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O tesouro do dragão

Summary:

inspirado no filme dragon cray, decidi fazer algo parecido.
lucy recebe a missão de quebra um tesouro magico que ja foi guardado por um dragão vermelho, ela aceita sem pensar muito alem do mais seria sua primeira missão depois daquele desastre envolvendo zeref e acnologia.
o unico problema é que parece que essa missão vai mexer com natsu.

Chapter 1: introdução

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A reunião seguia à portas fechadas. O Rei Toma mantinha-se sério ao lado de dois guardas reais. Ao redor da mesa, estavam Makarov, Erza, Gray, Gajeel, Wendy, Levy e Juvia.

— A missão exige discrição, e Lucy Heartfilia é a única maga celestial capaz de romper o selo do Espelho de Finore. Ela precisa ir sozinha à ilha de Veredia — declarou o rei, com firmeza.

Makarov franziu a testa, mas foi Gajeel quem respondeu primeiro:

— Mandar a coelhinha sozinha pra um lugar onde tem o espírito de um dragão vermelho? Vocês tão ficando loucos?

— Se Natsu não for, ela não vai — Erza afirmou de forma cortante. — E não por fragilidade. É que... ele tem mudado.

O rei olhou para o grupo com atenção.

— A magia dele é semelhante à do dragão que protegia a ilha... e que foi traído por humanos. Temo que o espírito do antigo guardião influencie o Salamandra... ou pior, acorde algo adormecido nele.

— Isso é um problema — Gray murmurou. — A gente já viu o que acontece quando mexem com o lado obscuro do Natsu.

Gajeel soltou uma risada seca.

— Vocês ainda acham que ele é o mesmo? Ele já escolheu a parceira dele. Ele protege ela como se fosse uma extensão dele mesmo. A menina nem se queima com o fogo dele.

Todos pararam. Até o rei pareceu absorver o peso daquelas palavras.

Makarov, em silêncio, olhou pela janela.

...

Longe da tensão da sala, Lucy ria suavemente ao tentar equilibrar uma torre de livros com Happy. Do outro lado da sala, Natsu e Gray estavam brincando como de costume, rindo e zombando um do outro.

Gray, numa tentativa de provocar, pegou um barril vazio de suco e o girou no ar — lançando-o sem pensar na direção da torre de livros, onde Lucy estava agachada e distraída.

Mas antes que o barril pudesse sequer chegar perto... algo aconteceu.

Um estrondo seco.

O barril foi interceptado no ar com brutalidade e voou de volta direto na parede ao lado de Gray, se espatifando em pedaços.

Todos congelaram.

Natsu estava de pé, na frente de Lucy, com o braço ainda estendido e os olhos semicerrados como uma fera em guarda.

Seu corpo tremia levemente. O calor ao redor dele aumentava, o ar vibrando de forma sutil.
Lucy, sem entender, olhou de baixo para cima.

— Natsu...? Tá tudo bem?

Ele a encarou por um instante... e o olhar de dragão desapareceu. Ele respirou fundo e relaxou os ombros, dando um passo para trás.

— Você quase foi atingida... — murmurou, como se isso fosse inaceitável.

Gray levantou as mãos, surpreso e ofendido.

— Era só uma brincadeira!

— Então presta atenção onde você joga as coisas — Natsu respondeu com a voz baixa, firme.

Happy estava ao lado, com os olhos arregalados.

— Cara... você nem pensou. Só... reagiu.

Do andar de cima, pela fresta da janela da sala do mestre, Makarov observava.

— ...É como se a alma do dragão vermelho já tivesse acordado dentro dele — murmurou.

E na ponta da escada, sem saber que era o centro da preocupação de todos, Lucy apenas ajeitou os livros caídos... enquanto Natsu ficava ali, parado, de guarda.

Chapter 2: sala do mestre

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O ambiente estava carregado. Makarov se mantinha ereto, ao lado do Rei Toma, com uma expressão mais séria do que o habitual. Ambos pareciam aguardar algo — ou alguém.

A porta se abriu devagar.

— Chamou? — a voz leve de Lucy quebrou a tensão.

Ela entrou sorridente, radiante como uma criança sendo elogiada, carregando consigo aquela luz que todos reconheciam. Seu entusiasmo era contagiante, e por um momento o clima na sala pareceu clarear.

— Uma missão? — ela perguntou, os olhos brilhando.

Natsu entrou logo atrás. Mas ao contrário de Lucy, seu corpo era uma presença silenciosa e pesada. Cada passo que dava parecia ecoar demais. Seus olhos, que sempre foram claros, pareciam escurecidos — e sob certos ângulos, havia tons vermelhos intensos dançando nas íris.

Mesmo que não dissesse nada, ele intimidava qualquer um que o encarasse por muito tempo.

Makarov trocou um olhar discreto com o rei. Ambos viram, por um instante, a sombra que se projetava atrás de Natsu — uma forma mais feroz, curvada como um predador... e com olhos flamejantes.

Lucy, no entanto, estava alheia à tensão.

— Vai ser uma missão com o meu grupo? — ela perguntou animada, sorrindo. — Aceito! Com a recompensa, vou finalmente conseguir pagar o aluguel e talvez... comprar aquele vestido azul...

Ela virou-se para Natsu, que agora estava atrás dela. Seus olhos mudaram por um instante — os vermelhos voltaram a ser claros.

— Vai comigo, né?

Natsu assentiu com um sorriso curto, quase felino.

Mas o Mestre e o Rei não sorriram. Eles apenas o observaram com atenção, porque mesmo aquele gesto simples... parecia conter uma promessa perigosa.

— Muito bem — disse Makarov, limpando a garganta. — A missão começa amanhã ao amanhecer. Preparem-se.

Lucy saiu quase saltitando. E Natsu a seguiu em silêncio... como uma sombra quente e viva, pronta para proteger — ou destruir — o que fosse necessário.

O Rei quebrou o silêncio.

— Viu? A marca... ele carrega a essência do antigo dragão. Não é mais o mesmo Salamandra.

Makarov suspirou fundo.

— Ainda é o Natsu... mas algo nele acordou. E seja o que for, não vai deixar que nada encoste naquela menina.

Chapter 3: quarto de lucy

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A mala estava quase cheia. Lucy cantarolava baixinho enquanto dobrava uma blusa e a colocava dentro. Cada item era cuidadosamente escolhido — como se a missão fosse só mais uma aventura alegre. O sol entrava pela janela, dançando pelo chão... mas a presença atrás dela pesava como nuvem de tempestade.

Natsu estava deitado em sua cama, de costas para a luz, braços cruzados e expressão fechada. Ele observava o teto como se este tivesse lhe insultado.

— Desde que soube da missão está assim — Lucy comentou, sem olhar. — Emburrado?

— Não ir lá... — ele resmungou com voz baixa, rouca de incômodo.

Lucy parou, segurando uma saia. Piscou. — Por quê? Por causa do dragão?

Silêncio. E então:

— Não gosto da ideia de... de um espelho... ter que ser destruído por você.

As palavras soaram estranhas. Como se ele estivesse lutando consigo mesmo para admitir aquilo. Como se não fosse só medo pelo espelho... mas por algo muito mais profundo.

Lucy suspirou.

Virou-se devagar e caminhou até ele. Natsu ainda olhava para o teto como se quisesse ignorá-la — mas seus punhos estavam cerrados, e os olhos... vermelhos, novamente.

Ela se sentou na beira da cama, inclinando-se para frente até que seus olhos dourados encontrassem os dele.

— Ei...

Estendeu a mão com delicadeza, e passou os dedos lentamente pelos cabelos bagunçados dele, em um gesto gentil e cheio de ternura.

— Vai ficar tudo bem. Eu vou proteger você...

Ela sorriu. Um sorriso calmo, sereno, quente como uma chama estável em meio à ventania.

Natsu a encarou. Por um segundo, seus olhos voltaram a clarear, e o calor que saía dele não queimava... apenas confortava.

Ele não disse nada. Só estendeu a mão e tocou de leve o punho dela.

Como se dissesse: "Me promete que vai voltar."

Chapter 4: Ele esta diferente

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O mar cintilava sob a luz do sol como se tivesse sido pintado à mão. A brisa era suave, carregando o cheiro salgado e fresco que só uma viagem em mar aberto podia oferecer.

Para Lucy, aquilo era mágico. Ela se apoiava na lateral do barco com um sorriso no rosto, os cabelos dourados voando com o vento, um livro aberto em mãos. Sentia-se uma verdadeira exploradora em meio a um mistério antigo.

Atrás dela, o som de algo quebrando.

— NATSU! — Erza gritou ao longe, enquanto o rapaz se afastava da proa do navio após... esmagar um barril.

— O quê? Eu só... toquei. — Natsu deu de ombros, inocente, e voltou a olhar o mar como se o ato destrutivo não tivesse acabado de acontecer. — Esse lugar é legal...

Wendy riu, ainda que nervosa, enquanto mantinha Happy e Charle afastados de mais objetos frágeis.

Lucy, entretida, continuava a leitura. Seus dedos passavam pelas páginas delicadamente até que um nome apareceu.

— Makadu... — ela sussurrou.

Como se tivesse dito uma palavra proibida, Natsu parou. Sua cabeça virou lentamente em direção a ela. Os olhos brilharam em um tom âmbar intenso, como se algo dentro dele tivesse acordado.

— O rei dos dragões vermelhos... — Lucy continuou, pensativa, ainda absorvida pelas palavras.

— Seria mais um título do que um nome...? — Wendy perguntou, se aproximando e espiando por cima do ombro dela.

— Sim... pelo menos é o que parece. — Lucy mordeu o lábio inferior. — Dizem que o verdadeiro nome dele se perdeu, e que 'Makadu' é uma palavra dos dragões antigos para 'protetor do tesouro'.

Natsu deu mais um passo, se aproximando, olhos fixos no livro... ou seria em Lucy?

— E o espelho era o tesouro dele... — ela concluiu, fechando o livro devagar.

O silêncio caiu como uma onda pesada. O mar ainda brilhava, o céu ainda era claro, mas o ar ficou tenso.

Ninguém ousou comentar sobre como os olhos de Natsu ficaram mais escuros por um instante.

O nome soou entre eles como um presságio.

— Makadu... — cada um murmurou pensativo, como se a palavra tivesse peso, como se carregasse uma memória antiga, esquecida pelo tempo.

Lucy voltou a se debruçar sobre o livro, mergulhando nas páginas com uma expressão fascinada. Ao redor, o restante do grupo permanecia em silêncio. A pergunta que pairava era uma só:

"Como um dragão vermelho, tão feroz, foi morto... e por quê?"

Dragões vermelhos não abandonam seus tesouros. Eram os mais possessivos, os mais protetores entre as raças. E se aquele espelho era de fato um tesouro... então por que estava perdido? E a maga que o carregava? Não havia menção a ela além de uma linha vaga sobre a destruição da ilha.

— Tem coisa errada nisso... — Gray resmungou, cruzando os braços.

— Talvez... — Wendy hesitou. — Talvez o espelho tenha sido amaldiçoado.

Mais tarde naquela noite...

O navio balançava suavemente sob a luz da lua. O quarto de Lucy estava mergulhado em sombras, iluminado apenas pela vela que tremeluzia na mesa.

Ela ainda estava com os livros abertos, anotações espalhadas, quando a porta se abriu devagar.

Natsu entrou.

Não havia batido. Apenas entrou.

— Hora de dormir. — ele rosnou baixinho, os olhos fixos nos livros.

Sem esperar resposta, ele se aproximou e puxou os livros para longe dela, jogando-os de lado como se fossem perigosos.

— Natsu... — Lucy suspirou, puxando um dos livros de volta com cuidado, tentando não acordar a fera. — Estou gostando do que descobri...

Mas ele se jogou na cama e puxou ela junto, o braço se enroscando ao redor da cintura dela com firmeza, os olhos semicerrados, protetor e teimoso.

— Não dormi. — ele resmungou contra o pescoço dela, como se aquilo fosse uma ordem.

Lucy sorriu, vencida, deitando-se ao lado dele. O calor que ele emanava era reconfortante. Um tipo de proteção que não se podia explicar, apenas sentir. E mesmo ali, naquele silêncio aconchegante, ela não pôde deixar de pensar:

Por que Natsu reagia tanto ao nome daquele dragão...?

Chapter 5: volte pra cama

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A luz do sol começou a invadir o quarto aos poucos, e Lucy se revirou na cama, ainda presa entre o sono e o despertar... até sentir algo estranho na perna.

— Ai! — ela pulou. — Natsu?!

Mas quando olhou para baixo, o choque foi completo: Happy estava agarrado à sua coxa, mordendo e babando como um lunático faminto.

— Ah, seu gato idiota! — Lucy gritou, se sacudindo e o lançando de leve para longe da cama. — Você me acordou COM UMA MORDIDA?!

— Tô com fome... — Happy reclamou, as asas tremendo enquanto pairava no ar com cara de sono e fome, como se tivesse todo o direito do mundo de fazer aquilo.

Do canto da cama, Natsu bufou, ainda deitado, os olhos semicerrados com puro tédio e impaciência.

— Exagero... — murmurou, virando para o lado, puxando o travesseiro por cima da cabeça.

Lucy, agora em pé e irritada, já procurava suas roupas para trocar. — Eu tenho que terminar de revisar os textos, e você — apontou para Natsu com o indicador afiado — tem a obrigação de alimentar esse gato maldito!

— Volta pra cama... — Natsu resmungou, chutando de leve Happy pra longe e lançando um olhar cansado para Lucy. — Ainda é cedo...

Mas Lucy já havia desaparecido atrás do biombo improvisado, bufando, enquanto Happy voava em círculos com um pedaço de pano na boca.

— Vocês são os piores companheiros de quarto da história... — ela murmurou de dentro.

— Aye! — Happy respondeu com a boca cheia. — Mas somos adoráveis!

Natsu fechou os olhos novamente, mas um pequeno sorriso escapou em seus lábios, mesmo que ninguém tivesse visto.

Lucy comeu rapidamente, e assim que deixou o prato de lado, voltou com urgência para os livros. Havia algo ali que não batia. A cada nova página, mais detalhes sobre o dragão surgiam... mas quase nada sobre a maga que um dia carregara o espelho.

— A morte dele... o símbolo de Zeref... — ela murmurava para si, os olhos deslizando sobre os textos antigos. — Esse símbolo... ele aparece como uma marca de eliminação? Ou... de selamento?

Ela ergueu os olhos, pensativa.

— Será que Makadu tentou pegar o espelho? Mas por quê?

Antes que pudesse refletir mais, o navio começou a tremer levemente. Um vento frio cortou o convés como uma lâmina, e todos os magos se olharam em alerta.

— Estamos chegando às águas da ilha. — murmurou Erza, já com a mão no cabo de sua espada.

— Mas... nem atracamos ainda? — Lucy levantou os olhos do livro, surpresa ao ver a bruma densa que cercava o navio.

— Eles não chegam perto da ilha. Dizem que... a terra é amaldiçoada. — completou Erza, com a expressão sombria.

Lucy bufou, fechando os livros de uma vez. — Amaldiçoada ou não, temos um espelho pra encontrar.

Assim que o grupo desembarcou, o clima mudou drasticamente. O ar era pesado, carregado, como se algo observasse cada passo que davam. As árvores, retorcidas e secas, pareciam cochichar entre si com o sopro do vento.

Lucy, determinada, desceu primeiro e nem olhou pra trás. Seus olhos estavam fixos no caminho que levava à vila abandonada no interior da ilha.

— Lembre-se: achar o espelho e voltar. Temos quatro dias. — Gray murmurou enquanto seguia o grupo... até perceber. — Espera. Ué... onde tá a Lucy?

Wendy, que voava com Happy mais ao alto, apontou com o dedo. — Pra vila. Ela já tá indo pra lá...

Natsu, que havia ficado em silêncio desde que pisou na ilha, ergueu o rosto, olhos estreitos. A terra parecia chamá-lo. E ao ver Lucy se afastando, um instinto antigo se acendeu.

Ele caminhou atrás dela, as pegadas pesadas e firmes no solo escuro da ilha. O clima podia ser amaldiçoado... mas ninguém encostaria um dedo em Lucy.

Chapter 6: eu estava certa

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Lucy se abaixou diante de um altar em ruínas, afastando cuidadosamente folhas secas e pedaços de pedra. Ali, entre as runas partidas, um entalhe quase apagado brilhava sob a luz filtrada pelas árvores.

— Então eu estava certa... — ela sussurrou, com um sorriso de orgulho nos lábios. — Houve alguém que cuidou do espelho...

Erza e Gray se aproximaram, observando com ceticismo a empolgação da loira.

— E isso importa? — Gray cruzou os braços, olhando ao redor como se esperasse algo sair das sombras.

Lucy se virou, ainda animada. — Importa sim, se a gente vai mesmo destruir o espelho. Nos livros... só falam do dragão, das ruínas, da destruição da ilha... mas não quem usava o espelho. Se houve alguém que o guardava, talvez ele não deva ser destruído, mas selado de novo.

Erza trocou um olhar breve com Gray. A ideia de Lucy tinha sentido, mas o tempo era curto, e as ameaças pareciam cada vez mais próximas.

Enquanto isso, do outro lado da ilha, escondidos entre os destroços e a névoa púrpura da floresta morta, um grupo de magos de uma guilda das trevas observava.

— As fadas estão aqui... — disse um deles com desgosto. — Isso pode arruinar tudo, mestre.

O homem à frente deles, de olhos semicerrados e um sorriso cruel, permaneceu calmo.

— Não. Está tudo conforme o planejado.

Ele olhou para o céu acinzentado, onde uma energia antiga parecia vibrar. Seus olhos brilharam com uma tonalidade vermelha, semelhante a brasas.

— A história se repetirá. E desta vez... eu conseguirei controlar o descendente de Makadu.

Um brilho sombrio percorreu a marca em sua mão.

— Ele já está aqui... em sua forma humana.

Desde que chegaram à ilha, Natsu parecia mais silencioso que o normal. Algo no ar, na terra — talvez nas memórias antigas da ilha — o deixava em constante alerta. À noite, foi o primeiro a se voluntariar para o turno de vigia. Sentou-se próximo à fogueira, olhos fixos na escuridão que parecia respirar ao redor do acampamento.

Apesar da aparência relaxada, ele não dormia. Cada estalo da lenha ou movimento do vento fazia seus olhos se abrirem, vigilantes como os de uma fera que não se deixa emboscar.

Quando Lucy se mexeu, cobrindo os ombros com a capa, ele notou de imediato. Ela se aproximou com um sorriso sonolento.

— Ei... sua vez. — ela sussurrou, tocando de leve seu ombro.

Natsu a encarou, como se por um momento quisesse recusar, mas ela não deu chance.

— Vai, dorme. — Lucy o empurrou com delicadeza para o saco de dormir improvisado. — Você precisa descansar também.

— Me-deixa... — ele resmungou, virando o rosto, mas sem se mover.

— Nunca. — ela respondeu com suavidade, e então murmurou, como se estivesse pensando alto:
— Somos nós dois contra tudo, não é?

Natsu a olhou por um segundo mais longo. Aquele tom... aquela certeza... era diferente. E estranhamente reconfortante.

Bufando como se ainda quisesse lutar contra o sono — ou contra a ideia de parecer fraco — ele se deitou, finalmente cedendo. Lucy o cobriu com parte do manto, e se sentou ao lado da fogueira, olhos atentos à noite.

Mas agora, com ele descansando, o silêncio parecia um pouco menos pesado.

Chapter 7: isso é uma tumba....

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Lucy caminhava lentamente pelas ruínas da antiga vila. O lugar era tomado pelo silêncio, como se até o vento respeitasse o que ali jazia. Paredes caídas, pilares quebrados e marcas do tempo compunham o cenário, mas algo em especial chamava sua atenção — um brilho tênue vindo de um túnel parcialmente soterrado.

Curiosa, ela marchou na direção da luz, os pés pisando com cautela sobre os escombros. Quando tentou atravessar uma passagem estreita, o chão cedeu sob seu peso. Lucy caiu — sem sequer conseguir gritar — até aterrissar com um baque surdo sobre algo duro e metálico.

— Ai... que dor... — gemeu baixo, tentando se levantar.

Foi então que seus olhos se arregalaram. Montanhas e montanhas de ouro reluziam ao seu redor, joias, coroas, espadas encantadas... um verdadeiro tesouro ancestral. Mas nada disso foi tão impactante quanto o que viu logo à frente.

No centro da câmara havia um caixão de vidro, antigo e envolto por correntes mágicas. Dentro dele, o corpo intacto de uma mulher, pálida como a lua, segurava em suas mãos um espelho pequeno, de moldura negra e misteriosa. Os olhos de Lucy se fixaram ali, mas foram desviados por algo ainda mais colossal logo atrás.

Ela desceu com cuidado a pilha de ouro e se aproximou, o coração acelerado. Ali, envolto por pedras e cristais rubros, jazia o corpo de um dragão. Enorme. Majestoso. E morto.

Mas não era uma simples estátua ou esqueleto. Era o corpo de um dragão vermelho — preservado, petrificado, com as asas dobradas sobre si como se estivesse protegendo algo... ou alguém.

Lucy caminhou, hipnotizada, até ele. Seus dedos tocaram com reverência a pele áspera e escarlate do dragão, sentindo uma energia estranha percorrer seus braços.

No mesmo instante, acima da caverna, onde os outros a procuravam, Natsu parou. O vento mudou. Seus olhos se estreitaram, os sentidos em alerta total. Uma sensação ardente percorreu sua espinha, como se algo estivesse... tocando sua alma.

Ele rosnou baixinho, olhos faiscando em vermelho.

— Lucy...

Ali embaixo, Lucy finalmente compreendeu.

— Isso não é só um tesouro... é uma tumba.

E ela havia acabado de despertá-la.

Lucy se levantou, os joelhos ainda trêmulos pelo impacto da queda, quando um raio de luz atravessou uma fenda na parede da câmara e centilou diretamente sobre o espelho nas mãos da mulher no caixão. O reflexo dourado deveria hipnotizá-la — mas algo estava errado.

Ela franziu o cenho.
Aquele não parecia o espelho que vira nos livros. Era sombrio, negro demais, sem vida. Um falso brilho envolto em maldição.

Instintivamente, ela desviou o olhar. Como se algo dentro dela sussurrasse para não tocá-lo.

Deixando para trás o túmulo de vidro e o falso artefato, Lucy caminhou com passos lentos, quase guiada por uma força invisível, entre as imensas asas encolhidas do dragão morto. O ar parecia mais denso ali. Como se o tempo estivesse suspenso.

E então ela viu.

Entre as asas entrelaçadas como braços protetores, havia outro corpo. Um esqueleto quase completamente intacto, coberto por fragmentos de tecido real e símbolos mágicos antigos. E em suas mãos, o espelho.

Dourado. Vivo.
Irradiando uma luz morna e pulsante que parecia chamá-la, envolver sua alma com uma ternura inexplicável.

Lucy se ajoelhou diante dele, os olhos arregalados pela força simbólica da cena. Aquele corpo — aquela mulher — estava ali, abraçada pelo dragão. Não como um inimigo caído, mas como um tesouro sagrado.

Ela era o verdadeiro segredo.
Ela era quem o dragão protegera com a própria vida.

Lucy levou a mão trêmula até o espelho, mas hesitou. Sentia como se ao tocá-lo algo dentro dela fosse mudar para sempre.

Ao longe, um grito ecoou:

— LUCY! — era a voz aguda e aflita de Happy, chamando por ela.

Mas Lucy não ouviu.

A câmara estava completamente silenciosa, como se o mundo exterior não existisse mais.
Como se, ali, ela estivesse dentro de uma memória antiga.
Dentro de uma escolha que precisaria fazer.

Chapter 8: vc quebro o espelho?

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— Pegue logo o espelho... — Erza disse em tom baixo, o olhar ainda vidrado no caixão envidraçado.

Lucy, no entanto, manteve-se firme, o olhar intenso.

— Algo está errado. — Sua voz cortou o silêncio. — O que está naquela tumba... não é o verdadeiro espelho.

Os outros a olharam surpresos.

— Como assim? — Gray franziu o cenho.

Com cuidado, Lucy deu alguns passos à frente e indicou com a mão o corpo escondido sob as asas do dragão.

— Aquele é o espelho certo. O brilho, a sensação, tudo nele é... real. O outro parece uma distração. Um selo, talvez.

Erza se aproximou com cautela, Wendy atrás dela, e os olhares recaíram sobre o segundo espelho, aquele entre os ossos e sob as garras protetoras do dragão.

— Então o que fazemos agora? — Gray perguntou, já mais alerta.

— Eu não sei... — Lucy admitiu, os olhos presos no objeto. — Mas... não parece certo mexer com ele. É como se... estivesse esperando algo.

Natsu, parado perto da entrada da câmara, continuava quieto. Seus olhos ainda rubros como brasas apagadas, encarando o nada — ou talvez tudo ao mesmo tempo. Algo em seu interior parecia reconhecer aquele lugar... aquele espelho.

Foi então que o chão tremeu.

Um rugido abafado ecoou pelas profundezas da ilha, sacudindo pedras e fazendo a poeira cair do teto.

Lucy perdeu o equilíbrio e caiu de joelhos, estendendo os braços para se proteger. No movimento, sua mão roçou sem querer o espelho entre as asas do dragão.

O espelho se soltou das mãos do esqueleto como se estivesse esperando por aquilo. Deslizou devagar, como em câmera lenta, e parou aos pés de Lucy.

— Acho que você quebrou. — Happy comentou baixinho, a voz repleta de nervosismo.

— Não quebrei... — Lucy sussurrou, pegando o objeto com cuidado. — Ele... ele simplesmente se soltou.

Ela o ergueu com as duas mãos. O espelho brilhou em resposta, não com luz, mas com algo mais profundo: uma vibração, um reconhecimento.

O ar ao redor pareceu esquentar, e Natsu, à distância, rosnou baixo, os olhos se estreitando como se algo estivesse prestes a despertar dentro dele.

Lucy olhou para os demais.

— Eu acho... que ele escolheu.

Assim que os dedos de Lucy tocaram o espelho, o mundo ao seu redor desfez-se em silêncio e luz. Tudo ficou branco, depois verde.

Ela se viu no topo de uma colina, olhando uma ilha exuberante, viva, coberta por árvores imensas e floridas, os rios serpenteando como fios de prata sob o céu dourado. Havia risos... vozes... música? Magos, crianças, dragões voando em harmonia. O dragão vermelho — Makadu — sobrevoava a ilha com imponência, mas havia ternura em seu voo, como se estivesse protegendo algo precioso. Ou alguém.

E então, tudo queimou.

As árvores foram consumidas por chamas negras. Os gritos romperam o ar como lâminas. As vozes viraram agonia. O céu ficou vermelho, e a música, um lamento.

Lucy virou-se, vendo um exército marchando por entre o fogo — sombras envoltas em magia negra. E à frente, com os olhos frios e um sorriso macabro, Zeref.

Ele empunhava uma espada negra, e ela, a mulher diante dele, gritou. O golpe foi seco. O sangue jorrou como tinta sobre a terra.

Lucy engasgou com o grito que não deu.

Zeref então parou. Olhou para a espada, depois para o corpo caído da mulher — ela mesma? — e ergueu o olhar para o dragão caído ao lado, os olhos do monstro cheios de dor. O sangue da mulher escorria pela lâmina.

Quando Lucy voltou a si, estava de joelhos, tremendo, os olhos lacrimejando, o peito arfando. Ela se arrastou para trás, como se o espelho queimasse.

— Lucy! — Happy correu até ela, mas ela o afastou, cobrindo o rosto com as mãos.

O espelho, agora no chão, permanecia intacto, mas algo nele havia mudado.

Na superfície dourada, Natsu era refletido. Mas não como ele era.

Primeiro, um menino sorridente. Depois, um dragão colossal e vermelho. Em seguida, uma forma demoníaca, escura, cheia de chamas. E então... Natsu novamente, mas com chifres, olhos reptilianos e asas em brasas — uma fusão de tudo que já foi e do que ainda poderia se tornar.

Lucy sentiu o coração disparar. "Natsu... você é o descendente..." pensou, num arrepio.

E então o chão tremeu com força.

Rochas se moveram, a floresta ao redor silenciou. A ilha parecia respirar, despertar, como se acordasse de um sono profundo e raivoso.

Longe dali, nas margens da ilha, um grupo de capuzes negros observava o tremor.

— Começou... — um deles murmurou. — As fadas tocaram o que não deviam. A ilha sentiu.

— Que se preocupem, o mestre já previu. Tudo está conforme o plano — disse outro, com um sorriso cruel. — Agora, não precisamos mais do disfarce. O verdadeiro herdeiro será libertado.

Enquanto isso, de volta à câmara dourada, Natsu agarrou o pulso de Lucy, puxando-a com urgência.

— Vamos. Agora. — ele rosnou com a voz firme, os olhos perigosamente intensos.

Lucy ainda ofegava, mas assentiu. Ela segurou o espelho, apertando-o contra o peito, e correu ao lado dele.

A tumba atrás deles tremia... e começava a se abrir.

Chapter 9: como deu nisso?

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Do outro lado da ilha, encobertos pela neblina espessa e as árvores retorcidas, a guilda das trevas observava o céu escurecer, mesmo com o sol ainda presente.

— Para começar com o plano, precisamos do sangue da maga celestial... — murmurou o mestre, com a voz rouca como se carregasse os séculos. — E o espelho... ele precisa ser banhado com o sangue dela para despertar Makadu.
Ele fitava uma estátua quebrada no centro de um antigo círculo mágico, coberta por raízes e runas corroídas.
— Como da primeira vez, usaremos a companheira dele contra ele. — sorriu torcido.

Enquanto isso, Natsu havia levado Lucy para um campo aberto, onde os demais aguardavam. A tensão ainda percorria os olhos dela. Carregava o espelho como se pesasse toneladas, envolto em panos rasgados e mãos trêmulas.

— Como se destrói esse espelho? — Erza perguntou firme, quebrando o silêncio.

Lucy demorou um instante, olhando para o céu, sentindo a energia do objeto ressoar com a própria alma.

— Lua nova... daqui a um dia. — sussurrou.

— Ótimo, teremos tempo. — Gray assentiu, já começando a planejar.

Mas Natsu continuava imóvel. Seus olhos ardiam, presos nas sombras da floresta densa à frente. Ele não olhava para os amigos, apenas para o vulto que parecia os observar.

Uma brisa gélida cortou o campo.

— Não temos tempo. — ele rosnou, os punhos cerrados.

Erza, Wendy e Gray se viraram ao mesmo tempo. Ao longe, vultos escuros começavam a surgir, distorcendo o ar ao seu redor. Uma aura maligna se espalhava como névoa negra — eles não estavam mais sozinhos.

— Eles estão aqui. — disse Lucy, sentindo o espelho vibrar em seus braços.

A luta havia sido tensa. Mesmo com a força dos membros da Fairy Tail, os inimigos não eram amadores. A guilda das trevas atacou com tudo, mas um a um caíram sob o poder combinado de Gray, Erza, Wendy e Lucy com Loki ao seu lado.

Mas Natsu... Natsu não se moveu.

Ele ficou ali, de pé, olhos cravados na escuridão à frente, onde algo mais vinha.
Algo que ele sentia...
Algo que ele conhecia.

Do meio da névoa, o verdadeiro perigo apareceu.

O mestre da guilda sombria.

Ele caminhava devagar, como se já tivesse vencido, como se tudo estivesse apenas se repetindo.
Em sua mão, uma espada antiga. Rústica. Negra como o próprio tempo.
A mesma da visão de Lucy.

— Queremos só o espelho... — disse o mestre, a voz carregada de poder antigo.

— Sem chance. — Lucy rosnou, Loki surgindo ao seu lado, os olhos flamejantes.

Mas o mestre nem se importou.
Ele avançou em um piscar de olhos, e a cena se repetiu como se fosse escrita nas estrelas.
A espada foi levantada, e o tempo pareceu parar.

Lucy viu. Ela sabia.

— Natsu, cuidado! — gritou.

E o mundo se rompeu.

Ela se jogou em frente a ele, e tudo aconteceu rápido demais.
A lâmina entrou em seu corpo com precisão maligna, como se soubesse exatamente onde cravar.
Um baque seco. Um grito preso.
O sangue jorrou como na visão.

O mestre sorriu.

E naquele instante, o espelho brilhou com força própria.
Como se sedento.

Uma aura negra envolveu Lucy, e em um movimento brutal, ela foi puxada para longe dos amigos — como se tivesse sido engolida pelo próprio espelho.

— LUCY! — o grito de Natsu ecoou, rasgando a noite.

Mas ela já havia sumido.

E o espelho... agora pulsava como um coração.

— Ela foi mais fácil de acabar do que sua versão original. — o mestre da guilda sombria zombou, os olhos brilhando com satisfação. — Agora você... — ele ergueu o espelho ainda pingando com o sangue de Lucy — Vamos despertar nosso amado Makadu!

Mas algo inesperado aconteceu.

O espelho tremeu.

Vibrou nas mãos do mestre, uma energia desconhecida começando a emanar dele.
Natsu ainda estava imóvel, olhos vidrados. O sangue no espelho ainda era quente, a presença de Lucy ainda pairava no ar.
Mas ela não estava ali.

— A mesma espada... — o mestre murmurou, passando a mão pela lâmina escura. — A espada que matou Makadu uma vez... usada por uma humana... sempre são elas, não? Tão frágeis. Tão estúpidas. Sempre protegendo monstros.

E foi nesse instante que algo quebrou dentro de Natsu.

Na sua mente, o sussurro doce da voz dela ecoou como um trovão distante:
"Eu vou te proteger... sempre."

Seu corpo começou a tremer.

O calor subiu.
Subiu.

E explodiu.

O chão ao redor de Natsu começou a derreter.
O ar se tornou sufocante.
As árvores atrás queimaram sem tocar o fogo.
Tudo ao redor reagiu ao seu poder descontrolado.

— O que está acontecendo?! — o mestre recuou um passo, sentindo a pressão no ar.

Ele tentou erguer o espelho diante de Natsu como uma arma, mas o espelho... não respondeu.
Não era só Makadu que estava ali.
Havia algo mais.

— Essa força... não é só de um dragão... — ele recuou mais, os olhos arregalados. — Ele é... ele é um...
A sombra começou a se moldar.
Uma figura tomou forma por trás de Natsu — alta, grotesca, com chifres, escamas e olhos em chamas.
Um demônio. Um monstro primordial.

— Ele é um demônio de fogo...

E então veio o rugido.

Um rugido não humano, que fez o próprio ar se partir.

— DEVOLVA ELA! — a voz de Natsu era grave, distorcida, monstruosa. — DEVOLVA MEU TESOURO!

O mundo tremeu.

Chapter 10: happy, venha!

Chapter Text

Os gritos ecoaram pela floresta enquanto o chão rachava sob os pés.
Erza e Gray mal conseguiram pensar — apenas reagiram.
Gray pegou Wendy nos braços; Erza carregou Carla.
Correram.

— Happy, vem! — gritou Gray, tentando estender a mão.

Mas o pequeno Exceed não se moveu.
Happy ficou.
Seus olhos arregalados fixos na figura ardente de Natsu, que não era mais Natsu.
Sua família estava ali... e, ao mesmo tempo, não estava mais.

Ele virou o rosto, lágrimas escorrendo, e bateu as asas em fuga solitária.

Natsu permaneceu.

O que restou da guilda das sombras o atacou com tudo.
Magias sombrias voaram em sua direção, correntes, selos, esferas negras...
Mas nenhuma os tocou.

Ele os destruiu. Um a um.
As chamas não queimavam — aniquilavam.
Nada sobrou. Nenhum grito. Nenhuma sombra.
A ilha inteira parecia gritar com ele, o céu tingido de vermelho.

E mesmo no meio da destruição, ele andava.

Andava com os punhos cerrados, o olhar fixo no mestre.

— Lucy... Lucy... — era tudo o que sua boca repetia, entre rosnados e suspiros carregados de fogo e fúria.
O nome que sustentava a fúria.
O nome que mantinha o monstro consciente.

O mestre recuou, o espelho tremendo em sua mão agora como se quisesse escapar.
O sangue ainda escorria da moldura dourada.

— Você não entende... — ele gaguejou. — É o ciclo... é como tem que ser... ela... ela precisa sangrar para Makadu renascer!

Mas Natsu não respondeu.

Ele apenas rugiu.

E o mundo tremeu de novo.

O dia amanheceu em cinza, a ilha parecia silenciada, como se tivesse sentido a perda também.
Restava apenas o espelho, sujo de sangue seco e poeira de magia antiga, largado entre os destroços.

Happy voltou.

Pequeno, trêmulo, sozinho.

Seus olhos inchados vasculharam o campo devastado e encontraram o espelho.
Ele se aproximou devagar, como se temesse que o objeto pudesse machucá-lo só com o olhar.

— Lucy...? — ele chamou, quase sussurrando.

Pegou o espelho com as patinhas e o apertou contra o peito.
Seu choro veio sem freio.

— Por favor... volta... você prometeu...

Ele o abraçou com força, como se pudesse espremer a presença dela de volta, como se o calor dela ainda estivesse ali, presa atrás do vidro.

O espelho vibrou.

Happy congelou.
Seus olhos arregalados se encheram de esperança e medo.

Mas... nada.
O silêncio voltou a dominar.

Ele se sentou devagar, deixando o espelho no colo, e ficou ali, chorando baixinho.

Do alto de uma colina, olhos incandescentes observavam.
Natsu.

Não havia fogo agora.
Apenas ele, parado.
Vazio.

Apenas observando o amigo...
como uma águia silenciosa observando o mundo abaixo.

Happy enxugou os olhos com as patas e viu algo ao longe...
as chaves de Lucy.

Largadas na terra, meio enterradas.

— Lucy...

Ele correu desajeitado até elas, se jogando sobre as chaves como quem se agarra a um último resquício de esperança.

Atrás dele, o espelho brilhou fraco por um instante.

E Natsu continuou olhando.

Silencioso.
Contido.
Mas não quebrado.O dia amanheceu em cinza, a ilha parecia silenciada, como se tivesse sentido a perda também.

Restava apenas o espelho, sujo de sangue seco e poeira de magia antiga, largado entre os destroços.

Happy voltou.

Pequeno, trêmulo, sozinho.

Seus olhos inchados vasculharam o campo devastado e encontraram o espelho.
Ele se aproximou devagar, como se temesse que o objeto pudesse machucá-lo só com o olhar.

— Lucy...? — ele chamou, quase sussurrando.

Pegou o espelho com as patinhas e o apertou contra o peito.
Seu choro veio sem freio.

— Por favor... volta... você prometeu...

Ele o abraçou com força, como se pudesse espremer a presença dela de volta, como se o calor dela ainda estivesse ali, presa atrás do vidro.

O espelho vibrou.

Happy congelou.
Seus olhos arregalados se encheram de esperança e medo.

Mas... nada.
O silêncio voltou a dominar.

Ele se sentou devagar, deixando o espelho no colo, e ficou ali, chorando baixinho.

Do alto de uma colina, olhos incandescentes observavam.
Natsu.

Não havia fogo agora.
Apenas ele, parado.
Vazio.

Apenas observando o amigo...
como uma águia silenciosa observando o mundo abaixo.

Happy enxugou os olhos com as patas e viu algo ao longe...
as chaves de Lucy.

Largadas na terra, meio enterradas.

— Lucy...

Ele correu desajeitado até elas, se jogando sobre as chaves como quem se agarra a um último resquício de esperança.

Atrás dele, o espelho brilhou fraco por um instante.

E Natsu continuou olhando.

Silencioso.
Contido.
Mas não quebrado.

Chapter 11: dentro do espelho

Chapter Text

Lucy abriu os olhos devagar.
Não havia dor, não havia frio.
Ela estava inteira.

Sentada em meio a um campo de flores douradas, onde o céu parecia parado no tempo, ela se viu...

Ela mesma, só que mais velha.

Os olhos da outra Lucy eram profundos, carregados de tristeza e sabedoria.
A alma falou, com a voz branda:

— Aqui não há dor. Aqui você pode descansar. Já viu destruição demais. Já perdeu demais.

Lucy respirou fundo, sentindo o cheiro das flores, o vento calmo, o silêncio reconfortante.
Mas então, seu peito apertou.

"Natsu."

— Não... — ela sussurrou. — Eu não posso. Não posso ficar aqui...

Levantou-se, ignorando o convite para o descanso eterno.
— Eu preciso voltar.

A alma tentou impedi-la.

— Seu dragão perdeu o controle. Como o meu. Ele destruirá tudo...

— Não. — Lucy firmou o olhar. — Natsu nunca machucaria quem ama. Eu acredito nele. Preciso encontrá-lo. Preciso salvá-lo.

Ela olhou ao redor, desesperada por uma saída.
Suas mãos se fecharam em punhos.

— NATSU! — o grito saiu rasgado, partindo seu peito. — EU ESTOU AQUI! ME OUVE!

Do lado de fora...

O espelho vibrou como nunca.
Uma rajada de energia saiu dele.

Happy caiu de costas com o impacto.

— L-lucy...? — ele choramingou, olhos arregalados.

O espelho brilhou forte, e ali, em sua superfície, um vulto apareceu.

Lucy.

Gritando, lutando, chamando.

— Happy! Me ajuda! Preciso das minhas chaves!

Happy se arrastou até o espelho, chorando.

— L-lucy, estou aqui! Espere! Espera...!

Ele correu de volta, pegando as chaves caídas no campo, voltando com todas agarradas nas patas.

— LUCY, AQUI!

O espelho começou a tremer, o céu escureceu, o campo sussurrou.

E então...

As chaves brilharam nas patas de Happy.
Uma magia antiga, esquecida, reacendeu.

Natsu virou a cabeça.
Seus olhos demoníacos se arregalaram.
A voz dela.
A presença dela.

O rugido que ele soltou não foi de raiva.
Foi de esperança.

— Você tem até a lua nova... — murmurou a versão mais velha de Lucy, a voz suave como o vento entre as flores.

Lucy engoliu seco.
A lua nova.
Era a única chance.

Lá fora, Happy tremia, as patas pressionando as chaves contra o espelho como se fossem seu último fio de esperança.

Dentro do espelho, Lucy sentiu.

As chaves...
Ela podia chamá-los.

Ergueu a mão, focando sua magia.

— Sagitário! Preciso de você!

Uma luz dourada se acendeu dentro do campo celestial.
O espírito apareceu, com o arco em punho, reverente como sempre.

— Pronta para a missão, senhorita Lucy!

— Me leve pra casa... me leve até eles...

Sagitário assentiu. Com um puxão mágico, ele a impulsionou, e Lucy correu, corria como se sua vida dependesse disso — porque dependia.

O espelho começou a rachar.

Do lado de fora, Happy arregalou os olhos.

— L-lucy...?

Uma explosão de luz.

O espelho foi expulso de si mesmo — jogando uma figura contra o chão coberto de folhas e cinzas.

Era ela.

Lucy.

Ela tossiu, arfando, os olhos abertos, vivos.

E antes que pudesse dizer algo, Happy pulou em cima dela, abraçando forte com lágrimas nos olhos.

— Você disse... que não ia mais morrer! — ele soluçava.

Lucy o apertou contra o peito, fechando os olhos.

— Mas eu não morri, Happy... — sussurrou com carinho, beijando sua cabeça.

— Você sumiu... — ele tremia, enterrado nos braços dela.

— Eu nunca ia deixar vocês. Nunca. — a voz dela saiu firme, embora emocionada.

E naquele instante, enquanto o céu ainda carregava a escuridão do que viria, o coração da guilda pulsava mais uma vez.

Lucy estava de volta.
E a batalha estava longe de acabar.

Chapter 12: ela saiu do espelho!

Chapter Text

Os passos apressados ecoaram pelo campo.
Erza, Gray, Wendy, Carla, até mesmo Juvia — todos correram quando viram Lucy de pé, viva, inteira.
Os olhos de cada um se encheram de alívio, espanto, emoção.

— Lucy! — Wendy foi a primeira a abraçá-la, as lágrimas caindo sem resistência.

— Eu tô aqui... tô aqui, Wendy... — Lucy murmurou, a voz embargada, puxando todos para um abraço apertado. — Eu voltei...

Erza a segurou pelos ombros com força, o olhar firme mas os olhos marejados.

— Nós achamos que você tinha... — ela parou, incapaz de dizer.

Lucy apenas balançou a cabeça. — Ainda não era minha hora...

Mas a alegria durou pouco.

Do outro lado da ilha, o mestre da Guilda das Sombras parou de lutar.

Ele sentiu.
A magia no espelho oscilou.

— A garota escapou...! — ele cuspiu, dando passos para trás. — Mas como...? Lavidi não conseguiu... ela não devia...

Naquele exato instante, o chão tremeu.

Natsu.

Seu corpo era uma tempestade viva, as chamas explodiam como se o mundo estivesse pegando fogo.

Os olhos selvagens, o corpo coberto de marcas escuras, chifres e escamas visíveis.
Ele rosnava como um animal ferido, mas seus olhos — seus olhos — estavam gritando um nome.

— LUCY!

Ele marchava, destruindo tudo ao redor.

Lucy olhou para o espelho que Happy ainda segurava. O objeto reluzia suavemente, mas agora, parecia... assombrado.

— Natsu está fora de controle... — disse Erza, a voz pesada.

— Algo tomou conta dele... — completou Gray, punhos cerrados.

Lucy se levantou com os olhos firmes, o cabelo balançando ao vento. Ela pegou o espelho com as duas mãos.

— É o espelho... enquanto ele existir, Makadu nunca vai descansar.
— E Natsu... nunca vai voltar.

Silêncio.

Então Lucy deu um passo à frente.

— Precisamos destruí-lo. Agora.

O espelho tremia entre as mãos de Lucy.
Ela o apertava com força, sentia a magia pulsar, viva, inquieta... como se fosse feito de algo que respirava.
E então, ela ouviu.
Uma voz, um sussurro que não vinha de fora — mas de dentro dela.

— "Só um dragão pode destruir o espelho... o espelho é a lágrima de um dragão..."

Lucy ofegou.
Seu coração apertou, e no mesmo instante, ela entendeu.

— Já sei como destruí-lo... — murmurou, encarando o brilho fantasmagórico da superfície. — Preciso levar até ele... até o meu dragão.

Ela se virou para correr — mas não precisou dar um passo.

Porque ele estava vindo.

Natsu.

Sua forma corrompida, demoníaca, mais fera do que homem, marchava envolto em um calor tão intenso que o chão derretia por onde ele passava. Atrás dele, o mestre da Guilda das Sombras, com a espada que matou Makadu.

Ambos vinham.
Ambos a queriam.

Lucy não hesitou.
Ela saltou para frente, protegendo os amigos com o corpo.

— Lucy, não! — Erza gritou.

Mas era tarde.

O fogo de Natsu veio como uma tempestade.

Imenso. Devastador. Imparável.

Só que...

Ele não a queimou.

A chama simplesmente passou por ela.

Fluiu como água, como brisa quente em noite de verão, sendo absorvida diretamente pela marca em sua coxa — a marca que pulsava como um coração. Um coração de dragão.

Lucy caiu de joelhos, ofegando, o espelho ainda em suas mãos.

A marca reluzia, viva, ardente, brilhando com o mesmo tom das chamas de Natsu.

O mestre recuou.
— "O que...? Isso não é possível..."

Lucy se ergueu, os olhos marejados — não de dor, mas de algo mais profundo. Ela encarou o espelho, e viu o reflexo de Natsu... mas não era mais um monstro.

Era seu Natsu.

— Natsu... me escuta... — ela sussurrou. — Eu voltei. Me encontra.

E o rugido que Natsu deu quebrou o céu.