava um nervo bem escondido de Tina, mas aí ela lembra de depois de sua discussão com ela e de logo depois a vencer. Bagi se esforçando para se encontrar com ela depois, se desculpando sinceramente e a parabenizando. Tina não tinha certeza se era algo sincero, já que era vindo daquela que tentava a humilhar, sendo indiretamente ou não.
Tina via Bagi constantemente tentando chamar sua atenção, achando até fofo de sua parte, mas tinha prometido a si mesmo não se envolver com esse tipo de gente. Sempre a ignorando ou respondendo sem qualquer importância, apenas educada o suficiente. Mas, durante a festa, com seu melhor humor e álcool fazendo efeito, acabou fazendo Tina dá uma chance indireta para Bagi se aproximar. Vendo que mesmo depois de sua proposta, Bagi não recuou, Tina acabou sentindo que seus sentimentos eram realmente genuínos. Mas claro que não se deixaria levar apenas por uma coisa dessa.
— Garotas, o treinamento terminou por agora! Muito bem, estão cada vez melhores, espero cada vez mais no futuro! Vocês foram ótimas. — As enchendo de elogios, Tina despensa as líderes de torcida que sorriam agradecendo.
Cantarolando animada, Tina ia em direção ao vestiário para tomar um banho e ir para sua aula. Pensando se deveria mais tarde depois das aulas perguntar como Jaiden estava se saindo, ao tentar convencer o pessoal de seu clube. Sua linha de pensamento foi interrompida ao sentir seu celular vibrar, vendo que era mensagem de Mariana, não pensou muito em abrir o chat.
TazerCraft
Pac revisava relatórios e fazia anotações de pedidos que chegaram recentemente, enquanto Mike estava dando uma última checagem na Câmera de mais cedo para devolver a garota loira a sua frente e receber o pagamento. Depois de resolvido, a dupla ficou finalmente sozinha, olhando o relógio vendo que faltava apenas alguns minutos para tocar o sinal do início das aulas, Pac termina sua anotação, se jogando na cadeira cansado.
— Pronto, não foi tudo, mas dei uma adiantada legal, moço. Credo, estou quebrado, hoje é literalmente o primeiro dia depois das férias, como estamos tão lotados de bagui?! — Massageando seu próprio ombro, Pac resmungava enquanto verificava ao redor e via outras máquinas para consertar. Risonho, Mike, guardava as máquinas surpreendentemente de maneira delicada para ambos consertarem mais tarde.
— Bom trabalho, moço. Adiantamos um monte de coisa agora mais cedo, isso significa que voltaremos para casa no horário normal hoje. — Mike dando um tapinha de conforto na cabeça de Pac se senta em uma cadeira de frente dele, pegando seu copo com café.
— Você tem que retocar esse cabelo, moço. Tá ficando uma cor esquisita. — Pac falou de repente ao ver o rosa do cabelo de Mike começando a desbotar, Mike o olha e bufa.
— Na volta eu passo na loja e compro. Será que conseguimos criar uma tinta permanente que nunca desbota? Ou algo que faça o cabelo crescer naturalmente na cor que você quiser em si mesmo? — Dando essas ideias, Pac apenas dá de ombros sorrindo
— Só vamos descobrir se tentarmos. Mas para isso precisamos de cobaias, e eu não quero acabar careca sem querer, e aposto que você também não.
Com sua fala Pac começa a sorrir de maneira travessa, enquanto um sorriso sombrio e maléfico surge no rosto de Mike enquanto ele se levanta para procurar algo nos armários.
— Parece que temos um novo projeto para trabalhar — Mike exclama, voltando com uma caixa com cartolina, frascos e outros materiais
— Lá se vai nossa volta no horário normal. — Pac responde risonho enquanto pegava o material de pesquisa e equipamentos.
Chapter 5: Capítulo 4
Chapter by IoIoIo Alê Ioioio (rsrs3aoi3rsrs)
Notes:
Acabei enviando meio atrasado, tinha pipocado meu celular e marmita, caindo estilosamente na escada na frente de várias pessoas. Meu orgulho até agora está ferido. Mas antes tarde do que nunca, começarei a tentar postar pelo menos 2 capítulos nos finais de semana. Eu também terminei a linha do tempo; tô mais confortável para escrever sobre os personagens Mariana e Felps. Estou pensando em postar a linha do tempo e alguns extras e curiosidades depois de terminar a primeira parte da história. Além disso, também pensei em criar outra história de guapoduo, mais para obsesseduo na real; peguei uma inspiração para uma história assim. Mas só depois vou pensar direitinho nessa outra história. Este capítulo pode parecer meio dividido, já que ele mostra muita coisa acontecendo de uma só vez. Vou usar esta noite para revisar os outros capítulos e me planejar para o próximo capítulo. Tenham uma boa leitura 🤙
Revisado e editado dia 28/09/2024
Estou literalmente editando durante a madrugada, acordei e fiquei pensando no Quackity, e decidi dentre 3 a opção mais pica. No próximo capítulo, pedirei que releiam esse aqui.
Chapter Text
— Ele fez o quê?! — Mike, que estava segurando uma chave de fenda enquanto consertava uma câmera, exclama ao olhar para o loiro coração. Pac, que estava passando pelas ferramentas e olhando as instruções, se engasgou com a própria saliva, tossindo desesperado e recebendo uma água de Felps, que estava surpreendentemente calmo demais com a situação.
O grupo se localizou na sala de tecnologias. Pac e Mike, uma dupla reconhecida pela escola, eram conhecidos por fazer coisas malucas a fim de se divertir ou atingir seus objetivos, ou por realizarem muito bem seus trabalhos. Como são os mais confiáveis para cumprir qualquer tarefa que envolva ciências da tecnologia (área que ambos estão cursando), receba vários pedidos para entregar equipamentos. Isso os ajuda a conseguir mais experiência e um dinheiro extra. No momento, estávamos consertando uma câmera do Clube de Jornalismo, algumas horas antes das aulas começarem. Felps estava lá para acompanhar Cellbit; eles sempre estiveram juntos para a universidade, e também Cellbit queria contar algo para o grupo. Bagi geralmente sai algumas horas mais cedo, pois gosta de ir à universidade mais cedo para organizar as coisas do clube, então não estava presente, tudo seria repassado para ela mais tarde pelos garotos.
Cellbit, nervoso, contornou o que aconteceu no dia da festa, ganhando olhares surpresos e fazendo Pac quase morrer engasgado com o ar. Ele sentiu seu rosto arder ao lembrar daquele dia e o constrangimento crescer pela sua tentativa de falha de fazer um pão com ovo para Roier. Ele foi sentado na cadeira, sentindo os olhares sobre ele.
— Então a estrelinha te beijou por vontade própria, sem mais nem menos, e vocês ainda dormem de concha?! E por que você está tão calmo?! Usando maconha de novo, Felps? — Mike, indignado, coloca a chave de fenda na mesa e aponta para Felps, que ergue uma sobrancelha e levanta os braços em sinal de rendição.
— Eu só sabia da parte do beijo por ter visto no dia. O resto eu apenas presumo na cabeça quando vi Cellbit levar Roier para o banheiro. — Tal confissão fez uma ansiedade estranha entrar no coração de Cellbit, que olhou para Felps surpreso. Felps, percebendo isso, apenas deu de ombros e, antes de falar qualquer coisa, foi interrompido por Pac.
— E por que você não nos conta esses dias?! — Pac, que se recompôs, questiona ao olhar para Cellbit. Enquanto Mike pega de volta a chave de fenda e o manual de instruções da mão de Pac, resmungando que fez merda quando se distraiu, lendo as instruções e olhando para a câmera com atenção. Pac, vendo isso, aponta o erro murmurando baixo para Mike, comparando com as instruções, e logo depois volta a atenção para Cellbit.
— Eu estava processando o que tinha acontecido, e ainda estou. Ainda estou pensando que foi tudo um sonho, um surto aleatório meu, esquizofrenia, sei lá. Foi muito bom para ser real! Vocês sabem que eu geralmente não tenho tanto tipo — Cellbit fala agoniado, nervoso, sentindo-se ansioso ao lembrar dos lábios macios de Roier e desejando senti-los de novo. Corando com esse pensamento, ele nem percebeu que estava mordiscando sua bochecha.
— Pode ficar tranquilo, meu amigo, realmente aconteceu, eu vi. — Felps dava umas tapinhas em seu ombro com seu sorriso relaxado de sempre, achando engraçado a maneira como seu amigo estava reagindo.
— E então? — Mike, que estava focado tanto na câmera quanto na conversa, pergunta, desviando o olhar da câmera e devolvendo o manual para Pac. Ganhando um olhar questionador de Cellbit, Mike começa a sorrir travesso. — O que aconteceu depois? Sei que só dormiam, mas o que aconteceu depois?
— Bem, nós comomos, conversamos um pouco e ele foi embora. — Resumindo tudo em uma única frase, Cellbit desvia o olhar de Mike.
— Na-na-ni-na-não. Você vai nos contar o que aconteceu em detalhes. Nem adianta tentar fugir do assunto, também. — Felps, agora curioso, bloqueou qualquer tentativa de fuga da Cellbit do assunto.
— Só não me diga que você tentou cozinhar para ele em vez de pedir um iFood ou pegar uma comida já pronta — Pac fala de repente, olhando para Cellbit e provocando uma crise de jogar no loiro. Sorrindo vitorioso por ter acertado, Pac começa a rir. — Fez o garoto passar uma experiência de quase morte! Certeza que, se não colocou fogo, a comida estava horrível. O coitado deve sofrer até agora com aquele troço que você chama de alimento!
— Certeza que ele acha que você estava tentando envenená-lo! O menino deve estar assustado; se você ver vai sair correndo! — Mike, que também estava rindo, falando junto com Pac.
— Que coisa feia, Cellbit. Mal comecei a namorar e já está querendo ficar viúvo? Daqui um pouco o menino vai ser encontrado em acomodação pela escola. — Felps balançava a cabeça, usando um rosto decepcionado, e se juntava à brincadeira. — Não me diga que você também fez aquelas piadas sem graça que sempre acabam com um cadáver no meio.
Cellbit desvia o olhar para o outro lado, enquanto bebe água. Com essa ocorrência, Pac e Mike soltaram uma risada de uma vez, passando mal. Felps, que antes mantinha uma certa calma, abafou a risada com a mão.
— A comida queimou e Roier acabou assumindo a cozinha e fez umas panquecas para nós dois, e ele riu das minhas piadas, ok?! — Irritado e com muita vergonha, Cellbit cruza os braços fuzilando seus amigos que estavam rindo dele.
— Olha pelo lado bom, Cell. Pelo menos já sabemos que você tem uma chance. — Felps, que estava tentando não rir, se recompõe aos poucos, tentando animá-lo e lembrando-o disso.
— É verdade, porque ele te beijaria então? Mesmo bêbado, isso significa que ele te conhece e te acha um fruto ou algo assim. Além do mais, agora você tem motivos para se aproximar dele e conversar. — Pac falava, limpando as lágrimas que soltavam ao rir e tentando sufocar sua risada.
Mike, que tentava se recompor, respirava fundo e tentava não olhar para a cara de Cellbit, apenas concordando com uma junção às falas de seus amigos. Voltando sua atenção para a câmera e verificando se estava pronto, a entregar para Pac. Pac logo foi entregue a Cellbit, ao ver que estava ligando normalmente e que não daria um pipoco aleatório. Cellbit, bufando com um beiço irritado, testava a câmera enquanto pensava no que seus amigos tinham dito, sentindo uma ponta de esperança se acender.
"Talvez eu tente..."
— Tá funcionando. Vou pensar nisso. Vou voltar para o clube. Meu celular vai acabar explodindo com a Bagi me mandando mensagem o tempo todo. — Cellbit suspirou, voltando a câmera para seus amigos e sorrindo fraco em agradecimento a eles. Mike e Pac acenaram para ele, dando tchau. Felps se despediu do lado de fora, dizendo que iria comprar um suco e oferecendo umas palavras motivadas para Cellbit, dando joinha com as duas mãos e gritando: "Vai que é tua!"
Encorajado pelas palavras de seus amigos, Cellbit começa a fazer um plano para falar com Roier. Cantarolando baixinho, ele segue bem humorado em direção ao seu clube, questionando se deveria colocar seu plano em prática no horário de almoço.
...
Felps, mesmo se sentindo leve, não deixou de ficar um pouco preocupado com o relacionamento de seu amigo. Sabia que já tinha passado muito tempo desde o que aconteceu com Forever, mas reconhecia que coisas daquela época ainda afetam muito Cellbit. Felps recupera a compostura enquanto pega seu suco na máquina, olhando ao redor para procurar algo.
"Hora de começar a pesquisar."
Ele não poderia deixar um de seus melhores amigos sofrer novamente, e uma pesquisa profunda, ou o famoso levantamento de antecedentes, não faria mal. Era só por precaução. Olhando para uma garota morena de moletom roxo saindo da sala de aula, percebe seu tipo cantando suavemente enquanto se dirige em sua direção.
Felps sabia quem eram os participantes do grupo de amigos de Roier, sempre os via juntos e já tinha ouvido mil e uma coisas de Cellbit sobre eles. Sabia que Jaiden cursa animação e é uma das mais próximas de Roier. E, por incrível que pareça, tem uma máquina bem em frente à sua sala. Ele só precisava ter a sorte de aparecer na hora certa, e agora tinha a oportunidade de conseguir informações extras de alguém mais próximo da estrelinha da escola.
— Ei, Jaiden! — Felps a cumprimenta com um sorriso relaxado enquanto toma seu suco, colocando seu plano na prática.
— Ah, o garoto do karaokê. Felps, né? — Jaiden, surpresa, abre um sorriso fraco enquanto guarda seu celular no bolso. Felps cena em concordância.
— Isso mesmo. Você está nessa música, me deu um trabalho, visse? — Felps responde brincalhão, ganhando um sorriso divertido de Jaiden.
— Você teve sorte. Eu estava me segurando. Geralmente eu não me seguro tanto, mas tinha que resolver umas coisas — Dando de ombros, Jaiden começa a observar Felps. — Mas acho que você não quer falar apenas da nossa batalha épica, certo?
Felps, por um momento, deixa um sorriso frio escapar, pensando em como Jaiden era observador. Ele apenas ergue os braços, rindo baixo.
— Pego em flagrante. Mas juro que estou com os melhores interessados. aqui apenas para saber um pouco sobre uma pessoa que meu amigo gosta. — Ganhando um olhar questionador de Jaiden, que cruzou os braços, Felps abaixa os braços sorrindo. — Ah, o quê? Eu vi você passando e me perguntou: "Por que não?" Não aguento mais ouvir meu amigo tagarelando sobre esse garoto sem parar, sabe? Então estou na esperança de juntá-los logo ou algo assim. — Sua declaração fez Jaiden descruzar os braços e olhar para ele de forma abrangente, já que estava passando por uma situação semelhante.
— Ah, eu te entendo muito bem. Meu amigo vive falando no meu ouvido sem parar sobre um amigo seu também. Então talvez possamos fazer um acordo sobre isso. — Jaiden suspira, sentindo seus ombros relaxarem. Sua fala surpreende Felps, que reflete sobre o impacto da boa era a espécie de Cellbit. — Sabe, meu amigo Charlatanismo? Aquele baixinho, cabelo preto, touca, meio esquisito. Ele ultimamente tem falado sem parar do seu amigo loirinho, Cellbit. — Ao ouvir isso, Felps descartou imediatamente seu último pensamento.
— Eita. — Felps deixa escapar, sorrir, soltando uma risada sem graça enquanto coçava a cabeça sem jeito, fazendo Jaiden erguer uma sobrancelha. — Digamos que o amigo que eu estava falando seja o Cellbit e o garoto que ele gosta seja o Roier...
— Puta merda. — Jaiden olhou para ele sem acreditar, deixando um silêncio reinar sobre o local ao ver a situação constrangedora que estava acontecendo. Ambos, em silêncio, resultaram na reflexão sobre a situação.
Ambas, “mães” de seus respectivos grupos, se encontraram em uma situação complicada, entendendo o que estava acontecendo. Jaiden temia que o que aconteceu entre Mariana e Quackity no passado voltasse a acontecer e que seus amigos acabassem machucados, e ainda por cima por causa de um Lange. Felps estava preocupado com uma complicação do outro lado e do seu próprio lado, vendo que provavelmente Cellbit apenas não ligaria para os sentimentos de outro garoto e pensaria só em Roier, causando um problema ainda maior para seu amigo. Houve uma chance de, caso machucasse Quackity, o que era bem possível, Roier não apenas não sentiu interesse por Cellbit, como também começou a odiá-lo, o que resultaria em um coração e autoestima ainda mais machucados para seu amigo.
Ambos suspiraram ao mesmo tempo em voz alta, olhando na mesma hora com uma compreensão sobre seus papéis em seus grupos relacionados. Eles quase se abraçaram para se confortar, mas, em vez disso, Felps tirou seu celular do bolso, colocando-o nos contatos e entregando-o a Jaiden.
— Acho melhor você salvar meu contato e eu salvar o seu para conversarmos com mais detalhes e calma mais tarde.
Jaiden acena com a cabeça em concordância enquanto lhe entrega seu telefone e pega o dele. Ambos salvaram o número um do outro em seus celulares. Soltaram mais um suspiro e sorriram um para o outro.
— Muito complicado, não?
— Muito é pouco. — Felps responde, guardando seu telefone e acenando para Jaiden. — Vou agora. Boa sorte aí. Mais tarde eu mando uma mensagem e vejo como resolvemos isso.
Acenando de volta, Jaiden bufa ao ver a silhueta de Felps sumir e percebe sua vibração celular. Vendo que era uma mensagem de Mariana em um grupo, logo abre o chat, se preparando mentalmente e rezando para ser uma boa notícia.
_______
Roier, no momento, acabou de tomar um longo banho frio e houve comentários do treinador sobre seu desempenho ruim no treino. Suspirando, ele sorriu e ri, agradecendo as palavras de conforto e as graças de seu tempo, que davam tapinhas em seu ombro e cabeça.
— Não o leve a mal, Roier! Você sabe como ele fica preocupado com cada mudança no seu desempenho. Você é o melhor da equipe, então faz sentido. — Um de seus colegas conversaram, apoiando seu braço no ombro de Roier. Roier sorri, agradecendo, e se sente um pouco incomodado com o contato físico.
—Eh?! Como assim o melhor?! -—Mariana apareceu, intervindo, puxando o garoto de Roier, prendendo a cabeça dele em seu braço, dando-lhe cascudos na cabeça e agitando-o. O garoto começa a lutar para sair dos braços dela, enquanto as pessoas ao redor riem, provocando ainda mais a situação.
— Me solte! — Mariana, rindo, decide soltar o garoto, que sai bufando irritado e lhe dá o dedo do meio. Ela recebe alguns pedidos de desculpas brincalhões e os outros membros da equipe confortam o garoto, fazendo-o rir da situação.
— Não o provoque assim, Mari. Se o Scott ficar sabendo, você vai ficar irritado. E não acho que você queira ficar mais um mês afastado por um braço deslocado. — Roier fala risonho, ajeitando sua faixa na cabeça e se verificando no espelho.
— Eu de braço fodido e o cabelo de menstruação de muleta novamente, bela visão. Bem que uma revanche faria bem, o ruim é que estamos perto das olimpíadas, não dá pra fazer charme e me meter em uma briga. — Mariana ri ao lembrar do namorado protetor do calor loiro, arrancando uma risada de Roier. — Vai logo, princesa. Não temos o dia todo!
Dando um tapa na nuca de Roier, Mariana se afasta. Roier, agora sozinho com seus pensamentos, sem prestar atenção na bagunça ao redor, sente um arrepio. Pergunte-se quando ficou tão frio de repente, sentindo-se observado. Olhando em volta para ver se alguém o estava olhando, apenas via seus colegas de equipe conversando e brincando entre si. Suspirando achando que estava ficando doido, dá uma última olhada no espelho e vai até Mariana um pouco apressado.
...
Saindo do vestiário, Mariana ri junto com Roier, já que estavam com os braços por cima do ombro um do outro, tentando fazer a brincadeira "Nós andamos iguais", de maneira infantil e boba. Recebendo alguns olhares risonhos e sussurrantes de pessoas que viam de longe, já estavam acostumados com a esquisitice deles. Tropeçando para frente e para trás, Roier e Mariana, rindo, nem perceberam a proximidade de Spreen, que os observam como se estivessem diante de um par de seres extraterrestres.
— Ei, seus esquisitos. — Chamando a atenção da dupla, que parou imediatamente no lugar, Spreen para na frente deles, joga o cigarro que estava na boca no chão e o pisa, dando um sorriso vazio de sempre. Se separando, Roier engole em seco enquanto Mariana coloca uma carranca no rosto.
— Amargurado que não gosta de alegria alheia. E aí, Spreen. — Roier sorriu, acenando para Spreen, fingindo que nada tinha acontecido. Isso faz com que ele ganhe um olhar mal-humorado de Spreen, que, como resposta, Mariana ergue uma sobrancelha e dá um passo para frente.
— Oi para você também, Mariana. — Spreen deixa escapar de maneira sarcástica ao perceber sua ação e então volta seu olhar em direção ao garoto de faixa e jaqueta de tempo, que o deixou charmoso. Tirando os pensamentos da cabeça, Spreen fala com voz séria. — Roier, precisamos conversar.
Meio inquieto, Roier suspira, vendo que não dava mais para adiar. Colocando a mão sobre o ombro de Mariana, disse que estava tudo bem. Mariana, observando a situação, abandona sua posição de cautela. Apenas observa Roier indo sorrir até Spreen, iniciando uma conversa interceptada e não recíproca, enquanto ambos se dirigem para um lugar mais quieto. Mariana, sem mostrar uma expressão real no rosto, tira o celular do bolso e manda uma mensagem para o grupo de amigos "Protetores da estrela estelar", relatando o que estava acontecendo.
Mariana sabia o que Spreen fez na festa por Jaiden, assim como Tina e Quackity também sabiam. Eles realizaram esse grupo desde que descobriram o relacionamento de Spreen e Roier, atualizando Tina de tudo o que aconteceu até então com suas vidas, já que ela fazia parte do grupo também. Criaram o grupo com o objetivo de planejar como cuidar da situação e atualizar Tina, tendo lá planos para caso algo desse errado. Eles não tinham usado esse grupo há anos, porque Roier já era adulto e sabia se mudar. O grupo era mais para xingar Spreen à vontade e relembrar o plano terrível que havia planejado contra Spreen caso ele fizesse merda. A existência desse grupo quase seria esquecida se não fosse Jaiden contando o que aconteceu na festa, algo que preocupou e, em seguida, aliviou o grupo. Saber que Roier reagiu até que bem fez com que se sentissem como se fossem levados um tapa dizendo: "O neném não é neném, é um adulto que sabe muito bem o que fazer. Ele não precisa de proteção, mas sim de apoio quando precisa ."
Mariana: Parece que esse relacionamento finalmente vai ter um ponto final. Spreen teve uma "conversa séria" com Roier.
Cruzando os dedos para Roier mandar o "ursito" pra casa do caralho.
Figurinha de uma garota rezando "Deus, cá estou eu aqui de novo"
motherjaijai: Baixo assinado para isso fechar logo abaixo:
✔️
anticristópico: ✔️
Mariana: ✔️
Mesmo não estando presente, Quackity também concorreria.
anticristopink: Descanse em paz, pobre patinho, sempre estará em nossos corações...
mãejaijai: F
Mariana: F
Mariana, ao ver as mensagens, olha em direção ao lugar onde Roier e Spreen foram, sem deixar de se sentir um pouco preocupado. Ainda estava preocupado também em saber como Quackity estava, decidindo mentalmente passar na casa dele depois das aulas.
...
Roier, sentindo-se cada vez mais ansioso, apenas sorri normalmente enquanto olha Spreen se encostar na parede, acendendo um cigarro e xingando baixinho porque seu isqueiro não estava funcionando. Como de costume, Roier geralmente tem uma caixinha de fósforos na bolsa para casos como esse, quando ele e Spreen estão sozinhos, mas dessa vez Roier não tinha a caixinha consigo. Spreen, começando a se estressar, solte um "Foda-se" e guarde o isqueiro, colocando o cigarro de volta na caixa. Roier, esperando "pacientemente", se encosta na parede também, com as mãos no bolso, olhando para baixo e chutando umas pedrinhas.
— Vamos parar com isso. — Spreen solta de repente, fazendo Roier parar por um segundo.
Ele não perguntou "O quê?" ou "Por quê?", pois sabia exatamente o que Spreen estava falando e o motivo. Sabia que isso iria acontecer quando eles tivessem uma "conversa séria" que primeiro teriam. Roier sabia que isso estava acontecendo há muito tempo, mas antes ele estava muito apegado e não queria deixar Spreen ir. Queria acreditar que poderia ser amado e ter um amor como o amor que seus pais sentem um pelo outro. Queria sentir o conforto, a segurança e a alegria no coração, como se sentir na casa de Cellbit naquele dia, lembrando do sorriso e da risada sem graça do loiro, de seu rosto corando e sua voz falhando-
Não, ele não pode pensar nisso, principalmente nesse momento. Sabia que se começasse a pensar no loiro de mecha branca, não voltaria tão cedo. Acabaria mergulhado em pensamentos e se sentiria preocupado por se deixar levar novamente, e isso complicaria ainda mais a situação com Quackity. No momento, ele provavelmente estará.
Vendo que Roier não respondeu, Spreen fica um pouco impaciente, sentindo raiva e culpa o corroerem por dentro. Ele só queria resolver isso logo e voltar ao seu grupo em paz.
— Roier, você está prestando atenção no que estou divulgando? Não me ignore. — Falando com um tom grave, faz Roier despertar de seu devaneio. Ao ver Roier olhando com um olhar vazio, Spreen engole seco.
— Certo, era isso? — Roier, se desencostando da parede, pergunta inclinando a cabeça em dúvida, surpreendendo e até ofendendo Spreen.
"Tenho estado com você todos esses anos para que você não fique magoado, e é assim que você reage?!"
Spreen estava pensando que estava prestes a se sentir terrivelmente irritado e humilhado. Ele esperava honestamente que Roier começasse a chorar e implorasse para não o deixar, ou pelo menos derramasse algumas lágrimas e perguntasse se houvesse feito algo de errado. Já estava até se preparando para colocar seu discurso de "O problema não é você, sou eu" na prática. Mas surpreendentemente, Roier parece não se importar, o que de alguma forma magoa Spreen e atinge seu orgulho.
Spreen tenta se rir, imaginando que era apenas Roier tentando manter uma postura forte para não desabar na sua frente. Aproximando-se de Roier, Spreen pega suas mãos, ganhando uma ocorrência interna negativa do outro.
— Roier, eu te considero muito. Mas simplesmente não dá mais, podemos continuar apenas amigos, ok?
Sentindo-se impaciente e estressado, Roier força um sorriso, fazendo Spreen soltar suas mãos de maneira delicada.
— Ok, está tudo bem, Spreen. Está tudo bem. Vou voltar primeiro, tá?
Essa ocorrência agradou mais a Spreen, que se sentiu satisfeito. Ele soltou a mão de Roier, criando uma narrativa em sua cabeça de que Roier estava apenas tentando parecer durão e provavelmente iria correr para o banheiro chorando. Mas, na verdade, Roier se sentia tão vazio que não conseguia chorar. Sentia a raiva chegar aos poucos, seu rosto corar de frustração e vergonha ao se lembrar de coisas que não queria, querendo surtar ali mesmo.
Desde aquele dia na festa, em relação a Spreen, Roier sentiu apenas: lamentação, raiva de si mesmo e vergonha. Tinha vergonha de ter caído tão facilmente, de ter se deixado levar por alguém. Mesmo sendo um estado frágil, Roier sentiu que não deveria ter se emocionado tanto. Lembrava de cada surto de ciúmes que teve ao ver Spreen conversando intimamente com alguém, e se arrependia amargamente de ter se deixado depender tanto de Spreen no início. A única coisa que ele queria agora era uma bala na cabeça, ser atropelado por um carro, ou qualquer outra coisa. Desde que Roier viu que Spreen o via apenas como um pobre coitado carente e decidiu humildemente ajudá-lo, alimentando-o com restos, Roier se sentiu irritado e patético. Se estivesse anos atrás, estaria chorando e se culpando, mas com o tempo, começando a se cuidar e indo a sessões de terapia, com todo o apoio necessário, Roier foi se melhorando aos poucos. Mesmo tendo seus problemas e gatilhos, no momento Roier esteve em um surto momentâneo, e nada interrompeu sua sessão de xingamentos internos ao refletir novamente sobre sua situação com Spreen.
"Eu não te pedi para me ajudar, merda! Perra mala comida, maldita mar! Antes de me hubieras me deixar chorar no banheiro, nada seria mais terapêutico! Não preciso de sua lástima nem de sua migaja!"
Respirando fundo, Roier percebe que está pensando demais. Ele não queria que Spreen se sentisse na obrigação de ajudá-lo, mas também sentiu que não tinha culpa. Chutando outra pedra no caminho, agora irritado e sem paciência, ele faz uma careta ao ver que Mariana não estava esperando por ele em lugar combinado. Pegou seu celular e começou a mandar mensagens xingando Mariana.
_______
— Urk, Dios mío... — Quackity resmungava mal-humorado, sentindo uma dor enorme de cabeça. Tinha faltado à aula naquele dia e provavelmente faltaria o resto da semana. No dia anterior, foi chamado para mais uma festa. Quackity apenas soltou um "Por que não?" e foi sem avisar seus amigos. Sabia que eles estavam ocupados e não queria preocupá-los com algo assim. Além disso, se perguntassem, ele poderia simplesmente culpar o celular quebrado e a preguiça de passar na casa de algum deles (algo que eles com certeza não acreditariam).
Sentando-se, Quackity passa a mão pelos cabelos e coça a barriga. Então percebe que não está em seu quarto e que está completamente sem roupa.
"Oh, mierda , santa perra..."
Quackity olha ao seu redor e vê um lugar completamente vazio, suspirando aliviado. Levantando-se rapidamente, ele vai até o espelho e observa os chupões e marcas de mordidas, além de sentir pontadas de dor na parte de trás. Somando um mais um, percebe que deve ter dado seu anel dourado para alguém, o que não era considerado incomum. Ele é um adulto consciente, tinha uma vida sexual bem ativa e segura, sempre tendo cuidado com quem transava mesmo bêbado, o problema era que dessa vez ele não lembrava de nada. Quackity sempre ficava com alguém depois das festas ou depois de uma bebedeira no bar quando terminou com Wilbur, só sossegou depois de Cellbit o salvar. Isso o fez lembrar de algo desagradável, mas no momento não tinha tempo para xingar o loiro em sua cabeça, tinha que resolver esse problema primeiro. Se acalmando e respirando fundo enquanto passava a mão pelo cabelo, ele olha em volta do quarto, ele vê pôsteres da universidade rival, a Federação!
" Mierda , mierda ..."
Vendo os pôsteres do time de futebol americano, e uma foto em equipe deles, Quackity sentia seu sangue gelar ficando desesperado, a respiração de Quackity para quando escuta a porta ranger. Olhando em volta, procurando um lugar para se esconder, Quackity se vê sem saída e volta para cama fingindo dormir.
- Hm? Ele ainda não acordou. Jurava que tinha escutado barulho... - O garoto resmungava enquanto ia em direção de Quackity, deixando algo em cima da escrivaninha. Ele se agacha do lado da cama que Quackity estava deitado. Ele cutucava delicadamente a bochecha de Quackity, o achando fofo.
Quackity só conseguia xingar em 3 línguas diferentes em sua cabeça, enquanto aguentava por meia hora o estranho parar de graça. Depois de um tempo, o garoto que encarava o rosto de Quackity, decidiu se levantar e ir embora. Quackity deixa escapar um suspiro aliviado, se sentia soar frio, sentindo suas mãos molhadas de suor. Ele limpa a mão no lençol e percebe que estava limpo com cheiro de bebê.
"Esse cara me deu banho?! Não, não, não, eu estou dando o fora daqui já! Só tenho que pegar minha roupa e vestir..."
Quackity logo se levanta, pegando a sua roupa que estava na ponta da cama dobrada, colocando ela com pressa e tendo cuidado para não fazer barulho. Ele vê um prato com comida, suco e remédio. Engolindo seco olhando para aquilo, fez Quackity ficar um pouco sensível. Suspirando, ele enfiou um pão na boca, engoliu o suco junto com remédio e agradeceu mentalmente antes de pular pela janela e correr para casa.
Quackity se perguntava o do porquê se meter em problemas assim, querendo apenas ter criado juízo e ido para a escola. Lá pelo menos estaria recebendo cafuné de Roier enquanto reclamava sobre a vida, falando mal sobre casais felizes, secando garotos bonitos do campus pelos olhos e tagarelando sem parar sobre a divindade que Cellbit era. Fofocando com Jaiden e brincando com Mariana. Veria os treinos de Tina enquanto ajudava ela e o time com a coreografia, descobrindo podres horríveis e causando caos no campus. Sentindo o arrependimento batendo e os pés doendo enquanto segurava sua amada bombinha contra a boca, Quackity prometeu pela milésima vez que criaria juízo e prestaria atenção na maldita universidade.
________
Extras
Bagi e Tina
Resolvendo as papeladas e revisando alguns trabalhos feitos por seus colegas de clube, Bagi bufou impaciente por Cellbit estar demorando muito. Pegando o seu celular para enviar mais uma mensagem para Cellbit, ela se depara com o contato de Tina, sentindo uma calma invadir seu coração. Sorrindo fraco, solta um suspiro baixo apertando no chat, relendo sua conversa com ela. Bagi, que sempre se esforçou para atrair a atenção do líder de torcida, morena de cabelos lisos, pele levemente bronzeada pelo sol, que tem um sorriso capaz de abalar toda sua estrutura, finalmente conseguiu seu número. Mesmo agora tendo mais um trabalho complicado para fazer em contribuição, mas como é da Tina, é capaz de Bagi enfrentar um batalhão com as próprias mãos sem nem tremer.
Lembrava de Tina em seu ensino médio, uma garota determinada, forte e incrivelmente adorável. Lembra de ter competido com ela, querendo que sua chapa vença, acabando sendo derrotada. Lembra do desempenho de Tina, do quão incrível ela parecia ao responder suas perguntas, o quão esforçada ela foi. Se sente feliz em ter perdido por alguém pela primeira vez, Bagi sendo sempre competitivo, nunca tendo perdido uma única vez sem ser pelo seu irmão. Tinha um orgulho e arrogância extremamente enorme, só para ser abalado por Tina que no final a repreendeu tão agressivamente. Bagi lembra da ardência e da dor em sua bochecha pelo tapa que levou de Tina, foi nesse momento que viu que tinha se apaixonado. Desde então, tenta reconquistar a atenção e o brilho de admiração que Tina tinha por ela.
Suspirava arrependida de suas ações anteriores, era alguém muito imatura que perdeu maior que todos. Se lotava de responsabilidades maiores que ela mesma, com a verdade de que conseguiria resolver tudo. Até que no ensino médio a conheci, depois de suas palavras, senti como se um enorme peso saísse de seus ombros. Se sentiu tão leve que perdeu que poderia voar, sentiu seu coração bater e suas bochechas cardíacas.
Agora, por algum milagre, Bagi finalmente conseguiu a atenção de Tina, prometendo no final que iria conversar com o curso de Artes Visuais. Mesmo que seja algo complicado de se fazer, ver os olhos de Tina brilhando e seu sorriso animado, acabou aceitando. Enquanto pensava internamente que nunca conseguiria recusar algo que Tina pedisse, e isso seria perigoso, Bagi colocou a mão na bochecha que a muito tempo foi acertada por Tina, Bagi sentiu seu sorriso aumentado e seus olhos suavizados. Até que senti uma mão no seu ombro se assustando.
— Cheguei! Cê tá bem? Tá aí toda tchonga rindo pro vento. Pensando na Tina de novo? — Cellbit falou abrindo um sorriso malicioso, colocando um braço em volta dos ombros de Bagi, enquanto cutucava a bochecha de sua irmã. Bagi, irritada, agarrou o seu dedo com força. - Aí! Solta meu dedo, vai quebrar, vai quebrar!
— Deixe de drama e volte ao seu trabalho. Chega de ficar vagabundo por aí, tem papelada ali para resolver e temos as fotos do curso de design de moda para editar! — O soltando, Bagi sai dos braços do outro e pega algumas papeladas. - Teremos uma reunião com todo o Clube depois do almoço, não se atrase.
— Você sabe que eu nunca me atrasei, só me atrasei porque queria passar na sala de tecnologias e dá um oi pro Tazer e Craft, hum! — Cellbit vira a cabeça dramaticamente indo em direção a sua mesa.
Bagi suspira, sorrindo um pouco ao perceber que seu irmão estava de bom humor. Logo depois voltando com um rosto sério ao olhar fotografias mal editadas, depois de se preparar mentalmente, foi à mesa do responsável.
...
Tina sentiu sua orelha arder, sentindo que alguém estava falando mal dela. Ela via os líderes de torcida fazer a coreografia, indo gentilmente concordar uma ou duas coisas. Seu humor foi ótimo e inabalável, sentindo que tinha conseguido uma oportunidade ótima tanto para si quanto para sua amiga. Além de ter feito uma boa ação de ter dado a possibilidade do Clube e do Curso se reconciliarem.
Em relação a Bagi, Tina tinha uma cautela constante sobre. Sempre se sentiu como se tivesse sido caçado por um gato, um coelho por um lobo. Sempre se sentiu assim desde o ensino médio quando se encontrou com a beleza elegante e fria de Bagi, que sempre parecia impecável. Admirava suas ações cheias de confiança e determinação, acreditava que ela estava procurando algo melhor para todos. Sua confiança sobre a imagem que criou sobre a loira se despedaçou ao ver a imagem feia, arrogante e orgulhosa da mesma. Lembrava de suas palavras egoístas e suas tentativas de deixar Tina para baixo e fazer se sentir inferior. Essa lembrança sempre acertou um nervo bem escondido de Tina, mas aí ela lembra de depois de sua discussão com ela e de logo depois a vencer. Bagi se esforçou para se encontrar com ela depois, se desculpando sinceramente e a parabenizando. Tina não tinha certeza se era algo sincero, já que era algo que tentava se humilhar, sendo indiretamente ou não.
Tina via Bagi constantemente tentando chamar sua atenção, achando até fofo de sua parte, mas tinha prometido a si mesmo não se envolver com esse tipo de gente. Sempre a ignorando ou respondendo sem qualquer importância, apenas educado o suficiente. Mas, durante uma festa, com seu melhor humor e álcool fazendo efeito, acabou fazendo Tina dá uma chance indireta para Bagi se aproximar. Vendo que mesmo depois de sua proposta, Bagi não recuou, Tina acabou sentindo que seus sentimentos eram realmente genuínos. Mas claro que não se deixaria levar apenas por uma coisa dessa.
— Garotas, o treinamento terminou por agora! Muito bem, estão cada vez melhores, espero cada vez mais no futuro! Vocês foram ótimos. — Ao encher de elogios, Tina despensa os líderes de torcida que sorriram agradecendo.
Cantarolando animada, Tina está na direção ao vestiário para tomar um banho e ir para sua aula. Pensando se deveria mais tarde depois das aulas perguntar como Jaiden estava saindo, ao tentar convencer o pessoal de seu clube. Sua linha de pensamento foi interrompida ao sentir seu celular vibrar, vendo que era mensagem de Mariana, não pensei muito em abrir o chat.
TazerCraft
Pac revisou relatórios e fez anotações de pedidos que chegaram recentemente, enquanto Mike estava dando uma última verificação na Câmera de mais cedo para devolver a garota loira à sua frente e receber o pagamento. Depois de resolvido, a dupla ficou finalmente sozinha, olhando o relógio vendo que faltava apenas alguns minutos para tocar o sinal do início das aulas, Pac terminou sua anotação, se jogando na cadeira cansada.
— Pronto, não foi tudo, mas dei uma adiantada legal, moço. Credo, estou quebrado, hoje é literalmente o primeiro dia depois das férias, como estamos tão lotados de bagui?! — Massageando seu próprio ombro, Pac resmungava enquanto verificava ao redor e via outras máquinas para restaurar. Risonho, Mike, guardava as máquinas surpreendentemente de maneira delicada para ambos retornarem mais tarde.
—Bom trabalho, moço. Adiantamos um monte de coisa agora mais cedo, isso significa que voltaremos para casa no horário normal hoje. — Mike dando uma tapinha de conforto na cabeça de Pac se sentou em uma cadeira de frente dele, pegando seu copo com café.
— Você tem que retocar esse cabelo, moço. Tá ficando uma cor esquisita. — Pac falou de repente ao ver a rosa do cabelo de Mike começando a desbotar, Mike o olhar e bufa.
— Na volta eu passo na loja e compro. Será que conseguiremos criar uma tinta permanente que nunca desbota? Ou algo que faz o cabelo crescer naturalmente na cor que você quiser em si mesmo? — Dando essas ideias, Pac apenas dá de ombros sorrindo
— Só vamos descobrir se tentarmos. Mas para isso precisamos de cobaias, e eu não quero acabar careca sem querer, e aposto que você também não.
Com sua fala Pac começa a sorrir de maneira travessa, enquanto um sorriso sombrio e maléfico surge no rosto de Mike enquanto ele se levanta para procurar algo nos armários.
— Parece que temos um novo projeto para trabalhar - Mike exclama, voltando com uma caixa com cartolina, frascos e outros materiais
— Lá se vai nossa volta no horário normal. — Pac responde risonho enquanto pegava o material de pesquisa e equipamentos.
Chapter 6: Capítulo 5
Chapter by IoIoIo Alê Ioioio (rsrs3aoi3rsrs)
Notes:
Recomendo para quem leu o capítulo 4 antes do dia 28 dar uma revisitada, pois houve algumas alterações importantes.
- - -
O Twitter caiu, como vou ler a comic da Lumaca agora?! O que eu faço com os dias que eu relia a comic enquanto esperava a continuação? Enfio no cu? Vou me render ao VPN…
- - -
Caralho, ta recebendo multa por usar VPN?! Q merda mano…
- - -
Digamos que eu tenha esquecido completamente de atualizar por aqui, heh. Foi mal
Chapter Text
A festa estava muito animada, com vários cores, músicas altas, pessoas se jogando (algumas literalmente) e se pegando. Havia locais onde não dava para se mover nem entrar por causa da quantidade de gente. Quackity, naquele momento, estava agarrado a um copo enquanto era servido pelo cara que trabalhava como barman. Pensando em quanto o anfitrião da festa era rico, Quackity olhou ao redor, vendo tudo o que foi organizado para a festa acontecer e para as pessoas se divertirem.
Quackity foi convidado por um conhecido que era amigo de um amigo da hospedagem. No início, estava tudo divertido, mas sua energia social acabou mais cedo do que o esperado. Já tinha gasto toda a festa dos Lange, e quando sua energia social acaba, ele fica de péssimo humor, não querendo socializar com ninguém, nem ao menos olhar para seu próprio reflexo. E, para acabar de vez, ele viu de relance seu ex cantando na parte de trás da festa, perto da piscina, com sua banda. Claramente, Quackity saiu correndo de lá como o diabo névoa da cruz.
Não o entendo mal, ele já superou o cabeludinho vocalista de banda bonito e estiloso. Sofreu muito? Ele diria que um pouco; não gosto de pensar no passado. Mas ele não podia simplesmente deixar o outro ou ver e suspeitar que Quackity estava o seguindo ou algo assim, depois de tanto tempo sem se falarem. Ele sinceramente achou que todo aquele buraco obscuro deveria apenas ficar no fundo de sua mente, ou completamente fora dela, sem ser mencionado. Não gostava de como, ao vê-lo, lembrava-se das noites com Wilbur sussurrando palavras doces em seus ouvidos, falando que tudo ficaria bem, de seus abraços aconchegantes e refrões de músicas que diziam ser para ele.
Quackity conheceu Wilbur em uma festa por volta de quando Roier e Jaiden entraram na mesma universidade que Mariana. De início, eles só ficaram, mas logo depois as coisas ficaram mais sérias. Quackity começou a sentir que realmente gostava dele, e quando o conheceu, começou a se esforçar ao máximo até conseguir entrar em um relacionamento sério com ele. Depois de lutar muito, consegui conquistar o cantor. O problema é que, aos poucos, Roier foi se distanciando de Quackity, que na época não estava na universidade, entrando só no ano seguinte. Ele se sentia cada vez mais excluído do seu grupo. Quackity não participava tanto das conversas de seus amigos e não se encontrava com eles com tanta frequência quanto o resto do grupo se encontrava entre si, achando que estava cada vez mais afastado. E ver logo Roier se distanciando fez Quackity pensar que estava sendo excluído de vez. Ele jurou que tentou de tudo para conseguir uma bolsa, mas sua estabilidade mental não estava nas melhores condições. Na época, ele teve um colapso durante a prova, não conseguindo ficar naquele lugar fechado e cheio de gente. Preocupado em não conseguir passar, em não ter treinado o suficiente, não conseguindo raciocinar ao ler e se sentir cada vez mais pressionado ao ver a folha do gabarito em branco, se distraindo até com algum respiro mais forte e com a maneira que sua mão agoniada Queria batucar a mesa, sendo obrigado a ficar quieto para não fazer barulho. Sentindo-se enjoado e puto com quem quer que fosse o maldito que levou bis para comer na hora da prova, ele não parava de se culpar durante horas, olhando o papel e se questionando por que deixou para estudar na última hora. No final, ele só conseguiu entregar algumas questões resolvidas e, no dia seguinte, na segunda parte, nem compareceu.
Depois de ver Jaiden e Roier passarem pela mesma universidade que Mariana, ele se sentiu muito feliz, desculpando-se com eles por não ter sido suficiente. No momento, ele recebeu claramente uma chuva de carinho e palavras motivadas. Mas depois, pareceu que tudo mudou, ao perceber que seus amigos estavam se distanciando, ele começou a se sentir perdido. Passou a ter noites em claro, pensando se fez algo errado, se estava ficando chato, se esqueceu alguma coisa muito importante ou se disse alguma besteira tão grande a ponto de causar esse distanciamento. Se fosse qualquer outra pessoa ou grupo, ele não se importaria e ele mesmo cortaria a amizade, mas era do seu grupo que ele conhecia desde a criança que estamos falando. Eles já fizeram parte do que Quackity era, e ver esses amigos, tão próximos, se distanciarem de repente, emocionados uma dor indescritível na alma de Quackity.
O único que o consolava era Wilbur, que o conheceu em uma festa na qual tocou pela primeira vez com sua banda. Consolava o garoto distraindo-o com músicas doces. Em suas noites mais perturbadas, o cantor toca seu violão com uma voz doce, acalmando aos poucos os nervos de Quackity. Às vezes tinham brigas, que em grande maioria, senão todas, foram iniciadas por Quackity. Sua autoestima em baixa e a insegurança em alta pelo momento que estava passando causaram brigas, confusão por ciúmes. E Wilbur, que no início tratou a situação com calma e o ajudava, estava mudando, ficando mais agressivo e se sentindo ofendido. É claro que, em toda essa situação, não ajudou o fato de Wilbur nunca o assumir publicamente como namorado, dizendo que não estava pronto, o que Quackity entendeu, mas, ao mesmo tempo, o deixou nervoso e ansioso.
Nesse ciclo interminável de brigas e reconciliações, que aconteciam por causa de uma conversa bonita de Wilbur ou de Quackity chorando e pedindo para ele não o deixar, Jaiden finalmente entra em contato com Quackity. Explicando toda a situação do que estava acontecendo com Quackity, o garoto de cabelos pretos não conseguiu parar de chorar, frustrado com toda a situação. Tudo foi resolvido na base da conversa, choro e abraços. Quackity voltou a ter mais contato com seus amigos, sendo atualizado por Jaiden.
Mesmo sendo um dos pontos mais tranquilos daquele período, tudo começou a desandar logo depois. Wilbur, que já estava mudando aos poucos, começou a agir de forma estranha. Não passava tanto tempo quanto antes com Quackity, não atendia suas chamadas, ficava horas no celular quando estava com ele e se irritava facilmente quando essas coisas eram insinuadas. Quackity achou que era só coisa da cabeça dele, como das outras vezes, e, não querendo começar outra briga séria, acabou ignorando qualquer sinal esquisito. Até que, um dia, Quackity percebeu que nunca sequer tinha passado no lugar onde Wilbur ensaiava com sua banda e decidiu visitá-lo de surpresa. Estava de bom humor e descobri que essa surpresa não faria mal.
Ao chegar de surpresa, não recebi uma boa evidência de Wilbur, quase iniciando uma discussão quando os dois estavam sozinhos. Isso só não aconteceu porque Quackity pediu desculpas, sentindo-se preocupado por ter ido lá. Os membros da banda estavam confusos, pois não sabiam quem era Quackity.
...
Wilbur, estressado, tinha acabado sua discussão com Quackity, pedindo no final para ele ir embora. Quackity recentemente e falou que só iria passar no banheiro rapidamente. Colocando um sorriso no rosto, ele entrou na sala, recebendo olhares curiosos.
— Quem era? Você nunca nos falou dele — uma garota de sua banda, que tinha mechas ruivas, falou na bateria.
— Não vai me dizer que é seu namorado — provocou o outro integrante, cruzando os braços e erguendo a sobrancelha.
— Não, não. Claro que não, ele é só um amigo meu — Wilbur respondeu rindo sem jeito, pegando seu violão.
— Ah gente, Wilbur em um relacionamento sério? Faz-me o favor, até ontem vi ele agarrado com quatro pessoas diferentes, seja homem ou mulher, naquela festa — um cara de cabelo prateado disse, rindo enquanto abria uma latinha de cerveja. Os outros riram juntos, com Wilbur rindo sem graça, enquanto começava um olhar para a porta, preocupado.
Escutando essa conversa, a primeira ocorrência de Quackity foi xingar mentalmente, se questionou o quão maldita era sua espécie. Ele saiu do local e foi direto para casa segurando o choro, antes de desabar de vez quando passou pela porta. Trancando-a, ele sentiu as lágrimas escorrendo, soluçando sem parar, dizendo para si mesmo que agora teria que gastar dinheiro trocando as trancas de seu apartamento. Ele descobriu suas duas coisas mais importantes: sua bombinha e seu celular. Ligando-se desesperado para Jaiden, ele contou tudo, parando várias vezes para recuperar o fôlego, enquanto escutava Jaiden falar para ele respirar e dizer que estava indo para lá.
Desde esse momento, Quackity cortou diretamente qualquer contato com Wilbur sem dar nenhuma explicação. Jaiden o apagou fez o número de Wilbur e bloqueá-lo em todas as contas, falando que, se o cantor entrasse em contato, Quackity deveria mandar mensagem para ela primeiro, que ela mesma mandaria um textão para ele. Quackity começou a beber mais, tentando afogar as mágoas, e a sair com diversas pessoas. Teve até um dia em que quase participou de uma suruba, só não participou porque vomitou no sofá de um dos integrantes. Foi procurado nesse dia por Jaiden, levando uma tremenda bronca.
Depois de um tempo, comecei a conversar com mais frequência com Mariana também. O trio começou a se encontrar algumas vezes quando a dupla de universitários não estava ocupada. Ficavam conversando horas sobre Roier e suas tentativas de reatar o contato, e o garoto sempre os cortando, ou Natalan se metendo no meio, sentindo-se quase sem esperança de seus relacionamentos voltarem a ser como antes.
Mas, tirando essa ocasião com Roier, o relacionamento entre o trio estava evoluindo bem, até que Wilbur apareceu na porta de Quackity chorando, parecendo perdido e chutado pelo mundo. Quackity, vendo isso e se registrando em Wilbur, não poderia deixar de estender sua mão para ele novamente, consolando-o a noite inteira e preparando um chocolate quente para ele. Eles acabaram reatando depois de alguns dias, o que claramente enfureceu seus amigos, que procuraram alertá-lo com todas as forças. Mas Quackity apenas respondeu: “Ele mudou, está tudo bem agora”.
Não, não estava tudo bem, e ele não mudou. Quackity veja isso depois de uma briga séria que teve com Mariana. Quackity tinha feito uma merda tremenda.
Em uma festa que seu namorado estava dando para comemorar o lançamento de seu novo álbum, Quackity levou seus amigos para se divertir com eles como nos velhos tempos (só que, no caso, sem a presença de Roier). Estava tudo bem, todos festejando, brincando, cantando, dançando, até que Quackity viu a visão tenebrosa de Wilbur agarrando Mariana pela cintura, enquanto o garoto de óculos apenas observava com um olhar frio e o afastava. Essa visão fez o sangue de Quackity ferver. Ele só lembra que, naquela noite, puxou Mariana com tudo para fora, num lugar isolado, e começou uma discussão feia. Jaiden, que os separou, gritava para ambos se acalmarem e olhou decepcionada em direção a Quackity, que tinha falado coisas tão estúpidas e idiotas que machucaram profundamente Mariana. Quando Quackity percebeu, o de óculos estava chorando com os punhos cerrados. Quackity imediatamente parou em silêncio, refletiu sobre a situação e soltou um "me desculpa" choroso, saindo de lá.
Depois disso, ele terminou de vez com Wilbur, que tentou manipulá-lo, dizendo que era tudo um mal-entendido. Claramente, Quackity não acreditaria mais. Ele apenas terminou, e em vez de trocar novamente as trancas de seu apartamento, decidiu se mudar para outro lugar, não querendo lidar com a possibilidade de Wilbur aparecer novamente na porta dele, parecendo um vira-lata maltratado. Ele estava afastado de Mariana; depois daquela briga, Quackity não tinha coragem de olhar na cara de Mariana após tudo que havia dito ao garoto. Sentia-se tão culpado, frustrado e envergonhado que, naquele momento, só queria se enterrar vivo e se isolar do mundo.
Voltou a falar com Jaiden, tendo várias conversas longas em que se desculpava e ouvia conselhos da amiga. Ele voltou a beber, mas apenas em bares, com medo de que em alguma festa por perto acabasse encontrando o cantor amador. Bebia até ver o sol nascer, até desmaiar ou até sua amiga Jaiden aparecer em seu socorro. Ele se sentia incrivelmente inútil, imbecil, e um merda em uma situação merda. Estava no fundo do poço, até que Roier começou a ressurgir, um verdadeiro milagre. Parecendo uma clínica de reabilitação, tudo começou a voltar a ser como antes, nos tempos bons. Roier foi uma das principais pontes para a reconciliação entre Quackity e Mariana. Com o grupo aos poucos se reaproximando, todos se ajudavam mutuamente, nos surtos, nas crises e nos problemas, apoiando uns aos outros.
Sentindo-se um pouco melhor e determinado a estar presente para seus amigos, Quackity começou uma rotina rigorosa de estudos antes do vestibular, determinado a conseguir uma vaga. Ele passaria, e se não conseguisse uma bolsa de 100% (o que ele tinha certeza de que não conseguiria), arranjaria dois empregos para se sustentar. De qualquer forma, sabia que não poderia sobreviver apenas da herança de sua amada abuela para sempre; ele tinha que conquistar seu próprio dinheiro. Depois de muito esforço, ajuda e apoio dos amigos, Quackity conseguiu passar na universidade, o que foi uma explosão de felicidade. Nem parecia que o ano, do início ao fim, havia sido tão ruim.
Passado na Universidade, agora cursando o primeiro ano na parte do segundo semestre do ano, Quackity se via torcendo por Roier e Mariana. Vendo que eles haviam ganhado, ele enlouqueceu junto com Jaiden. Jaiden, rindo feliz, de repente percebeu que havia esquecido o celular em algum canto, logo se desesperando e dizendo que iria procurar na sala. Sem ninguém para impedi-lo e estando sozinho, Quackity riu e jogou algumas pipocas na cabeça do time perdedor que passava ao lado da arquibancada. Recebendo olhares feios e xingamentos, Quackity não poderia se importar menos. Ele estava usando a camisa de outra universidade; ninguém poderia apontar para ele dizendo que era de Quesadilla, então, se fosse filmado ou pego por alguém de escalão superior, o time de sua universidade não seria afetado. O máximo que receberia seria uma suspensão, advertência e a obrigação de escrever uma carta de desculpas. Portanto, ele não tinha com o que se preocupar.
Isso até ser jogado em um canto isolado do campus por um grupo de estudantes da Federação, levando chutes e socos. Quackity mentalmente concordava que merecia um pouco, mas achava covardia cinco contra um. Lamentando sua sorte, Quackity tentou se recostar na parede antes de levar um chute na cara, ficando tonto e sentindo um gosto metálico na boca. Achando que iria apanhar até desmaiar, começou a rezar para que alguém aparecesse e o salvasse. Bendita seja sua língua que não era usada apenas para espalhar veneno.
Cellbit apareceu bem na hora, como um cavaleiro de armadura, enchendo os caras que estavam batendo em Quackity de porrada. Quackity se sentiu deslumbrado por um segundo ao ver os gentis olhos e o sorriso educado de Cellbit ao se aproximar e perguntar se estava tudo bem. Por um momento, viu a figura de Wilbur sorrindo docemente para ele. Quackity sentiu seu coração disparar e apenas acenou com a cabeça, primeiro em sinal de sim, depois de não, ganhando um suspiro de Cellbit. O loiro o ajudou a ir até a enfermaria e logo se despediu desejando melhoras.
A partir desse momento, Quackity começou a tentar de tudo para sair com Cellbit. Aprendeu coisas sobre ele pelas redes sociais e por rumores, promovia encontros "acidentais" no corredor, tentava puxar assunto com ele. Tudo isso para, no final, receber respostas curtas e educadas, mas sem interesse algum. Com o tempo, o sentimento esfriou. Quackity percebeu que Cellbit não tinha nada a ver com o Wilbur gentil do início do relacionamento. Esse sentimento amargou o coração de Quackity. Ele aos poucos percebeu que não gostava de Cellbit, mas sim da imagem parecida de sua paixão anterior. Sentindo sua alma doer e seu orgulho afetado, ele começou a notar os pontos negativos, frios e cruéis, do loiro. Viu como Cellbit rejeitava cruelmente os outros e ignorava friamente as pessoas que não o interessavam, até mesmo os desprezando. Quackity começou a exagerar sua visão negativa sobre ele e parabenizou a si mesmo por perceber e sair dessa situação emocionalmente complicado rapidamente. Quackity foi idiota uma vez, com Wilbur, para nunca mais. Sabia que só teria problemas se se envolvesse com Cellbit, pois sabia que seria magoado.
Mas, Quackity começou a notar algo estranho em relação ao loiro.
— Ei, Quackity, já que você conversa com o amor de sua vida de vez em quando, poderia perguntar por que ele sempre fica encarando para cá? Sempre sinto o olhar afiado dele quando está por perto. Estou começando a achar que você realmente tem chance com o senhor coração de gelo — Roier falou brincalhão, fazendo Quackity imediatamente olhar discretamente para a direção de Cellbit. Ele imediatamente percebeu o olhar de Cellbit sobre ninguém menos que Roier. Viu seus olhos suavizarem e depois ficarem tensos ao perceber que havia sido notado, desviando o olhar na hora, com o rosto corado.
Quackity ficou sem palavras, sem reação, com a mente em branco.
"Que porra foi essa?!"
Depois disso, Quackity começou a observar cautelosamente e com mais atenção a situação, notando os olhares de Cellbit sobre Roier e como seus amigos reagiam a isso. Ele finalmente percebeu que Cellbit gostava de Roier e imediatamente rejeitou essa ideia no coração.
De jeito nenhum ele deixaria o sol do grupo ficar com a montanha de gelo do Everest! Roier era tão brilhante, amoroso e doce, enquanto Cellbit era frio, indiferente e grosseiro. Roier já havia sido muito traumatizado por relacionamentos anteriores, o mais complicado sendo com Natalan, e agora estava em um relacionamento suspeito com Spreen. Quackity não previu essas tempestades de merda chegando, mas agora que percebia a bomba prestes a explodir, claramente tentaria intervir. Ele não deixaria seu amigo ser magoado por um idiota que se achava frio e calculista! Seu amigo nunca teve sorte no amor, e agora um garoto bonito, rico, popular e claramente estranho e suspeito estava interessado nele. Quackity não sentia nada de bom vindo disso.
Montando um plano na cabeça, Quackity se decidiu. Ele tinha a garantia de que Roier estava interessado em Spreen, mas para garantir que nada acontecesse entre ele e Cellbit, Quackity manteria a fachada de que gostava de Cellbit. Ele sabia que Roier nunca faria nenhuma tentativa ativa de conquistar as paixões de seus amigos caso tivesse interesse, apenas desistiria. E Quackity ainda faria o possível para causar desencontros entre os dois nos corredores sempre que possível, temendo que Cellbit criasse coragem para se aproximar de Roier. Permanecendo grudado em Roier por meses, Quackity começou a abaixar a guarda aos poucos, encontrando conforto em suas duas primeiras garantias e vendo que Cellbit era um tremendo covarde sobre chegar na pessoa de quem gostava, Quackity começou a sentir mais confiança e alívio. Sentindo-se satisfeito por conseguir manter esses dois o mais longe possível um do outro, Quackity conseguia dormir tranquilo.
Ele era totalmente fiel à sua fachada, sempre falando de Cellbit quando lembrava, mas sentindo-se aborrecido por dentro, pensando em como aquele era o último ano do loiro e que só teria que aguentar mais um pouco, que quando ele se formasse, contaria sua ideia surtada para os amigos e eles ririam disso. Não saía com ninguém e nem ficava com ninguém, nem ao menos tinha mais interesse em fazer isso nas festas, então só planejava se divertir com seus amigos e beber até cair. Ele estava tão confiante de que nada mais aconteceria, principalmente por já estar no último semestre do ano, que concordou em ir para a festa dos Lange e levar seus amigos lá, se divertindo muito.
Quando Quackity descobriu o que aconteceu entre Spreen e Roier no dia seguinte, pela Jaiden que o visitou em sua casa, Quackity sentiu um pouco de ansiedade no coração. Respirando fundo e dizendo que estava tudo bem, consolando-se com o fato de que Roier reagiu bem, ele ficou preocupado logo em seguida com a situação de Cellbit, mas se acalmou ao ver que nada aconteceu. Se tivesse acontecido, ele tinha certeza de que Jaiden teria contado, ou que fariam uma reunião na casa dele para explicar a situação. Eles com certeza não tiveram nada enquanto estavam fora de vista de Quackity. Consolando-se, ele, no domingo, apenas aceitou o convite de última hora de um conhecido para uma festa para aliviar suas preocupações; já ia faltar uma semana inteira, então por que não ir a mais uma festinha? Ele só não esperava encontrar seu ex lá.
Virando de uma só vez seu copo, Quackity sentiu a bebida descer quente e amarga em sua garganta. Pensando em beber mais uma e ir embora para casa, Quackity pediu mais uma para o bartender.
— Se você beber assim com frequência, vai entrar em coma alcoólico a qualquer momento.
— Vira essa boca pra lá. — Respondendo secamente à voz brincalhona, Quackity olha na direção da voz, vendo um cara de cabelos castanhos claros, olhos castanhos avermelhados, sorrindo fraco em sua direção enquanto bebia sua bebida, com as bochechas levemente vermelhas.
Luzu, que estava apenas bebendo, sem interesse real na festa, estava ficando um pouco maroado e começou a se sentir mal-humorado ao se perguntar por que aceitou essa ideia estúpida de sua equipe. Mas logo se lembrou da responsabilidade de ser um dos gerentes de sua equipe, e com pena de deixar BadBoyHalo sozinho para manter o bando de marmajo na linha, sentiu-se forçado a vir.
"Não posso arriscar deixar esses caras soltos por aí. Tenho que ter cuidado."
Ele sinceramente não queria dançar nem falar com outras pessoas, só iria beber, olhar para ver se nenhum de seus companheiros idiotas estava se metendo em confusão por aí, e no final ajudar seu amigo, BadBoyHalo, a levar os idiotas para casa ou chamar alguém para levá-los. Sentindo-se amargurado por ver outras pessoas se divertindo, acabou sendo surpreendido por um movimento brusco de alguém sentando ao seu lado. Vendo um adorável ser de cabelos pretos bagunçados bebendo tudo o que via pela frente, Luzu sentiu seu coração bater e engoliu seco. Criando coragem, ele finalmente puxou assunto com o outro cara, que respondia de maneira fria e ligeira, mas aos poucos foi suavizando, e a conversa se tornou cheia de risadas.
Quackity, que estava gostando de conversar com Luzu, de repente viu Wilbur o olhando confuso atrás do garoto de cabelos castanhos. Travando bruscamente, mil e um pensamentos passaram pela cabeça de Quackity, que sentiu uma mão em seu ombro.
— Tá tudo bem? Alguma coisa aconteceu? — Olhando de volta para Luzu, que estava sorrindo preocupado, Quackity se sentiu acalmar.
Relaxando os ombros, Quackity apenas sorriu fracamente, dizendo que estava tudo bem. Ele se levantou e puxou Luzu, segurando uma garrafa que pediu ao bartender, falando para irem para um lugar mais quieto. Sem sequer pensar em olhar novamente para Wilbur, Quackity puxou o outro garoto, que o seguiu sem resistência.
Em um lugar mais quieto, os dois conversavam animadamente enquanto bebiam. Rindo das travessuras um do outro, não se sabia quando começaram a conversar sobre suas inseguranças um com o outro, sentindo-se seguros um com o outro por um momento. Escutavam palavras doces e consolos disfarçados de brincadeiras, brincando com seus dedos entrelaçados. Ambos rindo e chorando, zoando um ao outro por chorar. Fazia tempo que Quackity não se sentia tão leve, achando que boa parte disso era culpa da bebida. Quando percebeu, ele puxou Luzu para um beijo, o que deixou o outro garoto tão surpreso que só sabia gaguejar enquanto corava. Quackity ria da expressão de Luzu, que parecia um tomate.
— Pa-pare de rir de mim! — Quackity o interrompeu com outro beijo e mais outro, até que finalmente silenciou Luzu, que ficou com um beicinho quando Quackity parou.
— Sua casa é aqui por perto? A minha é meio longe... — Quackity disse provocando-o. Luzu engoliu seco e acenou que sim, ganhando um sorriso malicioso de Quackity.
Quackity, já em casa, olhava para o teto com cara de paisagem. Até que começou a lembrar das memórias da noite passada, corando fortemente e sentindo seu coração disparar. Ele havia fugido desesperadamente, tomado pela adrenalina de acordar em um lugar desconhecido e descobrir que tinha transado com alguém que não era apenas da universidade rival, mas do odiado time de futebol americano. Sentiu-se idiota por ter se deixado levar assim pelo primeiro cara que o fez rir em um momento frágil, fazendo brincadeiras doces e o tratando tão bem e com tanto cuidado. Ele grunhiu, sentindo-se agora culpado ao lembrar de suas conversas com Luzu e da expressão adorável no rosto dele, pensando em como Luzu deve ter reagido ao seu ato de ficante tóxico ao fugir após uma noite de amor sem mais nem menos. Mas sabia que se envolver com a Federação não era a melhor coisa, especialmente se falarmos de jogadores. E o pior, ele nem podia desabafar sobre tudo o que aconteceu para seus amigos, a fim de manter seu plano. Sentindo agora uma grande vontade de xingar internamente Cellbit, Quackity colocou toda a culpa sobre ele.
— Maldito seja esse arrombado… — Esfregando sua testa, Quackity começa a murmurar diversos insultos, desejando tudo de ruim para o loiro.
Extras
Cadê ele?
Quando Quackity terminou com Wilbur, Wilbur não levou a sério, achando que ele voltaria assim que percebesse o quanto precisava do cantor em sua vida. Wilbur esperaria pacientemente...
Já se passaram dois meses desde que ouviu de Quackity. Wilbur começou a se preocupar, não conseguindo se concentrar nas letras de sua nova música. Pensando seriamente, ele só podia suspirar. Vendo que teria que recorrer ao clichê de "Me perdoa, vamos conversar, está frio aqui fora", Wilbur esperou um dia de chuva e foi até o complexo de apartamentos de Quackity. Sempre achava o lugar muito simples, bufava de desgosto sempre que ia ao local. Pediu à portaria para deixá-lo entrar, mas eles disseram que o residente havia se mudado. Acusando-os de mentirosos, Wilbur foi retirado à força pela segurança do local. Sem escolha, Wilbur decidiu observar.
“Não tem como ele ficar preso dentro do apartamento o tempo todo, certo? Uma hora vai ter que sair ou alguém vir pra entregar alguma coisa.”
Wilbur estava totalmente sem dúvida, sentindo o desespero no coração. Nas últimas semanas havia sem nenhum sinal de Quackity, independentemente dos horários que fossem ou das pessoas que perguntassem. Voltando para casa, ele sentiu sua barriga embrulhar e começou a pensar em seu namorado o abraçando pela manhã, dormindo sem se preocupar com nada. Lembrava-se de passar horas ou olhar, até sentir que realmente deveria se levantar. Lembrava-se de cobrir suas bochechas com suas mãos e apertá-las, achando-o adorável.
Um sentimento sombrio inundou o corpo e a alma de Wilbur, o mesmo que gostava de ver o rosto desesperado e choroso de Quackity. Ele só gostava de ficar animado, ter paciência e procurar.
Ele eventualmente irá encontrá-lo.
Língua pesada
Sentindo uma grande vontade de espirrar, Cellbit de repente perde a vontade, sentindo um sentimento ruim no peito, como se fosse morrer de agonia. Andando rápido para não chegar tão atrasado para sua aula de psicologia, Cellbit acaba esbarrando em uma garota com uma enorme caixa cheia de frascos de vidro, espatifando todos os frascos no chão e quebrando.
— Mano?! Que merda, tá com o olho no cu?! Essa remessa de frascos é para o curso de química, você sabe o que são essas coisas?! — Se recuperando da queda, a menina exclama irritada se levantando e vendo se sobrou algum inteiro
— Foi mal, foi mal, eu pago. Merda, desculpa mesmo — Se desculpando repetidamente, Cellbit ajuda a garota nervosa.
Depois disso, Cellbit teve que ajudar na limpeza e acabou com um caco de vidro preso na mão, sangrando e indo com pressa para enfermaria para tirar o vidro e ir direto para aula. Chegando na metade da aula com a mão enfaixada, ele se deparou com sugestões e com um olhar vazio do professor que apenas deu de ombros e continuou a dar a matéria.
“ Talvez não seja uma boa ideia tentar conversar com Roier hoje…”
Sentando-se na cadeira, Cellbit suspira enquanto voltava sua atenção para o professor.
Chapter 7: Capítulo 6
Chapter by IoIoIo Alê Ioioio (rsrs3aoi3rsrs)
Summary:
Voltei, quem está vivo sempre aparece! (Ou algo assim)
Tava com mó saudades de escrever, com as mãos coçando e a cabeça agitada com ideias novas. Realmente agonizante.
Achei que eu conseguisse pensar bem nessa história, mas tava com rastros de tarefas, seminários e provas pra fazer. Não consigo colocar em palavras o quão leve fiquei quando apresentei aquele maldito pré tcc…
Bem, bem, bem, voltando ao que importa e interessa. Falei que apagaria os capítulos, mas né, apego. Não posso simplesmente descartar os comentários de vocês. Então, deixarei assim. Mas manterei a palavra de mudar um pouco a maneira de escrita. De volta ao trabalho!
Boa leitura.
Chapter Text
— Tsk, Jai! Você acredita que Mariana nem ao menos me esperou?! Maldito idiota. — Roier exclama irritado, fazendo um beicinho cruzando os braços. A Jaiden dá um sorriso relaxado, tirando sua atenção do celular e olhando para Roier despreocupadamente. O que contradiz o real sentimento de preocupação no peito.
— Mariana sempre foi um cuzão, já era pra ter se acostumado. — Ela fala com um sorriso de deboche erguendo uma sobrancelha.
— Mesmo assim! Tenho uma coisa importante para contar, e ele só some do nada. — Soltando um bufo, Roier desvia o olhar para uma bela líder de torcida que vinha alegremente para mesa. Jaiden o olha engolindo seco enquanto voltava a atenção para a garota que apoiou as mãos na mesa.
— Jai! Tudo pronto? Vamos conversar com eles agora. — Com aparência calma mas com a voz animada. Jaiden que já tinha esquecido desse outro problema, bufa colocando uma pequena carranca antes de se levantar.
— Certo, certo. Vamos.
— Ah, eu vou também. Quero ver sangue e cabeças decapitadas. — Roier brinca risonho, no mesmo instante Jaiden o olha meio preocupada.
— Tem certeza…? — Roier a olha, achando suspeito e então bufa.
— Oxe? Por que não teria?
…
“Mierda…”
Roier esperava se divertir ao ver a briga de cão e gato entre o clube e o curso. Não achava que ia dar certo esse plano de reconciliação disfarçado, e só queria ver a discussão. Mas ele tinha esquecido de um pequeno detalhe; Cellbit era vice presidente do clube de fotografia.
Engolindo seco, o menino de faixa desviou o olhar ao sentir o olhar animado do loiro que parecia alegre ao ver que Roier veio. Jaiden teve que segurar toda sua vontade de suspirar pesadamente com força, sentindo que sua enxaqueca iria atacar.
Bagi estava calmamente olhando umas papeladas, sem perceber a chegada de outras pessoas, pedindo a opinião de seu irmão. Ao ver que o mesmo não prestou atenção, ela foi olhar o que desviou a atenção de Cellbit. Se deparando com uma linda garota de cabelos castanhos lisos, sorrindo de maneira relaxante e lhe enviando um aceno simples. A loira no mesmo instante ficou sem graça, desajeitadamente comprimentando de volta. Sentindo suas bochechas ficarem vermelhas, Bagi deu uma cotovelada em Cellbit para ele reagir e não ficar só parado sorrindo que nem idiota.
— Bagi, chegamos! Aqui de quem eu tava falando. — Tina puxa animadamente Jaiden pelos ombros, a empurrando em direção a dupla. — Vocês já devem conhecer a Jaiden, então vou pular a introdução. Ela é minha amiga, então foi mais fácil convencer ela se vir. Esse enxerido aqui é o Roier que só veio para importunar mesmo.
Roier a olhou erguendo uma sobrancelha antes de dar um chute na parte de trás do seu joelho.
— Seu puto-
— Eae — Acena com um sorriso satisfeito, ignorando os resmungos de Tina, em direção aos gêmeos. Bagi retribui com um sorriso educado, recuperando a compostura. Cellbit engole seco, também recuperando a compostura e acenando de maneira relaxada em resposta ao México
…
Cellbit está nos céus. Talvez seu azar do início de dia estava o recompensado com sorte agora. Esperava uma chance de falar com Roier, de se aproximar, mas não esperava ter essa chance tão cedo. O que ele apenas precisava era de uma abertura e coragem…
— Cellbit, o que você acha?
— Huh? — Sendo chamado de repente, Cellbit olha em direção às três mulheres. Bagi apenas bufa disfarçadamente, o olhando sério. Cellbit rapidamente sai de seu transe para dar atenção ao projeto. — Sobre o que?
— Talvez devêssemos ver um dia para o clube e o curso se encontrar, digo, todos os membros das duas partes. Como o banner é enorme, podemos decidir todos juntos as ideias. Onde seria melhor? — Se encostando na mesa, a Jaiden repete. — Não dar para ser na sala de Artes, temos muitos trabalhos de outros clubes e cursos, além dos nossos próprios. Tenho certeza que é a mesma situação do de fotografia. — Ela ganha um aceno dos gêmeos em concordância. Bagi logo lembrando de guardar os papéis na lasta. Jaiden começou a brincar com uma mecha de seu cabelo, um costume de Tina que foi logo contaminando seus amigos, Jaiden olha secretamente de maneira como se avaliasse o outro.
— Uhm… — Se sentindo um pouco pressionado pelo olhar, Cellbit pareceu pensar por um tempo, antes de desviar o olhar para Tina. A mesma estava com um sorriso simples, encostada em Roier. Ambos conversavam baixo algumas vezes, soltando risadinhas. — Tina, aquela quadra da parte de ginástica ou o de jogos de quadra vai está liberado?
A dupla logo parou sua conversa, olhando em direção ao loiro, que estava encostado na mesa de maneira preguiçosa. Parecia até entediado, olhando para eles esperando calmamente a resposta.
A maneira desleixada do loiro, rosto calmo e os olhando intensamente, fez o coração de Roier errar uma batida, que deu em uma resposta automática de engolir em seco. Desviando o olhar disfarçadamente para o outro lado.
— Bem… Roier? — Sendo puxado para a conversa pela líder de torcida, Roier volta o olhar, vendo eles o encarar.
— Ah, sim. Salão de jogos de quadra não vai dar. A agenda está lotada de treinos de basquete, vôlei e essas coisas. Do jeito que são, vão preferir morrer ou matar alguém do que ceder um dia. Foi uma guerra para definirmos os horários de cada modalidade, teve até briga. — Roier explica revirando os olhos divertidos.
— Esses desgraçados, tentaram até pegar a quadra de ginástica. Esses porcos imundos, da última vez, deixaram tudo bagunçado e sujo. O vestiário estava uma nojeira, e ainda tiveram a ousadia de propor ideia de usar a quadra… — Tina resmunga, ganhando um olhar um pouco surpreso de Bagi. Vendo isso, ela muda logo sua carranca para um sorriso delicado, Cellbit não teve nenhuma reação relevante além de olhar em sua direção sem interesse. Jaiden e Roier já estavam acostumados, só Roier que segurava sua risada um pouco antes voltar ao normal. Parando um pouco para pensar, uma ideia surge na cabeça da garota — Aqui tenho uma solução! Bem, como não posso convencer o grupo de ginástica, eu e as meninas podemos começar a treinar no campus ou em outro lugar por um tempo, enquanto o banner não estiver pronto.
— Se for isso mesmo, vocês tem que ter certeza de deixar tudo limpo depois de usarem. Já tivemos de cuidar de problemas demais envolvendo essas coisas. Se acham Tina rancorosa, um pouco atrás dela está o grupo de ginástica. Eles farão de tudo para acabar com a paz da gente e a de vocês.
Todos ouviram cuidadosamente a dica de Roier, Bagi quase deixa escapar um sorriso, lembrando de algo passado. Com isso, todos concordaram com a ideia. Fazendo com que Jaiden e Bagi expressassem um sorriso satisfeito, enquanto continuavam com ideias sobre o banner junto de Tina. Cellbit e Roier apenas ouviam. Roier estava decepcionado internamente por não ter tido nenhuma briga ou discussão, não pôde deixar de fazer um beicinho com o pensamento. Além de está um pouco preocupado com o que aconteceu mais cedo…
“Por que a Jaiden queria saber se eu tinha certeza de vir? Ela sabe alguma coisa? Não, se ela soubesse ela iria conversar comigo, mas e se—”
— Roier, Cellbit, vocês que estão só olhando para o tempo e acenando, podem ir lá na quadra checar? Aproveitar que agora não deve ter ninguém lá. — Bagi fala de repente, atraindo a atenção os garotos e interrompendo as paranóias de Roier. Cellbit prontamente desencostou da parede, acenando com a cabeça. Roier hesitou um pouco antes de falar um “tá bom”.
Vendo os dois indo embora, Jaiden mordeu a bochecha, não sabendo o que fazer. Tina apenas ignorou e continuou a conversa empolgada com Bagi, que deu uma olhada despretensiosamente para Cellbit, que agradeceu com um sorriso pequeno e satisfeito. Claro que isso não passou despercebido por Jaiden, que só pôde suspirar.
…
“Ok, isso foi extremamente suspeito…”
Jaiden com certeza percebeu o comportamento estranho de seu amigo. Parecia como se ele estivesse criando uma barreira contra Cellbit.
Roier está escondendo algo…
“Tem haver com o que ele queria contar a nós? Merda, ele sabe que o Cellbit gosta dele?! Bem… Não é como se isso fosse ruim na verdade.”
Na verdade era de todo mal isso. Assim Roier se distânciaria com toda a sua vontade ou aproveitaria para tentar jogar o Lange no Quackity. E aparentemente ele decidiu a primeira opção.
Os gêmeos não parecem tão ruins conversando com eles assim. Jaiden esperava que os outros dois seriam uns burguesinhos de narizes empinados, que só jogaria idéias e que ela teria que aceitar e pronto. Mas não, eles perguntaram ativamente sobre a opinião e ideias de Jaiden e Tina. Isso deixou Jaiden um pouco satisfeita.
Ouvindo a conversa de Tina e Bagi e entrando nela novamente, Jaiden se deixou concentrar no planejamento e esquecer um pouco dos outros problemas.
Felps se encontra em uma situação um tanto… Complicada.
Ele estava largado no campus da escola enquanto rabiscava notas de música em seu caderno, mastigando o pirulito em sua boca. Suas sobrancelhas estavam um pouco franzidas, com uma expressão meio séria.
Como filho de uma família rica que trabalha com instrumentos de música há muitas gerações, ele sempre esteve no mundo da música, aprendendo a tocar diversos instrumentos. Além de aprender coisas extras, como administrar o negócio da família e coisas e tal.
Cresceu com os gêmeos Lange, com um apego especial em Cellbit, virando parceiro de crime dele e seu braço direito. Sempre ajudando nas artimanhas do loiro e brincando com ele. Todos acham que essa relação de irmãos foi herdada pela amizade forte de suas mães, que sempre foram muito unidas.
Felps cresceu vendo o brilho do olhar de sua mãe quando ela via Margareth, o brilho que parecia ir além de admiração e amizade. Escutava os raros balbucios bêbados depois de um evento, elogiando a bela mulher de cabelos pretos cacheados. Os olhos azuis que a lembravam o mar, sua voz encantadora e sorriso brilhante. Falava sobre sobre seu abraço e risada a fazia se sentir nas nuvens, o quanto a outra mulher não sabia o quão fatal era seu costume de acariciar o rosto de amigos e familiares. Ficava encantada quando Margareth tocava piano, completamente hipnotizada com um sorriso bobo no rosto. Felps sabia o quanto sua mãe a amava.
A morte de Margareth foi devastadora para todos. Foi uma época muito sombria e fria na vida de Felps, que teve que amadurecer muito rápido durante o período. Cuidava de sua mãe bêbada pela casa, a ajudando em suas crises quando via algo que a lembrasse. Por sua semelhança com Margareth, Felps evitava aparecer diretamente na frente de sua mãe, a ajudando enquanto evitava que ela o olhasse. Quando não conseguia chegar perto, sentava no piano e começava a tocar a música favorita de Margareth para acalmar o surto de sua mãe, que estava com as mãos ensanguentada por apertar com força demais as cordas do violino que era presente de Margareth. Tinha que resolver alguns problemas da empresa de instrumentos ainda jovem e estudar em dobro, já que nessa época decidiu estudar online para ter certeza que sua mãe estaria bem durante o dia. Além de ter que controlar as medicações da mãe, sempre passando noites sem dormir olhando ela, com medo de outra crise acontecer na madrugada e não estar acordado para impedir algo drástico de acontecer.
Para segurar a raivosa e ofendida Verônica, que estava se lançando contra Philza, foi trabalhoso. Ela gritava o quão ingrato e egoísta era da parte de Philza simplesmente esquecer Margareth assim e trocar ela por um homem qualquer. Gritava em plenos pulmões o quanto Margareth seria feliz se estivesse com ela invés dele, que ela sim cuidaria da bela e amorosa mulher que era sua melhor amiga.
Diante a todas as declarações que Verônica soltava, Felps só podia suspirar enquanto a segurava com calma e pedia pra ela se acalmar. Os gêmeos estavam boquiabertos, Missa estava com uma expressão de frustração no rosto enquanto tirava os gêmeos da sala, achando que não devesse se meter e meter os gêmeos na discussão. Philza não demonstrou nenhuma surpresa perante as acusações, xingamentos e declarações de amor de Lorena, apenas a ouvindo com calma.
Depois de um tempo, o caos furioso se tornou em uma tempestade de choro, com Philza a consolando e Felps sem saber o que fazer e engolindo algo que parecia difícil de engolir. Quando percebeu, tinha lágrimas dolorosas, de muito tempo guardadas, descendo sem parar de seus olhos. Os três se abraçaram coletivamente desabafando o choro contido.
Após uma longa conversa, Verônica começou a se esforçar para melhorar e tratar Felps da melhor maneira possível. Foi uma luta árdua, mas aos poucos as coisas foram melhorando com esforço de ambos e ajuda externa. Antes afastados, Felps, Cellbit e Bagi voltaram a se falar e ser como antes.
Depois do grupo crescer, tudo se tornou ainda mais dinâmico. Felps ganhou oficialmente o título “Mãe do grupo”, cuidando de todos com sua paciência infinita, Santo Felps os abençoe.
Cuidou da dupla, Mike com seus problemas de autoconfiança, com medo de não atingir seus objetivos e de não conseguir ajudar sua família, que estava numa situação difícil em casa. Sempre se comparando com qualquer um que passasse sua pontuação perfeita. De Pac, que tentava tapar o buraco que sentia pela falta de amor parental com horas extras de trabalho e relacionamentos rápidos, tinha problemas com a autoestima desde que sofreu um acidente de carro que o fez perder uma perna.
Ajudou os gêmeos, Bagi que se esforçava demais, pegava trabalho que não conseguia dar conta. Ela consistia em tentar passar uma aparência de forte e indiferente, tentava ser tão incrível nos negócios quanto sua mãe foi. Se esforçando para tirar o máximo do seu potencial, só pra acabar no final do dia se achando insuficiente. Ajudou Cellbit com sua forte dependência emocional que tinha na memória da mãe. Cuidando dele depois de festas aleatórias, onde estava chorando bêbado e vomitando no banheiro, tendo cuidado para que ele não desmaiasse no próprio vômito. Quando Forever apareceu, sentiu uma coisa ruim por puro instinto, e por causa disso ele e o Cellbit já discutiram muito. Depois de uma briga séria em particular, Felps decidiu parar de se meter, mas permaneceu por perto para apoiar o amigo. Teve até um tempo que abaixou a guarda, quando viu que nada estava acontecendo pelo que via. Logo percebeu que estava enganado quando descobriu que o Forever estava manipulando seu amigo, tentando afastá-lo de todos. Após isso, só foi ladeira abaixo. As crises constantes e paranóias colocadas na cabeça de Cellbit, chegava ao ponto extremo de que qualquer pessoa que o tocasse, ele fosse vomitar imediatamente e ficar mais de duas horas tomando banho. Foi preciso bastante terapia nesse início para Cellbit se recuperar.
Quando viu Cellbit encarando Roier, já soube o que era antes mesmo de o loiro perceber. Felps é profissional em muitas coisas, mas principalmente em entender os sentimentos das pessoas. Apoiava completamente o amigo que estava se deixando gostar de alguém depois de tudo que aconteceu. Parecia que quando falava de Roier, Cellbit simplesmente esquecia que Forever existiu. Passava algumas madrugadas em claro depois dos jogos de Roier, com Cellbit fazendo ligação em grupo, falando o quão incrível o mexicano parecia. Felps não podia deixar de abafar um riso de como seu amigo parecia um bobo apaixonado.
Mas agora a situação era diferente. Cellbit beijou o garoto que gostava, e a reação a princípio de Felps foi “Eita garanhão, vai fundo!”. Mas agora…
Qual é a chance? Muitas, Cellbit realmente tem pontos bons para que todos fiquem babando por aí. Mas como funciona esse combo de merda acontecendo na vida dele? Tipo, o garoto que faz ele esquecer dos traumas dele, faz ele sorrir bobo aleatoriamente no dia e que é decente (Aparentemente pelo que Felps observou), o beijou! A merda é que o melhor amigo desse mesmo garoto gosta de Cellbit.
Como buzanfas, Felps poderia ajudar Cellbit nessa situação complicada?!
Okay, primeiro ele precisa respirar.
Os amigos de Roier claramente não sabem sobre o beijo, o que dá a entender que a última coisa que Roier queira agora é se aproximar de Cellbit.
Ele deve estar preocupado exatamente com isso, porque, porra, um de seus melhores amigos é apaixonado pelo loiro! Como ele faz a merda de pegar a pessoa que seu amigo gosta? Bem, acontece, ele estava bêbado. Mas para ele beijar, tem que ter um interesse, principalmente se ele procurou o Cellbit. É entendível você estar solteiro, bêbado em uma festa e beijar a primeira pessoa bonita que vê. Mas Cellbit estava praticamente escondido das outras pessoas! Não tem nem como, Roier o procurou.
Felps suspira com um sentimento complicado, estalando os dedos enquanto olhava os rabisco sem coesão espalhadas.
Bem. Felps agora só tem uma solução na cabeça: simplesmente deixar Roier contar. Não tem como ele ir e contar para Jaiden, seria babaquice. E só Roier pode acalmar as coisas do lado dele, isso não era obrigação de Felps. Felps só tem que garantir que seu amigo não saia machucado, por mais babaca que isso pareça pro lado de Roier.
Então, o plano é o seguinte: ele irá enrolar a Jaiden o quanto puder. Enquanto segue o fluxo com Cellbit. Não tem como Felps impedir tudo ou resolver tudo. O que ele pode fazer é esperar que Roier consiga resolver sem machucar Cellbit.
“De qualquer maneira, o objetivo atual de Cellbit é ser amigo de Roier. E não tem problemas deles serem amigos. Só espero que ele não fique tão mal ao ser rejeitado.”
Bem, conhecendo seu amigo de infância, se Roier simplesmente dizer que não poderia ficar com Cellbit por não gostar dele e por seu amigo gostar dele. Dependendo do seu estado, Cellbit vai no automático simplesmente falar que não se importa com os sentimentos do amigo e que tentaria conquistar Roier. Visto o quanto Roier é apegado aos seus amigos, isso com certeza o ofenderia e se irritaria.
“A, foda-se, que se dane! Que. Se. Da. Ne! Tudo é muito complicado, e eu simplesmente não tenho o que fazer. Vou apenas seguir o fluxo.”
Com um suspiro, Felps decide guardar seu material antes de se levantar da grama e ir em direção de sua sala. Ligando o celular para falar com sua namorada.
“O melhor que posso esperar é Roier ficar no ‘Vamos ser só amigos’.”
____________
A caminhada até o salão de ginástica foi silenciosa, com ambos extremamente nervosos por motivos diferentes.
Cellbit não pôde deixar de agradecer alegremente sua irmã, fazendo infinitas promessas para ela em seu coração. Agora ele tinha que respirar fundo e começar a conversar com o Roier. Olhando para trás para começar a falar diretamente com Roier, encontrou o olhar pensativo de Roier que o encarava sem piscar, olhou para os seus lábios lembrando do beijo. Isso fez o coração de Cellbit disparar, o fazendo corar instantaneamente. Logo desviou a cabeça quase colocando a mão no coração.
“Porra, porra, porra!”
Roier estava nervoso, planejando o tempo inteiro o que falaria. Lembrava de como o outro conversava de coisas aleatórias naquela manhã confortavelmente. Ele sentia uma ansiedade no peito, ele tinha que explicar a situação direito… Roier gostaria muito que pudesse se concentrar, repassar tudo na cabeça formar um plano direito de como cuidar do problema que arranjou. Mas ele sempre se distraia olhando para o pescoço branco de Cellbit, lembrando dele corando naquele dia, onde até seu pescoço ganhava uma cor avermelhada. Ele de camisa regata preta, que mostrava seus braços fortes. Roier sentiu que quase babou, se recuperando só quando o loiro se virou para ele e logo depois olhou para frente de novo.
Roier quer se estapear.
“Dios mío... ¡Perdona a mi, Dios y Quackity!”
Ele podia sentir seu coração sangrar de culpa, logo se recompondo. Ele tem que pôr um fim nisso, e tem que parar de pensar besteira!
— Então… Você gosta do homem aranha?
Em choque, Roier que agora estava olhando para o chão, olhou na direção do loiro, que o olhava com um sorriso preguiçoso e com um brilho de interesse.
— É que eu sempre vejo você com uma camisa dele e fazendo brincadeiras sobre, acho que você gosta bastante dele. Qual é o seu filme favorito dele?
Agora com certeza Roier não poderia ficar quieto.
Abrindo um grande sorriso, Roier começou a tagarelar sem parar, se adiantando para andar lado a lado de Cellbit.
_____
Extras
“Estou rodeado de gays”
Foi a primeira coisa que Felps pensou ao chegar em casa depois de um dia de aula. Ele estava quase entrando no ensino médio e de repente raciocinou que era o chaveirinho hetero do grupo.
Ele pensou nisso após ver seus amigos encarando descaradamente a bunda de um homem que passou do lado da mesa deles no almoço. Bagi demonstrou uma clara cara de desgosto, o lembrando da frase típica da loira.
“Meu negócio é com as mulheres.”
E também por sua mãe perguntar esses dias se ele tinha interesse no Cellbit, até dando um “Boa sorte, espero que você tenha mais sorte que eu.”.
Nesse dia Felps deixou claro pra sua mãe que não tinha nenhum sentimento romântico por Cellbit, e nem ele por Felps. E que ele era hétero. Isso deixou Verônica um pouco em choque, e depois a fazendo rir docemente.
— Eu juro! Até nisso você é igual a ela. Tou começando a duvidar novamente se você é filho perdido de Margareth.
Já ouviu isso muitas vezes de sua mãe. Felps também concordava que era meio parecido com ela. Ambos tinham cabelos cacheados, formato de rosto parecido, mesmo sorriso, tom de pele, dom com a música, bons conselheiros, e outras mil coisas similares. Mas mesmo que Felps seja adotado, era certeza de que ele não tinha relação sanguínea com Margareth.
De certa maneira, ele não gosta muito dessa constante comparação.
__________
Urgh, pessoas…
Não é como se Jaiden tivesse sido traumatizada ou coisa assim pelos relacionamentos de seus amigos. Na verdade, ela nunca teve um interesse real em romance. Sempre sentia nojo também de beijos e melosidades. Ela não tinha interesse nenhum em romance.
Jaiden confirmou isso para si mesma diversas vezes durante a vida. Quando alguém confessou seu amor por ela e ela não sentiu nada sobre. Às vezes dava uma chance, apenas para considerar que no final a pessoa não era nada além de uma amiga. Foram diversas pessoas de diversos gêneros.
Seus pais sempre disseram que era apenas Jaiden sendo muito exigente, ou que ainda não encontrou a pessoa certa. Mas ela sabia que não era isso. Ela às vezes se sentia mal, queria saber como é se sentir apaixonada. Talvez ela estivesse quebrada?
Sabia que estava novamente decepcionando as expectativas de seus pais. Seu pai que queria levar ela até o altar, sua mãe que queria dar dicas de romance e queria que Jaiden participasse ativamente da conversa, além de falar incessantemente sobre o vestido de noiva passada de geração em geração. Ela se sentia culpada por não se sentir nenhum pouco à vontade ou com interesse real.
Mas aos poucos ela aprendeu a se aceitar. Ela não estava quebrada, não tinha nada lhe faltando além da própria aceitação. Ela não quer, não se sente bem sobre, e estava tudo bem. Ela não pode simplesmente se forçar a fazer algo que não a fizesse feliz e mantivesse ela numa vida que se sentisse presa num sentimento de desconforto e culpa.
Chapter 8: Capítulo 7
Chapter by IoIoIo Alê Ioioio (rsrs3aoi3rsrs)
Notes:
(See the end of the chapter for notes.)
Chapter Text
O que você faria se por acaso te mandassem foto do amor de sua vida beijando outra pessoa? Choraria? Iria tirar satisfação? Arranjaria uma briga feia?
Pois bem, Mariana vai fazer todas essas opções.
Mais cedo, enquanto esperava Roier, estava morrendo de ansiedade, quase roendo as unhas, de tanta curiosidade. Mas então, enquanto mexia no celular, chegou uma mensagem de um desconhecido. Era uma foto de Slime beijando um cara aleatório, que parecia estranhamente familiar para Mariana.
"Que porra é essa?! Esse escroto, filho de uma puta-"
Ignorando o sentimento de familiaridade, ele instantaneamente começou a rir sem humor, desacreditado. Imediatamente guardando o celular e indo em direção à saída do campus em passos apressados. Sentindo seus olhos arderem de raiva e lágrimas ameaçando sair.
Logo antes estava se humilhando, ligando uma ligação após a outra para se desculpar, chorando e mandando mensagens, implorando para ele o responder depois de semanas sem contato. Até hoje mais cedo estava se sentindo mal. Só para agora receber uma foto dessas?! Isso era para o machucar diretamente?! Uma punição?!
Mariana sabe que não é santo, brigaram muitas vezes, por causa de seus temperamentos e orgulho inabalável, e o fato de serem rivais antes de namorados, não ajudava muito. Slime na visão de Mariana, é um doce arrombado. Seu sorriso bobo e travesso sempre o encantava. Mas tanto ele quanto Mariana não tentavam tanto para fazer isso dar certo de maneira saudável, não é?
Estalando a língua, Mariana começa a ligar para Slime, apenas para obter o mesmo resultado de sempre.
"Continuo bloqueado..."
Pegando o primeiro ônibus que ia para Federação, ele não estava com cabeça para dirigir sua moto, provavelmente acabaria se tacando debaixo do primeiro caminhão que visse. Mariana se encosta na parede, colocando a mão no rosto, e começou a respirar fundo. Tentando não soluçar, ele aperta os lábios e os punhos, engolindo seco.
— Eu deveria terminar isso de uma vez...?
Ele sabe que um não faz bem ao outro, e eles ainda para piorar não procuram melhorar, continuando num ciclo sem fim de largar e voltar. Mas ainda assim, pôde sentir o vazio no seu peito ao sussurrar isso, o teto quase preteou. Até que quase teve um baque e caiu no ônibus por não se segurar direito em uma volta que o ônibus deu de repente.
— Porra! Quase que caio! Calma motorista, nem eu estou com tanta pressa assim! Tá querendo nos tacar pela janela por acaso?!
Ao gritar isso, sentiu os olhares feios das pessoas. E logo calou a boca resmungando baixo.
"Dia de merda, vida de merda, tudo uma merda mesmo..."
...
Mariana tinha parado de fumar há muito tempo. Não ajudava sua saúde e ter um amigo asmático, e acabar sendo um viciado em tabaco não era uma boa ideia. Mas ainda sim ele fumava sempre que podia, ajudava muito com sua ansiedade. O que o fez parar foi Slime, que não suportava o cheiro.
"Eu quero que você viva tanto quanto eu, como vou infernizar sua vida se você morrer primeiro?"
Claro que era na brincadeira, mas essa memória sempre aperta suavemente o coração de Mariana, que acabava sempre sorrindo com a memória.
Mas agora, era uma situação complicada. Suas mãos estavam tremendo, tremendo tanto que teve que esconder no bolso da calça. Esperava impaciente no portão, sabia os horários de saída do outro. Sabia que sairia logo.
Coçando a palma da mão, Mariana começa a se acalmar, regulando sua respiração. Depois de respirar fundo, começou a olhar o chaveirinho, com formato de um slime amarelo com cara de mal. Lembra de que Slime tem um idêntico só que verde. Alisava com carinho o chaveiro antes de tirá-lo das suas chaves.
"... Não dá para continuar assim."
Ao se desencostar da parede, Mariana estrala suas costas soltando um suspiro. Criando coragem enquanto passava as mãos pelos cabelos e ajeitava o óculos, pegando-o para limpar.
— Que porra você está fazendo aqui?
Ouvindo o tom frio e familiar, Mariana coloca o óculos na cara e olha na direção do Slime, que estava com uma carranca cruzando os braços.
— Que susto, não aparece assim do nada, tsk. - Mariana prontamente se virou completamente para ele, perdendo a coragem logo em seguida ao ver seus olhos verdes, brilhando de raiva. Isso sempre faz o coração de Mariana acelerar e automaticamente desviar o olhar. Assim que desvia o olhar, percebe os amigos de seu ex logo atrás. Incluindo o garoto da foto, que o olhava com um sorriso sarcástico. Isso fez Mariana erguer uma sobrancelha, em dúvida.
— Você que apareceu de repente na porta da maldita faculdade que você odeia, que é longe para cacete dos lugares que você frequenta. — Vendo ele dar destaque no final, logo soube que Slime recebeu notícia de algum canto de Mariana participando de festas. Isso o fez sentir seu arrependimento e culpa apertar de novo.
Mesmo que estivessem "sempre" brigados, essa última briga foi séria e machucou muito ambos, tanto fisicamente como psicologicamente. E tudo o que Mariana queria fazer, era esquecer Slime. Claramente deu errado, quando foi na festa dos Lange, ele estava incrivelmente mal e não queria saber de nada além de beber para esquecer. Mariana estava completamente bêbado, e viu alguém muito parecido com Slime, então se jogou completamente na pessoa, a beijando e se desculpando. Quando viu que não era Slime, quase vomitou, se afastando rapidamente e se desculpando enquanto ia para o banheiro.
— Escuta Mariana, se você tiver vindo para brigar, eu não tô nem afim. Se quiser falar alguma coisa, fale e vá embora. Se quiser discutir, não perca seu tempo, pois não estou com cabeça para essa merda. — Enquanto Slime falava sem parar, perdendo a paciência com o silêncio de Mariana.
Mariana pensava em um turbilhão de coisas ao mesmo tempo. Desde o momento que conheceram, se apaixonaram, suas brigas até o momento de agora. De repente, Slime agarra a gola do outro, para fazer Mariana o olhar diretamente.
— Porra! Que merda você quer?! Me importunar só com sua presença?! Não é o suficiente as merdas de todas as suas ligações e mensagens?! Caralho, eu disse 'Vamos dá um tempo', qual parte você não entendeu?! — Os gritos de Slime fez a respiração de Mariana engatar, as pessoas em volta começaram a parar para ouvir a discussão.
— Ei, aquele não é o capitão rival? O que ele veio fazer aqui?
— Não sei. Parece que veio aqui só para arrumar briga com o Slime.
— Tsk, por isso que não gosto desse povo. Bando de animais sarnentos e selvagens...
Os sussurros aos poucos foram aumentando. Mariana já sentia a dor de cabeça começar e sua impaciente chegar. Ele não funciona muito bem sobre gritos e mais barulho de fundo. Mas agora ele precisava se esforçar e se acalmar.
Após respirar fundo e franzir os lábios, Mariana força gentilmente Slime a soltar sua gola. Enquanto pegava o chaveiro que agora pouco estava no chão. Slime parecia surpreso pela atitude calma de Mariana, estava esperando uma explosão da outra parte, como sempre acontece. Mas agora ele só via o olhar triste e culpado, cheio de arrependimentos do outro. Por instinto, deu um passo para trás e engoliu seco quando o viu se abaixar para pegar o chaveiro.
— Slime, vamos pôr um fim em tudo isso. De verdade agora. — Mariana fala calmamente, pegando a mão de Slime e colocando o chaveiro em sua mão. — Não dá para nós dois ficarmos nesse mesmo ciclo para sempre... Boa sorte nos seus treinos e tudo mais, até o próximo jogo. Desculpa, por tudo...
Depois de entregar o chaveiro, viu como Slime ficou pálido e com a mão fria. Soltou um bufo baixo antes de soltar a mão do outro. Saiu sem dizer mais nada e nem esperou uma resposta, escondendo as mãos no bolso por estarem tremendo demais.
— Hm? O que ele disse?
— Ele veio ameaçar e ir embora? Slime tá mó pálido.
— Não acho que Slime seja facilmente intimidado.
— O que ele deixou na mão de Slime?
...
Quase que Slime desmaia.
Ficou encarando as costas de Mariana, até ele desaparecer por completo. Não encontrou forças para correr atrás dele e perguntar sobre o que significava tudo aquilo. Aos poucos a realidade socou cruelmente seu estômago, que ficou com um sentimento cruel de dor, confusão e mágoa.
"Ele terminou comigo..."
Já tiveram discussões ao decorrer desse relacionamento que os fizeram terminar ou dar um tempo várias vezes, mas agora era diferente. Mariana falou seriamente e com calma, e até lhe devolveu o chaveiro que era o símbolo do relacionamento. O chaveiro que Mariana tanto se orgulhava e empinava o nariz para mostrar aos outros, que mandava pessoas ao hospital caso fizessem uma gracinha de roubar, o mesmo que ele sempre exibia um sorriso adorável ao olhar, acariciando e cantarolando baixo de bom humor. Essas memórias causaram uma fina dor de cabeça em Slime.
Sentindo os olhares preocupados e curiosos, ouviam vozes sussurradas ficarem altas. Sentiu uma tontura, não se sentindo bem e enjoado, então rapidamente colocou a mão na boca e apertou a mão com o chaveiro com força. Correu apressadamente em direção ao banheiro, ignorando os chamados preocupados de seus amigos. Se trancou na cabine e soltou seu choro, suas lágrimas e soluços parecendo sem fim enquanto segurava o chaveiro.
Sentiu que ia morrer naquele exato momento, sentindo um sentimento amargo e podre apertar seu peito. Sentia-se ofegante de tanto chorar, olhando para o chaveiro em sua mão que o lembrava de Mariana. Automaticamente se encolheu, abraçando o chaveiro no peito.
A maneira como Mariana e Slime se conheceram foi em uma festa aleatória, onde estavam se divertindo. Acabaram achando muitas coisas em comuns um com o outro e acabaram ficando. Tiveram muitos encontros, um especial sendo algo que Mariana planejou, que oficializou o namoro deles. Foram ao Fliperama, onde fizeram uma disputa amigável em vários jogos disponíveis. Cada vitória era uma exigência, seja de um desafio, para o outro passar vergonha, a um beijo. No final, Slime juntou os pontos que tinha e comprou um par de chaveiros, que tinha no início chamando a atenção de Mariana. Os olhos castanhos ao se deparar com o chaveiro amarelo brilharam de uma maneira que Slime nunca pensou que existia algo mais brilhante que as estrelas. Sentiu seu coração bater tão forte que achou que o outro podia ouvir. Distraído com a aparência do outro, nem percebeu que foi puxado para um beijo. Após o fliperama, foram a praia, brincando na beira do mar com o sol se pondo.
Foi um dia lindo, incrível e mágico para os dois.
Eles sempre tiveram brigas comuns que tinha como resposta uma reação exagerada e dramática de ambos. Era comum do relacionamento competitivo deles.
A primeira briga séria foi quando descobriram que ambos eram tanto de universidade, quanto de times rivais. Ambos sentiram uma quebra de confiança enorme e resultou em uma briga violenta, e decidiram se afastar para pensar sobre tudo.
Aos poucos eles souberam como conversar sobre o "amor proibido" deles, e se reconciliaram. Se encontrando para falar sobre as estupidez de seus times. Ambos até se ajudavam, falando o ponto fraco de ambas a parte que era bom melhorar. Mariana sempre soltava um: "Fica chato vencer sempre, ver se vocês tentam virar um desafio de verdade com essas minhas dicas.". Recebia logo um soco como resposta
Eles estavam bem novamente.
Até que surgiu um rumor estranho sobre Mariana sair com outra pessoa, fotos surgiram e Slime ficou totalmente fora de si. Mariana nunca foi bom em escutar gritos e dedo na cara, principalmente o acusando de traição, então sua resposta não foi tão amigável. Foi uma briga feia que ambos saíram machucados, fisicamente e psicologicamente falando. Foi o maior término entre eles, ficaram meses sem se falarem.
Após isso, esclareceram o mal entendido. Mas sempre situações complicadas apareciam de ambos os lados. A confiança um no outro foi completamente destruída, principalmente ao saber que tinha alguém vazando informações confidenciais de seus respectivos times. A desconfiança um no outro logo surgiu.
Brigas e mais brigas foram acontecendo, um termina e volta no relacionamento, onde ambas as partes não queriam perder mas também não tinham coragem de se separarem. Sentiam que algo estava errado, mas não sabiam onde. Gostavam muito um do outro para se separarem para sempre, na verdade era algo até impensável de ambas as partes.
"Porra, que calor desgraçado..."
Um pensamento cansado apareceu de repente com um bufo irritado de Pac, que se abanava com a mão.
Geralmente, seus estudos e trabalhos ocupavam maior parte da rotina de Pac e Mike e quase nunca tiveram uma real pausa. Principalmente agora com as olimpíadas chegando. Mas, simplesmente, por algum milagre, tiveram um tempinho para respirar.
Pac já não tinha uma consistência boa, é um sedentário fudido que a cada insinuação de corrida o deixa cansado. Então, nesse sol quente depois de uma correria no trabalho e na criação de um novo projeto (97% de falha prevista), ele estava derretendo. Mas, no geral, ele não tinha muito o que fazer. Então, decidido, ele estava indo à uma barbearia perto da universidade para chegar sobre os produtos usados em cabelos, para ver qual seria o melhor para usar como teste. Ele só não esperava em se deparar com uma ladeira.
Respirando fundo, ele teve que segurar sua vontade de dar a volta e voltar para o campus.
Chegando no topo da ladeira, ele não parava de ofegar, segurando o peito com as batatas do pé doendo e sentindo dor nas costas e no peito.
"N-Não, nunca mais, tou pagando promessa por acaso?!"
O garoto suando e tremendo, mal percebeu um cara indo para o seu lado, projetando uma sombra sobre ele, com uma expressão preocupada.
— Ei, você está bem?
Tomando um susto, Pac quase se engasga com a própria saliva, engolindo sua própria respiração, levando o olhar para ver que falou. Se surpreendendo com o tamanho e músculos do outro.
— Q-Que cara grande você é, ein...
Assim que percebeu, Pac cobriu a boca com a mão. O outro homem apenas coçou o pescoço e exibiu um sorriso tímido. Depois de uns segundos em silêncio, Pac ajustou sua postura e tossiu pra limpar a garganta.
— Foi mal, pensei alto demais. Eehh, eu tou bem sim. — Envergonhado, Pac desviou o olhar, agradecendo a Deus por seu rosto já estar vermelho pelo calor e pelo esforço de ter subido a ladeira.
"Porra, que vergonha! Pagando uma dessas na frente de um bonitão fortudo desses?! Quando eu estou todo lindo, incrível não aparece, mas em situações assim é outra história né?!"
— Humm, certo. Você quer um pouco de água? Cuido de uma barbearia aqui perto.
— Barbearia?! A Barbearia do Ramón? — O outro acenou com a cabeça concordando, o olhando confuso. — Ah, eu estava indo lá agora mesmo. Você trabalha lá?
Iniciando uma conversa, Pac logo fica animado, indo ao seu lado para andar com o outro. O homem careca dá um sorriso leve, acenando com a cabeça.
— Sim, sou o dono na verdade. Fui na loja ali em baixo para fazer umas compras, tinha faltado uns produtos.
— Urgh, você tem sempre que descer e subir essa ladeira quando falta algo? Se fosse eu, teria morrido ou desistido faz tempo. Mandava alguém ir no meu lugar. — Pac fala com um tom de desgosto e cansaço claro na voz, o que fez o outro rir um pouco.
— Sou acostumado, subir e descer essa ladeira já faz parte da rotina, principalmente por fazer academia e a mais próxima é lá embaixo. — Comentando, Pac o analisa por uns segundos antes de concordar com a cabeça.
— Faz sentido você ser tão musculoso assim então. — Soltando um bufo desanimado enquanto andava devagar, Pac chuta uma pedrinha no chão. — Talvez eu deva começar a ir para alguma academia também. Vida de sedentário é precária.
Não sabendo como responder, o outro apenas acena com a cabeça, deixando um silêncio entre eles por uns segundos, que logo foi quebrado novamente por Pac.
— Nem perguntei seu nome, deve ser Ramón, né? Já que é "Barbearia do Ramón". Inclusive meu nome é Pac. — Pac fala apontando para si mesmo, logo recebendo um aceno negativo do outro que tinha um pequeno sorriso educado no rosto.
— Não, meu nome na verdade é Fit. O nome da barbearia é mais como uma homenagem para o meu filho. — A menção do filho fez Pac arregalar os olhos de surpresa.
— Filho?! Tão jovem assim e já com uma criança? - Exclamou completamente surpreso parando de andar na mesma hora. Sua reação tirou uma risada baixa de Fit, o que o fez engoli seco e sentir suas bochechas queimar de vergonha. — Foi mal, sem ofensas, só fiquei um pouco surpreso.
"A morte não é a solução. É uma pergunta, e minha resposta pra ela vai ser sim."
— Não, tudo bem. Geralmente recebo esse tipo de reação mesmo.
— H-Humm, bem! Você tem um sotaque meio diferente, veio de onde? — Querendo mudar desesperadamente de assunto, Pac desvia o olhar voltando a andar, com o Fit calmamente o acompanhando.
Extras
SUS
Cellbit está radiante! Além de conseguir conversar normalmente com Roier e saber mais sobre ele, Cellbit teve a chance de conseguir seu número!
Com os brilhos nos olhos, ele não deixava de sorrir bobo enquanto apertava as teclas de maneira rápida e animada no celular. Não prestando atenção no caminho de novo, ele esbarra em alguém (de novo)
— Tsk! Será que você poderia prestar atenção por onde anda? — O garoto estressado, rapidamente se levantou do chão. E então quando olhou em direção de Cellbit, engoliu seco, se encolhendo enquanto abraçava a câmera que tinha na mão. Isso fez Cellbit erguer uma sobrancelha. — H-Humm... Desculpa. — Com isso o garoto saiu apressadamente sem dar chance de Cellbit responder.
"Era alguém do jornal... Esquisitão."
Apenas ignorou o sentimento estranho que sentiu, e apenas continuou seu caminho, mandando mensagem para Roier.
Número de telefone
Roier tinha um trabalho: Evitar Cellbit. E o que ele faz? Pega a merda do número dele!
"Isso Roier! Bom trabalho, Hijo de puta! Beija o crush do seu melhor amigo, conversa alegremente com ele e depois pega o número dele! Incrível como tive mais avanço que Quackity em todos esses anos em apenas alguns encontros."
Mal humorado, Roier abre bruscamente a porta da sala, ignorando as pessoas que antes conversavam, agora olhando para ele de cara feia. Se jogando na cadeira, ele começa a resmungar irritado, pegando os materiais dele e jogando em cima da mesa.
Ligando o celular mal humorado, ele se depara com a conversa.
Cellbit: Eae, guapito. Apenas checando para ver se você não me deu o número errado de propósito ;)
Roier: Sinto muito aí mano, recebeu o número errado mesmo.
Cellbit: Você sabe que eu consigo ver o nome que você salvou para si mesmo, né? EL FAN NÚMERO UNO DE SPIDER-MAN, AYYY!!!
Roier: Mierda, fui descoberto!
Cellbit: Hah! Querendo mentir pra mentiroso?
Soltando um bufo rindo, Roier pensa se na vida passada ele jogou pedra na cruz. Talvez ele tenha prendido Jesus na cruz ou gritado "Crucifica mesmo! Filho de Deus minha pomba!"
Conversando mais um pouco com Cellbit, ele lembra de sua conversa com o loiro mais cedo. Se sentia totalmente à vontade e confortável, descobriu que o outro gostava de casos criminais e enigmas. Que cursa psicologia (O que ele já sabia pelo Quackity), mais por gostar de mente humana. Achava adorável quando ele falava de seus amigos, xingando eles e os elogiando ao mesmo tempo. Como ele ouvia com interesse sobre as coisas que Roier falava, mesmo se fosse uma discussão de meia hora sobre curiosidades de aranhas. Roier se sentia incrivelmente leve com Cellbit, quase como se pudesse voar a qualquer momento.
Coçando sua nuca, Roier suspira pesadamente. Vendo que o professor chegou, decidiu prestar atenção na matéria.
...
Nesse dia, Quackity passou o dia inteiro espirrando, se perguntando quem é o desgraçado que está falando coisas dele.
Notes:
Eu tenho algo a dizer☝️
Na parte da história de Slime e Mariana, essa ocasião do "estopim" para eles entrarem no ciclo sem fim, foi a briga que Mariana apareceu machucado na casa de Jaiden. (Capítulo 3)
____________
Essa anotação que estou escrevendo foi nos dias que teve aquilo do tiktok dá 5 livros de graça.
Mano, quanta humilhação. Eu e meus amigos foi só para passar tempo e se desse conseguir pegar os livros que queríamos, uma experiência nova e etc. Porra, ficamos mais de 4 horas na merda de uma fila. A sorte é que formos pra preferencial, já que somos estudantes. Tinha gente desdas 4 da manhã que não tinha entrado ainda. Uns com sorte e outros nem tanto, o mundo é injusto e fdp. Uma menina nem conseguiu entrar, pois cortaram a pulseira com senha dela antes, então né.
Mas, vida que segue. Eu e meus amigos conseguimos os livros que queríamos, fiquei mudando mais de 7 vezes o quinto livro.
___________
Mano... Acabei de lembrar que estou esquecendo de atualizar no AO3, haha, putz.
Duds22 on Chapter 8 Wed 25 Dec 2024 12:33AM UTC
Comment Actions
IoIoIo Alê Ioioio (rsrs3aoi3rsrs) on Chapter 8 Tue 07 Jan 2025 11:50PM UTC
Comment Actions
Duds22 on Chapter 8 Thu 09 Jan 2025 11:35PM UTC
Comment Actions