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My Husband

Summary:

— Olhe bem — Cell o puxou pelos cabelos, fazendo com que encarasse o rapaz prestes a esfaquear o corpo desfalecido da garota — Ele é lindo, né? O nome dele é Roier, é meu marido… e eu faria qualquer coisa por ele.

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Mesmo de costas, ele sentia o olhar do outro queimando em si, observando cada um de seus movimentos, sempre atento, como um gatinho curioso. Roier não negava que adorava ser o foco da atenção de seu marido, adorava quando os seus olhos estavam fixos nele e apenas nele, como se não existisse mais nada no mundo.

Cell sempre fez questão de deixar claro que era seu, que não existia espaço para mais ninguém, que Roier era o único, que eles morreriam e suas almas seguiriam juntas para o inferno. Ele acreditava fielmente em suas palavras e acima de tudo, confiava nele. Mas Roier era alguém muito instável, muito ciumento, muito inseguro, sempre demais. Talvez a sua intensidade seja o motivo de seus relacionamentos fracassados. Porque Roier entregava tudo, mas nunca recebia o suficiente. Com Cell, no entanto, era diferente, ele o entendia, ele o aceitava, ele não tinha medo e ele era tão louco por Roier quanto Roier era louco por ele. 

Então, a simples ideia de ter alguém cogitando o seu par perfeito, seu parceiro, sua alma gêmea, o deixava completamente maluco. Tanto que o mexicano passou a matar qualquer um que olhasse para Cell, não importava se eram olhares de medo, receio, raiva ou desejo, ninguém deveria olhá-lo, ninguém além de Roier.  

O resultado de sua paranoia foi uma trilha de corpos e um rastro que chamou a atenção da polícia. Cell passou anos preso em Alcatraz, o que acarretou uma série de traumas e cicatrizes, ele não poderia permitir que seu amado voltasse a ser privado da liberdade, ainda mais por culpa dele. Por isso, eles fugiram para o interior, se estabeleceram em uma fazenda longe de tudo. Não foi difícil se livrar do antigo morador, um velho senhor de pouco mais de oitenta anos, mesmo armado com um rifle de caça, não foi páreo para dois assassinos. 

Agora, eles tinham sua própria casinha no meio daquele grande terreno, com uma vasta floresta os cercando, sem mais ninguém para colocar os olhos em Cell, apenas eles dois, como sempre deveria ser.

¿Tienes hambre, gatito? — Roier perguntou enquanto terminava de fatiar o corpo da recente caçada.

Provavelmente não duraria mais que algumas semanas. Eles precisavam estocar comida quanto antes, já era quase inverno e tudo o que o mexicano queria era passar aqueles meses enrolado em Cell, debaixo das cobertas quentinhas e não no frio no meio da floresta atrás de algum idiota que resolveu que era boa ideia entrar no território deles.

Ele ouviu a risadinha de seu marido, logo sentiu os braços fortes abraçando a sua cintura e o queixo apoiado em seu ombro. O toque dele era sempre forte e possessivo, Cell gostava de deixar marcas em seu corpo para lembrá-lo de que Roier era dele, que sempre seria.

— Um pouco — O brasileiro passou a deixar beijinhos pelo seu pescoço, às vezes arriscava mordê-lo, mas ainda sem romper a pele — O que você tem em mente, meu amor?

Queria dizer, mas as palavras simplesmente fugiram de sua língua, seu cérebro virou geleia e tudo o que conseguia se concentrar era na trilha de beijos que seu amado deixava em seu pescoço. Roier se virou para que ficassem frente a frente, ele levou as mãos manchadas de sangue até o rosto de Cell, deslizando os dedos suavemente pela bochecha. Vermelho cai bem nele, contrasta com os seus olhos azuis gélidos. Era belo, o homem mais lindo do mundo inteiro. 

— O que foi, guapito? 

Yo te amo.

O mais velho não se conteve, apertando o corpo do parceiro e o puxando para um beijo desesperado.

Era um amor distorcido, macabro e poderia ser assustador para qualquer um que assistisse de fora. Cell não foi ensinado a amar e Roier nunca foi amado o suficiente, então eles desenvolveram a sua própria forma de amor, era brutal, sangrento e intenso.

O mexicano percebeu o momento em que o marido mordeu o seu lábio inferior, arrancando um pouco de sangue. Não se importava com a dor, contanto que seu gatinho estivesse feliz, então tudo bem, ele aceitaria ser feito em pedaços. 

Quando Cell se afastou, dando espaço para que pudesse recuperar o ar, ele o ouviu sussurrar.

— Eu te amo — Ele gostava tanto de ouvir isso — Você sabe, não sabe? — Ele sabia — A sua vida pertence a mim e a minha vida pertence a você.

Até que a morte os separe.

 

[...]

 

— Você tem certeza, Tubbo? — A garota perguntou, terminando de arrumar as barracas.

— Vai ficar tudo bem, Tina, eu sempre acampava aqui com o meu pai, não há nada nessa floresta além de esquilos e pássaros, ficaremos bem — Tubbo afirmou, terminando de acender a fogueira — Yes — Ele comemorou — Então, o que você queria me contar? Envolve a Bagi, certo?

— Sim. — Ela murmurou, tímida.

— Você sabe que pode confiar em mim. Vamos, o que há de errado?

— É uma longa história.

— Bom, acho que temos bastante tempo.

Tina ponderou antes de respirar fundo, ajeitando o casaco de pele sobre os seus ombros.

— Eu sei que pode parecer besteira, mas… ela anda muito ocupada nos últimos tempos e quase não tem tempo para mim — Tina bufou, frustrada — Eu sei o quanto ela quer encontrar o irmão, mas…

— Você se sente solitária.

— Sim, Bagi passa quase todos os fins de semana na delegacia, eu só queria um pouco de tempo com a minha namorada, será que é pedir muito?

Tubbo nunca teve um relacionamento, mas ele era bom em observar o relacionamento dos outros, então seus conselhos geralmente serviam de algo, mas antes de sequer conseguir falar, ouviu o som alto de um tiro ecoando. A bala acertou em cheio o ombro de Tina, que acabou se desequilibrando e caindo do tronco onde estava sentada, a sua cabeça bateu contra uma pedra e ela desmaiou instantaneamente.

— TINA!

Tubbo gritou, se levantou e tentou correr até a amiga, mas alguém o puxou pelo capuz e agarrou o seu corpo. Ele sentiu a dor aguda de uma faca sendo fincada em suas costas duas vezes, era certeza que havia atingido algum órgão vital, já que segundos depois ele estava cuspindo o próprio sangue.

O assassino o soltou, vendo-o cair no chão. 

— Olhe bem — Cell o puxou pelos cabelos, fazendo com que encarasse o rapaz prestes a esfaquear o corpo desfalecido da garota — Ele é lindo, né? O nome dele é Roier, é meu marido… e eu faria qualquer coisa por ele.

Foi tudo o que Tubbo ouviu antes de ter a sua garganta cortada.