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Buquê de Rosas

Summary:

"Cada flor que compõe um buquê, possuem uma história, um motivo, uma razão para estarem ali".

[Compilado de história curtas de Hideduo, RoseFamily, Morning Creaw]

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso ! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capitulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificado no titulo
— As historias em sua maioria são curtas, consistindo de AU's e HC's

TEMA DO CAPITULO:
— HC: Se !Fit estivesse lá quando tudo ocorreu; Capitulo da era jurássica, informações confusas devido ao contexto que precisou de ajustes

(See the end of the work for more notes.)

Chapter 1: Te ouvir chorar foi o pior

Chapter Text

 Fit recusou a ideia com todas as forças, ele queria gritar para que não fizessem isso, não prendê-lo mais uma vez, mas suas súplicas foram em vão, eles colocariam Pac em uma prisão novamente, e só a ideia de o ver por entre as grades faziam Fit rosnar, ele desaprovou a ideia até o fim, mas não foi o suficiente, não lhe deram ouvidos.

 Ter arrastado o Pac para aquelas grades foi doloroso, a visão completa era dolorosa de ver, aquele homem que lhe trouxe tantas alegrias, tirou dele tantas risadas e sorriso agora estava perdido em uma névoa de falsa felicidade, um poço de tristeza imensurável que Fit nunca poderia entender por completo. Aquele cientista perdeu tudo, várias vezes, repetidamente, o guerreiro nunca entenderia esse sentimento, apesar de ter perdido seu amado filho.

 Quando as grades se fecharam, Pac não gritou, não chutou ou tentou fugir, ele se encolheu, sentando-se no chão e abraçando os próprios joelhos, sussurros saiam de seus lábios trêmulos e brancos, implorando para o deixassem respirar, que a jaula o sufocava, que tudo doía e que ele só queria se sentir feliz. Cada palavra era um novo peso dentro do coração de Fit, ele não suportava escutar a voz chorosa que saia de Pac, ele nunca tinha o visto chorar, e desejava nunca vê-las depois de hoje, ele não suportaria ver o cientistas chorar de novo.

 Os gritos eram ensurdecedores, parecia que tentavam expulsar uma entidade maligna que se instaurou e segurava seus pescoços, mas nada parecia ser mais alto do que os soluços e súplicas de Pac. Ele não se importava com o resto da sala, foda-se oque acontecia do outro lado da sala, ele não sairia do lado de seu amigo, não de novo.

 Fit se abaixa próximo às grades de Pac, olhar para ele, parecendo tão frágil e quebrado era horrível, não gostava de o ver vulnerável, Pac não era fraco muito menos feito de vidro, ele era um guerreiro implacável, forte e viril, mas agora ele estava em pedaços, destruído.

 — Hey Pac, calma está tudo certo — a voz grave era baixa, o mais reconfortante que consiga deixá-la.

 — Eu não aguento mais, de novo não — dói, ouvi-lo chorar e pronunciar palavras em português que claramente indicavam tristeza, com aquela voz de choro, lhe causavam dor.

 — Já está acabando, eu prometo — Fit sente sua própria voz falhando.

 Quando a cabeça de Pac se levanta, seus olhos, aquele olhar que um dia brilharam como o sol, estavam escuros e apagados, as bolsas abaixo deles eram escuras e muito maiores do que anteriormente. Os nós dos dedos estavam machucados e pálidos, deveriam ter mais ferimentos por debaixo daquele moletom branco que não combinava com ele, fazendo sentir falta do azul típico de Pac. Fit nunca achou que sentiria falta de algo tão simples como uma cor.

 — Confie na gente...confie em você mesmo

 — Eu? — Pac arregala os olhos.

 — Sim Pac...você é um cientista foda, um gênio! Se estamos com o antídoto é por sua causa — o soldado tenta sorrir, mas era em vão, a preocupação com o amigo era maior.

 Pac provavelmente não acreditaria em suas palavras naquele momento, grunhindo em resposta às afirmações do soldado.

 Fit suspira, estendendo a mão por entre as grades frias, oferecendo um toque amigo para ele, que é recebido de bom grado, com Pac segurando com toda a força que conseguia, não era muito...ele estava fraco e debilitado.

 Não demorou muito para que o cientista ficasse exausto pela superestimulação de barulhos e sentimentos, Pac pende o corpo sobre o metal das barras, sendo aquilo a única coisa que separava os dois homens. Em algum momento os dedos se entrelaçam e ficam assim, os gritos permanecem mas de alguma forma não afetam ambos, Fit sussurrava palavras de conforto, enquanto Pac as absorvia, focando em regular a respiração.

°

 Quando chegou a hora de se livrar daquela merda, Cellbit abre a jaula, fazendo ambos os homens se levantarem do chão. Assim que o líquido permeia as veias de Pac, ele grita e se afoga com as próprias lágrimas, os sentimentos o atinge com força, fazendo o homem tentar se encolher do mundo que foi exposto, a dor dos ferimentos por debaixo do moletom latejavam.

 Ferido e amostra para a dor, Pac cambaleia para os lados com a visão embaçada pelas lágrimas, se sentindo à deriva até que seu corpo bater contra algo rígido e braços fortes o envolverem, finalmente lembrando da pessoa ao seu lado.

 — Eu peguei você — Fit diz de maneira doce no ouvido de Pac, sua voz indo como um sussurro tranquilizador. Era estranho para ele ser assim...sentimental, mas ele precisava deixar fluir, pelo menos naquele momento, por Pac.

 O cientista deixa as lágrimas rolarem, fungando e soluçando enquanto a exaustão o fazia tremer, a dor colaborando para sua situação.

 Conversas eram ouvidas do outro lado da sala, mas Fit pouco se importava, tinha algo mais importante, ser o pilar para um Pac debilitado, ajudá-lo a se reerguer depois de toda a dor.

 Levar o recém curado cientista para casa não era difícil e sim a ideia de deixá-lo sozinho mais uma vez, principalmente após todos os efeitos colaterais que poderia ressentir após a cura. Cellbit diz que Pac foi um herói, Fit acha que ele era muito mais do que um herói, mas sabia que também era humano e precisava de apoio — talvez isso fosse mais medo de perde-lo novamente.

 Quando o detetive deixou os dois amigos para trás, os olhares deles se cruzam novamente, aquele brilho tão familiar e reluzente havia voltado as orbes escuras, foi um alívio para o coração de Fit, mas também existia uma luz quebrada, resquícios de sentimentos negativos e pensamentos intrusivos. O soldado avança segurando a mão do cientista mais uma vez, seus lábios se curvam para baixo, antes de dizer:

 — Eu vou ficar aqui com você

 — Fit você não precisa ficar, eu vou ficar bem — Pac tenta sorrir, mas não alcança os olhos.

 — Eu não vou te deixar sozinho depois dessa merda, te ouvir chorar foi a pior coisa que eu já escutei — Pac aperta com força a mão de Fit, e isso o entristece novamente — vamos, você precisa descansar agora

 De mãos dadas, os dois amigos seguem para o local onde o cientista dormia, com todas as garantias do soldado que ele ficaria ali até que Pac acordasse, prometendo que iria permanecer até sua recuperação.

 No dia seguinte, os dois aparecerem nas fábricas de Tubbo, o garoto acabou tropeçando em toda a situação e ficando um pouco amedrontado, então a dupla decidiu que deviam explicações, além de mostrar que Pac estava de volta e um pouco mais forte do que antes.

 Morning Creaw poderia retornar mais forte do que nunca, fazendo uma promessa silenciosa de serem sempre um time.

Chapter 2: Indo contra a maré

Summary:

HC: Se !Pac tivesse reagido de forma diferente, agindo contra a maré

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso ! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capitulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificado no titulo
— As historias em sua maioria são curtas, consistindo de AU's e HC's

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Chapter Text

 Pac olha pro seu comunicador, sua mão tremia — seu corpo inteiro, na verdade — e sua respiração estava instável, a maldição gélida do SoulFire o atingindo com tudo, o'que ele acabou de fazer? Ah sim, ele avisou a Fit sobre o plano de Tubbo e Bad, ele traiu seu time, sim ele o fez, ele quebrou a confiança de seus aliados por uma paixão, uma promessa feita no desespero de não machucar a pessoa que ele mais confiava.

 — Pac? — a voz jovem tira o cientista de seus pensamentos o fazendo ofegar. Guardando seu comunicador, ele olha em direção a voz, vendo Tubbo — Tá tudo bem cara?

 — Sim...tudo bem... — a voz de Pac vacila, vendo algo passando pelos olhos de seu capitão.

 Eles poderiam mentir um para o outro, mas ambos sabiam, ou pelo menos imaginavam o'que estava acontecendo, Tubbo conhecia Pac, sabia quando as palavras soavam diferente e o'que elas significavam.

 — Você avisou ele, né? — o líder olhava fixamente para o seu aliado, olhos heterocromáticos encarando o poço escuro e profundo.

 Pac abre e fecha a boca, tentando dizer alguma coisa, talvez explicar e pedir perdão por suas ações e sua traição . Antes que algo pudesse sair dos lábios de Pac, seu outro companheiro de equipe retorna e segura o pulso dos dois membros, os arrastando para fora da base protegida para irem de encontro ao seu alvo. 

 O caminho até a ilha dos Green "Gay" Ninjas foi barulhento, o demônio de olhos brancos não parava de falar em como conseguiriam pegar o alvo com a guarda baixa, enquanto Tubbo cantava um grito de guerra para acompanhar o discurso, mas os olhos do líder nunca deixaram a figura retraída do terceiro membro da equipe, Pac não disse uma palavra durante todo o percurso, mesmo que os outros dois tentassem o puxar para a conversa, suas respostas eram curtas, secas e sem emoção.

 Assim que o barco atracou na areia próxima ao cenário quente e úmida da selva, Fit pode finalmente ter certeza que Pac não mentiu para ele, na verdade ele sempre acreditou nas palavras do companheiro — atualmente, seu inimigo — mas ele estava sem opções, todos de sua equipe dormiam durante as manhãs e ele estava sozinho, responsável por fazer as missões para os levar a vitória, ele não poderia correr e se esconder como Pac o disse para fazer, se encontrando agora num conflito complicado.

 Os sons de metal se chocando ecoavam e eram levados embora pelo vento, deixando evidente o conflito que acontecia ali. Eram dois contra um, uma desvantagem de equipamentos e o fator do ataque surpresa para cima do lobo solitário. Eram golpes seguidos de mais golpes, Fit tentava correr, ganhar alguma vantagens, se desvencilhar dos ataques enquanto escutava as brincadeiras de Bad e os pedidos de compreensão de Tubbo, a voz de Pac se fazia presente, mas sua figura não estava ao alcance da visão do combatente verde.

 O especialista azul, tentava de todas as formas atrasar seus próprios companheiros, agarrando seus braços, tentando os puxar para trás ou retirar peças de suas armaduras, enquanto seu corpo tremia e os olhos ardiam pelas lágrimas não derramadas. Ele implorava para a equipe não fazer isso, tentava pedir desculpas a Fit por não conseguir o proteger, mas parecia que todos ignoravam sua voz, nada do que fazia surgia efeito, deixando o desespero tomar seu coração.

 Ver as mensagens no comunicador que seu amigo havia se ferido já era doloroso, ele não queria ver pessoalmente aquilo acontecendo.

 Mesmo que Fit retornasse após a morte, mesmo que ele não tivesse quebrado a promessa que fizeram, mesmo que eles vençam, Pac não quer ver o sangue dele no chão.

 Um passo em falso e o soldado verde está ao chão, as feridas abertas sangrando e a adrenalina fazendo seu coração bater em seus ouvidos. Não existe tempo para pensar, Fit gira seu corpo para ficar de frente para seus atuais inimigos, vendo o demônio de olhos brancos levantar a espada para o golpe final, aquela seria a lâmina que faria o careca provar novamente da maldição do reaparecimento — no puro reflexo, Fit fecha seus olhos, esperando pela dor final.

 Um choque alto de lâminas se cruzando corta o ar, obrigando o soldado a abrir os olhos, sendo agraciado pela visão das costas definidas pela regata preta, o azul esfarrapado balançando sobre a cintura de seu salvador? Poderia ser dito assim, a visão o deixou em estado de êxtase e sem fôlego.

 Os olhos brancos em choque cruzavam com os pretos profundos, Pac havia se posto no meio do ataque, bloqueando o golpe com sua própria lâmina. Seu olhar ficou afiada, vermelhos de irritação e marcas de lágrimas secas em sua bochecha.

 Pac trava a mandíbula, manobrando a sua lâmina e cravando a espada entre as costelas do demônio, sem remorso, sem excitação. O corpo de Bad cai na areia quente, fazendo Fit ofegar em surpresa e Tubbo se afastar do corpo de um de seus companheiros, olhando entre os olhos sem brilho e o olhar mortal de Pac.

 Líder e soldado azul trocam olhares mortais, falando mil palavras sem de fato dizê-las.

 O cientista levanta a espada, pintada de sangue, o sol refletindo na lâmina e brilhando contra as orbes verdes e azul do jovem líder, um passo para frente e sua garganta seria cortada e a sua vida também seria retirada. A mão de Pac era firme, seus pés enterrados sobre a areia, seu rosto era de alguém pronto para matar, mas existia em seus olhos um pedido silencio por rendimento, por perdão, ele não planejava atingi-lo, não queria matar mais seu amigo, mas aquilo era uma ameaça e os três sabiam disso.

 Sem qualquer chance, Tubbo larga sua própria arma, deixando-a cair sobre o terreno arenoso antes de correr para o corpo do companheiro de equipe, que nessa altura já deveria estar retornando após reaparecer. Essa foi a brecha que o amigo lhe deu, Pac a agarrou tal como fez com o pulso do ainda paralisado soldado do time verde, correndo selva adentro, sem olhar para trás, ignorando os sons confusos e palavras entrecortadas de dúvidas vindas de Fit, eles tinham que ir antes que Bad voltasse, pois ele que seria o problema.

  O comunicador de Pac vibrava sem pausa, mensagem atrás de mensagem, mas ele se recusa a pegar o dispositivo.

 Quando a adrenalina finalmente abaixou, Pac se permitiu analisar onde acabou se enfiando, era uma caverna verdejante. O especialista respirava profundamente e em rajadas curtas, seu coração ainda estava disparado e sua cabeça rodava com suas últimas ações, flash's dele impedindo a morte de Fit, a surpresa nos olhos de Nada antes de ter sua vida arrancada e a empatia nos olhos de Tubbo. Pac sente os olhos arderem quando o peso de tudo cai sobre seus ombros mais uma vez, ele traiu seu time, isso poderia trazer consequências? Várias perguntas começaram a surgir em sua mente enquanto batia suas costas contra a pedra fria da caverna.

 — Por que…Pac você é maluco? — a voz estrondosa de Fit tira ele de seus pensamentos, voltando seus olhos para onde o amigo estava, sentado ao seu lado, os ferimentos ainda sangravam — Você traiu seu time, perdeu a cabeça? — era quase como um rosnado, como se evitasse gritar.

 Pac expira pelos dentes cerrados, puxando todo o ar que podia para seus pulmões, reunindo forças para falar:

 — Desculpa… — saiu em forma de um sussurro em uma voz embargada — eu não podia deixar eles te matarem

 O silêncio preenche a caverna, um desconforto palpável que nenhum deles sentiu antes em todo o tempo que estiveram juntos.

 — A promessa era apenas não nos matarmos, Pac, não nos proteger dos nossos próprios times — Fit grita.

 O cientista fecha os olhos com força, impedindo que as lágrimas caíssem de seus olhos, seu coração batia contra o peito e parecia querer pular pra fora da garganta.

 — Eu não podia Fitch! — Pac grita, deixando o corpo escorregar até atingir o chão, trazendo as pernas para perto do peito, braços cruzados sobre o joelho — Perdi Mike, não sei como está Richas…eu não aguentaria ver você morrer, mesmo que estejamos fadados a reaparecer

 Pac pode ouvir um suspiro sôfrego vindo de Fit, compreensão o atingindo como um trem de carga.

 — Eu entendo…eu faria o mesmo… — grunhidos de dor, o corpo do soldado se contrai e arrepia perante a dor — por você

 O soldado azul suspirou, soltando as pernas e se ajoelhando ao lado de Fit, retirando de sua mochila um frasco com um líquido rosa suave, fazendo o combatente engasgar de espanto. A reação faz Pac rir, uma risada curta e quase imperceptível.

 — Como você…

 — Sou um cientista Fit, tenho meus meios — Pac diz de maneira brincalhona — eu tô fodido mesmo…vamos cuidar de você então

 Sem forças para protestar, o soldado verde se permite ser tratado, recebendo em seus lábios o frasco e sentindo o líquido doce e quente descer por sua garganta. Pac se apressa retirar alguns curativos e tratar da melhor maneira possível os piores ferimentos, alguns foram bem profundos, fazendo o cientista acreditar que Fit tinha uma resistência sobre humana.

 O clima definitivamente não era um dos melhores, Pac nadou contra a maré, traindo o próprio time para impedir que um amigo fosse morto, para isso ele teve que matar um de seus companheiros de equipe e ameaçar seu líder. Fit estava ferido, ele se recuperaria em breve mas ainda era o alvo dos outros ilhéus acordados, ele teria que estar preparado, redobrar seus próprios instintos de alerta, aquilo era uma merda para os dois.

 Pac se tornou um traidor aos olhos de seu próprio time, voltar para a base era pedir para ser executado e preso em um círculo mortal, poderia-se dizer que ele era um nômade agora, ele teria que ser, caso desejasse viver. Estava tão concentrado em sua tarefa de tratar dos ferimentos e pensando como iria sobreviver às consequências de suas ações, que sua primeira reação foi congelar ao sentir um toque quente sobre seu braço, até perceber que se tratava de Fit.

 O soldado permaneceu com um contato suave sobre a pele nua do braço de Pac, sem o moletom, as cicatrizes e os músculos ficavam expostos, era uma visão bem diferente do casual quando estavam em segurança, o cientista sempre usou roupas largas e que deixavam pouca pele amostra. O polegar de Fit desliza contra algumas cicatrizes, antes de respirar fundo e encontrar os olhos pretos.

 — Você é maluco…

 — Você já disse isso, está com o disco arranhado, Fit? 

  Ambos se permitem rir, enquanto Pac termina de encaixar o torso do outro homem. Tão repentino como o toque em seu braço, um peso é depositado sobre um dos ombros do cientistas enquanto dois membros circulam sua cintura.

 É preciso piscar algumas vezes para entender oque estava acontecendo, Fit estava abraçando Pac, descansando em seu ombro — talvez um efeito colateral da poção de cura improvisada. 

 O cientista suspira, deixando um pequeno sorriso escapar antes de seus braços lançarem os ombros do careca, permitindo os músculos tensos a relaxarem pela primeira vez em dias.

Notes:

— Não falo nenhum outro idioma de forma fluente, mas fique a vontade para falar no seu idioma de preferencia

— Essa historia foi escrita e posta também em outra plataforma e estou a disponibilizando aqui tbm

Obrigada por ler!

Chapter 3: Estressados e Derrotados

Summary:

Morning Crew se encontram durante os períodos difíceis em um ambiente hostil. Baseado na ambientação do purgatório

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso ! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capitulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificado no titulo
— As historias em sua maioria são curtas, consistindo de AU's e HC's

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Chapter Text

 Tubbo reaparece mais uma vez, seus joelhos tocam a areia no mesmo segundo, o homem jovem ainda sentia a dor da flecha que o atingiu e fazia sua cabeça latejar. Instintivamente, seus braços se envolvem ao redor de seu próprio corpo, lágrimas escorriam de maneira teimosa por suas bochechas, soluços silêncios escapando de sua garganta.

 Desde que chegaram naquele inferno Tubbo repensava constantemente sua decisão de assumir o posto de liderança, e achava que apesar de ser jovem ele poderia aguentar a responsabilidade e ser o mais estável de sua equipe, mas naquele momento ele só queria desistir e chorar toda a sua frustração.

 Tubbo grita entre as lágrimas, seu corpo doía de todos os ataques e danos que sofreu ao longo dos dias, provando incansavelmente a maldição do reaparecimento e toda a dor que ela causava. E estava cansado de toda a aquela merda, o purgatório era uma tortura imparável para sua pobre e jovem alma.

 — Tubbo? Hey rei… — o jovem líder olha para cima, vendo o rosto preocupado de um de seus soldados, seu fiel amigo e sua família.

 Pac olhava preocupado para seu amigo, ele havia ressurgido em meio a uma gigante angústia, fazendo o cientista largar o'que estivesse fazendo para o socorrer. Ambos estavam acabados, cansados e estressados com tudo aquilo, mas Pac já se sentia derrotado até mesmo antes do Purgatório, ele já passou por muita coisa antes daqui, ele vivenciou muita coisa, mas Tubbo era novo e nem se lembrava do que aconteceu em sua vida antes de ser congelado é encontrado tempos depois por todos os moradores.

 Um baque contra a areia soa na frente do líder, que estava tão distraído com a própria dor que não consegue expressar reação quando braços o circulam e o puxão para frente, seu rosto sendo enterrado no ombro de seu companheiro de equipe. Pac o segurava com força, um aperto protetor e acolhedor, isso o fez gritar e chorar ainda mais, deixando tudo correr como uma torneira aberta.

 Pela primeira vez desde que chegaram ali, Tubbo sente falta de Fit, queria o outro membro da sua equipe, a última parte que faltava para completar o abraço. Nós braços de Pac, o homem mais jovem admite detestar o purgatório, odiar estar longe daqueles que ele verdadeiramente se importava, grita que sente falta do amigo careca e de todas as conversas que eles tinham, chora com saudades das aventuras da "Morning Creaw".

 — As coisas vão melhor, Tubbo, você é forte aguente mais um pouco — uma das mãos de Pac vagam até alcançarem os cabelos do amigo, escorrendo os dedos para o confortar, mantendo a cabeça do líder em seu ombro.

 Tubbo se sente envergonhado, ele deveria estar na linha de frente e incentivando seu time, mostrando que eram capazes de vencer os outros, mas ao invés disso estava ali sendo consolado por Pac, gritando para o mundo suas frustrações e tristezas. O líder tenta se afastar, agarrando as laterais da regata preta do amigo para o empurrar para longe, mas o homem mais velho era fisicamente mais forte, o mantendo no abraço, dizendo silenciosamente "está tudo bem".

 O restante do dia foi marcado por Tubbo e Pac completando tudo juntos, um apoiando o outro e impedindo que mais estresse excessivo se instalasse neles. Apesar disso, o sentimento que ainda faltava um membro de seu grupo era esmagador, ambos dariam tudo para que Fit também estivesse ao lado deles.

 Enquanto andavam pela região nevada próxima a sua base, Pac finalmente se rende à dor de sua perna protética, praticamente caindo e urrando contra um dos pinheiros. Tubbo corre em auxílio ao companheiro de equipe, ajudando-o a se sentar sobre a neve fofa e deslocar a perna protética, ao ver o estado do coto, o loiro olha severamente para seu companheiro e começa a repreende-lo:

 — A quanto tempo você tá usando isso? — Tubbo levanta a prótese com ambas as mãos, antes de a encostar contra o pinheiro.

 Pac resmunga enquanto segurava sua própria coxa para a manter elevada, tentando seu melhor para equilibra-lo com apenas um deles para usar o outro para massagear o membro residual.

 — Desde que chegamos…tenho medo que algo nos embosque enquanto dormimos — Pac puxa o ar pelos dentes cerrados.

 A situação física de seu companheiro era horrível ao seus olhos, mas estavam impossibilitados de fazer muito além de tentar métodos simples para aliviar a dor.

 Passos pesados sobre a neve podem ser ouvidos, ambos os dois membros azuis ficam tensos principalmente Pac, ele estava sem uma perna e seus equipamentos foram tirados deles para que pudesse cuidar da dor. Tubbo levanta um dos joelhos para ficar em posição de ataque, empunhando sua espada e o escudo logo ao lado, se uma ameaça surgisse ele atacaria para proteger o companheiro vulnerável.

 De trás dos pinheiros, Tubbo sente todo o corpo vacilar quando vê a figura alta, forte e careca de seu terceiro amigo, aquele que estava no time adversário. Fit estava com um olhar triste e exausto, suas mãos estavam levantadas e seus equipamentos estavam fora de seu alcance, não demonstrando nenhum tipo de ameaça.

 O líder azul recua, abaixando a própria arma e voltando sua atenção ao amigo ferido, Pac assim que se vê livre de ameaçar chia de dor novamente, se encolhendo como se aquilo fosse aliviar seu sofrimento. Assim que o som sai da garganta do moreno, Fit se desloca rápidamente para perto da dupla, caindo de joelhos ao lado livre de Pac, apoiando a mão protética no ombro do amigo.

 Foi preciso um único olhar de Tubbo para que o careca entendesse o'que estava acontecendo e começasse a vasculhar sua mochila, tirando rapidamente uma fruta reluzente e dourada. Pac imediatamente recusa, mas ambos os amigos o olham de forma severamente, fazendo o cientista bufar em descontentamento por estar sendo repreendido como uma criança.

 Tubbo não sabe quando isso aconteceu, mas usando sua mente finalmente desacelerou ele nota que já havia anoitecido naquele ponto, mas havia uma fonte de luz crepitante ao lado, os três haviam se deslocado em algum momento para dentro de uma caverna longe da neve.

 Ele finalmente percebendo sua posição atual, deitado sobre as pernas de Fit, acima de seu corpo estava o moletom azul e esfarrapado de Pac o mantendo aquecido e mantendo a umidade longe em junção há fogueira. O veterano careca estava sentado ao lado do cientista, com sua cabeça em cima da do moreno, que estava usando o ombro como apoio, a capa verde de Fit estava enrolada sobre ele e Pac, as mãos dos dois estavam entrelaçadas sobre a coxa do cientista, eles ainda se diziam apenas amigos .

 Foi a primeira vez que Tubbo sentiu que poderia respirar e relaxar, ninguém os encontraria alí mesmo com uma fogueira ativa, o território gélido era o menos visitado e explorado por ser o mais afastado do restante. Foi estranho mas reconfortante estar novamente enrolado e na presença de seus dois melhores amigos, Tubbo respirou fundo, deixando o restante do estresse se esvair e o cansaço o alcançar, deixando o sono adentrar seu corpo e se juntar ao sono junto ao casal.

Notes:

— Não falo nenhum outro idioma de forma fluente, mas fique a vontade para falar no seu idioma de preferencia

— Essa historia foi escrita e posta também em outra plataforma e estou a disponibilizando aqui tbm

Obrigada por ler!

Chapter 4: O Alquimista e a Fera

Summary:

AU: Bela e a Fera; Inspirado nas artes de "Kyynas", conhecido como Kim no Twitter e Bluesky

Um dia da vivencia do alquimista !Pac e da Fera !Fit

Notes:

AVISOS INICIAIS:
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Chapter Text

 Ter sido sequestrado não estava sendo tão ruim. Já estava fazendo sete meses que Pac trocou sua liberdade pela do seu irmão, sendo obrigado a viver dentro das paredes daquela velha mansão, sendo vigiado pelos animais e pela fera que ali morava.

 No primeiro mês que teve que chamar aquele lugar de lar, o clima era tenso e nada agradável para o alquimista e para a fera. Pac veio de uma aldeia onde ele conseguia ser auto suficiente e não aceitava ser mandado por ninguém, então se sentir preso foi um dos motivos das discussões que o "preso" tinha com o dono da casa. Os únicos que o ajudavam e entendiam suas explosões silenciosas de estresse eram os bichos da casa, que Pac descobriu rapidamente serem os funcionários do local.

 As coisas só melhoraram após o segundo mês, depois de uma discussão fervorosa, a fera — de nome Fit — expulsou o alquimista de sua moradia, e sem delongas Pac saiu em lágrimas pela enorme entrada da mansão, tendo se arrependido algumas horas depois por ter saído no meio de uma noite de inverno. E no meio da floresta, o alquimista se viu cercado por uma alcateia de lobos, Pac sabia lutar, mas estava encurralado e seria morto mesmo que tentasse revidar os ataques.

 Ele foi atacado por uma das criaturas, um corte profundo em seu abdômen e um rasgo na bochecha, mas ele não morreu naquela noite. Fit havia ido atrás do rapaz, após seus funcionários puxarem sua orelha e o fizeram perceber seu grande erro, a fera de aparência reptiliana encontrou o alquimista e o salvou de seu fim, mas em compensação, teve graves ferimentos por seu corpo.

 Naquela noite eles não discutiram, eles conversaram enquanto tratavam dos ferimentos um do outro. Pac entendeu mais da situação de Fit e dos trabalhadores do lugar, enquanto a própria fera entendeu melhor os hábitos do homem.

   Depois daquela noite, Pac começou a vê-lo mais como um homem, e não como uma fera. E talvez, seu coração tenha começado a bater mais forte entre as costelas.

 

°

 

  Sete meses depois de tudo, o alquimista estava na biblioteca da mansão do antigo líder da guarda real, Fit. Desde que descobriu que o guerreiro e sua casa foram amaldiçoados por um antigo feiticeiro chamado Madagio, Pac buscou estudar e aprofundar seus conhecimentos nos campos místicos, pois a área de maldições e feitiços eram desconhecidas para ele, sabendo apenas o básico de cura e levitação.

 A única fonte de calor e luz naquela gigante biblioteca era um candelabro que suportava duas velas, já que a terceira já havia se apagado. Pac devia estar em seu terceiro livro quando um ar quente atingiu sua nuca e duas enormes patas se apoiaram nos braços da cadeira que estava sentado. Ele não pode deixar um sorriso bobo se formar em seus lápis ao saber quem estava atrás de si, mas mesmo assim a voz profunda o atingiu como um canhão:

 — O'Que está fazendo acordado tão tarde? — Fit bufa, o ar quente fazendo o mais baixo se arrepiar pelo choque térmico — devia estar na cama

 — Boa noite Fit — Pac larga o livro que tinha em mãos, se virando na cadeira para olhar o rosto da fera — estou sem sono, decidi estudar um pouco

 Os olhos brilhantes do Alligator passam para a mesa, vendo o livro que antes estava na mão do alquimista, para a pilha que o mesmo pretendia ler aquela noite. Desde que Pac descobriu sobre a maldição, era comum as vezes encontrá-lo adormecido sobre um amontoado de livros, mas dá última vez, o rapaz adoeceu, preocupando todos os moradores da casa. 

 — Cama, agora — o alquimista franze a testa com a ordem do anfitrião.

 — Estou sem sono Fit — o moreno protesta.

 Um rosnado baixo ecoa da fera, enquanto uma das enormes patas se moveu e segurou Pac pelas costas, derrubando a cadeira do processo de trazer o alquimista contra o peito da criatura. Segurando firmemente o moreno com um dos braços monstruosos, Fit se movimenta para fora da biblioteca, feliz pela falta de luta do companheiro menor.

 Pac estava em estado de choque, ele não sabia como reagir às ações do outro homem, o'que levou a falta de protestos ao ser carregado para o corredores de aposentos da mansão. Saindo de seu nevoeiro quando seu corpo foi colocado contra um colchão muito macio e cobertores gigantes, fazendo-o notar que não estava em seu quarto, e sim no quarto do anfitrião.

 Os olhos dos dois se encontram, fazendo Fit os arregalar brevemente ao notar o olhar questionador e confuso do alquimista. A fera bufa mais uma vez, enquanto forçava Pac a se deitar e puxava a coberta para cima dele, antes de se acomodar ao lado do homem, passando o braço sobre o moreno para o pressionar contra si novamente.

 — Eu te conheço, se eu te colocasse em seus aposentos, você arrumaria um jeito de fugir e voltar aos estudos

 A acusação de Fit não era sem fundamentos, se fato Pac já havia fugido de seus aposentos inúmeras vezes por motivos variados, mas o principal era sua necessidade incessante de achar um jeito de quebrar a maldição dos habitantes da mansão. Fit nunca diria em voz alta o quanto aquilo era apreciado e admirado por ele, pois isso desencadearia a revelar que os flertes dos últimos quatro meses tinham um motivo a mais. Mas a obsessão  de Pac por isso deixava a fera preocupada, pois não queria que o "amigo" ficasse doente ou se sentisse mal caso seus estudos não mostrassem resultado.

 — Agora durma, amanhã você continua seus estudos — a frase parecia uma ordem, mas Pac ouviu em seu tom que era um conselho, além do tremular de preocupação que os ouvidos do moreno captaram.

 O coração do alquimista parecia que iria explodir dentro de seu peito, seu corpo tremia mas não de frio, estava aquecido pelas cobertas e pelo corpo de Fit, — era irrealista como uma criatura de sangue frio poderia ser tão quente — ele também estava levemente ofegante. Ainda não havia nomeado o'que sentia pelo homem maior, na realidade ele nem conseguia nomear esse sentimento.

 Apesar de terem começado do lado errado, e do jeito arrogante e frio de Fit, Pac não poderia estar mais agradecido por tudo oque o ex-guerreiro fez por ele, o cuidado e o carinho que eles estavam cultivando, todos os pequenos e grandes momentos e mudanças que faziam juntos, tudo isso com acumulava e aumentava a determinação que Pac tinha em quebrar aquela maldição.

 

  Ele faria de tudo para ajudá-los, não importava oque fosse preciso.

Notes:

— Não fale nenhum outro idioma de forma fluente, mas tenha a vontade de falar no seu idioma de preferência

— Essa história foi escrita e postada também em outra plataforma e estou a disponibilizando aqui tbm

Chapter 5: Dois gatos podem fazer travessuras

Summary:

Universo Alternativo: baseado no filme 101 dalmatas

"Fit havia prometido ao seu precioso filho que levaria seu gato, Madagio, ao veterinário naquela manhã, mas o felino acaba por mudar os planos do careca ao se encontrar com um gato frajola muito charmoso e seu dono de mesmo nível."

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificada no título
— As histórias em sua maioria são curtas, consistindo de AU's e HC's

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

  Fit nunca quebraria uma promessa feita ao seu precioso e amado filho, mas ele muito bem poderia se arrepender de ter feito uma. Havia dito que iria levar Madagio para o veterinário enquanto Ramon estivesse na escola, pois o bichano estava apresentando sintomas incomuns de estresse — segundo as pesquisas de seu pequeno gênio — que precisavam de cuidados, mas como Fit não tinha carro, teria que levar o felino em um passeio para o veterinário com a velha coleira que tinham em casa.

 O empresário e o gato nunca se deram bem, o bichano só chegou em suas vidas pois após sair com Phil, Ramon chegou em casa com o felino magro e doente, pedindo para ficar e cuidar do animal para que pudessem tê-lo como animal de estimação.

 Após uma luta para colocar o colete e a coleira em Madagio, dono e pet saem de casa, decidindo cortar o caminho pelo parque Center da cidade, seria bom para ambos. 

 O felino de pelos brancos e olhos heterocromáticos detestava sair de casa, mas ficar na presença de seu segundo dono parecia ainda pior, principalmente quando se tratava se ir para algum lugar, pelo menos Fit havia tido a decência de os levar pelo parque, onde teriam o mínimo de silêncio e interação social, o'que facilitaria o animal a colocar seu mais novo plano em prática.

 Madagio nunca pediu para ser animal de estimação daquele homem, mas admitiria que agradecia todos os dias ao doce menino, Ramon, por tê-lo tirado das ruas.

 Seu estresse se devia ao mais velho, odiava passar todas as manhãs e noites escutando as lamentações e reclamações de Fit, mas o homem sempre dizia que estava bem apenas ele com seu filho, se recusando a mudar de rotina ou conhecer novas pessoas — Madagio já imaginava ao contrário, para tirar aquele homem do estresse e consequência si mesmo também, precisavam arrumar um parceiro, para ambos, mudar suas rotinas e suas companhias.

 Quase todas as manhãs, Fit saia para caminhar antes de Ramon acordar para ir a escola, ele conhecia a praça naquele horário e a maioria das pessoas que passava por ali eram familiares aos olhos de Fit, mas ele nunca parou para conversar com nenhuma delas, apenas um aceno educado de cabeça e um "Bom dia" casual. Madagio revirou os outros ao notar esse comportamento anti social de seu dono, se focando em observar as pessoas da praça para achar alguém interessante.

O parque center sempre era movimentado, desde os primeiros horários da manhã até tarde da noite, mas havia uma coisa que incomodava o felino, se havia alguém ali passeando com seu animal, sempre eram cachorros. Isso estava irritando o gato, como poderia seguir com seu plano se não havia outro igual a si pela região? Parecia que tudo estava perdido.

 Fit também olhava as pessoas no parque, muitas delas com seus respectivos animais em um passeio ou exercício matinal. Estava tão concentrado em reconhecer os mesmos rostos que um puxão repentino na coleira o assustado.

 — O'Que foi pulguento? — o careca reclama para o felino, que ignorou seu comentário.

 O gato estava ativamente indo para frente, desviando da rota do veterinário, isso não era comum do animal e estava deixando seu dono preocupado com a atitude repentina.

 — Madagio aonde você quer ir? — Foto questiona, enquanto tenta fazer uma varredura para achar o interesse do animal.

 Um pouco a frente no caminho que o gato estava interessado, em um dos bancos há sombra de uma árvore havia um homem, pele bronzeada e cabelos pretos com as pontas azuladas, os fios estavam presos em um pequeno rabo de cavalo, em seu rosto havia um óculos comum de primo prateado, devia ser a pessoa mais bonita e chamativa que Fit já viu, além de nunca tê-lo visto antes no parque. Ao lado do homem moreno, estava o interesse de Madagio, outro felino, esse sendo um pouco menor do que o gato branco, seus pelos eram predominantemente preto com partes em brancos — um famoso frajola.

 Foi um pouco estranho estar sendo guiado por seu animal de estimação, mas a dupla sentada no banco chamou tanto a atenção do dono e do pet, que se aproximaram lentamente. Quanto mais próximos estavam, mais detalhes eram possíveis serem vistos, o moreno estava lendo um livro não identificado ainda por Fit, suas vestes eram de cor creme com azul, o gato ao seu lado usava uma coleira de cor azul com um pingente dourado em um formato incomum.

 Os passos dos dois foram percebidos pela dupla ao banco, pois tanto dono quanto pet levantaram suas cabeças para ver quem se aproximava.

 Como de costume, o empresário acena com a cabeça, pronto para dar seu bom dia habitual, antes que as palavras morram em sua boca com o sorriso brilhante que recebeu do homem de cabelos pretos. Ele sorria de forma tão bela para Fit que o careca se sente atordoado.

 — Bo-Bom dia…

 — Oh bom dia ! — o idioma é desconhecido por Fit, mas não é difícil encontrar falantes de diversos idiomas pelo bairro. O careca supõe que aquilo seria um cumprimento também — é a primeira vez que te vejo por aqui

 — Digo o mesmo, nunca o vi pelo parque, é novo no bairro? 

 — Oh sim! Me mudei recentemente para morar com a minha irmã, Niki, ela trabalha no centro veterinário aqui perto

 Fit se sentia perdido admirando o homem que falava consigo, os olhos talvez eram o mais chamativo, as íris pretas como a noite, mas o centro eram amarelos como o ouro — heterocromia central — além das inúmeras sardas em seu rosto como pequenas estrelas. Além da aparência, o homem fazia a conversa fluir com facilidade, era impressionante como Fit se sentiu confortável em ter uma conversa com o estranho.

 — Estou indo para lá nesse momento, o gato do meu filho está mostrando muitos sinais de estresse — Fit puxa suavemente a coleira de Madagio.

 Os dois homens se viram para os felinos, deixando o careca muito surpreso pela cena que viu diante de seus olhos, o gato branco estava sentado ao lado do frajola, lambendo atrás da orelha como um cumprimento casual.

 — Que adorável! — o moreno exclamou, levando a mão até o felino branco para sentir seu cheiro — Conseguiu um novo amigo, Xereta?

 — Como? — Fit pergunta, um sorriso simpático em seu rosto.

 — Xereta, sim é um nome diferente — o de cabelos pretos finalmente acaricia o queixo de Madagio, ouvindo um ronronar suave sair do gato.

 A atitude de seu animal surpreendeu Fit, o felino era muito recluso e anti social com qualquer pessoa, sempre se escondendo quando recebiam visitas, além de já ter ferido outras pessoas que tentaram o acariciar, ele e seu filho sendo os únicos que escaparam dos arranhões, então Madagio ter deixado aquele homem o fazer carinho significada que ele tinha jeito com os animais.

 — Bom, tenho que me apressar, foi muito bom vê-lo

 — Oh sim! Digo o mesmo, espero te ver mais vezes, vou estar aqui toda as manhãs — o moreno sorri — aliás, meu nome é Pac

  Pac , era um nome diferente aos ouvidos do empresário, mas parecia certo, combinava com o moreno.

 — Fit, foi um prazer conhecê-lo — o careca puxa a guia de seu animal, pronto para continuar a caminhada.

 Os dois felinos se entreolham quando a coleira de um é puxada, os dois machos não querendo se distanciar após se conhecerem, Madagio havia se encantado por Xereta, e o oposto também tinha acontecido. Ambos se olham, já com um plano em mente para que pudessem continuar mais um pouco juntos.

 Madagio seguiu o comando de seu dono, descendo do banco, mas antes que pudessem prosseguir, Xereta avança e sai do seu local correndo para longe de Pac, fazendo um som de expanto sair do peito do homem, pois o bichano estava sem coleira.

— Xereta! Pare! — ele ordena para o animal. 

 O moreno se levanta para alcançar seu pet, que começou a rodear as pernas de Fit, e agora se pôde ver que ele era mais algo do que Pac. Assim que os dois homens estão próximos, Madagio avança, começando a correr junto ao frajola, mas sua própria coleira estava se enrolando em torno das pernas dos dois humanos.

 Sem ter para onde correr, Pac e Fit acabam pressionados um contra o outro.

 — Ah céus, Fitch ! De-des… eu sinto muito! — o moreno estava tão distraído nervoso que estava misturando dois idiomas — Xereta não é assim, eu prometo

 — Madagio também não é assim — Fit precisou se apoiar eu Pac para que não perdesse o equilíbrio, sentindo as pernas se embaralhando ainda mais — sinto muito por isso

 De alguma forma Xereta foi capaz de soltar Madagio de sua guia, permitindo que ambos os felinos se sentassem um pouco longe de seus respectivos donos, deixando os dois humanos imersos em risadas e pedidos de desculpas.

 Os dois gatos se olham, se sentindo vitoriosos por terem feito os dois homens continuarem conversando. Madagio se sente tão confortável perto de Xereta que não excita em colocar sua cabeça abaixo do queixo do outro felino, fazendo ambos ronronarem em sincronia.

 Quando precisaram retornar a caminhada aí veterinário, Fit e Madagio não estavam mais sozinhos ou estressados, mas sim se divertindo e muito bem acompanhados pelos dois novos amigos. Os humanos estavam de mãos dadas, uma ação que surpreendeu ambos, mas ela confortável e evitava se precisarem segurar as guias de seus animais, deixando-as descansar em seus pulsos, enquanto conversavam e riam casualmente, como se fossem conhecidos de anos atrás.

 Os dois felinos andavam a frente de seus donos, lado a lado, seus rabos balançavam em conjunto, quase se enrolando um no outro, simplesmente aproveitando a doce companhia durante a caminhada, esperando ansiosamente que pudessem fazer isso mais vezes a partir daquele dia, quem sabe até convencer seus humanos a juntarem suas camas.

 

 Bem, Madagio sabia que antes disse teria que convencer Ramon a aceitar Pac, mas não deveria ser difícil, o dono de seu parceiro já havia conquistado o coração do rabugento Fit e do felino branco, capturar o coração do jovem garoto seria uma tarefa fácil.

 

Notes:

— Não fale nenhum outro idioma de forma fluente, mas tenha a vontade de falar no seu idioma de preferência

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Obrigada por ler!

Chapter 6: Meu Monstrinho

Summary:

Fit retornou depois de muito tempo, e ao ir se encontrar com Pac, ele não esperava pelo oque iria encontrar

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso ! por questão estética
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Chapter Text

 Fit retornou.

 

Ele ficou tanto tempo naquele buraco dos infernos que perdeu a completa noção do tempo, ele não sabia quanto tempo passou, mas sabia que estava acabado, seu braço completamente danificado pela queda, e a perda completa da visão em um dos olhos.

Confuso e perdido, demorou para que entendesse a situação, ele ficou mais de um mês desaparecido, muita coisa acabou acontecendo nesse meio tempo e Fit se viu precisando recorrer a outros moradores para que explicassem melhor a situação, além de o ajudar minimamente com seu corpo todo ferrado.

Tudo o que descobriu o deixou no mínimo frustrado, a federação sempre se mostrou uma hipócrita e um local cheio de problemas, após ter descoberto mais de suas podridões, Fit desejava mais do que tudo a explodir tudo relacionado a eles. Mas o motivo principalmente era para proteger seus amigos e família, ele não os deixaria caírem em um poço imundo como ele esteve nesse um mês. — Falando em sua família, Fit se viu pensando em uma pessoa, Pac.

Ele deseja desesperadamente sentir o calor do abraço de Pac, ouvir sua voz para que ele finalmente pudesse aquietar seu coração, explicar toda a situação para que conseguisse dar mais um passo em seu relacionamento, pontuando mais uma vez aonde o cientista se meteu ao aceitar e retribuir seus sentimentos.

Sem pensar muito, Fit traça as runas para a casa do namorado... — as coisas mudaram enquanto ele esteve fora, então no fim, precisou caminhar até lá, suportando a dor de seu corpo cansado. Algo estava diferente, não era só a residência, mas sim oque estava à frente dela.

Tinha alguém nos jardins, Fit reconheceu como sendo Tubbo, ele conversava com alguém, aquilo era Pac? Os cabelos pretos com pontas azuis poderiam dizer que sim, mas não parecia ser ele, seu corpo estava maior, talvez duas vezes maior, várias manchas pretas cobriam seu corpo, espinhos em seus bíceps e costas, uma cauda longa e fina balançava vagarosamente atrás de si, chifres também existiam em sua cabeça, além de quatro olhos extras. Não parecia ser Pac, — mesmo que as roupas também dissessem o oposto — parecia mais como um animal, um demônio, um monstro.

Tubbo tentava falar com aquela criatura, mas ela não parecia estar afim de conversar, bufando e rosnando para o garoto a cada mínima palavra que ele tentava dizer. Mas algo mudou quando o nome de Fit foi citado.

— Eu 'tô falando Rei! O Fit voltou! — Tubbo mostra um sorriso torto.

A menção ao nome do soldado causa um rugido animalesco da criatura, uma voz distorcida mas familiar ecoa de sua garganta.

— Pare! Pare de me dar esperanças — a criatura saca uma adaga obscura do cinto, seu cabo sendo segurado com firmeza com a enorme mão com garras.

Em um movimento rápido, o monstro avança em direção ao loiro, que grita enquanto se atrapalhava para agarrar seu escudo em suas costas. Fit foi mais rápido, apesar da dor e rapidamente tem sua proteção em mãos, se pondo entre o amigo e o "monstro" a sua frente, sentindo instantaneamente o impacto da lâmina e do corpo maior.

Fit consegue ouvir fungadas. Abaixando vagarosamente o escudo, o careca vê lágrimas se formando no canto de todos os olhos da criatura, o brilho vermelho estava ficando apagado. O coração do soldado dói antes que ele precise levantar o escudo novamente com outro ataque repentino do que agora ele tem certeza, que é seu namorado.

— Pac! — Fit grita com todo o ar e força de seus pulmões, aquilo doeu, mas ele precisava chamar a atenção do moreno, o fazer parar.

A criatura grunhi e choraminga ao ouvir a voz estrondosa do soldado, recuando e cambaleando para trás, os olhos antes vermelhos, mudando para um amarelo reluzente, como se tivesse retornando a consciência.

— Fitch...? — A voz ainda era distorcida, mas agora muito mais reconhecível aos ouvidos.

Fit só pode sorrir como um idiota, abaixando o escudo, encontrando os olhos amarelos e brilhantes de lágrimas.

— Ei Pac...bom dia meu bem — Pac choraminga com o apelido, envolvendo todas as características monstruosas ao redor dele, grunhindo tristemente.

O coração do careca dói, ele ficou tanto tempo longe e sem uma explicação devidamente dada, que ele só poderia imaginar o quanto fez o namorado sofrer com sua ausência.

Fit larga seu escuto, caminhando lentamente até a criatura a sua frente, suas mãos voam suavemente até o rosto de Pac. Assim que ele o toca, os olhos amarelos se abrem, deixando inúmeras lágrimas rolarem. O careca move lentamente os polegares logo abaixo de dois pequenos pares de olhos. Um pequeno rosnado ecoa de Pac, a garra tremia ainda segurando a adaga, Fit suspira antes de falar:

— Estou te tocando, estou falando com você, como eu poderia ser uma alucinação — a criatura grunhi, como se quisesse falar, responder, mas não tinha forças — me desculpa Pac...não queria te causar tanta dor

Oque aconteceu depois disso foi muito rápido para Fit processar adequadamente. Em questão de segundos seu rosto estava contra o pescoço de Pac, mãos circulando seus ombros e um par de asas fazendo parte do abraço.

Fit naquele momento estava praticamente escondido do mundo, era como se fosse colocado atrás de um escudo enorme que o protegeria de qualquer ameaça que pudesse vir de fora. O soldado suspira aliviado, ali está, seu Pac, apesar da nova forma e dos atos irracionais, ainda era ele, e Fit não pode deixar de retribuir o abraço, apesar de seus braços não conseguirem segurá-lo corretamente devido ao tamanho anormal.

°

No dia seguinte, Pac reclama de dores de cabeça ao acordar. Seu corpo havia voltado ao normal, ainda havia resquícios de sua forma monstruosa em seu corpo, como os olhos extras ou as garras em suas mãos, mas aos todo ele havia voltado a ser um humano — até onde ele sabe, ele é um humano.

Pac ainda estava um pouco atordoado antes de perceber que estava abraçado a alguém, ao ter consciência disso as memórias do dia anterior voltam a sua mente como uma cascata, deixando um sorriso bobo e triste estampado em seu rosto. O cientista levanta a cabeça, se demorando com um brilho cansado e gentil nos lábios do namorado.

Fit e Pac dormiram juntos na noite anterior, o cientista apesar de estar naquela forma, cuidou do soldado, tratando de todos os ferimentos e até se esforçando para ajustar minimamente o braço protético para que fosse possível usá-lo razoavelmente.

— Bom dia, meu monstrinho — Fit sorri de forma provocativa.

Pac gagueja sem parar, as palavras escapando rapidamente de sua boca, enquanto sentia todo o rosto esquentar. Atordoado, o cientista apenas esconde o rosto contra o ombro do namorando, sentindo os braços fortes o cercarem e uma risada estrondosa ressoar o peito do careca.

 

Pac se viu sorrindo contra o ombro do namorado, ele poderia se acostumar com o apelido.

Notes:

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Chapter 7: Demônio dourado

Summary:

Pac não é mais humano, ele talvez nunca tenha sido, mas agora suas emoções dançavam entre o dourado e o carmesim devido ao seu estado emocional

Notes:

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Chapter Text

 Pac estava desesperado, seus olhos ardiam e lágrimas caiam sem consentimento, seus filhos sumiram, Fit não estava aqui, quem mais seria tirado dele? Mike? Bagi? Ele não os via há vários dias, por que ele sempre tinha que experimentar a solidão? Ele detestava isso.

O medo de Cellbit ser levado também bateu no fundo de sua mente, ele o temia e o odiava naquele ponto, mas a ideia dele também desaparecer pareceu pesar em seu consciente.

O cientista estava agachado, mãos segurando os cabelos na lateral da sua cabeça, os puxando ao ponto de quase arrancar os fios, seus olhos estavam arregalados e vibravam, sua respiração estava acelerado, sentia como se seu coração fosse explodir, a visão ficando turva aos poucos por conta da hiperventilação. Quando um barulho de placa o tira de seus pensamentos, ele se levanta e vira a cabeça tão rápido que teme que ela saia de seu corpo.

 Oque tinha a sua frente faz seus instintos ficarem altos, um ovo, um ovo com o rosto do Cucurucho.

Aquilo era brincadeira, tinha que ser uma brincadeira de mal gosto daquele urso desgraçado. Foi puro instinto Pac puxar o arco e mirar na criatura, as gravuras na moldura do arco só fizeram a raiva do cientista aumentar, as iniciais de seu filho e namorado estavam sobre seus dedos, e na frente de sua flecha, seu alvo. Os olhos de Pac brilhavam em vermelho carmesim, suas íris que outrora eram douradas agora beiravam a cor do sangue.

O demônio range os dentes, seus instintos diziam para matar a criatura, uma rajada de flechas seria o suficiente para acabar com aquela palhaçada.

Suspirando, Pac abaixa o arco, apesar da sua visão turva e vermelha, ele consegue ver a figura trêmula da criatura a sua frente. Foi a primeira vez que o demônio não sentiu empatia, foi a primeira vez que ele não viu aquilo como uma criança como as suas, em sua perspectiva, se aquilo tinha o rosto daquele urso, nada de bom sairia daquela "criança".

— Caía fora, nunca mais apareça na minha frente — Pac bufa e rosna em português, pouco se importando se o pequeno ovo iria entendê-lo.

O pequeno ovo o encara atentamente, tremendo e amedrontado, se afastando sem tirar os olhos do ser sobrenatural à sua frente. Pac rosna, ameaçando libertar um rugido, essa ação vez o pequeno ovo sair em disparada entre as árvores que cercavam a casa do cientista.

Sem a criança por perto, o demônio aquieta seus instintos, sua respiração finalmente se estabilizando e o vermelho deixando sua visão, novamente o brilho dourado voltando às duas íris. Pac vira vagarosamente para a sua casa, vendo um cartaz sem sua porta de entrada, um anúncio da instituição de merda que mandava ali, ele só pode rosnar até notar algo peculiar, uma mensagem.

Irritado e desconfiado, o demônio carmesim viajava até o centro, indo até onde seria padaria local, lá um doce coelho malhado trabalhava e vendia as coisas para os moradores e seus filhos. Assim que a padeira o vê, suas orelhas antes abaixadas se levantando, um sorriso enorme em seu rosto deixa Pac extremamente confuso enquanto se aproximava do balcão.

O coelho marrom e branco saltita de forma ansiosa e nervosa para perto do cientista, com um livro estendido, ele olhava para os olhos pretos e nervosos, ele olhava para os lados como se quisesse garantir que fosse só eles ali. Pac franze as sobrancelhas em desconfiança antes de agarrar o livro e o abrisse.

"Você é Pac, né? Pai de Richarlyson e Ramon! 

Eles precisam da sua ajuda, suas definidas localizações estão aqui:

Coordenadas Richarlyson: xxx

Coordenadas Ramon: xxx

Ajuda suas crianças."

 Pac passa o polegar sobre os números das posições de seus filhos, seus olhos estavam vidrados naquelas coordenadas, uma onda imensa de alívio e esperança invadindo seu peito.

A cor vermelha se esvaindo aos poucos de seu corpo, o dourado voltando para onde pertencia em suas roupas e olhos, deixando o sentimento carmesim ir embora. O amarelo de alegria e esperança tomou conta de seus instintos, ele tinha que resgatar seus filhos.

— Obrigado... — Pac disse com os olhos brilhando enquanto agradecia ao padeiro.

 O coelho saltita alegremente, enquanto movimentava as mãos para que o demônio dourado andasse. Pac não pode deixar de sorrir, esperança correndo por suas veias enquanto saia em disparada para ir ao encontro de seus filhos.

 Isso não o impediria de encher aquela criatura e aquele urso de flechas envenenadas, ele ainda havia se tornado um demônio no fim das contas, e iria incendiar o mundo para proteger os seus.

Notes:

— Não falo nenhum outro idioma de forma fluente, mas fique a vontade para falar no seu idioma de preferencia

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Chapter 8: Circulos em uma plantação de milho

Summary:

Pac é um alien que vive no meio dos humanos a um bom tempo, mas um evento errôneo faz com que ele se revele ao homem que ele amava.

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso ! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capitulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificado no titulo

— Historias inspirada na arte de @/Lolk no twitter e bluesky

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

Teste social, número 06: Vivência pacífica entre humanos e extraterrestres

  [Criador por Federação, Census Birius, experimento comando por Elena].

 

Em processo…

 

 Já estaria completando um ano que Pac havia se mudado para Quesadilla naquele dia seis do outono, ele havia se interessado — ou melhor, atraído a força — para aquela cidadezinha do interior, que tirando as crianças da cidade, não deveria ter mais do que trinta habitantes, era um local muito pacífico e bom de se morar.

 Era uma cidadezinha tão pequena e pouco povoado, mas cada um daquela cidade tinha uma peculiaridade, como o fato de cada um ali falar pelo menos dois idiomas — Pac falava três, mas ninguém precisava saber sua língua materna. 

 Quando Pac chegou na cidade, começou a trabalhar no comércio de Jaiden, um mercadinho de bairro muito simpático e bem organizado. Mas logo o lugar se tornou seu, pois a dona precisou retornar à cidade natal para cuidar de um membro doente da família, e sem data de retorno, Jaiden passou o comércio para que seu fiel ajudante continuasse o legado do pequeno mercado. Foi trabalhando ali que Pac pode conhecer todos da cidade, e praticamente virar pai de um enérgico garoto chamado Richarlyson — seu pai mesmo era o bibliotecário da cidade, Felps, mas o pequeno adotou o homem como figura paterna também, Pac não poderia recusar.

 Apesar da vida simples e pacata de viver no campo, havia um detalhe que ninguém sabia sobre o dono do mercadinho. Pac não é humano, ele é um alien que vive entre os terráqueos, isso era bem comum na realidade e até mesmo existia algumas pessoas que sabiam de suas existências mas nunca os encontraram, e o alien esperava que continuasse assim.

 

°

 

 Já era noite por volta das dez quando Pac finalmente fechou o mercado após fazer uma faxina noturna de respeito. Ele se empenhava muito em manter o comércio o melhor possível, para honrar o trabalho duro que Jaiden teve ao abrir e gerenciar aquele lugar.

 Enquanto terminava de trancar a porta dupla do mercado, quando ruídos chamam sua atenção, fazendo Pac se virar para o causador do som. Phil é o velho pescador que mora na beira da praia, casado — de forma platônica, não confunda — com Missa, mas o velho corvo, como é conhecido, sofreu um acidente a um tempo, deixando suas costas e braços com marcas permanentes, além de diminuir sua locomoção.

 — Boa noite Phil — Pac o cumprimenta em português, sendo recebido pelo olhar terno de Philza que estava agachado, mãos apoiadas nos joelhos.

 — Boa noite Pac — o velho corvo retorna no mesmo idioma, ajeitando a postura para estalar as costas.

 O moreno se aproxima em passos rápidos do outro, Pac não era a pessoa mais nova do vilarejo, mas com toda certeza seu físico e sua energia eram bem maiores do que a do pescador. Ao se aproximar, consegue notar oque estava atrapalhando Phil, sacos de lixo. A coleta geral da vila era feita semanalmente e passava durante a madrugada, todos os moradores tinham que colocar seus lixos na ligeira grande próximo a estação de trem.

 — Posso levar isso para você Phil, tem um atalho pelas montanhas para chegar em casa, não vai me atrapalhar

 — Morar na fazenda tem suas vantagens, né? Fit já deixou você dormir na cama dele?

 Pac começa a gaguejar com a insinuação do pescador, que não parava de gargalhar ao ver o vermelho se espalhar por seu rosto.

 Fit era o fazendeiro local, tendo o maior terreno da cidade, ele e Pac se conheceram na primeira semana do moreno na cidade, quando descobriu que o comerciante estava dormindo em um dos sofás do fliperama do bar. Fit ofereceu moradia, já que ele tinha uma cama velha em sua casa, pedindo em troca que ele ajudasse com os deveres do lar, e assim eles começaram a viver juntos, Ramon, filho do fazendeiro também o aceitando de bom grado.

 Apesar do garoto o deixar envergonhado ao chamá-lo de "futuro pai" após alguns meses de convivência — apesar de sim, ele possui sentimentos por Fit, Pac não estava disposto a reconhecê-los e demonstrá-los tão cedo.

 Pac naquele momento estava levando o lixo de Philza e sua família para a lixeira comunitária perto da estação, quando de repente sente algo se movendo atrás de si. Virando para trás o homem vê um amontoado longo e amarelo, reconhecendo de imediato sua própria cauda, fazendo-o olhar para as próprias mãos, vendo a pele em sua coloração azul padrão.

 O motivo de ter uma forma humana era sua bandana vermelha com o símbolo do Pac-man estampado, aquele simples objeto de pano tinha um pequeno dispositivo capaz de distorcer a forma real do homem, tirando suas características alienígenas e o deixando semelhante a um terráqueo. Mas desde que se sentiu atraído e se mudou para Quesadilla, o aparelho vem mostrando defeito, desativando em momento infortúnios, mas não importava o quanto o alien olhava, nunca encontrava a falha.

 Vozes são ouvidas ao longe, Pac sente um arrepio percorrer todo o seu corpo o que o faz levitar sutilmente do chão e se impulsionar para se esconder atrás da lixeira — por pouco quase não indo para dentro dela.  O alien não conseguiu distinguir as vozes, mas claramente eram os mais jovens da cidade, provavelmente vindo para se divertir em um local longe da vista dos mais velhos, Pac se viu em uma situação complicada, ele tinha que sair dali o mais rápido possível, o pânico crescendo em seu peito.

 O alien levita vagarosamente até o teto da estação de trem, espremendo os olhos para localizar o grupo de adolescentes, antes de se virar e se impulsionar para a direção da fazenda.

 Ele não sabia o motivo do dispositivos falhar, e apesar da maioria da sociedade saber da existência da sua espécie e até saberem um pouco de suas raças e culturas, Pac tinha muito medo e insegurança de se expor na frente das pessoas, então apesar de estar indo para casa, ele nunca iria aparecer na frente de Fit ou Ramon daquele jeito.

 Voando em direção aos terrenos da fazenda, Pac aterriza na beira do milharal, se encostando contra as árvores que estavam por ali, teria que esperar o dispositivo voltar a funcionar de boa vontade, isso poderia levar a noite inteira, obrigando Pac a dormir fora de casa ou até mesmo voltar ao mercado, tendo que dar uma desculpa a Fit por seu sumiço.

 A falha no dispositivo nunca irritou tanto seu dono como naquele momento, ele só queria estar em casa na companhia do fazendeiro e daquele doce menino, mas ele não poderia aparecer só jeito que estava, iria assusta-los. Pac se sente tão frutrado que ele acaba batendo muito forte seu corpo contra a árvore atrás de si, fazendo os pássaros ali gritarem e voarem para longe, causando um grande tormento.

 — Merda… — Pac pula em seu lugar ao escutar um grito vindo de longe.

 O barulho dos pássaros tão tarde da noite deveria ter assustado Fit, que deveria ter saído de casa para averiguar oque estava acontecendo. Pac se viu desesperado, ele não poderia deixar seu amigo o ver daquele jeito, mas sabia como o fazendeiro poderia ser um tanto paranoico às vezes, não queria causar no homem uma crise de estresse desnecessariamente.

 O som de passos e da plantação se movimentando assustaram o rapaz, levando ambas as mãos ao rosto para tapar a boca e suprir um grito.

 — Eu sei que tem alguém aí! — a voz grave sem dúvidas era de Fit, ele estava caminhando em direção ao alien escondido — apareça!

 Uma hora ou outra o fazendeiro iria o achar, sair correndo ou voando dali não iria fazer diferença, na verdade poderia ocasionar no alienígena levantando uma bala alojada em alguma parte de seu corpo.

 Com um pouco de coragem reunida, o alien se move lentamente saindo de seu esconderijo, se revelando ao fazendeiro que já estava na linha de divisão da plantação com as árvores. Eles se encaram, o brilho tímido e medroso presente nos olhos de Pac, enquanto Fit tinha um olhar de espanto ao ver a figura diante de si, desacreditado.

 — Hey Fitch…boa noite — o azulado diz baixinho, como se tivesse medo de falar mais alto.

 — Oque? Não…oque… — o fazendeiro balbucia questionamentos sem contextos, as palavras haviam fugindo dele.

 O alien se aproxima lentamente, seus pés ainda acima do chão, as pequenas luzes de suas antenas estavam com um brilho fraco, mas o suficiente para que iluminasse sua expressão facial. Olhos grandes e dilatados, enquanto se aproximava lentamente de Fit, que ainda permanecia com a arma apontada para o azulado.

 Pac não sabia exatamente oque fazer enquanto se aproximava de seu amigo — sua paixão. As mãos do alien pousam sobre o cano da arma, ele já não estava mais na mira do objeto, mas teria que admitir que odiava o ver segurando aquilo. Sua outra mão vaga até segurar o ombro do fazendeiro, seu toque pareceu enviar choques pelo corpo de ambos, mas mesmo assim Fit ainda tinha os olhos fixos e desacreditados em Pac, o azulado não conseguia distinguir se aquilo era surpresa ou medo.

 Ele já o tocava e havia  conversado — mesmo que brevemente — com ele, não sabia mais como fazer Fit sair daquele estado de choque.

 Uma ideia surge em sua mente, ele poderia fazer aquilo, mesmo que acabaria por revelar algo que ele gostaria de guardar só pra si, mas se fosse o único jeito de fazer o fazendeiro acreditar no que via, mesmo que Pac desejasse que magicamente pudesse voltar a forma humana e fazer Fit acreditar que estava exausto demais e havia imaginado coisas — desde o alien até mesmo aquilo que ele iria fazer em seguida.

 Um suave impulso para frente faz Pac pressionar os lábios contra os de Fit, praticamente apenas um selar entre os dois, mas com pressão o suficiente para transmitir a mensagem de que o azulado era real e estava ali. O alien sente o humano estremecer e suspirar sobre o sutil beijo, abaixando lentamente a arma em mãos.

 Foi um selinho, uma pressão rápida que se encerrou rapidamente com Pac se afastando, seu rosto deveria estar corado pois o sentia queimar. Apesar da falta de iluminação, as pequenas e luminosas antenas do azulado foram o suficiente para o presentear com a visão das bochechas vermelhas do fazendeiro.

 — Pac?

 — Oi Fit… — Ele sorri pequeno, um sorriso tristonho, mesmo estando feliz que sua paixão havia acordado do estado de choque inicial — Eu…acho que você não esperava por isso, né?

 O alien se afasta do fazendeiro, o vendo abaixar completamente a arma que tinha em mãos, deixando-a no chão batido e terroso abaixo deles, os pés de Pac finalmente tocam o terreno também.

 — Acho que você deve estar…talvez em choque, certo? — Pac leva a mão até a nuca, envergonhado pela maneira como tudo ocorreu — Desculpa eu…acho que você não vai me querer mais por perto, né? Depois disso tudo — ele gesticula com as mãos para si mesmo.

 — Espera oque?! — Fit exclamou, incrédulo — Pac e…

 — Tá tudo bem…eu realmente entendo, eu vou indo, amanhã eu volto e pego minhas coisas, dormir no mercado não é tão ruim… — Pac se vira, começando a levitar para retornar ao comércio, apenas para não incomodar o fazendeiro.

 Antes que o alien pudesse se afastar ou levitar mais alto, dois braços passaram por sua cintura e o seguraram com força, sentindo um rosto pressionado contra suas costas, ar quente contrastando com o ar frio do outono.

 Pac sentiu todo o corpo esquentar, seu coração parecia querer pular para fora pro peito, não é como se ele nunca tivesse sido abraçado por Fit, o problema era todo o contexto do momento que eles estavam, o fazendeiro não queria o deixar partir, mesmo depois de vê-lo.

 — Não vá Pac, você ser assim não muda nada do que eu sinto ou acho de você — Pac estremece com a verdade daquelas palavras — eu entendo completamente você ter escondido isso, mas vamos conversar antes, por favor não fuja assim

 O coração do azulado iria explodir, ele tinha certeza disso.

 

°

 

 A única luz da casa era o pequeno abajur ao lado do enorme sofá verde musgo da sala, Fit estava sentado encostado contra as velhas almofadas, enquanto Pac estava deitado com a cabeça no colo do fazendeiro, enquanto as mãos calejadas brincavam com seus cabelos e suas antenas.

 — Você estava com medo da nossa reação? — Fit pergunta, enquanto sua mão desce para acariciar atrás das orelhas pontudas de Pac.

 — Sim…eu sei que a sociedade sabe sobre nós, mas não é comum…saberem das nossas formas reais — ele se encolhe — fiquei com medo de você me rejeitar

 — Como se sua aparência importasse — Fit bufa, fazendo Pac franzir a testa, antes que o dedo do fazendeiro a pressione — eu não ligo se você é um humano ou um alien, se essa é sua forma real ou não, só quero que seja honesto comigo

 A recomendação de Fit faz o coração de Pac doer dentro do peito.

 — Você está bravo? 

 — Eu nunca ficaria bravo com você Pac — o fazendeiro sorriu de forma terna — eu entendo o motivo de você ter escolhido esconder isso, mas nunca mais se esconda de mim, ok?

 — Tudo bem… — o azulado consegue relaxar — Mas e agora?

 Os dois trocam olhares por alguns segundos um silêncio confortável pairando sobre eles, Pac adorava esses momentos, pois adorava apreciar o rosto pensativo do seu…parceiro? Ele não sabia como chamar Fit naquele momento.

 — Bom, você já mostrou muita coisa lá fora — o rosto de ambos ficam corados sobre a luz fraca do abajur em conjunto com a iluminação das antenas do azulado — mas precisamos ir rápido? Tipo…eu gostaria de levar você em um encontro antes de um namoro oficial

 Os olhos de Pac se arregalaram e brilham intensamente, enquanto Fit tinha um brilho tímido e sorriso pequeno em seu rosto, fazendo um convite indireto para o homem em seu colo.

 — Eu adoraria Fit, amanhã? 

 — Wow, calma calma calma , vamos devagar

 Os dois homens caíram em gargalhada, torcendo para que elas não acordassem o menino fascinado pelo espaço que dormia no andar de cima.

 

Teste concluído…

 — Status do teste social: aprovado

 

[Elena será promovida em breve…]

Notes:

— Não falo nenhum outro idioma de forma fluente, mas fique a vontade para falar no seu idioma de preferencia

— Essa historia foi escrita e posta também em outra plataforma e estou a disponibilizando aqui tbm

Chapter 9: Problemas com o frio

Summary:

HC: SoulFire era amaldiçoado

"Após a separação do time verde, seus antigos membros agora tem que se acostumar com a maldição gélida dos SoulFires, mesmo que você não goste dele...talvez haja alguém que possa ajudar, pois em algum momento talvez não tenha mais calor"

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso ! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capitulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificado no titulo

Chapter Text

Os SoulFires eram amaldiçoados pelo frio gélido, desde o primeiro dia que eles foram jogados naquela terra esquecidas pelos deuses, todos os membros do time azul tiveram que se acostumar com o clima congelante, pois mesmo longe do bioma congelado, o frio os acompanhava e os atormentava.

Eles se acostumaram com o tempo, criando uma rotina e táticas para fugir

Após o dissipamento dos destemidos "GreenGayNinjas", alguns de seus membros foram escolhidos e acolhidos pelos SoulFires.

Quando eles tiverem que escolher os membros que iriam para SoulFires, não precisou que Tubbo e Pac se olhassem duas vezes para que a primeira escolha fosse o veterano careca de 2b2t — o cientista não conseguiu se conter e o abraçou com força, quase o derrubando no chão com o impacto, além de implorar que o perdoasse por ter estado presente durante sua queda alguns dias atrás.

— Eu acredito em você, Pac — Fit esclarece, após ter ouvido todo o discurso choroso do brasileiro, retribuindo o forte abraço, ele também estava com saudades.

— Ei, aqui — o cientista retira de seu bolso uma faixa azul, estava um pouco desgastada, mas iria servir pro propósito. Pac cuidadosamente desamarra o tecido verde que estava na testa do careca, amarrando a de cor azul em seu lugar

— Obrigado — Fit agradece.

— De nada! — Pac sorri.

— Parem de ser Gay! Esperem chegarmos na base — Tubbo grita antes de ser acertado por alguém.

— Deixe-os em paz seu endemoniado — Bagi repreende seu líder.

Pac e Fit só podem rir, pelo menos com a amiga eles não irão precisar ficar ouvindo Tubbo reclamar em seus ouvidos por um tempo.

 

°

 

Após a "reunião" de divisão do antigo time verde, Tubbo guiou seus novos membros para sua verdadeira base, uma enorme caverna que eles abriram e esconderam suas preciosidades, mas estavam constantemente na praia para que pensassem que aquele era seu local de descanso.

Foi informado desde o momento que chegaram na praia sobre a maldição do time azul, um frio eterno que os perturbavam aonde quer que fossem.

— E como vocês lidam com isso? — Bagi questiona.

— Durante o dia costumamos só a usar roupas pesadas e carregar comidas quentes — Pierre explica — o mais difícil é durante a noite, sempre precisamos dormir amontoados próximo a lareira.

— Vocês se acostumam com o chulé do Tubbo depois de um tempo — Tina brinca.

O jovem líder repreende sua soldada, que apenas ria e se escondia atrás de Bagi. Por outro lado, Fit se encontrou estático com a informação, seus instintos paranoicos o deixando desconfortável. Nem mesmo no seu time anterior ele dormia junto aos demais, ele tinha uma base separa para si mesmo, mas não sabia se essa seria a melhor opção cogitando a estratégia adotada pelo seu novo grupo.

O veterano nunca foi alguém muito fácil de se ler, ele conseguia disfarçar muito bem certos aspectos e emoções — suas paranoias e medos eram um deles — mas não quer dizer que eram invisíveis, sempre havia algum sinal que algo estava errado, pupilas finais e trêmulas, mãos suadas e mandíbula travadas. Pontos que apenas uma pessoa sabia ler a um tempo atrás, seu filho, mas nos últimos tempos Pac também entrou nessa lista.

Sabendo como ler os sinais de seu amigo, o cientista espreme levemente os olhos, vendo os claros sinais de nervosismo do outro, ele decide intervir:

— Fitch... — o brasileiro o chama baixinho, se ponto na frente da visão do mais alto.

O americano pisca algumas vezes, suspirando enquanto guiava seu olhar para o rosto de Pac.

— O-oi Pac — Fit fala um pouco mais baixo do que de costume, seu peito estufando enquanto desvia para ver o resto da base.

— Ei! — o brasileiro o chama novamente, guiando o olhar do outro para ele novamente — Não precisamos dormir com os outros

O veterano mostra uma expressão confusa em seu rosto com o comentário do cientista, inclinando a cabeça levemente para o lado, buscando explicações.

— Nós dormimos todos juntos pois facilita, menos cobertores e tal — Pac dá de ombros — mas não quer dizer que somos obrigados a fazer isso

— Não vou dar esse trabalho — Fit afirma

O brasileiro bufa, entortando os lábios em desaprovação com a fala do amigo, antes de começar a andar para uma área mais afastada do início da base.

— Venha! — Pac grita para o veterano.

Fit bufa, balançando a cabeça em negação pela teimosia do amigo, mas não conseguia impedir um pequeno sorriso escapar de seus lábios pela preocupação proferida a ele.

Sem muita escolha, ele segue o brasileiro até uma abertura na caverna com uma cama grande e uma pequena ao lado, está que estava lotada de cobertores e cobertas extra, além de uma pequena fogueira desligada, parecia não ser acessa a um bom tempo.

— Aqui era para ter nosso dormitório, mas desistimos de ideia por que não queríamos deixar a base ainda maior — Pac explica, puxando uma única cortina que não fechava toda a entrada, deixado uma fresta para que pudessem observar o lado de fora.

Fit observa o lugar, era grande o suficiente para poucas pessoas se acomodarem, provavelmente três ou quatro no máximo, mas também era pequeno o suficiente para que a pequena fogueira esquentasse o ambiente inteiro. Desde que entrou no time azul, o frio era intenso, fazendo-o imaginar se apenas cobertores e a fogueira seria o suficiente para esquentar o corpo de Fit enquanto estivesse vulnerável.

— Você pode dormir aqui...eu recomendaria que mais alguém estivesse com você, calor corporal é muito bom para preservar do frio — Pac tinha começado a divagar sobre fatos científicos, mas para repetidamente — mas se você não tiver ninguém de confiança o suficiente eu enten...

— Você pode ficar comigo se quiser, Pac — Fit o interrompe, falando mais rápido do que ele mesmo pode acompanhar.

Os dois se encaram por oque pareceu horas, olhos arregalados e piscadas confusas, processando oque foi dito. Quando a ficha caiu, Fit levou a mão até a nuca, esfregando o lugar antes de deslizar-lá até o ombro, deixando na junção da pele e da prótese, Pac não estava muito diferente, ele olhava para o lado, um de seus braços estava passando sobre o corpo, segurando o outro próximo a si mesmo.

— Você de fato quer isso? — Pac questiona.

— Be-bem, você é meu aliado, companheiro de armas e colega de quarto! — Fit justifica — E-eu confio em você para não colocar uma faca na minha garganta

O corpo de Pac estremece, seus lábios se tornam uma linha fina em meio ao comentário final do amigo. Demorou dois segundos para que o veterano percebesse o motivo do nervosismo do homem, fazendo Fit arregalar os olhos e segurar os ombros do cientista.

— Ei, eu já disse que acredito em você — ele consola o amigo, de maneira suave — você não quebrou a promessa, você até tentou impedi-los, está tudo bem Pac, eu ainda confio em você

O corpo do brasileiro relaxa, um suspiro trêmulo escapando de seus lábios enquanto sua cabeça cai para encarar o chão, parecendo mais relaxado.

Não demorou muito para que a noite caísse após aquela conversa, o dia havia sido reservado para a adaptação dos membros aos seus novos times, então não havia missões ou objetivos a serem cumpridos.

Todos haviam começado a se arrumar para dormirem em torno da fogueira principal, a chama azul parecia mais confortável do que o fogo comum. Todos comiam ao redor do centro, Pac e Fit eram os mais afastados do restante, comendo sentados nas cadeiras coloridas construídas pelo cientista — ele sempre teve um senso incrível para decoração de construção, isso ninguém poderia negar, e se negassem, Fit iria resolver no diálogo.

A dupla também foi a primeira a se retirar após a refeição, se escondendo no pequeno quarto. Pac estava sentado na cama maior, ajeitando uma boa quantidade de travesseiros e cobertas para manter ambos aquecidos, enquanto Fit acendia a pequena fogueira. Assim que as chamas se levantam dos galhos secos, um vento frio faz os dois homens se arrepiarem, o frio envolve às chamas e as apagam, dando espaço para que a luz azul tomasse o seu lugar.

Fit não pode deixar de ficar surpreso com a mudança repentina de cores e de temperatura.

— Isso é bem normal, as luzes só ficam normais em tochas ou lanternas — o veterano se vira, olhando para o cientista que estava em pé ao seu lado agora.

— Entendo — Fit olha para as chamas mais uma antes, antes de se levantar e seguir Pac ao local onde iriam dormir naquela e as demais noites.

Apenas até recuperarem suas crianças.

O cientista se deitou à esquerda, próximo a parede por insistência do veterano, querendo ter certeza que nada iria atacar suas costas. O careca ficou a direita, apesar do posicionamento deixar suas próprias costas desprotegidas, ele tinha visão pela fresta da cortina, oque o deixaria ciente de um possível perigo se aproximando.

Aos poucos os sons exteriores foram se esvaindo, deixando apenas o crepitar de ambas as fogueiras. O frio ainda existia e penetrava os ossos cansados do soldado, que bufa insatisfeito com o quão inútil estava sendo tentar se aquecer.

— Fit? — ele abre os olhos, encontrando um brilho azulado refletindo nas orbes escuras de Pac, a luz de coloração fria emoldurava bem os traços do rosto, deixando que mesmo na escuridão fosse possível ver as feições preocupadas — Ainda com frio?

— Sim, isso é tão estranho, os invernos em 2b2t eram até piores — Fit divaga em suas lembranças, aquela ilha infernal lembrava o inferno que ele viveu por anos, a diferença é que ele conhecia e era conhecido de todos que ele precisava lutar contra naquele momento.

— Podemos ficar mais perto, acho que ajudaria — Pac sugere.

Poderia ser uma brincadeira, mas no fundo existe um sentido e um pouco de verdade na fala do cientista. O veterano não responde, apenas se move, apenas centímetros os separavam naquele momento, mas agora que estavam perto nenhum deles sabia exatamente como prosseguir, estavam tão perto que o frio não parecia mais estar presente.

Fit estava tão perdido na sensação do calor aconchegante que emanava de Pac que percebeu no último segundo os braços do cientista pairando sobre isso. A noção disso o assustou levemente, fazendo tencionar os ombros, consequentemente fazendo Pac retrair os braços, diminuindo o calor.

Ele se arrependeu amargamente.

— Desculpa — Pac faz uma careta, sorrindo de forma desengonçada por ter sido pego no meio do caminho — achei que pudesse ajudar

Fit pisca algumas vezes para processar a visão a sua frente, todos os traços, ações e sensações que Pac lhe causavam seriam sua morte algum dia.

O veterano novamente optou por não responder de forma verbal, ele agiu, colocando os braços em torno do tronco de Pac e deixando sua cabeça descansar logo abaixo do queixo do cientista. Ele pode sentir por um segundo o amigo ficando tenso, antes de relaxar e envolver os braços ao redor dos ombros de Fit.

Desta vez o calor poderia ser considerado insuportável, poderia haver vários fatores para que tudo parecesse tão quente e ambos os corações estivessem acelerados, mas nenhum deles pensaria demais sobre isso, estavam envolvidos e longe de qualquer frio que pudessem os atingir e onde nenhum pesadelo iria encontrá-los.

 

°

 

 Os trovões eram ruídos aos longe dentro de sua mente, as gotas de chuva se misturavam ao sangue as lágrimas, limpando gradualmente a sujeite de seu corpo destruído.

Ele não sabia quanto tempo eles tinham, mas iria ficar até o último segundo ali, abraçando a alma de seu primeiro e único amor — ele não acha que seja capaz de amar outra pessoa como amou Pac.

 Seu amado não estava mais vivo, não respirava e não transmitia o calor que ele tanto sentia falta. Ele estava tão frio agora, sua alma solidificada tinha uma coloração azulada, as flores de mesma cor cresciam em regiões específicas de seu corpo, locais que foram marcados de alguma forma, enquanto seus olhos eram um brando opaco, que mesmo sem pupila transmitia tantas emoções. Fit estava abraçado a sua alma — mesmo que não achasse que fosse possível — sentindo todo o frio que ele oferecia.

 — Me desculpa — a voz de Pac é um sussurro ecoante, e por mais que isso não acontecesse, Fit sente como se o peito do outro tremesse ao suspirar — Não queria que sentisse frio, sei como você o detesta

 Fit fecha os olhos com força, ele estava sem lágrimas para derramar. Ele abraça seu amado com ainda mais força, ele congelaria naquele frio infernal que estava sendo oferecido a ele se assim fosse preciso.

— Não queria que você estivesse frio — a voz do soldado sai fragmentada, quebrada pelos soluços — eu deveria estar aqui...para podermos destruir eles juntos

— O importante é que tudo vai acabar, certo? — os braços de Pac envolvem ainda mais os ombros de Fit, lábios frios pressionando contra a testa do mesmo — e eu esperei por você...me desculpe por não ter aguentado apenas um pouco mais...foram tempos difíceis

— Você está aqui — Fit se senta na lama, se encostando contra a lápide de Pac, trazendo a alma dele junto consigo — você cumpriu outra promessa...mais de uma na verdade, eu fiz a escolha certa ao confiar em você, Pac...

 

Nenhum deles sabia o quanto tempo ainda teriam antes da bomba explodir, mas o frio já não os incomodava mais, eles iriam permanecer ali, até que a hora chegasse e ambas as almas pudessem descansar em paz.

Chapter 10: Intensidades da vida

Summary:

AU: Máfia(?)

"Fit é um policial que apenas gostaria de passar sua folga com seu namorado e filho, mas é impedido por seu chefe que o pediu um relatório de última hora sobre a máfia que ronda a cidade."

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificada no título

— Histórias inspiradas na arte de @/Lolk no twitter e bluesky

Chapter Text

 Um grande grupo mafioso rondava pelas sombras da cidade, após os primeiros ataques eles ficaram conhecidos como "Morning Creaw", pois diferente de outros criminosos eles tinham o costume de efetuar seus esquemas nas primeiras horas da manhã, antes do sol nascer Praticamente nenhum de seus membros eram conhecidos: nem nome, nem aparência.

  As únicas informações que a polícia possuía sobre eles, era o símbolo que carregavam, um arco e flecha, e o nome de seu líder, Tazer .

 

°

 

  Já era tarde da noite quando Fit sai do escritório de seu chefe, Madagio, o policial respira fundo em aborrecimento, irritado por ter recebido um serviço justo em sua semana de folga.

 — Serviço de última hora? — o careca se vira para o homem de olhos azuis encostado na parede ao lado.

 Cellbit era o colega de trabalho mais próximo de Fit, eles se davam bem e tinham uma boa sincronia no trabalho, e se entendiam por conta da semelhança entre seus parceiros amorosos.

 — Sim, aquele cara realmente não tem modos, não é minha culpa que ele é um velho dos gatos — Fit suspirou irritado.

 — Seu namorado não gosta de gatos?

 — É diferente, Pac convive e entende outros seres humanos, diferentes daquele cara — Fit encara a porta atrás de si — Bom, tenho que buscar Ramon, boa noite Cellbit

 Os colegas se despedem, o policial careca segue para seu carro sem perder o ritmo, estava muito ansioso para chegar em casa e aproveitar sua noite ao lado de seu lindo medido e seu incrível namorado brasileiro.

 Não demorou muito para que Fit estivesse na frente do apartamento de Tubbo com Ramon adormecido em seus braços.

 — Ei Tubbo, você foi para o escritório hoje? — o careca pergunta, enquanto ajeita o menino em seus braços.

 — Sim, por favor tente acalmar seu namorado, ele estava um saco de suportar hoje 

 — Tentarei meu melhor — Fit ri.

 Uma curta viagem de carro após sair do apartamento de seu amigo, o policial estacionou numa vaga específica para ele no pátio de um grande prédio comercial. Fit olha para cima avistando a fachada, "Chume Labs", o lugar era gerenciado por seu namorado e a empresa era especializada em produtos farmacêuticos, possuindo um grande laboratório que era comandado pelo irmão de Pac, mas o mesmo estava mais presente na zona financeiro e comercial dos negócios.

 Sem pressa, Fit pega seu filho nos braços, vendo os olhinhos sonolentos do menino de nove anos piscando lentamente, processando onde estavam.

 — Está tudo bem meu garoto, só vamos buscar seu outro pai no escritório — Fit consola o filho, acariciando seus cabelos e conduzindo a cabeça para seu ombro novamente.

 O mais novo se aninha contra o ombro do pai, suspirando e voltando ao mundo dos sonhos, despreocupado após saber onde estavam.

 Adentrando ao prédio, ainda existiam alguns funcionários como Bagi que era o braço direito de Pac, a mulher conversava distraidamente com Philza e seu marido Missa, os três apenas acenam para Fit, um cumprimento simples e um "boa noite" murmurado. Ele era próximo de vários membros que trabalhavam ali, mas ninguém ousava o tratar com desdém, não seria de bom tom tratar com desprezo do namorado ou filho do chefe.

 Uma rodada de escadas e uma subida de elevador depois, Fit abre uma das portas duplas que levava ao escritório de Pac, era uma sala simples e sem muitos móveis, apenas a mesa principal com os computadores e no canto dois enormes sofás com uma mesa central. O moreno que se encontrava em sua mesa levanta o rosto dos papeis que olhava, parecia pronto para expulsar quem entrou, mas sua carranca se dissolve no primeiro segundo que vê sua família na porta.

 — Olha se não são meus Nenéns — Pac deixa o sorriso crescer em seu rosto.

 — Oiê meu bem querer — Fit cumprimenta em português, já estava praticando o idioma a anos, mas ainda tinha dificuldade em ter uma conversa completa no idioma — dia difícil?

 — Você não sabe como — Pac se levanta de seu assento, caminhando calmamente até eles, tomando Ramon em seus braços e depositando um selinho nos lábios de seu amado.

 O gerente caminha até os grandes e confortáveis sofás, deixando sua criança sobre as almofadas macias, retirando uma coberta deixada especialmente para os filhos. Pac expira de forma grosseira, se afastando do menino adormecido e caminhando até o namorado.

 O careca não pode deixar de suspirar em empatia pelo amado, desde que adquiriu o codinome de Tazer e Chume Labs se tornou uma fachada para a Máfia, Pac se encontrava mais estressado do que de costume. Assim que estava no alcance de um braço, Fit laçou o moreno com um dos braços, o passando sobre os ombros para os deixar mais perto, sua mão livre se entrelaçando com a de Pac, levando os dedos até os lábios para beijá-los.

 A mão livre de Tazer contorna a cintura de Fit, fazendo ambos estarem quase pressionados um contra o outro.

 — Estou animado para conseguir aproveitar a semana com você e com os meninos — Pac descansa a cabeça contra o ombro do "policial".

 Fit não pode deixar de bufar frustrado ao ser lembrado do segundo motivo de ter vindo buscar o namorado essa noite. Ele virá preguiçosamente a cabeça, descansando o rosto contra o cabelo do amado.

 — Desculpa meu senhor — Fit suspira, subindo a mão para acariciar os fios macios — meu chefe me deu uma missão de última hora, tem a ver com o pessoal da empresa

 O policial sente a aura do namorado mudar um ar tenso tomando conta do ambiente ao redor deles, um aberto de ferro em torno da cintura do careca, Fit não consegue deixar de sorrir, sabendo que a ira do outro homem não era direcionada a ele, mas mesmo assim, ele amava seu homem perigoso .

 Pac afasta a cabeça do ombro do policial, seu rosto estava sério e inexpressível, os olhos escuros se encontram com os hazel.

 — Eu ainda irei colocar aquele velho caquético no lugar dele — Fit sorri em meio a ameaça proferida por Pac, antes de sentir a mão do mesmo subir e cobrir sua bochecha — você sabe que posso colocar qualquer pessoa no seu lugar, né? Ninguém está obrigando você a permanecer nesse cargo

 Tazer se inclina para frente, descansando sua testa contra a do policial, esse que respira fundo, aproveitando a aproximação e a preocupação para consigo. Os lábios de Fit se curvam em um sorriso, enquanto ele se afastava, de abaixando sobre um dos joelhos enquanto o olho permanecia levantado.

 — Eu não me importo, Pac — o polegar roça suavemente o material dourado no dedo anelar do amado — é uma honra para mim servir a você, ser seu subordinado é uma benção

 — Eu diria que é uma maldição — o moreno pondera, mas seu sorriso revelava uma admiração pura pela declaração de seu subordinado.

 Fit capturou o sorriso adorável de Pac, fazendo beijar logo acima do anel dourado, sentindo o material frio contra seus lábios enquanto seus olhos nunca deixavam os de seu verdadeiro chefe.

 A troca de olhares era intensa, uma troca de informações silenciosas, como se lessem suas mentes, sem a necessidade da fala.

 — Espero que nosso estilo de vida não atrapalhe os meninos — Pac se pronuncia, deslizando sua mão por entre a de Fit, segurando-a e o deixando sobre os pés novamente.

 — Acho que eles gostam de viver de forma intensa — o policial diz, imitando o sorriso pequeno do moreno — pronto para ir para casa? Suponho que Tina está em casa com nosso segundo pivete

 — Sim, ela só está esperando nosso retorno — Pac explica, enquanto caminhava até os sofás.

 Ainda com a coberta sobre os ombros de Ramon, o garoto é tomado pelos braços novamente, sua cabeça agora descansando contra o ombro de Tazer.

 

 O casal faz uma viagem muito tranquila até sua residência, uma casa simples mas bem equipada, longe da cidade é envolvida pela vegetação, seu único espaço de tranquilidade no meio da vida agitada e das intensidades das suas missões.

 

Chapter 11: Inseguranças Pt1

Summary:

AU: Moderna

"!Pac tem autoestima baixa, uma de suas inseguranças é precisar usar óculos, mas seu colega de quarto decide mudar isso"

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificada no título

Chapter Text

 Sua cabeça estava latejando enquanto o ônibus parecia balançar mais do que o de costume, seu trabalho na farmácia estar mais agitado do que o habitual não ajudou nem um pouco.

 

 Cursar engenharia química sempre foi o sonho de Pac, desde que descobriu quando pequeno, que misturas coisas gerava reações legais, seus pais adotivos e seu irmão e irmã sempre o apoiaram nesse sonho, foi graças a eles que ele conseguiu passar no vestibular e conseguir uma vaga ótima em uma boa faculdade no Brasil — seu país de origem, junto a seu irmão e pai — ele também conseguiu achar um estágio e um bom apartamento para morar com ajuda de um amigo da faculdade, ocasionando em Pac, ter ganhado um colega de quarto, pois pagar as contas era muito mais fácil com duas pessoas.

 O moreno abre a porta do apartamento, esquecendo momentaneamente sua dor física mental ao avistar seu incrível colega de quarto sentado em seu sofá vintage de cor neutra. Seu nome era Fit, estava cursando fisioterapia, os dois se deram muito bem logo após Tubbo os apresentar, os três acabaram virando um grupo inseparável ocasionando no garoto mais jovem do trio — nomeado de Morning Crew , por todos estudarem no período da manhã — quase morar junto a eles, mas os fim de semana eram reservados apenas para os dois.

 — Oi Pac! Boa noite — Fit o cumprimenta logo que o moreno fecha a porta atrás de si.

 O mencionado tira um segundo para analisar seu colega de quarto, ele claramente havia acabado de tomar um banho após um treino na academia do prédio, seu braço protético estava descansando na mesa lateral, enquanto o bom segurava um livro. Fit estava usando seus óculos de descanso em seu rosto, deixando mais evidentes as pequenas manchas de sol em sua cabeça careca.

 — Oiê Fitch… — Pac mal tenta esconder o sotaque ao pronunciar o nome do intercambista.

 Sim, Fit veio da Flórida para um intercâmbio, seu objetivo era focar em melhorar seu português e cursar fisioterapia. Sempre que possível, dizia o quanto foi incrível para ele sair do sofá do apartamento de seu primo, Philza, e ter encontrado alguém de confiança para praticar o português. O americano aprendia rápido, apesar do sotaque pesado na voz, as pronúncias saiam com exatidão — o intercambista adorava elogiar o quão bom professor o brasileiro era, ocasionando em um Pac envergonhado.

 O moreno caminha até o sofá, deixando a bolsa cair ao lado do móvel enquanto soltava um resmungo e seu corpo tremeu pelo cansaço. O universitário praticamente se joga contra as almofadas do sofá, pegando uma para pressionar contra seu rosto, soltando um grito que era abafado pela mesma.

 — What's up?

  — Dor de cabeça… — Pac resmunga.

 — Quer um pouco de chá?

 O moreno retira a almofada de seu rosto, vendo que o amigo havia desistido de seu livro, estando completamente aberto para qualquer ação e investida de Pac. O citado suspira fundo, balançando a cabeça negativamente enquanto se inclinava em direção ao corpo robusto, este que rapidamente o ajuda a se deitar, posicionando o travesseiro para descansar a cabeça do amigo em seu colo.

 Após o segundo mês que estavam morando juntos, começaram a ser mais receptivos ao toque físico, — principalmente Fit, que nunca foi muito acostumado com o tal — então se tornou comum até na faculdade eles estarem mais próximos, mas em seu apartamento era onde mais tinham essa troca de afeto físico, abraços, massagens e cafunés acabaram se tornando hábitos comuns dos dois universitários.

 Falando em cafuné, Fit se utiliza de sua mão boa e única disponível, para começar o carinho entre os fios pretos e azuis, se dando a liberdade de liberá-los do pequeno laço que os mantinham juntos, sorrindo ao escutar o suspiro de contentamento do homem em seu colo.

 Eles ficam assim por um tempo, em silêncio, mergulhados na companhia um do outro e no aconchego do apartamento. Mas logo a atmosfera é quebrada pelas preocupações de Fit para com seu colega de quarto:

 — Por que não usou seu óculos? Você sabe muito bem que essa dor de cabeça é por forçar demais a visão — o careca o repreende.

 Pac resmungou, virando para abraçar a cintura de Fit e esconder o rosto em sua camiseta, fazendo o mais velho soltar uma risada estrondosa pelo drama do mais novo.

 — Come on big boy, don't be dramatic  

 — Fala português…por favor, não estou com cabeça para traduzir — Pac pergunta gentilmente, sua voz chorosa enquanto pedia aquele favor.

 Fit suspira, ele sabe que o amigo não estava pedindo ou falando por mal, ele diria que as dores de cabeça do moreno poderiam ser quase como enxaquecas por conta da Intensidade e da localização da dor, era razoável ele não querer se esforçar tanto.

 Mas isso preocupava ainda mais Fit, não era saudável para Pac continuar tendo essas dores devido a esforços desnecessários, seria necessário tentar mudar essa situação, ele já foi capaz de abrir os olhos do amigo uma vez — com a ajuda de Tubbo — poderia fazer de novo.

 — Pac — ele chama, recebendo um aperto ao redor de sua cintura, indicando com o moreno ainda estava acordado — tá vivo, ótimo, vai tomar um banho para relaxar, vou preparar um chá para você

 — Ok bigboy, só por que você pediu com jeitinho

 — Come on Pac! — Fit revira os olhos, empurrando o moreno para fora de seu colo.

 Os dois riem da interação, sempre era um momento descontraído quando estavam juntos, a conversa era leve e eles não se preocupavam em serem confundidos com um casal — seus vizinhos já o chamavam assim, e como era difícil tentar convencer idosos de uma ideia, eles apenas aceitam que aos olhos dos outros eles eram um casal.

 

°

 

   Devia ser tarde da noite enquanto os dois homens imitavam duas velhas fofoqueiras penduradas na varanda, olhando o movimento da rua abaixo. Fit estava debruçado sobre o parapeito, sua prótese havia voltado, enquanto Pac estava sentado em uma das cadeiras que tinham ali para relaxar, com duas almofadas de tricô azul e verde — presente se sua irmã Nike, para lembrar a dupla icônica que são seus dois irmãos —, em mãos uma caneca fumegante de café de camomila e laranja.

 O intercambista se vira para ver seu colega de quarto, Pac estava com seu típico moletom azul com o icônico símbolo amarelo, o cabelo preto estava solto e levemente úmido após o banho. Fit não pode deixar de sorrir ao notar que o amigo estava com seus óculos, sabendo que pelo menos ao seu lado o brasileiro se sentia confortável em usá-los.

 — Está bom? O chá? — o careca pergunta.

 — Sim hehehe, fico feliz que você não queimou ele como da última vez 

 — Ah cala a boca, foi só uma vez! E você tinha tomado tudo, eu só descobri quando eu fui tomar — Fit se vira, de costas para o parapeito e de frente para Pac.

 O moreno ri da reação indignada do intercambista, enquanto degustava de seu doce e relaxante chá.

 — Bagi e Tina tem alguma…relação? — a pergunta chama a atenção de Pac.

 O brasileiro olha para cima, vendo apenas a cabeça do amigo inclinado para a rua, observando algo que o chamou a atenção. Pac coça o pescoço enquanto pensava sobre a pergunta.

 — Não é que eu saiba, elas são boas amigas desde que a Bagi teve que fazer um trabalho do curso de jornalismo, e entrevistou a Tina

 — Bom, acho que elas estão indo para um encontro 

 — Nem fudendo — Pac praticamente pula para o lado de Fit.

 Os dois amigos se viram para ver a cena abaixo, as duas universitárias estavam sentadas num banco à frente da praça dos apartamentos, as duas muito bem arrumadas, cada uma segurando um pequeno buquê de uma flor que Pac não conseguia identificar, mas tinha certeza que eram Lírios do vale ou tulipas.

 — Graças a Deus eu estou de óculos para ver essa cena — Pac se debruça sobre o parapeito, sorrindo maliciosamente — eu nunca mais vou deixar a Bagi em paz

 — Você deveria usar óculos mais vezes — o moreno se virou, surpreso, apenas para encontrar Fit o olhando com olhos que gritavam ternura — você fica bonito de óculos

 O estado atual de Pac só poderia se resumir a um completo choque, ele havia sido pego desprevenido e sua reação foi sendo construída aos poucos, primeiro seus olhos se arregalando, seus ombros subindo e um sorriso de surpresa estampando em seu rosto.

 — Nã-não Fitch…eu não fico não, você que fica bem de óculos — Pac leva o dedo até a haste dos óculos de Fit, ajustando o objeto no rosto, desviando o olhar do amigo logo em seguida.

 O intercambista bufa em descontentamento com a teimosia do Brasileiro, ignorando o calor que dominou seu peito.

 — Estou falando sério — Fit segura o queixo de Pac com os dedos, o toque era leve, possibilitando o moreno a se afastar se deseja-se. Ele não o fez, deixando o careca guiar seu rosto para que estivessem se olhando novamente — Você fica bonito com qualquer coisa que esteja usando, por ser você

 A expressão de Pac ganha um acréscimo, um tom forte de vermelho pintando todo o seu rosto, deixando um riso nervoso escapar de seus lábios.

 — Pare de ser tão galanteador assim — ele ri — meu coração não vai aguentar

 Pac adota uma postura dramática, levando a mão livre para descansar contra o peito, pendendo o corpo para trás para enfatizar ainda mais o drama.

 Fit inicia uma onda de risadas a qual Pac embarca junto. O careca passa o braço pelas costas de Pac, fazendo com que seus lados fiquem pressionados um contra o outro, então por hábito o moreno descansa a cabeça no ombro alheio, seu óculos ficando um pouco levantando e torto em seu rosto.

 — Me prometa algo Pac — a voz de Fit era baixa, como se estivesse contando um segredo, um acordo secreto — eu odeio te ver sofrendo, por favor, use o seu óculos sempre que for necessário

 — Mas eu me sinto estranho

 — Você se acostuma, somos jovens adultos, se alguém falar algo sobre seus olhos, é um idiota preso na quinta série — Fit revira os olhos — verdade, se falarem algo eu posso fazê-los usar óculos também, mas vai ser por levarem um soco em seu rosto

 Pac começa a rir novamente, seu braço passando pelas costas de Fit, ficando ainda mais próximos.

 — Eu ia adorar ver isso — os dois riem — eu…eu prometo Fit, vou começar a usar mais meus óculos

 — Esse é meu homem! — o careca abraça seu colega de quarto de forma adequada, cercando os ombros e deixando o rosto enterrado nos fios escuros.

 — Idiota — era para ser ofensivo, mas era possível ouvir a alegria e ver o sorriso nas palavras de Pac — é a segunda vez que você tenta me ajudar com minhas inseguranças, a primeira você e o Tubbo me convenceram que eu ficava bem com o cabelo preso, agora os óculos…

 Fit se lembrava, Pac odiava seu rosto quando os fios estavam presos, mas por conta do tamanho e da falta de tempo para apará-los, a temperatura alta do estado que viviam faziam o moreno sofrer nas estações quentes. Foi uma pequena luta para que o careca e Tubbo conseguissem o convencer a usar um simples rabo de cavalo.

 Os óculos estavam sendo uma batalha também, apesar de Fit ter batido o martelo que mudaria isso hoje, ele estava tentando fazer aquela insegurança ir embora a um bom tempo.

 — Se prepare para eu combater todas elas pelo resto de sua vida — Fit aperta mais mais o abraço, ouvindo o suspiro contente do amigo — se você permitir, é claro

 — Você já mora no meu coração seu careca bobo — Pac se afasta, apenas o suficiente para ver o rosto do outro — eu não sou cego, minha visão pode cansar com o tempo mas eu vejo perfeitamente o'que sinto por você

 Um sorriso bobo estava no rosto de Fit, juntamente ao rosa em suas bochechas. O mesmo pegou alguns fios de cabelo de Pac, aqueles que caiam em seu rosto, e os moveu para o lado, prendendo atrás da orelha junto a haste do óculos.

 — Você também mora no meu coração, Pac — Fit sorri, escorregando amor e carinho — você sabe que Tubbo ficará mais insuportável após isso né?

 — Ah sim, então imagina quando assumirmos o namoro — Pac levanta as sobrancelhas, provocando Fit sobre o encontro que teriam no sábado — estou doido para ver a reação dele

 — Digo o mesmo — o careca olha nos olhos do futuro namorado — acho que precisamos dormir agora, certo?

 Pac concorda animado, mais animado do que alguém que deveria estar a beira de cair no chão de sono. O moreno segurou os lados do rosto de Fit, dando um beijo em sua testa, sorrindo inocentemente ao constatar o estado de choque que havia acabado de deixar o careca.

 — Vamos dormir big boy ? — Pac pergunta.

 — Claro, claro — Fit dá uma risada sem graça, tentando retornar a compostura.

 

 Os dois colegas de quarto adentram seu apartamento, fechando a porta da varanda para que mais ninguém pudesse se intrometer em suas vidas pessoais. Mal sabia eles que Bagi e Tina haviam observado tudo do banco a qual esperavam o ônibus, elas com toda certeza iriam falar dessa fofoca mãos tarde.

Chapter 12: Inseguranças Pt2

Summary:

AU: Moderna; continuação

"Alguns anos se passaram e varias coisas ocorreram. !Fit tem problemas em ficar sem poder escutar, uma insegurança, um medo que surgiu após seu acidente. Seu agora, namorado, talvez tenha um plano para o ajudar"

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificada no título

Chapter Text

 Festas nunca foram a praia de Fit, mesmo que durante a faculdade ele tenha usufruído de algumas, não foi algo muito agradável estar em um ambiente apertado com música alta e jovens adultos exaltados e seus gritos.

 Festas agora não eram apenas um incômodo, mas tinham um significado negativo ainda maior para Fit.

 Enquanto voltavam para casa após a festa de formatura na van alugada por alguns colegas, poderia se notar que quase ninguém estava completamente sóbrio ou calmo, resultando em um acidente. Fit perdeu parte da audição, por causa do estrondo alto que afetou seus tímpanos. Felizmente todos estavam vivos, apesar dessas sequelas que iriam carregar pelo resto de suas vidas.

 E mesmo que já houvesse passado alguns anos desde o acidente, esse trauma e repulsa para com festas ainda permaneciam, além de precisar lidar com as dificuldades que acabaram ao longo do tempo se tornado uma insegurança, uma a qual Fit se viu com dificuldade de enfrentar.

 

Talvez ele não soubesse que alguém estava tentando combatê-la também.

 

°

 

 A porta de casa é destrancada e Fit consegue ouvir passos apressados em sua direção, era sempre uma alegria voltar do trabalho e ser recebido por seus dois filhos. As duas crianças haviam sido adotadas a um bom tempo atrás e já estavam aos cuidados de Fit e seu namorado a pelo menos dois anos, os dois irmãos com idades bem diferentes e davam um certo trabalho por conta de suas personalidades fortes.

 Ramon era a criança mais velha no auge dos seus dez anos, era um pequeno gênio e muito apegado aos seus pais — Fit, principalmente. Sendo uma criança muito quieta e silenciosa e retraída com estranhos, mas em casa demonstrava um lado divertido e carinhoso, constantemente gargalhando e brincando com o irmão mais novo e os dois adultos.

 Richarlyson era o mais novo da casa, tinha apenas quatro anos, próximo a completar seu quinto aniversário. Era muito independente e brincalhão, apesar de ser uma criança muito energética, era uma bênção o fato do garoto não ser barulhento ou bagunceiro, mas apesar desse jeito alegre, você nunca encontraria uma criança mais tímida do que Richarlyson. Mas ganhe sua confiança e você terá um carrapato em seu calcanhar.

 A adoção dos dois meninos foi o principal motivo para fazer o casal adiantar a mudança para a casa nova, pois o antigo apartamento que habitavam desde o tempo da faculdade, não seria mais confortável para comportar uma família de quatro pessoas.

 — Hello my beautiful little boys — Fit soltou um bufo bem humorado ao ver os dois garotos correram em sua direção, se abaixando para receber seus meninos em seus braços, um abraço apertado e caloroso que apenas os dois meninos poderiam proporcionar.

 Sem se importar com a própria exaustão, o professor levanta seus dois meninos em seus braços, se pondo de pé novamente, tirando gargalhadas dos filhos.

 

  Seus ouvidos começaram a zumbir. 

 

 E apesar das crianças serem tranquilas, algumas vezes o estresse doméstico em junção aos conflitos de ser instrutor de academia, faziam com que o americano voltasse com fortes dores de cabeça para casa, mas era teimoso demais para admitir tal fato — isso até o lembrava de alguém.

 Um bufo exausto tirou Fit de seu pequeno sofrimento interno, fazendo o professor olhar para frente e abrir um sorriso ainda maior ao ser presenteado com a visão de seu namorado, este que também lhe dava um sorriso cansado enquanto pulava até eles com o auxílio de suas muletas.

 Pac havia se transformado em um químico extraordinário, estando atualmente trabalhando em projeto muito importante para sua carreira — um tipo de antídoto para os efeitos de abstinências de uma substância muito prejudicial para a saúde, conhecida como Risus ou Happy Pills . Se as pesquisas e o projeto dessem certo, seria uma virada de chave em suas vidas.

 Já fazia um tempo que o químico não ficava sem sua prótese — está foi a sequela do acidente, a perda de sua perna direita — então sempre era uma surpresa quando esses momentos aconteciam, causados por sua maioria por dores fantasmas, mas Pac era adaptável e usava suas muletas com muita maestria desde que elas se mostraram necessárias.

 Algo que nunca abalou o químico foi a falta do membro, na realidade ele aceitou bem oque havia acontecido com óbvio apoio de terapia. O acidente ainda era um trauma, algo a se trabalhar, mas a deficiência nunca se mostrou um incômodo para Pac, tanto que foi o principal pilar para Richarlyson, pois o filho mais novo do casal também não possuía a perna direita.

 Ramon foi mais rápido do que o próprio Fit em quesito reação, ao notar seu pai imerso em seus pensamentos, ele escorrega dos braços músculos e segura sua mão protética, puxando-o para que pudessem encontrar Pac no meio do caminho. Os dois adultos trocam sorrisos cansados devido aos seus serviços e aos cuidados com seus filhos.

 — Oi meu amado — Fit cumprimenta Pac, enquanto o puxava pela cintura e sua mão protética descansava na parte inferior das costas.

 — Oi paixão — Pac diz com um sorriso na voz, se contorcendo pelas cócegas que a barba do namorado fizeram ao beijar sua bochecha — cansado? Trabalho pesado eu imagino — Pac se desfaz temporariamente de suas muletas, confiando totalmente em Fit para o segurar, enquanto o moreno acariciava os cabelos fartos do filho mais novo, que estava muito alegre em estar nos braços do pai americano.

 — Os mesmos idiotas e adolescentes babacas de sempre — Fit reclama e bufa em frustração, descansando a cabeça em cima dos cabelos do namorado — você sabe como é…

 — Vai descansar querido, eu cuido do jantar — Pac poderia estar falando de forma brincalhona e descontraída, mas os outros três integrantes da família sabiam que aquilo era uma ordem.

 Discordar não era uma opção, então Fit apenas acatou os desejos de seu namorido e se deslocou para o quarto que dividiam. O ambiente era silencioso, mas os ruídos do lado de fora e do restante da casa não estavam completamente abafados, por mais que o som da natureza fosse agradável, quando seus ouvidos zumbiam Fit desejava apenas ficar no silêncio absoluto.

 Mas até o silêncio absoluto era um problema.

 Ele estava seguro, não teria problema retirá-los e algo acontecer ao seu redor, mas mesmo que seu corpo desejasse o silêncio absoluto, sua mente ansiosa desejava que ainda existisse algum som. Fit não é completamente surdo, mas quando está sem os aparelhos auditivos são poucas coisas que seus ouvidos conseguem captar, com a grande maioria sendo apenas zumbidos longínquos.

 A porta do quarto se abre, fazendo Fit notar que ficou preso em seus pensamentos por mais tempo do que imaginava. Pac estava parado, se apoiando no batente da porta, seus olhos percorrem pelo americano sentado na beira da cama, era óbvio que o químico sabia ler os sinais de ansiedade e estresse do instrutor.

 — Sabe amor — Pac começa, dando alguns pulos até alcançar a cama — você com essas dores de cabeça, me lembram alguém que eu conheço

 O tom cantarolado do moreno estava recheado de ironia e sarcasmo, arrancando um sorriso ladino se Fit, que olhava para o brasileiro com admiração.

 — Por acaso fui eu, que ajudei essa pessoa a lidar com isso? — o questionamento faz Pac rir, finalmente se sentando ao lado esquerdo de Fit, algo incomum, já que este era onde estava o braço protético do instrutor. Normalmente o químico ficaria ao lado direito, pois com a mão de carne, Fit poderia usufruir melhor do contato físico.

 — Você sempre está me ajudando Fitch — com o clima de brincadeira quebrado, Pac joga as pernas por cima da cama, ajeitando os travesseiros na cabeceira para que trouxesse o maior conforto — e é por isso, que é minha vez de te ajudar!

 A determinação brilhava nos olhos escuros de Pac, refletindo contra a lente de seus óculos enquanto abria os braços, um convite que Fit excita em primeiro momento, mas era difícil recusar algo vindo do namorado, então antes mesmo de perceber ele já estava envolto nos braços de seu amado, sua cabeça descansava confortavelmente na junção do ombro e do pescoço de Pac.

 Os braços fortes do químico cercavam perfeitamente o corpo exausto do namorado, esse que se deixou relaxar por alguns segundos antes de algo passar por sua mente o fazendo instintivamente querer se afastar do estado confortável, mas é impedido por um puxão e um vindo de Pac, que cantarola em seu ouvido:

 — Está tudo bem, já coloquei as crianças na cama, Richas estava exausto e Ramon também — Fit arregala sutilmente os olhos com a informação.

 Ele havia ficado parado, questionando se entrava na imensidão do silêncio por muito tempo, mais do que ele achou que estaria. Fit bufa, se enterrando mais no calor do abraço de Pac, buscando derreter a onda de frustração que inundou seu peito.

 — Fitch? — o chamado era um murmúrio audível, bem rente ao ouvido do professor.

 — Yes my beloved? — Fit responde em meio a sensação de dormência.

 — Foolish nos convidou para o aniversário da filhinha dele, Léo, será neste sábado — a menção a algum tipo de festa faz o corpo de Fit enrijecer involuntariamente — Tubbo disse que quer muito nossa presença…Fitch, olha pra mim

 Era uma tarefa muito difícil para o instrutor realizar naquele momento, foi como acionar um pequeno botão que desencadeou sensações antigas que ele jurava ter enterrado. Poderia ser traduzido para medo.

 Uma mão gentil segurava o queixo de Fit, guiando seu rosto para se encontrar com o rosto bronzeado e marcado de Pac, mesmo com a pouca luz do quarto, era muito difícil não reparar os detalhes do amado. O químico desliza a mão para acariciar a bochecha manchada de Fit, buscando entregar um pouco de conforto durante o processo de aceitar a ideia de participar de uma festa após anos.

 — Só terá nossos amigos, é uma festa infantil será tranquilo — Pac pontua o óbvio — Tubbo me disse que não terá bebida, será totalmente focada em reunir todo mundo e se divertir com as crianças

 — E-eu entendo Pac…os sons são um problema também — Fit fala o segundo ponto que o incomoda.

 — Será na casa de Tubbo! — Pac fica em silêncio por alguns segundos — eu vou estar lá caso você fique sobrecarregado, acho que ninguém vai se importar se sumimos por alguns momentos

 — Eles vão pensar em tanta merda que não teremos sossego depois — Pac ri da zombaria do namorado, uma risada contida, para não acordar os meninos e não aumentar a dor física do homem em seu peito.

 O casal cai em um ambiente silencioso, apenas os sons do exterior se faziam presente entre eles, mas Fit os ignorou quando seus ouvidos de forma inconsciente captaram os batimentos cardíacos de Pac. Eram tremores constantes e rítmicos, uma dupla perfeita com o movimento lento da respiração do moreno, trazendo tranquilidade para o corpo do instrutor.

 Fit havia acabado de descobrir que amava isso.

 

°

 

 Se mais um de seus amigos chegasse gritando em seus ouvidos, Fit não responderia por si mesmo.

 

 Sábado havia chegado e a família Rosa estava marcando presença na festa de quinze anos de Leonarda, filha de um velho amigo do casal. Foolish trabalhou muito tempo como segurança na faculdade onde ambos estudaram, mas por conta de seu jeito leve de viver e seu bom humor, virou parceiro dos acadêmicos ao ponto de passar pano para os "crimes" dos mesmos.

 A festa era de longe algo simples, mas cumpriu com as palavras de Pac, era uma reunião de antigos amigos e suas famílias, alguns com seus filhos. Mas isso apenas deu aval para que os integrantes fizessem o máximo de sons altos que conseguissem.

 Fit estava sentado em uma cadeira afastada da maioria das pessoas da festa, do canto que estava ele poderia ver todas as pessoas da festa, vários amigos e conhecidos que Morning Creaw tiveram ao longo de suas vidas — ainda era engraçado olhar para o grupo que criaram na época da faculdade com esse nome.

 A música estava baixa, mas o burburinho de várias vozes e os gritos repentinos estavam sendo um leve incômodo recorrente. Mas seus olhos ágeis notaram que ele não parecia ser o único com problemas, ao ver sua sobrinha mais nova se aproximando, Sunny. A pequena era um ano mais nova do que seu próprio filho, tendo completado três anos recentemente, seus olhinhos estavam escondidos atrás de uma lente escura por conta da sua fotofobia.

 — Hey Queen! — Fit fala suavemente com a garota, recebendo um sorriso radiante da criança.

 Sunny estica os braços para o alto com determinação, dando pequenos saltos no lugar, sem conseguir resistir ao charme da sobrinha, Fit agarra a garota e a senta em seu colo, esquecendo momentaneamente sua dor nos ouvidos.

 — Oi pa Fit! — Sunny sorri grande — Why are you alone?

  Tubbo vivia no Brasil, mas sua família era originalmente britânica, então constantemente falava em inglês, fazendo sua filha aprender e misturar os idiomas constantemente. Sunny também fala embolado, letras trocadas ou falas rápidas demais, fazendo com que muitos não entendessem a jovem, mas Fit sempre dava um jeito de entender as exigências da filha.

 — Seu pa Fit está com dor de cabeça princesa, mas sou durão, vou  superar isso — o professor exibe seus músculos — vai lá se divertir 

 Ele conhecia sua garota, mesmo com os óculos pode se ver os olhinhos brilhando com algo que Fit não conseguiu distinguir a tempo da menina pular de seu colo e correr de forma desajeitada para algum canto entre a multidão, no qual se o americano forçasse a visão, poderia ver o pequeno raio de sol ao lado do sol de sua vida.

 Pac estava conversando com Tina e Bagi não muito longe dali, ele usava vestes simples, mas como Fit disse a ele anos atrás: "você fica bem com qualquer coisa, por ser você". Em seus braços, o químico carregava Empanada, uma garotinha que parecia muito aborrecida e sonolenta, acordando brevemente quando Sunny se aproxima da dupla, Fit desejou poder escutar que a garota estava falando para seu namorido.

 Ele não precisou desejar por muito tempo, pois Pac logo o havia alcançado com um olhar de empatia no rosto. Ele ajeita Empy ele seus braços, liberando uma das mãos para repousar no ombro do instrutor com um aperto suave e aterrador, fazendo Fit sorrir com o toque.

 — Sunny me disse — o careca resmunga, ele foi exposto pela própria filha — está tudo bem?

 Era uma pergunta automática, Pac já sabia oque ele estava sentindo mas queria confirmar com o próprio Fit para ter certeza. Bom, ele seria incapaz de esconder algo do namorado, quando precisou manter em segredo a inauguração da academia, faltou um risco para que Fit perdesse os cabelos que ele já não tinha.

 Com um suspiro, sua mão boa repousa sobre aquela em seu ombro, seu polegar deslizando sobre a pele dourada do parceiro, sentindo as pequenas e antigas cicatrizes.

 — Não, sinto que minha cabeça irá explodir se mais alguém gritar em seus ouvidos 

 Pac abre a boca para falar algo, mas é abruptamente interrompido por um berro do anfitrião da festa, fazendo várias crianças e alguns adultos tamparem seus ouvidos. Pac deixa a mão no ombro do namorado para tapar os ouvidos da criança em seus braços.

 Empanada era filha de Tina e Bagi, duas amigas antigas do casal, a criança acabou passando muito tempo na casa dos dois homens e acabou criando um carinho especial por eles, principalmente Pac, que passou de ser tio para ser visto pela pequena como seu irmão mais velho. Isso graças ao cuidado e carinho que o químico tinha com a garota, principalmente com sua sensibilidade auditiva, ele poderia ser descrito como o típico irmão babão e protetor com a irmã mais nova.

 — Mas que merda… — Fit rosna, erguendo as mãos para massagear as têmporas.

 — Eu estava pedindo permissão para Bagi para levar Empanada para um quarto mais tranquilo — Pac desliza a mão para acariciar os cachos da garotinha em seu colo, está que se aninha ainda mais contra seu ombro e pescoço — quer vim junto?

 Fit pisca algumas vezes enquanto olhava para o namorado, mas se levanta rapidamente de seu assento para seguir Pac para qualquer cômodo que fosse mais silencioso. O químico deixa os cachos de Empanada e viaja para as costas de Fit, descansando bem no centro para o empurrar gentilmente para o andar inferior da casa — sim, a casa era gigante, mas era em direção ao subterrâneo.

 Eles vagueiam por alguns corredores até chegar ao quarto de hóspedes da casa. Esse em específico era um para casais, simples, mas cumpria com o papel e com o conforto, tendo um banheiro próprio, uma cama de casal central e um guarda-roupas no canto. Até mesmo uma escrivaninha foi entregue para os hóspedes que ficassem alí.

 Fit mal percebe quando Pac se locomove até a cama e se deita nela, deixando alguns travesseiros atrás de si para deixar seu corpo um pouco mais elevado. Empanada estava aninhada ao seu lado, usando o bíceps como travesseiro. Pac estava desalojando a prótese de seu coto, então Fit se move rapidamente para ajudar seu amado, descansando o membro protético na mesinha lateral.

 — Obrigado — o careca se vira para ver o sorriso de agradecimento do moreno, que levanta a mão livre até o ouvido, sinalizando para Fit retirar seus aparelhos auditivos.

 O corpo do instrutor se enrijece, realmente era necessário isso? Ele poderia dormir com eles, não seria a primeira vez que isso acontecia.

 — Eu sei que você já dormiu com eles, mas você sabe que o ideal é retirá-los, né? — Pac dizia — não seja teimoso Fitch, eu tô aqui! Não vou a lugar nenhum

 — Pac, eu…

 — Fit, você precisa relaxar, nada de mais vai acontecer enquanto você estiver sem eles 

 Um brilho ofuscante reflete nos olhos de ambos, memórias inconsoláveis do acidente passam na frente de ambos, mas Pac parecia determinado a jogá-los por descarga a baixo, essa força e necessidade de ajudar os outros era algo que preocupava Fit, mas também era motivo de admiração. 

 Se rendendo ao cansaço, e sabendo que o namorado não desistiria tão fácil, Fit se senta do lado oposto da cama, desatando sua própria prótese e retirando os aparelhos auditivos de seus ouvidos. O mundo foi tomado por um silêncio absoluto que o causou arrepios por toda a extensão do seu corpo, se sentindo por um momento que estava de volta no asfalto com algo inundando seus ouvidos.

 Um toque gentil em seu ombro faz com que as memórias do passado se dissolvam em um suspiro trêmulo. Fit se vira, os olhos profundos e brilhantes de seu parceiro, oferecendo um acalento em meio a tempestade, pois, por mais que Pac também estivesse envolvido no ocorrido, tê-lo à sua frente sem feridas aparentes, com Empanada em seus braços, o lembrava que não estava mais naquele momento trágico, e sim num presente maravilhoso.

 Fit se arrasta no colchão até estar ao lado de Pac, decidindo ficar na mesma posição que os dois adotaram nos últimos dias. O mais alto se aconchega ao lado do moreno, repousando sua cabeça sobre o peito do outro, logo acima do coração.

 Aquele tremor constante era uma bênção para Fit, batidas lentas e tranquilas que ressoavam por seu corpo em um som terapêutico. Era como um ronronar de um gato — dizem que essa frequência dos felinos é capaz de curar diversas dores — que traz aconchego e uma sensação permanente de tranquilidade enquanto ela estiver presente.

 Um pequeno estrondo ressoa do peito de Pac, sua semi-surdez permite com que perceba os murmúrios, o químico estava falando alguma coisa, Fit não tinha certeza, mas provavelmente era para Empanada, que tinha sua cabeça levemente erguida para Pac. O careca estava sem seu braço, se não, já estaria acariciando os cachos da garota para a ajudar a dormir, mas os tremores da voz acima permanecem, lhe dando um esclarecimento, Pac não estava falando, e sim cantando.

 Fit não pode deixar de sorrir ao perceber isso, pois sempre foi um momento muito agradável ouvir o namorado cantando para seus filhos dormirem. Desde o primeiro dia que os meninos chegaram em suas vidas, Pac fez questão de os tratar da forma mais carinhosa possível, até mesmo cantando canções de ninar não solicitadas.

 — Descanse Fitch — a voz de Pac ressoa muito baixo em seu ouvido, seu hálito quente batendo na bochecha do homem deitado.

 — You are too good for me …meu anjo — Pode ter se passado anos que Fit vive no Brasil aprimorando seu português, mas sem seus aparelhos ele se sente mais confiante com sua língua materna.

 E apesar disso, sua frase sai embolada e com um gaguejo de fundo, mas a mensagem foi clara para os ouvidos do outro homem, que responde com um beijo no topo da cabeça careca, enquanto uma mão fazia desenhos aleatórios.

 Pac nunca contaria seu plano, mas Fit poderia adivinhar o'que ele estava fazendo, se fosse sincero consigo mesmo, ver o quão esforçado Pac estava sendo para ajudá-lo a combater seus demônios, só o fazia se apaixonar ainda mais.

 

 Apenas talvez, ele deixasse as batidas do coração de Pac, levasse embora seus medos.

Chapter 13: Science and History combine

Summary:

AU: Hideduo professores

"A turma do sétimo ano pediu ajuda ao seu professor Fit para uma prova que teriam na terça, mas os alunos não esperavam a visita inesperada na casa do professor."

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificada no título

Chapter Text

 — Vamos lá turma, não é tão difícil 

 Toda a turma esgoela em frustração na tela do computador do professor de história, com o único que não demonstrava tanta dificuldade era o próprio Ramon, filho do homem que os ensinava naquele momento.

 Fit é professor de história em uma escola do fundamental, dando aula principalmente para os alunos de 10 a 12 anos, era conhecido pela capacidade de controlar e ensinar as crianças com muita facilidade. Poderia não ser o preferido das turmas que dava aula, mas certamente era aquele que todas corriam para pedir socorro quando estavam com dificuldade, sendo atendidas de forma muito atenciosa pelo professor.

 Esse era um dos dias que a turma do sétimo ano pediu ajuda para a prova de geografia que teriam na próxima terça-feira, mas ao invés de apenas ajudar e revisar a matéria, Fit estava tendo que ensinar o conteúdo, pois aparentemente seu colega de trabalho estava fazendo um péssimo serviço com as crianças.

 Com um suspiro pesado, Fit arruma o óculos em seu rosto e ajeita o sobretudo que descansava em seus ombros, cruzando os braços sobre o peito para encarar a tela de seu computador, vendo todas as webcams de seus alunos. Os sábados eram reservados para atividades extracurriculares oferecidas pelo colégio "Rose Bush" , então Fit teve que fazer uma aula online para ajudar os pequenos estudantes.

 — Eu já volto, turma, aproveitem e peguem algo para comerem, beberem e irem ao banheiro — o professor aconselha, se levantando de seu lugar e desligando seu microfone.

 Dado a deixa, vários dos alunos aproveitaram para fazer o'que foi recomendado, mas alguns outros preferiram continuar suas atividades, Talluh foi uma delas, aproveitando da calmaria da chamada para não se distrair e tirar algumas dúvidas com seus colegas que ficaram: Chayanne, Ramon e Dapper.

 Mas o fato de que não tinha mais sons para se distrair e algo para focar sua atenção, deu espaço para que os olhos atentos da garotinha de cabelos escuros pudessem notar certas movimentações peculiares das câmaras vazias.

 A primeira movimentação estranha foi na câmera de Ramon, normalmente estudava sozinho em seu quarto e raramente Fit entrava lá, deixando com que o próprio filho decidisse quando sair para comer. Mas Tallulah notou que seu amigo olhou em direção a porta do quarto, murmurando algumas palavras longe o suficiente para o microfone não captar, logo uma mão pousa nos cachos marrons e os afagou — com toda certeza não era a mão de Fit, mas assim como apareceu, rapidamente desapareceu. 

 — Ramon?

 — Sim? — o garoto arruma sua bandana, olhando para a tela do notebook novamente.

 — tio Fit acabou de entrar no seu quarto?

 O menino de bigode franze a testa para a pergunta da amiga, mas antes que eles pudessem responder, outro colega presente na chamada engasga alto, cuspindo de forma cômica o suco que havia acabado de colocar na boca.

 — Aquele é o tio Pac?! — Dapper exclama, suco de morango deslizando por seu rosto e manchando sua camiseta branca.

 Talluh foca rapidamente na tela de Fit, vendo seu tio e professor no fundo da tela abraçando outro homem pelos ombros enquanto recebia um beijo em sua testa. Demorou um pouco para que Talullah percebesse quem era o outro adulto.

 Pac era professor de ciências na mesma escola que Fit, transferido a um ano para Rose Bush, dando aula para as mesmas turmas, mas diferente do outro, era considerado um dos melhores e mais gentis professores da escola, tendo um método de ensino excelente mas diferente dos demais professores, também substituindo o professor de educação física em vários casos. 

 — Ih sujou… — Ramon exclama, retirando o fone e correndo para fora do quarto, sendo possível vê-lo agora ao lado dos dois adultos.

 — Eita muleke o'que tá rolando? — Richarlyson volta da sua ida ao banheiro, pulando em sua cadeira.

 — Se-seu pai Richas! Ele tá namorando o tio Fit! — Dapper exclama para o colega que havia retornado.

 — Cês não sabiam? — Richas parecia espantado pela falta de informação de seus amigos — eu e o Ramon somos os únicos fofoqueiros daqui mesmo

 A câmera de Fit finalmente é desligada, mas Talullah conseguiu ver um frame do rosto dos dois adultos que se assemelham a dois tomates bem maduros. A falta do professor foi o suficiente para que os outros dois mais velhos começassem a surtar com Richarlyson.

 — Eu não acredito! Finalmente eles estão juntos — Chayanne grita, o pequeno aspirante a cozinheiro poderia ser bem romântico quando quisesse.

 — Eu tô em choque — Dapper estava com as mãos apoiadas em sua testa — meu pai vivia implicando com eles, mas nunca achei que fosse sério

 — Relaxa Dapper — Ramon havia retornado — Richas descobriu a menos de um mês que eles haviam começado a namorar, meus pais já estão completando dois meses de relacionamento

 — Eles estão namorando há dois meses? — Talullah arregala os olhos, até aquele momento ela havia ficado calada — e ninguém percebeu? Na verdade…agora faz sentido o tio Fit ficar perguntando sobre arranjos florais para mim

 Aos poucos seus outros colegas de turma foram chegando e adentrando a conversa acalorada sobre a mais nova fofoca que rodaria pela escola por pelo menos uma semana.

 Não demorou muito para que a câmera de Fit fosse ligada novamente, agora eles conseguiam ver claramente que sim, seu professor de ciências estava junto ao outro, sentado ao seu lado enquanto fazia um leve carinho em seu ombro. Fit estava claramente irritado, óculos sobre a mesa, sua mão apertada no meio de seu nariz enquanto a outra estava entrelaçada com a de Pac.

Foi um pequeno couro de "Own" proferido pelos alunos, tirando Richarlyson e Ramon, os dois já viram aquela cena tantas vezes que chegou a virar rotina em suas vidas, agora, compartilhadas.

 — Bem, seus pequenos fofoqueiros , meu relacionamento não é da conta de ninguém, então vocês tratem de ficarem de bico fechado — Fit encarava a tela, vendo todos os rostos que tentavam conter uma chuva de risos.

 — Podemos responder algumas de suas perguntas! Aí vocês nos prometem ficar calados, ok? — Pac tenta barganhar com seus alunos.

 O professor de história se vira rapidamente para seu namorado, mas antes que pudesse contestar, seus alunos começaram com as perguntas.

  "Vocês estão juntos a dois meses?"

 "Como foi o primeiro encontro?"

 "Quando perceberam que gostavam um do outro?"

 "Vocês vão morar juntos?"

 "Vão se casar?"

  Essas e diversas outras perguntas foram feitas e deixaram os dois professores sobrecarregados e evitando algumas questões feitas pelos alunos, ou às respondendo de forma rasa, deixando os pequenos irritados.

 — Mais alguém sabe sobre o relacionamento de vocês? — Pomme perguntou em meio aos colegas.

 — Bem, não achamos necessário anunciar de modo geral — Pac dá de ombros.

 — Se precisar falamos, mas é meio óbvio que estamos juntos — Fit finalmente retorna com seus óculos, enquanto sua mão ainda entrelaçada com a de Pac, suavemente, seu polegar toca o anel dourado no dedo anelar do moreno.

 O professor de história brincou em uma das reuniões familiares, que pensava seriamente em soldar o anel em sua prótese, assim não correria o risco de perdê-la, mas gostava que os sensores de sua prótese pudessem "sentir" a frieza do metal.

 — Oh mas mesmo assim aquele cretino teve coragem de dar em cima de você na minha frente! — Pac lembra do ocorrido — ainda te convidou pra um jantar de dia dos namorados! Tomar no cu… Richas e Ramão , não pensem em repetir isso!

 Os dois irmãos riem de forma divertida, encarando a câmera um do outro, mas suas tramoias são interrompidas por Fit segurando o rosto de Pac e beijando acima da cicatriz da bochecha do moreno.

 — Você sabe que eu nunca teria aceitado esse convite, sou um cara leal

 — Eu sei! — Pac resmunga, segurando as mãos de Fit que ainda estavam em seu rosto — mesmo assim eu fico bravo

 Sem aviso, o professor de ciências dá um último beijo em seu namorado, na testa, se levantando de seu lugar logo em seguida, dando uma última olhada para as crianças totalmente atentas, como se estivessem assistindo um filme muito interessante.

  Fofoqueiros , Pac pensa consigo antes de se despedir:

 — Agora que o suborno foi pago, vou deixar você dar sua aula, se comportem crianças!

 — Tchau professor Pac — os alunos dizem em conjunto, vendo o casal dar um selinho antes de se separarem.

 A diferença do início da aula para próximo ao seu encerramento, era que o segundo professor aparecia com mais frequência na câmera.

 

°

 

  Era por volta das seis da manhã de uma segunda-feira, quando Pac e Fit seguem suas rotinas de serem os primeiros professores a chegarem na escola, como faziam a quase um ano trabalhando juntos em Rose Bush

 Sempre eram eles os primeiros a chegar e organizar suas matérias e compartilhar as novidades do fim de semana sem ninguém além do diretor para os incomodar. Na maioria das vezes o assistente de ciências, Tubbo, também se juntava aos dois professores até que os demais também começassem a chegar.

 Outra parte da tradição do casal era aproveitar o fato de serem madrugadores, para conseguir ser os primeiros clientes da cafeteria local. Pac tinha esse costume até antes de se tornar professor em Rose Bush, pois o dono do lugar era seu amigo, então mesmo que o comércio ainda estivesse fechado, o moreno conseguia comprar as primeiras bebidas do dia, arrastando Fit para o mesmo caminho quando começaram a ter mais convivência.

 De mãos dadas enquanto saboreiam suas respectivas bebidas com base de café, o casal adentra a sala dos professores, mas ambos se calaram imediatamente ao verem o ambiente cheio . Praticamente todos os seus colegas que chegariam normalmente uma hora mais tarde, já estavam presentes.

 — Aham — Fit aperta a mão de Pac, fechando a porta atrás de si com o auxílio do cotovelo, já que ambas as mãos estavam ocupadas — bom dia?

  Bom dia gente … chegaram cedo hoje né? Temos reunião marcada? — Pac diz timidamente, puxando o namorado para seus assentos de sempre, que por conveniência eram os únicos vazios.

 — Digamos que Empanadinha não conseguiu se segurar — Bagi se curva, se sentando sobre o braço do sofá ao lado de Fit, se apoiando contra o amigo — acabamos descobrindo uma certa fofoca bem quentinha

  O casal se olha em desespero, armando a corrida para escaparem de seus colegas, pois ainda faltavam duas horas para o início das aulas, e esse seria o tempo de seus tormentos.

 Infelizmente eles são cercados, e a segunda onda de perguntas sobre o seu relacionamento "secreto" se inicia — agora com perguntas um pouco mais pessoas demais para o gosto do casal de professores.

Chapter 14: Botões de Rosa: festa do pijama

Summary:

"Richas tem dificuldade em ver Ramon como seu irmão mais velho, mas uma festa do pijama acaba mudando as coisas"

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificada no título

— Nesse capitulo não há um universo especifico, fica a vontade de vê-lo como uma AU ou uma extensão do canon

Chapter Text

  O tão esperado dia da festa do pijama havia finalmente chegado, as crianças estavam tão animadas que obrigaram seus pais a chegarem mais cedo à mansão subterrânea de Tubbo e Foolish, mas o segundo não estaria presente naquela noite, consequentemente, Leo também não estaria por ali.

 A festa do pijama seria composta totalmente pelo grupo infantil nomeado carinhosamente como "Little Morning Creaw" , em homenagem aos seus próprios pais.

 Chayanne, Talluh e Empanada foram os responsáveis por trazerem as comidas e guloseimas da festividade, além de seus próprios objetos para a festa, coberta, pijamas, travesseiros e bichinhos de pelúcia.

 Os recentes irmãos R&R ficaram encarregados de trazerem os jogos da noite, também planejarem algumas brincadeiras extras. Com alguns olhinhos pidões, os dois meninos convenceram seus pais a trazerem seus videogames, além de seus próprios pertences.

 Sunny, não trouxe nada por ser a anfitriã, mas gentil e insistente como era, não poupou esforços para convencer seu pai a fornecer mais itens para a festa infantil, até que Tubbo simplesmente trancou a porta da ala que as crianças ficariam da casa, para que ele e os demais pais pudessem conversar sobre "coisas de adultos" sem distrair os pequenos de suas pequenas atividades. Sunny ficou levemente emburrada por não poder mais perturbar seu pai, mas deu de ombros, apenas aproveitando a noite com seus irmãos e amigos.

 — Podemos arrombar a porta caso necessário — Richar diz casualmente enquanto Sunny voltava para o círculo onde todos estavam esperando Ramon e Chayanne terminarem sua partida de "horse racing" .

 — Não temos nada para fazer isso Richinhas — Empanada pontua, cruzando os braços — as portas do tio Tubbo são reforçadas com senha e tudo

 — Não acho que isso seria um problema Empy

 — Como isso não seria um problema? 

 — R-a-m-o-n — Richas soletrou, movendo os braços de forma dramática para o irmão mais velho.

 Naquele momento, o pequeno engenheiro exclama alto por ter vencido a partida acirrada contra o garoto mais velho do grupo. Ele rapidamente olha para os mais novos, que o encarava esperando uma resposta — Ramon apenas concorda, dizendo que aquelas portas eram muito mais fáceis de arrombar do que pareciam, influência de seu pai brasileiro em junção ao seu tio. Os Tazercraft eram um perigo, talvez uma péssima influência também.

 Os jogos progrediram até tarde da noite, todos sendo aproveitados ao máximo e todas as guloseimas foram devoradas pelas crianças. Então em dado momento um por um foi buscado pela fada do sono e adormecendo, envoltos do cansaço e do som suave da chuva que se iniciou em algum momento que ninguém poderia dizer ao certo.

 Aquele som de gotas suaves se intensificou durante a madrugada, os tamborins dos trovões pareciam cada vez mais próximos durante o passar das horas. Quando um estrondo foi um pouco mais alto, Ramon acabou acordando com um suspiro agudo, respirando fundo para acalmar seu medo irracional de trovões. Mas enquanto acalmava seus próprios medos, um som além das gotas de chuva chamou a atenção do garoto de bigode, soluços quase inaudíveis ecoavam na enorme brinquedoteca.

 Os músculos de Ramon enrijecerem, preocupado com quem estaria chorando e desamparado. Seus olhos ágeis voando entre os sacos de dormir amontoados, suas irmãs mais novas dormiam  de forma tranquilas, Chayanne e Talluh estavam abraçadinhos como sempre, mas quando os olhos avelã pousam onde deveria estar seu irmão mais novo, o saco de dormir estava vazio.

 Ramon se levanta, agarrando seu sniffer e ajeitando seus óculos, procurando pela sala onde Richarlyson poderia estar, com a porta trancada ele deveria estar em algum lugar próximo. Não demora muito para que com o auxílio de um relâmpago, Ramon localize o mais novo encolhido na enorme poltrona do cômodo, ele estava encolhido em formato de bola, seus braços abraçavam forte sua pelúcia de coguvaca , sua prótese estava perdida em algum lugar — era um dos raros momentos que você veria Richarlyson sem a perna protética.

 O momento era bem delicado, Ramon não sabia o'que exatamente desencadeou o choro do irmão mais novo, se foi um pesadelo ou até a tempestade do lado de fora. O garoto de bigode sabia que seu pai Fit tinha pavor de tempestades como aquelas — ele se perguntava se o careca estava bem — enquanto seu pai Pac temia o mar e lugares fechados. Talvez Richarlyson compartilhasse algum deles.

 Lentamente, Ramon se esgueira até a poltrona, arrastando sua amada pelúcia junto com ele até alcançar o móvel, se sentando próximo a Richas, mas mantendo distância do espaço pessoal do mais novo.

 Demora um pouco para que qualquer coisa aconteça, nenhum dos dois garotos se move ou diz algo. Richarlyson apenas soluça e chora em sua pelúcia, estremecendo sutilmente a cada trovão que estoura no céu, enquanto Ramon apenas se faz presente, deixando com que o irmão saiba que ele está ali e não vai sair ou avançar, se não for do desejo do outro.

 Depois de vários minutos de choro e distância entre os irmãos, Richas finalmente sai de sua posição de bolinha, se sentando tão perto de Ramon que eles ficam pressionados um contra o outro. Para o mais velho, isso era uma busca por conforto, um sinal silencioso, pois ele mesmo fazia isso com seus pais quando não queria expressar verbalmente suas vontades. Confiando em seus instintos, Ramon passa seu braço sobre o ombro do mais novo, deixando sua mão ir para cima e para baixo no braço do outro, exatamente como Pac fez com ambos várias vezes.

 — Quer falar sobre isso? — o mais velho pergunta.

 Richarlyson não responde ao chamado, mas sim ao toque, se inclinando e descansando a cabeça no ombro do mais velho, se encolhendo contra o corpo maior. E sem perder tempo, Ramon logo o abraça, deixando a cabeça de Richas descansar na curvatura de seu pescoço, os enormes cachos do menor fazendo cócegas em seu rosto não coberto pela bandana azul — Ramon sente uma leve falta de sua semi-prótese de mão, pois igual o restante de sua família, ele a tirava para dormir.

 — Chuva me lembra do Bobby… — Richas finalmente fala.

 A lembrança da criança que se foi a tempos atrás faz Ramon estremecer, apertando o irmão um pouco mais forte. O garoto sapeca de jardineira azul era o melhor amigo de Richarlyson, seu irmão mais velho e companheiro a qualquer hora, mas infelizmente ele havia partido a algum tempo. Na noite que tudo aconteceu, todos se lembram da tempestade que assolou a cidade, pareciam que os deuses choravam pela criança e pela dor de Roier e Jaiden — Pais de Bobby.

 — Sinto falta do Bobby também…ele realmente era um raio de sol, mesmo sendo irritante às vezes

 — Nunca vi vocês sendo próximos Ramão

  — Não éramos, mas a festa sempre parecia mais animada quando ele chegava com suas armas de brinquedo. Ele quase quebrou meus óculos uma vez 

 Richas ri alto, suas risadas sendo escondidas pelos trovões do lado de fora. O pequeno garoto ria tanto que chegou a imitar um porquinho, o que arrancou leves risadas do mais velho.

 Quando o riso cessou, os dois irmãos ficaram confortáveis no abraço apertado, os trovões não pareciam tão assustadores estando juntos e cercados por suas pelúcias preferidas — coincidentemente dadas de presente pelo pai que compartilhavam. Mas ter essa noção fez Richas enrijecer nos braços do garoto mais velho, que rapidamente percebe a mudança de comportamento, franzindo a testa com claros sinais de preocupação.

 Mas antes que o mais velho pudesse expressar verbalmente o'que o preocupava, Richas toma a frente:

 — Ramon… — o chamado cantarola, indicando que estava escutando — desculpa por nunca te chamar de irmão mais velho…juro que não é por mal, apenas é difícil colocar alguém no lugar do Bobby…impossível na verdade

 — Eu não quero tomar o lugar do Bobby! — Ramon afasta o irmão dos seus braços para se olharem nos olhos, sua mão disponível aperta firmemente o ombro do mais novo — Bobby pra sempre será seu irmão mais velho, não estou aqui para substituí-lo, apenas quero ser alguém que você confie Richas

 O garotinho brasileiro estava perplexo, nem um som sendo pronunciado por ter sido atingido com força pelas palavras da outra criança.

 — Além do mais…nunca se sinta culpado por não me chamar de irmão, você não precisa me chamar assim! Me chama do que for mais fácil para você, Richas! — os olhos de Ramon brilhavam com carinho inegável, era palpável o quão verdadeiras eram suas palavras.

 O mais novo finalmente quebrou, aquela frase foi dita a ele duas vezes em ocasiões diferentes, mas ambas carregavam o mesmo peso em seu coração tão pequeno e remendado. Fit havia lhe dito o mesmo há alguns dias atrás: "Me chame do que for mais fácil para você, Richas! Eu não me importo" , foi isso que levou o garoto a se esforçar ao máximo para chamar o careca de "Pa Fit", pois ele desejava vê-lo como uma figura paterna.

   Com lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto, Richas se derrete no abraço do irmão mais velho, um de seus braços segurava Ramon, enquanto o outro estava firmemente amarrado em conta de sua coguvaca .

 — Obrigado Ramon… — Richas diz sonolento — você é um irmão incrível, obrigado por ser paciente comigo

 Os olhos brilhantes do garoto de bigode poderiam ser comparados a estrelas, Richas o chamou de irmão, seu pequeno coração parecia uma TNT prestes a explodir de alegria. Ramon aconchega, puxando seu sniffer, usando de seu tamanho semi-realista para os proteger do frio.

 — Te quiero mucho, irmãozinho — Ramon sussurrou, fechando os olhos para dormir também.

 Richarlyson estava quase adentrando o mundo dos sonhos quando escutou a frase de Ramon, a mistura entre espanhol e português aqueceu seu coração, foi uma sensação única ser chamado de irmãozinho. A sensação de poder derreter no abraço de outra pessoa, sabendo que ela irá te segurar independente do que acontecer é conhecida para Richarlyson, seus pais sempre estão lá por ele, mas com Ramon era diferente. Aquele sentimento que ele achou que nunca mais sentiria após a partida de Bobby, mas mesmo assim não era igual.

 Richarlyson pode ter perdido seu sol a muito tempo atrás, mas agora ele não estava mais na escuridão, ele finalmente encontrou a sua lua, aquela que iluminará e protegerá seus sonhos. Bobby sempre será seu eterno sol, aquele que iluminou e abriu caminho para ser quem Richas era hoje. Enquanto Ramon agora é sua lua, um lugar seguro que ele pode correr para fugir dos males, sabendo que até nas noites frias ele terá alguém para o segurar.

 

  °

 

  O sol estava nascendo e o cheiro do café da manhã havia tomado conta de todos os cômodos da casa, enquanto os adultos estavam reunidos na cozinha preparando o café da manhã de todos. Fit e Bagi estavam atrás do fogão, usando aventais personalizados que arrancaram muitas risadas dos outros presentes.

 Bagi usava um avental rosa salmão, com a frase "A cozinheira sou eu, se meter o dedo cuidado com a faca", escrita em português. E quando foi explicar para os demais, sua ameaça foi bem verídica pois ela empunhava um cutelo enquanto falava.

 Enquanto Bagi foi uma ameaça, Fit virou motivo de risada, pois seu avental continha a frase em inglês "Kiss The Cook" , fazendo Tubbo e Phil zoarem com o careca até Pac acabar com a graça, pedindo para que Fit chegasse mais perto e plantando um beijo em sua bochecha. 

 Enquanto os dois cozinheiros trabalhavam na refeição matinal, Philza e Tubbo estavam sentados em duas banquetas disponíveis no balcão, o engenheiro tagarelava sobre seus últimos trabalhos enquanto o velho corvo escutava e zombava por não estar entendo toda a complexidade do maquinário. Pac apenas ouvia a conversa, se intrometendo quando via a oportunidade de acrescentar ou irritar o amigo mais novo, mas seu silêncio era oque mais se fazia presente, trabalhando em algumas anotações para seu dia.

 O cientista estava tão concentrado em seu bloco de notas que não percebeu quando uma figura se aproximou dele e se debruçou sobre o balcão para falar com ele:

 — Ei Pac — o nomeado olha para cima, vendo Bagi o olhando com um pequeno toque de preocupação — está tudo bem?

 — Claro! Precisa de algo Bagi? — o cientista abandona seu bloco de notas.

 — Eu e o Fit estamos quase terminando o café da manhã, pode chamar as crianças? Elas precisam comer

  Claro Bagi, tô indo nessa — Pac dá um pulo de seu assento, seguindo para fora da cozinha.

 Foi uma caminhada curta até a brinquedoteca, os corredores sem janelas estavam à mercê da iluminação longínqua dos outros cômodos, dando um ar de serenidade para a enorme casa. Pac rapidamente digita a senha da porta — ele deveria relembrar Tubbo sobre a segurança ineficaz novamente — e a abre vagarosamente, evitando sons altos para não acordar abruptamente as crianças. 

 A brinquedoteca estava silenciosa com a luz matinal banhando à sala e os sacos de dormir das crianças, estas que dormiam tranquilamente. Na realidade nem todas, Pac rapidamente nota a ausência de dois pequenos, seus meninos.

 Com uma leve pontada de desespero o cientista gira a cabeça rapidamente, procurando onde diabos seus filhos estavam, parando abruptamente só ver um amontoado peculiar na enorme poltrona. Pac caminha lentamente até o móvel até conseguir discernir o que era o montinho incomum.

 Ao se aproximar, o cientista engole um suspiro agudo, Ramon e Richas estavam encolhidos e abraçados no estofado, enquanto a pelúcia de coguvaca e o sniffer estavam sobre os dois, como um protetor do frio e da luz do amanhecer. Pac sorri em êxtase em ver seus meninos juntos, não se contendo e puxando sua câmera para tirar algumas fotos daquele momento único.

 Com seu tesouro em mãos, Pac se abaixa, dando um beijo na testa tanto de Richas quanto de Ramon, o contato foi o suficiente para o mais velho resmungar e acabar acordando. Ainda com um sorriso suave no rosto, o cientista acaricia a cabeça do filho mais velho, enquanto se virava para as outras crianças:

 — Vamos levantar criançada, o café da manhã está pronto, Bagi e Fit fizeram panquecas para todos — Pac ri sozinho ao escutar todos os resmungos e ver todas as crianças.

 Aos poucos o cientista guia as crianças para lavar o rosto e ficaram um pouco mais acordadas para aproveitarem um bom café da manhã. Mas era difícil não reparar como Richas e Ramon se tornaram mais próximos depois dessa noite.

 

 Eram como dois botões de rosas desabrochando no orvalho da manhã, após uma noite chuvosa.




Chapter 15: Sua eletricidade será minha cova

Summary:

AU: Ordem Paranormal

"Morning Creaw foi um grupo criado por Fit para cumprir um contrato paranormal. Mas existe alguém nesse grupo que será a ruina do combatente"

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificada no título

Chapter Text

  O mundo paranormal era abundante e Fit gostaria de saber tudo sobre ele, entender suas nuances e seu nascimento, ele poderia ser um ótimo combatente ao paranormal, mas seu passado como historiador sempre o alcançava. Mas sua condição atual o impedia de tal atividade, na realidade, ela até mesmo o afastou de sua antiga organização.

 Ele estava acorrentado a um ser paranormal que outrora já foi humano, Madagio , uma criatura fora de todo o padrão que ele conheceu brevemente sobre o mundo inóspito e cruel que era o Outro Lado. Fit esteve no lugar errado, na hora errada, acabando com uma corrente invisível em seu pescoço, um contrato que só pode ser desfeito quando seu objetivo for concluído:

  "Derrube um grupo repugnante de ocultistas, Federação, não importa quem seja, se está junto ao sorriso perturbador, terá que cair"

  Fit já sabia que por essas linhas, ele acabaria tirando a vida de inocentes, por puro sentimento de vingança que aquela criatura tinha para com esse grupo. Ele tentaria seu máximo para não fazer isso, pois quando abandonou sua carreira para enfrentar os terrores que se apresentaram a ele, foi instruído que o'que faziam era para o bem comum, impedir que aquilo chegasse aos inocentes e alheios de tal lado sombrio do mundo.

 Mas as exigências de Madagio eram altas, toda a informação que lhe foi oferecida deixava o historiador nervoso, ele pode ter trabalhado durante muito tempo de sua vida, sozinho, mas aquele contrato e suas normas, era totalmente fora da realidade para um único indivíduo dar conta, mesmo que trabalhar com várias pessoas fossem algo um tanto incômodo para o historiador, ele não tinha escolha, ele precisava dar um jeito, para se libertar do contrato o mais cedo possível.

 "Morning Creaw" se formou rapidamente e naturalmente a partir do momento que Fit decidiu que precisava de uma equipe.

  Naquele momento, os rangidos estranhos do piso tiram o combatente de sua espiral de pensamentos diários, pisando um pouco mais fundo nas tábuas de madeira para ter certeza do seu achado.

 O assoalho estava frouxo e seu ranger não ecoava pela sala como o restante do piso ao ser pressionado. Fit puxa sua faca do coldre e se ajoelha sobre a parte firme do chão, agora sentindo o ar frio e vendo mais nitidamente a névoa que subia do solo.

 Atualmente Fit e sua equipe estavam explorando uma mansão a muito tempo esquecida e apagada da histórias. Fazia uma semana que eles receberam em sua base um conjunto de documentos quase inelegíveis, que contava de uma cidade inteira escondida em um vale bem longe da capital. Escondida entre os terrenos pantanosos da Flórida e sem um caminho visível aos olhos mundanos.

 O pouco que uma membro, Bagi, conseguiu descobrir dos documentos que aparentavam ter sido escritos por pessoas muito novas, foi que essa cidade foi um paraíso e um refúgio para aqueles que quisessem sobreviver a uma lenda antiga, Herobrine ,  a única coisa que acharam sobre essa tal criatura foi em algumas folhas rasgadas, onde remendadas formavam uma música:

 

Have You seen The Herobrine?

Roam Your world in the default skin

Oo-oo-oo–ooohh

Though he was removed he shalom rise again

 Watching you from a distant shore

 He'll come back stronger than before

 Oo-oo-oo–ooohh

 When the darkness comes he will Striker for site

 In the fog is where he waits

 Even up to these presente dates

Oo-oo-oo–ooohh

 If you Go against him you will meet your fate

 Watch your back tou know where he hides

 He van come at you from all sides

Oo-oo-oo–ooohh

 Miner beware he will never die

 

  Por algum motivo, todos ali conheciam a melodia e como canta-la, mesmo nunca tendo ouvido tal música antes em suas vidas. E quando adentraram a cidade perdida, ela era a única coisa que cantarolava em suas mentes quando o silêncio se fazia presente, chegava a ser irritante.

 Fit estava tão concentrado, tentando retirar as tábuas do lugar que não notou os passos e os gemidos guturais vindos atrás de si, erguendo sua defensiva apenas quando uma voz se fez presente:

 — Fit! Atrás de você! — É tarde demais.

 Dentes afiados perfuraram o braço de carne do historiador ao se virar para o inimigo, mãos com garras quebradiças tentaram agarrar seu membro para rasgar o tecido de pele, mas Fit foi rápido em cravar sua faca contra a criatura atrás de si bem na garganta, forçando para cortar o pescoço.

 Uma das criaturas foi abatida, semelhante ao que todos ali conheciam como zumbi de sangue, ou pelo menos era oque eles achavam. As criaturas que aparecem nesse lugar eram estranhas e não catalogadas por Fit, mas com toda certeza não eram comuns de serem encontradas, pois o'que eles achavam que eram zumbis de sangue, não possuam muita de suas características além do básico, pois até sua cor e matéria orgânica eram diferentes, mais escuros e gosmentos, menos nojento, semelhante ao musgo, estranhamente formando caracois.

 Uma havia partido, mas havia outra criatura logo à frente, que ninguém estava disposto a brincar, e sua aparição fez todas as entranhas de Fit estremecerem. Era semelhante a um porco…mas qualquer aproximação acabaria em uma exploração dolorosa, Tubbo aprendeu da pior maneira.

 Fit dá passos largos para trás, enquanto aquela criatura triscava e um tic tac soava de dentro do corpo monstruoso e apodrecido, tentando manter uma distância segura para sacar sua arma e atacar de longe. Um golpe silencioso é disparado de cima, atrás de Fit, um tiro atravessa a cabeça monstruosa, deixando o corpo imóvel por alguns segundos antes de despencar e deixar a pólvora escorrer de seu interior.

 Um sorriso teimoso cresce no rosto do historiador, pois ele sabia exatamente quem havia salvo sua pele. O homem vira para trás, olhando para o corredor acima, vendo quem ele exatamente imaginava, o atirador de elite da equipe.

 — Valeu Pac! — o homem no topo sorri, tirando seu rosto de trás da arma e retribuindo o gesto.

 — A qualquer hora, Fitchi ! — o sorriso do atirador parecia brilhar aos olhos do historiador.

 Pac foi praticamente o primeiro membro da equipe que Fit recrutou, se você não considerasse Philza, que sempre foi parceiro de equipe do historiador e o seguiu quando ele saiu de sua antiga organização. Pac é um mecânico químico, sua segunda melhor especialidade depois do tiro ao alvo, suas criações químicas normalmente são usadas em prol da saúde do time, mas ele também faz algumas travessuras um tanto explosivas.

 Pac trouxe de brinde seu irmão mais novo, um mecânico de robótica e um hacker e tanto, normalmente ficando sempre por trás das missões para lhes passar informações valiosas. Pac e seu irmão possuem algo peculiar, uma ligação mental devido a um ritual paranormal que foi embutido neles a anos atrás. É uma grande vantagem como em situações como as atuais, pois não havia sinal para os comunicadores.

 Os olhos treinados do especialista se fixam em algum ponto de Fit, ocasionando em Pac agarrar sua sniper e simplesmente pular do segundo piso. Algumas pessoas poderiam se preocupar com isso, mas o historiador apenas avança para se encontrar com seu companheiro após pousar no chão, pois não bastava Pac ser um atirador lindo e excepcional, ou um químico formidável, ele tinha que ter ótimos atributos físicos também.

 Definitivamente uma força da natureza.

 Assim que o atirador pousou no chão, Fit já estava ao seu lado. A perna direita de Pac range, o membro protético deveria estar com algum problema que deveria ser reparado, mas antes que o careca pudesse questionar o comportamento do metal, Pac já estava tomando o braço de Fit para analisar o dano.

 Bagi, que veio logo em seguida, pelas escadas, quase repreendeu o moreno pela ação imprudente e invasiva ao tocar o líder da equipe, mas a mulher rapidamente engoliu suas palavras ao não notar desconforto algum vindo do historiador. 

 — Me deixa cuidar disso? — Os olhos escuros deixam a ferida para se encontrar com os avelãs, um sorriso sutil em seu rosto ao pedir permissão para tratar do ferimento — Devo ter mais algumas poções aqui, não precisamos de mais alguém ferido, não é mesmo?

 Fit solta um riso nasal, deixando com que Pac os levasse para que se sentar nos degraus da escadaria, para tratar da ferida que ainda sangrava de forma leve. Bagi os seguem, sentando alguns pés acima dos dois homens, voltando toda sua atenção para o que quer que ela tenha achado durante a exploração.

 O ar uivava pelas janelas enormes e estilhaçadas do saguão, chamando a atenção de Fit para olhar para fora, uma visão melancólica, vendo casas que um dia foram talvez cheias de vida agora infestadas por um terror inegável.

 Focando a visão além do sentimento de tristeza, algo espreitava e observada acima de um galho retorcido. A pelagem branca parecia brilhar por entre a névoa que cobria a cidade, seus olhos olhavam bem no fundo da alma do historiador, aquele símbolo aterrorizante em sua testa sempre o fazia estremecer, grunhindo em frustração e apertando os olhos .

 — Desculpa — Fit abre repentinamente os olhos ao escutar a voz de Pac quebrando sua espiral.

 — Ta-tá tudo bem Pac, não foi você 

 — Você viu alguma coisa? — Bagi interrompe, fazendo a atenção dos dois se voltar para a amiga, finalmente vendo oque a detetive tinha em mãos, uma câmera.

 — Vi um daqueles gatos que Timbó odeia — Fit diz sem muita demora.

 Os dois outros estreitam os olhos para a informação, mas apenas Pac tinha uma feição de preocupação, isto pois apenas ele sabia o'que realmente era a razão daqueles gatos esquisitos aparecerem, pois o próprio Madagio apareceu para Pac em busca de puni-lo por atrapalhar Fit em sua missão.

 Quando esse evento aconteceu, Timbó, gato de Pac, estava junto no lugar, e de trás do pequeno felino surgiu um ser totalmente oposto ao de Magadio, nomeado como Breu, este que conseguiu ferir o meio felino. Fit estava junto, ele presenciou o ocorrido oque resultou em ambos os homens revelando um ao outro sobre seus contratos com tais entidades.

  Fit como refém de Madagio.

 Pac como prisioneiros de Breu.

 Desde aquele dia, gatos bizarros apareciam ao redor do grupo, apenas sendo localizados graças ao comportamento agressivo incomum de Timbó. Fit tinha um constante medo de que eles estavam esperando uma brecha para eliminar Pac, já que o atirador era considerado uma distração do contratante da criatura, esperando a oportunidade que o moreno estivesse sozinho e desprotegido.

 — Alguém pode me lembrar o por que não fomos atrás desses gatos bizarros ainda?! — Bagi exclamou, indignada por esses animais paranormais nunca lhes darem descanso.

 — Por que segundo as informações base, esses gatos provavelmente são uma das bizarrices da Federação, se acharmos eles acabamos com esses pulguentos também — Fit esclarece — o único pulguento aceitável é o Timbó

 — Timbó supremacy ! — Pac deixa o sotaque e a forma abrasileirada de falar tomar conta, ao ter seu xaninho citado e acolhido pelo homem com fama de os odiar.

 Todos os membros recrutados para a equipe — nomeada carinhosamente por Tubbo como Morning Creaw — tinham algo contra esse grupo de ocultistas, procurando por eles para resolver problemas pendentes ou contas a acertar.

 Mentir sobre isso era fácil, era para a segurança de toda a equipe, mas ter alguém para compartilhar seus medos, como Pac, era a mesma coisa que tirar mil preocupações da mochila.

 — No fim das contas, oque tu achou senhorita detetive? — a pergunta faz Bagi se empolgar, também sendo persuadida a mudar de assunto.

 — É uma câmera um pouco antiga, um tanto quebrada também — ela gira o objeto em suas mãos, mostrando para os dois colegas de equipe — consegui ligar e aparentemente tem uma gravação extensa aqui dentro, mas está com pouca bateria então não quis arriscar

 — Acho que podemos transferir o cartão de memória da câmera para o laptop na Van, Tubbo está ferido mesmo — Pac se pronuncia enquanto finaliza o tratamento da ferida de Fit —  talvez seja bom ele ficar longe do combate por um tempo

 Os outros dois concordam com a ideia, antes do assunto prosseguir:

 — Consegui ver algumas fotos antes de desligá-la, parece que tem um porão na casa — Bagi que havia continuado.

 — Isso explica a névoa saindo do chão — Fit olha em direção ao local que estava anteriormente, a madeira levemente danificada — Deve ter uma entrada mais acessível

 — Vou voltar para a Van, vou ficar por lá para ajudar Tubbo com a câmera e a documentação — a detetive retira de sua bolsa alguns papéis que encontrou pela mansão — posso dizer para Phil vim acompanhar vocês? Ou os pombinhos querem momentos?

 Bagi praticamente pula longe do alcance de qualquer um dos homens enquanto Pac a repreendia em português e Fit chiava em desaprovação. Toda a Morning Creaw pegava no pé da dupla, as provocações eram mais diretas para o combatente, mas sempre jogavam verde com Pac, na intenção de fazer o especialista deslizar e declarar um pouco dos seus sentimentos.

 

°

 

  Em questão de segundos o trio formado por um combatente, um especialista e um ocultista estava descendo as escadas em direção a escuridão do cômodo subterrâneo. Pac havia sido mais uma vez a estrela principalmente, achando acidentalmente a passagem escondida atrás de uma estante.

 A escada descia em formato de caracol, e igual a toda a cidade, parece que foi deixada ao tempo a muitos anos atrás. A cidade era dita como um paraíso pois pelos documentos que acharam, ela ficava dentro de um domo de vidro impenetrável segundo as autoridades responsáveis — bom, algo entrou na cúpula, algo que talvez o domo não foi capaz de conter.

 O trio estavam todos com lanternas, descendo as escadas em formação para caso algo decidisse atacá-los por qualquer um dos lados. Estavam descendo a tanto tempo que Fit levou um solavanco quando finalmente aterrissaram no solo firme, cascalho balançando sobre as botas pesadas do combatente.

 A nova área era muito semelhante a uma estação de mineração, as paredes eram de pedra bruta com estruturas firmes de madeira. A sala era muito aberta, um quadro quase perfeitamente esculpido, então o trio se entreolham, se separando para investigar a sala, todos ainda atentos aos passos um dos outros.

 Apesar do tamanho da sala, o teto era relativamente baixo, Fit tinha um receio de acabar sofrendo algum dano acidental caso fossem surpreendidos por alguma criatura que pudesse aparecer, pois existiam dois túneis em lados opostos na sala. As passagens eram irregulares, bloqueadas com tábuas de madeira e vigas de metal, mesmo com a lanterna apontada para o túnel, não era possível ver nada além da poeira e das teias de aranha.

 — Tem algo estranho — Fit se vira para a voz de seu velho amigo, Philza, que estava olhando as mesas dispostas em um dos cantos da sala — não parece que esse lugar está abandonado a tanto tempo 

 — Eu acho a mesma coisa, Phil — a voz de Pac era tensa, o especialista estava um pouco longe, vendo alguns caixotes dispostos ali.

 — Oque vocês acharam? — Fit se aproxima de quem estava mais próximo, Pac.

 Juntos eles vasculham novamente o conteúdo da caixa que o químico conseguiu abrir, eram vários produtos perecíveis com aparência de novos, como se tivessem sido entregues a no mínimo dois dias atrás. Havia alguns produtos enlatados que poderiam ou não estar ali a muito tempo, mas já implantou certa desconfiança na equipe.

 Eles tentam abrir algum outro caixote sem muito sucesso, mas, Pac acaba dando um palpite certeiro: "Oquer quer te tenha aqui dentro, foi selado para que só quem fechou pudesse abrir…e é muito mais pesado do que o caixote com alimentos" .

 Sem mais o'que vasculhar, eles se deslocam para perto de Phil, que murmurava algumas palavras e as pronunciavas de forma peculiar, chamando a atenção de Fit e Pac sobre o idioma do que o companheiro havia achado.

 — Calma, Phil, você achou algo escrito em português? — Fit questionou, cruzando os braços sobre o peito.

 O ocultista concorda sem exitar, reunindo tudo que conseguiu encontrar e entregá-las há Pac, que pula em surpresa por ter os papeis em seu rosto. O especialista engole um nó na garganta para assim pegar a documentação e começar a ler para si mesmo, buscando resumir o conteúdo após o compreender.

 Fit teria ficado preso e hipnotizado em escutar Pac murmurando em sua língua materna, mas Phil (infelizmente) o tirou do transe antes que pudesse começar, mostrando um gravador e algumas fotos, cada uma parecendo ter um pulo de tempo entre elas.

 As imagens mais velhas e manchadas e até mesmo queimadas, mostravam uma cidadezinha bem comum, parecendo uma cidade de subúrbio, mas algo que ambos os agentes puderam observar, era que definitivamente não era a mesma cidade na qual estavam atualmente. Forçando a visão e buscando fotos similares, era notável cidadãos utilizando o'que era a camisa da seleção brasileira. 

 A inspeção de fotos foi interrompida com Pac traduzindo algumas partes dos documentos que lhe forem entregues:

 — Aqui diz que a primeira cúpula foi efetuada há doze anos atrás, criada no interior do Brasil quando a organização decidiu despertar o experimento adormecido, conhecido como Herobrine — Pac mordia o lábio e os espremia em uma linha fina enquanto buscava o'que era importante a ser falado — tem várias fichas de moradores dessa cúpula, tem até as causas de suas mortes…e os últimos documentos é de nove anos atrás

 Então de fato a lenda que estava na cantiga, Herobrine, era a criatura e também um experimento, um monstro, talvez, fabricado pelo culto que eles estavam caçando.

 Pac respira trêmulo e nervoso após essa informação bater em seu cérebro, Fit se desloca para o seu lado, deixando sua mão protética descansar contra o ombro do Especialista, encorajando a continuar. A prótese range um pouco, tirando a atenção de Pac do documentos e encarando o material frio, ambos os membros poderiam estar precisando de manutenção.

 O químico suspira, sendo impulsionado pelo toque aterrador de Fit e pelo encorajamento de Philza, dizendo que ele estava indo bem.

 — O teste efetuado no Brasil falhou por conta de um comportamento peculiar de Herobrine, ele, ela ou eles, não se sabe, gosta de brincar e observar seres de natureza considerados inocentes, animais, crianças ou adolescentes — Pac para um segundo, farfalhando os papeis — o experimento foi enfraquecido até o limite por conta de quatro adolescentes, Peter, Felipe, João e Vitor

 — Quatro crianças foram capazes de derrotar uma entidade paranormal? Que interessante — Philza pontua.

 — Esses adolescentes estão… — Fit gesticula com a outra mão, tentando não dizer as palavras exatas para não sobrecarregar Pac.

 O especialista nega com a cabeça, voltando seus olhos para o conteúdo dos documentos, mas não existia nenhuma informação do paradeiro dos jovens, muito menos da entidade. As últimas informações importantes que eles precisavam era que o teste seria realizado novamente, mas desta vez em outro local.

 Segundo as coordenadas e as fotos mais "recentes" que Philza tinha em mãos, definitivamente a nova cúpula era onde eles estavam situados agora. Por tudo o que o grupo observou, era possível dizer que mais uma vez o experimento havia fracassado.

 — Bom dia — os três agentes giram rapidamente em seus calcanhares, empunhando respectivamente suas armas com grande velocidade ao soar de uma nova voz— não esperava visitas!

 Os dois falantes de inglês olham de soslaio para o companheiro brasileiro, Pac estava em alerta, nenhuma frase até agora soou como uma ameaça, mas seu corpo estava rígido. Não era o primeiro encontro do grupo com um membro da Federação, muito menos com um dos famosos co-líderes usuários de máscaras sorridentes, Cucuruchos, mas era a primeira vez que eles achavam um que falasse português.

 — Nem todos aqui me entendem? Isso é uma pena — a voz por trás da máscara sorridente esboçava um sorriso maníaco em seu tom — então não adianta dialogar, espero que curtam a brincadeira do meu lorde

  Pac chia em desespero antecipado, olhando ao redor e quase perdendo o momento que o ocultista retira a máscara do rosto, mostrando um rosto de pele acinzentado, seus olhos eram completamente escuros, sem distinção de esclera, íris e pupila, cabelos e uma longa barba branca. 

 O ocultista tira completamente a máscara do rosto, esticando os braços em direção aos corredores fechados, correntes cortantes de vento surgem em conjunto a uma melodia, aquela cantiga ressoa em suas mentes, mas dessa vez trazendo um desconforto e um frio intenso.

  De dentro dos túneis, algo começa a escorrer, um líquido viscoso e escuro parecia transbordar por entre as paredes rochosas, deslizando em uma velocidade indescritível aos olhos, indo em direção ao ocultista sorridente, deixando os três agentes em constante alerta, trocando a formação de combate a cada nova movimentação ou som que vibrava na sala. A gosma se movia e mexia no ritmo da música tocada pelo vento, com cada borbulhar do líquido sendo acompanhado de algo se mexia nos túneis.

 Nenhum dos agentes teve tempo de reação ou estômago para lidar com a visão a seguir, não importa o quanto você encare o paranormal, vê-lo em ação sempre iria te impressionar ou lhe causar ânsia.

 O lodo se move, se entrelaçando e consumindo o ocultista por inteiro, tanto fora, quanto dentro, modificando todo o seu corpo e virando inteiramente um novo ser. Seu corpo se esticou, sua pele se solidificou, seus olhos agora brilhavam e iluminavam toda a sala. Símbolos do mesmo brilho branco aparecem por todo seu corpo, desaparecendo gradativamente conforme chegava nas extremidades do corpo, pescoço, mãos e pés.

 Junto à dominação e possessão do ocultista, duas criaturas surgem, rompendo as tábuas e vigas para atender ao chamado da nova criatura à frente deles. Enormes aranhas guincham quando surgem nas passagens, em suas costas criaturas feitas apenas de osso e tecido velho, empunhando em mãos arco e flecha e lâminas longas.

 Preparados mas pegos de surpresa, o grupo entrou em combate com uma desvantagem significativa, sem tantos recursos, espaço ou meios de pedir reforços para o restante da equipe — Pac poderia avisar seu irmão, que informaria Bagi e Tubbo que estavam na van, mas ele não tinha como executar a comunicação agora, então o jeito era efetuarem suas melhores performances.

 A distribuição dos três agentes foi feita e o combate iniciado, Fit e Pac estavam de costas um para o outro, lidando com as criaturas que saíram dos túneis laterais, enquanto Philza lidava com os rituais para tentar lidar com o ser possuído na frente dele. A criatura parecia uma mistura de dois elementos que o ocultista conhecia muito bem, um deles era aquele que corria em suas veias.

 Pac suspira, pressionando sua costas contra a de Fit, puxando sua familiar e parceira arma de longa distância, seus dedos passando pelo cano metálico sobre uma gravura, sentindo uma eletricidade familiar preencher seu corpo. O combatente se sente reprimido pela energia em sua costa, mas ao mesmo tempo ela o imunda de uma sensação de proteção.

 — Eu cuido das suas costas! Você cuida da minha? — Pac perguntou, seu tom entregando um sorriso.

 Fit sorri de volta, olhando por cima do ombro apenas para notar que já estava sendo encarado. Essa era a dinâmica deles, sincronizados, ligados, um cuidando do outro. 

 — Sempre — o combatente responde com firmeza.

 Foi a última troca de palavras coerentes e sem o efeito de adrenalina que a equipe trocou, antes dos sons de combate preencherem o ar.

 Se a batalha durou mais do que alguns minutos, Fit não saberia dizer, pois após derrotar a criatura que o atacava, seus ouvidos só captam o grito de agonia de Pac vindo atrás de si, com a voz de Phil acompanhando o caos.

 A criatura mais perigosa presente naquela sala mudou seu foco imediatamente para o especialista, atacando de forma certeira sua perna protética já danificada, causando sua queda e o deixando vulnerável por alguns segundos, dando brecha para que a enorme aracnídeo contra-atacar e injetar seu veneno na corrente sanguínea do atirador.

 Pac, imprevisível como sempre, sacou rápido sua adaga do coldre e finaliza o trabalho com as pinças da aranha ainda fincadas em sua perna boa. O atirador urra de dor enquanto sentia todo o corpo queimar em agonia pelo veneno em suas veias, mas sua voz também é acompanhado por mais dois gritos de dor, fazendo Fit entrar em completo estado de alerta, girando vertiginosamente a cabeça para ver Phil segurar sua barriga, sangue escorrendo pelo ferimento.

 Os dois agentes não eram os únicos feridos, pois o'que quer que o ocultista da Morning Crew tenha feito, machucou e muito Herobrine, pois o corpo possuído estava ajoelhado, se contorcendo em agonia enquanto seus olhos antes brancos, agora estavam preenchidos por lodo escuro.

 — Fit! Acaba com esse demônio — o combatente olha em direção ao companheiro de time — eu cuido do Pac

 O líder segura com mais força os cabos de sua arma, seu corpo tenso e trêmulo pela situação atual. Philza agora estava ao lado de Pac, tentando o seu melhor pela o tratar de alguma forma nas condições precárias que se encontravam, enquanto a criatura que eles precisavam derrotar agonizava do outro lado.

 Era um pouco cruel a situação que Fit se encontrava, pois por um lado ele tinha seu objetivo ali na sua frente, derrotar um possuído tinha como consequência ou a morte do hospedeiro ou seu enfraquecimento, e se eles dessem sorte, eles teriam um Cucurucho na palma da mão e informações preciosas para cumprir o objetivo de toda a equipe.

 Em contrapartida, se dedicar a batalha era colocar a vida de seus companheiros em perigo — principalmente Pac, que estava envenenado e não existia nenhum indício de quanto tempo eles tinham até que fosse tarde demais para salva-lo.

 — Fitchi -! — Pac engasga com a queimação de seu corpo, sua perna já havia perdido os movimentos, isso foi algo que ativou um alarme na cabeça do soldado — Por favor…!

 A respiração acelerada de Fit estava por uma linha muito fina de se tornar uma hiperventilação por sua ansiedade subindo. Ele só se sentiu ansioso em poucos momentos de sua vida, quando entrou pro exército, e quando encarou o paranormal pela primeira vez.

 O pedido de Pac era abrangente, mas era claro como o dia as intenções do especialista com aquelas palavras: "Derrote nosso alvo", mas o coração de Fit dizia algo completamente ao contrário.

 Era uma batalha contra seu racional e seu emocional.

 E Fit tinha que fazer uma escolha.

 

°

 

 A van balançava com os pequenos solavancos da estrada irregular de terra pantanosa, trazendo um conforto para a mente exausta do combatente paranormal.

 A equipe estava dívida por entre o ambiente da van em movimento, Bagi estava no comando do volante enquanto Tubbo ainda analisava o'que eles encontraram na cúpula no banco do passageiro, suas vozes eram um ruído de fundo agradável.

 Philza estava acomodado em um dos poucos bancos que havia na van, seu torso estava enfaixado com o ferimento por baixo totalmente tratado. Era muito raro eles usarem algum ritual para tratar de feridas, então naturalmente você veria os membros da Morning Crew cheios de faixas e bandagens. O olhar que o ocultista lançava para o combatente era de repreensão pelas ações emotivas de Fit com o objetivo da missão.

 O coração havia ganhado a disputa daquela vez, como todas as vezes quando o assunto se tratava de Pac, pois o simples pensamento de algo acontecer com o químico trazia um sentimento perturbador que percorria todo o corpo de Fit como eletricidade. Então ele recuou, agarrando seu amigo nos braços e servindo de apoio para o outro ferido para que saíssem daquele poço de merda.

 A perda mais significativa para Fit poderia ser seu braço, pois ao ajudar os dois amigos debilitados para fora, Herobrine foi capaz de se recuperar brevemente, atingindo o membro protético já fragilizado, terminando de destruí-lo por completo. Mas toda a preocupação com isso eram completamente evaporadas quando ele sentia o bafo quente da respiração de Pac contra o seu pescoço.

 Quando eles chegaram na van, foi uma luta para lidar com o veneno que percorria as veias do atirador, pois graças ao seu sofrimento ele não conseguia orientar com as poções e muito menos dizer como poderiam tratar um envenenamento. Graças a qualquer força do universo, Pac agora estava seguro e longe do perigo, apenas a exaustão que o fez ficar encostado em Fit enquanto os dois estavam no colchão cheio de travesseiros e cobertores no fundo da van.

 Pac treme e chia, se aninhando mais contra o combatente. O careca observa por alguns segundos, enquanto sua única mão disponível puxa uma das cobertas para cima do "amigo", descanso os dedos nas costas de Pac por cima da camada quente de tecido, sorrindo pequeno ao escutar o suspiro de contentamento do brasileiro.

 — Você é tão nojento — Fit levanta sutilmente o olhar, vendo Phil o encarar com um sorriso irritante no rosto — Nunca imaginei que um dia veria isso de perto

 — Calado — Fit murmura, descansando a cabeça contra os fios macios do homem em seus braços.

 — Você sempre foi considerado o cara mais centrado e objetivo de todos os Hell Hunters, mas olha agora — Phil gesticula para todo o conjunto que era Fit e Pac — Desde que vocês dois viraram carne e unha, eu só vejo você se rendendo ao emocional

 Fit bufa, tentando ignorar as provocações do amigo, sem querer aumentando o aperto em torno de Pac, soltando imediatamente ao escutar o silvo de dor do outro homem.

 — De novo 

 O combatente olha para Phil novamente, apenas para o ver cair na gargalhada e falhando em mantê-la contida.

 Como uma última tentativa de despistar as provocações do ocultista, Fit reajusta Pac sobre seu peito o melhor que pode com apenas um abraço, fechando os olhos e controlando a respiração, fingindo descaradamente que havia adormecido.

 Seu plano deu certo, pois os passos de Philza se moveram e sua voz ficou um pouco mais distante, provavelmente tendo se deslocado para conversar com Tubbo e Bagi, ja que o combatente se recusava a falar.

 — Você será minha cova, Pac — Fit suspirou no amontoado de fios pretos e azuis, falando muito mais baixo do que um sussurro, bem ao pé do ouvido do especialista.

 — Acho que isso faz sentido — o careca quase guincha de susto com a voz sussurrada, olhando imediatamente para o rosto sorridente de Pac — "As transformações constantes de Energia sobrecarregam os efeitos de Morte"… foi isso que você me ensinou, estou correto?

 — Claro — Fit sorri calorosamente, feliz em ver Pac um pouco mais energético e claro, acordado — você sempre está correto

 O moreno fica risonho, tirando risadas do outro homem também, deixando o ambiente um pouco mais leve.

 Os olhos do químico deslizam para o lado esquerdo do corpo de Fit, vendo a manga cumprida da blusa amarrada para ficar mais curta, deixando evidente a falta do membro protético. Por instinto, Pac mexe seu membro residual — sua perna foi perdida do meio da coxa para baixo, não havia muito sobrando ali — lembrando que sua própria prótese foi perdida.

 Uma linha bem visível se forma na testa de Pac ao franzir as sombrancelhas, percebendo de imediato que ficaria inativo nas missões por um tempo, pelo menos não podendo estar atuando efetivamente no campo de ação.

 No fim das contas, isso era algo a se discutir com toda a equipe quando estivessem de volta na base. Pac se permite circular o corpo de Fit com seus braços, tomando o outro em um abraço apertado — ele era o único que o soldado permitia tanto contato físico, e Pac sabia muito bem desse fato, se aproveitando disso sempre que podia quando estavam apenas os dois.

 Outra coisa que o atirador sabia, e que Fit nunca recusaria seu toque, sendo comum o combatente derreter sobre suas pequenas demonstrações ou necessidade de toque físico. Então não foi surpresa quando Fit simplesmente retribuiu o gesto.

 Pac definitivamente amava ser a fraqueza daquele cara bruto e centrado.

 

Chapter 16: Cumprir uma promessa

Summary:

HC/AU: Há um único motivo para Pac ter aceitado ir para Valigma

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificada no título

— Essa historia foi escrita no começo de "Arkanis", quando não tínhamos muitas informações da lore do ak!Pac, levem essa historia de forma leve e divertida

Chapter Text

  Há um único motivo para Pac ter aceitado vim para Valigma, e não era atoa que ele de tempos em tempos perguntava para os demais se viram alguém careca e forte com um braço de metal por aí.

 Lhe foi prometido ajuda, ajuda para encontrar alguém que ele perdeu e está buscando reencontrar.

 Pac se senta na poltrona azul que colocou em sua mais nova casa, ele finalmente havia parado para descansar após tanto trabalho. Uma mesa separada seu assento de um segundo, uma poltrona marrom estava a um braço de distância, com o aroma das rosas de seu jardim lhe dando nostalgia.

 Agora sem a intensidade das aventuras ou de conhecer o ambiente ao seu redor, as memórias finalmente começam a voltar, com a tristeza aprisionada em seu peito martelando para ser solta, contra a sua vontade.

 — Eu juro que tô tentando Fit… — Pac fala com uma voz chorosa — eu nunca vou parar de te procurar eu prometi que iria até o inferno por você…e eu vou cumprir essa promessa

 O pequeno sorriso no rosto do homem se desfaz rapidamente ao sem querer encostar no óculos de proteção em sua cabeça. Lentamente, Pac desfaz o feixe e segura o objeto em suas mãos, seus dois polegares deslizando sobre o material dourado da haste do óculos.

 Se fechasse os olhos por alguns segundos, poderia sentir como se eles ainda estivessem aqui. Pac conseguia ver seus dois meninos ao seu redor, conseguia ouvir a risada profundo do homem que pegou o seu coração e prometeu protegê-lo — fazendo dali sua morada.

 Pac funga, deixando uma única lágrima escorrer por sua bochecha.

 

°

 

— Não costumo achar muitas pessoas carecas por aí — Pac estava escorado em uma árvore, enquanto via o coveiro Gomez trabalhar.

 "Você não gosta de carecas?" — Gomez questiona — "Já tivemos essa discussão, eu não sou careca, tenho duas lindas madeixas conservadas

 — Não, não é isso — Pac se afoba, rindo da confissão final do coveiro — eu adoro carecas! Meu namorado é careca…estou procurando por ele, aliás

 Os moradores de Valigma poderiam até usar máscara, mas seus movimentos corporais sempre entregavam suas emoções. Gomez ficou surpreso com a revelação, talvez Pac fosse o primeiro que falou abertamente sobre algo que ele estava em busca? Ou era sobre seu status de relacionamento? Ele não saberia dizer.

 — Aconteceu algumas coisas e…ele acabou sendo sequestrado — Pac olhava pros próprios pés — mas eu sei que ele tá vivo! Então estou procurando por ele, na verdade eu só vim pra Valigma porque me prometeram ajuda para encontrá-lo

 "Se ele está vivo, então não está no meu cemitério" — Pac bufa de forma divertida — "Tenho certeza que você vai encontrar seu namorado, menino"

 — Valeu por confiar em mim coveiro Gomez, continue com o excelente trabalho — o mascarado assente positivamente.

 Pac troca mais algumas palavras com o trabalhador, recolhendo informações que achava relevantes, antes de continuar seu caminho.

 

 Ele não poderia parar agora, ele tinha uma promessa para cumprir.  

Chapter 17: Escrito nas Estrelas

Summary:

"Fit e Pac foram destinados a ficarem juntos em todos os mundos que coexistirem. Mas essa benção foi a maldição de Felps"

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificada no título

Chapter Text

 Não importa o quanto passe de sua existência infinita, quanto sua mente tente apagar os sentimentos que floresceram em seu peito. Seu consciente pode esquecer bilhões de anos e vidas passadas, mas seu subconsciente sempre queimará em dor pelo amor que nunca passará de um sentimento unilateral.

 Os olhos de natureza profunda atravessavam a mesa e pousavam nos rostos brilhantes do casal à sua frente. Aquele sentimento tão puro de amor, companheirismo e lealdade que entrelaçam suas almas era lindo de se ver, mas doía em seu coração.

 Pac, um cientista brilhante com inúmeros talentos ocultos nos bolsos de seu moletom — teve inúmeras reencarnações antes dessa, sua alma é antiga nesse mundo e com muita experiência para compartilhar, cheias de pessoas ao seu redor.

 Fit, uma alma forte e cheia de cicatrizes, também velha nesse mundo, com talentos escritos e abertos a quem quisesse ver — apesar de ser antigo no universo, não reencarnou tantas vezes como outros, mas naquelas que teve, viveu uma vida solitária com poucas pessoas ao seu redor.

 Mas havia algumas exceções, nelas, você sempre encontraria a cor marrom emaranhada na cor azul. Cores tão distintas mas que por algum motivo se atraiam e se complementam e sincronizam em tanta harmonia que parece irreal.

 O casal havia reunido seus amigos naquele restaurante para comemorar o noivado considerado "tardio" por todos os seus conhecidos. Mas eles não tinham pressa, adoravam aproveitar a vida e seus pequenos acontecimentos. Trocar as alianças prateadas pelas douradas e ter um documento governamental não mudaria nada em suas vidas — palavras deles.

 — Felps? — o cacheado pisca para sair de sua névoa, vendo seu amigo, Pac, olhando com preocupação — você está em silêncio a algum tempo, quer tomar um ar?

 — Claro, é uma boa ideia — Felps concorda.

 — Eu te acompanho, para garantir que você não suma como sempre — Pac brinca, se levantando de seu assento.

 Enquanto os dois amigos davam a volta na mesa para saírem pro corredor livre, Felps sentiu seu coração afundar ao capturar com o canto dos olhos o abraço e a troca de beijos gentis entre os recém noivos.

 Eles eram sem dúvida um casal que todo mundo um dia desejaria ser.

 Os dois amigos sobem até o segundo piso do restaurante e se acomodam na varanda, a área de mesas estava completamente vazia pelo clima frio e a leve garoa que caia de tempos em tempos, deixando várias peças de roupas encharcadas. Felps é o primeiro a se debruçar sobre as grades da varanda, com Pac imitante sua postura.

 Tal pose fez o cacheado lembrar de alguns eventos passados, levando-o a olhar em direção ao amigo, esperando que o mesmo já estivesse com um maço em mãos e lhe perguntando se tinha um isqueiro. Mas suas expectativas são completamente quebradas ao ver apenas um celular nas mãos de Pac, sua luminosidade no máximo permitia que Felps visse seu papel de parede — era uma selfie, composta por Fit, Pac e os dois meninos, Ramon e Richarlyson, os quatros usando acessórios que remetem a rosas.

 — Parou de fumar? — Felps pergunta, curioso.

 — Meio que sim — Pac admite, desligando o celular e o guardando no bolso de sua jaqueta — eu comecei diminuindo por conta do Ramon, o cheiro o deixa doente, mas acabou que eu só não sinto mais falta do cigarro

 Até mesmo antes do namoro, ou do noivado, quando ainda só existia a "amizade" entre os dois adultos. Pac e Ramon se davam muito bem, sempre foi raro mas perto do cientista o garoto voltava a ser criança, esse comportamento natural de sua idade só se intensificou com o passar do tempo e quanto mais as coisas foram se desenvolvendo.

 Oh sim, Felps nem sabia como tudo havia acontecido, quando começou? Quanto tempo demorou? Ele praticamente nem sabia que Pac estava namorando até ficar sabendo por terceiros que o aniversário de namoro deles estava fechando.

 E agora, seu amigo estava noivo.

 — Sabe, eu nunca soube quando você e o Fit ficaram tão próximos, nem quando começaram a namorar — Felps se debruça totalmente contra as grades, deixando um braço pendurado para fora, sentindo a garoa fria.

 — Fit foi a pessoa certa na hora certa — Pac imita a pose do amigo — já éramos amigos é claro, mas ele se tornou uma constante ainda maior quando meu irmão se mudou para viver com a namorada...ele ficou tão próximo que parecia que vivíamos na mesma casa, os sentimentos foram apenas uma consequência agradável por conta da convivência

 Pac falava com tanta ternura como o'que ele sentia por Fit deixou de ser platônico para virar romântico, que qualquer um poderia se derreter. Mas Felps sentia amargura, por que não poderia ser ele? Todos os universos pareciam conspirar contra os desejos de seu coração.

 — Eu sempre gostei do Fit, acho que meu coração molenga se derreteu a primeira vez que escutei a voz dele — Pac ri, totalmente desconcertado enquanto pensava no noivo  — eu posso ter me apaixonado primeiro, mas segundo as crianças, Fit se apaixonou com mais força!

 As estrelas são conhecidas pela sua crueldade natural, amaldiçoando almas e cravando destinos que passariam por todas as suas reencarnações. Mas por alguma razão elas fadaram as almas azuis e marrons a sempre se cruzarem ao coexistir — não importa o'que o mundo jogue para cima deles, apenas sua existia conjunta já será o suficiente para que seus corpos se atraiam e junte seus corações apaixonados de forma tão pura um pelo outro.

 Eles foram escritos como Chamas gêmeascomo uma rosa incendiada que durará enquanto um ainda mora no coração do outro.

 Enquanto Felps foi amaldiçoado pelo karma de sempre ter seu amor tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe.

 — Estou muito feliz por você Pac — mentiu — que bom que encontrou alguém que te trate bem e te faça feliz

 — Valeu Felps, significa muito vindo de você — Pac dá aquele sorriso gentil de sempre, seria contagiante se Felps não soubesse que era resultado de uma mentira dele — O'Que acha de ir para dentro? Estou começando a congelar

 Se fosse sincero, a ideia de retornar para o restante do grupo não era muito agradável para Felps, ele finalmente tinha conseguido que a atenção de Pac fosse voltada para ele, pelo menos um pouco, desejando manter aquilo apenas por mais um tempo.

 Mas seria muito egoísmo manter o homem longe do seu noivo e do resto da família, congelando por conta da garoa fria. Com um aceno positivo, os dois homens retornam para dentro do estabelecimento.

 O resto do grupo comemora o retorno deles, não foi uma saída demorada mas mesmo assim alguns relataram que a ansiedade de separação de Fit havia dado as caras. Felps é o primeiro a se sentar em seu lugar, vendo o exato momento que Pac também retorna ao seu e a seguinte interação dos amantes acontece:

 — Pac você está tremendo — a voz de Fit era terna, recheada de preocupação — seu casaco está encharcado

 — Está tudo bem, acabamos ficando numa área aberta — Pac estava encolhida em sua cadeira, ficando o mais próximo possível do noivo — mas estou bem!

 — Ok vamos consertar isso — Fit diz firmemente.

 Pac engasga, não tendo nem tempo de protestar além de murmurar alguns "nãos" quebrados, enquanto Fit retirava o casaco ensopado do noivo, manobrando para tirar seu próprio. Entre protestos entrecortados, Pac agora estava encolhido no enorme e quente tecido marrom, com um braço laçando seu ombro e o deixando colado na lateral de Fit. Apesar dos protestos, o cientista sorria satisfeito com o calor do casaco e do abraço do noivo.

 Alguns membros da mesa reclamam do quão grudentos o casal estava sendo, enquanto outros exclamam alegres em finalmente poder presenciar momentos fofos entre os dois.

 Felps só pode olhar, qualquer coisa que ele expressasse poderia estragar o momento, e não era do seu desejo deixar Pac chateado, apesar de ter seu coração partido em todos os mundos, Pac ainda era seu amigo e ele não seria capaz de desejar a infelicidade para ele.

 Talvez em algum lugar no universo ele pode ser feliz com o cara que roubou seu coração só de existir. Em um mundo onde o marrom não exista o azul possa viver outros amores, pois se a existência daquela cor terrosa já é o suficiente para que a chama espiritual de seus corações se conecte e os atraia um para o outro.

 Felps suspira, olhando para o céu, apesar das nuvens da tempestade que se aproximava, ele consegue ver duas estrelas brilhando em união, parecendo que estavam de mãos dadas — assim como o recém casal de noivos. Pac e Fit realmente tiveram seu destino escrito nas estrelas, abençoados a se encontrarem e se amarem apesar das adversidades.

 

 Enquanto Felps foi amaldiçoado a viver de coração partido, esperando que em algum momento sua chance pudesse chegar.

Chapter 18: Nunca mais teremos que fingir

Summary:

"Em meio a um conflito sem fim, uma proposta é feita e dois homens se veem destinados a se unirem em matrimônio pelo bem de suas nações."

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificada no título

— Desculpe pelos possíveis erros nas escritas em inglês, caso você esteja lendo em português
— Essa historia foi inspirada no servidor "The Realm" logo no começo, nada escrito aqui é canônico, apenas inspirado na ideia e nos cúbitos do servidor

Chapter Text

 As reuniões sempre eram chatas e sempre acabavam em um fracasso completo, mas aquela parecia diferente, havia algo acontecendo por de trás das cortinas e essa percepção fez os ossos de Pac coçarem por debaixo de sua pele, sua máscara parecia estar o sufocando enquanto ele procurava algo para se focar e tirar a tensão de seu corpo.

 Seus olhos cruzam a sala, vagando primeiramente por seus aliados, principalmente em sua irmã de consideração, a única razão pela qual Pac permaneceu no meio daquela gente, além da sua lealdade a quem os acolheu das ruas. Bagi também parecia incomodada, pois seus olhos se encontram com o do meio-tiefling e sua primeira ação é se virar completamente para ele, sussurrando:

 — Também sentiu isso?  — Bagi indaga — tem algo acontecendo e eu não gosto nada disso

 Era interessante o fato de que apenas os dois irmãos falassem português, isso foi uma carta muito útil para coletar e transmitir informações. Mas também era bom poder desabafar sem o medo de que todos entendessem seus receios.

 — Me sinto sufocado, só quero sair daqui logo e voltar ao trabalho — Pac bufa.

 Os olhos do arqueiro se deslocam entre os habitantes da pequena aldeia dos "observadores" neutros , como eram nomeados, mas sua visão não demora tanto neles e rapidamente é atraia para um certo alguém do reino rival. Seus olhares  se cruzam e permanecem ali, e Pac se vê encarando o mais fundo das orbes do monge Fit, um homem muito respeitado e constantemente seria encontrado pescando nas margens de algum rio, ou meditando sobre a sombra de alguma árvore  — caso contrário, estaria prendendo sua respiração submergido abaixo da ponte do reino amarelo. Pac já teve que retirar seu corpo adormecido da água algumas vezes, já que era o único nas redondezas.

 A dupla se encara por longos segundos, seus olhares não vacilando nenhuma vez, até que ambos os líderes das três terras puxam suas cadeiras e se sentam em seus lugares. Bad e Tubbo se contentaram com o básico, mas Foolish teve que se erguer perante os outros, mas isso era assunto para outra ocasião.

 O sino soa e a reunião finalmente começou, mas Pac se pegou distraído por metade do que foi falado, sua mente registrou tudo mas o arqueiro não tinha vontade de interpretar o idioma estrangeiro e entender os termos que os líderes estavam impondo, pois todas as reuniões tinham o padrão de se encerrar na mesma forma  — ou era pra ser assim  — mas uma palavra chamou sua atenção e fizeram todos os seus instintos se ligarem:

 — I propose marriage as a way of signing a peace agreement — Bad jogou a proposta na roda.

 Rapidamente Pac olha para sua colega, Bagi, ambos indagando o que seu representante estava tramando. Ambos franzindo as sobrancelhas em sinal de preocupação, e o arqueiro podia sentir um olhar queimando suas bochechas enquanto trocava palavras silenciosas com sua irmã.

 — Casamento? — as palavras finalmente começaram a se formar na cabeça de Pac, enquanto ouvia Tubbo falar — porque propõe isso? Que porra?

Muitos acordos acontecem assim, não é? Não estamos chegando a lugar nenhum com essas reuniões

  Você está certo — Foolish pontua, se indagando e conversando consigo mesmo — Com um casamento iremos repartir nossos recursos e unir nosso território, sem mais conflitos por roubos

  Pac engole um resmungo, sua parte preferida do dia era invadir as catacumbas do reino inimigo e furtar alguns itens "inúteis". Mas se essa decisão fosse impedir que ele tivesse suas roupas cobertas por armadilhas de mel nos túneis subterrâneos, ele iria clamar de joelhos por esse casamento, e dar suas condolências aos infortunados que fossem escolhidos para o casório.

 Os dois líderes principais continuam discutindo por minutos intermináveis, tanto que Pac se vê se perdendo nas palavras pela segunda vez, mas algo não o deixa se desligar completamente, quando os olhos de Bad o encaram por alguns segundos por cima de seu ombro armadurado.

 — Para afirmar isso como uma boa proposta, te ofereço meu melhor soldado, nosso arqueiro de elite — as garras longas de Bad se estendem em direção a Pac.

 — Espera o'que?! — os olhos do meio-tiefling se arregalaram tanto que faltavam pular para fora de sua cabeça.

 Apesar da reação chocada do arqueiro, o rei do lado oposto pareceu gostar um pouco demais daquela sugestão. Enquanto todos os soldados presentes no recinto, de todos os lados, estavam literalmente confusos, pois toda a reunião pareceu ter andado para acabar naquele ponto exato.

 Um brilho perigoso se formou nos lábios do Rei dos Tolos, grandes dentes afiados reluzindo a luz das lanternas com a intensidade do ouro. Tal sorriso fez o coração de Pac ser comprimido dentro do peito e contorcer seu próprio rosto em uma careta, na qual a máscara não ajudava tanto, já que seus olhos falavam por si mesmo, deixando claro seu próprio nervosismo.

 Vendo o sorriso de seu rival, os lábios de Bad também se curvam em direção aos olhos, um sorriso de orelha a orelha para mostrar suas presas tão afiadas quanto as de seu oponente. Enquanto o terceiro representante se contorcia um pouco em seu assento, como se tivesse notado o nervosismo de todos os ouvintes daquela reunião.

 Os dois monarcas, por assim dizer — já que Bad não carregava o título de rei — duplicam suas posturas, costas lentamente se encostando contra o acolchoado de seus assentos, ombros relaxados ao lado do corpo enquanto suas mãos descansavam gentilmente juntas sobre a mesa central, que comportava todos os itens e contratos feitos por ambas as nações.

 — Se seu melhor guerreiro é sua oferta — as palavras pareciam um brilho venenoso disfarçado de inocência na língua do monarca de coroa — Também ofereço meu melhor soldado

 As mãos robustas e leves do rei se voltam para alguém de seu exército, tirando suspiros e gritos de alguns dos presentes. Pac espreme os olhos, seguindo vagarosamente para onde Foolish estava indicando, seus olhos avaliando cada pessoa que seus olhos passavam, vendo os olhares arregalados que também se contavam para o alvo indicado.

 Mais uma vez os olhares dos dois homens se cruzam, agora compartilhando o sentimento de espanto ao perceberem o que haviam sido destinados a trilhar. Fit foi a pessoa indicada por seu rei, para se casar com Pac em prol de uma aliança entre seus reinos, fazendo ambos engasgarem com o ar, mas não conseguindo desviar o olhar um do outro, tentando transmitir alguma emoção, algum indicativo do que poderia estar acontecendo, mas ambos os olhares estavam nublados de confusão.

 Sussurros e murmúrios começavam a inundar a sala de reunião, mas Pac se recusava a tentar entender alguma delas, também não conseguindo sustentar mais o olhar com o monge, olhando intensamente para o chão irregular em seus pés e tropeçando alguns passos para trás, sendo segurado pelo braço de sua irmã, que envolvem suas costas e o firmam no lugar. Os olhos azuis profundos de sua companheira estavam cabisbaixos e com uma onda de preocupações nadando pelas íris, deixando Pac ainda mais sufocado em sua máscara.

 — Você está bem? — alguém pergunta algo atrás de Bagi, já que ela estava falando em português, mas a mulher apenas vira o dedo do meio para o indivíduo — Você sabe que…

 — Estou bem… — um sorriso cansado é estampado no rosto do moreno ao abaixar a máscara e deixar o tecido se acumular ao redor do pescoço — só fui pego de surpresa…Fit…não é tão ruim, melhor do que qualquer outra pessoa na verdade

 — Qualquer coisa eu dou um chute na bunda dele — Bagi arma o soco, mas rapidamente o desfaz — mesmo que eu não tenha nenhuma força física para fazer isso…posso destruir ele nas palavras também!

 — Definitivamente! — Pac sorri de forma gentil, sempre retribuído pela mesma gentileza de sua irmã.

 Os dois falantes de português entrelaçam suas mãos, sorrindo um para o outro, mas os sorrisos se desmancham quando o foco de ambos retornam para os líderes, os quais ainda conversavam, mas alguns de seus súditos haviam se enfiado no meio da negociação, talvez insatisfeitos com o acordo de matrimônio.

 No final, as vozes cessaram, agora de pé já frente de seus assentos, os dois monarcas principais estavam com seus pretendentes ao casamento à sua direita, fazendo novamente a dupla já familiarizada se encarar, tentando manter suas expressões neutras perante seu próprio povo, mas muitas emoções dançavam em seus olhos. Pac se pegou engolindo em seco e espremendo os olhos de maneira nervosa enquanto estavam parados ali.

 Pelo canto dos olhos, o arqueiro consegue ver ambos os líderes sacando seus carimbos e os segurando firmemente em seus punhos, enquanto Tubbo, derramava as respectivas ceras no contrato aberto sobre a mesa. O material viscoso azul e amarelo se acumulam ao serem derramados sobre uma fita da cor oposta a sua, sendo carimbadas antes que pudessem secar completamente, deixando gravado no pergaminho junto a suas assinaturas, o contrato que afirmaria uma aliança de paz, que entrará em vigor quando o casamento for realizado.

 — Então ficaremos responsáveis pelo local do casamento — Foolish afirma com um enorme sorriso no rosto — e vocês ficaram responsáveis pelas vestes e pelo banquete

 — Estaremos com eles prontos dentro da data limite — Bad completamente — os pombinhos podem ficar hospedados na taverna dos Neutros

 — Tá de brincadeira? — Tubbo esbraveja em seu lugar, esbofeteando o próprio rosto enquanto resmungava — tudo bem, estava no acordo, não posso ser contra isso…vão bora gente!

 Pac se pegou piscando algumas vezes, se perguntando a quanto tempo ele e seu noivo estavam se encarando e parados na mesma posição, pois ao se mover sentiu todo o corpo adormecido e leves vibrações devido a tensão muscular constante.

 Aquela reunião havia chegado ao fim, e agora os dois melhores guerreiros de seus respectivos reinos estavam sendo levados para uma zona neutra, onde ficariam hospedados até a data marcada. O local não era muito longe da onde estava sendo feita a reunião, uma estrutura grande composta principalmente por madeira de variados tipos e um ambiente aconchegante.

 O recém casal de noivos é acomodado em um quarto simples, comum de uma hospedaria na qual teoricamente os hóspedes passariam poucos dias. Quando a porta atrás deles se fechou e as vozes e os passos desapareceram completamente, ambos os guerreiros se sentaram na única cama disponível no quarto, permanecendo no silêncio.

 O ambiente quieto ganha sons em instantes, risadas altas e abobalhado que os dois homens haviam segurado por tempo demais por conta daquele disfarce medíocre. Seus rostos estavam vermelhos como tomates maduros, devido ao quanto tempo estavam engolindo as gargalhadas. Pac envolve os braços ao redor da barriga, sentindo ela doer por conta de suas risadas altas, tombando o corpo para o lado onde por consequência acaba com a cabeça no colo de Fit, que não pareceu se importar, pois ainda tentava recuperar o próprio fôlego.

 Como um caramujo, as risadas se dissipam devagar, caindo num silêncio calmante, permitindo que o som do vilarejo banhasse o pequeno quarto. Pac ofega uma última vez, cobrindo o rosto com um de seus braços, enquanto seu sorriso era crescente em seu rosto.

 — Deuses — a voz do arqueiro irrompe o ambiente — isso foi hilário, acha que atuamos bem?

 — Oh acho que sim! Viu aqueles sorrisos bestas em seus rostos? — Fit dá uma última gargalhada, deixando o corpo relaxar e sentir o peso em suas pernas — eles nos que nos casamos porque não podem admitir o quanto querem se comer, dá pra ver em seus olhos

 — Lhes ofereça uma taça de vinho e veja o show acontecer — o braço de Pac cai de seu rosto, acidentalmente abaixando seu capuz, enquanto seus olhos encaravam o teto alto do quarto.

 Aquele pequeno momento foi como encontrar ouro aos olhos de Fit, pois o arqueiro raramente estava desprovido de sua máscara e capuz, então o monge não perde tempo ou mede esforços em gastar sua mana para materializar seu braço esquerdo. As tatuagens em seu ombro ganham uma coloração e brilho azulado, gerando um braço de matéria translúcida que se emaranha nos fios pretos do homem em seu colo.

 O carinho rouba a atenção de Pac de seu sossego, voltando seus olhos para o monge de vestes terrosas, que tinha um sorriso pequeno em seu rosto. Foi como se uma vela tivesse sido acesa no cérebro do arqueiro, sentindo seu coração pular dentro do peito em euforia.

 — Não iremos mais precisar fingir — Pac parecia estar falando consigo mesmo, mas as palavras batem bem fundo na mente e no coração do monge.

 — Não iremos precisar fingir… — Fit repete em um sussurro — nunca mais precisaremos fingir

 Aquela dupla com olhares perdidos e apaixonados se conhecia a muitas luas, e seu relacionamento também já consistia de uma longa duração, com aquele sentimento tendo sido cultivado de outras vidas, segundo uma cartomante.

 Foi um infortúnio o fato de que eles acabaram se juntando a reinos diferentes, cada um por seus motivos: Fit apenas por comodidade e Pac por lealdade. Mas isso não foi motivo para sua relação desandar, na realidade se tornou um passatempo caótico seus encontros furtivos e as encenações na frente de seus colegas, mesmo que alguns já desconfiavam ou soubessem da relação cultivada em segredo.

 Mas, estando ali naquele quarto, após aquela reunião que selou o destino de ambos, pelo bem de seus povos, era como se nada daquilo tivesse acontecido em segredo. A simples ideia de terem passe livre para demonstrarem seus reais sentimentos era como explodir fogos na virada de ano novo, ou sentir a crocância de uma maçã suculenta.

 Tão rápido quanto seu corpo permitia, Pac se senta novamente na cama, apenas para se atirar contra Fit e os derrubando sobre os lençois em um abraço de urso e risos alegres que acabam contagiando o homem careca, que não parecia se importar de ser esmagado pelo abraço apertado do noivo, demorando um pouco mas logo envolvendo os seus próprios braços ao redor das costas do outro homem.

 — Deuses isso é tão bom! — Fit grita, aquela alegria impregnando sua voz naturalmente forte — isso é tão bom, saber que posso falar pro mundo inteiro que eu tenho um noivo brasileiro !

  Brazilian fiancé , era um termo que Pac nunca imaginou que receberia, onde uma porta havia se aberto para que um novo título fosse colocado em sua cabeça em breve, mas ele não queria ficar ansioso. Eles tinham três dias para aproveitar o noivado e principalmente, um ao outro, sem se preocupar com juntar recursos para seus reinos ou temerem que pudessem ser apunhalados pelas costas.

 — Estou tão feliz… — Pac não se preocupa em estar falando em português, sentindo o noivo voltar com os cafunés — podemos dormir um pouco? Hoje foi uma loucura

 — Of course darling, let's have a nice beauty sleep

 — Oh já começamos com apelidos de novo? Posso te chamar de Chuchu?

 — What it means?

 — There's no correct translation, but it's like saying peanuts in an affectionate way — Pac tenta seu melhor para explicar o significado do apelido carinhoso, sem ter que citar o alimento em si.

 — É perfeito na minha opinião, bem brega!

  Somos muito bregas, Chuchu — um sorriso divertido cobre o rosto do arqueiro, enquanto ele se inclinava para deixar um beijo na ponta do nariz de seu parceiro.

 Com algumas atrapalhadas aqui e ali após aquele momento de doçura e realização, o casal finalmente se ajeitou naquela única e simples cama que tinha no quarto, deixando com que ambos ficassem tão próximos pela simples razão de não acabarem com o rosto no chão. 

 Ainda havia um longo dia pela frente, mas após uma reunião cansativa e serem comprometidos há matrimônio, os dois homens só desejavam ficar ali, aproveitando o sol que entrava pela pequena janela do quarto e se derrete no calor dos braços quentes um do outro, usufruindo do sentimento gratificante de que nunca mais iriam precisar esconder seus sentimentos.

Chapter 19: Quatro de Janeiro

Summary:

"Era dia 04 de janeiro, uma data muito especial e única"

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificado no título

— Nesse capítulo não há um universo específico, fica a vontade de vê-lo como uma AU ou uma extensão do canon
— Desculpe pelos possíveis erros nas escritas em inglês, caso você esteja lendo em português

Chapter Text

 Pac estava alheio aos seus arredores enquanto trabalhava em algo, um antigo projeto que ele acordou animado para terminar naquele dia.

 A enorme casa estava vazia e silenciosa, pois seu namorado não estava presente desde de manhã, precisando trabalhar em seus próprios negócios, enquanto seus filhos haviam ido passar o dia com seus amigos, deixando Pac sozinho na companhia de seus gatos. Na verdade apenas um deles, um filho de seus mais velhos, no qual nomeou de Milo, os deixando com o total de cinco felinos, mas o único que perambulava por todo o ambiente era Milinho — que adorava ver os donos trabalhando em seus projetos, principalmente maquinários.

 As horas passaram e já devia ser por volta de meio-dia com o quão forte estava o sol, obrigando Pac a descansar um pouco e se sentar na sombra de uma árvore do jardim, mas não antes de passar os dedos pelo entalhado no tronco, aquele simples coração com a gravura "P+F" no centro. Era sempre uma mistura de orgulho e vergonha toda vez que Pac vislumbra o seu trabalho de entalhe, se sentindo como um adolescente no colégio que conheceu seu primeiro amor — que não era muito longe da realidade.

 Mesmo com o sol quente e o suor em seu rosto, uma lembrança muito específica faz Pac sentir uma imensa vontade de tomar um pouco de café. Memórias vagas das vezes que ele e seu incrível namorado estiveram em uma cafeteria juntos e desfrutaram de uma bebida quente em conjunto, não importava como estivesse o clima.

 O aroma da bebida energética imunda suas narinas, fazendo Pac franzir as sobrancelhas por achar que estava pensando demais e até chegou a imaginar o cheiro do café. Mas assim que a mente do homem moreno volta ao presente, ele finalmente percebe o copo cheio, quente e aromático sendo segurado a sua frente. Virando a cabeça, acompanhando a linha da mão, seguindo para o braço que segurava a bebida, Pac se depara com o rosto esculpido de seu namorado — ele estava tão distraído que nem notou a aproximação de Fit, ele já havia se acostumado com a aproximação silenciosa, então nunca se assustada com o ato.

 Sentindo seu coração acelerar no peito, Pac se inclina para o lado e beija a bochecha do namorado, se aproveitando que eles haviam dado mais um passo e começando a selar alguns beijos em locais como testa, bochecha e até seus narizes. Assim que é feito, Pac pega a bebida que estava sendo oferecida a ele e logo prova um gole, sentindo o gosto forte do café descendo com sua garganta.

 — Obrigado Fit! — Pac inicia em português, pensando antes de continuar a frase, pois, por mais que o careca não falasse tão bem o idioma, ele conseguia entender boa parte do vocabulário. Além de sempre insistir para que Pac falasse sua língua nativa — Como sabia que eu queria café?

 — Oh really? Well that's good — o moreno repara agora, que o namorado também tinha uma bebida para si, pois ele trocou o copo de mão para levar o protético a descansar atrás da cabeça, coçando a nuca, seu rosto tinha manchas vermelhas oque Pac culparia o sol forte — Na verdade, trouxe café para você por outro motivo, mas é bom saber que fiz um de seus desejos

  — Espera, qual o motivo? — o moreno inclina a cabeça para o lado, como um animal curioso, pois apesar das piadas e do forte vínculo deles, Fit não era capaz de ler pensamentos, então havia algo por trás.

 — É um dia especial, bom, pelo menos para mim é uma data importante — cada vez mais, Fit se atrapalhava nas palavras, gaguejando de forma leve e engasgando com algumas letras.

 Pac se põe a pensar, repassando vários feriados em sua cabeça que poderiam estar sendo comemorados, mas ele não recordava de nada que pudesse vir logo após o ano novo. A próxima coisa que acabou causando um mini ataque de pânico em seu coração, foi o aniversário de namoro, ou até o dia dos namorados, mas ambas as datas ainda estavam sutilmente distantes.

 Franzindo as sobrancelhas, ele tenta recordar o que poderia ser uma data importante no dia quatro de janeiro. De repente, as memórias antes vagas em sua mente, ganham mais detalhes e uma delas chama a sua atenção, onde uma das vezes que ambos compartilhavam um café, foi no mesmo dia que confessaram seus sentimentos um pelo outro, marcando a data de seu primeiro encontro oficial.

 O rosto de Pac fica completamente vermelho, ele poderia ser comparado a um tomate maduro naquele estado, e seu namorado não estava muito longe disso.

 — Você ainda se lembra né? — Fit parecia pequeno, devido ao quão envergonhado e feliz estava, perdendo totalmente a postura natural de alguém firme e sério.

 — Como eu poderia esquecer? Você se confessou, EM PORTUGUÊS! — Pac larga sua bebida, segurando a mão livre do parceiro com uma das suas, enquanto a outra segura a bochecha do namorado — Sabe o quão forte meu coração bateu naquele dia? Deusas, achei que meu peito fosse explodir igual uma TNT!

 Aquela risada sutil e doce de Fit faz o coração do brasileiro bater forte novamente, sabendo que ele era o único — junto aos seus filhos e sobrinhos — que tinham a honra de ver e causar aquele lado vulnerável do homem.

 — Eu sei que…hoje é apenas o dia que confessamos nossos sentimentos — Fit larga a própria bebida, deixando sua mão sobre a do amado que segurava seu rosto, derretendo no toque do moreno — mas admito que sou um pouco ansioso, então quero te dar seu presente adiantado!

 — Presente? — Pac indaga, soltando a mão e o rosto de seu homem, se afastando e permitindo que Fit também tomasse espaço.

 Os poucos segundos em que o veterano ficou vasculhando seus pertences pareceram angustiantes e longos para Pac, que estava muito ansioso e nervoso com oque quer que seu namorado estivesse planejando lhe dar.

 Um embrulho azul Royal é retirado dos itens de Fit, não era muito grande, mas assim que foi dado aos braços de Pac, ele notou o peso do presente. Animado e nervoso, ele rapidamente, mas com cuidado, desfaz o embrulho e abre o pacote, se deparando com algo que ele nunca imaginaria receber.

 Era um coração feito de madeira, esculpido e moldado ao redor de uma gravura no tronco. Foi como receber uma descarga elétrica, pois não era uma escultura qualquer, Fit havia arrancado o pedaço de uma árvore na qual Pac havia treinado para entalhar o mesmo coração que estava logo acima de suas cabeças, provavelmente trabalhando para polir e deixar o mais semelhante a uma decoração, tendo até uma corda amarrada ao objeto, para ser pendurado como um quadro.

 Pac estava tão envolto em sua própria euforia, com o peito cheio de emoções que acabou pulando no lugar quando sentiu o toque quente em seu rosto, sentindo as pequenas cicatrizes dos dedos que o puxaram e o direcionaram para olhar para o rosto de seu namorado que estava com um olhar sério e rosto vermelho igual uma maçã.

 Fit beija o canto dos lábios de Pac, onde ambos estavam tremendo de nervoso, arfando e rindo devido aos sentimentos tão genuínos e naturais que fluíam de ambos.

 — Eu te amo — o sotaque quase inexistente na voz de Fit fez Pac demorar um pouco para reagir, mas um sorriso de orelha a orelha crescia em seu rosto.

 — Você disse… — Pac sussurra, tentando conter toda a alegria que borbulhava em seu peito.

 — E-eu disse certo? — pronunciar palavras em português sempre eram uma situação de meio a meio, ou Fit ficaria feliz em fazê-lo ou ficaria sutilmente nervoso na pronúncia.

 Sem perder o ritmo, Pac retribui o beijo, espelhando no canto dos lábios do namorado, segurando seu presente contra o peito com uma das mãos, enquanto a outra descansava na coxa de seu parceiro.

 — Também te amo, Fitch




Chapter 20: Mal-entendido com drama de complemento

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificada no título

— Desculpe pelos possíveis erros nas escritas em inglês, caso você esteja lendo em português
— A historia a seguir é inspirado no servidor "The Realm" mas não segue o fluxo original ou interfere no canon
— Ideia original por "Drih com h no final", inspirado no filme O Alto da Compadecida 2

— Essa historia esta disponivel de forma avulsa no perfil

Chapter Text

   O som de mil vozes toma conta dos pátios da catedral, chamando a atenção de outras pessoas que estavam nas redondezas ou passavam e viam a comoção. O pequeno e barulhento grupo que havia chegado, carregavam bolsas pesadas em suas costas e completamente equipados, pela sujeira e cansaço em seus corpos, junto seus rostos abatidos e mal humorados, todo mundo ali sabia que era uma volta de uma expedição que não renderá frutos.

 Um certo guerreiro marcial estava por perto, vendo todos aqueles soldados cansados e abatidos, mas provavelmente, não mais do que ele, Fit vivia o luto da perda, se afogando no consumo de sopas estranhas.

 Era um dos raros momentos em que o careca não estava sozinho, ou se forçando a se socializar, apenas conversando com seu bom amigo Philza, enquanto observavam a esquadra se acomodando e se adaptando aos moradores curiosos. Mas passos rápidos no gramado roubam a atenção da conversa dos guerreiros.

 Um pouco surpresos, ambos se viraram para ver o indivíduo que se aproximava, mas são totalmente surpreendidos quando a pessoa desconhecida se jogou contra o careca quase o derrubando no chão, mas sendo segurado pela mesma pessoa que colidiu contra ele, quase o levantando no ar devido a força que usava para segura-lo.

 Totalmente incrédulo pela situação que estava passando, Fit olha para baixo, apenas para ver um tufo de cabelo escuro como a noite, com um brilho azulado devido aos raios solares. De repente, aqueles fios se levantam e revelam um rosto iluminado como uma luz incandescente e mais brilhante do que o sol e a lua juntos. Os olhos antes opacos de Fit, se acenderam com um brilho intenso e radiante, enquanto todo o ar era retirado de seus pulmões em um único suspiro, enquanto aquele sorriso o enchia de inúmeras emoções antes apagadas pela tristeza e pelo luto.

 — Fitch! — grita o homem que o segurava, aquele sotaque tão único que apenas duas pessoas naquelas terras possuíam — Senti tantas saudades de você

 Aquilo deveria ser um sonho.

 — P-P-Pac…? — o guerreiro sussurrou para si mesmo, mas mesmo sua voz baixa causou uma reação naquele homem que o segurava, seus olhos enrugando em sinal de admiração.

 — Sou eu, amor, como você está? — Pac permite que Fit saia de seus braços, finalmente olhando para seu amado, franzindo as sobrancelhas ao ver o estado que o careca se encontrava — Bom…ainda bem que eu perdi o olfato a anos atrás, mas o que aconteceu com você?!

 Enquanto Pac avaliava o estado deplorável de seu namorado — mesmo que tivesse seu charme único — Fit fazia o mesmo com o moreno.  Apesar das manchas de sujeira e fuligem pelo corpo, e os pequenos respingos de sangue, os quais o careca pediam a todas as divindades que fossem de outra pessoa e não do seu amado, Pac continuava impecável.

 Desde o início, aquele homem tinha algum tipo de benção sobre sua aparência, e apesar das atitudes astutas e sorrateiras, seu coração era bondoso até demais e com uma personalidade invejável. É o combo para se apaixonar e sofrer pelo resto da vida ao perdê-lo.

 O estado atual de Fit comprova isso, mas bem, algo estava errado nessa matemática.

 — Fitch? — Pac estala os dedos na frente do rosto pasmo do careca, que estava o encarando como se fosse um espírito obsessor.

 Ainda levemente atordoado, o guerreiro segura a mão do outro entre as suas, segurando-as com o toque trêmulo, o que causou uma expressão de preocupação cruzando o rosto e os olhos do arqueiro.

 — Como você…? — o careca parecia lutar para achar as palavras — Eu achei que você estava morto!

 — Que? — todos sabiam que se Pac mudou do inglês para o português, é porque algo de fato o deixou estupefato.

 Sobressaltando, o moreno dá um passo para trás, encarando o fundo dos olhos de cores enigmáticas de seu parceiro. Um turbilhão de pensamentos passando pela mente de Pac enquanto tentava entender como tudo acabou daquele jeito, com seu namorado parecendo um vagabundo sem teto e acreditando em sua morte hipotética, sério, ele nunca ouviu falar da frase "sem corpo, sem morte" ? Chegava a ser ridiculamente hilário, tanto que Pac não segurou a risada irônica e confusa que saiu de seus lábios.

 Enquanto procurava as palavras corretas no vocabulário em inglês, era impossível não soltar balbucios em português, tentando encontrar seu próprio raciocínio:

 — Você sumiu sem avisar! — Fit acrescentou, ainda atônito.

 — Fit — Pac começa, seu tom estranhamente sério em sua voz normalmente brincalhona, junto a seu rosto com uma expressão franca — Eu perguntei a Philza onde você estava dormindo, fui até você e deixei uma carta falando sobre a expedição, eu te avisei onde estava indo e que não sabia quando iria voltar

 Os olhos do guerreiro marcial se arregalaram em espanto, virando a cabeça em direção ao homem corvo que os olhava de longe. Assim que os olhos dos dois velhos amigos se encontraram, o loiro deixou de tentar suprimir sua risada, caindo em uma gargalhada alta ao ponto de rolar no chão, lágrimas no canto dos olhos devido a comédia da situação. Era por isso que Philza estava sendo tão irônico e despreocupado com o luto miserável de Fit, pois o homem corvo sabia do mal entendido que havia acontecido e deixou com que tudo se desenrolasse daquele jeito.

  Maldito velho , o careca pensou consigo, fechando os punhos e cerrando os dentes enquanto encarava seu amigo.

 — Você não viu o bilhete? — Pac questiona, fazendo Fit voltar a olhar para o moreno.

 Em tanto tempo de relacionamento, o'que estava prestes a ser dito chegava a ser um tanto vergonhoso de admitir. Levantando a mão até o rosto, Fit esfrega seu queixo, sentindo a barba por fazer, finalmente causando irritação em sua pele, e os olhos escuros como café queimavam seu rosto ao ponto de causar um buraco.

 — Eu deixei uma rosa junto! — Pac continua — Quem mais te deixaria um bilhete, junto com uma rosa?!

 — E-eu vi o bilhete — Fit murmura — mas é que…

 Um silêncio constrangedor se instala na conversa, Pac cruza os braços sobre o peito, seus olhos perfurando a alma ferida do guerreiro marcial, que não consegue fazer nada além de encolher os ombros em total constrangimento, tanto pela calça justa que lhe foi posta, quanto por ter acreditado em uma situação hipotética e alucinógena de sua mente tonta.

 — Eu meio que não sei ler 

 Os olhos de Pac só faltavam pular para fora de seu rosto após aquela revelação, seu queixo caiu ao chão e era possível ouvir as engrenagens girando por trás de seu cérebro.

 — É O'QUE? — O grito do moreno espanta alguns pássaros das árvores próximas — Espera, espera… Você está falando sério?

 — Estou sendo o mais sincero que posso, Pac! Por favor, não me faça repetir… It is embarrassing

  O cérebro do pobre arqueiro falante de português até mesmo parou de traduzir as palavras em inglês após aquilo. Seu cérebro estava entrando em curto circuito e as fumaças saiam pelas pontas pontiagudas de suas orelhas.

 — M-mas… — Pac coloca a mão sobre o peito, respirando fundo algumas vezes e de forma eufórica — Mas quando eu te conheci você vivia cheio de documentos e livros! Foi por conta das histórias deles que você se tornou um Monge! — ainda desacreditado, o arqueiro bate uma das mãos em sua testa, enquanto a outra repousa em seu quadril — você se dizia um historiador na época, você até documentava as coisas!

 — Pra ser totalmente justo, eu sei escrever algumas palavras e sei lê-las, mas não sou completamente alfabetizado — Fit se impõem, fazendo beicinho — então normalmente eu vou pela lógica…e todos os documentos que eu tinha eram ilustrações…e a documentação…eu gravava eles em um gravador de áudio

 Para comprovar sua fala, Fit retira um gravador antigo e surrado do bolso do casaco que usava, junto a uma bolsinha com diversas fitas de áudio. Pac nem se atreve a tocar naquela relíquia da época jurássica , apenas a encarando nas mãos de seu parceiro.

 Ainda processando aquela nova descoberta, uma informação que teria sido muito útil a alguns belos dias atrás, Pac decide ignorar aquilo por enquanto e encenar o'que ele tanto queria fazer, após descobrir uma certa fofoca .

 Em questão de segundos, Fit percebe a expressão do seu parceiro mudando gradualmente, para algo que faz uma onda gélida e arrepiante atravessar o peito do monge e descer por sua espinha até a ponta dos dedos dos pés. Já sabendo o'que o esperava, Fit tenta intervir, erguendo as mãos na defensiva enquanto as levava até os ombros do moreno, mas este recua no último segundo.

 — Então você simplesmente ignorar minha carta — Pac levanta um dedo, bem na frente do rosto do homem careca, erguendo um segundo logo depois — e ainda inventa que eu estava morto, espalhando essa informação por todo o reino

 — Pac…

 — E DEPOIS DISSO — ele levanta um terceiro dedo — decidiu que era razoável beijar outra pessoa!

 — Ei! Uhou Uhou, não foi bem assim — pânico pintou a voz e o rosto do monge, tentando pegar as mãos de seu namorado mais uma vez, mas o moreno se esquivava do toque — Eu não beijei ninguém! Outra pessoa me beijou, e foi na bochecha!

 — Não tem desculpa, Fit! — Pac dá um peteleco no nariz do homem robusto, sorrindo satisfeito ao retirar o som doloroso do monge.

 Distraído enquanto massageava seu nariz dolorido, o careca engasga com o ar ao ver a luz da sua vida se afastando com o rosto mais furioso que ele já viu em todo o tempo de relacionamento. Engasgando com a própria saliva e balbuciando o nome do namorado freneticamente, Fit corria atrás de Pac, enquanto tropeçava nos próprios pés e tentava se justificar e pedir perdão.

 Alguns indivíduos observavam o show ao longe, vendo o drama do casal enquanto riam e apreciavam o entretenimento com a crocância de seus respectivos alimentos. Philza era um dos presentes, rindo horrores e não perdendo nenhum movimento do casal, sendo, indiretamente, o responsável por todo aquele drama.

 

 Quando Pac finalmente para de andar, Fit colide contra suas costas, cercando o morrendo em seus braços em um aperto firme, enquanto escondia seu rosto na junção do ombro e do pescoço do arqueiro, murmurando na pele quente pedidos incessantes de desculpas e justificativas do ocorrido. Mas apesar de querer ceder, Pac manteve sua fachada de aborrecimento por mais alguns segundos, sentindo cada tentativa desesperada do parceiro de o fazer mudar de ideia.

 De repente, Fit sente o moreno se virar, forçando-o a afrouxar seu abraço, permitindo que eles ficassem de frente um para o outro. As mãos de Pac vão para o rosto do monge, segurando ambos os lados para que ele não ouse desviar o olhar.

 — Da próxima vez eu vou deixar um gravador com a mensagem para você — o sorriso gentil retorna ao rosto de Pac, o brilho divertido retornando aos seus olhos escuros.

 Fit solta um alto suspiro, bufando de alívio ao ver que ele havia sido perdoado, talvez nunca tivesse sido julgado para início de tudo, mas não importava, ele estava feliz de ter seu amado de volta. Sentindo o rosto relaxar, Fit encosta sua testa contra a de Pac, sentindo a respiração tranquila do parceiro, além dos dedos do moreno acariciando a extensão de sua barba mal feita.

 — Luz da minha vida… — o monge sussurra.

 — Meu coração — Pac responde, com um sorriso pequeno em seu rosto, ganhando um belo rubor em suas bochechas.

 Em um pequeno impulso, o arqueiro cola seus lábios, em um beijo rápido mas ardente, se afastando no segundo seguinte após a ação, rindo de si mesmo.  Fit não fica muito para trás, beijando Pac logo que ele se afasta e começa a rir, calando sua risada, mas o monge não se afasta de imediato, não até que seu parceiro retribua o gesto e o beije de volta.

 Vendo que o show havia acabado, os espectadores gritaram em aborrecimento, triste que a novela havia acabado, e aos poucos foram se dispersando, pois assistir por muito tempo aquela exibição de amor além de vergonhosa, lhes poderia causar cáries nos dentes

 

Chapter 21: O dia dos namorados é uma data esquecível

Summary:

Era dia 14 de fevereiro, mas essa data não passam de mais um dia qualquer no calendário daquela família.

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificado no título

— Essa história está disponível de forma avulsa no perfil

Chapter Text

    "Onde caralhos, vocês estão?!"

 

 A mensagem de Bagi estava parada na tela do comunicador de Pac, enquanto ele tentava processar o motivo da pergunta com sua mente sonolenta. Aquele questionamento chegou no meio de um agradável cochilo após uma aventura culinária que teve muitas voltas e reviravoltas durante o caminho. Mas agora, após tirarem a farinha e a massa de chocolate de seus corpos, a pequena família Rosa decidiu tirar um momento de descanso pela próxima uma hora e meia, tempo de cozimento da sobremesa.

 Os pássaros cantavam em volta do enorme e colorido jardim que cercava a casa, e algumas borboletas passavam por onde os quatro estavam deitados, sobre a sombra de uma árvore absorvendo o frescor e o calor da primavera. Fit estava deitado ao lado de Pac, mas sua cabeça estava descansando devidamente sobre o peito do moreno, com um dos braços passado sobre a barriga do homem, deixando sua mão descansar por ali.

 As crianças também estavam ali, Ramon dormia confortavelmente pressionado contra as grandes costas de seu pai americano, seu chapéu descansava sobre o rosto para impedir os poucos raios de sol de incomodarem seus olhos, deixando apenas a parte inferior de seu rosto amostra, permitindo ver o pequeno e belo bigode balançar com o sopro de sua respiração. Copiando o irmão mais velho, Richas estava colado na lateral de Pac, mas do garotinho mais novo, podia escutar leves e estrondosos roncos vindos de seu pequeno corpo.

 Cercado por sua família, Pac escorria os dedos de sua mão livre pelo pescoço de seu amado, sentindo a pele quente, tanto pela natureza de seu calor corporal quanto pelo clima agradável que estavam. Fit estava tão relaxado que era possível escutar os pequenos e suaves ruídos que saiam dele, algo incomum de ocorrer já que até mesmo durante o sono, o veterano era completamente silencioso — viver em meio ao conflito deixa marcas difíceis de apagar.

 Um pouco mais consciente ao seus arredores, Pac nota que Bagi, estava lhe ligando, fazendo o cientista suspirar de forma cansada, atendendo de maneira preguiçosa a chamada insistente de sua amiga.

 — Ei Bagi — Pac começa, sua voz rouca devido ao sono — o'que foi?

 — Pac! Cadê vocês? Estamos todos aqui no centro para comemorar o dia dos namorados! Tem vinho e chocolate até não querer mais!

 — Vinho? Chocolate? Como assim? — o cientista se pega genuinamente confuso com tais informações.

 Ao fundo da ligação, algumas vozes poderiam ser identificadas, como Cellbit e Roier correndo e gritando com seus filhos, até mesmo Tina gritando com Foolish enquanto pedia para Empanada tomar cuidado. Philza e Missa também eram notáveis, principalmente suas risadas e suas tentativas falhas de chamar por seus filhos, além da clara música lenta tocando ao fundo.

 Apesar das pistas deixadas ao fundo da ligação, Pac ainda franzia as sobrancelhas e torcia os lábios enquanto pensava o'que diachos ele poderia estar esquecendo. Normalmente o centro era decorado em datas especiais, ou quando haveria uma grande novidade ou mudança e era necessário um anúncio antecipado. Mas por mais que se forçasse a lembrar, nenhuma ideia lhe surgiu a mente, causando uma leve irritação por não conseguir pensar em um motivo para tal comemoração.

 O'Que não lhe permitia surtar pela sua falta de conhecimento, era o fato dele não querer acordar nenhum membro adormecido de sua família.

 — Eu nem fui buscar o Richas ontem porque achei que iríamos nos encontrar aqui hoje! — a voz indignada de Bagi tira Pac de sua mente, que estava divagando um pouco.

 A guarda compartilhada do garoto sempre seria confusa, até mesmo para os próprios pais, em sua maioria era Richas que escolhia com quem ele gostaria de ficar a cada semana, bem que o cientista estranhou seu filho não perguntar pela sua responsável, mas ao mesmo tempo o garoto não citou nenhuma data especial hoje.

 A voz de Tina se faz mais presente e completamente entendível naquele momento, a mulher devia estar acalmando sua noiva devido a sua exaltação, mas Pac não estava muito afim de traduzir ou entender o inglês, notando apenas que sua amiga parecia mais relaxada após a intervenção da outra mulher.

 — Bagi — Pac retorna, achando que era uma boa hora pra responder — Eu não faço a mínima ideia do que você está falando

 Um bocejo escapa dos lábios do moreno, ocasionando nós outros três indivíduos se mexerem ao seu redor. Fit se estica, se erguendo mais contra Pac e enterrando o rosto logo abaixo de seu queixo, acordando Ramon no processo, que apenas se vira, ajeitando o chapéu em seu rosto e se agarrando às costas do pai. Agora com a outra mão longe do seu apoio no pescoço do parceiro, o cientista afaga os cabelos do filho mais velho, sorrindo ao escutar seus grunhidos felizes pela carícia. Richas imita novamente Ramon, se virando para agarrar a lateral de Pac, se assemelhando a um filhote de coala preso aos cuidados da mãe.

 — Como não?! — Bagi se exalta, mas Tina rapidamente está lá novamente — É dia dos namorados Pac! Você não vai comemorar com o Fit e os meninos?

 — Oh…

 Bem, tudo pareceu fazer sentido naquele momento, mas nada se agitou o peito do moreno, no começo do relacionamento ele poderia ter ficado ansioso por ter esquecido a data e por não ter preparado nenhum presente digno do quão bom Fit era para ele, mas atualmente, o feriado parecia mais um dia comum em seu calendário. Se fossem realistas, o dia dos namorados que eles costumavam lembrar era o dia 12 de junho, comemorado no Brasil, mas no último eles não fizeram nada diferente, além de terem se desejado felicidades pelo relacionamento e terem feito uma noite de filmes.

 Depois do primeiro ano de namoro, não só Pac e Fit perceberam isso, mas seus filhos também notaram, que os dias 9 e 10 de janeiro eram muito mais importantes e impactantes do que qualquer data comercial idiota que só servia pra sugar dinheiro. Antes de responder sua amiga, Pac respira fundo, fechando os olhos por meio segundo, se entregando na sensação da respiração suave de seus nenéns.

 — Sendo honesto, nem lembrava que era hoje — ele dá de ombros, mesmo que sua amiga não pudesse vê-lo.

 — Olha Pac, vocês dois são muito fofos, sou uma fã de carteirinha de vocês — o moreno poderia imaginar a loira gesticulando, notando sua voz um pouco densa devido ao consumo de vinho — mas vocês são muito esquisitos, não querem se casar, e agora não comemoram o dia dos namorados? Que tipo de casal vocês são?

 — Fit e Pac! Os únicos existentes no coração um do outro, amigos antes de amantes — os olhos do moreno se arregalaram com suas próprias palavras. Falar sobre seus sentimentos nunca foi fácil, sempre foi mais fácil mostrar do que dizer , mas às vezes ele era capaz de proclamar coisas bonitas.

 — Nossa… — um silêncio se estende por alguns segundos — isso foi realmente bonito

 — Obrigado! — Pac sorri, mas sente olhos o fitando, e nem era necessário se virar para descobrir quem o olhava, pois o sentimento que rastejava por sua pele era único — agora se me der licença, tenho que dar atenção pro meu American boyfriend

 Antes de Pac desligar a ligação, ele tem certeza que Bagi conseguiu ouvir a risada estrondosa de Fit, por mais que o careca tivesse tentado conte-la. Ao mudar seu olhar para o veterano, o cientista consegue ver o rubor pintando suas bochechas e as pontas de suas orelhas, reação devido a troca repentina do idioma falado por Pac, além do apelido carinhoso.

 — I love it when you speak Portuguese — Fit começa, sua voz um pouco áspera devido ao seu recente despertar. Pac demora um pouco para começar a traduzir e compreender o inglês, mas logo permite uma risadinha sair de seus lábios.

 — Posso falar em português com você então?

 — Faça, por favor — Fit diz com firmeza, deixando Pac sem jeito e rindo de constrangimento.

 — Você é tão besta — o moreno beija o topo da cabeça do namorado, se afastando quando escuta os dois meninos bochechar e se espreguiçar, enquanto forçava seus corpos e se moverem e se sentarem sobre a grama — Bom dia dorminhocos!

 Os garotos murmuram cumprimentos sonolentos, esfregando seus olhos ainda iniciando seus sistemas, dando tempo dos dois adultos também se sentarem e esticarem seus ossos cansados. Mas não demora muito para que os rapazinhos puxem o assunto das horas, ansiosos demais para finalmente provarem sua iguaria culinária.

 A recente ligação com Bagi foi logo esquecida, o assunto dito na conversa? Rapidamente se extinguiu da mente de Pac, que nem ao menos se lembrou de comentar superficialmente sobre a data, ver o resultado da gororoba de açúcar e farinha era mais importante do que…do que mesmo?

 

 Realmente, o dia dos namorados era uma data bem esquecível para eles.

 

Chapter 22: Eu reconheço seus olhos; Eu reconheço seu sorriso

Summary:

Após uma grande vitória, um baile de mascara é sediado no Reino dos Tolos, todos estavam convidados.
Uma risada ecoada pelo salão, uma dança sobre o lugar e olhares roubados, é o cenario perfeito para que dois corações possam se reencontrar.

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificado no título
— A história a seguir é inspirada no servidor "The Realm" mas não segue o fluxo original ou interfere no canon

— Essa história está disponível de forma avulsa no perfil

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

 Era dia de festival naquelas terras, não era novidade quando se tratava de um reino que adorava festejar e honrar a imagem de seu rei, e para retribuir esse carinho e devoção, vossa magestade sediava festas sempre que seu conselheiro lhe permitia. Mas dessa vez, todos estavam convidados para participarem do grande e glorioso baile de máscaras da hora dourada , tendo seu início ao pôr do sol e se encerrando ao seu nascer.

 Era uma comemoração pela conquista de uma batalha recente que foi vencida com suor e honra por todos os moradores da região, e essa festividade seria o momento onde todos os conflitos seriam chutados para debaixo do tapete, em comemoração a grande vitória que foi alcançada com a ajuda de todos os bravos guerreiros que estiveram presente naquele marco tão importante. 

 Os salões estavam decorados e deslumbrantes, as luzes quentes dos enormes lustres e das iluminações nas pilastras davam um ar aconchegante ao palácio, sem perder aquele aspecto de grandiosidade e nobreza. Na enorme entrada do castelo, um pequeno grupo de três pessoas entrava, conversando animadamente entre eles, mas um deles para para olhar o quão grandioso era aquela comemoração, por debaixo da máscara que usava, seus olhos estavam cansados, mas mesmo assim ele sorria em ver seus amigos alegres, conversando e aproveitando pequeno momento de paz.

 Fit só havia se arrumado para ficar minimamente ajeitado, isso tudo por conta da exigência de seus velhos amigos, que insistiam em pelo menos, que tomasse um banho e colocasse um paletó e gravata. A máscara que ele usava foi deixada para ele em seu…lixão, era temática, suas pontas triangulares davam um aspecto ameaçador que uma águia necessitava. Fit ajusta a máscara em seu rosto, deixando em destaque seus olhos esverdeados, um raro e belo tom de avelã, e avança para dentro do salão vendo diversas pessoas conversando e festejando.

 O cheiro da comida e das bebidas abundantes inundam o salão, enquanto a música começava a tocar e encher seus ouvidos. Decidido a aproveitar a festa, Fit se esgueira pelos convidados do salão, cumprimentando alguns conhecidos e se apresentando a aqueles que ele não tinha tanto contato, se divertindo com aquelas pessoas que estavam ao seu lado a algum tempo, o ajudando a remendar seu coração machucado pela perda de alguém especial.

 Entre as bebericadas nas pedidas especiais do reino, uma ou outra degustação pequena e conversas jogadas fora, Fit foi constantemente arrastado para a pista de dança por alguns amigos em particular, mas sempre que as coisas ficavam animadas demais ele se afastava. Essa dança maluca deve uma sequência de três, mas na quarta vez, um som em particular fez Fit sobressaltar e pisar com força no pé de seu amigo:

 — AI! — seu companheiro grita, se afastando de Fit e segurando seu pé ferido no alto.

 — Desculpa…! — o careca se desespera, mas assim que foi tentar prestar ajuda, o som novamente voa pelo vento até os ouvidos do careca, que muda imediatamente seu foco para procurar a origem da voz, desejando que não fosse uma alucinação de sua mente entorpecida de saudades.

 Conversando com um pequeno grupo de pessoas pertencentes ao reino banhado da cor verde, um homem ria alto das piadas e engasgava com certos tópicos. Seu cabelo preto como a noite era trançado, descendo pelo ombro esquerdo, uma listra azul descia pelo penteado de forma elegante. A pouca pele amostra era bronzeada, pequenas cicatrizes espalhadas pelo maxilar. Suas roupas eram uma mistura de creme, preto e azul royal, simples e um pouco surradas, mas com uma beleza e elegância que eram exibidas sem esforço.

 Uma máscara preta de coelho cobria a parte superior de seu rosto, dificultando a visão de seus olhos e identificação, mas deuses, não era necessário nada daquilo para que Fit reconhecesse aquele homem, sua mísera risada era mais do que o suficiente, sua voz era inconfundível e por muito tempo o carece teve medo de esquecê-la.

 — E-eu… — finalmente ele se lembra que estava com alguém ao dele, que ainda estava massageando o pé que foi pisoteado — Eu já volto! Tenho que conferir algo

 Sem deixar espaço de tempo para que seu antigo companheiro de dança pudesse responder, Fit se lança contra a multidão do salão, buscando navegar pelo mar de pessoas e sair da pista de dança, em busca de alcançar a pessoa que seu coração tanto esperou. Seus olhos eram como os de um caçador, focado em sua pressa, sem perdê-la de vista nem por um segundo, passando por quem quer que fosse e murmurando desculpas se seu empurrão tivesse sido muito forte, mas nunca desviando o olhar do seu alvo.

  Mas a vida não é um morango.

 Quando Fit estava a centímetros de chegar até o homem-coelho, um braço é engajado no pescoço do guerreiro, puxando-o para longe de seu alvo. O seu rei estava buscando conversar com todos os presentes em seu baile, e isso incluía Fit, e por mais que o careca tentasse dizer que estava ocupado, era como se o monarca não o escutasse e o quisesse manter o pobre coitado por perto o maior tempo possível.

 Foi uma grande luta lidar com o espírito indomável de sua majestade, mas as deusas devem ter escutado suas preces silenciosas, pois o "rival" preferido do rei se aproximou e chamou toda a atenção para si, permitindo que Fit retornasse a sua missão. Desesperado, o careca procura por todo o salão onde estava o homem-coelho, ficando angustiado quando não o encontra no ambiente.

 O coração do homem batia tão forte no peito enquanto andava por todo o castelo em busca do homem que ele tinha certeza conhecer por de trás da máscara, tinha motivos para acreditar que seu coração iria parar de bombear sangue se ele estivesse sonhando ou se confundindo. Se não fossem as sopas estranhas que ele ingeriu nesse meio tempo em luto pela possível perda do amor da sua vida, uma desilusão como aquela certamente seria o prego em seu caixão.

 Tirando o salão que estava bem iluminado, os corredores do palácio eram simples e quase mal havia pontos de luz. O corpo de Fit era engolido por diversas vezes, pelas sombras que brincavam por todos os cômodos do castelo, então foi uma surpresa quando a luz lunar se infiltrou por uma fresta, uma porta que levava para uma das torres da enorme fortaleza, aquele brilho prateado banhava toda a extensão da escada que levava ao topo, deixando a vista cada tijolo e pequena rachadura nas paredes há cada passo que Fit avançava para o topo da escadaria.

 Uma característica das torres do castelo era que elas portavam varandas enormes, usadas para lazer ou como pontos de observação. Cada passo até o topo era um novo estrondo que o coração de Fit dava dentro do peito, trovões antes de uma tempestade que iria o derrubar, ou o deixar mais forte, cada passo parecia um caminho mais perto do fim dos degraus era uma mistura de medo pelo o'que iria o encontrar, mas a ansiedade de finalmente encontrar seu objetivo. 

 A lua agora estava com seu brilho total, Fit conseguia ver sua sombra sendo projetada para trás dele, cobrindo parte da escadaria. Puxando o máximo de ar possível em seus pulmões para reunir coragem, mesmo que fosse difícil manter o oxigênio dentro de suas veias, o guerreiro flexiona os dedos contra a parede da torre, sentindo a superfície áspera da pedra o dando munição para finalmente mudar seu foco dos seus sapatos, e finalmente encarar de frente o conflito. 

 No impulso, seus olhos que encaram seus pés, se erguem para visualizar a silhueta deslumbrante do homem que ele procurava. A ansiedade aumenta agora ao estar na presença daquele que ele procurava, o deixando receoso, exitando em deixar sua voz sair de seus lábios trêmulos:

 — Hey…! — a brisa fresca da noite poderia facilmente ter levado sua voz embora, era difícil falar quando seu peito doía e seu estômago embrulhava pelo medo irracional de, em uma pequena chance, ter confundindo a pessoa a sua frente.

  Da esperança ter crescido em solo infértil.

 Aquela silhueta se volta para a direção do homem careca, seus movimentos lentos e precisos, como se já esperasse por esse momento, virando seu tronco lentamente mas sem se afastar da cerca da varanda. A luz adentra pela nova posição, não mais uma silhueta, mas tudo naquele homem estava sendo desenhado pelo luar, cada mancha na pele, cada dobra de roupa estava sendo banhada e marcada pela beleza noturna.

  Fit naquele momento desejou que não estivesse tão mal acabado como estava. Ele deveria ter seguido o conselho de Phil.

  Um pequeno sorriso se forma nos lábios do homem com máscara de coelho, ver aquela curvatura de lábios faz o coração do careca acelerar, pois ele percebeu que ele não era o único a estar avaliando e admirando a outra figura naquele ambiente.

 — Ei… — as pálpebras de Fit tremem ao ouvir o timbre daquela voz.

   Não restava mais dúvidas

  — É difícil esconder sua identidade com essa máscara — seu coração estava um pouco mais leve, agora que as incertezas haviam desaparecido.

 — Oh yeah? — os lábios do homem-coelho se alargam, seu sorriso mostrando os dentes.

 Toda aquela tempestade de sentimentos foi se acalmando, de um mar revolto a um pacífico oceano, o coração daquele homem agora enchia de algo inexplicável, sua alma estava viva novamente, e seus passos o guiavam para estar mais perto do outro, permitindo que a lua iluminasse ambos.

 A música do salão era um suspiro ao longe, trazida pela leve brisa noturna, em junção aos sons da noite, criando uma melodia única naquele momento. O moreno dá um passo para trás, deixando Fit confuso, mas ele não consegue questionar antes que o outro homem coloque um braço atrás das costas, inclinando seu tronco para frente e entendendo sua mão livre em direção ao careca, que não impede sua surpresa de transparecer por suas feições, encolhendo os ombros em sinal de timidez.

 — Antes de tudo , eu poderia te convidar para uma dança? — o homem-coelho arqueia uma sobrancelha por trás da máscara, sua suavidade contrastando com seu claro nervosismo, talvez medo de ser rejeitado.

 — Claro… — a resposta sai automática, com a voz naturalmente poderosa, se torna suave e doce, um tom único, quase especial.

 A pele quente se encontra com o tecido áspero da luva de couro que cobria a mão de seu parceiro, sentindo apenas o toque suave da ponta de seus dedos descobertos. A mão de metal descansa no ombro oposto, enquanto o último passo foi o moreno descansar sua palma contra a cintura do careca. Seus olhares estavam conectados e o sorriso que o homem-coelho lhe oferecia era ofuscante, sentindo a presença do calor de seus corpos tão próximos, mas não o suficiente para que nada além das suas mãos se tocassem.

 A música do salão balança com o vento, trazendo a melodia até os ouvidos dos dois homens, como pequenos cristais dançando com o movimento da brisa ao seu redor. Os passos começam descoordenados, apesar de suas posições, nenhum deles sabia liderar a dança, mas eles não precisavam agir como a norma, deixar seus corações mostrarem o caminho sempre pareceu correto, e não seria diferente agora.

 Os passos eram lentos e desajeitados, mas eram únicos, eram deles. A varanda era sua pista de dança, seus giros, rodopios e movimentos encaixavam perfeitamente no ambiente que designaram para seu palco pessoal. Em meio aos seus gestos, Fit não conseguia conter o riso, sendo contagiado pela alegria genuína que exalava de seu companheiro e de si mesmo, se sentir leve novamente era uma sensação refrescante.

 — Isso é muito legal — diz o homem-coelho, intensificando seu aperto para mergulhar Fit, mantendo o braço de forma firme em suas costas. O careca percebe a mudança de sua expressão, e o momento exato que seu parceiro suspirou, esvaziando os pulmões, aquele pequeno sorriso, tão lindo e verdadeiro como os outros, destacavam as covinhas e as sardas em seu rosto — Você tem lindos olhos, eu os reconheceria em qualquer dimensão

 Fit estava velho demais para agir como um adolescente, mas ele não pode deixar de sentir seu coração pular em seu peito, seu estômago cheio daquela sensação inexplicável, mas boa de borboletas. 

 — Eu reconheceria seu sorriso…em qualquer universo — Fit deixa as palavras saírem, enquanto sua mão subia lentamente do ombro, para descansar na bochecha do moreno.

 Usando de sua posição, o homem-coelho usa seu braço atrás das costas do careca, para o colocar de pé novamente, seus olhos estavam conectados. Fit conseguia ver todas as estrelas refletidas naqueles olhos da cor do café, vendo aquele brilho nervoso, mas com aquele reflexo de alegria genuína mediante aquele momento tão esperado.

  Era bobo a ideia de revelar suas identidades quando todo o seu ser já sabia de cor cada pedaço da alma um do outro.

  Fit estava tremendo por dentro, sentindo todas as suas entranhas se revirando para tirar aquela máscara de coelho, que cobria detalhes do rosto do homem que ele amava, queria saber se não havia esquecido nada, nenhum detalhe. Mas ele se conteve, pois ele percebeu, que não era só ele que estava ansioso para isso, as mãos do moreno tremiam, avançando e recuando em questão de segundos. Os ombros do mesmo estavam encolhidos, seus lábios entreabertos em busca de liberar as palavras agarradas em sua garganta, aquela energia nervosa contagiava Fit, que sentiu sua capacidade de falar o abandonando também.

 Reunindo o que conseguiu de forças, o careca assente positivamente com a cabeça, dando permissão o suficiente para que as mãos do moreno parem de recuar. Os dedos se erguem lentamente e com leveza em direção às laterais do rosto do careca, segurando as extremas pontas da máscara e a puxando para fora de seu rosto.

 Ele não sabe quando fechou os olhos, mas, assim que os abriu, se deparou com um sorriso gigante estampado no rosto do homem à sua frente, por baixo da máscara ele conseguia ver o brilho naqueles olhos escuros, mais uma vez competindo com o brilho das estrelas, sua mão segurava a máscara de águia na lateral de seu, enquanto a outra estava firmemente colocada acima de seu coração.

 — Ei Fitch… — aquele brilho, que antes eram pequenos pontos brilhantes, agora poderiam ser comparados a uma galáxia.

 Fit engole qualquer emoção, cedendo ao que ele tanto queria, desejando dizer aquela curta frase, que envolvia finalmente falar o nome que ele tanto sentia falta. A saudades de sua outra metade, de seu amigo, de seu companheiro de caminhadas matinais, daquela amizade que veio antes do amor. Fit engancha os dedos nas laterais da máscara de coelho, afastando-a do rosto oposto, desta vez, ele quase não conseguia suprimir a vontade de chorar.

 A pele totalmente exposta do rosto, brilhante em contraste com a luz fria da lua, aquelas cicatrizes tão familiares e únicas, com as pequenas sardas espalhadas pelas bochechas como pequenas constelações. Os olhos de Pac estavam fechados, como se ele estivesse com medo de ver a reação que seria dada ao ver seu rosto sem a máscara.

 — Ei Péqui… — a voz do careca treme, fungando, enquanto sua visão começava a desfocar vagarosamente.

 Os olhos escuros como a noite, quentes como uma caneca de café se abrem, piscando antes de se encontrarem com as iris avelã. No rosto de Pac, um enorme sorriso começa a se formar, seus olhos enrugando e lágrimas se formando nos cantos dos olhos, enquanto uma leve risada escapa dele.

 Fit não aguenta quando escuta aquela melodia, avança contra seu namorado, segurando seu rosto com ambas as mãos, desesperado e um pouco mais bruto do que o habitual, esmagando as bochechas opostas e salpicando várias beijos pelos pequenos pontos espalhados, enquanto a risada antes leve de Pac, se tornava mais constante e barulhenta.

 Cada pequena constelação da pele do moreno é catalogada, sendo pressionadas pelos lábios finos e rachados de Fit, a necessidade de fazer isso só se esvai quando ele imagina que conseguiu beijar todas aquelas estrelas. Suspirando feliz, ele se afasta para admirar seu amado, que acalmava duas risadas aos poucos, enquanto um vermelho adorável cobria agora sua pele.

    — Senti sua falta — Fit diz, seu aperto mais gentil, seus polegares agora acariciando as maçãs do rosto.

 — Saudades — Pac responde, em português, aquela palavra tão forte que não possui tradução correta — Desculpa por ter sumido, juro que não era essa a intenção, não tive opção, eu não conseguia acordar…

 — Não se preocupe — o careca consola, rodeando seu amado para o abraçar, escondendo a cabeça no ombro do moreno, sentindo seu perfume natural, aquele cheiro suave e leve de maresia — Eu entendo. Você está aqui agora, isso que importa

 Pac finalmente passa seus braços ao redor de Fit, segurando o tecido de seu terno com força, fazendo ser perceptível as pontas dos dedos enroscando na roupa. O careca só pode retribuir o aperto, fechando os olhos para se afundar na sensação de ter Pac em seus braços novamente, gravando a sensação o mais profundo em sua própria carne, medo compartilhado de desaparecerem se fossem soltos daquele abraço.

 O mundo dançou ao redor deles, mas os parceiros que haviam acabado de se encontrar, desistiram de prestar atenção ao seu redor, apenas por aquele momento. Fit sentiu se perder na presença do outro homem, aquela sensação calorosa que só a presença do brasileiro poderia proporcionar, fazendo seu coração bater forte em seu peito por tudo oque cultivou com aquele homem ao longo do tempo.

 O silêncio se estendeu por mais alguns minutos, Fit havia bloqueado qualquer barulho que não fosse as vibrações que passavam por seu corpo, ouvindo e sentindo o calor do aperto de seu amado. Apreciando o coração do outro bater contra o seu, captando as respirações em sua orelha, com o aroma grudando em sua roupa. Mas quando o mundo ganha sons novamente, Fit sabia que precisava de resposta, precisava saber o que havia acontecido com Pac, se ele estava machucado, ou se ele precisava socar alguém.

 Reunindo coragem, o careca se afasta lentamente, seus lábios já abertos para começar a falar, se fecham novamente ao ver a expressão relaxada do outro homem, olhos semicerrados com o rosto relaxado, seus dedos já não seguravam Fit com tanta força, e aquele brilho intenso em suas íris havia suavizado, nítido que o coração de Pac havia entendido que não iria desaparecer de novo, que o careca permaneceria em seus braços e o continuaria o segurando.

 Notar aquilo só fez o coração de Fit se acomodar mais em seu lugar, deixando um pequeno sorriso permanecer em seus lábios, finalmente acalmando a tempestade que ainda retumbava em seu peito desde que seus ouvidos escutaram aquela risada contagiante no salão, desde que seus olhos ficaram naquele sorriso incomparável.

 Ele demora mais alguns segundos naquele silêncio, pressionando a testa com a da luz da sua vida, sua mão calejada deixando as costas de Pac para descansar na base de seu pescoço, sentindo as batidas que subiam pela região, deixando seus dedos traçarem o maxilar do moreno. Puxando o ar para seus pulmões em um ato decisivo, Fit decide finalmente tirar aquela dúvida de sua consciência, para acalmar de vez as ondas das emoções:

 — O'Que aconteceu? — um suspiro escapa dele quando os olhos de Pac se abrem para o olhar — Não sabe o quanto meu coração sangrou sem a sua presença

 — Não foi minha escolha Fitch … — o arqueiro fecha os olhos com força, resmungando para si mesmo, apenas para voltar seu olhar para longe de seu parceiro — eu queria acordar, eu juro! Mas algo impedia

 Fit permanece em silêncio, dando a Pac o tempo necessário para pensar, processar seus pensamentos. Os dedos do guerreiro permanecem onde estavam, sendo um ponto de apoio para o outro. Havia tanta coisa que eles queriam falar, mas era difícil tocar nesse assunto sendo que a única coisa que poderiam desejava era estar perto um do outro.

 — Faz acho…que uns dois dias que acordei, e tudo ao meu redor estava cercado de ametista — Fit sente seus olhos estalando com a menção daquele cristal, intensificando seu aperto, apenas um pouco — Uma criatura estranha apareceu e disse algumas coisas e depois me levou de volta para base

 — Por isso todo mundo dos Honey Badgers desapareceram ontem

 — Digamos que eu sem querer deixei todo mundo preocupado e intrigado — Pac ri, fazendo Fit sorrir. 

 — Você também me preocupou — o careca diz com um tom aveludado em sua voz, levantando a cabeça para plantar um beijo superficial na testa de Pac — Senti tanto sua falta querido

 — Sentiu minha falta, ou sentiu falta da sopa que eu fazia para você? — Pac questiona, arqueia uma sobrancelha.

 Os olhos dos dois se encontram novamente, o clima nostálgico muda quando Fit se pega rindo da expressão e do sorriso torto do moreno.

 — Dos dois — ele responde — Sua sopa me trazia uma sensação indescritível de conforto, por longos minutos — continua falando enquanto suas duas mãos viajam para segurar ambas as laterais do rosto do moreno — Mas sua presença é o remédio capaz de curar toda a minha dor

 A lua estava tão brilhante em conjunto com as estrelas, que foi possível ver claramente a explosão de vermelho que tomou conta do rosto de Pac em segundos, um brilho quase indescritível tomando conta daquelas íris escuras. As bochechas do moreno incham na tentativa de segurar uma risada, seus ombros tremem repetidamente até que seus lábios tremulam ao soltar o ar que segurava, desencadeando uma risada alta e ofegante.

 — Minha presença?! — Pac diz incrédulo, colocando ambas as mãos no peito do parceiro para o empurrar para longe, até mesmo esquivando seu rosto da direção do mesmo.

 Fit já estava rindo antes mesmo do amado, mas tenta permanecer com sua postura, segurando de forma leve o antebraço de Pac, enquanto a outra ainda permanecia em seu rosto, sempre o trazendo de volta para ele.

 — Sim, sua presença! — Fit aponta ainda puxando o homem para perto, apesar das tentativas do moreno de se afastar, a risada alta de ambos ecoando noite a fora.

 — Você é um grande idiota! — Pac soca o braço do outro, sua voz apresentando apenas diversão em seu tom.

 — Eu sou o seu idiota — Fit não perde tempo após expor seu argumento, puxando Pac para o abraçar novamente e dando um beijo demorado em sua bochecha, logo acima de sua marcante cicatriz.

 Aquele pequeno momento vergonhoso e amorosamente doloroso durou segundos duradouros, até que as risadas se acalmassem e o ofegar se transformar em suspiros suaves quando seus olhares refletiam o brilho um do outro. Fit sentia suas bochechas doerem de tanto sorrir, e apenas naquele momento ele deixou tudo oque sentia em seu coração transparecer por seus olhos, Pac estava igual, e compartilhar aquele gesto era algo admirável.

 Aquela felicidade tão genuína nunca havia surgido no coração de Fit desde que ele havia considerado que nunca mais veria sua outra metade.

 — Você…quer voltar pro baile? — Pac oferece, se afastando do abraço para bater seus quadris com os de Fit, que pego desprevenido quase perde o equilíbrio — Acho que não estamos velhos demais pra mais uma dança

 — Por mais que eu queria exibir meu belo homem para to-

 — Oh calasse! — o vermelho brilhante cobre o rosto de Pac novamente, dando um tapa no ombro alheio e escondendo a metade inferior do rosto com a outra mão.

 Era divertido deixar seu namorado envergonhado, uma pequena revanche pelas milhares de vezes que ele o deixou parecendo um tomate, ou arrancou as palavras de sua boca.

 — Eu gostaria que ficássemos juntos — Fit continua — Só eu e você, como antes

 A mão que cobria o rosto do arqueiro se afastava vagarosamente, enquanto voltava a olhar para o guerreiro. Ter a atenção total de Pac para si às vezes era sufocante, de uma forma positiva, principalmente quando ele sorria, com aquele brilho de nostalgia pintando suas feições, lembrar daqueles tempos que eles iriam estar perto da água, com o pôr do sol sempre presente em suas vidas, era como uma marca de seu relacionamento.

  Óbvio, depois das suas flores preferidas .

 E falando nelas…Fit recorda da pequena flor vermelha presa em sua camisa social, e sem perder tempo, ele a retira de seu lugar e a deposita atrás da orelha de Pac, deixando os dedos demorarem ali, admirando o brilho da rosa combinando com o vermelho suave que destacava na pele dourada, brigando pela atenção com o azul de suas roupas, e com aquela única mecha que descia pela trança de seu cabelo.

 Fit estava tão distraído com a beleza de seu amado, que seu corpo endurece ao sentir um toque leve em seu rosto, e um caule prensado contra sua orelha e cabeça, colocado ali com gentileza. Ainda surpreso, Fit só consegue ver quando a mão enluvada de Pac se afastava de seu rosto, notando que a rosa que estava na veste de seu companheiro havia desaparecido também.

 — Eu adoraria, não quero repartir a atenção do meu homem com mais ninguém — a voz do arqueiro estava cheia de brincadeira, aquela imitação barata de um sentimento falso que não passava de uma provocação.

 — O que acha de pegarmos algumas comidas do baile e depois…tirar uma soneca em algum lugar? — Fit propõe.

 — É perfeito! — desta vez é Pac que puxa o rosto do guerreiro e beija a bochecha também cheia de cicatrizes — Passa tudo…!

  Passa tudo — o careca responde, seu rosto ainda bem perto do outro após receber aquele gesto, que o deixou com as bochechas levemente quentes.

 As máscaras antes esquecidas, são recuperadas, mas Pac tem outra ideia, em vez de trocá-las, ele põe em seu rosto aquela que pertencia a Fit, rindo de si mesmo e esperando a reação de seu parceiro, ele só pode sorrir, sempre sendo pego de surpresas pelas ações imprevisíveis do moreno. Sem muita escolha, o careca encaixa a máscara de coelho em seu rosto, mas não tem tempo de reagir ou ajustá-la, pois ele é pego pela mão, fazendo-o girar em seu próprio eixo antes de cair contra os braços do outro homem.

 A zonzura inicial do rodopio passa em um segundo, e Fit não consegue segurar a risada das travessuras de Pac.

 — Ainda quer dançar querido? — ele encarou aqueles olhos profundos, arqueando uma sobrancelha em questionamento.

 — Sempre estou disposto a dançar com você, mas temos uma missão antes

 — É claro — Fit e posto sobre os próprios pés novamente depois de confirmar o plano original.

 De mãos dadas, ambos descem as escadas da torre, correndo e rindo pelos corredores enquanto a sombra os cobria, apenas para a luz refletir naqueles olhos brincalhões e sorrisos travessos. Às vezes um deles se escondia nas sombras, apenas para pular sobre o outro em um gesto divertido, dançando como dois pássaros livres em um voo de primavera.

 Eles precisavam de um lugar para ir após efetuar sua pequena brincadeira e deixar alguns pratos vazios no buffet do baile. Fit pensou que eles poderiam dançar pelos corredores de novo até achar um cômodo vazio que poderiam aproveitar e fugir dos demais, principalmente um dos quartos vagos. Ou eles poderiam armar um acampamento e dormir sob as estrelas, e se For roubasse um pouco dos itens da cozinha pra que Pac fizesse sua magnífica sopa, o rei nunca ficaria sabendo.



Notes:

— Não fale nenhum outro idioma de forma fluente, mas tenha a vontade de falar no seu idioma de preferência

— Essa história foi escrita e postada também em outra plataforma e estou a disponibilizando aqui tbm

Obrigada por ler!

Chapter 23: Sua presença

Summary:

“As coisas simplesmente não tem sido mais as mesmas, desde que ele se foi, a luz da minha vida”

“O monge que eu jurei amor eterno nunca mais acordou, então eu não tenho mais motivos para continuar”

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificada no título
— A história a seguir é inspirada no servidor "The Realm" mas não segue o fluxo original ou interfere no canon

Chapter Text

 O eco da caverna parecia que iria engolir cada grama do cérebro de Fit quanto mais ele descia naqueles degraus sinuosos, parecia que aquele local não recebia visitas a muito tempo, isso o fazia pensar se Bad não estaria o levando para um cativeiro ou até para o seu próprio túmulo.

 O líder dos Honey Badgers havia interrompido uma conversa agradável que Fit estava tendo com outras duas pessoas, Pili e Pangi se ele recordava bem, eles estavam contando algo como serem agraciados com a presença de uma entidade, quando Bad chegou e arrastou o careca para outro tópico, que segundo ele, seria de muita importância. Mas a primeira coisa que o demônio fez foi questioná-lo sobre o rumor que ouvirá circular por ali:

  “É verdade que você acha que Pac está morto?”

  Em algum momento entre seus devaneios de tristeza e tentativa de esquecer a falta que seu namorado fazia, ele deve ter dito e acreditado fielmente nessa hipótese. Óbvio que ainda existia aquela esperança de que no fundo ele estivesse errado, mas se ele fosse ser racional, era inegável que devido ao tempo de desaparecimento, era lógico considerar Pac como já não estando mais nesse plano.

 Devido a sua confirmação dos rumores, fizeram com que Fit se encontrasse seguindo Bad por um caminho estreito que descia para as profundezas de uma caverna. Demorou alguns longos segundos até que eles encontrassem o fim da escadaria e o demônio caminhasse direto para uma das paredes do enorme salão abandonado, usando de suas ferramentas e força manual para mover grandes rochas para fora de seu caminho, revelando uma sala bem iluminada, escondida por pedras que impossibilitaram que fosse localizada.

 A sala tinha um calor aconchegante e um frescor incomum para um ambiente rochoso, mas a razão disso era o'que estava adornando o local: plantas, desde grama no chão, a pequenas vegetações arbustivas e videiras, mas o'que mais decorava a sala era um móvel em seu centro, rodeado por o'que parece ser uma árvore, que junto a ela, inúmeras rosas cercavam algo em seu meio. Fit ficou mais do que curioso quando viu todo aquele lugar e se aproximou em passos lentos, tomando seu tempo para observar cada detalhe do ambiente, diferente de Bad, que caminhou de forma determinada ao móvel cercado pela árvore e as rosas.

 Quando seus passos o levam até a beira daquilo que identificou como uma cama, Fit congela, deitado sobre o lençol azul escuro, estava alguém que ele acreditava que estava enterrado e nunca mais iria vê-lo além de seus sonhos e lembranças. Pac estava ali, sua respiração rítmica com uma expressão tão neutra em seu rosto que era impossível dizer o'que estava passando em seu subconsciente adormecido.

 — Você sabia que Pac, fala dormindo? — Bad começa, fazendo Fit se voltar para ele — Ele chama o seu nome, todas as vezes que vim verificá-lo ele estava balbuciando, chamando por você

 Era difícil acreditar no que ele estava ouvindo, Pac estava adormecido durante todo esse tempo, e por sabe-se lá por quantos dias ele apenas chamou por Fit, para o careca simplesmente o considerar um amor que não estava mais aqui.

 — Por quanto tempo ele está…assim? Neste lugar? — o homem questiona, voltando seus olhos para aquele que estava inconsciente, se segurando para não sucumbir a vontade de estar mais perto de Pac.

 — Depois da segunda semana que ele não acordou, decidi movê-lo para esse quarto para o manter seguro. Eu iria te contar, mas nunca nos encontramos — o demônio cruza os braços sobre seu corpo, também encarando seu subordinado adormecido — Mas ao ouvir sobre o rumor eu me esforcei para te encontrar e te contar a verdade

 Ambos os homens ficam ali em silêncio, seus olhos fixos na figura adormecida que não havia uma previsão para acordar. Fit estava simplesmente imóvel, lutando contra a mistura de ações que ele desejava fazer, querendo confortar seu amado, deitar ao lado dele, falar com ele e talvez agradecer os cuidados que Bad teve com ele, mas eram tantos estímulos diferentes que Fit apenas trava o lugar, bufando em frustração por não saber o'que fazer naquele momento.

 — Vou deixar você aqui com ele, quem sabe sua presença seja oque Pac precise — Bad dá de ombros após sua frase — Feche a entrada quando terminar

 Fit não desvia os olhos do homem na cama, apenas captando o som dos passos do demônio se deslocando, ecoando pela caverna até desaparecer quando ele já estava próximo a superfície.

 Demorou mais alguns segundos para que alguma atitude fosse tomada, pois tudo ainda estava sendo processado no cérebro do homem. Respirando fundo, Fit caminha em volta da cama, se sentando sobre os lençois para ficar ao lado de Pac, que ainda não demonstrava qualquer ação diferente, ainda mantendo sua respiração suave e seu rosto neutro. Se movendo de forma lenta, Fit leva sua mão boa ao rosto do moreno, tirando um pouco os fios da frente de seus olhos que estavam fechados, impedindo que ele pudesse ver suas orbes escuras e calorosas como café.

 Se afastando do rosto de Pac, sua mão cai para segurar a de seu parceiro, deixando os dedos passarem lentamente sobre a pele quente de seu amado, raciocinando o'que iria fazer ou dizer, pois havia muita coisa presa em sua garganta.

 — Ei Pac… bom dia — sua voz sai fraca, como se tivesse medo de acordar o homem, mesmo que estivesse almejando isso naquele momento.

 Mesmo com o cumprimento habitual, não houve nenhuma reação por parte do adormecido, constatar isso deixava a cabeça de Fit confusa, ainda sem saber exatamente que palavras usar.

 — Eu… — engasga, suspirando alto — Eu sinto muito por ter acreditado que você havia partido e não ter cogitado te procurar, eu errei…

 Olhar para o rosto inexpressivo de Pac enquanto dizia aquelas palavras estava se mostrando ser mais difícil do que ele imaginava quando resolveu se sentar ao seu lado. Intensificando seu aperto na mão de seu namorado, Fit respira fundo, ele nunca foi exatamente bom com as palavras, às vezes elas saem naturalmente, enquanto em outras ocasiões ele se via com dificuldade de escolher o'que iria dizer.

 — Eu te amo, Pac — as palavras em português que ele tanto treinou sozinho com seu reflexo, saíram com fluidez e sem dificuldade.

 Se inclinando para pairar sobre o homem adormecido, respirando de forma leve, levando seu tempo até que seus lábios sejam pressionados contra o topo da cabeça de Pac lentamente, sentindo os longos fios escuros fazerem cócegas em seu rosto, e o cheiro natural das inúmeras rosas ao redor que havia grudado em seus cachos. Se afastar foi uma ação ainda mais lenta, pois ao fazê-lo, Fit sairia daquela sala e voltaria apenas no dia seguinte, mas só de pensar em sair por aquela passagem o seu coração doía.

 Ele amava tanto aquele homem que tinha a sensação que era o amaria em todas as vidas que compartilhassem.

 No meio do caminho para se sentar com a postura correta, um resmungo faz Fit parar no meio do caminho, seu ar faltando no peito como se fosse explodir. Abaixo dele, o rosto de Pac se contrai, seus lábios se torcendo e suas sobrancelhas franzindo enquanto espremia seus olhos, seus dedos apertando em volta da mão que conectava ambos. As pálpebras do moreno tremem, resmungando antes de abrir os olhos sem muita pressa, como se ele estivesse com medo de acordar. Levou um tempo, mas logo as íris escuras estão amostras,  tom profundo e quente de castanho encarava aquela mistura única de verde e dourado.

 — Fitchi? — foi a primeira coisa que saiu dos lábios de Pac, sua voz rouca devido a falta de uso e com um forte sotaque, além da clara dúvida proeminente em seu tom.

 Apoiando os braços sobre o colchão, o moreno levanta o corpo vagarosamente até que seu rosto esteja apenas a alguns centímetros do de Fit, que ainda o olhava com olhos arregalados, também processando o que estava acontecendo na sua frente. Uma risada afobada escapa dos lábios do careca, um sorriso crescendo de forma involuntária quando a conclusão o atingiu e as emoções começaram a borbulhar em seu coração.

 As ondas de risos se tornam mais altas e Fit abre os braços, avançando para cima de seu namorado com brutalidade, passando os braços em volta de seus ombros e enterrando o rosto em seu pescoço. Um grito de surpresa escapa de Pac, que quase caí para trás no colchão novamente, mas é ágil em apoiar seu peso em um dos braços, enquanto o outro envolve as costas de Fit, o segurando em um abraço apertado, inalando seu odor amargo e misto com o aroma das rosas ao redor.

 Aquelas risadas contagiantes se acalmam dentro daquela união tão esperada por ambas as partes, fazendo um alívio crescer e brotar em meio ao calor compartilhado. Eles não queriam se separar, Fit principalmente, mas a vontade de ver o rosto de seu amado adormecido novamente era uma tentação maior, e ela venceu a batalha, fazendo com que o careca se afastasse lentamente do pescoço do moreno e o olhasse nos olhos, aquela joia líquida e brilhante.

 — Oi… — Pac esbanjava um sorriso terno em seu rosto, pequeno e gentil, seus olhos combinavam com o tom de sua voz, suave

 — Oi , minha vida — o apelido escorregou como sabão, arrancando uma risadinha do moreno, contagiando Fit, que esfrega seus narizes antes de encostas dias testas — Luz da minha vida

 — Talvez, mas você é meu motivo para viver — a resposta de Pac foi a altura, arrancando um suspiro amoroso de seu namorado — Acho que você estava certo, quando disse que uma simples presença pode fazer as coisas melhorarem. Sua presença me fez acordar

 — Calado! — Fit caiu na gargalhada, incrédulo que seus próprios truques estavam sendo usados contra ele.

 Quando as risadas do monge cessaram, ele ainda tinha Pac olhando pra ele com aquela expressão divertida e genuína em seu rosto, que acalmou qualquer tipo de agitação. Mas as paredes daquela caverna cheia de vida e calor foi espaço e ouvinte de uma longa e sinuosa conversa, uma montanha russa de assuntos e tópicos diversos.

 Por mais que a conversação pudessem se estender por infinitas horas, o casal sabia que em algum momento os demais habitantes notariam a nova presença ativa no reino e viriam atrás de conhecê-lo, e, se fossem sinceros, eles gostaria de deixar aquele local apenas entre eles — e o Bad — para ser sua zona de conforto e o espaço para dormirem juntos em paz. Devido a aqueles pequenos curiosos que andavam por aquelas terras, os dois saem de seu cafofo para o mundo exterior e caótico que era O Reino.

 E apesar de tudo o que aconteceu até aquele momento, algo ficou na cabeça de Fit, aquela brincadeira sobre a influência que um causa no outro. Mesmo com toda a zombaria entorno de duas falas e gestos, algumas pequenas vozes no fundo da mente do monge lhe dizia que havia algum âmago de verdade naquela situação, além da pequena questão de Bad ter levado Fit diretamente para o local onde um de seus membros estava vulnerável, um soldado do grupo inimigo — aquele demônio esperto já sabia de algo.

 Tudo era hipótese, mas na mente do homem careca, aquela talvez tivesse sido a consequência ao jurar amor eterno a alguém: a presença da outra metade de seu coração era a principal fonte de energia para que um e o outro continuassem a achar motivos para viver. Se houvesse uma maneira deles souberem que estão juntos mesmo não estando próximos, seria uma boa solução para seus problemas.

 Qual era o ditado mesmo? Quando você se casa vocês se tornam um? Talvez fosse hora de pensar em dar um passo no relacionamento. 

Chapter 24: Seu rosto me irrita

Summary:

"Aquele rosto tão bonito o irritava até sua morte, pois lhe lembrava daquele que ele foi incapaz de proteger..."

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Não uso! por questão estética
— Estou falando dos CUBITOS
— Cada capítulo é individual; caso tenha uma parte dois será especificada no título
— AU inspirada no servidor Arkanis. Existe uma teoria que diz que "Leo" é uma versão alternativa do proprio ak!Pac, essa história é baseada nessa teoria

Chapter Text

 Um corpo corpulento servido de parede para proteger e esconder um homem um pouco menor, seu rosto normalmente mascarado estava sem ela, deixando visível o enorme hematoma vermelho em sua bochecha e o corte em suas lágrimas que ainda sangrava. Entre o casal e um grupo revoltado e confuso, havia um pequeno fantasma azul que tentava apaziguar o conflito, mas não estava tendo muito sucesso em suas tentativas.

 As acusações chegaram até os ouvidos de Fit, que por instinto só continuava a servir de proteção para um atordoado Pac machucado, ignorando todas as palavras afiadas. O rosto do veterano de guerra se contorcia de raiva e ele parecia perto a rosnar como um animal selvagem, vendo as armas sendo apontadas na direção do homem atrás dele, e mesmo incluído, ninguém ameaçava se aproximar daquele que Fit protegia em suas costas, com alguns já tendo provado o'que um anarquista seria capaz de causar — ​​um seguidor indireto do caos e da violência sem regras. Se a cidade está em uma ordem razoável, e simplesmente porque Fit não deseja quebrar o contrato que fez com Marcos, por enquanto.

 Uma repetida onda de raiva invade o guerreiro recentemente ao ver alguém mirando acima de seu ombro para acertar Pac, mas foi necessário apenas um giro de seu punho para que seu tridente arrancasse a superfície da bochecha da pessoa enxerida, tirando um fino fio de sangue, detonando uma explosão de gritos em diversos idiomas distintos que era impossível de entender qualquer palavra dita.

 Em meio ao caos instalado, Fit afiou seus instintos e escondeu Pac sob sua jaqueta de aviador desgastada, se escondendo nas sombras dos prédios correndo entre a leve garoa que sempre assolava a cidade no inverno. Alguns passos seguiram o casal, mas ninguém, nem os mesmos manipuladores de magia eram tão conhecedores dos becos e vielas como aquele homem com experiências demais nas costas. Pac apenas se deixou ser levado pelo homem que cultivava sentimentos mútuos — ambos sabiam disso, mas as situações nunca permitiram que algo mais nascesse dali, então eles se sentiram satisfeitos em apenas dividir um apartamento aconchegante e criar uma criança sapeca.

 A porta do apartamento bate com força, Pac se encosta em uma cômoda na lateral da porta, usada para guardar algumas quinquilharias e roupas extras. O moreno estava de costas para o móvel, suas mãos se esticavam para se segurar nele, enquanto seus olhos estavam fixos em seus sapatos, pensando em como não os tiraram antes de pisar no chão limpo do apartamento, enquanto o barulho das trancas extras da porta eram ativados e os sistemas de segurança eram ativados. Pac não gostava muito quando Fit se deixava levar pelo medo do perigo, pois não era muito divertido ver o olhar aflito em seu rosto, mas talvez ele mesmo estivesse começando a absorver esses hábitos.

 Os olhos de Pac estavam pesados e turvos, sentindo como se estivesse a muito tempo sem óculos, e mesmo com a corrida frenética para chegar em casa, sua respiração estava lenta e profunda, um tanto tonto por ter sido surpreendido por um grupo enfurecidos de pessoas, ele nem sabia oque estava acontecendo e nem ao menos lhe deram chance de explicar as poucas coisas que ele entendia de estar sendo acusado. Frustração e mágoa eram as únicas emoções identificáveis, ele apenas queria passar um tempo com seu filho e foi impedido disso.

 Uma lágrima solitária escorre por sua bochecha, causando ardência no local ferido. Esta mesma gosta de água é absorvida por um pano fino e suave que foi pressionado contra seu rosto, com pontas quentes e ásperas tocando os limites do tecido e entrando em contato com a pele. Pac nem reage, ele apenas derrete contra a mão que embala seu rosto.

 — Você não precisava se preocupar… — sua fala sai arrastada, um português tão baixo que por um momento ele temeu que o tradutor do aparelho auditivo de Fit não fosse capaz de captar suas palavras.

 — No, Pac — uma voz tão poderosa como a do guerreiro aposentado, havia se tornado suave e macia, tão doce que era quase palatável — I will always worry about you — seu olhar desvia por um momento do rosto do moreno, apenas para conseguir segurar seu pulso com a mão livro, o puxando com cuidado em direção ao sofá — Vamos cuidar do seu rostinho bonito agora

  Pac tenta sorrir, mas limita suas expressões ao sentir a dor latejante em sua bochecha, apenas deixando que Fit guie seus movimentos e o posicione entre as almofadas escuras do sofá deles. Ainda era um pouco surreal, pensar que ele ainda tinha alguém pra quem voltar, pelo menos uma pessoa ainda estava com ele…duas, se você não esquecer o pequeno garoto fantasmagórico, que logo surgiu em meio ao ar, se jogando nas pernas do moreno e o abraçando com força.

 As palavras embaralhadas de Milo soavam de forma divertida aos ouvidos de Fit, que encarava a cena e via um dos raros momentos em que seu parceiro sorria depois de tanta coisa que acontecia nas ruas daquela cidade e nas sombras de uma história que ele não tinha o direito de ler. Deixando pai e filho terem seu pequeno e tão desejado momento de afeição, Fit bate as mãos contra a roupa, tirando um pouco da poeira enquanto caminhava até a gaveta de remédios e outros apetrechos que ficava no banheiro, um creme analgésico seria o suficiente.

 O apartamento era aconchegante, pequeno e confortável com luzes calorosas, mas uma presença parece ter ocultado aquele ardor acolhedor. Fit arma as defesas, seu braço já estava indo em direção ao cinto onde seu tridente descansava, mas sua mão não chegou nem a tocar no material do equipamento, pois dedos enluvados se encaixam e seguram com firmeza seu pulso. O sangue pulsava por todas as veias do corpo do ex-soldado, se sentindo desesperado por não conseguir se mover, como se seu corpo estivesse paralisado e uma força invisível tivesse o forçando para baixo.

 Um novo toque faz todos os alertas se acenderem na mente do careca, havia algo perigoso ali e as duas pessoas mais importantes pra ele estavam a mercê desse desconhecido. Apesar de tudo em seu ser o mandar proteger aqueles que estavam em sua presença, algo o impedia de se mover e o deixava apavorado, ao ponto de segurar sua respiração. Então dedos firmes deslizam por trás de suas costas, deslizando por cima do ombro e encaixando em seu pescoço, fazendo o corpo de Fit enrijecer ao sentir os dedos se firmando em torno de sua pele e segurando seu maxilar.

 Um enorme pânico estava se instalando no peito do soldado, aquela sensação de ter um enorme perigo a sua espreita e estar em uma posição tão vulnerável o deixava apavorado. Memórias de batalhões inteiros indo ao seu encontro dançavam diante de seus olhos, a energia que emanava daquele que estava atrás dele lhe oprimia, sensações adormecidas de um medo causado pelo trauma do passado lhe fazia a beira de hiperventilar. Foi um suspiro que fez todo o corpo de Fit arrepiar, um calafrio quando seus olhos se moverem para ver a face de quem ameaçava sua vida; não havia um rosto, uma superfície esquelética parecia o encarar, uma máscara ou uma face feita de crânio parecia baforar ar quente contra a lateral do seu rosto, causando pequenos ruídos em seu aparelho auditivo.

 — Seu rosto… — um suspiro profundo, faz os nervos de Fit vibrarem. Aqueles dedos que seguravam seu rosto, deslizam novamente sobre sua pele, descendo até seu braço protético — me irrita!

 A mão se fecha contra o metal, esquentando em tal grau que queima a pele sensível por baixo do membro artificial. Aquela ardência e a sensação estranha de seu corpo se partindo em dois quando a pressão sobre seus músculos alivia o fazendo gritar em plena agonia pelo choque de sensações. Seus olhos turvam em lágrimas, enquanto seu corpo tombou para o lado, caindo contra a parede, suas pernas enfraquecidas ainda o mantinham em pé de alguma forma.

 Sua respiração era pesada e seus olhos estavam turvos. Havia um zumbido agoniante em seus ouvidos, mas ele não sabia dizer se era seus aparelhos ou era a consequência de sua mente em colapso. Apesar de seu estado frágil, Fit ainda não havia perdido a razão ou a consciência, então ele pode ver duas figuras a sua frente numa distância respeitosa devido a sua condição atual, só duas pessoas tinham esse cuidado e cautela em lidar em momentos como esse, então ele força sua voz a sair, indo contra seu inconsciente e submetendo o corpo a relaxar e sua voz a sair de sua garganta:

 — Pequi… — o jeito carinhoso de se referir ao seu companheiro saiu em um sussurro, enquanto seu corpo se inclinava em sua direção, suas pernas cedendo ao estado atual de seu corpo.

 Braços fortes cercam Fit no mesmo segundo que suas pernas fraquejam, fazendo seu rosto bater contra o peito do homem que o segurou com tanto cuidado e gentileza. Aquela mesma sensação de mãos enluvadas fazem um arrepio percorrer todo o corpo do soldado aposentado, mas ele não se permite endurecer novamente, pois o perigo havia passado e quem o mantinha em seus braços não iria o machucar de forma proposital ou por pura vontade.

 As mãos de Pac, por mais que estivessem cobertas por luvas, ainda pareciam quentes, diferente daquelas que o deixaram congelado . Alguns dedos dançavam na região de nuca, enquanto os outros o seguravam com firmeza em torno de suas costas. Respirar e expirar era o'que o acalmava, sabendo que agora o perigo havia passado e ninguém mais estava correndo algum risco, foi mais fácil relaxar, deixando Pac o guiar até o sofá e relaxar contra as almofadas mais uma vez.

 A mente de Fit ainda estava atordoada, algumas coisas ainda estavam confusas em sua cabeça enquanto seu colega de quarto ainda servia de pilar para sua mente atordoada. Uma mão desliza sobre as placas de sua prótese, dedos traçando seu antebraço com toque leve, como se analisasse algo que estivesse ali, motivando a curiosidade do careca que o faz abaixar os olhos. Se ele estivesse em melhor estado, talvez houvesse surpresa ao ver os circuitos de seu braço brilharem como um fluxo de magia, mas o'que lhe chamou a atenção foi a estranha escrita que cintilava no metal, aquele mesmo brilho que infestava toda a prótese. Milo também notou a mudança, e suas palavras foram captadas com nitidez:

  “Intocável”

  Apenas mais uma peça que deixava aquele quebra cabeça ainda mais confuso. Apesar da aspereza e do modo bruto de agir, tudo o que aquele desconhecido fez após congelar todo o seu corpo em um quase ataque de pânico, poderiam ser confundidos com carícias em decorrência da suavidade que os toques foram feitos. Fit suspira fundo, derretendo contra o corpo do único homem que era capaz de o tocar com aquele mesmo cuidado .

 

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  Um pequeno rato se encontrou sala que era tão escura que o homem sentado em sua cadeira não era visível na penumbra, seus ombros estavam tensos, seu rosto apoiado em uma das mãos erguida sobre o cotovelo, seu olhar fixo na outra, que segurava com cuidado um pingente de aparência simples, uma bugiganga que não tinha valor algum para ser tratado com tanto esmero por alguém com o título como o dele.

 Não havia nenhum material que tivesse algum valor significativo, muito menos algum resquício mágico, mas aquele era talvez, um dos maiores tesouros que o maior ladrão de Valigma possuía. Uma pequena corrente feita de ferro que segurava um pingente oval simples, feita de alguma pedra de tons terrosos, talvez âmbar ou ágata falsificada. O questionamento de Leo deslizou sobre a superfície polida, sentindo a leve depressão na rocha, formando a letra do nome que antes apenas assombrava seus sonhos, agora o atormentava em carne e osso, o mesmo rosto, a mesma voz, os mesmos olhos separados com aquele sorriso e risada cativante que sofreram toda a carga de emoções negativas transbordarem em seu peito.

 Aquele rosto tão bonito ou irritado até sua morte, pois lhe lembrava que ele era incapaz de proteção. Sua sorte miserável fez tudo ir por água abaixo, de todas as dimensões que ele poderia ter ido, ele justamente teve que parar aquele que ele seria assombrado pelo amor que ele nunca pode ter, entre todas as linhas dimensionais aquela que teve que ser sua escolha; seu próprio inferno pessoal, com uma história fadada a se repetir se ele não conseguiu botar um fim naquilo.

 Pela primeira vez em muito tempo, ele fez algo que não era apenas em prol dos seus objetivos, ainda era egoísta , mas ele não deixaria que aquilo acontecesse de novo.

 Fit agora era intocável , nem mesmo ele seria capaz de o ferir. Que sua morte nessa dimensão seja gentil em decorrência dos anos de idade, e não como aquela que ele presenciou.

Notes:

— Não falo nenhum outro idioma de forma fluente, mas fique a vontade para falar no seu idioma de preferencia

— Essa historia foi escrita e posta também em outra plataforma e estou a disponibilizando aqui tbm

Obrigada por ler!