Chapter Text
Planeta Terra
Harry amava os humanos. Tudo sobre eles era tão fascinante. Mesmo os seus nomes eram refrescantes e interessantes, nada como os nomes em casa.
Pegue o nome de Harry, por exemplo. Bem, o ponto era, não era realmente o nome dele. Seu nome verdadeiro era muito difícil de se pronunciar para os humanos. As propriedades musculares das línguas dos seres humanos eram limitantes para certos tipos de articulação fonética, incluindo a língua nativa de Harry.
Harry gostava de seu nome humano bem mais que o seu real, de qualquer forma. “Harry” era semelhante ao seu nome e parecia tão agradável e incomum. Ele não podia deixar de sorrir sempre que alguém se dirigia a Harry como Harry. Os seres humanos tendiam a lhe dar olhares estranhos quando ele sorria para eles com alegria, mas Harry não se importava. Ele tinha lido na Internet que estava tudo bem ser estranho e peculiar, desde que não fosse muito estranho. Esperançosamente, ele não era.
— Uh, cara, você vai sorrir para mim o dia todo ou você vai finalmente me dar meu dinheiro?
Rasgado de suas reflexões, Harry sorriu serenamente para o grande homem cor-de-rosa que estava com o rosto mal-humorado. (Harry não entendia por que os humanos chamavam as pessoas cor-de-rosa de “brancas” e pessoas marrons de “pessoas negras”. Os humanos eram cegos para cor? Por que a cor da pele era tão importante? De qualquer forma, não eram pessoas apenas pessoas? Os seres humanos eram tão confusos.)
— Claro, cara —, disse Harry, imitando os padrões de fala do homem. Sua pesquisa disse que os humanos responderam positivamente a imitar seu comportamento. Harry era muito bom nisso. Ele gostava bastante do sotaque do homem.
A carranca do homem se aprofundou. Ele olhou para Harry estranhamente.
— Você está zombando de mim? — Ele estalou os dedos por algum motivo.
— Não? — Harry disse, confuso, e deu-lhe o troco.
O homem olhou para ele, agarrou seu café, seu troco, e saiu, o sino tilintando suavemente quando ele saiu da cafeteria.
Harry trabalhava neste pequeno lugar chamado Star Coffee. Ele absolutamente amava! Deixando o nome desapropriado de lado, era tranquilo e encantador, e também era o único lugar disposto a contratá-lo. Harry descobriu que, para sobreviver neste planeta, ele precisava de dinheiro e a maneira mais fácil de ganhar dinheiro era encontrar um emprego. Infelizmente, ele também descobriu que, para um jovem homem humano sem educação, as opções de trabalho eram muito limitadas. Harry ainda estava um pouco irritado com seus pais por terem dado apenas documentos de identificação falsos com o nome que ele havia escolhido e uma pequena quantidade de dinheiro humano antes de deixá-lo em uma cidade chamada Londres dois meses Terranos atrás.
— Isso vai te dar uma lição —, disseram-lhe. — Nós o mimamos demais. Talvez a experiência finalmente o faça crescer.
Harry estava secretamente satisfeito na época. Se seus pais pensassem que era uma punição, eles não o conheciam. Ele sempre sonhou em sair de seu planeta e ver o universo. Os seres humanos ou os terráqueos, como os chamavam em sua casa, sempre o fascinavam. Sua sociedade ainda não atingiu o nível tecnológico e cultural exigido para contato, mas não demoraria muito, talvez até mil anos, a menos que os humanos se destruíssem antes disso. Por enquanto, a Terra era usada somente para viagens curtas e educacionais — ou quando os pais de alguém queriam punir seus filhos por fazer coisas impertinentes como ler a mente de outras pessoas sem permissão. (Harry havia dito a seus pais que ele não quis fazer isso, mas, infelizmente, ninguém acreditava nele).
De qualquer forma, ter um trabalho real e humano era fascinante. Harry não se importava por ter que trabalhar no Star Coffee. Seu chefe concordou gentilmente em dar-lhe o salário em dinheiro e Harry nem sequer se importava que ele parecia ganhar menos do que os outros empregados. Ele ficou orgulhoso da pequena pilha de dinheiro humano que recebeu todos os meses. Não havia dinheiro físico em Calluvia, não havia há alguns mil anos.
Trabalhar no café o ajudou muito. Era um trabalho que não era suspeito para um jovem homem humano de dezoito anos. Essa era sua idade de acordo com seus documentos falsos. Harry não tinha realmente dezoito anos; ele tinha vinte e três anos em anos Calluvian, mas, como um ano Calluvian era mais curto do que um ano Terrano, ele provavelmente tinha cerca dezoito ou dezenove anos Terranos. Harry não tinha certeza; A matemática nunca foi o seu ponto mais forte.
— Ei.
Tirado de seus devaneios novamente, Harry olhou para o próximo cliente.
Era um homem jovem com um terno escuro. Sua pele não era tão rosa quanto a do homem anterior. Era mais dourado do que rosa. Ele tinha olhos muito escuros e muito agradáveis. Harry gostava de olhos escuros. Eles eram tão raros em Calluvia, ao contrário dos próprios olhos violetas de Harry.
— Olá —, disse Harry, dando ao humano um sorriso amigável. Ele havia aprendido que os humanos davam maiores gorjetas quando ele fazia isso. Harry sentiu-se um pouco mal por explorá-lo, mas um cara tinha que comer, como dizia os humanos.
O humano sorriu de volta, entregando-lhe uma nota de cinco libras. — Um cappuccino, por favor.
Quando Harry voltou com o café, o cara disse:
— Obrigado, Harry.
— Oh! — Harry disse, iluminando-se. — Como você sabe meu nome?
O humano lhe deu um olhar estranho.
— Está em seu crachá.
— Oh —, disse Harry, corando. Que embaraçoso.
O sorriso do cara aumentou algo como diversão cintilando em seus olhos. Harry queria saber tanto os pensamentos do ser humano que ele teve que enterrar as unhas nas palmas das mãos para se distrair. Mal, Harry mal, ele se repreendeu. Seus pais não ficariam felizes se descobrissem que ele estava explorando novamente sua telepatia. (Harry nunca teve más intenções. Ele tinha uma mente curiosa. Literalmente.)
— Fique com o troco, amor —, disse o homem.
Harry decidiu que ele gostava desse humano. Ele gostou de todos os humanos, de verdade, mas este era um muito bom. Talvez ele fosse um bom amigo.
Harry se iluminou com o pensamento. Ele queria fazer amizade desde a sua chegada, mas nas primeiras semanas ele não estava suficientemente confiante em sua capacidade de se passar por um ser humano e não se atreveu. Talvez fosse a hora de tentar. Harry estava confiante que ele fazia um humano muito convincente. Claro, as pessoas achavam que ele era estranho, mas ninguém jamais suspeitava da verdade.
— Qual é o seu nome? — Harry disse com entusiasmo. As sobrancelhas escuras do homem levantaram um pouco. — Louis Tomlinson —, disse ele.
— Sério? — Harry disse, satisfeito por ele saber algo sobre o nome e não haveria silêncios estranhos na conversa. — É como o rei humano se chamava!
Louis olhou para ele.
Harry desinflou um pouco. Ele tinha errado?
— Sim —, disse Louis depois de um segundo. — Tipo isso.
Aliviado, Harry sorriu mais brilhante.
— Você já encontrou sua princesa?
Louis piscou e inclinou a cabeça para o lado, olhando para Harry.
— Não exatamente —, ele disse finalmente. — Eu não corto para este lado, eu temo.
Harry franziu a testa, confuso mais uma vez. Seu chip de tradução deve estar funcionando mal. Louis não parecia ter medo, e Harry não entendia o que um balanço tinha a ver com o status de relacionamento de Louis.
— Corta deste lado? —, Ele disse, esperando que sua confusão não parecesse muito estranha.
— Você é estrangeiro? —, Louis disse, rindo suavemente.
Harry assentiu, o agradava que houvesse uma explicação plausível para sua ignorância.
— Interessante —, disse Louis. — Você não tem sotaque.
— Eu sou muito bom em sotaques —, Harry disse honestamente. Seu chip de tradução só poderia ajudá-lo em metade do trabalho. Não ajudava muito com sotaques e gírias. — Então, o que você quis dizer?
— Eu quis dizer que não gosto de mulheres dessa forma. Receio que não haja princesa para mim.
— Oh, — Harry respirou. Quando Louis começou a franzir a testa, ele sorriu. — Isso é tão legal! Nunca conheci uma pessoa homossexual na minha vida!
— Eu duvido. Você provavelmente já conheceu, simplesmente não percebeu. Parecemos apenas heterossexuais. Ainda que estejam inconscientes disso.
Louis havia dito sério, mas Harry não estava enganado.
Ele fez beicinho.
— Sim, se divirta com um estrangeiro lutando com sua cultura e idioma.
Louis riu, batendo levemente no nariz de Harry.
— Desculpe, não pude resistir — você é adorável, criança.
Harry franziu o nariz.
— Eu não sou criança. Tenho vin-dezoito anos.
— Bem, eu tenho vinte e seis anos —, disse Louis, olhando para o relógio. — Eu tenho que ir.
Harry franziu o cenho.
— Já?
Ele não conseguiu esconder sua decepção, e Louis sorriu para ele. — Você está desapontado?
— Sim —, disse Harry.
Louis riu.
— A minha pausa para almoço está quase acabando.
— Qual é o seu trabalho?
— Eu sou um analista financeiro no banco do outro lado da rua —, disse Louis com um sorriso que fez Harry suspeitar que ele estivesse com bom humor.
— Isso parece interessante —, disse Harry.
— Na verdade não —, disse Louis. — Mas vale a pena, e acho que não posso reclamar. Eu realmente tenho que ir. Foi um prazer conhecê-lo, Harry.
— Da mesma forma —, Harry falou sinceramente. — Venha novamente!
— Eu virei —, disse Louis antes de se aproximar e tocar a flor dobrada atrás da orelha de Harry. — Você sabe, com qualquer outro, isso pareceria estranho, mas isso combina com você.
Harry sorriu para ele.
— Obrigado! — Ele gostou da forma como a flor violeta ficava com seus cabelos castanhos. Quase fazia seus olhos pareceram roxos.
Harry observou tristemente quando Louis pegou seu café e foi embora.
Ele esperava que não fosse a última vez que ele o veria.
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Louis voltou ao café dois dias depois. Ele não estava sozinho dessa vez.
Harry observou com curiosidade enquanto Louis e o seu companheiro conversavam, tomando suas bebidas. Não tinha sido ele que atendeu o seu pedido — Samantha atendeu enquanto ele estava em uma pausa — e agora Harry estava à deriva. Deveria ir dizer oi? Louis ainda não tinha olhado para ele. Talvez ele não se lembrasse de Harry.
— Por que está com esse rosto triste, Hazza? —, disse Samantha. Hazza. Os apelidos humanos eram fascinantes.
Harry contou a ela sobre seu dilema.
— Devo ir dizer oi?
Samantha olhou para o par.
— Melhor não. Talvez eles estejam em um encontro.
— Um encontro?
Samantha encolheu os ombros.
— Sim. Ambos são gostosos, e eles parecem bastante próximos para mim.
Desconcertado, Harry voltou o olhar para Louis e seu companheiro masculino. Pareciam bastante aconchegantes. O companheiro de Louis era um jovem homem de pele escura, que possuía um rosto simétrico com características simétricas, que era universalmente considerado bonito. Mas Harry não tinha certeza do apelo sexual do homem da maneira como os humanos saberiam. Às vezes, as diferenças entre suas espécies eram tão frustrantes.
— Você acha que o encontro de Louis é atraente? —, disse Harry. Louis era seu amigo (ele esperava). Harry queria que ele fosse feliz.
Samantha encolheu os ombros novamente.
— Ele é muito bonito. No entanto, na minha opinião, o seu Louis é demais pra ele.
Harry sorriu. Ele sabia o que significava essa expressão!
— Você acha isso? —, Ele disse, tentando olhar para Louis objetivamente. Mas era tão difícil. A sexualidade calluviana era muito diferente da dos humanos. A sexualidade humana mais próxima que ele poderia pensar era a demisexualidade, e isso também não era inteiramente exato. Até que o vínculo de infância de Harry com sua noiva se tornasse um vínculo matrimonial quando ele completasse vinte e cinco anos em dois anos, seu desejo sexual seria inexistente, e mesmo assim ele seria atraído apenas para sua companheira. Bem, havia sussurros que às vezes as pessoas faziam sexo fora de um vínculo, mas Harry achava isso um absurdo. Todos sabiam que seu companheiro te completava, e que o elo telepático tornava o sexo perfeito. Os calluvianos praticavam vínculos matrimoniais há milhares de anos. Foi cientificamente comprovado que um vínculo era melhor à maneira como as coisas tinham sido feitas antigamente. Toda criança calluviana era ligada telepaticamente a outra e crescia sabendo quem era o seu companheiro desde de criança. Harry achava isso muito inteligente.
Mas agora isso parecia um problema, já que Harry não conseguia realmente enxergar os humanos da mesma forma que os outros humanos enxergavam.
Harry podia ver que Louis, sua figura alta e atlética, cabelo castanho escuro e olhos escuros era esteticamente agradável aos olhos, mas ele não podia julgar adequLouisente sua orientação sexual. Bem, Harry não sabia o que era sexo, ou melhor, ele sabia apenas teoricamente.
— Sim, ele é um gostoso —, Samantha disse com um suspiro sonhador. — Aquela mandíbula marcada... aquela barba... mmm... gostoso!
Harry explodiu em uma risada. Em momentos como este, ele ficava tão feliz por não poder fazer uma bobagem como essa por causa de coisas como a luxúria. Parecia tão ridículo para ele.
O riso fez Louis virar a cabeça. Louis acenou para ele com um sorriso. Harry acenou alegremente. O sorriso de Louis alargou-se, tornando-se divertido e... outra coisa. Ele falou algo a seu companheiro e abriu caminho para o balcão.
— Ei, Harry —, ele disse, inclinando-se para frente contra o balcão. Harry se preocupara com seu terno, mas sabia que o balcão estava impecavelmente limpo. Ele mesmo limpou.
— Olá! — Harry disse. — Como está indo seu encontro?
Louis resmungou.
— Jake não é um encontro. Ele é meu amigo e colega. Você acha que eu sou um encontro tão barato que eu traria meu encontro para esse café?
— Ei, — Harry riu com uma carranca.
Louis sorriu.
— Estou brincando, bebê. Este é um estabelecimento de primeira classe. Qualquer um teria a honra de ser trazido aqui em um encontro.
Harry assentiu com a cabeça.
— Exatamente. — Bebê. Louis o chamou de bebê. Era um pouco estranho, porque ele não era um bebê, mas agora Harry sabia que os humanos muitas vezes não queriam dizer coisas no sentido literal. Bebê. Ele decidiu que gostava de ser chamado de “bebê”.
Lembrando que ele devia estar trabalhando, ele disse:
— Você queria alguma coisa?
— Na verdade não —, disse Louis, olhando para o amigo, que os observava com as sobrancelhas levantadas. — Apenas dizer oi.
Harry sorriu para ele.
— Olá, pra você também. Eu andei pensando em você, na verdade — me perguntei se você viria de novo. Gostei muito de você e esperava que pudéssemos ser amigos.
Louis olhou para ele por um momento.
— Você não tem um osso tímido em seu corpo, não é? —, Ele murmurou, balançando a cabeça, mas seus olhos estavam sorrindo. — Tudo bem, me dê seu telefone, eu lhe darei meu número.
Harry desinflou.
— Eu não tenho um telefone celular —, ele admitiu em uma pequena voz. Mesmo ele sabia o quão incomum e estranho era a falta de um telefone celular para um ser humano.
Louis piscou.
— Mesmo?
Harry assentiu. Ele supôs que ele poderia mentir e dizer a Louis que ele havia perdido seu telefone, mas odiava mentir e não era muito bom nisso.
— Eu realmente não conheço muitas pessoas neste país, então eu nunca comprei um. — Harry encolheu os ombros com um sorriso embaraçado. — Eu realmente não tenho dinheiro guardado para um, de qualquer maneira.
As sobrancelhas de Louis se juntaram.
— Você é órfão?
— Não! — Harry disse rapidamente, o simples pensamento sobre a morte de seus pais o perturbava muito. — Meus pais estão em casa. Eles são normalmente muito solidários, é só... — Ele mastigou o lábio. — Eu fiz algo ruim e eles ficaram com raiva de mim. Eles disseram que eu deveria aprender a ser um adulto responsável, então eles meio que me cortaram. Não me olhe assim. É apenas temporário. Eles vão superar isso. Eles me amam. Eu sou o mais jovem — o bebê da família.
Sorrindo, Louis apertou sua bochecha.
— Eu posso imaginar.
Sem pensar, Harry tocou sua mão.
Você é a coisa mais atraente que já conheci. Ah não.
Harry realmente não queria. Ele não queria! Ele tinha esquecido que os seres humanos, como espécies não telepáticas, estavam completamente desprotegidos contra a telepatia tátil — a forma mais simples de telepatia que poderia ser bloqueada por um escudo mental básico que até mesmo as crianças dominavam facilmente no seu planeta. Mas ele não estava em casa. Ele não tinha o direito de violar a privacidade dos humanos ao espiar seus pensamentos. Seus pais ficariam tão bravos com ele se descobrissem.
— Desculpe —, disse Harry, retirando os dedos e colocando-os atrás de suas costas. No entanto, ele não podia deixar de sentir-se satisfeito de que Louis achava que ele era atraente. Isso significava que eles eram amigos, certo? — De qualquer forma! —, Ele disse, ignorando o estranho olhar que Louis estava dando a ele. — Se você não está namorando Jake, onde está sua segunda metade?
Louis disse:
— Em lugar algum. Sou casado com o meu trabalho, eu acho.
— Isso é muito ruim —, disse Harry, triste por Louis. Ele sabia que os seres humanos eram seres sociais. — Todo mundo precisa de um forte vínculo emocional.
Louis deu um olhar divertido.
— Você soa como minha velha avó. E quantos laços emocionais você já teve, oh sábio?
— Você está zombando de mim. — Harry balbuciou. — Eu vou deixar você saber que eu já conheço a pessoa com quem eu vou estar para o resto da minha vida.
O sorriso divertido de Louis sumiu.
— Essa é uma declaração muito séria vindo de uma criança de dezoito anos —, disse ele depois de um momento. — E quem é a menina sortuda?
— Seu nome é... — Harry hesitou por um momento. Ele odiava mentir, mas não havia como ele poderia dar a Louis o nome verdadeiro de sua companheira — Leylen'shni'gul — pela mesma razão pela qual ele não podia dar o dele. Então ele escolheu um que soasse próximo o suficiente em uma língua terrana. — O nome dela é Leyla. Nos conhecemos praticamente a vida toda.
— Uau —, Louis disse, uma ruga apareceu em sua testa. — E você a ama tanto que você tem certeza de que estará por toda a sua vida?
Harry suprimiu um suspiro. Era muito difícil explicar como o vínculo funcionava com um ser humano.
— Nós compartilhamos um vínculo especial —, Harry disse tentativamente. Eles compartilhavam. Ele e sua companheira de vínculo tinham sido vinculados desde que tinham dois anos de idade. — Ela está sempre em meus pensamentos e eu estou nos dela.
Harry sorriu, contente por não ter mentido uma vez até agora. Eles tinham uma conexão telepática, embora ele não pudesse sentir isso na Terra por causa da distância física entre eles.
— Estamos noivos e... vamos nos casar em dois anos —, acrescentou ele, orgulhoso por ter encontrado termos equivalentes humanos ao estado de seu vínculo.
Louis sorriu fracamente.
— É muito jovem para se casar.
Harry encolheu os ombros.
— Na verdade não. Essa é a idade em que as pessoas se casam lá em casa.
— E onde seria essa casa? —, disse Louis. — Você não me disse de onde você é.
Harry congelou por um momento antes de se lembrar do conselho que seu melhor amigo lhe havia dado:
— Se eles perguntarem, apenas diga aos Terráqueos que você é um alienígena. Eles nunca vão acreditar em você e simplesmente pensarão que você está sendo engraçado.
Harry disse conversando:
— Eu realmente sou um alienígena do sistema estelar na constelação de Sagitário.
— Ah —, Louis disse com um sorriso. — Isso explica seus espantosos olhos alienígenas.
— O que! O que há de errado com meus olhos?
Louis lançou-lhe um olhar estranho.
— Eles são de cor violeta escura, Harry. Certamente você sabe que isso é bastante incomum?
Os cantos da boca de Harry curvaram. Por que ninguém havia lhe dito que seus olhos não eram humanos? Ele poderia ter usado lentes de contato coloridas. Ele havia visto um anúncio na TV.
— Ei, — Louis disse, inclinando o rosto de Harry com o polegar. Ele estava franzindo a testa. — Você está chateado? Não seja bobo. Seus olhos são muito lindos — incomum, mas lindos.
Coroando, Harry sorriu para ele.
— Você é tão legal comigo! Eu gosto muito de você. Gostaria de ser meu amigo? Eu adoraria ter você como meu amigo.
Louis riu.
— Como você é mesmo real? —, Ele murmurou, passando o polegar sobre a bochecha de Harry. — Sim, eu adoraria ser seu amigo, amor.
Harry sorriu para ele, calor e felicidade enchendo seu peito enquanto olhava para os olhos escuros sorridentes de Louis. Ele sentia falta disso — tendo uma conexão com outra pessoa. Pode não ser telepático, como ele estava acostumado, mas sentiu-se bem. Pela primeira vez desde a sua chegada a Terra, Harry admitira a si mesmo que ele estava um pouco sozinho aqui. Só um pouco.
Mas não mais.
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— Ei —, disse Helene, enfiando a cabeça no escritório de Louis. — Estou prestes a sair. Eu vou para aquele lugar italiano na esquina. Quer ir comigo?
— Sim —, disse Jake. — Estou faminto. Preciso de um bom lanche hoje.
— Desculpe, não posso —, disse Louis, desligando o computador.
Jake bufou.
— Louis tem uma reunião muito importante naquele café do outro lado da rua.
Louis lançou lhe um olhar não impressionado e pegou a caixa de sua mesa antes de sair.
Mas Jake não desistiu.
— Sério, cara —, disse ele, alcançando Louis. — Por que você não pergunta para o garoto? O que está te impedindo? Claro, ele é quase jailbait1, mas não é como se fosse ilegal ou algo assim. Eu já estou cansado de ver você comê-lo com seus olhos. É nauseante.
— Eu não o como com os olhos —, disse Louis.
— Por favor. Eu vi você babando nele no outro dia, quando o garoto sorriu para você. Se você fosse um cão, você teria mexido a cauda e lamberia todo o rosto dele.
Louis suspirou através de seus dentes cerrados.
— Deixe disso Jake. Harry é um amigo, só isso. Nada pode sair disso.
— Por que não?
Louis murmurou:
— Porque ele é hétero e comprometido. E não era a única razão.
Harry era... muito bom para alguém como ele. Harry era um raio de sol, todas as coisas boas, feliz e gentil, tudo o que ele poderia querer em uma única pessoa. Louis às vezes tinha que se beliscar para ter certeza de que ele não sonhara com Harry: ele era uma daquelas raras pessoas que eram bonitas por dentro e por fora.
É apenas uma paixão estúpida, disse a si mesmo. Uma paixão juvenil estúpida por um garoto. Harry poderia ser maior de idade, mas às vezes ele parecia tão ingênuo e inocente que fazia com que Louis quisesse envolver Harry em seus braços e escondê-lo do mundo cruel e sujo. Ele também era sujo porque, apesar de todo o carinho e proteção que sentia pelo estranho menino, ele ainda o queria. Queria enterrar-se na doçura de Harry e sujá-lo com suas mãos e boca gananciosas, fodê-lo e arruiná-lo. Louis sentiu-se como um pervertido sangrento por querer isso, porque Harry realmente pensava que eles eram amigos. E eles eram. Claro que sim. Não era culpa de Harry que Louis queria mais.
— Sinto muito cara —, disse Jake, batendo uma mão no seu ombro.
Louis simplesmente encolheu os ombros. Ele não queria falar sobre isso.
Ao despedir-se de Jake, Louis dirigiu-se a cafeteria familiar do outro lado da rua.
O sino tocou alegremente enquanto abriu a porta. Harry ergueu os olhos e sorriu para ele. Louis sorriu de volta e caminhou em direção ao balcão.
A cafeteria estava bastante ocupada naquela noite e havia alguns clientes na frente dele. Louis aproveitou a oportunidade para assistir Harry enquanto ele servia as outras pessoas.
Harry tinha os cabelos castanhos escovados naquela noite. Sua pele de porcelana parecia perfeita e suave como de costume. Seus olhos violetas eram gentis e atentos quando Harry ouviu a mulher idosa na frente dele, seus lábios cor-de-rosa rapidamente sorriram quando ela lhe deu uma gorjeta generosa. Louis a entendia. Ultimamente gastara mais dinheiro na pequena cafeteria do que provavelmente era necessário.
A mulher idosa finalmente disse adeus, e duas garotas, gêmeas com cerca de seis anos, avançaram, apontando com entusiasmo um bolo de chocolate.
— Dê-nos o bolo, por favor —, eles disseram juntas e começaram a esvaziar os bolsos para mostrar o que era provavelmente todas as suas economias, moedas rolando para todos os lugares, até mesmo no chão.
Harry sorriu para as meninas, parecendo completamente encantado em vez de irritado quando começou a contar as moedas.
— É algum aniversário?
As meninas sacudiram a cabeça.
— Nós simplesmente gostamos de chocolate —, disse uma delas.
— E bolo —, disse a outra.
— Então estamos matando dois coelhos com uma cajadada só —, a primeira falou com um aspecto importante.
Harry piscou para elas. Louis podia dizer que ele estava um pouco confuso — ele provavelmente também não conhecia esse ditado — mas
Harry sorrira amplamente apesar de sua confusão e entregou o bolo. — Aqui está.
Louis podia dizer que o dinheiro das meninas não chegava perto do suficiente para o bolo e tentou não se sentir completamente encantado quando Harry tirou dinheiro do bolso e o adicionou às moedas das meninas.
O próximo cliente era um cara próximo a idade de Harry.
— Desculpe, amigo, mas o que você está vestindo? —, Ele disse com uma risada.
Harry franziu o cenho e olhou para si mesmo. Louis sorriu ligeiramente. Nas últimas três semanas desde que conheceu Harry, ele se acostumara com as peculiaridades de Harry, e ele parou de notar o quão estranhamente Harry se vestia. Era bom que o dono do café não parecia exigir uniformes.
Está noite ele estava vestindo um par de calças jeans antigas e uma camisa enorme sob o avental. A camisa era laranja brilhante com salpicos em verde e azul. Era verdadeiramente horrível, mas em Harry de alguma forma parecia bonito.
— Eu não entendo —, Harry disse ao cliente, piscando.
O rapaz resmungou.
— Eu não usaria essa coisa laranja nem morto. Inferno, até minha avó não usaria nem morta!
Louis sentiu uma onda de irritação pelo o cara quando o rosto de Harry murchou.
— Oh, — Harry disse, tocando sua camisa. — Eu comprei com meu primeiro salário.
— Desculpe, mas é horrível —, disse o cara. — Café preto, por favor.
Harry silenciosamente o serviu e disse adeus com um sorriso educado.
— Não é —, Louis disse no momento em que estavam sozinhos. — Não é horrível, Harry. Você está lindo nisso.
Harry sorriu para ele e acariciou novamente o tecido de sua camisa.
— Você não precisa mentir —, ele disse, acenando com a mão com desdém. — Eu sei que meus gostos parecem estranhos... sim. — Ele pegou um pano e limpou o balcão já impecável.
— Ei, — Louis disse, colocando uma mão no ombro de Harry. Quando Harry olhou para ele, Louis disse: — Eu não estou mentindo, amor. Que se foda aquele idiota. A camisa é uma pequena monstruosidade, para ser honesto, mas você está totalmente arrasando.
Harry riu, seus olhos finalmente brilhando.
— É muito suave —, admitiu. — É por isso que eu comprei. Mas não pensei que a cor era terrível ou qualquer coisa assim. Eu amo isso. Me anima em dias cinza, chuvosos e aqui tem muitos dias assim!
— Enquanto você amar, não ligue para o que eles pensam —, disse Louis. — Mas se vale de alguma coisa, acho que você está ótimo. — Você sempre está.
Harry riu.
— Obrigado. — Ele entregou a Louis seu pedido habitual. — Algo mais?
— Sim, na verdade. — Louis colocou a caixa que ele trouxe de seu escritório no balcão. — Isto é para você.
Harry olhou da caixa para Louis, bem surpreso. — Para mim? Como, um presente?
— Sim —, respondeu Louis.
Harry olhou para o calendário na parede, com as sobrancelhas franzidas.
— Eu não sabia que esta era uma ocasião para dar presentes —, ele disse com incerteza.
— Não é. — Louis encolheu os ombros. — Eu simplesmente gosto de dar presentes a todos os meus amigos, não precisa de motivos —, ele mentiu, esperando que Harry não falasse com Jake sobre isso; ele nunca mais calaria a boca. Louis quase podia ouvir Jake zombando. Onde está meu presente, Tomlinson?
— Oh —, disse Harry, mastigando o lábio. — Mas eu não tenho um presente para você.
— Não importa Harry —, disse Louis. — Aceite, e abre depois quando não houver mais clientes.
— Na verdade, nós deveríamos estar fechados —, disse Harry, caminhando até a porta e travando. Ele voltou para o balcão, demostrando entusiasmo enquanto pegava a caixa. Ele não deveria ser tão cativante, Jesus.
Louis observou Harry abrir a caixa com cuidado e examinar o conteúdo.
— É um telefone celular —, disse Harry depois de um momento, com uma expressão estranha no rosto.
— Espero que você goste.
— Eu gostei —, disse Harry suavemente. Ele olhou para o rótulo e franziu os lábios, hesitação em seus olhos. — Mas não é caro? Acho que vi esse na TV.
Como era o último modelo da Samsung, certamente não foi barato, mas Harry não precisava saber disso.
— Não se preocupe, não fez nenhuma diferença na minha poupança —, disse Louis. Não era uma mentira. Como era solteiro, ele não tinha muitas pessoas para gastar seu dinheiro. Ele ajudava financeiramente seus pais, mas eles viviam no campo e insistiam que não precisavam de muito, então sua conta bancária estava confortavelmente cheia.
Harry deu-lhe um olhar cético.
— Eu não sou um idiota, Louis. Eu sei que este telefone não é barato. Não posso aceitá-lo.
Ele parecia tão decidido e teimoso que Louis queria beijar o franzir entre as sobrancelhas e depois os lábios rosados franzidos.
Louis suprimiu uma careta. Ele percebeu que já não era tão divertido mais.
— Não posso devolvê-lo —, disse ele. — E eu já tenho um celular. Acho que desperdicei dinheiro por nada.
Harry riu.
— Você é terrível, você sabe disso, certo? — Harry se aproximou e beijou-o suavemente na bochecha. — Muito obrigado. Mesmo. Agora eu posso ser como todo humano normal!
— Você é tão estranho —, Louis disse com carinho, dizendo a si mesmo que sua bochecha não estava tremendo pelo contato inocente. Ele não era tão patético.
— Eu sou. — Harry ligou o telefone com o olhar de concentração mais bonito em seu rosto. Às vezes, Louis pensava que, onde quer que a casa de Harry estivesse, não poderia ser tecnologicamente avançada — Harry constantemente parecia tentativo e inseguro em torno de todo tipo de dispositivos tecnológicos. Louis tentou várias vezes perguntar sobre a casa de Harry, mas Harry apenas repetiu a mesma resposta que ele lhe deu pela primeira vez — que ele era um alienígena — antes de rir e mudar o assunto. Isso fazia Louis se questionar. Era estranho que um jovem de dezoito anos morasse em outro país aparentemente sem nenhum apoio ou supervisão. Mas ele deixou pra lá. Harry falaria quando ele estivesse pronto.
— Posso ter o seu número? —, Harry disse com um sorriso satisfeito, como se ele tivesse esperando uma chance de dizer isso.
— Eu já coloquei aí, disse Louis. — Então você pode ligar ou me enviar uma mensagem sempre que quiser.
Harry piscou rapidamente antes de assentir e afastar-se.
— Eu estava pensando... — ele disse hesitante. — Você está livre agora? Gostaria de vir a minha casa, assistir a um filme ou algo assim? Coloquei Netflix ontem! Podemos ver Netflix e relaxar?
Louis engasgou com seu café e começou a tossir.
Harry estava ao seu lado imediatamente.
— Você está bem? —, Ele disse, dando um tapinha nas costas de Louis. O rosto de Harry era completamente inocente. Claro que sim. Harry não fazia ideia.
Louis limpou a garganta, afrouxando um pouco a gravata. — Estou bem.
— E sobre Netflix?
Ele deveria dizer não. Ele realmente não deveria gastar mais tempo com esse garoto hétero, comprometido e apaixonado. Ele era um masoquista.
Mas Harry estava olhando para ele com uma expressão tão esperançosa, seus olhos violetas grandes e sérios, e foda-se, esse garoto já o tinha enrolado completamente em seu dedo mindinho.
— Tudo bem —, disse Louis. — Mas... Você realmente precisa procurar o que significa “Netflix e relaxar”. Não quer que as pessoas tenham a ideia errada, Harry.
Cinco minutos depois, Harry emergiu da sala dos fundos, o rosto vermelho escarlate.
— Pronto para ir? —, Louis disse, tirando as chaves do carro.
Harry apenas assentiu.
— Eu perguntei a Samantha o que significa “Netflix e relaxar” —. disse ele quando se sentou no banco do passageiro no carro de Louis. — Eu estou tão envergonhado.
Louis bufou, ligando o motor.
— Você tem sorte de ter cometido esse erro comigo e não com outra pessoa. Alguém mais pensaria que você estava convidando.
Harry riu, pressionando as mãos contra as bochechas coradas.
— Que bom que eu tenho você para me dizer quando eu estou sendo estúpido.
— Bem, você me disse que era um alienígena. Para um alienígena, sua compreensão do inglês é excelente.
— Obrigado —, Harry disse com uma expressão que Louis não conseguiu ler.
— Então, onde é a sua casa? —, Perguntou Louis.
Harry deu-lhe o endereço e Louis colocou no GPS.
A viagem não demorou muito. Vinte minutos depois, eles entraram no apartamento de Harry.
A primeira impressão que Louis teve foi sobre quanto o lugar era pequeno. O apartamento consistia em uma pequena cozinha e uma pequena sala que era grande o suficiente para acomodar um velho sofá marrom, uma mesa de centro e uma TV. Não tinha uma cama. Louis olhou para o sofá pequeno e duro e suprimiu uma careta ao imaginar Harry dormindo nele. Parecia um pouco desconfortável.
— Não é muito —, disse Harry, parecendo um pouco consciente de si mesmo.
— Você deveria ter visto meu primeiro apartamento em Londres —, Louis disse com uma risada, sentando no sofá. Era tão desconfortável quanto parecia. — Era maior, mas eu tinha três companheiros de apartamento.
— Vou pegar pipoca. Você escolhe algo para assistir?
Louis fez um barulho em acordo e Harry saiu da sala, desaparecendo na cozinha. Louis olhou em volta, um pouco indeciso. Fracamente, o apartamento era claustrofóbico.
Mas ele não disse nada quando Harry voltou com uma tigela de pipoca e duas Cocas Diet. Harry parecia tão animado e satisfeito. Louis não queria arruinar seu humor, fazendo-o sentir-se envergonhado. O aluguel era caro em Londres. Era admirável que Harry conseguisse pagar sozinho.
Harry sentou ao lado de Louis e espalhou um cobertor sobre eles, colocando a tigela com pipoca entre eles.
Louis fechou os olhos por um momento. Foi uma luta para manter seu corpo relaxado. O sofá era pequeno demais.
— Por que você não escolheu um filme? —, disse Harry. — Eu queria que você escolhesse.
— Tudo bem, mas não reclame se você não gostar!
Louis observou Harry procurar na Netflix, tentando suprimir o desejo de colocar um braço em torno dos ombros de Harry e puxá-lo ainda mais para perto.
Em uma tentativa de se distrair, pegou a pilha de DVDs da mesa de centro e levantou as sobrancelhas quando viu os títulos.
— Você gosta de sci-fi?
Harry estava corando?
— Samantha é uma grande fã de ficção científica —, disse Harry. — Ela me emprestou alguns filmes que não estavam na Netflix. Eles pareciam interessantes.
— Eu não pensei que a Guerra dos Mundos era o tipo de filme que você gostava. É bastante violento e grosseiro. — Harry mencionou que não gostava de violência nos filmes.
Harry franziu o cenho para o DVD na mão de Louis.
— Eu não gostei muito disso. A trama não fez sentido para mim. É ridículo que os alienígenas desejem invadir a Terra. Pelo que? Existem milhões de planetas sem vida!
Louis olhou para ele com leve surpresa.
— Eu não sabia que você amava tanto isso —, disse ele, um pouco divertido. — Você realmente acredita em alienígenas, Harry?
Harry olhou para ele. — Você não?
Louis deu de ombros.
— Nunca pensei nisso. — Ele suavizou a rugas entre as sobrancelhas de Harry com o polegar. — Mas quem sabe. Eu acho que é estatisticamente impossível que a vida inteligente possa se desenvolver apenas na Terra quando há bilhões de estrelas por aí. Seria muito arrogante pensar isso.
Harry assentiu.
— A vida inteligente é bastante rara no universo — Ele fez uma pausa. — Quero dizer, eu acredito que é muito rara —, ele corrigiu-se, deixando cair o olhar. — Mas não pode ser tão raro, certo? Há cerca de cem bilhões de estrelas nesta galáxia. Certamente, nem todas as estrelas têm planetas, e nem todas elas são habitáveis, mas as chances são muito boas de que existam algumas milhares de civilizações inteligentes nesta galáxia.
— Mas quantos deles estariam desenvolvidas o suficiente para desenvolver viagens interestelares? — Louis murmurou, fascinado pelo fogo nos olhos de Harry. Por algum motivo, Harry realmente pensava fortemente sobre o assunto.
— É verdade —, disse Harry, balançando a cabeça. — A verdade é que muitas civilizações se destruiriam se seu nível tecnológico se tornar suficientemente alto —. Harry lançou um pedaço de pipoca na boca. — De qualquer forma, chega disso! — Ele disse, pegando outro DVD. — Que tal este? Eu acho que é uma sequência do filme que assisti ontem. Eu gostei muito disso.
— Hmm, eu vi o primeiro filme, mas não assisti a sequência —, disse Louis.
Foi assim que eles acabaram assistindo Além Da Escuridão: Star Trek.
O filme era bom, mas, novamente, Louis passou a maior parte do filme assistindo Harry e ouvindo seus comentários, então ele não podia estar tão certo se era bom.
— Essa Diretiva Prime faz muito sentido —, disse Harry em algum momento. — Interferir no desenvolvimento natural de outra civilização é uma ideia muito ruim. Pode ter consequências realmente infelizes. Não entendo por que Spock iria cogitar esse plano louco, em primeiro lugar.
Louis riu, esfregando os dedos sobre a bochecha de Harry.
— Bebê, é apenas um filme. Não leve isso tão a sério. Os alienígenas não são reais, lembra? Bem, talvez eles sejam, mas ainda não os conhecemos.
Harry olhou para ele com os olhos arregalados antes de rir desajeitadamente.
— Eu sou um alienígena, lembra?
Louis revirou os olhos com um sorriso carinhoso e voltou a assistir ao filme.
Mas logo, Louis percebeu que Harry havia ficado muito quieto. Louis apertou o ombro de Harry.
— Ei, você está bem?
Harry estava mordendo o lábio, o olhar distante e pensativo. Louis raramente o via tão sombrio.
— Você acha que mentir é legal?
Louis franziu a testa, confuso com a pergunta aleatória.
— Eu acho que depende das circunstâncias —, ele disse, olhando Harry. — Às vezes, mentir é a melhor opção.
Harry assentiu. Ele ainda não olhava para Louis. — O que há de errado, amor? —, disse Louis. Harry engoliu em seco e forçou um sorriso fraco.
— Não se preocupe comigo. Eu tenho me sentido estranho ultimamente. Acho que estou com saudades de casa. Eu nunca estive longe de casa por tanto tempo. — Ele sorriu torto. — Eu acho que sou realmente um bebê. — Ele olhou ao redor do pequeno quarto. — Eu amo isso aqui, mas fica solitário, sabe? É um pouco assustador estar sozinho. Até chegar aqui, mal tomei decisões na minha vida e agora estou fazendo isso todos os dias. Mas você quer saber a coisa mais estranha? Eu gosto disso. Eu acho que vou sentir falta da liberdade de tomar minhas próprias decisões. Não será possível fazer isso em casa.
Louis olhou-o com a cabeça inclinada. Quanto mais ele conhecia sobre a casa de Harry, menos ele gostava.
— Harry —, disse ele. — A... sua situação em casa é okay?
Harry piscou antes de rir.
— Não é tão ruim. Minha vida em casa é muito... confortável e pacífica. Eu não tenho que trabalhar um dia da minha vida se eu não quiser. Quero dizer, certas coisas são esperadas de mim, mas não sou obrigado a fazer a maioria delas. Minha família me ama, e eu os amo também. — Harry suspirou. — Eu sinto muita falta deles. — Harry tocou o telefone dele novamente. — Eu gosto daqui, mas até que eu conhecer você, eu me sentia meio solitário. Eu sinto falta de... conexões com as pessoas. Agora, eu meio que entendi porque meus pais escolheram isso como um castigo. — Ele riu sem graça. — Você não deveria ter me dado esse telefone. É culpa sua se eu o incomodar toda vez que me sentir sozinho, só eu e minha cabeça.
— Você pode me incomodar sempre que quiser Harry —, disse Louis, estudando-o. Ele nunca o viu tão para baixo. — Ei. Você quer um abraço?
Harry piscou para ele.
— Um abraço?
Sorrindo, Louis abriu os braços.
— Venha aqui.
Harry mordeu o lábio antes de se mover e encaixar-se no colo de Louis.
Louis ficou quieto. Isso definitivamente não era o que ele tinha em mente.
Depois de um momento, ele abraçou as costas de Harry e o apertou, com a esperança de que ele irradiasse apenas conforto e amigável tranquilidade e que não parecesse um maluco possessivo que queria levar esse menino para dentro da sua pele e escondê-lo do mundo.
Meu.
— Mmm —, murmurou Harry, enterrando o rosto no pescoço de Louis. — Isso é bom. Ninguém nunca mais me abraçou desde que eu era uma criança pequena.
A testa de Louis enrugou.
— O quê? — Honestamente, quanto mais ele sabia sobre a casa de Harry, mais preocupado ele ficava. — E seus pais?
Harry não falou nada por um tempo.
— As coisas são diferentes em casa —, disse ele. — Nós preferimos... proximidade espiritual em casa e não física.
Louis resmungou.
— Soa como um monte de hippies.
— Ei! —, disse Harry. — O que há de errado em ser um hippie?
— Nada —, Louis disse, acariciando as costas de Harry e se deixando enterrar o nariz no cabelo de Harry. Cheirava a algo doce. Meu meu meu.
Louis conseguiu afastar os pensamentos possessivos assustadores de sua mente, mas seus braços ainda apertaram Harry até que não houvesse espaço entre eles. Harry fez um ruído satisfeito, pressionando-se mais profundamente nele e agindo como um macaco pegajoso. Ele parecia afetado pelo toque. Não era de admirar se ele não tivesse sido abraçado há anos.
Louis deixou um beijo sobre a cabeça de Harry, afeição dominando- o, em uma intensidade esmagadora.
E então veio o medo.
Porque o jovem enrolado em seus braços não era dele, não importava o quanto ele quisesse. Havia algo sobre Harry que parecia irreal, como se um dia Harry fosse desaparecer da sua vida tão repentinamente quanto ele entrou.
Chapter Text
Harry havia dito a Louis a verdade: fazia anos desde a última vez que ele tinha sido abraçado. Ele lembrava-se de ser abraçado quando criança, mas, quando cresceu, sua família começou a dar espaço, como era de costume. Em casa, o abraço era considerado uma invasão de privacidade, uma vez que o toque físico aumentava a chance de transferência telepática.
Harry se esqueceu do quão bem ele se sentia, porque rapidamente se tornara a coisa mais favorita do mundo inteiro para Harry. Ele estava um pouco envergonhado com o quanto ele queria, mas Louis não parecia se importar que Harry estivesse constantemente por todo seu espaço pessoal, querendo ser abraçado. No início, o abraço tinha sido apenas um substituto da ausência flagrante de suas ligações telepáticos que ele tinha com a sua família e companheira, mas, nesse ponto, Harry temia que ele estivesse mais do que um pouco viciado.
Louis dava um abraço incrível. Harry sentia-se quente, acarinhado e adorado sempre que o corpo forte de Louis cercava o dele. Era incrível, de verdade, como um abraço simples poderia lhe fazer se sentir muito melhor, como um caminho florido que o alegrava durante a maior parte do dia. A única desvantagem era que Harry tinha que trabalhar arduamente para fortalecer seus escudos mentais, com o cuidado para não ler a mente de Louis sem sua permissão. Harry não era um santo. Sempre tinha sido naturalmente curioso, e ele estava realmente, muito curioso sobre o que Louis pensava dele, mas ele não queria explorar isso com a sua telepatia. Parecia desonesto. Louis não merecia isso.
— Seu namorado vem hoje? —, disse Samantha, afastando-o de seus pensamentos.
Harry olhou para ela com uma pequena carranca. — O que?
Samantha sorriu.
— Vamos, Harry, não banque o tímido. Eu não sou idiota!
— Eu não entendo —, disse Harry devagar. — Do que você está falando?
Samantha revirou os olhos.
— Alto, escuro e bonito, vem aqui todos os dias como um relógio? Que lhe dá grandes gorjetas? Isso te lembra a alguém?
Harry riu.
— Louis? Não seja boba, ele não é meu namorado! Ele é um amigo. Samantha o encarou.
— Você está brincando com a minha cara?
Harry engoliu sua confusão — ele não entendeu o que brincar com a cara de Samantha tinha a ver com a conversa, mas o contexto estava bastante claro, então ele não perguntou — e disse:
— Não, não estou. Estou falando sério. Louis é meu melhor amigo. Tenho uma noiva em casa. — Sem mencionar que os calluvianos não tinham namorados ou namoradas. Eles possuíam companheiros, e Louis, obviamente, não era o dele.
Samantha olhou-o estranhamente.
— Harry, você senta no colo dele quando não tem clientes —, ela disse.
O cenho franzido de Harry se aprofundou.
— Sim? —, ele disse na defensiva. — Eu gosto e Louis não se importa!
A expressão de Samantha tornou-se cética.
— Olha, sou super a favor dos homens expressando suas emoções e se sentindo confortável com o toque físico — é o século XXI — mas você tem que admitir que é muito estranho quando você se senta no colo dele por meia hora e se agarra a ele como um filhote de koala.
Harry franziu os lábios, começando a ficar chateado.
— Você está insinuando que isso não é normal entre amigos neste país?
— Na realidade não é —, disse Samantha com um olhar semicerrado. — Desculpe, mas como você pode ser tão socialmente inepto, Harry?
Harry olhou para baixo, pegando um brownie no prato na frente dele. Ele odiava sentir-se tão estúpido e socialmente estranho. Ele tinha amigos em casa e ele certamente não os abraçava — os adultos não se abraçavam em Calluvia — mas ele achava que fosse normal para os humanos. Louis era seu único amigo aqui. Como ele deveria saber que sua amizade era estranha para os padrões humanos? Por que Louis não havia dito que Harry estava se comportando de forma estranha e estava sendo muito pegajoso para um amigo? Harry sabia que Louis tinha um fraquinho por ele, mas certamente isso não o impediria de dizer a Harry que ele estava agindo igual a um idiota estranho?
— Eu não sabia, — murmurou Harry, seu humor arruinado. Ele estava tão ansioso pelo fim de seu turno. Louis apareceria naquele horário, e ele estava temeroso, horrivelmente envergonhado.
Por que Louis não disse a ele?
A pergunta incomodou-o pelo resto do turno.
Seu turno estava quase acabando e ele ouviu o sino da porta, Harry não precisava se virar para saber que era Louis. Ele sabia, de alguma forma.
Harry respirou profundamente, tentando lutar contra o sentimento de mortificação e vergonha.
— Ei, bebê —, disse Louis.
Relutantemente, Harry virou-se.
O sorriso fácil nos lábios de Louis desapareceu. — Tudo bem, Harry?
Normalmente, neste momento, Harry se aproximaria dele, colocaria a cabeça no ombro de Louis e se apoiaria contra ele, silenciosamente pedindo um abraço. Louis o aconchegaria, abraçando Harry, e eles conversaria por um tempo, discutindo os seus respectivos dias, ou simplesmente conversariam sobre tudo e nada. Harry não tinha percebido o quão estranho era — ou o quanto ele queria até que ele não podia mais fazer.
— Por que você não me disse que eu estava sendo um amigo terrível? —, disse Harry.
A expressão de Louis não mudou.
— O que?
— Samantha disse-me que os amigos não se abraçam tanto —, disse Harry, baixando o olhar para o balcão. — Que eu sou muito pegajoso.
Silêncio.
Então Louis rodeou o balcão e inclinou o rosto de Harry com os dedos.
— Ei, não seja bobo. Você não é um amigo terrível. Estou contente em abraçá-lo, se é isso que você quer.
O estômago de Harry caiu.
— Mas e sobre o que você quer?
Uma expressão estranha cintilou sobre o rosto de Louis.
— Eu gosto de abraçar. — Ele riu, seus dentes aparecendo. — Você realmente achou que eu estava apenas aguentando isso? Eu tenho pouca paciência para coisas que não gosto.
— Mas você não abraça Jake e ele também é seu amigo —, Harry apontou, percebendo de repente que nunca viu Louis abraçar Jake.
Louis levantou as sobrancelhas.
— Como você sabe? Talvez nos abracemos o tempo todo quando você não nos vê.
Uma sensação desconhecida e desagradável se acomodou no estômago de Harry. Ele não tinha certeza do que era, mas ele não gostava disso.
— Você abraça? —, ele disse, tentando não pensar em Jake envolvido nos braços de Louis. Sentia-se errado, de alguma forma.
Louis resmungou.
— Não. Jake pensaria que eu estava louco se eu tentasse aconchegar-me nele.
Bom. Ele não queria Louis abraçando ninguém além dele.
— Viu só? —, disse Harry, confuso com seus próprios pensamentos. De onde veio esse sentimento de posse? Ele sempre foi bom em compartilhar.
Louis deu-lhe um olhar longo e ilegível.
— Harry, se você quer que eu pare de abraçar você, apenas diga isso.
— Não —, disse Harry, pegando a gravata de Louis e brincando com ela nervosamente. — Por favor, não pare, mas, só enquanto você quiser.
Louis sorriu para ele — aquele sorriso suave e ligeiramente torto que ele parecia reservar apenas para Harry — e disse:
— Eu sei.
Harry sorriu um pouco e, dando uma volta com os braços no pescoço de Louis, inclinou a bochecha contra o ombro de Louis. Ele suspirou alegremente quando os braços duros e musculosos de Louis se envolveram ao seu redor, fazendo-o sentir-se quente, seguro e era tão bom. Era um sentimento tão viciante.
Harry afrouxou a gravata de Louis, desabotoou o botão superior da camisa de Louis e enfiou o rosto contra a garganta de Louis, tomando respirações profundas e gananciosas. Ele gostava tanto do cheiro de Louis. Ele desejou que pudesse pegá-lo e colocá-lo em seu travesseiro para que ele pudesse dormir melhor. Ele zumbiu com prazer quando os fortes dedos de Louis massagearam a sua nuca e os seus ombros — eles doíam um pouco depois de seu longo turno. Algumas vezes ele pensava que Louis era um telepata também. Louis sempre parecia saber o que ele precisava.
— Você está livre? — murmurou Harry, acariciando a garganta de Louis com os olhos fechados. — Noite de filme? Você quer? — Era um pouco embaraçoso o quanto ele ficava fora do ar quando se aconchegavam. Louis parecia achar divertido e tinha dito a Harry que ele apenas era carente ao toque. Harry não tinha certeza disso, mas de qualquer maneira, era embaraçoso.
Louis suspirou.
— Desculpe, Harry, não posso—
— Por que não? — Harry disse, seus sonhos de passar um par de horas felizes se aconchegando contra Louis se despedaçando em mil pedaços.
— Tenho um encontro hoje à noite —, disse Louis. Harry abriu os olhos.
— Um encontro? —, ele repetiu. — Com quem?
— Alguém que conheci através do trabalho —, disse Louis, deixando seus braços cair e afastando-se de Harry. — Na verdade, eu preciso ir para casa e trocar de roupa ou eu vou chegar atrasado.
— Ah, — Harry disse, de repente sentindo frio. — Não me deixe te atrasar.
— Até amanhã —, disse Louis, esfregando os lábios contra a cabeça de Harry. — Adeus bebê.
— Tchau —, disse Harry sem a sua habitual alegria. Ele não entendeu por que seu humor mudou.
Chegou em seu apartamento uma hora depois e sentou-se diante da TV. Harry normalmente a adorava — ele achava a tecnologia humana encantadoramente antiquada, às vezes frustrante — mas essa noite ele não podia achar nada de interessante na TV.
Suspirando, Harry foi até a cozinha e tirou um sorvete do congelador. Louis havia sugerido que os seres humanos comiam sorvete quando se sentiram tristes e que supostamente isso ajudava. Harry pegou uma colher também, voltou para o sofá e começou a comer.
Meia hora depois, o sorvete tinha acabado, mas Harry não se sentia particularmente melhor, apenas cheio. Ou o sorvete funcionava apenas em seres humanos, ou ele havia entendido mal o que Louis quis dizer. Isso ainda acontecia com bastante frequência.
Harry pegou o controle remoto e começou a passar os canais. Mas nada chamou atenção, e depois de uma hora, ele desistiu e decidiu ir dormir. Ele não sentiu fome, ainda estava cheio pelo o sorvete.
O sofá parecia mais desconfortável do que o habitual, rangendo cada vez que ele se movia.
Harry se perguntou se ele deveria encontrar outro emprego com melhor salário para que ele pudesse pagar um apartamento melhor, mas ele amava o café. Além disso, o escritório de Louis ficava ao lado da cafeteria.
Pensar sobre Louis fez o estômago de Harry se revirar e ele se forçou a mudar a direção de seus pensamentos.
Harry pensou sobre a sua casa, sobre seus pais e irmãos. Ele já estava alguns meses na Terra. Sem a presença de Louis, Harry não podia ignorar o alto silêncio no fundo da sua mente. Ele não sabia que o silêncio poderia ser tão alto. Agora ele entendia o porquê seus pais tinham escolhido um planeta tão distante para enviá-lo: não havia dúvida de que eles queriam que ele começasse a apreciar suas ligações familiares em vez de usá-los para satisfazer sua curiosidade. As pessoas tendiam a valorizar as coisas somente depois de perde-las. Estar sozinho em sua cabeça era tão perturbador. Quando Louis estava com ele, era muito melhor.
Suspirando, Harry deitou de barriga para baixo. Ele era terrível em não pensar sobre Louis. Talvez ele devesse fazer mais amigos. O problema era que, Harry não era muito bom em fazer amigos humanos. Os seres humanos pareciam gostar dele, mas também pareciam achá-lo muito estranho e socialmente inepto. Harry, muitas vezes, não conseguia entender as piadas humanas ou ria nos momentos inadequados, ofendendo a outra pessoa. Somente Louis parecia achar sua inaptidão social mais atraente do que ofensiva.
— Um minuto inteiro que eu não pensei em Louis —, Harry disse com outro suspiro. Ele realmente era terrível, não era?
Uma súbita explosão musical o surpreendeu. Harry levou um momento para perceber que era seu celular. Harry estendeu a mão e pegou o celular na mesa de centro.
— Ei, — Harry disse, olhando para a escuridão. Ele não precisava ver o ID da chamada; só poderia ser uma pessoa.
— Ei, bebê —, disse Louis. Sua voz soou um pouco estranha. — Como vai você?
— Muito melhor agora que você ligou —, disse Harry.
Louis riu suavemente.
— Deus, você realmente não tem um osso tímido em seu corpo, não é?
Harry franziu as sobrancelhas. Ele não entendia por que sua tendência em dizer o que ele pensava era tão incomum. Ele acreditava que a comunicação era fundamental em todos os relacionamentos.
— Você continua dizendo que isso é ruim —, disse Harry.
— Não é ruim — Louis pareceu desgostoso? — Você é uma pessoa rara, Harry.
Suas palavras estavam um pouco emboladas.
Harry ergueu o nariz.
— Você está bêbado?
— Apenas um pouquinho bêbado —, admitiu Louis.
— Você não está em um encontro? —, disse Harry. Ele não era um especialista em namoro, mas mesmo ele sabia que não era apropriado ficar bêbado em um encontro.
— Estou apenas um pouquinho bêbado —, insistiu Louis. Harry não tinha certeza de que acreditava nele. A voz de Louis nunca tinha soado assim: lenta e cautelosa.
— De qualquer forma, ele é chato —, disse Louis. — Ele fala chatices. Ele parece chato. Os seus olhos também são chatos.
Harry mordeu o lábio para não rir. O discurso embolado de Louis era tão engraçado!
— Você ainda está no seu encontro?
— Sim, mas estou em um banheiro agora —, disse Louis. — Queria ligar para você, ouvir sua voz. Alguém já lhe disse que sua voz é como uma melodia?
Harry sorriu. Ele sabia que sua voz parecia melódica para os ouvidos humanos — as cordas vocais de Calluvian eram diferentes.
— Sim, mas ainda é muito doce você dizer isso.
Louis riu, o som um pouco vazio.
— Doce? Na verdade, não. Você é um doce. Tão doce que eu poderia comer você.
Harry segurou uma risada.
— Você realmente está bêbado, não... você está um pouquinho bêbado.
— Nah —, disse Louis. — Eu diria coisas muito piores se eu estivesse bêbado.
— Você não precisa voltar para seu encontro? —, disse Harry. Não que ele queria que Louis fosse, mas depois de conversar com Samantha estava determinado a ser um amigo melhor.
— Eu acho que deveria —, disse Louis. Ele não pareceu entusiasmado com essa perspectiva.
— Quer vir para a minha casa? — Harry falou antes que ele pudesse se conter. Era oficial: ele era um amigo horrível. — Nós podemos assistir um filme juntos. — E abraçar.
Houve um silêncio na linha.
Então Louis disse:
— Foda-se. Estarei aí em meia hora.
Harry sorriu.
Quando a campainha tocou meia hora depois, Harry abriu a porta e abraçou Louis com força. Ele não conseguiu evitar isso. Apesar de sua determinação em não ser pegajoso, ele se sentia... carente. Ele não conseguia explicar ou racionalizar.
— Como foi seu encontro? —, ele disse tardiamente. — Foi realmente tão ruim assim?
Louis suspirou, um lufo de ar passando na bochecha de Harry.
— Eu não quero falar sobre isso —, disse ele. Sua voz já não estava tão embolada — o ar fresco deve ter ajudado — mas era óbvio que ele não estava completamente sóbrio.
Harry pensou em discutir antes de perceber que ele realmente não queria falar sobre o encontro de Louis também.
— Samantha me emprestou a série original de Star Trek —, disse Harry, juntando as suas mãos e puxando Louis para o sofá. — Deveríamos assistir! Os efeitos especiais são divertidos!
Eles assistiram. Eles dormiram no sofá durante o terceiro episódio.
Quando Harry abriu os olhos na manhã seguinte, ele foi saudado pela visão do rosto adormecido de Louis. Eles devem ter se movido durante o sono, porque Harry estava esparramado em cima de Louis, seus rostos distantes.
Um desejo súbito de fazer algo confundira Harry. Ele não entendeu o que exatamente ele queria. Ele só sabia que gostava de ver Louis — e que não era suficiente.
Hesitantemente, Harry levantou a mão e acariciou o maxilar de Louis. A barba escura arranhou a palma de sua mão. Parecia estranho. Mas não foi ruim, no entanto. Uma imagem súbita brilhou em sua mente: a barba de Louis roçando a pele sensível da barriga de Harry. O estômago de Harry apertou.
— Harry?
Harry ergueu os olhos e sorriu levemente quando viu que Louis o observava com olhos sonolentos e pesados. Ele tinha sorte de que Louis não era um telepata e não podia saber o que Harry tinha acabado de pensar.
— Saia de cima de mim, Harry —, disse Louis, sua voz áspera.
Franzindo o cenho, Harry o afastou e olhou para ele preocupado.
— Você está com ressaca? Sua cabeça está doendo? — Era assim que a ressaca estava descrita no livro que Harry havia lido alguns dias atrás.
— Não —, disse Louis, fechando os olhos. Apesar de suas palavras, ele parecia dolorido. — Apenas me dê um minuto.
Balançando a cabeça, Harry dirigiu-se ao banheiro, perplexo. Ele nunca entenderia os humanos.
Chapter Text
— Eu odeio esse lugar —, disse Louis duas semanas depois.
Harry, que estava abrindo a pizza que eles tinham pedido, olhou para cima.
Louis lambeu os lábios. Ele se perguntara quando ele finalmente iria parar de querer beijar cada centímetro da pele de porcelana de Harry sempre que Harry o olhava. Esse dia não podia chegar mais rápido?
— Você odeia meu apartamento? —, disse Harry.
Louis encontrou seu olhar ferido de forma fixa, recusando-se a deixar que isso o afetasse. Embora ele soubesse que estranhamente Harry gostava desse lugar, ele não ia continuar fingindo que era legal apenas para deixar Harry feliz.
— Você não acha que é claustrofóbico, Harry? —, disse Louis. — É minúsculo, escuro e muito úmido. Eu realmente odeio quando vou para casa e te deixo aqui.
Seus lábios franzidos, Harry olhou ao redor da pequena sala.
— Eu só consigo pagar por isso.
Louis franziu a testa. Isso não poderia ser verdade. Ele deu a Harry ridículas grandes gorjetas com a esperança de que Harry usasse o dinheiro para conseguir um lugar melhor.
— O que você faz com as gorjetas que você ganha?
— Há um homem desabrigado e cego que fica sentado na esquina da cafeteria —, disse Harry. — Ele precisa desse dinheiro mais do que eu.
Olhando para o rosto sincero de Harry, Louis não teve o coração para dizer-lhe que o homem não era realmente cego.
Louis apertou a ponte do nariz. Não era culpa de Harry que ele sempre esperava o melhor de todos. Ele não estava zangado com Harry. Ele estava com raiva do idiota que estava abusando da bondade de Harry.
— Harry —, disse ele. — Você gostaria de morar comigo? Eu tenho um quarto livre. E posso levá-lo ao trabalho para que você não precise usar o metrô.
Harry olhou para ele.
— Mesmo?
Louis sorriu para Harry, tentando ignorar a voz na parte de trás da cabeça que continuava dizendo que ele estava cometendo um grande erro.
— Mesmo.
— Somente se você me deixar pagar o quarto —, disse Harry.
— Certo.
Um pequeno sorriso apareceu no rosto de Harry antes de se transformar em um sorriso brilhante.
— Obrigado —, ele disse antes, de repente, se lançar para frente e abraçar Louis. — Você é minha pessoa favorita —, ele disse suavemente contra o pescoço de Louis.
A garganta de Louis apertou. Ele disse a si mesmo para não pensar demais sobre isso.
— Você também é a minha pessoa favorita. — Ele não tinha certeza quando aconteceu, quando esse menino estranho e ridículo havia conseguido alcançar o seu coração e se estabelecido lá. Maldição, às vezes ele não podia acreditar que tinha se passado apenas seis semanas desde que ele conheceu Harry. Antes de Harry, Louis sempre pensara que era um clichê quando as pessoas diziam que sentiam como já tivesse conhecido a pessoa desde de sempre.
— Estou tão feliz que meus pais me enviaram para cá —, murmurou Harry, esfregando os lábios contra a garganta de Louis. — Você é meu melhor amigo.
Certo.
— Sim —, disse Louis, olhando para a parede atrás de Harry. Certo.
Chapter Text
Harry era um terrível colega de apartamento.
Ele era bagunceiro, era terrível em lavar roupa, colocava os pés na mesa de centro, ele deixava as coisas espalhadas por todo o apartamento, e ele tinha monopolizado a TV para assistir Discovery Channel.
Harry também achava que era decorador de interiores. Ele comprava coisas esquisitas em vendas de garagem e decorava o apartamento, alegando que o local não tinha personalidade.
Um dia, Louis chegou em casa e viu uma pintura gigante na sala de estar que retratava algo que vagamente se parecia como o vômito de alguém.
— O que é isso, Harry? —, Louis disse, dividido entre rir e beijar ele.
Harry sorriu para ele.
— É arte, bobo. Não é maravilhoso? O artista vendeu-me por apenas dez libras!
Às vezes, Louis achava que Harry estava zoando, mas olhando para a expressão sincera e aberta de Harry, ele sabia que ele não estava. Cristo, Louis não sabia que era possível adorar uma pessoa tão ridícula.
O dia em que Harry descobriu o yoga foi pior. Ele pediu a Louis para ir com ele para comprar um tapete de yoga e, em seguida, não poderia decidir entre um “sensível” marrom e um “alegre” rosa. No final, ele comprou o marrom e Louis lhe comprou o rosa. Depois de pegar as esteiras de yoga, Harry assistiu aos vídeos tutoriais e, aparentemente, decidiu que ele claramente tinha que fazer yoga todas as noites vestindo apenas um par minúsculo de calções brancos que não deixavam nada para a imaginação.
Louis odiava. Ele odiava os joelhos de Harry e as pernas que estavam estranhamente em forma e seus ridículos calções brancos.
Exceto que ele realmente, realmente não odiava.
— Você é um masoquista, companheiro —, disse Jake um dia, um mês depois de Harry ter se mudado.
Ele e Jake estavam descansando na frente da TV de Louis, assistindo a uma partida da Champion’s League. Harry, que não entendia o objetivo do futebol, estava na cozinha, cantarolando alguma música e cozinhando, que era a última obsessão dele. Harry era muito bom nisso, na verdade, mesmo que tudo que ele cozinhasse fosse um pouco picante demais.
Louis disse:
— Nós somos apenas amigos. Esqueça.
Ele ignorou a piedade no rosto de Jake e concentrou sua atenção no jogo.
Harry levantou a cabeça da cozinha.
— Alguém quer sorvete? Eu fiz sorvete!
— Claro, amor —, disse Louis.
— Que sabor? — Jake perguntou, atirando em Louis um olhar que ele ignorou.
— Limão —, respondeu Harry.
— Hmm, não, obrigado —, disse Jake. Quando Harry voltou para a cozinha, Jake olhou para Louis. — Desde quando você gosta de sorvete de limão?
— Cala boca — Louis disse sem muito interesse.
Harry voltou com uma tigela de sorvete e uma colher. Ele entregou a Louis e se aconchegou contra ele.
— Quem está ganhando? —, ele disse sem muito interesse, jogando um braço em torno do corpo de Louis.
— Barcelona —, disse Louis, ignorando o olhar de Jake e cutucando o sorvete. Ele levou a colher até a boca, engolindo e suprimindo uma careta. Ele realmente não era fã de limão.
— Você não gosta —, Harry disse, seu rosto caindo.
— Não, está bom —, disse Louis. — Eu simplesmente não gosto muito de limão.
Os cantos da boca de Harry murcharam.
— Por que você não disse isso? — Harry murmurou. — Qual é o objetivo de aprender a cozinhar se você não gosta?
Louis olhou para ele.
— Você está aprendendo a cozinhar para mim?
— Claro —, disse Harry, olhando para Louis como se fosse estúpido. — Você disse que gostava de comida caseira, e eu queria...— Ele evitou o olhar dele, mastigando o lábio. — Você faz tanto por mim. Eu queria fazer algo por você.
Seu peito apertou com carinho, Louis encostou no seu nariz.
— Você não precisa, amor.
— Mas eu gosto disso —, Harry disse calmamente. Ele ainda não encontrou os olhos de Louis, um leve rubor em suas bochechas. — Eu gosto de fazer coisas para você. Faz eu me sentir bem.
Louis, de repente, perguntou-se se essa era a razão pelo qual Harry insistiu em lavar as roupas, apesar de ser bastante terrível.
— Tudo bem —, Louis disse, colocando uma mecha do cabelo de Harry atrás da orelha. O cabelo de Harry sempre o fascinara. Era tão suave e brilhante que parecia que não era humano, como a mais fina seda. O cabelo não era a única coisa sobre Harry que parecia etéreo: sua pele era naturalmente impecável e macia ao toque, seus olhos eram naturalmente violetas e profundos. Louis tinha que se parar constantemente de tocá-lo e acariciá-lo por toda parte.
— Você precisa de um corte de cabelo, bebê —, disse Louis, passando os dedos pelos cabelos de Harry. Ele tentou não encarar a pequena boca rosa de Harry.
Harry fechou os olhos, inclinando-se ao toque.
— Eu estou pensando em deixar crescer. O que você acha?
— É seu cabelo, Harry —, disse Louis, levantando as sobrancelhas um pouco. Ultimamente, Harry estava pedindo sua opinião sobre sua aparência o tempo todo. Louis não tinha certeza do que pensar sobre isso. Se ele não soubesse melhor, ele pensaria que Harry queria ficar bonito para ele, o que... mas que bom que ele sabia, né? Amigos. Eles eram apenas amigos.
— Eu sei que é o meu cabelo —, disse Harry, revirando os olhos com um sorriso. — Mas você acha que eu ficaria bem com o cabelo comprido? Eu tentei deixar crescer uma vez, quando eu tinha, doze ou treze, porque eu queria ser como meu irmão mais velho, mas eu simplesmente parecia ridículo. Mas agora eu realmente tenho maçãs do rosto, então talvez eu possa deixar crescer agora? O que você acha?
Louis roçou o polegar sobre as ditas maçãs do rosto.
— Você ficara ótimo —, ele disse, tirando a mão quando percebeu que Jake estava olhando para eles. — Mas você está ótimo agora, também.
Uma hora depois, enquanto seguia Jake até a porta, Louis disse: — Não.
Jake olhou-o severamente.
— Apenas tenha cuidado, cara. Ele parece um cara genuinamente legal, mas os bons são geralmente os piores. Você não percebe quando eles o esfaqueiam na barriga porque está muito distraído com seus lindos sorrisos.
Louis não disse nada. Tinha a sensação de que era tarde demais para ele de qualquer maneira.
— Jake não gosta de mim, não é? — Harry disse quando Louis voltou para a sala de estar.
Louis suspirou por dentro. Provavelmente havia sido demais esperar que Harry não percebesse. Harry poderia ser muito perspicaz para alguém que era completamente inconsciente de certas coisas.
— Ele está um pouco ciumento —, ele mentiu, sentando-se ao lado de Harry. — Ele costumava ser meu amigo mais próximo. Nós costumávamos sair o tempo todo.
Harry olhou para baixo, uma ruga infeliz entre as sobrancelhas.
— Não é culpa sua —, disse Louis, jogando um braço ao redor de Harry e apertando seu ombro.
— Mas é —, disse Harry. — Eu tomo muita da sua atenção e tempo. — Harry ergueu o olhar. — Você quer saber a parte horrível? —, ele disse, suas bochechas coradas. — Eu realmente não sinto muito. Sinto-me terrível porque não sinto muito por isso. Eu gosto de ter toda a sua atenção. Você é meu, não dele.
Não tentei interpretar sobre isso. Louis limpou a garganta.
— Eu posso ser ambos. Seu e dele. Não é mutuamente exclusivo. É normal ter alguns amigos íntimos.
Harry franziu os lábios.
— Você não o chama de bebê.
Louis piscou.
— Não? O que isso tem a ver com qualquer coisa?
Uma pequena ruga apareceu entre as sobrancelhas de Harry.
— Enquanto eu for seu único bebê, ele também pode ser seu amigo, eu acho.
Louis deu um resmungo.
— Obrigado pela sua permissão, seu pequeno tirano.
Harry riu, tendo a graça de parecer envergonhado.
— Desculpe, estou sendo horrível. Não sei por que estou sendo tão horrível com isso. Jake é muito legal, mas... — Ele passou o braço em torno do corpo de Louis e escondeu o rosto contra o peito dele. — Eu nunca tive um amigo como você —, ele confessou silenciosamente. — Eu tenho muitos amigos em casa, mas isso é diferente. Você é diferente. Eu... — Ele levantou a cabeça para olhar Louis nos olhos. — Estou tão feliz que eu conheci você. Você me faz muito feliz, todo quente e tonto por dentro.
Louis disse a si mesmo que era a barreira do idioma. Harry simplesmente tinha problemas para se expressar e não entendia como suas palavras soavam.
— Fico feliz que nossa amizade o faça feliz —, disse Louis, beijando Harry na cabeça. — Eu entendo o que você quer dizer: é raro encontrar uma pessoa com quem você se encaixa tão bem.
Harry assentiu.
— Obrigado —, disse ele, puxando a camiseta de Louis. — Por aguentar a minha estranheza —, ele esclareceu com um sorriso tímido, puxando a camiseta de Louis novamente.
— O que você está fazendo? —, disse Louis. — Minha camiseta está te ofendendo ou algo assim?
— Eu gosto quando você usa camisas com botões, eu posso desabotoar os botões de cima e colocar meu rosto lá e sentir seu cheiro.
Louis olhou para ele. Claro que ele havia notado o hábito de Harry de desfazer o botão da parte de cima de sua camisa quando se abraçavam, mas ele sempre pensara que era apenas uma das peculiaridades estranhas de Harry.
Harry ergueu o nariz e riu.
— Eu disse algo estranho de novo? Eu disse algo estranho, não foi?
Cristo, ele era tão fofo. Louis odiava e amava a total falta de filtro de Harry.
— Você gosta do meu cheiro? —, ele disse, sua voz mais excitada do que ele teria imaginado.
Harry assentiu, franzindo a testa um pouco.
— No início, pensei que era sua colônia. Eu tentei, mas não cheira a mesma coisa. É a sua pele. Cheira realmente, muito bem. — Ele olhou a camisa de Louis com frustração antes de suspirar e colocar a cabeça no ombro de Louis. Teria sido adorável se Louis não estivesse ocupado tentando controlar seu corpo. Ele não queria imaginar Harry esfregando o rosto contra seu peito nu, acariciando-o como um gatinho, depois beijando sua pele, lambendo seus mamilos—
Louis fechou os olhos, tentando pensar nas coisas mais desagradáveis e hediondas para suprimir sua excitação.
— Harry —, disse ele.
— Mmm? — Harry disse, pressionando o nariz contra o lado do pescoço de Louis.
Louis apertou os dentes enquanto os lábios de Harry se esfregavam contra sua pele. Seu pênis começou a endurecer, apesar de seus melhores esforços para não reagir.
— Harry, é suficiente —, ele disse, olhando a pintura horrível na parede.
— Mas por quê?
— Porque eu sou apenas um humano.
Harry levantou a cabeça, olhando para ele com satisfação. E foda-se, Louis não poderia mais fazer isso.
— Sou gay, Harry —, ele disse, afastando Harry e se levantando. — Você não está entendendo? Eu sou gay. Você é um cara atraente.
Harry olhou para ele, piscando, parecendo perdido.
Maldito inferno. Como Harry poderia ser tão ingênuo? A possibilidade de Louis o desejar era tão absurda que nem sequer lhe ocorreu? Nunca foi mais óbvio que Harry simplesmente nem o via como um ser sexual. E merda, foi um golpe para seu ego... Louis estava disposto a admitir que ele sempre foi um pouco arrogante. Podia parecer pomposo, mas ele sabia que era atraente. Ele nunca teve problemas para conseguir alguém que ele queria — exceto esse garoto estranho, ridículo e encantador, para o qual ele tinha sentimentos reais. Louis estava bastante certo de que havia ironia nisso, em algum lugar.
— Eu... — Harry disse, seus olhos arregalados. — Você não pode... Você sabe que eu não... Você sabe que não posso... Não é porque você...
Louis riu.
— Não sou eu, é você? Não se preocupe, Harry. Eu entendi. — Ele se virou e foi até o quarto dele.
Meia hora depois, houve uma tentativa de bater na porta.
— Vá embora, Harry —, disse Louis, sem abrir os olhos. Jake estava certo. Ele deveria colocar uma certa distância entre ele e Harry, traçar alguns limites saudáveis.
— Louis, por favor —, disse Harry.
Ele parecia triste—
Não, maldito seja você. Limites saudáveis.
— Posso entrar? —, disse Harry. Sua voz se quebrou. — Por favor.
Porra.
Louis saiu da cama e foi até a porta. Ele não abriu, porém, porque ele sabia que um olhar para o rosto triste de Harry destruiria sua determinação.
— Harry, vá para a cama —, disse ele. — Falaremos amanhã quando ambos estivermos mais tranquilos.
— Estou calmo —, Harry afirmou, soando qualquer coisa, exceto calmo.
— Você não está —, disse Louis.
— Tudo bem, não estou, mas não ficarei mais calmo se eu tiver que esperar até amanhã para falar com você.
Louis suspirou e deslizou para sentar no chão, de costas para a porta.
— Tudo bem, fale. Contudo, seja breve. — Assim? Pela porta?
— Sim —, Louis disse sucintamente. Harry não precisava saber quanto poder tinha sobre ele. Ele ainda tinha um pouco de orgulho.
Ele ouviu Harry sentar-se do outro lado da porta.
Durante um longo momento, houve apenas um silêncio.
— Desculpe-me —, disse Harry finalmente. — Desculpe-me por ser um idiota e não perceber o quão desconfortável eu estava tornando isso para você.
Louis franziu a testa. Isso não era o que ele esperava.
— Eu apenas —, disse Harry. — Eu fui meio protegido a vida inteira. Eu nunca estive tão perto de... pessoas solteiras sexualmente ativas. Então, nunca tinha sido um problema antes, você sabe? É por isso que não me ocorreu que você poderia ser... atraído por mim. — Ainda havia uma nota de diversão na voz de Harry, como se ele não pudesse acreditar completamente.
Apesar de tudo, Louis sorriu. Harry era tão estranho. Ele não se olhava no espelho? Às vezes, ele era realmente um alienígena, porque seus padrões pareciam tão diferentes do normal.
Louis apertou a ponte do nariz.
— Não é culpa sua, Harry —, ele disse com um suspiro. — Este é um problema meu, e eu já sei como lidar com isso.
— Como? —, disse Harry.
— Haverá regras. Ambos as seguiremos.
— Que tipo de regras?
— Nós seremos amigos como Jake e eu somos amigos.
Ele quase podia ouvir Harry franzir a testa. Foi um pouco perturbador o quão vívido ele poderia imaginar.
— Mas... mas, — ele balbuciou, soando positivamente esmagado.
— Harry —, disse Louis, fechando os olhos. — Por favor, não torne isso mais difícil.
Harry ficou em silêncio por um longo tempo.
Por fim, ele disse, soando absolutamente desinflado.
— Ok. Se é isso que você quer. — Louis o ouviu levantar-se e ir ao seu próprio quarto, a porta fechando calmamente atrás dele.
— Querer —, repetiu Louis antes de rir, o som severo e feio no silêncio da sala. Não, não era isso que ele queria. Mas isso não importava.
Chapter Text
— Louis está atraído por mim —, disse Harry.
Samantha parou de limpar o balcão e levantou a cabeça.
— E?
Harry franziu a testa, não entendendo por que ela não estava surpresa.
— É isso aí. Louis está atraído por mim.
Ela levantou as sobrancelhas.
— Isso deveria ser novidade para mim? Por que você acha que o chamo de seu namorado? Ele olha para você como se você fosse seu sol pessoal.
O olhar franzido de Harry se aprofundou. Ela estava errada. Louis não olhava para ele desse jeito. Ele sentira que Louis mal olhava para ele ultimamente.
Harry balançou a cabeça.
— Eu imagino que é apenas atração física. Ele é gay e ele me considera fisicamente atraente. — Não que ele entenda bem o conceito de atração física. Em momentos como este, Harry sentia mais agudamente do que nunca que não pertencia a este mundo.
Samantha revirou os olhos.
— Claro, e eu sou a rainha. Qual é o problema, Harry? O cara é insensatamente atraente e quente, bem, agradável, tem senso de humor, e ele adora você. Eu estou praticamente verde de inveja. — Ela sorriu. — Eu aposto que ele é ótimo na cama. Ele parece ser ótimo na cama.
Esfregando atrás de seu pescoço, Harry riu.
— Não seja ridícula. Louis é meu amigo, não um... — Ele corou com o pensamento de intimidade física fora de um vínculo matrimonial. A atitude casual dos seres humanos em relação ao sexo ainda o desconcertava um pouco. Quando ele descobriu que os humanos podiam ter relações sexuais a partir dos doze anos, ele tinha ficado absolutamente espantado. Em casa, a maioria das pessoas não fazia sexo antes da cerimônia de ligação aos vinte e cinco anos. O sexo fora de um vínculo era um tabu no seu planeta então ele sentia-se envergonhado, mesmo pensando nisso. Não era que os calluvianos fossem puritanos sobre sexo. Era apenas... até a cerimônia de ligação, os calluvienses não deveriam estar interessados em sexo. Havia rumores de que às vezes, quando o vínculo de infância era fraco, era possível sentir atração sexual por alguém que não fosse seu companheiro, mas Harry não tinha certeza de como esses rumores eram verdadeiros. Seu próprio vínculo de infância sempre foi perfeitamente forte e ele nunca sentiu nem um piscar de atração sexual em relação a ninguém. Nunca o incomodou. Ele não tinha nenhum motivo para se sentir incomodado com algo que ele era incapaz de sentir — ainda.
Mas agora ele estava curioso. Ele queria entender Louis. Pela primeira vez, Harry se perguntou se ele estava perdendo algo por causa do seu vínculo.
Passaram-se mais de quatro mil anos desde que os calluvianos começaram a praticar vínculos infantis. A prática foi implementada por um motivo.
Tudo começou quando um membro menor do Primeiro Grande Clã sequestrou a Rainha do Terceiro Grande Clã e forçou uma ligação arcaica e inquebrável com ela. Embora houvesse precedentes de vínculos forçados no passado, ninguém jamais tentou forçar um vínculo inquebrável com o governante de um Grande Clã. O alvoroço foi enorme. Esse tipo de vínculo tornou-se obsoleto por uma razão — era impossível dissolver — então um estuprador mental efetivamente se tornou um consorte real apesar dos melhores esforços dos adeptos da mente para quebrar o vínculo. Eventualmente, a Rainha teve que desistir em favor de seu irmão. Para piorar as coisas, o Primeiro Grande Clã se recusou a ser responsabilizado pelas ações prejudiciais de seu membro contra a Terceira Casa Real, mesmo que tenha sido legalmente obrigado a fazê-lo. Como resultado, o escândalo político se transformou em um conflito militar, eventualmente envolvendo todos os Grandes Clãs na maior guerra planetária da história de Calluvian, que quase eliminou toda a população quando as armas biológicas usadas na guerra afetaram a saúde da população e capacidade reprodutiva.
A Grande Guerra terminou anos depois, quando todos perceberam quão perto da extinção eles chegaram. Levou décadas para se recuperar dessa guerra devastadora e suas consequências.
Para evitar que algo assim voltasse a acontecer, o Conselho dos Grandes Clãs trouxe a ideia de vincular os núcleos telepáticos das crianças desde os primeiros anos de idade. Um vínculo de infância funcionava de forma diferente de qualquer outro vínculo telepático, cavando-se profundamente na psique da criança e tornando impossível alguém forçar uma ligação matrimonial. Qualquer outra época, tal proposta provavelmente teria levado a um debate sobre problemas de consentimento, uma vez que as crianças não podiam dar seu consentimento, mas depois de anos de derramamento de sangue e décadas de reconstrução, ninguém queria que algo acontecesse novamente e praticamente todos tinham ficado aliviados pela solução. Bem, nem todos. Algumas pessoas se recusaram a seguir a lei e deixaram seus grandes clãs, mas não era apropriado reconhecer sua existência. Renegados, eles eram chamados entre os sussurros. Renegados não reconheciam a autoridade de um grande clã. Eles eram efetivamente foras da lei, mas ninguém sabia onde viviam. Alguns diziam que eles moravam em algum lugar no alto das Grandes Montanhas, mas Harry não achava que fosse verdade. A tecnologia moderna não poderia encontrá-los se fosse esse o caso?
De qualquer forma, os renegados eram as únicas pessoas em Calluvia que não tinham vínculos de infância. Harry sempre pensou que os renegados estavam errados. O fato de que não houve conflitos como aquele novamente provou que a Lei de Vinculação estava certa. Tinha sido cientificamente comprovado que ligar os núcleos telepáticos das crianças tornava sua telepatia mais estável e seu temperamento mais suave. Os sociólogos insistiram que os laços de infância basicamente haviam salvado sua sociedade da autodestruição — algo que aconteceu com muitas civilizações avançadas.
Mas como ele poderia explicar isso para Samantha? Especialmente porque Harry não entendia completamente como o vínculo funcionava. Havia muito pouca informação sobre o vínculo no banco de dados público. Por que o vínculo impediu as pessoas de se sentirem atraídas? Por que algumas pessoas ligadas eram capazes de sentir alguma atração sexual, enquanto outras não podiam sentir nada até a cerimônia de ligação? O que acontecia durante a cerimônia de ligação? Como um vínculo de infância se tornava um vínculo matrimonial? Harry perguntou a seu irmão uma vez, mas Ksar disse a Harry que ele realmente não queria saber. Quando Harry perguntou a sua mãe, ela acabara de lhe dar um olhar estranho e mudou de assunto. Foi tão estranho. Por que eles eram tão secretos sobre isso? O que eles estavam escondendo? Por quê?
— Estou noivo, lembra? —, disse Harry, por falta de algo melhor para dizer.
— Por favor —, Samantha disse com um zombador. — Em todo esse tempo que você trabalhou aqui, ela nunca ligou para você, Harry. Que tipo de relação é essa?
Harry estremeceu. Ele odiava não poder defender Leylen'shni'gul. Mas revelar que ele não era humano e efetivamente fazer um contato não autorizado com Terranos seria uma violação de uma das leis intergalácticas mais importantes. Mesmo que Harry não fosse preso por isso, ele não tinha dúvidas de que o escândalo seria usado como uma arma pelos inimigos políticos de sua mãe. Se sua mãe não o matasse por colocá-la em uma posição tão fraca, o irmão de Harry o faria.
— Não é culpa de Leyla que ela seja incapaz de manter contato —, disse Harry. Era verdade. Ultimamente, ele mal podia sentir o vínculo entre eles. Sua conexão telepática havia desaparecido imediatamente após sua chegada à Terra, mas ele ainda conseguiu sentir seu vínculo na parte de trás de sua mente, como uma presença constante e reconfortante. No entanto, à medida que o tempo passou, o vínculo gradualmente enfraqueceu, e Harry estava com medo de que sumisse completamente em breve, assim como suas ligações com sua família sumiram quando ele chegou. Por outro lado, ele nunca tinha ouvido falar de um vínculo de infância que tivesse desaparecido completamente. Era bastante comum que as conexões telepáticas mais fracas se desvanecessem se a distância física fosse muito grande para mantê-las, mas a ligação da infância era muito forte para isso. Até onde Harry sabia, nunca aconteceu. E, no entanto, sua mente estava tão quieta ultimamente, pela primeira vez em sua vida. Juntamente com a distância entre ele e Louis, este era o momento que Harry mais se sentia deprimido.
Harry suspirou ao pensar em Louis.
— Eu não acredito nisso —, disse Samantha.
Harry levou um momento para lembrar o que eles estavam falando. Certo. A “negligência” de sua companheira em relação a ele.
— Não me incomoda —, disse Harry com uma sacudida de sua cabeça. Por que Samantha não poderia se concentrar no problema real? — Louis é atraído por mim. O que devo fazer?
Ela deu-lhe um olhar.
— O que você quer dizer? Se você não o quer, apenas diga a ele e saia do seu apartamento.
— Não —, Harry disse, suas sobrancelhas se juntando. Ele não queria mudar. Ele gostava de viver com Louis, e ele queria viver com ele o tempo que pudesse — enquanto ele ainda podia. Seus pais podiam aparecer a qualquer hora agora.
Seu estômago apertou com o pensamento. Ele sentia falta de sua família terrivelmente, mas a ideia de deixar Louis fez com que ele se sentisse doente e em pânico.
Percebendo a estranha expressão no rosto de Samantha, Harry disse:
— O quê?
— Harry —, disse ela devagar. — Você entende que deve ser... desconfortável para ele, certo? A atração não recíproca não é brincadeira. Deve ser difícil para ele viver com você.
— Eu... — Harry engoliu em seco. — Eu entendo. É por isso que eu estou pedindo conselhos. Não quero machucá-lo.
Samantha suspirou.
— Eu não sei o que dizer. Essa é uma situação difícil. Tem certeza de que não está atraído por ele? Quando eu vejo você com ele, sua atração por você realmente não parece ser não correspondida.
Harry riu.
— Não seja boba
— Boba? —, ela disse, sua voz cheia de exasperação. — Harry, você mostra os sinais clássicos de atração: você inclina seu corpo em sua direção, você sorri olhando para ele nos olhos, você está constantemente em cima dele, você encontra as desculpas mais bobas para tocá-lo. Apenas alguns dias atrás, eu vi você acariciando seu pescoço e você parecia ter começado com isso! Francamente, o fato de você não ser atraído por ele é mais surpreendente para mim. Tem certeza de que não está?
— Eu- eu estou—, balbuciou ele, sua mente correndo. — Eu acho que sim?
Ela olhou para ele.
— Como você não pode saber?
Harry imaginou o que ela diria se ele lhe dissesse que ele era um alienígena com uma composição biológica completamente diferente. Neste ponto, provavelmente seria mais credível do que o seu esquecimento e inexperiência.
— Eu sou algo que você provavelmente chamaria de demisexual —, ele disse com atenção. — Estou mais perto do assexual. Eu realmente não sinto atração. Eu tenho que estar... emocionalmente ligado à pessoa para sentir qualquer atração sexual. — Ele precisava ser telepaticamente ligado, o que, obviamente, não era — não com Louis, pelo menos.
Samantha tinha uma expressão comprimida no rosto.
— Harry —, disse ela devagar. — Você está dizendo que você não se sente emocionalmente conectado com Louis? Porque essa é a maior besteira que eu já ouvi.
Harry olhou para ela, sentindo-se completamente perdido.
— Você pode descrever as características da atração? —, ele disse com calma, lambendo seus lábios. — Provavelmente é uma pergunta estúpida, mas fale para mim
Samantha sorriu para ele.
— Não é uma pergunta estúpida se você se identificar como demisexual ou assexual. — Ela parecia pensativa. — Bem, eu não sou um homem, mas quando eu me atraio por alguém, eu me sinto entusiasmada ao redor deles, quero tocá-los o tempo todo, sorrio ao seu redor, quero agradá- los, quero ficar bonita para eles, quero que eles pensem que eu sou engraçada e interessante. Obviamente há sinais físicos...
— Que sinais físicos?
Ela olhou para ele.
— Você realmente quer saber o que sinto quando estou excitada?
Harry lutou contra um rubor. Isso era tão incrivelmente embaraçoso. Mas ele precisava saber, porque tudo o que ela descreveu parecia muito familiar. Confusamente familiar.
Mordendo o lábio, Harry assentiu. Ele não era um bebê. Ele poderia falar sobre sexo. Não era um grande problema para os humanos e ele deveria ser humano.
— Ok. — Samantha corou. — Minha pele formiga quando ele me toca. Recebo uma sensação calorosa na minha parte inferior do estômago. Quero suas mãos no meu corpo. Eu quero estar perto dele, até que não haja espaço entre nós. Eu quero seus lábios em mim, em todos os lugares. — Ela estava vermelha agora. — Eu fico molhada se eu realmente me atraio pelo o cara, mas obviamente é diferente para os homens. Os homens ficam duros. — Ela sorriu um pouco. — Eu não esperava ter essa conversa até eu ter filhos adolescentes.
Harry não sorriu de volta. Enquanto algumas das coisas que ela dizia não se aplicavam a ele, algumas coisas eram mais do que um pouco familiares. Ele sempre queria estar perto de Louis, pressionar o seu corpo contra o dele. Ele queria as mãos de Louis em seu corpo o tempo todo. Ele nunca imaginou a boca de Louis em seu corpo, mas agora que ele imaginou, o pensamento não era... desagradável. Isso fez seu coração bater mais rápido e sua pele ficar quente.
Mas ele não entendeu inteiramente o que estar molhado ou duro tinha a ver com ser atraído por alguém. Bem, ele entendia a mecânica do sexo, mas nunca experimentou, era difícil de imaginar.
— Eu acho que você chamaria meus pais de... conservadores —, disse Harry, escolhendo suas palavras com cuidado. Ele sabia que a sua falta de conhecimento devia parecer estranho na era do Google. — Eles desaprovam o sexo fora do casamento. Eles nunca falaram comigo sobre sexo e me desencorajaram a aprender sobre isso.
Os olhos de Samantha se arregalaram.
— Mesmo?
Harry assentiu, sentindo uma pequena culpa por mentir. Seus pais não eram realmente tão conservadores. Calluvians simplesmente não discutiam sobre o sexo, a menos que fosse necessário.
—... Harry?
Piscando, Harry olhou de volta para Samantha. — Desculpe, o quê?
Ela balançou a cabeça.
— Eu não entendo algo. Se você nunca se sentiu atraído por ninguém, como você pode se envolver com aquela garota? — Ela zombou. — Por favor, não me diga que é um casamento arranjado. Mas depois do que você disse sobre seus pais, isso não me surpreenderia.
— É um casamento arranjado —, admitiu Harry, embora nunca tenha pensado em seu vínculo de infância nesses termos. — Mas eu gosto da minha noiva. Ela é legal.
— Honestamente —, disse Samantha. — De onde você é mesmo? Século quinze? É claramente medieval.
Harry riu, perguntando-se o que ela diria se soubesse que a espécie de Harry estava na verdade milhares de anos à frente dos humanos tecnicamente. Mas era bastante curioso que os costumes de seu povo estivessem mais perto dos costumes que os humanos praticavam há vários séculos.
— Então você está atraído por Louis ou não? —, disse Samantha.
Harry desviou o olhar. A resposta que deveria ter sido simples era qualquer coisa menos isso. Ele tinha alguns sentimentos estranhos em relação a Louis que ele nunca sentira antes. Ele sentiu-se estranhamente ligado com Louis. Mas era atração?
Não, ele provavelmente estava apenas confuso. Ele nunca tinha ficado “molhado” nem “duro” em torno de Louis. Isso tinha que significar que ele não estava atraído por ele, certo?
— Não —, respondeu Harry. — Eu não acho que estou atraído por ele. — Ele esfregou o nariz com um suspiro. — Eu preciso descobrir o que fazer. Não gosto da solução de Louis. — A solução de Louis?
Harry sentiu os cantos de sua boca comprimir. — Ele tem agido diferente nos últimos dias. — Diferente?
— Ele é, tipo, amigável, mas ele está distante. — Harry pegou o lábio inferior entre os dentes e olhou para as mãos dele. Ele disse calmamente: — Ele não me chamou de “amor” ou “bebê” em dois dias.
Silêncio.
— Deixe-me entender isso, Harry —, Samantha disse, seu tom muito seco. — Você quer que ele chame você de amor e neném, e você está chateado por ele não chamar.
— Bebê —, Harry corrigiu, franzindo a testa. — Não neném.
Ela deu um olhar estranho antes de rir.
— Deus, você é tão estranho, Harry. — Mas então, ela ficou séria. — Você quer meu conselho? Descubra o que sente por ele antes que seja tarde demais. Talvez seja só eu, mas não fico chateada porque o meu melhor amigo não usa termos carinhosos comigo.
Harry abriu a boca e fechou-a.
Ela estava certa. Isso não deveria ter aborrecido ele. Ninguém em sua família o chamava dessas coisas e Harry não duvidou do amor de sua família. Mas era diferente com Louis. Ele adorava ser o amor de Louis e o bebê de Louis. Ele queria que Louis o chamasse de amor e bebê, o que era... provavelmente uma coisa estranha a querer de um amigo.
Harry enterrou o rosto nas mãos, gemendo em uma mistura de vergonha e frustração.
— Eu não entendo mais nada. Samantha apenas riu.
Chapter Text
As palavras de Samantha ainda estavam em sua mente quando Harry entrou no carro de Louis após o fim de seu turno.
— Ei, — Louis disse com um sorriso neutro. Ele parecia cansado e menos imaculado do que o habitual, seu restolho tão grosso que quase poderia ser chamado de barba. Provavelmente era áspero.
Harry desviou o olhar, curvando os dedos no colo e resistindo o desejo de beijar Louis na bochecha. Quanto mais ele passava sem contato físico com Louis, mais difícil era reprimir impulsos assim.
— Oi! — Harry disse, tentando parecer alegre. Por Louis, ele estava tentando agir como se a distância entre eles não o incomodasse. Harry esperava que ele estivesse sendo convincente, mas não tinha certeza.
— Como foi seu dia? —, Louis disse, saindo do estacionamento.
Harry tentou não franzir o cenho. Deveria ter sido “Como foi seu dia, amor?”, com Louis passando os dedos pelos cabelos de Harry ou acariciando sua nuca enquanto Harry se aconchegava nele.
— Bom —, respondeu Harry, esfregando as palmas das mãos sobre as coxas. Ele odiava que não pudesse tocar em Louis. Se a amizade de Louis com Jake fosse assim, não era de admirar que Jake estivesse com ciúmes. — Como foi o seu?
Louis cantarolou algo não muito esclarecido, seus olhos no trânsito.
Um silêncio ligeiramente estranho estabeleceu-se entre eles durante o resto da viagem. Harry odiava cada segundo.
— Podemos conversar? —, disse Harry quando eles chegaram em casa.
Louis deu de ombros tirando a jaqueta e ergueu a cabeça. Seu rosto sem expressão.
Você me odeia agora?
Harry abriu a boca, mas nada saiu. Ele perdeu a coragem. Ele não podia perguntar. Ele estava com medo de perguntar. Estava sempre na parte de trás de sua mente que ele nem precisava perguntar se ele realmente queria saber. Ele poderia descobrir com facilidade. Ele nunca teve tanto medo de usar sua telepatia em sua vida.
Harry molhou seus lábios.
— Você quer que eu vou embora? —, ele disse de forma hesitante. — Posso me mudar se é o que você quer.
Louis balançou a cabeça com força, os ombros tensos quando desabotoou os botões superiores de sua camisa sem olhar para Harry.
— Não seja bobo, Harry.
Harry encarou o peito meio nu de Louis. Ele desejou poder enterrar o rosto lá, respirar o aroma de Louis e ficar assim para sempre.
Uma sensação forte e desconhecida tomou conta do seu corpo. Parecia um pouco com tontura, mas era quase agradável. Talvez ele tivesse contraído alguma doença alienígena? Embora ele tenha recebido todas as vacinas adequadas antes de deixar seu planeta, sempre havia uma pequena chance. Ele provavelmente deveria deitar-se. Apenas no caso.
Harry murmurou que não estava com fome e se dirigiu para o quarto dele. Seu estômago torceu quando Louis nem tentou detê-lo. Talvez ele realmente devesse ir.
Foi seu último pensamento quando Harry caiu em um sono estranho e exausto assim que sua cabeça tocou o travesseiro.
Ele sonhou com o silêncio, algo esticando e rompendo em um segundo. De repente, ele estava queimando de dentro para fora, sentindo sede e fome e hipersensibilidade.
Harry acordou alerta, sua respiração pesada e instável, seu coração batendo rapidamente.
Ele se sentou, sem saber o que ele estava sonhando. Ele respirou e levantou tentando se acalmar.
Mas ele não podia. Havia algo errado. Havia algo errado com ele. Ele sentiu-se estranho, instável, seu controle sobre sua telepatia despedaçada. Ele podia sentir ecos fracos dos pensamentos de outras pessoas. Em um andar, uma mulher estava brava com o marido por assistir ao futebol e não lhe dar atenção, e seu marido estava imaginando quando ela iria adormecer para que ele pudesse escapar para encontrar outra mulher.
Harry respirou profundamente, tentando assumir o controle de sua telepatia. Ele supôs que ele deveria estar agradecido de que fosse noite e não havia muitas pessoas acordadas. As pessoas adormecidas não fazem emissão de pensamentos claros, apenas um zumbido de fundo que ele poderia ignorar com mais facilidade.
Harry pressionou as mãos em suas têmporas e fechou os olhos, concentrando-se na reconstrução de seus escudos mentais.
Ele ficou rígido quando percebeu que algo estava errado em sua mente. Faltava algo. Seu vínculo. Seu vínculo com Leylen'shni'gul tinha desaparecido, todos os fragmentos restantes dele.
Mas isso não era tudo. Seus sentidos nunca foram tão fortes. Ele podia ouvir melhor. Ele podia ouvir as contínuas respirações de Louis no outro quarto.
Louis.
Um desejo o atingiu tão fortemente que Harry estremeceu. Ele tinha que chegar a Louis. Ele precisava de Louis.
Harry saiu da cama e saiu do quarto dele. Ele parou algumas vezes, surpreendido por quão agudo e vívido podia sentir o chão frio debaixo de seus pés descalços. Tudo parecia mais vívido: as sensações, os cheiros, os sons — a estranha fome dentro dele.
Tremendo, Harry empurrou a porta de Louis e caminhou até sua cama. Deveria ter sido impossível de ver tão claramente no escuro, mas, para a confusão de Harry, ele podia ver muito bem.
Louis estava dormindo de costas, seu peito longo e musculoso subindo e caindo constantemente.
Ele estava meio nu.
Harry não tinha certeza de por que ele estava tão focado nesse fato, mas de repente isso era tudo o que ele poderia pensar quando olhava para Louis. Ele precisava — ele precisava de algo. Ele queria algo. Ele queria ficar nu, subir na cama de Louis e esfregar a sua pele nua contra a de Louis.
Harry engoliu em seco, confuso e escandalizado por seus pensamentos, mas incapaz de detê-los. Ele sentiu uma estranha e agradável tipo de tontura novamente, e então uma dor pesada em sua parte inferior do corpo.
— Harry?
A voz sonolenta e rouca de Louis fez coisas estranhas para ele.
— Sim, sou eu —, Harry suspirou. Sua própria voz parecia estranha, grossa e sem fôlego.
Louis sentou-se, entreabrindo os olhos para ele na escuridão. — O que está errado? O que você está fazendo aqui?
— Eu... — Harry disse. — Eu precisava te ver.
— No meio da noite? — Louis disse, aproximando-se do abajur. Quando a luz suave iluminou a sala, Louis manteve os olhos no rosto de Harry, evitando cuidadosamente olhar seu corpo.
Harry inspirou e expirou profundamente, tentando e não conseguindo dar sentido às mudanças em seu corpo. Pelo menos ele conseguiu controlar sua telepatia, mas foi um pequeno conforto quando todo seu corpo parecia estar errado.
— Eu acho... acho que estou doente —, Harry gritou. Talvez ele realmente tivesse contraído algum vírus alienígena depois de tudo.
— O que? — Louis estava ao seu lado imediatamente, sua mão na testa de Harry. — Você está um pouco quente —, ele disse, franzindo a testa. Seus longos dedos acariciaram a bochecha de Harry.
Harry tremeu, uma estranha sensação percorrendo seu corpo. A dor latejante em sua metade inferior se intensificou. Harry soltou um pequeno som quando o dedo de Louis raspou em sua orelha.
— Você está tremendo —, disse Louis. A outra mão segurou a bochecha de Harry.
Harry inclinou-se para o toque de Louis. Ele sentiu falta das mãos de Louis. Ele queria que Louis o tocasse o tempo todo.
— Bebê?
Harry choramingou, pressionando o rosto no peito de Louis e acariciando-se nele. Bebê. Ele era o bebê de Louis.
— Sim —, ele murmurou, envolvendo seus braços firmemente em torno de Louis. Parecia tão bom, mas a dor em sua parte inferior do corpo aumentava, tornando-se quase insuportável. — Eu preciso de você.
— Foda-se —, disse Louis. — Harry, você está duro.
Harry abriu os olhos e piscou.
O que?
Olhando para baixo, Harry olhou fixamente.
Sua cueca alta. Seu pênis estava ereto.
Isso não era tudo. A cueca dele ficou um pouco pegajosas. Algo — algum tipo de líquido — estava vazando de seu buraco.
Isso... nunca tinha acontecido com ele antes. Claro que Harry sabia o que isso significava, mas não deveria ter acontecido. Não deveria ter sido possível.
Mas era inútil negar: era atração sexual. Seu corpo queria sexo. Seu corpo queria Louis. Isso deveria ter sido impossível. Ele não estava conectado a Louis.
Não, ele não estava conectado a ninguém. Ele havia esquecido disso. Seu vínculo tinha desaparecido. Com o vínculo quebrado, provavelmente isso era normal. Provavelmente. Ele não tinha certeza.
— Harry —, disse Louis bruscamente. Seu rosto estava de repente tão perto. Seus lábios rasparam suavemente sobre o canto da boca de Harry, apenas o mais fraco, mais breve e mais irritante dos toques — e sua respiração era nítida e quente, e suas mãos tremiam um pouco quando elas atravessavam as costas de Harry, como se ele não estivesse certo sobre. Harry soltou um som, um perdido, desesperado e sufocante, porque ele precisava dele mais perto — e Louis estava de repente lá, seus quadris pressionados contra o de Harry, e seu corpo era longo e duro e perfeito — ali mesmo.
A respiração de Louis estava entrecortada.
— Vá agora, se você não quer isso. — Os lábios de Louis roçaram o lóbulo da orelha e Harry gemeu silenciosamente, cavando as unhas nos ombros de Louis. Ele queria Louis mais perto, mais apertado, ele queria mais. Ele ficou impressionado com essa súbita necessidade de saber como seria a boca de Louis.
Louis soltou um som dolorido e baixo e arrastou seus lábios pelo rosto de Harry. Sua boca estava tão perto.
— Você tem certeza, querido?
Harry não tinha certeza de nada, mas ele queria que aquela dor esfomeada se afastasse e ele tinha a sensação de que só Louis poderia afastar.
Ele assentiu aturdido, afastando os lábios para a língua de Louis. Ele gemeu, desfrutando o gosto da boca de Louis, da sua barba arranhando seu queixo. Era tão bom. Muito bom. Os dedos de Louis se enterraram no cabelo de Harry, mantendo-o imóvel enquanto Louis lhe dava um beijo depois do outro, beijando como se ele quisesse entrar dentro de Harry e morar lá — e Harry queria que ele o fizesse.
— Caralho, você é tão doce —, Louis rosnou entre os beijos drogáveis, inclinando a cabeça de Harry do jeito que ele queria com mãos fortes, mas gentis.
Harry se derreteu nele, seus pensamentos confusos com o prazer nebuloso misturado com a necessidade. Por mais que Louis o beijasse, não parecia aliviar a dor carente na parte inferior do corpo. Se alguma coisa, isso piorou. Estava doendo terrivelmente, querendo.
— Eu preciso —, murmurou Harry contra a boca de Louis, tentando beijar Louis mais forte. — Por favor.
— Sim —, Louis disse, empurrando Harry em direção à cama.
Harry caiu no colchão sem graça, fazendo um barulho frustrado quando perdeu contato físico com Louis. Mas em pouco tempo, Louis estava em cima dele, beijando seu pescoço com lábios separados, deixando trilhas molhadas, suas grandes mãos vagando por todo o peito de Harry, seu estômago tremendo.
Harry gemeu quando as mãos de Louis apertaram suas coxas. Tão perto—
Como se estivesse ouvindo seus pensamentos, Louis arrastou sua cueca e envolveu uma mão grande em torno do pênis latejante de Harry. Harry ofegou, sua boca abrindo quando Louis começou a acariciar seu pênis lentamente. Era bom, mas tão frustrante, e em pouco tempo, Harry estava chorando, se contorcendo constantemente e tentando aliviar a dor dentro dele. Ele não entendia o que ele precisava, mas isso não era suficiente. Ele queria — ele queria...
Ele queria parar de se sentir vazio. Ele queria se pressionar com mais força contra o pênis de Louis — Louis. Sim, era o que ele queria.
Harry agarrou-o. Era grosso, longo e pesado na sua mão.
Parecia perfeito. Ele queria, queria dentro, queria que o preenchesse.
Ele cutucou-o entre suas pernas, mas seu objetivo desviou, e o pênis de Louis esfregou-se contra sua coxa interna.
Louis respirou fundo.
— Harry... — ele disse na nuca de Harry, esmagando seu pênis contra o traseiro de Harry por um momento antes de afastar as coxas de Harry e pressionar seu pênis vazando entre elas.
Harry ofegou enquanto o pênis de Louis esfregava contra a pele sensível de suas coxas internas e passava por seu buraco. Isso não era o que ele queria — ele queria Louis dentro dele — mas suas palavras morreram em seus lábios quando Louis começou a empurrar, fodendo suas coxas.
Harry não podia decidir se odiava ou adorava. Ele gemeu fracamente toda vez que o pênis de Louis roçou contra o buraco — tão perto, tão bom, não o suficiente. Ele estava quase soluçando de frustração até que Louis finalmente pegou o pau de Harry de volta com a mão e começou a bombear com força impulsionado. Isso foi melhor, mas ainda não era suficiente, ele queria ser preenchido, ele queria que a dor fosse embora, ele queria—
O pênis de Louis bateu forte contra o seu buraco, quase pegando na borda. Harry gritou, sua boca ficando relaxada enquanto o prazer lavava seu corpo. Seu pênis suavizou na mão de Louis, o intenso palpitar em seu buraco finalmente diminuindo. Ele se sentiu tão bem, como se ele estivesse flutuando em uma nuvem.
— Bom? — Louis disse, sua voz apertada e mal reconhecível. Ele virou Harry de costas.
Harry assentiu sonhadoramente e observou com os olhos pesados quando Louis sentou-se, pegou seu próprio pau em sua mão e começou a bombear com força e rapidez, seus olhos escuros vagavam por todo o corpo de Harry.
— Posso gozar em você, Harry? — Louis descartou.
Harry assentiu com a cabeça, embora não estivesse inteiramente certo do que exatamente estava concordando. Não importava; no momento ele deixaria Louis fazer o que quisesse. Ele sempre deixaria Louis fazer o que quisesse.
Ele observou Louis apertar a mandíbula, observou seu corpo magnífico tenso e rígido, antes de um gemido baixo arrancar da garganta de Louis e então Louis estava gozando, sua ejaculação cobrindo o peito e as coxas de Harry.
— Tão bonito, — murmurou Louis, soando bêbado e atordoado enquanto olhava para o corpo de Harry debaixo dele. — Tão lindo, o mais doce, o mais lindo, te adoro.
Harry sorriu, corando um pouco. Louis o adorava. Louis achava que ele era lindo e doce.
— Eu adoro você também —, Harry disse com sono quando Louis limpou o seu peito e as coxas com alguns tecidos.
Ele bocejou e enterrou o rosto no peito de Louis quando Louis finalmente se deitou ao lado dele.
— Melhor presente de aniversário de todos os tempos —, murmurou Louis, acariciando os cabelos de Harry com os dedos.
Demandou muito esforço para Harry abrir os olhos.
— Espere, hoje é seu aniversário?
Louis sorriu para ele, beijou-o no nariz e assentiu.
— Eu tenho oficialmente vinte e sete desde de duas horas atrás.
— Você deveria ter me contado. Eu não te trouxe um presente.
— Eu não preciso de um presente melhor —, disse Louis, acariciando sua nuca.
Harry sorriu para ele com sono.
— Ainda vou fazer um jantar de aniversário e vamos comemorar em casa após o trabalho.
— Tudo bem —, disse Louis. — Agora dorme, amor. Conversaremos amanhã.
Harry fechou os olhos e deixou-se afastar, ouvindo a batida constante do coração de Louis. Ele se preocuparia com seu vínculo e as consequências de suas ações amanhã. Agora ele se sentia muito bem para se preocupar com qualquer coisa. Ele estava nos braços de Louis, quente, seguro e era apreciado.
Nada de ruim poderia acontecer.
Chapter Text
Harry acordou se sentindo bem e feliz. Ele suspirou com sono, mergulhando mais fundo em seu incrível travesseiro. Seu travesseiro maravilhoso se moveu. Harry aproveitou e agarrou-se com mais força.
— Solte-me, Harry —, Louis disse com uma risada, beijando-o na testa. — Eu tenho que ir trabalhar.
— Não vá —, murmurou Harry, acariciando o peito de Louis. Ele sentiu um cheiro tão bom. — É seu aniversário. Você merece um dia de folga. Podemos comemorar.
— Eu não posso —, Louis disse, acariciando a bochecha de Harry com os dedos. — Podemos celebrar a noite. Agora abra seus belos olhos para mim.
Harry abriu os olhos e esfregou eles. Quando seu olhar se concentrou em Louis, sua respiração parou em sua garganta. Os olhos escuros de Louis tinham tanto carinho e calor que derretia o coração de Harry.
Então, ele percebeu que ele estava esparramado no peito de Louis. O peito muito nu de Louis. Louis estava completamente nu.
Harry sentiu-se confuso. A noite passada parecia tão surreal agora. Isso realmente aconteceu?
— Ei, — Louis disse, sua voz ainda profunda e rouca de dormir.
— Feliz aniversário —, disse Harry, se sentindo um pouco tímido e desconcertado.
— Obrigado, amor —, disse Louis, olhando-o com os olhos encapuzados. Ele parecia tão... bem. Harry sentiu que algo se afundava em seu estômago, seus lábios formigavam com o súbito desejo de pressioná-los contra o maxilar de Louis. Seu pênis se contraiu.
— Não me olhe assim —, Louis disse com uma risada suave. — Eu realmente tenho que ir trabalhar, bebê.
Bebê. Louis o chamou de amor e bebê novamente. Isso significava que eles estavam de volta ao normal? Ou a noite passada mudou tudo?
Harry esfregou a bochecha contra o peito de Louis, inseguro.
O que aconteceu ontem à noite... estava errado? Não pareceu errado.
Mas o sexo fora de um vínculo matrimonial era considerado errado em seu planeta.
Tecnicamente, ele não estava vinculado no momento.
Mas ele ainda era prometido a Leylen'shni'gul. Havia um contrato de casamento e tudo mais.
Não era culpa dele que o vínculo tivesse se dissolvido.
Harry suspirou, percebendo que ele estava discutindo consigo mesmo como um louco.
— Por que você está com essa expressão? —, Louis disse, inclinando o rosto de Harry para encontrar seus olhos. Seus lábios se pressionaram brevemente. — Algum arrependimento?
Harry não se arrependeu. E esse era o problema, não era? Não deveria se sentir culpado? O que ele fez com Louis era imoral? Ele não tinha certeza. Um vínculo de infância era diferente do conceito humano de noivado romântico. Harry não sentiu que tinha traído Leylen'shni'gul. Ele não lhe fez promessas — os pais dele fizeram isso há anos atrás. Harry supôs que agora ele podia entender por que os renegados pensavam que unir as crianças quando ainda não podiam dar o seu consentimento se tornaria confuso.
Harry balançou a cabeça em resposta.
— Não me arrependo. É só... você sabe sobre Leyla.
A expressão de Louis escureceu. Ele abriu a boca, mas depois olhou o relógio na parede e saiu à cama.
— Caralho, estou realmente atrasado. Falaremos quando voltar, ok?
Harry assentiu. Ele viu Louis se preparar para o trabalho. Dentro de dez minutos, Louis estava pronto para ir.
— Abraço de despedida? — Harry disse com incerteza. Ele queria mais do que um abraço de despedida, mas ele sentiu um pouco de vergonha com os pensamentos bagunçados que cruzaram sua mente enquanto observava Louis se vestir. Ele não se reconheceu, e isso o desestabilizou. Ele era uma pessoa diferente sem o vínculo? O vínculo mudava tanto uma pessoa?
Em vez de responder, Louis caminhou até a cama e puxou Harry para ele.
Harry retornou o abraço ansiosamente, seus mamilos formigando enquanto esfregavam contra o tecido do terno de Louis. Ele abriu os lábios, querendo um beijo.
— Como eu deveria sair desse quarto? —, Louis disse, suspirando em sua bochecha.
Harry virou o rosto, e seus lábios se encontraram em um beijo necessitado e úmido que deixou Harry tonto.
Ele sempre achara curioso que tantas civilizações compartilhassem o costume de dar beijos românticos com os lábios. Harry tinha beijado sua companheira uma vez — ele tinha ficado curioso e ela também — mas ambos acharam a experiência estranha e sem sentido. Não era como beijar Louis. Beijar Louis era tão natural e necessário quanto respirar. Ele não sabia como parar.
Quando Louis afastou-se, os joelhos de Harry estavam gelatinosos e ele ficou dolorosamente duro novamente.
— Eu voltarei logo —, disse Louis, suas maçãs do rosto coraram e seus olhos estavam quase pretos enquanto ele olhava para Harry com uma intensidade emocionante. — Assim que eu puder.
Quando a porta se fechou atrás de Louis, Harry recostou-se no colchão e olhou para o teto, sem respirar e se sentindo quente em todo o corpo.
Qual era essa sensação esmagadora que o fez querer correr atrás de Louis e segurá-lo? Harry não tinha certeza se ele gostava. Era o mais intenso e assustador sentimento que já sentira.
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Harry ficou bastante satisfeito consigo mesmo.
O jantar estava pronto, a mesa estava pronta, e o bolo que ele preparou durante a maior parte da tarde parecia delicioso (estava um pouco torto, mas Harry esperava que não fosse óbvio). Esperava também que estivesse gostoso.
Harry olhou ansiosamente, perguntando-se pela primeira vez se ele deveria ter apenas comprado um bolo de aniversário da padaria na esquina. Ele gostara da ideia de assar um bolo caseiro para Louis, mas e se não tiver ficado bom? E se Louis odiar?
Bem, já era tarde demais. Louis deve estar em casa daqui a pouco.
Limpando as mãos na sua camiseta, Harry olhou para a mesa pela última vez, certificando-se de que tudo estava perfeito—
Ele sentiu uma cócega familiar.
Franzindo o cenho, Harry olhou para o seu corpo e congelou, os olhos arregalados.
Um campo de força branco semitransparente estava começando a cercar seu corpo, tornando-se mais denso a cada segundo. Então, houve uma sensação familiar de um puxão que o atravessava, e Harry mal conseguiu pensar, não, quando ele foi puxado pelo espaço, os brancos das estrelas se transformando em um borrão.
Os seres humanos estavam errados na suposição de que alienígenas chegariam em naves espaciais. Aliens, pelo menos aliens do lado da sua galáxia, quase deixaram de usar naves espaciais há milhares de anos, quando esse método de transporte se tornou obsoleto com a invenção do teletransporte transgaláctico. As naves espaciais agora eram usadas apenas para distâncias curtas por empresas turísticas e por classes mais baixas que não podiam pagar a Teletransmissão Quase Transitória Transgalatica – TNIT.
— Bem-vindo ao lar, Vossa Alteza.
Harry olhou para os limites familiares e paredes transparentes, dando a ilusão de estar lá fora.
Ele estava em casa.
— Vossa Alteza?
Se ele estava em casa, isso significava que ele não descobriria se o bolo que ele tinha assado para o aniversário de Louis era bom.
— Vossa Alteza?
Louis, que estava a meia galáxia de distância.
Louis, que voltaria para casa para um apartamento vazio.
Louis, a quem ele provavelmente não veria novamente.
Harry engoliu em seco, com a garganta entupida e o peito apertando. — Vossa Alteza!
Ele se encolheu e olhou em volta. Percebendo que a voz pertencia à Inteligência Artificial do palácio, ele se sentiu tolo e bobo. Ele se acostumara a estar na Terra, a sua tecnologia encantadora e ultrapassada.
Harry limpou a garganta, tentando se livrar do nó lá.
— Sim?
— Sua Majestade e o Rei-Consorte estão esperando por você no estúdio de Sua Majestade.
— Obrigado, Borg'gorn. — Harry saiu da sala do transportador e se dirigiu para o estúdio de sua mãe, com os pés pesados e o coração mais pesado ainda.
Ele estava ausente há meses. Ele sentiu falta do palácio, dos seus pais, de seus irmãos, mas ele não conseguiu reunir a emoção e a felicidade que provavelmente deveria estar sentindo agora. Ele podia sentir suas conexões familiares voltando a se conectar em sua mente, mas agora elas pareciam altas e intrusivas em vez de reconfortantes.
Harry fechou escudos mentais, protegendo sua mente o melhor que pôde. Ele estava fora de prática; ele não precisava proteger sua mente dos telepatas na Terra.
Terra, que estava a milhares anos-luz de distância.
Forçando o pensamento a sair da sua mente, Harry abriu a porta para o estúdio de sua mãe.
Seus pais viraram a cabeça.
Harry sorriu e esperou que eles o reconhecessem primeiro.
Zahef'ngh'chaali foi o único a fazer isso.
— Harht —, disse seu pai, olhando para ele com um sorriso caloroso. — Bem-vindo ao lar. Sentimos sua falta.
Harry sentiu seu pai alcançá-lo telepaticamente e abaixou seus escudos mentais, permitindo que a mente de seu pai abraçasse a dele. Ele suspirou quando o familiar calor e conforto da mente de seu pai o envolveu. Ele sentiu falta disso, mas ele se viu desejando um abraço físico, por braços fortes segurando-o fortemente.
Sua garganta voltou a fechar e Harry piscou rapidamente, tentando se livrar da súbita umidade em seus olhos.
— Harht'ngh'chaali, saúde e tranquilidade —, disse sua mãe, sua voz um pouco mais severa do que a de seu pai. A Rainha Tamirs'shni'chaali sempre foi severa, mas Harry supôs que veio com o trabalho de ser a Rainha do Segundo Grande Clã de Calluvia. É claro que sua mãe era severa; ela tinha que ser quando era responsável por tantas pessoas. Isso não significava que ela não amasse seus filhos; Harry sabia que sim.
— Saúde e tranquilidade, mãe —, disse ele, tentando não soar subjugado. A saudação tradicional parecia estranha após os cumprimentos informais dos seres humanos.
As sobrancelhas de sua mãe arquearam quando sua mente tocou a dele.
— Você está chateado —, disse ela. — Você está chateado porque esperava que nós o trouxéssemos para casa mais cedo?
— Posso voltar? — Harry falou. Quando seus pais o encararam, ele acrescentou com incerteza: — Só por um momento? Eu estava no meio de algo quando fui transportado para casa.
Seus pais trocaram um olhar, comunicando-se telepaticamente através de seu vínculo. O vínculo que ele ainda não tinha em sua mente. Foi quebrado de forma irrevogável?
— Por que você quer retornar ao Sol III? —, disse sua mãe finalmente.
— Terra —, seu pai corrigiu suavemente a esposa.
— Os seres humanos chamam de Terra agora, na verdade —, disse Harry, tentando desesperadamente pensar em uma boa razão. Ele estava com medo. — É aniversário de Louis — não seria aceito como um motivo suficientemente bom. O teletransporte de longa distância para um planeta a meia galáxia era muito consomadante e caro, mesmo para os herdeiros diretos de grandes clãs como Harry, mas não era a única razão pela qual as pessoas não podiam usá-lo por capricho. A Terra era um planeta pré-TNIT; as visitas aos planetas pré-TNIT eram reguladas pelo Ministério dos Assuntos Intergalácticos. Geralmente, apenas uma viagem por ano era permitida por indivíduo.
— Responda à pergunta, Harht'ngh'chaali —, disse sua mãe.
De repente ele odiava o som de seu próprio nome. Parecia tão pretensioso. Infelizmente, quanto mais bem nascido você fosse, mais nome você teria. Harry preferia muito mais os nomes humanos.
Mas ele não era humano. Ele parecia ter esquecido isso.
— Eu gostaria que você me chamasse de Harry, — Harry disse, olhando para baixo.
— Harry —, sua mãe repetiu repetidamente.
Harry assentiu.
— Eu me acostumei com o nome enquanto eu estava na Terra.
— É meio bárbaro, querido —, disse a Rainha Tamirs.
— Eu acho que é encantador —, disse Zahef.
Sua esposa lhe lançou um olhar amargo. Zahef sorriu inocentemente para ela. Harry quase riu. As pessoas sempre disseram que ele era muito parecido com seu pai, e às vezes assim, ele podia ver de onde ele puxou, mesmo que ele fosse a imagem de sua mãe.
— Não seja tolo, Zahef'ngh'chaali —, disse sua mãe a seu pai. — Harry parece tão simples e bárbaro quanto os nomes dos renegados.
Harry ergueu o nariz.
— Não é como se fossem seus nomes —, disse Harry, embora não tivesse ideia se era verdade ou não. Ele nunca conheceu um renegado antes. — Havia reis humanos chamados de Harry!
Sua mãe soltou um longo suspiro, mas Harry sabia que ele ganhara.
— Muito bem, Harry —, disse ela. — Agora, você finalmente nos contará por que você quer voltar para o Sol III?
Harry mudou de um pé para o outro.
— Eu não tive tempo de dizer adeus aos meus amigos.
— Amigos? —, disse sua mãe, com as sobrancelhas subindo. — Você fez amigos humanos?
— Por que você está dizendo isso como se os humanos fossem algum tipo de animais? —, Harry disse na defensiva. — Não irá demorar muito antes deles inventarem viagens interestelares.
— Querido —, a Rainha Tamirs começou com cuidado.
Harry odiava, odiava, odiava quando sua mãe o chamava de “querido” sempre parecia tão condescendente, mesmo que não fosse a intenção de sua mãe.
— Querido, segundo as estimativas mais recentes, os humanos estão a pelo menos mil anos de distância do desenvolvimento do equivalente TNIT —, disse a mãe.
— Eles desenvolverão naves espaciais muito mais cedo do que isso, no entanto, — abençoe-o seu pai. — Talvez em quinhentos anos.
— As naves espaciais são uma tecnologia obsoleta —, disse a Rainha Tamirs com um som zombador. — Muito lentas e ineficazes. Elas não contam. Em qualquer caso, não vejo por que você gostaria de ser amigo dos membros de uma civilização tão nova...
— Os ensinamentos de Gul'barshyn não dizem que o orgulho é um pecado? —, Harry disse com insistência.
Um leve rubor apareceu nas maçãs do rosto de sua mãe.
Seu pai começou a rir, com uma aparência plana de sua esposa. — Muito bom, Harry —, disse seu pai, sorrindo.
A Rainha Tamirs não parecia divertida, no mínimo.
— Harht'ngh'chaali —, ela começou.
— Harry —, Harry a corrigiu.
— Harry —, sua mãe admitiu, parecendo dolorida. — Você foi enviado a Sol III como punição por sua flagrante violação da privacidade mental de outra pessoa. — Eu estava curioso e ela é minha irmã, não apenas uma pessoa aleatória! — Harry disse, mal-humorado. — Sanyash não deveria ter me provocado. Ela sabe que não posso resistir a segredos.
— Você foi enviado a Sol III como um castigo por sua flagrante violação da privacidade de outra pessoa —, repetiu sua mãe, como se ele não tivesse dito nada. — Não foi uma viagem turística. Você deveria aprender a humildade, aprender que suas ligações familiares são um privilégio, não é algo que pode ser utilizado porque você é curioso.
— Sua mãe deu uma olhada. — Você não foi enviado a Sol III para fazer amigos com humanos. Portanto, não vejo nenhuma razão para você voltar. Você quer dizer adeus aos seus... amigos? O que você diria, em qualquer caso? Os seres humanos pensam que a vida extraterrestre não existe. Você teria que mentir para explicar sua partida.
Os ombros de Harry caíram. A pior parte era, ele sabia que sua mãe estava certa. Ele não podia explicar a Louis para onde ele estava indo ou por que eles não podiam falar no telefone. Mas, mas—
Harry olhou para o pai suplicante.
— Talvez seja o melhor, filho —, disse seu pai gentilmente.
Harry virou-se e deixou o estúdio antes que ele pudesse explodir em lágrimas, como o grande bebê que ele aparentemente ainda era.
Ele caminhou em direção a seu quarto, sua visão esbugalhada e o peito dolorosamente apertado quando ele imaginou que Louis voltaria para casa para um apartamento vazio em seu aniversário.
Por quanto tempo Louis esperaria por ele antes de perceber que Harry nunca mais voltaria?
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O apartamento estava vazio. Harry não estava se escondendo em lugar nenhum, a fim de surpreendê-lo com a música de feliz aniversário como Louis tinha esperado quando ele voltou para casa.
Harry não estava em qualquer lugar.
Louis olhou para a mesa pelo o que pareceu a centésima vez desde que voltou para casa — para o bolo de aniversário ligeiramente torto.
Ele verificou o telefone novamente. Sem chamadas de Harry, nenhum texto explicando por que ele não estava em casa ou para onde ele tinha ido. Harry tinha deixado o celular na cozinha.
Louis disse a si mesmo para de deixar de ser tão meloso e manter a calma. Harry provavelmente saiu e se distraiu. Ele não devia se preocupar. Faziam apenas algumas horas.
Dez horas depois, Louis não tinha mais motivos possíveis para a ausência de Harry. Ele não conseguiu dormir nem um pouco na noite passada depois de perceber que todas as coisas de Harry ainda estavam em casa, incluindo o passaporte de Harry.
Era quase engraçado. Era quase engraçado saber o sobrenome e a nacionalidade de Harry que estavam no passaporte depois de meses de conhecer Harry.
Harry Calluvianen. Aparentemente, Harry era um finlandês.
Era quase engraçado a rapidez com que uma pessoa poderia passar da feliz para o desespero e a preocupação doentia.
Quando ele envolveu a polícia, não havia mais nada remotamente engraçado sobre a situação.
— Deve ser um erro —, disse Louis, mal movendo os lábios.
— Não há erro, Sr. Tomlinson —, disse o oficial. — O passaporte é falso. Um falso muito impressionante, mas falso, no entanto.
Louis se virou e saiu, puxando o telefone para chamar Scott, um amigo dele que trabalhou para o MI6. Deve ser um erro. Harry não era, ele não era um maldito criminoso ou algo assim. Ele nunca acreditaria nisso.
Seis dias depois, Scott recorreu e disse:
— Não há correspondências em nenhum país. Se eu não soubesse melhor, eu diria que esse cara nunca existiu, Louis.
Louis olhou fixamente para a horrível pintura que Harry havia comprado há um mês. Harry estava tão satisfeito consigo mesmo por ser "uma pechincha".
Distante, ele se ouviu agradecer Scott antes de desligar.
Então ele se vestiu e partiu para o trabalho.
— Está tudo bem, querido? — A Sra. Wayne, sua vizinha, perguntou-lhe enquanto compartilhavam um elevador.
— Sim —, disse Louis.
— Eu não vi seu amigo faz uma semana —, disse ela. — O doce garoto prometeu cuidar das minhas flores enquanto eu estivesse viajando. Você poderia lembrá-lo sobre isso?
Louis contraiu a mandíbula.
— Ele se foi —, disse ele. — Ele mentiu para você. Tudo o que ele fez foi uma mentira.
Ele quase não registrou rosto dela atordoado enquanto ele saiu do elevador sem se despedir. Ela provavelmente estava ofendida por sua descortesia, mas Louis não conseguiu se importar.
Ele não se importava.
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Planeta Calluvia
— Vossa Alteza, o Príncipe Seyn’ngh’veighli, do Terceiro Grande Clã, deseja vê-lo, Vossa Alteza —, anunciou Borg’gorn.
Harry ergueu os olhos do modelo 3D da Terra. Era para ele estar atualizando o banco de dados com as novas informações que ele tinha aprendido sobre os humanos, mas em vez disso, ele acabou olhando para o modelo 3D do planeta por volta de meia hora. Ou melhor, uma pequena ilha nele.
— Deixe-o entrar —, Harry disse tardiamente, endireitando-se e olhando para a porta. Ele mal podia esperar para ver Seyn. Eles tinham a mesma idade e cresceram juntos. Harry sempre o considerou seu amigo mais próximo. Seyn também seria da família em menos de dois anos, quando ele tivesse vinte e cinco anos e seu vínculo de infância com o irmão de Harry tornasse um vínculo matrimonial. Quando Harry voltou da Terra, ele ficou tão decepcionado ao saber que Seyn estava fora do planeta e não voltaria por um tempo. Ele queria falar com alguém com quem ele poderia confiar plenamente e Seyn era a única pessoa em que ele confiava para não julgá-lo.
Ele sorriu quando a porta se abriu e Seyn entrou, tão gracioso como sempre.
Os olhos verdes de Seyn se iluminaram quando viu Harry.
— Harht —, Seyn disse, estendendo a cabeça com a mente para Harry. Suprimindo o desejo de abraçar seu amigo, Harry o abraçou de forma telepática. A mente de Seyn sempre fora tão prateada como o cabelo de Seyn, com uma vantagem familiar de excitação e impaciência. Seyn estava sempre em movimento, uma borboleta social que gostava de conhecer novas pessoas e fazer muitos amigos. Se ele amava, ele amava ferozmente. Se odiava, ele odiava ferozmente também. Sendo um pouco temperamental, Harry sempre pensara que deveria ser cansativo ser Seyn, mas ultimamente... ele o entendia melhor. Muito melhor.
— Eu estava começando a pensar que você tinha sido sequestrado pelos bárbaros no Sol III —, disse Seyn, sorrindo.
Harry franziu o cenho e deu-lhe um golpe telepático.
— Os seres humanos não são bárbaros. Não seja um esnobe. E já voltei há séculos. Não é culpa minha que você estava fora do planeta.
Seyn ergueu o nariz e sorriu timidamente.
— Ugh, eu estava sendo um esnobe. Ainda bem que eu tenho você para me dizer quando eu for esnobe e superior.
— Ksar deve ter passado isso para você —, Harry disse com um minúsculo sorriso.
Agora, foi à vez de Seyn dar-lhe um golpe telepático.
— Não brinque com isso —, ele disse com uma careta, caindo no sofá ao lado de Harry. — Você tem permissão para me matar no dia em que eu começar a agir como Ksar.
— Desculpe —, disse Harry, sabendo que era um assunto doloroso para Seyn. Ele deu um tapinha no ombro de Seyn. — Ele não é um monstro, você sabe. — Seyn zombou.
— Ele é seu irmão. Claro que você diria isso. De qualquer forma, não estou aqui para falar sobre aquele idiota. — Ele olhou para Harry com curiosidade. — O que há de errado, Harht?
— Harry —, disse Harry. — Eu me acostumei com o nome e eu gosto muito.
Seyn apenas assentiu.
— Então, o que há de errado? Você está soltando algumas vibrações realmente negativas.
Harry suspirou, acenou com a mão para remover a imagem 3D da Terra e abriu as configurações de segurança da sala.
— O que você está fazendo? —, disse Seyn.
Harry silenciosamente desligou as câmeras e olhou para o amigo.
— Eu não tenho mais o vínculo com Leylen'shni'gul.
— O que? Você está falando sério? —, disse Seyn, de olhos arregalados. Claro que ele ficou chocado. Era inédito.
Harry assentiu.
— Eu senti que gradualmente estava enfraquecendo quando eu estava na Terra e então quebrou, eu acho? Meus pais me lembraram na noite passada, na verdade. — Ele lutou contra um rubor, lembrando daquela noite e disse rapidamente: — Eu pensei que o vínculo iria reconstruir quando eu voltasse para casa, assim como minhas outras ligações telepáticas da minha família, mas já faz vinte e dois dias e nada aconteceu. Não sei o que pensar.
Seyn franziu o cenho.
— Você conversou com Leylen'shni'gul? Ela ainda sente o vínculo? Harry balançou a cabeça.
— Ela ainda está naquele internato em Meniiuf II. Nenhuma comunicação é permitida, a menos que seja uma emergência. — Ele hesitou. — Não sei se deveria contar a alguém.
Seyn levantou as sobrancelhas.
— Por que não? Tenho certeza de que os adeptos da mente apenas restabelecerão o vínculo. Quero dizer, está em sua mente para sempre; não deve ser difícil.
— Eu... — Harry mordeu o lábio e olhou ao redor da sala, paranoico que alguém o ouviria. — Não tenho certeza se quero o vínculo de volta.
Silêncio.
Quando Harry ousou olhar para ele novamente, ele encontrou Seyn olhando para ele.
— Tudo bem —, disse Seyn lentamente. — Quem é você e o que você fez para o meu melhor amigo? Você sempre se divertiu comigo quando eu reclamava e gritava sobre o meu vínculo com seu irmão, e agora, de repente você também não quer o vínculo? Você nunca teve um problema com a Leylen'shni'gul.
Harry suspirou.
— É só... — Ele passou a mão por seus cabelos. — Eu me sinto muito melhor sem ele. Sinto que estava meio cego durante a minha vida toda. Todos os meus sentidos são melhores agora. — Era verdade. O mundo era muito mais vibrante, as cores eram mais brilhantes, seus sentidos estavam ampliados, sua telepatia era muito mais forte. Ele se sentiu melhor, mais forte, muito mais. Ele nunca foi contra o vínculo antes, mas ele não sabia do que estava sendo privado. E agora ele não podia imaginar voltar a isso.
Por outro lado, se ele voltasse a ser ligado, talvez ele parasse de sentir tão... dolorido por dentro. Aparentemente, as emoções negativas também eram muito fortes agora.
— Não entendo —, disse Harry. — Por que o vínculo dificulta os nossos sentidos? Sempre nos disseram que o vínculo nos torna melhores.
Seyn desviou o olhar, com as sobrancelhas pálidas aproximando-se.
Quando ele falou novamente, sua voz estava vacilante.
— Ouvi alguns rumores quando estava no Planet Bienr no ano passado... pensei que eram uma besteira, mas... talvez não fossem.
— Que rumores?
Ainda com um olhar franzido, pensativo, Seyn brincou com um nó de seu longo cabelo prateado.
— Eles têm algumas lendas... sobre o contato com nossos antepassados. Eles tinham medo deles, Harht. Eles alegaram que alguns de nossos antepassados poderiam matar através das mentes.
Harry começou a rir, mas quando percebeu o quão sério Seyn estava, o riso morreu na garganta.
— Certamente não é verdade...? —, ele disse.
Seyn encolheu os ombros.
— Já faz milhares de anos. Eu sempre pensei que fosse estranho que nossos livros de história fossem tão silenciosos sobre as décadas entre a Grande Guerra e a Lei de Vinculação. O contato com o Planet Bienr também aconteceu naquele tempo.
Suas sobrancelhas franzidas, Harry considerou isso. Era verdade que os sessenta anos entre o fim da Grande Guerra e a introdução da Lei de Vinculação eram mal documentados. O que era bem conhecido era o fato de que as armas biológicas utilizadas na guerra afetaram bastante a população, tornando as mulheres inférteis e agravando a qualidade do esperma masculino. Desesperados para salvar a população de extinção, cientistas de Calluvian iniciaram um programa genético experimental que visava corrigir os sistemas reprodutivos das pessoas. Foi corrigido, mas devido a testes limitados, houve consequências imprevistas. As experiências genéticas haviam causado mutações de vários tipos, recuperando traços físicos extintos e afetando a telepatia das pessoas. O banco de dados histórico não tinha muitos detalhes, apenas mencionando que as mutações não-físicas desapareceram quando a Lei de Vinculação foi implementada. De acordo com os relatórios do Conselho, o desaparecimento das mutações telepáticas foi apenas um efeito colateral inesperado da ligação infantil.
— Mas o que isso tem a ver com o vínculo suprimindo nossos sentidos? —, disse Harry, levantando os joelhos e abraçando-os. Desde que voltou para casa, ele se via constantemente ansiando o conforto do contato físico que os humanos davam tão livremente. Quando os Calluvians se tocavam, eles faziam principalmente por trás de portas fechadas e com muito menos frequência do que os humanos, preferindo o toque telepático. Harry se perguntou se esse novo desejo de contato físico tinha a ver com a ausência do vínculo. Ele tentou não pensar em outro motivo para sua necessidade de conforto físico. Pensar sobre isso doía.
Seyn zumbiu, parecendo contemplativo.
— A telepatia é o nosso sexto sentido. Se o efeito colateral da Lei de Vinculação fosse o desaparecimento de mutações telepáticas, faz sentido o vínculo afetar nossos outros sentidos, certo? — Os lábios de Seyn diminuíram. — E quando o Conselho percebeu que o vínculo estava afetando os sentidos das pessoas, é claro que eles se mantiveram silêncio. É provavelmente por isso que eles forçam esse vínculo estúpido mesmo nós sendo tão jovens — os bebês são muito jovens para lembrar e perceberem que algo está errado. — Ele balançou a cabeça. — Mas é um pouco ridículo chegar a esses extremos para nos proteger de laços forçados, não é?
Harry mordeu o interior de sua bochecha quando algo ocorreu a ele. Ele disse lentamente:
— E se for mentira que a Lei de Vinculação foi introduzida para nos proteger de vínculos forçados? E se o vínculo foi inventado especificamente para se livrar das mutações telepáticas?
Eles se encararam.
— Se você está certo... —, disse Seyn. — Se você está certo, é claro que o Conselho não se importaria com pequenos efeitos colaterais, como sentimentos apagados, enquanto as mutações também fossem suprimidas. — Ele se levantou e começou a andar na sala. — Eu sabia que o vínculo era estúpido, mas eu não tinha ideia de que estava realmente estragando meu corpo de diversas maneiras. — De repente, ele parou e girou ao redor, de frente para Harry.
— Você acha que eu posso fazer isso também? Ir para um planeta muito distante como Sol III e livrar-me do meu vínculo com o idiota do seu irmão?
Harry suspirou. Não se sentia bem quando Seyn falava tão mal de seu irmão.
— Eu não acho que é tão simples —, disse Harry. — Se fosse assim, todos, que viajariam para planetas distantes, e quebrariam seus vínculos.
Seyn balançou a cabeça.
— O teletransporte transgaláctico foi melhorado há apenas dezessete anos. Até esse ponto, não poderíamos viajar para tão longe. E você disse que seu vínculo tinha quebrado completamente somente após meses em sua estadia no Sol III. Eu não acho que nenhum Calluvian tenha ficado por tanto tempo em planetas tão distantes. Só você.
Harry teve que admitir que Seyn tinha um ponto. Até muito recentemente, eles não podiam viajar para planetas tão distantes como a Terra usando teletransporte. Seu conhecimento da Terra tinha sido amplamente baseado no que seus planetas aliados que estavam localizados mais perto da Terra sabiam sobre isso, e a informação não havia sido atualizada há muito tempo.
— Você pode quase desaparecer por meses —, disse Harry. — E você não tem ideia de como sobreviver na Terra.
Seyn acenou suas preocupações.
— Se você conseguiu, eu vou me sair bem.
Harry deu-lhe um golpe telepático. — Ei!
Seyn riu.
— Você sabe que estou certo. Estou surpreso que você não tenha se matado ou morrido de fome. Você é tão malditamente ingênuo e amável para o seu próprio bem.
Harry balbuciou.
— Eu não sou. Eu era um humano muito crível. Aprendi a usar uma máquina de fazer café em dez minutos!
Seyn deu-lhe um olhar sem expressão.
— Não tenho ideia do que você acabou de dizer —, disse ele. — Mas mesmo assim. Está decidido: vou ao Sol III— quero dizer, Terra.
Harry suspirou com o olhar de absoluta determinação no rosto de Seyn.
— Você sabe, isso me incomoda, você odiar tanto meu irmão e estar disposto a fazer qualquer coisa para se livrar do vínculo com ele. Por que você não quer se tornar seu Rei-Consorte? É uma grande honra e você realmente será da minha família, finalmente.
A expressão de Seyn suavizou um pouco.
— Harht, não leve isso para o lado pessoal, ok? —, ele disse. — Apenas tente se colocar no meu lugar. Gostaria de ser ligado a vida inteira com alguém tão frio e meio como Ksar? Você sabia que ele nunca sorriu para mim? Nunca! Ele sempre olha para mim como se eu fosse um pequeno inseto irritante sob seus pés. Inferno, ele me ignora na maioria das vezes! Exceto, quando ele me critica por algo—
— Mas—
— E isso não é tudo! —, disse Seyn. — Ele me bloqueia completamente. Você sabe tudo o que as pessoas dizem sobre o vínculo, que é um caminho para a mente do seu companheiro? É uma besteira, no que diz respeito ao nosso vínculo. Ele nunca tocou minha mente. Sempre que tento chegar a ele, deparo-me naquela parede feia e impenetrável que me faz sentir tonto e doente. Por que eu gostaria de ser ligado à essa pessoa?
Harry suspirou. Sim, ele podia entender Seyn. Ksar não era muito afetivo telepaticamente, mesmo com sua família. Seus escudos mentais estavam constantemente levantados e ele nunca deixou ninguém entrar.
— Se você conseguir dissolver seu vínculo, Ksar ficará sem um vínculo novamente —, disse Harry. — Ele está esperando até você atingir a maioridade.
Seyn zombou.
— Não é minha culpa que primeira companheira dele morreu. Garota de sorte.
— Seyn! — Harry disse com repreensão. — A morte não é uma brincadeira.
Seyn disse na defensiva:
— Não estou brincando. A morte é preferível comparado ao destino de ser o companheiro de Ksar. Eu não nasci para isso. Não é minha culpa que Ksar tenha que esperar até eu chegar aos vinte e cinco. Ele é muito velho para mim de qualquer maneira.
— Ele é apenas oito anos mais velho —, disse Harry. — Se você dissolver, ele não terá outras opções. Todo mundo já está comprometido.
Seyn não parecia particularmente simpático.
— Ele sempre pode se ligar a algum pobre bebê e esperar ele até ele crescer. Foi o que eles fizeram comigo, não é?
Harry suspirou e desistiu. Não adianta discutir com Seyn sobre Ksar. E para ser totalmente honesto, Ksar não tornara fácil defendê-lo: ele realmente era extremamente frio com Seyn e critica tudo o que ele faz.
— Tudo bem —, disse Harry. — Bem. Digamos que você tenha encontrado um jeito de chegar à Terra e ficar lá por meses. Vamos dizer que você conseguiu que o vínculo com Ksar fosse dissolvido. O que você vai fazer depois disso?
Seyn olhou-o nos olhos e sorriu.
— Eu não sei. Mas eu serei livre para fazer minhas próprias escolhas. Estarei livre dele. Serei livre para fazer o que quiser.
Harry sentiu uma onda de saudade tão forte que fez dor no peito. Para fazer o que quisesse... Foram 24 dias.
— O que foi isso? — Seyn disse, franzindo o cenho para ele. — Você está bem?
Harry respirou profundamente, tentando se controlar melhor. Ele sabia que ele estava projetando emoções negativas, já fazia dias.
— Eu conheci alguém na Terra —, ele disse, olhando para suas mãos. — Nós nos tornamos... muito próximos. Eu sinto tanto falta dele. — As palavras eram tão inadequadas comparadas com a saudade feia e feroz que estava torcendo e doendo seu interior.
— Oh —, disse Seyn. Ele voltou para o sofá e colocou um braço em torno dos ombros de Harry. Harry inclinou-se para o contato com ansiedade, mas para o seu desapontamento, o conforto físico não fez nada para satisfazer a saudade que estava o correndo de dentro para fora. Ele queria os braços de Louis, e não os de Seyn.
— Espere —, disse Seyn. — Se você não está mais ligado, você pode sentir atração sexual?
Harry sentiu que suas bochechas queimavam. Ele olhou para o rosto ansioso de Seyn.
— Você é desavergonhado. Você não deveria estar se perguntando sobre tais coisas.
— Bah! —, disse Seyn. — No que me diz respeito, é natural. Foi esse vínculo estúpido que nos transformou em seres sem sexo. — Ele franziu o cenho franzido. — Você sabe, estou surpreso que o vínculo nos permite fazer sexo apesar de tudo. Na verdade, se a tecnologia dos úteros artificiais já tivesse sido inventada na época, tenho certeza de que eles nem sequer se importariam em nos devolver a habilidade de fazer sexo.
Harry abriu a boca para dizer-lhe para não ser ridículo, mas ele fechou quando percebeu que Seyn provavelmente tinha razão. O Conselho fez uma única alteração na Lei de Vinculação quinze anos após ela ser introduzida. A cerimônia de ligação aos vinte e cinco anos não estava na lei original. O Conselho provavelmente não esperava que vínculo da infância suprimisse os centros de excitação sexual do cérebro, além de áreas que afetam a telepatia e outros sentidos. Harry agora se perguntou o que o adepto da mente realizava na cerimônia de ligação para restabelecer os centros de excitação sexual do casal sem mudar nada sobre o vínculo. Parecia complicado. A capacidade de sentir a excitação, a única diferença entre o vínculo de infância e o vínculo matrimonial?
— Quase me faz desejar que a tecnologia de úteros artificiais ainda não existisse. — disse Seyn a Harry. — Então eles não me ligariam a outro macho.
Harry revirou os olhos. Claro que era sobre Ksar. Sempre era. Seyn nunca perdia a oportunidade de reclamar sobre seu vínculo com Ksar e a injustiça disso tudo. Quando Harry notou o olhar curioso que Seyn estava lhe dando, ele disse:
— O que?
— É verdade que os seres humanos ainda têm coisas como heterossexualidade e homossexualidade?
Harry assentiu.
— A heterossexualidade é considerada como o padrão por lá.
Seyn fez uma careta
— Isso é uma merda. No entanto, seria ótimo ter opções em vez de ter sexo só com o companheiro. É uma pena que seu vínculo tenha quebrado tão tardiamente e você não teve a chance de explorar sua verdadeira sexualidade sem a besteira do vínculo.
Harry cuidadosamente evitou os olhos de Seyn.
— Talvez devêssemos ir à Terra juntos —, disse Seyn de repente.
O coração de Harry pulou uma batida. Mas ele se forçou a balançar a cabeça. Não iria alimentar suas esperanças.
— Não seja bobo. Ninguém nos deixaria ir. Você acha que não tentei? As viagens aos planetas pré-TNIT são reguladas pelo Ministério dos Assuntos Intergalácticos. Exceções especiais podem ser feitas, mas deve haver uma boa razão. Considerando que o lorde Chanceler de Calluvian é Ksar, boa sorte tentando convencê-lo de que você tem uma boa razão para visitar a Terra.
— Droga. — Seyn olhou para Harry. — Você não pode falar com ele? Ele pode ser um idiota, mas ele é seu irmão.
Harry estremeceu. Ele estava evitando Ksar tanto quanto podia depois que ele tinha voltado para casa. Ksar era muito atento. Ele era um telepata muito forte, e Harry estava com medo que ele notasse a mudança na telepatia de Harry, notar que o vínculo de Harry tinha desaparecido.
— Ksar não irá autorizar se não houver razão boa e racional —, disse Harry. — Então eu nem tentei falar com ele sobre isso depois que meus pais disseram que não.
— Você ainda tem mais chances de convencê-lo do que eu —, disse Seyn. — Pelo menos ele não odeia você.
— Ele também não odeia você, — Harry disse sem convicção. Ele não estava realmente certo de que Ksar não desprezava Seyn: ele definitivamente se comportava da pior forma em torno de Seyn.
— Certo —, disse Seyn com um resmungo. — Você sempre foi um mentiroso terrível. Estou surpreso que os humanos não suspeitaram de nada. Eu acho que você tem sorte de não acreditarem em alienígenas.
Harry tentou sorrir, mas não conseguiu, de repente lembrando sua conversa com Louis sobre alienígenas.
— Alguns pensam que há alienígenas por aí, mas na verdade eles não pensam que se parecem com seres humanos. Eles realmente têm estranhos equívocos sobre alienígenas.
— Os seres humanos se parecem como nós, certo? Posso me passar por um humano?
Harry olhou Seyn criticamente: seus longos cabelos prateados, amplos olhos verdes, nariz reto, boca larga. Seyn era mais alto que a média, seu corpo atlético, mas de alguma forma delicado e gracioso também. Ele era considerado muito bonito pelos padrões de Calluvian. Harry não podia dizer que tinha visto um humano que se parecia com Seyn, mas, novamente, ele tinha visto apenas uma pequena parte da Terra.
— Eu acho que sim —, disse Harry. — Mas não importa. Não vamos para a Terra.
Seyn sorriu.
— Quer apostar?
Harry deveria ter pensando melhor sobre apostar com Seyn sobre qualquer coisa, porque sete dias depois, Seyn lhe enviou uma mensagem que dizia: “Prepare-se e venha até a minha casa às dez horas da noite. Nós estamos indo”.
Harry olhou para a mensagem, seu coração batendo em algum lugar em sua garganta.
Ele estava indo para a Terra.
Chapter Text
Planeta Terra
— Quer vir comigo para o novo pub de Miller? Ouvi boas coisas sobre o lugar.
— Não esta noite, Jake —, disse Louis, com os olhos na tela do computador. — Eu tenho trabalho para terminar.
— Besteira —, disse Jake. — Stanley não poderia te enaltecer o suficiente nesta manhã, disse que você estava à frente de todos os prazos.
Louis continuou a digitar.
— Estou ocupado —, ele disse com voz cortante.
Jake levantou um suspiro.
— Diga-me que você não vai dormir aqui de novo.
— Eu não durmo aqui. Aconteceu só duas vezes.
— Olha, isso não é saudável, cara —, disse Jake. — Primeiro você se recusa a deixar a sua casa, agora você evita isso como uma praga.
Louis não disse nada, mantendo os olhos na tela do computador.
Houve um silêncio tão longo que ele começou a pensar que Jake tinha deixado.
— Já faz meses —, disse Jake calmamente. — Ele não vai voltar. Louis apertou o queixo e não disse nada.
— Apenas aceite e siga em frente.
— Eu aceitei —, Louis disse, muito uniformemente. — É por isso que estou aqui. Trabalhando.
— Você não está trabalhando, Louis. Você está trabalhando sozinho e solitário. Até o final do ano, você ficará rico ou morto de exaustão. Não tenho certeza sobre o que é mais provável neste momento. — Jake fez um som irritado. — Esqueça esse garoto. Ele saiu sem dizer adeus. Ele é um merda ingrato...
— Saia —, disse Louis.
— Vamos, cara, você sabe que estou certo...
— Saia —, disse Louis novamente. Sua voz devia ter soado desagradável, porque Jake se encolheu e saiu sem dizer outra palavra.
Quando a porta se fechou atrás dele, Louis recostou-se na cadeira e passou uma mão pelos olhos cansados. Jake estava certo: ele estava sobrecarregado. Mas o trabalho era bom. O trabalho mantinha sua mente ocupada.
Louis apertou a ponte do nariz.
Caralho.
Faz quase dois meses. Quanto tempo mais ele iria se sentir como um merda? Parar de sentir um merda sobre alguém que aparentemente não existia.
Ainda era difícil acreditar que tudo o que Harry lhe havia dito era uma mentira, mas os fatos não mentiam: Harry Calluvianen não existia. Quase fez Louis pensar que Harry tinha sido um produto de sua imaginação. Exceto que ele não era o único que tinha visto Harry. Ele era real. Ele tinha sido real.
O pensamento trouxe uma dor familiar ao peito. Apesar de sua raiva, ele ainda não podia descartar a possibilidade de que algo poderia ter acontecido com Harry. As pessoas não desaparecem simplesmente, especialmente sem levar seu passaporte e posses.
Jake continuou a dizer-lhe para deixar para lá, continuava a dizer-lhe que Harry era um merda ingrato por desaparecer assim. Louis desejou poder seguir esse conselho, mas o problema era que ele não podia acreditar completamente. Depois de sua ira e dores iniciais, Louis pensou sobre seu relacionamento com cuidado e não podia acreditar que Harry, seu sincero, doce e inocente Harry, era realmente uma pessoa tão má.
Jake tinha zombado quando Louis lhe disse isso.
— Sincero? Inocente? Ele mentiu até mesmo sobre o nome dele! Vamos, eu sei que você ficou encantado com ele, mas certamente não pode ser tão cego. Ele era uma raposa fingindo ser um coelho, e você caiu.
Jake estava certo. Racionalmente, Louis sabia disso. Irracionalmente, ele continuou pensando sobre o modo como Harry sorriu para ele, do jeito que ele abraçou nele, do jeito que ele tremia sob seu toque, da maneira como ele respondeu aos beijos dele, sua boca ansiosa, doce e tão fodidamente inocente. Uma pessoa poderia mentir, mas a linguagem corporal não podia.
Ou ele estava apenas se iludindo?
Provavelmente. Porque nenhuma explicação fazia sentido. Louis mesmo considerou a possibilidade de Harry ter saído porque sentia-se culpado por enganar sua noiva, mas isso não explicaria o passaporte falso e nenhuma identidade. Sem mencionar que Harry não teria assado um bolo para ele.
O bolo ainda estava quente quando Louis chegou em casa. Tinha sido a coisa mais irritante. Ele podia literalmente sentir o shampoo de Harry no ar, como se Harry estivesse lá.
Jake revirou os olhos toda vez que tentava argumentar que Harry não poderia ter saído por vontade própria.
— A menos que ele tenha sido sequestrado por alienígenas, não há desculpa para ele. Pare de ser tão cego, cara! Pare de arranjar desculpas para o pequeno imbecil. Esqueça sobre ele. Há muitos peixes no mar. Que diabos, eu nem te reconheço mais.
Sim, Jake estava certo.
Ele tinha que ser realista. Harry era um mentiroso. Tudo o que ele tinha feito era uma mentira. Harry — se o nome fosse mesmo Harry — tinha saído e ele não queria ser encontrado.
Talvez fosse hora de seguir em frente.
Chapter Text
Harry normalmente uma pessoa bastante suave, mas depois do mês passado, ele estava muito tentado a estrangular Seyn. Os pés inchados, as pernas doloridas, e ele se sentia grosseiro.
— Como eu deveria saber que esse estúpido planeta era tão estupidamente grande?
Harry não disse nada e continuou caminhando. Não era a primeira vez que Seyn tinha se defendido mesmo que Harry nunca o tivesse culpado em voz alta.
Ele não precisava, considerando o fato de ter andado por dias do Porto de Grimsby a Londres.
Foi imensamente frustrante que eles haviam desperdiçado um mês inteiro tentando fazer o seu caminho de Los Angeles para Londres. Para ser justo — e Harry queria ser justo — Harry sabia que era em parte sua culpa que ele não tivesse dado a Seyn a localização exata, assumindo que Seyn diria a seu amigo do planeta Touscsse para teletransportá-los para Londres. Mas, claro, Seyn não tinha pensado nisso. Como Seyn sabia que Los Angeles estava a meio planeta longe de Londres? Seyn também não tinha ideia de que seria problemático viajar para a Terra sem documentos e dinheiro terráqueo. Nunca tendo estado em nenhum planeta pré-TNIT, Seyn estava equivocadamente agindo e achando que os terráqueos ainda estavam presos em algum tipo de Idade Média.
Se ao menos Harry não tivesse assumido que Seyn cuidaria dos aspectos práticos. Mais de uma vez, Harry desejou que ele tivesse seu celular ou, pelo menos, lembra-se o número de Louis. Mas, novamente, ele não tinha certeza de que ele teria a coragem de chamar Louis, mesmo que pudesse.
— Estamos quase lá, de qualquer maneira —, disse Seyn, consultando o mapa na mão.
— Nossos pais vão nos matar —, disse Harry.
Seyn encolheu os ombros descuidadamente.
Harry disse a si mesmo para manter a calma. Eles estavam viajando por dias, e ambos estavam cansados e irritados. Brigar não ajudaria em nada.
Mas, claro, Seyn não estava preocupado com a ira de seus pais. Seyn tinha seus pais envolvidos em torno de seu dedo mindinho. Seyn sempre conseguia se safar dos seus problemas.
— Ksar vai nos matar —, disse Harry.
Isso finalmente fez com que Seyn parecesse um pouco apreensivo. Mas não durou muito.
— Que Ksar vá para o inferno —, disse Seyn. — No momento em que ele nos encontrar, não vai mais importar. Eu mal posso sentir o vínculo. — Ele sorriu, parecendo extremamente satisfeito. — Nosso vínculo nunca foi forte; não deve demorar muito agora. De qualquer forma, pare de se preocupar.
— Fácil para você dizer —, Harry murmurou, deixando cair o olhar.
Seyn bateu o ombro contra o Harry.
— Pare de pensar nisso. O que está feito está feito. Não é como se você gostasse de mexer com as mentes desses seres humanos.
Harry estremeceu.
— Mas ainda assim, fiz isso —, ele disse calmamente. Ele não se sentia bem por ter usado sua telepatia para enganar aqueles humanos em Nova York para deixá-los embarcar em seu navio. A escolha de um navio como meio de transporte para a Inglaterra tornou Harry infeliz o suficiente. Se ele tivesse que usar sua telepatia em seres humanos, ele preferiria usá-lo para entrar em um avião, mas Seyn tinha sido inflexível que ele não confiava “nessas coisas desatualizadas” para não bater e ele morrer.
— Não tivemos escolha —, lembrou Seyn.
Isso era verdade. O comunicador de Seyn não funcionava em longas distâncias, o que significava que não podiam enviar mensagem para o amigo de Seyn em Touscsse para que o ele pudesse teletransportá-los para a localização correta. Eles não tinham dinheiro e nem documentos terráqueos. A única escolha era a telepatia.
Não deu certo.
— Você poderia ter usado sua telepatia para nos levar a Londres —, murmurou Seyn. — Eu nunca andei tanto na minha vida.
Harry olhou para ele.
Seyn teve a decência de corar.
— Apenas dizendo!
— Eu odiei, — disse Harry. — Não vou fazer isso de novo.
— Pessoalmente, não acho que seja um grande problema —, disse Seyn. — Você não machucou ninguém. Nós apenas conseguimos um passeio grátis nesse navio. Tem espaço suficiente para centenas de pessoas.
— Isso é só o começo.
Seyn bufou.
— Não me lembro de você estar tão preocupado com a privacidade de outras pessoas quando você usou sua ligação familiar na sua irmã para ler a mente dela. Não foi por isso que seus pais o baniram para a Terra?
Harry corou.
— Eu estava curioso! E é diferente. Não se trata de privacidade. É sobre o livre arbítrio. Não é bom manipular seres sensíveis para fazer algo. Você quer que alguém mexa com sua mente e faça você fazer alguma coisa?
Seyn estremeceu.
— Ugh. Você está certo. Desculpe. — Ele deu uma olhada longa a Harry. — Você não é mais um telepata Classe 1. Você percebe isso, certo?
Harry franziu os lábios e assentiu.
— Você tem certeza de que seu amigo não esquecerá de nos contatar no prazo de três meses?
Seyn notou claramente a mudança no assunto, mas não comentou sobre isso.
— Você acha que sou idiota, Harry?
Harry sorriu um pouco. Pelo menos algum bem tinha vindo de toda a provação: Seyn tinha acostumado a chamá-lo de Harry. Eles não haviam se incomodado em dar a Seyn outro nome, achando que seu nome parecia humano o suficiente.
— Não —, disse Harry. — Mas acho que você é muito impulsivo e um pouco irresponsável.
— Irresponsável? Eu? Pelo menos eu não fugi de casa porque queria ver algum humano —, disse Seyn com um olhar aguçado.
Harry desviou o olhar. Claro que Seyn estava certo. Enquanto Seyn tinha uma razão bastante razoável para vir para a Terra — ele queria livrar- se de seu vínculo indesejado — a razão de Harry não era racional, no mínimo.
Ele só queria ver Louis.
Ele sentia falta de Louis terrivelmente, de uma maneira que ele nunca sentiu em relação a ninguém na vida dele. Se ele for honesto, esse atraso de um mês o frustrava tanto não porque ele tinha medo da ira de seus pais, mas porque fazia dois meses que ele tinha visto Louis. Atrasar por uma razão tão trivial quando ele estava tão perto foi imensamente frustrante.
Não ajudava que quanto mais tempo se passava, mais inseguro Harry se sentia. Dois meses era muito tempo. E se... e se Louis não quisesse vê-lo? E se ele estivesse bravo?
E se Louis tivesse se esquecido dele?
— Estou tão curioso sobre esse humano agora —, disse Seyn. — Eu não entendo por que você está tão apegado a ele.
Harry imaginava estar fisicamente ligado a Louis — tão forte que não havia espaço entre eles — e sentiu uma doce dor se espalhar por seu corpo.
Harry corou, percebendo que estava sentindo ansiedade sexual além do emocional.
— Ele foi muito gentil comigo —, Harry disse embaraçosamente. Ele ainda não conseguiu dizer a Seyn toda a verdade. Estando vinculado, Seyn não entenderia de qualquer maneira.
— Certo —, disse Seyn. — Não deve demorar muito agora. Nós estaremos lá antes do pôr-do-sol.
Os batimentos cardíacos de Harry aceleraram com pensamento de ver Louis em breve. Louis, que exigiria explicações, e com razão.
Como ele explicaria seu desaparecimento? Como ele ia explicar onde ele estava? E como ele ia explicar a presença de Seyn?
Louis iria deixar ele explicar?
Chapter Text
A Terra não era como Seyn imaginara. Por um lado, havia tantas pessoas. Era raro ver um planeta tão densamente povoado nestes dias, já que a maioria dos planetas tinha múltiplas colônias.
O que também era extremamente raro era ver seu melhor amigo como um náufrago ansioso. Harry sempre foi a pessoa mais positiva e relaxada que Seyn conhecia. Mas ele ficara irreconhecível quando pegaram o elevador para o apartamento de seu amigo humano: Harry estava incrivelmente tenso, seu corpo rígido e ele estava mordendo seu polegar — um hábito de infância que costumava aparecer quando Harry estava extremamente nervoso e um que Seyn não tinha visto em anos.
— Acalme-se —, disse Seyn, tentando projetar tranquilidade. — O que aconteceu para você estar nervoso? É apenas um ser humano.
— Não seja tão xenófobo —, disse Harry com uma expressão desaprovadora, o que Seyn já esperava. Harry precisava da distração.
— Eu simplesmente não entendo por que você está tão nervoso —, disse Seyn com um encolher de ombros.
E ele realmente não entendia. Harry tinha sido estranhamente secreto sobre esse Louis, não quis compartilhar muito, o que era estranho para caralho. Normalmente, ele não calava a boca sobre coisas que ele gostava.
Era por isso que Seyn estava ficando cada vez mais curioso sobre esse humano.
Finalmente, as portas do elevador se abriram e Harry dirigiu-se para a porta à direita.
Seyn seguiu, olhando seu amigo com crescente preocupação. Harry estava irradiando tanta ansiedade que estava começando a afetá-lo também. O que tinha de errado com ele?
Harry respirou fundo e bateu na porta. Sua mão realmente estava tremendo ou era a imaginação de Seyn? De qualquer forma, ansiedade e excitação estavam desenrolando em ondas tão fortes que Seyn deu um passo involuntário para trás, desconfortável.
Finalmente, a porta se abriu.
Seyn olhou com interesse para o ser humano do outro lado. Ele era alto e classicamente bonito, com olhos escuros interessantes, sua mandíbula reta e masculina. Ele era adorável só de olhar — ou seria, se não fosse pelos círculos escuros sob seus olhos.
O humano ficou rígido quando viu Harry. Ele nem sequer olhou para Seyn. Seus olhos escuros se concentraram em Harry.
— Olá —, Harry disse, sua voz tremendo.
Seyn olhou para ele com surpresa. Mas Harry também não olhou para ele, seus olhos absorvendo o humano com avidez, quase desesperadamente.
O humano olhou para Harry pelo que pareceu uma eternidade, sua mandíbula apertada.
— Então você está vivo. É bom saber. — Seu tom era frio e duro.
Harry parecia positivamente esmagado.
— Louis —, ele disse, em um tom quebrado.
O homem xingou em voz baixa, agarrou Harry e esmagou-o contra seu peito.
E Harry... Harry absolutamente derreteu nos braços do homem com um som alto e chorando.
Seyn olhou fixamente.
Ele observou com confusão enquanto Harry se apegava ao humano, fazendo pequenos ruídos felizes quando o humano acariciou seu cabelo e murmurou algo na orelha de Harry.
Ele observou as mãos do homem acariciar Harry dos ombros a parte inferior das costas de Harry. Harry praticamente ronronou.
Seyn limpou a garganta.
— Um, olá?
O humano — Louis endureceu e ergueu a cabeça de onde ele estava acariciando o cabelo de Harry. Ele olhou pelo ombro de Harry para Seyn.
— Quem é esse? —, disse Louis.
— É apenas Seyn —, murmurou Harry, sua voz abafada pela camisa humana.
— E quem é Seyn? —, Louis disse seu olhar viajando por Seyn de forma avaliativa.
O olhar fez Seyn ficar um pouco desconfortável. Seyn sempre foi mais um empático do que um telepata. Ele podia sentir ondas de hostilidade saindo do humano sem sequer tentar ler sua mente.
— Ele é meu amigo de infância —, disse Harry. Seyn assentiu.
— Eu vou ficar com Harry aqui por um tempo.
As sobrancelhas de Louis se juntaram.
— Desse jeito? E quem disse que Harry é bem-vindo para ficar aqui?
Seyn pensou que era uma coisa ridícula a dizer quando o cara estava abraçando Harry de forma bem apertada.
Harry suspirou. Ele finalmente parou de se agarrar ao humano e deu um passo atrás.
— Desculpe por sair assim —, ele disse suavemente, pegando a mão do ser humano e olhando-o nos olhos. — Eu senti muito sua falta.
Uma certa emoção atravessou o rosto de Louis antes de fechar.
— Vamos conversar na cozinha. — Ele olhou para Seyn brevemente. — Você pode esperar na sala de estar.
Seyn assentiu e os seguiu para dentro do apartamento. Ele mergulhou no sofá, satisfeito em esperar. Ele não gostaria de estar no lugar de Harry agora. Seu amigo tinha muitas explicações a dar, e não apenas a Louis.
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Harry observou a distância entre ele e Louis — eles estavam muito separados para o seu gosto — antes de se concentrar no rosto de Louis. Era impossível de ler.
Louis disse secamente:
— Fale.
Harry mordeu o lábio.
O olhar de Louis foi para sua boca por um momento antes que Louis olhasse de volta em seus olhos.
— Estou esperando.
— Eu não sei o que te dizer —, admitiu Harry.
— A verdade seria uma boa ideia —, Louis disse secamente.
Se ele pudesse dizer a Louis a verdade, ele teria feito isso há séculos atrás.
Interpretando corretamente o olhar miserável no rosto de Harry, Louis bufou.
— Certo. — Ele passou a mão pelo cabelo e se virou os ombros e as costas tensos de frustração.
— Harry é mesmo o seu nome? —, Ele disse finalmente. O coração de Harry pulou uma batida.
— Sim —. Para todas as intenções e propósitos, ele era Harry. Até seus pais e melhor amigo o chamavam de Harry agora.
— Harry Calluvian não existe —, Louis disse categoricamente.
O estômago de Harry caiu. Então Louis sabia que seu passaporte era falso.
— Importa-se de explicar isso? — Louis disse. — Aparentemente, você não existe. — Quando Harry não disse nada, Louis riu. — Tudo que você me contou era uma mentira?
— Não! — Harry disse, dando um passo à frente. Ele desejou poder contar tudo a Louis, mas ele e Seyn já teriam muitos problemas por sua viagem não autorizada a um planeta pré-TNIT. Se eles quebrassem mais algumas leis, até mesmo suas posições sociais não os salvariam. Não havia como esconder nada do Ministério: havia Dalvars — uma espécie que podia detectar mentiras — trabalhando para o Ministério e eles saberiam se Harry tentasse mentir sobre isso.
— Seu passaporte é falso, Harry.
— Sim, mas... eu juro, eu não sou um criminoso ou algo assim! Eu simplesmente não pude usar meu nome verdadeiro aqui.
Louis não disse nada, ainda de costas para ele.
— Por favor, acredite em mim. — Harry caminhou até Louis e tocou seu braço timidamente.
— Não —, Louis rosnou. — Eu não posso pensar quando você me toca.
Suspirando, Harry encostou a bochecha contra as costas de Louis e murmurou:
— Se eu pudesse dizer a verdade, eu diria, mas não posso. É maior do que eu. Maior do que nós. Eu quebrarei várias leis internacionais se eu fizer isso.
Louis deu uma risada dura.
— Você parece um agente secreto em um filme de espionagem ruim.
Harry sorriu.
— Eu seria um agente secreto horrível.
Louis deu um suspiro, seus músculos relaxaram um pouco.
— Você tem que me dar alguma coisa, Harry.
— Eu fui embora porque meus pais me mandaram de volta. Eles não me deram tempo para dizer adeus. Tentei convencê-los a me deixar falar com você, mas foi inútil.
— Então você estava em casa todo esse tempo? — Louis disse. — Sim.
— Com a sua noiva —, disse Louis sem qualquer inflexão. Harry franziu a testa.
— Não. Ela está em um colégio interno.
Silêncio.
Finalmente, Louis virou-se. Ele olhou Harry no olho e disse:
— Ela ainda é sua noiva? — A respiração de Harry travou em sua garganta. Ele hesitou, não sabia como responder à pergunta, não tinha certeza de qual era a resposta. Por um lado, não havia mais ligação. Por outro lado, ele não falou com Leylen'shni'gul ainda. Até que ele falasse com ela, ele não poderia responder a Louis. Para não mencionar que seus pais assinaram um contrato de noivado em seu nome. Mesmo que o vínculo não existisse mais, legalmente ele não estava livre. Harry encolheu os ombros um pouco. Os olhos de Louis escureceram.
— Por que você voltou, Harry?
— Eu... eu senti sua falta, — Harry disse, um pouco tímido e confuso. Não era óbvio? Ele já tinha dito a Louis.
— Mas você ainda tem uma noiva te esperando em casa. — Louis disse, e havia algo muito feio em seu tom de voz, algo desagradável que Harry quase podia sentir. Apesar de seus escudos mentais estarem fechados.
— Você não se sente culpado por sentir minha falta enquanto você tem uma noiva?
— Não é o que você pensa, — Harry disse hesitante. — Você não entende.
— É isso mesmo, — Louis disse. — Eu não — Eu não entendo quem é você ou por que você está aqui, e você sabe a pior parte? — Ele riu sem humor. — Uma parte de mim não se importa. Eu quero manter você aqui, com todas as suas mentiras e meia-verdades. — Ele inclinou a testa contra Harry, suas mãos prontas para tocar o rosto de Harry — Que merda você fez comigo? Eu deveria chutar você daqui. Eu deveria chamar a polícia. Eu não deveria continuar querendo você. — Harry mal registrou suas palavras, um calor se espalhou pelo meio de seu corpo, delicioso e doce. Depois de meses de distância, ter Louis tão perto era esmagador.
— Você está tremendo, — Louis disse, seus dedos acariciando o rosto de Harry, o pescoço, fazendo Harry se arrepiar com cada toque na sua pele. — Olhe para você, — Louis disse, uma rouquidão em sua voz. — Devo acredito que você tem uma noiva? Você é meu.
Harry não podia falar, inclinando-se para o toque de Louis, ele precisava—
— Não —, Louis disse contra seu ouvido, sua respiração dura e irregular. — Não agora. O seu amigo está esperando na sala de estar. — Ele retirou suas mãos de Harry e deu um passo para trás. Harry olhou para ele longamente. Então, suas palavras, finalmente, registraram-se. Certo.
Seyn. Ele esqueceu-se completamente dele. Louis empurrou as mãos no bolso de seu moletom.
— Falando no seu amigo —, disse ele, limpando a garganta um pouco. Ele parecia irritado, mas quando Harry olhou para baixo, ele podia ver Louis ajustar o inchaço em seu moletom. Harry lambeu os lábios.
— O que tem o Seyn?
— O que ele está fazendo aqui? — Louis disse.
— Seyn me ajudou a fugir de casa, — Harry disse antes que ele pudesse parar a si mesmo, sua mente ainda confusa de desejo. Louis deu- lhe um olhar estranho.
— Você fugiu de casa? Por que você precisou fugir? — Ele endureceu de repente, seus olhos transformando-se em mais frio. — Harry, a sua família é... abusiva?
— Não! — Harry disse rapidamente. — Meus pais são só... muito tradicionais. Eles realmente querem que eu case com a minha noiva, e eu não quero. — Harry baixou seu olhar olhando para Louis sob seus cílios. — Eu quero estar com você, durante o tempo que eu puder. Posso? — Uma mistura de conflitantes emoções tremeluzira no rosto de Louis.
— Durante o tempo que você puder? — ele repetiu, sua expressão ficou em branco. Harry estremeceu, mas ele estava determinado a ser honesto sobre isso.
— Eu quero ficar, mas... — O amigo de Seyn tinha removido seus chips identificação e substituiu-os com temporários para que apenas ele poderia contatá-los e teletransportá-los de volta para casa, se quisessem ir para casa. Que era a precaução que Seyn tinha deixado de reserva. Mas isso não significa que eles não seriam encontrados de qualquer maneira. — Eu não posso te dizer mais do que isso. — Harry olhou nos olhos de Louis — Eu sei que não é o suficiente. Eu entendo se você não confiar mais em mim. Se você quer que eu vá, eu irei.
A mandíbula de Louis contraiu. Ele olhou para Harry antes de repente, puxá-lo para perto, inclinar-se para baixo, e chupar seu pescoço, sua boca quente e possessiva.
— Você não vai a lugar nenhum — ele disse duramente antes de sair da sala. Harry olhou para as costas dele, sem fôlego.
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Louis pediu pizza, porque não havia nada comestível na cozinha. Ele mal tinha estado lá desde o desaparecimento de Harry, preferindo pedir comida e comer na sala de estar. Ver sua cozinha vazia — ver todos os pequenos aparelhos desnecessários que Harry insistira em comprar — o deixava terrivelmente zangado. Então ele evitara a cozinha como uma peste.
Mas agora Harry estava de volta.
Harry estava de volta.
Louis mal conseguia tirar os olhos dele enquanto comiam suas pizzas. Ele tinha que ficar lembrando a si mesmo que Harry não era tão inocente e genuíno quanto parecia, que ele não deveria perdoá-lo tão facilmente. Mas ele não conseguia parar de olhar, ávido, insaciável ao vê-lo.
Seus olhos se encontraram do outro lado da mesa, e Harry sorriu para ele, suas maçãs do rosto ficando um pouco rosadas. Louis queria beijá-las, depois lamber a boca rosada até que Harry estivesse tremendo de novo e fazendo aqueles barulhinhos.
— Mmm, esta é a melhor coisa que eu comi aqui! Por que você não me contou sobre pizza? — Seyn disse antes de dar outra mordida na pizza e gemer apreciativamente.
O nariz de Harry se enrugou.
— Porque eu vi pessoas na TV dizendo que é insalubre comer isso.
Louis observou-os com espanto. Ele achava que o estranho esquecimento de Harry sobre tantas coisas óbvias era apenas uma peculiaridade dele, mas seu amigo parecia compartilhar da mesma coisa. Seyn era tão estranho quanto Harry.
E assim como Harry, ele parecia um personagem que tinha escapado de um conto de fadas da Disney. Ele era etereamente lindo, com uma pele estranhamente branca, longos cabelos prateados e profundos olhos verdes. Ele parecia um príncipe louco. Havia também algo... fora de sua aparência. Não era a cor do cabelo; Seyn não era o primeiro cara que Louis tinha visto, que tinha tingido seu cabelo em cores estranhas. Não, era outra coisa. Alguma qualidade que Harry também tinha.
— Então, quanto tempo você vai ficar aqui? — Louis disse, olhando para Seyn.
Seyn fez uma pausa no meio da mastigação. Ele trocou um longo olhar com Harry. Quase parecia que eles estavam se comunicando sem falar. Eles deveriam ser muito próximos.
— Espero que esteja tudo bem se eu ficar com vocês até que eu encontre um emprego —, disse Seyn e tomou um gole de chá.
Louis suprimiu um suspiro. Seria impossível para ele responder negativamente sem parecer um idiota. Esse cara não era tão socialmente sem noção quanto Harry costumava ser.
— Você terá que dividir o quarto com Harry —, disse Louis. — Não tem espaço sobrando. A menos que você queira dormir no sofá.
— Ele pode ficar no meu quarto —, disse Harry, olhando para Louis sob seus cílios. — Eu posso dividir com você.
Louis molhou os lábios e deu um aceno de cabeça.
Harry baixou o olhar novamente.
Enquanto isso, Seyn engasgou com o chá e começou a tossir, os olhos arregalados como pires.
— Você vai dividir a cama com Louis? —, ele disse, olhando para Harry como se tivesse crescido nele uma segunda cabeça.
Harry olhou sua pizza como se fosse à coisa mais interessante do mundo.
— Eu prefiro dividir uma cama com Louis do que com você. Você nem sabe abraçar.
Seyn olhou para ele com um olhar vagamente escandalizado. Louis teria rido se não estivesse ocupado tentando não mostrar o quanto a mera ideia de Harry dormindo em sua cama o afetava. Dormir. Certo.
— Ok —, disse Seyn, dando a Harry o olhar — Vamos conversar depois.
— Então, há quanto tempo vocês se conhecem? — Louis disse, tendo pena de Harry, que parecia prestes a explodir em chamas. Não deveria ter sido tão cativante. Cristo, era fodidamente impossível ficar com raiva daquele rosto.
— Desde de sempre —, disse Seyn, fazendo Louis recuar e tirar os olhos de Harry.
Quando ele olhou de volta para Seyn, ele o encontrou estudando-o com curiosidade.
Certo. Ele havia feito uma pergunta a Seyn.
— Sério? — Louis disse, depois de limpar a garganta.
— Nossos pais são velhos amigos e o irmão mais velho dele é meu noivo, então fomos forçados a nos socializar —, disse Seyn. Ele sorriu. — Se não estivéssemos, eu não teria sido amigo de um bolinho tão ingênuo. Estou surpreso que ele não tenha sido morto enquanto estava sozinho por aqui.
— Eu não sou tão terrível —, Harry disse com um beicinho. — Pare de exagerar.
— Espere —, disse Louis. — Seyn está noivo do seu irmão? Você me disse que eu era a primeira pessoa gay que você conheceu.
Os olhos de Harry se arregalaram. Ele trocou um olhar de pânico com Seyn.
— Eu não sou gay —, disse Seyn. — Eu sou... eu sou bissexual.
— Demissexual! — Harry disse ao mesmo tempo.
Eles se encararam.
Louis sorriu sem alegria.
— Vocês deveriam ter feito um esforço para coordenar suas histórias.
Harry colocou o rosto nas mãos e gemeu.
— Eu não menti para você —, ele murmurou em suas mãos. — Você é realmente a primeira pessoa homossexual que eu já conheci. A sexualidade de Seyn é... complicada. — Ele espiou Louis entre os dedos. — Você está com raiva de mim, não é?
Ele deveria estar. Mas apesar das mentiras descaradas de Harry, elas não pareciam maliciosas — ou talvez Louis fosse um péssimo juiz de caráter.
— Claro que estou com raiva —, disse Louis. Ele estava, mas principalmente de si mesmo por não estar com raiva o suficiente. Ele podia não estar tão bravo com Harry quanto às mentiras constantes, porque ele realmente merecia, mas isso não significava que estava tudo bem. Porque não estava bem. Parte dele não podia acreditar que ele estava pronto para perdoar Harry tão facilmente. Se fosse qualquer outra pessoa, ele teria falado para ela ir se foder. Ele não teria nem mesmo deixado entrar em seu apartamento.
O rosto de Harry entristeceu.
— Oh pelo amor de... Ele não te odeia, Harry! — disse Seyn, ficando de pé com um bufar exasperado. — Eu não entendo porque você fica tão estúpido com esse cara. — Ele fingiu bocejar. — De qualquer forma, estou cansado. Mostre-me seu quarto? — Ele disse, lançando um olhar significativo para Harry.
Harry nem sequer olhou para ele, seus olhos ainda em Louis. — Você realmente não me odeia?
— Harry —, disse Seyn impaciente.
— Eu não odeio —, disse Louis e suspirou. — Vá. Mostre-lhe seu quarto, bebê.
O rosto de Harry se iluminou.
— Eu ainda sou seu bebê?
Louis sorriu, lembrando-se da insistência inflexível de Harry em ser seu único bebê, o que quer que isso significasse.
— Se você quiser ser.
Harry estava fora de sua cadeira e em seu colo em um instante.
— Eu quero —, ele murmurou no ouvido de Louis, seu corpo pressionando firmemente contra Louis. — Quero ser seu bebê. Sempre.
Louis sentiu o corpo endurecer em resposta. Ele puxou Harry de forma mais apertada para ele e tocou a pele macia sob sua orelha, cheirando-o. Porra, ele não podia ficar bravo com ele.
Harry soltou um suspiro feliz.
— Eu senti tanta falta disso —, disse ele, sua voz crua de honestidade. — Seus braços em volta de mim. Você.
— Sim —, Louis murmurou. Porra, ele sentiu falta disso. O cheiro de Harry, o jeito que ele se encaixava no corpo de Louis, a mistura inebriante de desejo e adoração que enchia seu corpo sempre que eles se tocavam: ele sentia falta de tudo isso.
Harry enterrou os dedos no cabelo de Louis, empurrando a boca de Louis para mais perto de seu pescoço, sua respiração entrecortada. Louis afundou os dentes na pele de Harry, sugando suavemente. Harry engasgou e inclinou a cabeça para o lado, dando-lhe melhor acesso, seus dedos percorrendo os bíceps de Louis para cima e para baixo enquanto Louis cobria seu pescoço em marcas. Harry. Seu bebê, seu anjo, seu ser humano favorito, seu lindo menino.
Um som estrangulado fez Louis lembrar que eles tinham uma plateia.
Enrijecendo, Louis olhou por cima do ombro de Harry, a boca ainda pressionada no pescoço delicado de Harry.
Seyn estava olhando para eles, de olhos arregalados. — Harry —, disse Seyn. — Um momento.
Harry não se moveu do colo de Louis.
— Agora —, disse Seyn.
Harry olhou para Louis com saudade.
— Harry! — Seyn gritou. — Eu preciso falar com você. Agora.
Harry suspirou e saiu do colo de Louis.
— Eu volto logo —, disse ele, seus olhos suaves e vidrados.
Louis acenou com a cabeça, observando-os ir e suprimindo o desejo paranoico de agarrar Harry e nunca o deixar fora de sua vista.
Ele caiu de volta em sua cadeira e suspirou. Pelo amor de Deus, Harry estava indo para outra sala.
Louis olhou para o relógio. Estava se aproximando rapidamente da meia noite e ele tinha que acordar cedo amanhã. Um banho parecia uma boa ideia enquanto Harry estiver falando com seu amigo.
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— Você está louco? — Seyn disse assim que entrou no antigo quarto de Harry. — Se eu soubesse sobre isso, eu nunca teria trazido você para a Terra comigo. — O estômago de Harry cambaleou nervoso. Ele cruzou os braços sobre seu peito.
— Eu não sei do que você está falando. — Seyn deu-lhe um tapa telepático. Harry apertou seus escudos mentais e olhou para ele. Seyn olhou de volta.
— Não brinque comigo. O que está fazendo, Harry? — Harry evitou seu olhar.
— Eu não sei o que você quer dizer.
— Certo. — Seyn suspirou. — Você sabe que é impossível. Não importa quão próximo você está desse humano, você nunca será autorizado a ficar com ele. Você nunca será autorizado a ficar aqui. Nós não temos permissão para ficar indefinidamente em planetas Pré-TNIT.
— Ninguém sabe onde estamos, exceto o seu amigo, — Harry disse.
— Não seja bobo. Eles podem não saber agora, mas, eventualmente, eles vão descobrir. — Seyn balançou a cabeça, olhando para ele com tanta pena que o estômago de Harry se transformou em nós. — Não fique muito ligado a ele, Harht. Tente manter uma distância razoável. Você já é demasiado carinhoso com ele. — Seyn olhou para ele. — Era realmente necessário se sentar no colo dele e deixar ele beijar o seu pescoço? É outra mania humana que não estou ciente? — Harry piscou. Seyn realmente não percebeu que seu relacionamento com Louis era bem menos que platônico? Ele era realmente tão alheio? Era difícil de acreditar. Mas, novamente, Seyn estava ligado, e as áreas de seu cérebro responsável por atração sexual foram suprimidas pela ligação. Seyn não tinha experiência quanto à sexo e relacionamentos. Seyn não tinha ideia de como era sentir atração. Talvez ele não pudesse reconhecer. Harry quase o invejava. As coisas eram muito mais fáceis quando seu corpo não se comportava de modo estranho, atraído por Louis como um ímã. Ele tinha se viciado no toque de Louis e de ser foco da atenção de Louis muito tempo antes de a sua conexão quebrar, mas agora era muito pior. Agora havia outra dimensão de seus sentimentos, que era mais difícil de suprimir.
— Prometa que você vai colocar alguma distância entre vocês, — Seyn disse, olhando para ele atentamente.
— Eu prometo —, Harry disse, sentindo-se como o pior tipo de mentiroso. Ele iria tentar o seu melhor, mas ele sabia que ele era muito fraco quando Louis estava em cena.
Para alívio de Harry, Seyn mudou o assunto. Seyn passou a próxima hora perguntando a Harry sobre costumes humanos e outras coisas que Louis tinha mencionado que o confundiram. Finalmente, depois que pareceu uma eternidade, ele deixou Harry ir.
Harry tomou uma rápida chuveirada no banheiro privativo e vestiu roupas limpas, feliz ao descobrir que Louis não tinha retirado as roupas de Harry do guarda-roupa. No momento em que ele deixou seu velho quarto, o resto do apartamento já estava escuro.
Harry empurrou a porta do quarto de Louis e entrou. Louis havia deixado as janelas abertas e a luz da Lua iluminava o quarto. Juntamente com a visão superior de Harry, ele podia ver tudo perfeitamente.
Louis estava dormindo, seu peito subia e descia uniformemente. Ele estava apenas de cueca. Harry moveu seus olhos para longe da protuberância na cueca o mais tranquilamente possível. Ele estava um pouco decepcionado que Louis estivesse dormindo, mas talvez fosse melhor. Ele não tinha certeza de que poderia manter a promessa feita a Seyn se Louis estivesse acordado e eles continuassem de onde pararam.
Harry deslizou para a cama e rolou para seu lado, de frente para Louis. Ele olhou para o bonito perfil de Louis e sentiu sua garganta fechar. Louis era humano. Na escuridão e no silêncio da noite não havia como escapar desse fato. Louis era humano. E Harry não era. Harry podia odiar, mas as preocupações de Seyn eram válidas. Seu relacionamento com Louis tinha uma data de vencimento. Ele não seria capaz de ficar na terra indefinidamente. Mais cedo ou mais tarde, ele e Seyn seriam deportados. Sua família nunca iria deixá-lo ficar com Louis mesmo se o Ministério não estivesse em cena. Seus pais nunca iriam aprovar ou aceitar seu relacionamento com Louis. Eles provavelmente ficariam horrorizados. Louis era humano, um membro de uma civilização Pré-TNIT. Enquanto Harry achava os seres humanos interessantes e realmente fascinantes, ele estava bem consciente do fato de que as pessoas em casa não partilhavam da sua opinião. Na melhor das hipóteses, civilizações Pré-TNIT eram vistas com desdém. Na pior das hipóteses, elas eram completamente desprezadas. Ter um relacionamento íntimo com um membro de uma civilização Pré- TNIT era inédito. Nos olhos da sociedade Calluviana, tal relacionamento seria considerado não muito melhor do que os seres humanos modernos em um relacionamento com um Neandertal.
Na medida do que Harry sabia, mesmo antes de entrar na União de Planetas e tornar-se reserva do Ministério das Leis, seu planeta tinha poucas relações com civilizações Pré-TNIT. Calluvians se orgulhavam em ser uma das mais antigas civilizações na galáxia e tendem a olhar com desprezo para civilizações mais jovens como a Terra. Harry sempre achou que tal atitude era de extremo mau gosto, mas ele estava ciente de que a maioria das pessoas em casa eram preconceituosas.
Seus pais o achavam ingênuo. Sua irmã disse que ele era muito idealista. Ksar disse que ele era muito brando. Eles nunca o compreenderam ou o aprovaram. Engolindo em seco, Harry se moveu mais perto de Louis, um pouco.
Louis franziu a testa em seu sono, suas sobrancelhas se contraíram antes de suas pálpebras tremularam e ficarem abertas.
— Harry? — ele murmurou, se aproximando de Harry. — Venha aqui. — Harry virou até que seu rosto estava contra o ombro nu de Louis.
Ele ficou tão aliviado, Louis não parecia mais estar irritado com ele.
— Que horas são? — Louis disse, uma rouca camada sonolenta em sua voz.
— Vinte minutos para uma hora —, Harry respondeu, fechando os olhos. Ele moveu seu nariz sobre a curva do bíceps de Louis, inalando profundamente. — Eu amo o seu cheiro. Eu senti falta.
— Nada tem um cheiro tão bom quanto você. — Louis bufou.
— Eu tenho certeza que há algo que cheira melhor.
— Não para mim. — Harry balançou a cabeça. Havia algo sobre Louis que o fazia se sentir tão... primitivo. Quando ele estava com Louis, ele não se sentia como um Príncipe de uma civilização antiga. Sentia-se como um escravo de seu corpo e seus impulsos. Sentia-se com vontade de empurrar o rosto na axila de Louis e respirar seu cheiro masculino e suor. Meu. Meu homem. Sentia-se quase implorando a Louis para marcá-lo em toda parte. Sentia-se como de Louis, em todas as maneiras possíveis. Um sorriso torceu os lábios de Harry.
— Eu quero tanto o seu cheiro que eu acho que eu ficaria feliz em deixá-lo urinar em cima de mim. — Ele estava brincando. Na maior parte. Louis deu uma risada tensa.
— Você não pode simplesmente dizer coisas assim.
— Por que não? — Harry disse, beijando o ombro de Louis de suavemente.
— Porque eu sou apenas um homem — Louis grunhiu. — E você está dizendo que você quer o meu cheiro em você, quando está comprometido. Você percebe como isso soa, Harry?
— Muito ruim? — Harry disse, esfregando o seu rosto corado contra o ombro de Louis. Ele entendia o ponto de vista de Louis, Harry estava comprometido com alguém, tinha um relacionamento romântico com alguém, logo estava errado em querer Louis. Mas não era assim. Harry queria poder explicar para Louis, mas ele não sabia como. Louis não era como Samantha. Ele não podia dizer a Louis que tinha um casamento arranjado sem Louis fazer mais perguntas desconfortáveis, perguntas que ele não podia responder honestamente.
— Você provavelmente deve me achar uma pessoa terrível —, Harry disse. Se ele estivesse no lugar de Louis e tivesse as informações limitadas que Louis tinha, ele se acharia uma pessoa terrível também. Louis soltou um suspiro.
— Eu apenas não posso conciliar as coisas que eu sei sobre você com as coisas que eu vejo.
— O que você vê? — Louis apoiou-se em um cotovelo, de frente para Harry. Eles estavam muito perto. Harry molhou seus lábios, seu coração batendo furioso contra sua caixa torácica. Ele colocou a mão no peito de Louis. O coração de Louis estava batendo rápido, também, a sua pele quente embaixo da palma de Harry. A temperatura do corpo humano era um pouco mais quente do que as dos Calluvians, e Louis sempre estava maravilhosamente quente. Parecia ainda mais quente agora.
— Eu vejo... — Louis parou, suas juntas acariciando o rosto de Harry, em seguida, seu pescoço. Harry estremeceu arrepios explodindo sobre sua pele. Ele se inclinou para o toque de Louis, prendendo a respiração quando a mão de Louis moveu para baixo em seu peito. Ele umedeceu seus lábios e olhou faminto para a boca de Louis, uma agora- familiar necessidade se agitou em seu corpo. Ele queria. Ele queria o a boca de Louis na sua: beijar, morder, e lamber a boca dele. Ele queria puxar Louis para cima dele, espalhar as pernas e implorar a Louis para fazê-lo se sentir bem com seu pênis, como a última vez. Quando Louis moveu sua mão para o seu estômago, Harry não poderia aguentar mais.
— Vamos ter relações sexuais, — ele deixou escapar. — Eu quero ter relações sexuais com você. Muito.
Louis fez um estranho, estrangulado ruído que parecia meia-risada, meio-gemido, seu corpo endurecendo, seus músculos quase vibrando com tensão.
— Harry—
— Por favor, — Harry disse, deslizando a mão na cueca de Louis e puxando seu pênis. Ele acariciou-o gananciosamente.
Ele sentia que era incrível em sua mão, tanto duro e suave como seda. Uma parte dele não podia acreditar na sua própria ousadia. A parte que lhe disse para ter vergonha do quanto ele queria fazer sexo com alguém que não era a sua companheira, com um membro de outra espécie, com um homem que a raça de Harry não consideraria melhor do que um bárbaro. Mas essa parte era muito pequena e apenas ficou mais fraca com o passar dos minutos. Harry não se importava. Ele não se importava com o que as pessoas do seu planeta pensariam dele se pudessem vê-lo agora. Ele queria Louis, queria tudo o que ele poderia conseguir, queria ter Louis dentro dele, queria que Louis o fodesse. A palavra “foder” sempre pareceu suja e vulgar para Harry, tanto na linguagem Calluviana quanto na Terráquea, mas agora ele achava que se encaixava baseando no seu corpo pegando fogo. Ele queria ser fodido. Ele queria que Louis o fodesse. Ele queria desesperadamente por que sabia o que o seu tempo com Louis era limitado.
— Vamos ter relações sexuais — Harry disse, massageando o pênis de Louis. — Eu quero você.
Louis rosnou e de repente rolou em cima dele, prendendo-o no colchão com seu longo corpo pesado. A coxa de Louis pressionando entre suas pernas, contra o seu pau duro, e Harry choramingou. Envolvendo as pernas em torno dos quadris de Louis, ele levantou o rosto e beijou Louis desajeitado, lambendo sua boca. Louis gemeu e devolveu o beijo, sua língua empurrando na boca de Harry em um ritmo que Harry ansiava para estar em todo o seu corpo. Contorcendo, Harry moveu seu pau contra o de Louis, tentando aliviar a dor em sua virilha.
— Louis, — ele sussurrou contra a boca de Louis.
— O que, bebê? — Louis murmurou entre o longo, molhado beijo.
— Eu preciso, — Harry disse, contorcendo-se inutilmente sob Louis, tentando puxá-lo mais perto. — Preciso de você. — Louis moveu a boca para o ouvido de Harry, sua respiração instável.
— Do que você precisa, Harry? — As sobrancelhas de Harry franziram. Ele já não tinha deixado claro?
— Preciso que você me foda. — Louis soltou uma dura respiração.
— Você tem certeza? — ele disse, sua voz tão profunda quase irreconhecível. Harry assentiu desorientadamente, apertando a bunda de Louis.
— Quero sentir você dentro de mim. — Louis fez um som baixo e rosnando antes de arrastar a sua boca úmida para o pescoço de Harry.
— Sim —, ele gemeu, deixando mordidas na pele de Harry. — Sim. Nós apenas precisamos — Louis empurrou-se para longe com uma maldição abafada e estendeu a mão para a gaveta. Ele vasculhou nela por alguns momentos antes de voltar. — Eu tenho preservativos, mas estou sem lubrificante. — Harry piscou para ele, não tinha certeza do que ele estava falando.
— Não importa, — ele murmurou, tentando puxar Louis de volta para ele. Louis riu duramente.
— Precisamos de lubrificante, Harry. Eu preciso prepará-lo, abrir você para meu pau. — O pênis de Louis. Harry estremeceu, seu próprio pênis latejando e sua entrada vazando, vazio. Ele balançou a cabeça.
— Eu não preciso disso, — ele conseguiu falar — Eu estou pronto, eu juro. — Ele podia ver a carranca de Louis olhando para ele na escuridão.
— Harry...
— Eu estou pronto, — Harry quase gemeu, agarrando a mão de Louis e empurrando sua cueca. Ignorando o seu pau duro, Harry pressionou os dedos de Louis contra o seu liso buraco e choramingou com o contato. Louis prendeu a respiração.
— Você se preparou para mim antes de vir para a cama? — Ele empurrou um dedo e Harry estremeceu. Sim, isso era que ele precisava. De longe, ele percebeu que Louis perguntou algo e assentiu, esperando que fosse a resposta correta. Ele não se importava enquanto Louis o mantivesse cheio.
Louis acariciou o interior do buraco de Harry com dois dedos, abrindo. Tão, tão bom, mas não era o suficiente. Harry queria mais. Harry queria— ele queria... ele olhou para o pênis de Louis, ereto, espesso e longo, seu buraco apertou em torno dos dedos de Louis.
— Quero, — Harry disse, pegando o pênis de Louis de novo. Mais duro agora do que antes. Harry gemeu, imaginando como se sentiria, enchendo-o e estende-o até o limite. — Meta. — Louis gemeu sob a sua respiração, bateu na mão de Harry, e rapidamente rolou algo em seu pênis.
— Abra as pernas para mim, bebê, — ele disse, parado entre as coxas de Harry.
Harry fez e assistiu impacientemente Louis guiar seu pênis dentro dele. Harry soltou um tranquilo, feliz suspiro enquanto sentia se encher completamente. Muito lentamente. Gemendo, Harry moveu seu quadril, tentando obtê-lo mais profundo. Louis sibilou.
— Harry, devagar. Você vai se machucar. — Apesar de suas palavras racionais, ele parecia aéreo, suas mãos acariciando as coxas de Harry e com seu pênis começando a se mover dentro Harry.
— Não quero devagar, — Harry disse, gemendo quando Louis começou a empurrar mais forte. — Tão bom. Eu não sabia que sexo seria tão bom. — Louis deixou o seu peso pressionar Harry no colchão.
— Eu sou seu primeiro, — ele murmurou no pescoço de Harry, agarrando fortemente as coxas de Harry enquanto estocava fortemente dentro dele. — Ninguém nunca fez isso com você. Apenas eu. Meu.
A possessividade na voz de Louis enviou uma louca emoção através do corpo de Harry. Ofegante, ele se moveu para encontrar os impulsos de Louis. Ele queria mais, mais forte, mais profundo, mas por alguma razão, Louis não mudava o ângulo e a velocidade de seus impulsos. Harry gemeu em frustração, segurando as nádegas de Louis, tentando levá-lo mais profundamente.
— Shhh, — Louis disse. — Ou o seu amigo irá nos ouvir. — Harry corou, lembrando que Seyn estava do outro lado da parede. Mas a vergonha não o parou de que querer mais do pau de Louis, ele moveu-se encontrando os impulsos de Louis, seu buraco apertado ao redor do pau de Louis. Ele era tão gostoso dentro dele, muito bom, grande e perfeito, mas ele queria muito mais.
— Merda, eu não consigo encontrar sua próstata, — Louis rosnou, músculos tensos e sobrancelhas franzidas em concentração enquanto ele continuou a mudar o ângulo de seus impulsos.
— Próstata? — Harry disse, sem compreender.
— Cristo. — Louis meio riu, meio gemeu, lábios arrastando no pescoço de Harry enquanto seu pênis pressionava dentro e fora de Harry. — Eu sinto que estou roubando o alguém do berço. Mas eu quero tanto você. — Cada palavra foi interrompida por uma dura estocada. — Toque-se, bebê, — Louis disse. — Toque seu pau para mim. Você é tão bonito, tão bonito, tão maravilhoso.
Harry praticamente gemeu com o louvor. Ele fez como ele foi mandado, deslizando a mão entre eles e pegando seu negligenciado pau. O alívio foi imediato. Ele soltou um longo gemido e começou a mover sua mão forte e rápido, ao mesmo ritmo dos impulsos de Louis. Mas ele ainda precisava de mais.
— Mais forte, — ele sussurrou intermitentemente, apertando as pernas ao redor de Louis. — Quero mais forte, preciso, por favor. — Ele gemia toda vez que Louis tirava seu pênis. Ele sabia que não iria ferir não importa o quão áspero Louis fosse com ele; ele só queria mais forte e mais profundo. — Mais!
Louis puxou para fora, fazendo-o se queixar. Ele colocou Harry em suas mãos e joelhos antes colocar de volta, profundo e com força. Harry gritou, seus olhos umedecendo. Sim, assim. Era tão bom, de modo satisfatório. Ele já não se importava se Seyn poderia provavelmente ouvi-lo, gemendo desenfreadamente com cada profunda estocada. Louis estava gemendo também, o colchão rangendo sob eles, a cabeceira batendo contra a parede com a força dos impulsos de Louis.
— Deus, porra porra porra, — Louis rosnou, mordendo a pele de Harry, sua mão fechando em torno do pênis de Harry e bombeando duramente. — Tão fodidamente apertado, tão bom, tão perfeito para mim — seu pau estocou em algo dentro dele. Harry soluçou e sentiu seu mundo explodir, imensas ondas de prazer atravessando seu corpo e roubou seu fôlego. Ele caiu sobre o colchão, sentindo-se sem energia, a cabeça girando com prazer. Ele podia sentir as mãos de Louis, movendo sobre sua pele, apertando, acariciando, segurando-o através dos tremores secundários, mesmo quando Louis continuou estocando dentro dele. Embora Harry estivesse se sentindo saciado, Louis continuar estocando ainda continuava bom e ele não queria que Louis parasse nunca. Mas ele parou, eventualmente, gemendo, seu corpo endurecendo em cima dele. Harry suspirou em decepção quando Louis puxou para fora.
— Você poderia ter ficado em mim. — Louis riu, rolou para suas costas e puxou Harry em seus braços.
— Insaciável, — ele murmurou, sua voz já sonolenta. — Nunca pensei que você fosse ser assim na cama. — Harry não sabia o que dizer sobre isso. Era ruim? Ou era um elogio? Antes que ele pudesse perguntar, sentiu Louis adormecer. Sorrindo, Harry enterrou seu rosto na axila de Louis e fez o mesmo, sentindo-se seguro e quente nos braços de Louis. Casa.
Ele se sentia em casa.
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Louis sempre achou que era meio assustador assistir alguém dormir. Ele nunca tinha feito isso, mas naquela manhã, enquanto observava Harry dormir encolhido contra ele com o rosto em seu peito, Louis compreendeu completamente o sentimento. Ele não conseguia afastar o olhar. Ele não tinha certeza se conseguiria parar de olhar nem se ganhasse todo o dinheiro do mundo.
Harry parecia ainda mais adorável enquanto dormia, sua pele de porcelana contrastando com seus cílios escuros e cabelos castanhos — e o peito bronzeado de Louis.
Ele era tão lindo.
E ele era dele.
Mesmo? disse uma voz maliciosa no fundo de sua mente que soava muito parecida com a de Jake. Você nem sabe se o nome dele é realmente Harry. Você não sabe merda sobre ele. Exceto pelo fato de ele ter uma noiva esperando em casa.
Louis apertou os lábios.
Era verdade que havia muitas coisas sobre Harry que simplesmente não se somavam.
Ele era tão inocente e ingênuo que às vezes era difícil acreditar que Harry fosse capaz de mentir — mentir para ele durante meses. E se Harry realmente tinha uma noiva, o que isso dizia sobre ele como uma pessoa que estava tão ansioso para o pênis de Louis? (Ou sobre Louis, em relação a esse assunto. Ele sempre achou que ele era um homem melhor do que isso.)
E depois houve o sexo. Tinha sido...
Tentando ignorar sua ereção matinal, Louis se obrigou a pensar racionalmente no sexo.
Ontem à noite houve algo que incomodou no fundo de sua mente, mas sua excitação impediu-o de pensar sobre isso.
O fato de Harry ter se preparado para sexo anal antes de ir para a cama era tão fora do personagem. Sendo a mesma pessoa que corou com insinuações, a mesma pessoa que não sabia o que era uma próstata. E Louis deveria acreditar que Harry se esticou e se lubrificou tão bem que permaneceu maravilhosamente liso durante todo o sexo. Então, ou Harry estava fingindo ser ingênuo e inexperiente, ou...
Qual era a outra alternativa?
— Bom dia.
Louis voltou seus olhos para Harry e encontrou-o piscando, com um sorriso suave e sonolento.
Cristo, Louis queria fodidamente consumi-lo, beijá-lo desde de sua cabeça desgrenhada até seus dedos pálidos perfeitos.
— Bom dia —, Louis disse, limpando um pouco a garganta. — Dormiu bem?
Harry assentiu, bocejando.
— Muito bem.
— Que bom —, disse Louis, inclinando-se. Seu alarme disparou, fazendo-o parar.
Porra. Trabalho. Se ele começasse a beijar Harry agora, ele definitivamente ficaria atrasado.
Suspirando, Louis se retirou dos braços de Harry e saiu da cama, estoicamente ignorando o beicinho de Harry.
— Eu preciso ir para o trabalho mais cedo —, disse Louis com uma careta, pegando um novo par de boxers e indo rapidamente em direção ao banheiro.
Ele fez uma pausa, notando uma expressão estranha no rosto de Harry.
— Tudo certo?
Harry baixou os cílios.
— Eu só... eu já sinto sua falta. Eu não quero que você vá. — Ele riu, esfregando a parte de trás do seu pescoço. — Eu sei que é bobo.
Louis desejou que ele pudesse rir e dizer a Harry que ele realmente estava sendo bobo, mas verdade seja dita, no fundo de sua mente, ainda havia o persistente medo de que Harry desaparecesse novamente. Não importa o que ele dissesse a si mesmo, ele não conseguia se convencer completamente de que não voltaria para um apartamento vazio naquela noite.
— Não é bobo, amor —, disse Louis, rindo internamente em seu próprio clichê. Se há meio ano atrás alguém lhe dissesse que ele estaria tão apaixonado por alguém, ele teria o chamado de louco. — Eu já sinto sua falta também.
Harry sorriu para ele. Louis teve que forçar os olhos para longe e fazer os pés se moverem em direção ao banheiro. Cristo. Ele se sentia como um adolescente com sua primeira paixão. O que aquele garoto fez com ele?
Quando saiu do quarto, recém-saído do chuveiro e vestido para o trabalho, encontrou Harry na cozinha, franzindo a testa para o conteúdo da geladeira.
— Não tem comida —, disse Harry. — Então, eu estou esquentando a pizza que sobrou. — Ele se virou para Louis com um olhar perplexo. — Por que você não tem comida?
Louis não respondeu. Ele caminhou até Harry, encostou-o contra a geladeira e fechou os lábios contra os de Harry. Harry tremeu e abriu a boca ansiosamente, transformando o beijo suave em um sujo enquanto chupava a língua de Louis com pequenos ruídos felizes. Isso fez Louis imaginar que sons Harry faria com a boca cheia de seu pênis, e ele gemeu, beijando Harry mais forte.
Alguém limpou a garganta.
Harry saltou longe de Louis, de bochechas rosadas e sem fôlego — e tão lindo. Foi preciso fazer um esforço para desviar o olhar dele. Mas com esforço, ele fez.
Seyn estava olhando para eles, seus olhos passando de Harry para Louis e olhando de volta. Havia uma expressão muito estranha em seu rosto enquanto Seyn focava seu olhar em Harry. Harry, que parecia estar evitando cuidadosamente o olhar de Seyn.
— Pizza! — Harry disse, virando-se para o micro-ondas.
Louis notou com um pouco de espanto que Harry continuou a evitar os olhos de Seyn durante o café da manhã. De fato, Harry mal falava com Seyn enquanto Seyn passava a maior parte do tempo encarando Harry como se tivesse crescido uma segunda cabeça nele. Quase parecia que ele estava tentando comunicar algo para Harry, mas Harry não percebeu ou decidiu ignorá-lo.
— Hey, Louis —, disse Seyn, finalmente mudando o olhar para o rosto de Louis.
Louis se serviu de uma xícara de café e olhou para ele. — O que?
Seyn focou seu olhar em Louis. De repente, uma dor de cabeça fraca começou a crescer em sua cabeça e Louis franziu a testa, esfregando as têmporas. Ele geralmente não tinha dores de cabeça.
— Seyn! — Harry disse bruscamente.
Seyn se encolheu, mas Louis não prestou mais atenção nele. Ele olhou para Harry. Ele nunca tinha visto Harry com raiva, muito menos furioso. Mas ele estava inegavelmente furioso agora, corado e olhando furiosamente para seu amigo, que parecia culpado e defensivo de repente. O que... Esses dois eram tão fodidamente estranhos.
— Não faça isso —, Harry rosnou, ainda encarando o amigo.
— Tudo bem, o que está acontecendo? — Louis disse, totalmente farto de todo o segredo entre esses dois. Pelo menos sua dor de cabeça se foi.
— Nada —, disse Seyn depois de um longo momento dele e Harry olhando um para o outro. Ele suspirou. — Você está cometendo um grande erro, Harry —, ele disse, sua voz mais suave agora. — Seus pais vão te matar. — Ele riu, balançando a cabeça. — Eu não tinha ideia de que você tinha isso em você. É loucura fazer isso com ele quando você está...
Harry corou e ficou de pé.
— Você vai se atrasar para o trabalho se você não for agora —, ele disse a Louis, agarrando seu braço.
Louis franziu a testa e olhou para Seyn, que tinha uma expressão quase piedosa no rosto enquanto olhava para Harry.
— Louis, vamos lá —, disse Harry. — Eu vou te explicar mais tarde.
Louis estudou-o.
Harry estava mordendo o lábio, os olhos violetas arregalados e suplicantes.
— Tudo bem —, disse Louis, se deixando ir. Mas só porque ele não tinha tempo agora.
Ele exigiria respostas à noite.
Já era o suficiente.
Ele estava cansado de segredos e mentiras.
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— Não —, Harry disse assim que eles ficaram sozinhos no apartamento.
Seyn sacudiu a cabeça.
— Harry—
— E não se atreva a fazer isso com Louis novamente —, Harry disse, olhando para ele. — Foi uma violação de privacidade. Você não tinha o direito de ler a mente dele.
Antes que Seyn pudesse dizer qualquer coisa, Harry se virou e desapareceu no quarto de Louis.
Seyn suspirou e massageou a cabeça, tentando se livrar da dor de cabeça que ele havia desenvolvido quando Harry deu-lhe um enorme tapa telepático por intrometer-se na mente de Louis. Seyn ainda não estava acostumado com o quanto as habilidades telepáticas de Harry se tornaram fortes depois que seu vínculo se rompera. Seyn sempre foi o mais forte telepata entre os dois, e essa inversão de papéis o surpreendeu. Claro, Seyn tinha testemunhado Harry usar seus novos poderes em humanos, mas estar no mesmo lado deles era diferente. Pela primeira vez, Seyn se sentiu um pouco nervoso. Ele agora entendia melhor porque Harry estava tão perturbado por suas habilidades aumentadas.
As raças telepáticas sempre foram consideradas com certa cautela e suspeita por outras raças na galáxia. Mas todos sabiam que nem todos os telepatas eram igualmente perigosos. O Teste Telepático Padrão foi inventado pelo Ministério para classificar telepatas, sendo a Classe 1 a mais inofensiva e a Classe 7 a mais perigosa. Harry tinha sido um telepata Classe 1 no TTP, a classe telepática mais fraca além de T-nulos, mas a cabeça de Seyn ainda estava pulsando da força do golpe telepático de Harry — e ele tinha seus escudos mentais levantados! Harry era pelo menos da classe 3 agora. Pelo menos.
Isso o deixou um pouco desconfortável, porque Seyn era classificado como Classe 2 mesmo com o vínculo restringindo seu núcleo telepático. Ele tentou não pensar em como seria classificado no TTP quando seu vínculo com Ksar finalmente se rompesse. Ele também tentou não pensar nos antigos Calluvians que poderiam matar através das suas mentes. Era provavelmente uma lenda urbana boba, mas se fosse verdade... esses mutantes teriam sido classificados como Classe 7.
Seyn afastou o pensamento para longe com uma risada. Ele estava sendo bobo. Telepatas de classe 7 não existiam mais na galáxia. Todo mundo sabia disso. Ele tinha coisas mais urgentes para se preocupar de qualquer maneira.
Como o fato de que seu melhor amigo claramente perdeu a cabeça.
Seyn sentiu sua pele aquecer enquanto se lembrava do que ele tinha visto na mente de Louis antes que Harry o empurrasse para fora. Mesmo com as memórias de Louis e todo o barulho que ele tinha ouvido na noite passada, ainda era difícil acreditar que Harry tivesse realmente se envolvido... em relações sexuais com o seu humano.
Havia uma parte de Seyn que alegremente aplaudia Harry por ir contra todas as tradições sufocantes e arcaicas de seu povo. Essa parte dele estava imensamente curiosa sobre o que se sentia. Essa parte dele estava determinada a tentar a coisa do sexo assim que seu laço estúpido finalmente quebrasse. Mas, ao contrário de Harry, ele não tinha intenção de ficar tão obcecado com um membro de uma civilização Pré-TNIT.
Como Harry poderia ser tão estúpido? Ele já estava muito ligado ao seu humano. Adicionando sexo em cima disso, era uma ideia terrível.
Seyn podia não entender completamente o amor romântico, mas ele tinha uma boa ideia de como era graças aos seus amigos de outros planetas.
Se ele entendeu corretamente, apego intenso e atração sexual formam os principais componentes do amor romântico por seres sexuais sensíveis.
Harry já estava muito ligado ao seu humano. Adicionar sexo à mistura aumentara exponencialmente suas chances de se machucar quando seus pais inevitavelmente os encontravam e os arrastavam para casa. As leis do Ministério proibiam que eles tivessem residência permanente em planetas Pré-TNIT. Harry e seu humano não tinham futuro.
Seyn sacudiu a cabeça. Ele não sabia o que Harry estava pensando. Se ele estava pensando sobre tudo.
Suspirando, Seyn foi até o quarto de Louis e bateu antes de abrir a porta.
Harry estava esparramado de costas na cama. Seus olhos se voltaram para Seyn e uma carranca apareceu em seu rosto. Mas ele não disse nada, esperando que Seyn falasse primeiro.
Seyn se aproximou e sentou na cama.
Eles se entreolharam.
— Você sabe, quando eu estava no planeta Sivaxu no ano passado —, começou Seyn. — Eles tentaram me ensinar seus princípios. Eles não eram religiosos, mas tinham fé. Eles acreditavam que todos tinham um caminho escrito nas estrelas. Não importa o que você fazia, não é possível alterar seu caminho de maneira significativa se a alteração não estivesse escrita nas estrelas.
Harry franziu os lábios.
— Eu não entendo.
— Você sabe que não pode acabar bem —, disse Seyn cuidadosamente. — Ele é humano e você é você. Você sabe que é impossível. Ele tem seu próprio caminho para seguir, Harry. Você não foi feito para atravessá-lo ou mudá-lo. Termine antes que seja tarde demais. Ele não é para você. Ele não é seu e ele nunca será seu.
Harry baixou o olhar, seus longos cílios escuros suspeitosamente úmidos contra suas bochechas pálidas. Isso fez o peito de Seyn doer, mas ele sabia que as palavras precisavam ser ditas. Harry tinha uma alma tão gentil. Ele tendia a ignorar a dura realidade, determinado a acreditar no melhor resultado, por mais irrealista que fosse.
— Você acha que é tão fácil? — Harry sussurrou com força. — Desligar suas emoções? Terminar as coisas facilmente na hora que você quiser?
Seyn abriu a boca e fechou sem dizer uma palavra. A verdade é que ele realmente não tinha ideia do que Harry estava passando. Ele não tinha ideia do que era querer estar com alguém. E ele estava tão curioso.
Seyn cutucou o joelho de Harry.
— Como é? — ele disse, adotando um tom mais claro. Ele cumpriu seu dever e avisou Harry; ele está autorizado a satisfazer sua curiosidade.
Harry piscou e então corou quando Seyn sorriu.
— Vamos, Harry —, disse ele. — Fale! O sexo é tão bom quanto eles dizem?
— É um assunto muito particular, não acha?
— Oh, vamos lá! — Seyn disse, fazendo beicinho. — Não foi muito particular quando você estava gemendo e implorando para Louis ir mais forte na noite passada.
Harry corou e cobriu o rosto com um travesseiro. — Cale a boca!
Seyn sorriu.
— O que? Eu tenho ouvidos! Não é minha culpa você ser uma prostituta na cama!
Harry o chutou.
— Eu te odeio —, ele murmurou em seu travesseiro. — E talvez você seja mais uma puta na cama do que eu. Você só não sabe ainda. — Harry tirou o travesseiro do rosto e sorriu inocentemente para Seyn. — Vou perguntar a Ksar depois da sua noite de núpcias.
Merda.
Harry começou a rir ao ver o rosto de Seyn.
— Isso nunca irá acontecer —, Seyn mordeu, levantando o queixo.
Nem por cima do meu cadáver.
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Harry genuinamente tentou esperar pelo retorno de Louis do trabalho, mas ele era uma bagunça carente às onze horas. As palavras anteriores de Seyn — que Louis não era realmente dele e nunca seria dele — formavam um nó de ansiedade na boca do estômago. Ele queria ver Louis.
Foi assim que ele acabou no escritório de Louis antes do almoço.
Em retrospectiva, provavelmente não fosse sua melhor ideia.
Encostado na mesa do escritório de Louis, Harry tentou ignorar a conversa de Jake e Louis.
Ele tentou.
Mesmo.
Mas com seus sentidos aumentados, sua discussão abafada não foi silenciosa para ele. Ele não pôde deixar de ouvir.
— Você está brincando comigo, cara? — Jake sibilou furiosamente, olhando para Harry por cima do ombro antes de voltar para Louis. — Você está perdoando ele? Bem, desse jeito?
Louis estava encostando o ombro na parede oposta, os braços cruzados sobre o peito. Sua postura era relaxada e confiante, mas seus olhos estreitos demonstravam que ele não estava nem um pouco relaxado. Seus ombros pareciam tão incríveis naquela camisa azul, o tecido acentuando a largura deles.
Harry se contorceu. Desde que fizeram sexo — ou talvez, desde que seu vínculo se rompeu — ele continuava se prendendo a esse tipo de pensamento sempre que olhava para Louis. Não era porque que ele via Louis de uma maneira diferente. Era só... além de querer ser mantido nos braços de Louis, ele também ficava olhando para aqueles braços. Ele queria passar as mãos por aqueles braços, deslizar as mãos sob as roupas de Louis e senti-lo em todos os lugares, sentir sua pele quente e músculos duros.
— Sim —, disse Louis, sua voz calma, mas firme. — Eu sei como parece, mas você não conhece Harry. Eu conheço.
Jake levantou as sobrancelhas.
— Conhece? — ele bufou. — Pelo amor de Deus, Louis! Eu não entendo como você pode ser tão cego sobre ele! Esse pequeno idiota está mentindo para você há muito tempo, ele desaparece sem avisar e depois reaparece meses depois sem explicação e você o leva de volta? Bem desse jeito? Ele é tão bom em chupar seu pau?
Um músculo saltou no maxilar cerrado de Louis. Ele se inclinou para Jake e rosnou algo baixo demais para Harry ouvir.
Harry olhou para baixo, tentando não se ofender com as acusações de Jake. Ele entendeu por que Jake estava com raiva. Do ponto de vista de Jake, Harry parecia... indecente.
Mas ele não gostou do que Jake estivesse fazendo Louis se sentir mal e com raiva.
— Se você tiver algum problema comigo, você deveria falar sobre isso comigo —, Harry disse amigavelmente. — Estou aqui, você sabe.
Jake se virou para ele com uma carranca.
— Olha, não me entenda mal —, disse ele. — Eu não tinha nada contra você. Mas então você fez o favor de desaparecer, e meu melhor amigo era um idiota infeliz enquanto você estava fora...
— Jake —, disse Louis, um aviso em seu tom.
— Tudo bem —, disse Jake, levantando as mãos com um mau humor. — Eu estou me calando. Mas você não tem uma noiva ou algo assim?
— Eu... — Harry disse. — É complicado.
— Inacreditável —, disse Jake, balançando a cabeça. — Seja como for. — Ele olhou para Louis. — Não me diga que eu não avisei quando ele foder com você de novo.
Ele saiu do escritório de Louis, murmurando algo com raiva sob sua respiração.
O silêncio caiu sobre a sala.
Harry olhou para Louis hesitante. Ele não gostou da expressão em seu rosto.
— A coisa é —, disse Louis com um sorriso sem humor. — Jake está certo.
O estômago de Harry caiu.
Louis caminhou até Harry, o olhar em seu rosto quase sombrio. Colocando as mãos na mesa de cada lado de Harry, Louis olhou para ele atentamente.
— Você vai me foder —, disse ele, seu tom muito suave, contradizendo o olhar sombrio e sério em seus olhos. — Não vai, bebê?
Harry engoliu em seco, lambendo os lábios.
Louis se inclinou e pressionou o nariz contra a bochecha de Harry, aninhando-se nele.
— Sim, você vai.
Ele balançou a cabeça confuso.
— Você vai —, Louis disse de novo, dando um beijo quase no canto da boca de Harry. Harry fez um pequeno som e separou seus lábios avidamente, perseguindo a boca de Louis com a dele.
— Porra, — Louis disse, embalando o rosto de Harry em suas mãos. Ele beijou o outro canto da boca de Harry. — Como você está tão fodidamente... É como se você fosse criado para me foder. Você está mentindo para mim — você ainda está mentindo para mim, mas uma parte de mim não dá à mínima. E isso me irrita. — Ele finalmente beijou Harry de verdade, seus lábios gananciosos, mas suaves. Harry beijou de volta, com fome, com tanta fome, querendo engolir Louis, querendo tê-lo, levá-lo para dentro de si e nunca mais o deixar sair. Ele queria ser beijado mais forte, mais profundo, para sempre. Ele queria muito. Até Louis, ele nunca soube que era possível querer tanto uma pessoa, desejá-la, querer estar fisicamente unida a ela. Ele já estava tão duro, duro e dolorido. Ele queria — queria — ele queria que Louis o empurrasse na escrivaninha, o preenchesse e se completassem.
Louis gemeu e quebrou o beijo, inclinando a testa contra a de Harry. — Não aqui —, disse ele antes de mergulhar para outro beijo.
Muito cedo para o gosto de Harry, Louis recuou novamente. Lamentando, Harry tentou trazer suas bocas de volta juntas.
Louis riu com voz rouca e praticamente pulou para longe dele.
— Droga, Harry —, disse ele, sua respiração instável, suas bochechas coradas e olhos escuros vítreos. Ele afrouxou a gravata e desviou o olhar. — Não me olhe assim.
— Assim como? — Harry disse, esfregando os lábios inchados e sensíveis demais.
— Como se você quisesse que eu te fodesse na minha mesa.
— Mas eu quero. — Harry cruzou as pernas com força e colocou a mão na protuberância em seu jeans, tentando aliviar a dor.
Louis gemeu, passando a mão pelos cabelos.
— Não diga isso —, disse ele. Ele parecia aflito. — Como eu deveria trabalhar quando você olha para mim desse jeito?
— Eu posso ir —, Harry ofereceu, embora fosse a última coisa que ele queria. Ele não queria ficar longe de Louis. Ele olhou para Louis ansiosamente. Ele desejou que eles pudessem se juntar fisicamente o tempo todo — ele desejava poder sentir Louis em sua mente.
— Eu não quero te meter em problemas —, disse Harry quando Louis não disse nada. — Eu posso ir.
Louis beliscou a ponte do nariz e suspirou.
— Sim, provavelmente é melhor se você fizer isso. Eu não posso me concentrar em nada com você aqui. Vá antes de eu ser demitido. Podemos nos encontrar durante a minha pausa para o almoço.
— Ok —, Harry disse, pulando da mesa de Louis. — Eu vou esperar por você no café.
Louis assentiu rapidamente.
Nenhum dos dois se mexeu. Eles se encararam. Louis riu e se virou.
— Porra, isso é ridículo. Saia. Agora.
Harry saiu sorrindo para si mesmo.
No corredor, ele parou e correu de volta para dentro para beijar Louis mais uma vez. Apenas mais uma vez.
Ele saiu vinte minutos depois, sentindo-se completamente beijado, tonto e amado.
Harry riu, pressionando os dedos nos lábios inchados e sensíveis.
Eles realmente estavam sendo ridículos. Eram apenas algumas horas.
O que poderia acontecer em poucas horas?
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O tempo parece se arrastar quando você está esperando por algo, Harry notou, suspirando para si mesmo.
— Algo errado com o seu café, Harry?
Harry olhou para o café intocado antes de balançar a cabeça.
— Tudo bem —, disse ele, sorrindo para Samantha. Ela ficou muito brava com ele quando o viu pela primeira vez (“Como você pode simplesmente desaparecer assim? Eu estava preocupada, seu idiota!”), mas felizmente ela o perdoou.
— Eu estou apenas... — Harry se contorceu quando ela lhe lançou um olhar conhecedor.
— Oh meu Deus —, disse ela, sorrindo. — Você finalmente transou com ele.
O sino tocou.
— Eu... — Harry disse antes de notar que os olhos de Samantha estavam em outro lugar.
— Puta merda —, ela murmurou, olhando para algo atrás de Harry. — Olhe para aquele gostoso, Harry.
Curioso, Harry se virou.
E congelou.
Um homem alto estava parado na entrada, cintilando um olhar frio com olhos prateados olhando ao redor da cafeteria.
Seu longo cabelo azul-meia-noite estava amarrado para trás e não fazia nada para suavizar o corte afiado de sua mandíbula firme ou o aço em seu olhar quando seus olhos pálidos se encontraram com os de Harry.
Harry tentou se tornar menor.
— Ele está olhando para você, Harry! — Samantha sussurrou animadamente. — Como você tem tanta sorte? Primeiro Louis e agora...
— Ele é meu irmão —, disse Harry com um suspiro, observando resignado quando Ksar fez o seu caminho para ele.
Ksar estava com raiva. Ele podia parecer calmo e controlado, mas Harry sabia que estava realmente com raiva. Não era como se ele conseguisse ler os pensamentos de Ksar. Ele nunca conseguiu, e, para sua surpresa, Harry ainda não conseguia penetrar nos escudos mentais de Ksar, apesar de suas habilidades telepáticas melhoradas. Não que ele estivesse se esforçando muito. Tecnicamente, ele estaria cometendo um crime se o fizesse.
Mas ele conhecia Ksar. Ele não precisava ler sua mente para poder dizer que seu irmão não estava satisfeito com ele. No mínimo.
— Irmão?! — Samantha exclamou assim que Ksar os alcançou.
— Harry —, disse Ksar com cuidado.
Harry pensou que era a primeira vez que Ksar realmente o chamava de Harry. Ele não ficou surpreso. Ksar pode ser um defensor das regras de voltar para casa, mas como um Lorde Chanceler do Ministério de Assuntos Intergalácticos, ele era bem versado nos costumes de outros planetas e nunca faria algo que pudesse demonstrar que eles não eram humanos. Até o jeito que ele estava vestido era impecavelmente humano. Enquanto Harry estava sem esperanças quanto a moda humana, Ksar estava vestindo um terno escuro de aparência cara que não era tão diferente dos que Louis usava.
Ao pensar em Louis, Harry entrou em pânico um pouco. O intervalo para o almoço de Louis ia começar em breve. Louis poderia entrar no café a qualquer momento.
— Oi —, Harry disse, tentando freneticamente decidir o que fazer. Apresentar Louis a Ksar seria uma ideia terrível. Mas ele não podia simplesmente sair com Ksar. Harry havia prometido esperar por Louis. Sem mencionar que Harry estava com medo de que se ele saísse com Ksar, ele nunca mais veria Louis. Ele não confiava que Ksar não fosse teletransportá-lo para casa assim que eles estivessem fora da vista dos humanos.
Samantha pigarreou incisivamente e Harry finalmente se lembrou de suas maneiras.
— Esta é Samantha, minha ex-colega de trabalho —, disse ele, gesticulando entre ela e Ksar. — Meu irmão, Ksar.
Porra. Ele deveria ter inventado um nome mais humano para Ksar? Ksar soava suficientemente humano?
Ksar lançou-lhe um olhar inexpressivo, mas assentiu educadamente para Samantha.
— Prazer em conhecê-la —, ele murmurou.
Ela corou, tocando o cabelo e olhando para Ksar por baixo dos cílios.
— O prazer é todo meu —, ela disse, sua voz soando um pouco estranha. Pela primeira vez, Harry entendeu o significado de vergonha alheia. Ele não era mais tão ignorante em tais assuntos e podia ver que Samantha se sentia atraída por Ksar. Ele desejou poder dizer a ela para não se dar ao trabalho.
Se Ksar notou que ela estava flertando com ele, ele não mostrou, seus olhos voltaram para Harry.
— Onde ele está?
— Quem? —, Harry gritou. Ksar sabia sobre Louis?
— Seyn —, disse Ksar, dando-lhe um olhar estranho.
Certo.
Antes que Harry pudesse responder, a campainha tocou novamente e alguns clientes entraram na loja.
— Desculpe, tenho que voltar ao trabalho —, disse Samantha com pesar.
— Eu posso ajudar! — Harry disse rapidamente, ficando de pé.
Exceto Ksar agarrou seu pulso e sentou-o.
— Ele não pode —, ele disse a Samantha em um tom vagamente apologético, não parecendo apologético, no mínimo.
Assim que assentiu e os deixou sozinhos, Ksar disse em voz baixa: — Explique-se, Harht.
Harry caiu em seu assento na derrota.
— Como você me achou?
Ksar deu-lhe um olhar plano.
— Você realmente achou que eu não faria?
— Mas Seyn faz com que os nossos chips de identificação fossem removidos —, disse Harry. Ele esperava que sua família o encontrasse eventualmente, mas ele não esperava que isso acontecesse tão cedo.
Algo cintilou nos olhos de Ksar. Ele encolheu os ombros.
— Não foi difícil descobrir que você poderia estar na Terra depois que você tentou convencer a sua mãe a deixá-lo voltar. Além disso, todos os nossos laços familiares com você foram cortados novamente, tornando óbvio que você está em um planeta distante. — Um movimento desdenhoso contorceu os lábios de Ksar. — Eu não estou surpreso que Seyn fez isso, mas eu esperava mais de você. A estupidez é contagiosa?
— Não seja malvado —, Harry disse, franzindo a testa para o tom frio e cortante de seu irmão. Ele nunca entendeu o desdém aberto que Ksar tinha por Seyn. Ksar era geralmente tão calmo, mas ele era claramente malvado com Seyn. — Não é gentil falar desta maneira sobre seu companheiro.
Um olhar azedo cruzou o rosto de Ksar com a lembrança indesejada de que Seyn não era apenas o melhor amigo de Harry, mas também seu companheiro de união.
Pela primeira vez, Harry entendeu completamente por que Seyn queria tanto romper sua ligação com Ksar. Harry não gostaria de ser ligado durante a vida inteira a alguém que o desprezava também.
Sem mencionar que claramente havia algo de errado com o vínculo de Ksar e Seyn, porque não era normal que os companheiros não gostassem um do outro. O vínculo geralmente impedia isso. Eles devem ser realmente incompatíveis, mesmo que o vínculo não os faça gostar um do outro.
— Desta maneira? Não sou gentil, Harht — disse Ksar com um leve sorriso na voz. — Você é o único que está delirando sobre isso.
— Eu não estou delirando —, disse Harry. — Eu sei que você finge ser sem coração, mas no fundo você se importa muito.
Ksar apenas balançou a cabeça, olhando para Harry como se ele fosse a criatura mais tola que ele já tinha visto, mas ainda gostava de seu melhor julgamento. O que provou que Harry estava totalmente certo! Certo?
— Eu não sei como diabos você está relacionado com a nossa mãe ou comigo —, disse Ksar, torcendo os lábios. — Você é como uma galinha chocada em um ninho de k'hlers.
— Agora você está sendo malvado consigo mesmo e com a nossa mãe —, disse Harry. Claro, sua mãe e Ksar podiam ser severos e implacáveis, mas não eram nada como k'hlers — os venenosos predadores Calluvianos semelhantes às cobras terráqueas, com a adição de asas.
— Estou sendo honesto, não malvado —, Ksar murmurou antes de prender seus olhos prateados em Harry. — Por que você está aqui? Por que você quis voltar para a Terra?
Harry lambeu os lábios secos. Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, a campainha tocou novamente e Louis entrou na loja.
Harry congelou.
Louis sorriu para ele antes que seu olhar fosse para Ksar, que ainda segurava o pulso de Harry. O sorriso de Louis desapareceu, seus ombros visivelmente tensos.
Ele andou a passos largos em direção à mesa, os olhos ainda fixos na mão de Ksar em Harry.
Como se sentisse algo, Ksar se virou exatamente quando Louis os alcançou.
— Quem é este, Harry? — Louis disse, passando por Ksar e colocando uma mão na nuca de Harry.
Os dois homens trocaram um olhar frio por Harry, a expressão de Louis vagamente hostil e a de Ksar vagamente desconfiada.
Harry mordeu o lábio, olhando-os com cautela. Eles eram de altura e constituição semelhantes. Harry não tinha certeza de qual deles venceria se houvesse uma briga física.
Tentativamente, ele estendeu seus escudos mentais para Louis, protegendo-o de espionagem telepática. Não que ele pensasse que Ksar faria isso — era um crime, afinal de contas — mas ele não passaria por ele. Ksar poderia ser absolutamente antiético se ele achasse necessário. Harry sabia que seu irmão era hipócrita nesse aspecto. Ele insistia que todos deveriam seguir as regras e leis, mas ele não via problema em desconsiderar as regras se isso lhe fosse conveniente.
Harry esperava que Ksar não tentasse intrometer-se na mente de Louis. Se o fizesse, encontraria o escudo de Harry, o que tornaria Ksar mais do que apenas suspeito.
Um telepata de Classe 1 não deveria ter sido capaz de estender seus escudos mentais para outra pessoa, e Harry deveria ser da Classe 1.
— Este é meu irmão, Ksar —, disse Harry.
Pegando o olhar incrédulo de Ksar, Harry percebeu que ele havia se encostado no toque de Louis. Ele se endireitou apressadamente.
— Irmão? — Louis disse.
— Ksar'ngh... —, corrigiu Ksar secamente. — Ksar. E você é?
Louis olhou para Harry antes de retornar seus olhos escuros para Ksar.
— Louis Tomlinson —, disse ele, seu tom ainda frio.
— Ele é meu colega de apartamento —, Harry disse rapidamente.
Ele sentiu Louis endurecer e estremecer por dentro. Ele tinha muito que explicar.
— Colega de apartamento —, repetiu Ksar, olhando para a mão de Louis no pescoço de Harry. Seu rosto estava completamente inescrutável.
— Sim —, disse Louis em uma voz cortada.
— Londres é cara —, disse Harry, quebrando o silêncio tenso.
— Eu tenho certeza que é —, Ksar murmurou antes de sorrir abertamente. Foi um pouco enervante. Ksar raramente sorria muito assim sem um motivo. — Mas estou aqui agora e você não precisa mais se preocupar com isso. Eu cuidarei disso.
Harry sentiu a irritação de Louis aumentar. Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Ksar disse, olhando para Harry.
— Mamãe está ansiosa pelo seu retorno. Vamos pegar Seyn e sair.
Louis respirou fundo.
Harry agarrou a mão de Louis e não se moveu da cadeira.
— Harry —, disse Ksar, seus olhos pálidos focados nele.
Harry respirou fundo, olhou para o rosto sombrio de Louis e balançou a cabeça.
— Eu não vou —, disse ele, olhando para Louis.
A tensão no queixo de Louis diminuiu um pouco.
— Perdão? — disse Ksar, irritado.
Harry se levantou e olhou para Ksar. Ele quase se encolheu com a expressão no rosto de seu irmão.
— Eu quero ficar —, disse ele hesitante, dando um passo em direção a Louis até que suas costas estivessem pressionadas contra o peito de Louis. Ele se acalmou consideravelmente assim que Louis colocou a mão no quadril, ancorando-o.
— Eu quero ficar aqui —, ele disse, mais firme desta vez.
Ksar olhou para ele antes de seu olhar cair lentamente para a mão de Louis no quadril de Harry. Harry se sentiu corar. Se Ksar tiver alguma dúvida sobre a natureza de seu relacionamento com Louis, deve ter ido embora agora com certeza.
E então Harry sentiu um pesado toque telepático que desfez todos os seus escudos mentais em questão de segundos. Ele nunca sentiu algo assim e só podia olhar para Ksar. Não foi apenas uma imensa quebra de privacidade; deveria ter sido impossível. Harry era pelo menos um telepata de Classe 3, agora que seu vínculo havia desaparecido. Todos os Calluvians modernos eram supostamente não mais fortes que os da Classe 2. Ksar não deveria ter sido capaz de fazer isso. Deveria ter sido impossível.
— Onde está o seu vínculo? — A voz de Ksar soou em sua mente, fria e dura.
Harry balançou a cabeça aturdido. Ele não entendeu. Como Ksar fez isso? Ksar tinha uma conexão telepática. Sua telepatia não deveria ter sido tão forte.
— Responda-me, Harht.
Harry se encolheu, uma dor de cabeça dividindo sua cabeça.
— Pare, dói —, ele falou para Ksar.
Imediatamente, a pressão recuou, mas Ksar continuou olhando para ele.
— Eu vou explicar mais tarde —, Harry disse Ksar telepaticamente. — Eu prometo.
— Mais tarde não. Agora. Livre-se do humano ou estou te arrastando para fora daqui a força.
Harry deu a Ksar um olhar suplicante, mas seu irmão não se comoveu.
Suspirando, Harry se virou para Louis.
— Eu tenho que voltar para o seu apartamento com o meu irmão —, disse ele, olhando para os seus dedos emaranhados. Os dedos de Louis eram muito mais longos que os seus. Sua mão também diminuía a de Harry. Isso fez Harry se sentir estranho. Ele queria esconder a mão dentro de Louis. Ele queria se esconder sob a pele de Louis e ficar lá para sempre. — Ele quer ver Seyn. Eles estão comprometidos, — ele esclareceu no caso de Louis ter esquecido, brincando com os dedos de Louis.
— Harry —, disse Louis.
Mordendo o lábio inferior, Harry levantou os olhos para Louis.
O rosto de Louis estava estranhamente imóvel e em branco.
— Você não vai embora —, afirmou. — Você vai?
Ksar pigarreou atrás de Harry, impaciente.
Harry o ignorou, seu olhar travado com o de Louis.
Ele queria dizer a Louis que ele não iria a lugar algum, que ele estaria esperando por ele quando Louis voltasse para casa esta noite.
Mas... ele poderia fazer tal promessa? Pela lei Calluvian, ele não estava livre para fazer o que quisesse. Ele não teria permissão para ficar em um planeta como a Terra. Planetas pré-TNIT estavam fora dos limites para viver, e apenas visitas ocasionais eram permitidas. A lei proibia interferir no desenvolvimento de civilizações jovens ou compartilhar conhecimento e tecnologia superiores com elas. Harry entendeu por que a lei era necessária. Antes de a lei ter sido introduzida, havia muitos precedentes catastróficos no passado, com sociedades incapazes de lidar sabiamente com vantagens tecnológicas. Então sim, Harry entendeu.
Isso não significa que ele estava bem com isso.
— Eu —, disse Harry. — Eu... — ele procurou algo para dizer, para tranquilizar Louis — os dois — que não era a última vez que eles estavam se vendo. Mas ele olhou para o rosto de pedra de Ksar e não conseguia pensar em nada que tornasse possível para ele ficar na Terra. Ksar poderia amá-lo, mas Harry não tinha muita esperança em convencer seu irmão a ajudá-lo. Ksar nunca entenderia. Ksar provavelmente agarraria ele e Seyn e os levaria de volta para casa, onde os adeptos da mente restaurariam o vínculo de Harry com a Leylen.
Basicamente não havia esperança.
— Eu, — Harry resmungou, sua garganta grossa com alguma emoção terrível que ele não podia nomear quando olhava nos olhos escuros de Louis.
— Harry, já basta —, disse Ksar, seu tom de voz. — Vamos.
Harry engoliu em seco, olhando para o rosto impaciente e indiferente de Ksar. Ele olhou de volta para Louis, sua visão turvando. O pânico se elevou rapidamente, ameaçando sufocá-lo. Ele não conseguia respirar. Ele não conseguia respirar.
— Bebê —, disse Louis, sua expressão sombria se transformando em uma preocupação. — Você está bem?
Um som alto arrancou da garganta de Harry e ele bateu o rosto no peito de Louis, agarrando-se a ele com todas as suas forças, lágrimas silenciosas riscando suas bochechas e molhando a camisa de Louis. Ele não conseguia respirar.
Distantemente, ele podia ouvir a voz de Ksar, mas era como um ruído branco. Tudo o que ele podia ouvir era a voz baixa e suave de Louis, sussurrando carinhos em seu ouvido enquanto as mãos de Louis acariciavam suas costas, tentando acalmá-lo.
Harry tentou se acalmar, mas não conseguiu, porque — porque ele finalmente percebeu que era a última vez que Louis o seguraria, a última vez que ele ouviria a voz de Louis, a última vez que ele respiraria o cheiro de Louis ou sentiria a força do corpo de Louis em torno dele, contra ele.
Ele foi atingido por outra onda de pânico esmagador, e ele se agarrou com mais força a Louis, não deixando ir.
Harry demorou um pouco para perceber que estava murmurando alguma coisa.
— Eu não quero ir, não me deixe ir, eu preciso de você — não me deixe ir — eu preciso de você.
— Harht —, a voz de Ksar encheu sua cabeça. — Pare com isso imediatamente. Você está falando em Calluvian.
Harry fechou a boca, mas não conseguiu se acalmar, não importa o quanto ele tentasse. Seu coração batia rápido em seu peito, seus dedos apertados na camisa de Louis, sem vontade de ir embora. Ele não iria. Ele não ia. Ele nunca iria.
— Bebê —, disse Louis, enfiando os dedos pelos cabelos de Harry. — Olhe para mim. Por favor. Venha, me mostre seus lindos olhos.
Harry deixou Louis levantar o rosto do peito de Louis. Ele mal podia ver Louis através do borrão de lágrimas, então levou alguns minutos para perceber que Louis estava olhando para ele de forma estranha.
— Harry —, ele disse. — Suas lágrimas são rosa.
Harry piscou, tentando entender por que isso era significativo.
Atrás dele, ele ouviu Ksar suspirar.
— As lágrimas humanas são incolores, Harht —, a voz de Ksar soou em sua cabeça. — Bom trabalho. Boa sorte explicando isso.
Mas Harry não conseguia se importar. Ele não podia sentir nada a não ser o desejo doloroso e esmagador e a sensação de perda iminente.
— Que diabos... — Louis murmurou, perplexo por todo o rosto enquanto tocava a bochecha de Harry para enxugar suas lágrimas. — Você está sangrando em algum lugar?
Harry virou a cabeça para beijar seus dedos.
— Harht —, a voz de Ksar estalou em sua mente.
Harry o ignorou, aninhando-se na mão de Louis.
— Harry, — Louis disse, mas ele não estava se afastando, passando a mão pela bochecha de Harry, deixando Harry se aconchegar nela.
Harry levantou os olhos para encontrar os confusos e escuros de Louis, e então ele sussurrou:
— Eu te amo.
Louis respirou fundo. Harry ouviu Ksar fazer um barulho agudo também, mas seus olhos permaneceram em Louis. Quanto mais tempo Louis ficava em silêncio, mais o peito de Harry doía.
— Harry, você não pode apenas — eu preciso de uma porra de uma explicação de uma vez — oh, foda-se — Louis mergulhou e beijou-o, sua boca com fome e molhada e tão perfeita. — Eu também, querido —, ele murmurou contra a boca de Harry. — Eu te amo.
Harry se derreteu no beijo, seu corpo fazendo aquela coisa ridícula onde tentou se moldar ao de Louis. Todo o resto desapareceu, havia apenas Louis em toda parte, e não era suficiente—
Ele foi arrancado de Louis. Abrindo os olhos, Harry se viu olhando para o rosto de pedra de Ksar.
— Estamos indo embora —, disse Ksar, de maneira muito equilibrada.
Harry se encolheu. Um Ksar aparentemente calmo era muito pior que um zangado.
Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Ksar o arrastou para a saída.
Harry olhou para Louis, esperando que ele os parasse, mas Louis ficou muito quieto. Havia algo muito estranho nele: seu olhar estava fora de foco e confuso, como se ele não tivesse ideia do que estava acontecendo ou de onde ele estava.
Ele nem ao menos olhou para Harry, esfregando as têmporas com uma expressão de aperto no rosto.
Com crescente horror, Harry percebeu que Ksar havia feito algo para ele.
— O que você fez com ele? — Harry disse, tentando libertar-se do aperto de Ksar. — O que você fez?
Ksar não respondeu o rosto duro enquanto o arrastava para um táxi. Ele empurrou Harry para dentro e disse ao motorista o endereço de Louis em voz firme.
— Como você sabe o endereço de Louis? — Harry disse, olhando para o café. — Deixe-me voltar! Por favor, Ksar.
O motorista olhou de maneira incerta entre eles.
— Dirija —, disse Ksar, e é claro que seu ar de autoridade obrigou o motorista a obedecer.
Harry abriu a boca para fazer mais perguntas, exigindo que Ksar o devolvesse para Louis, mas o olhar que Ksar lhe dirigiu o fez fechá-la. Ksar liberou tanta raiva e desaprovação que revirou o estômago de Harry.
Harry cruzou as mãos no colo e se virou, raiva e ressentimento queimando suas entranhas. Ele não sabia como lidar com esses sentimentos. Ele nunca sentiu tanta raiva, especialmente em relação ao próprio irmão.
Mas havia outra emoção mais forte até do que sua raiva: o sentimento de perda esmagadora.
Ele sentiu como se tivesse deixado uma parte de si mesmo na cafeteria. Uma parte dele que nunca voltaria.
Chapter Text
Assim que chegaram, Ksar saiu do carro e disse friamente:
— Espero que você não espere que eu o arraste como uma criança novamente. Ande.
Harry andou, olhando para as costas de Ksar, mas não se atrevendo a falar. Pela primeira vez, ele entendeu por que a atitude das pessoas em relação a Ksar variava de desconfiança cautelosa a medo.
Seyn abriu a porta com um sorriso que desapareceu assim que viu Ksar. Ele empalideceu e logo se ruborizou.
— Eu não vou —, foi a primeira coisa que Seyn disse, uma expressão teimosa aparecendo em seu rosto.
— Eu vou lidar com você mais tarde. — Ksar passou por ele para dentro do apartamento com uma passada larga — Feche a porta, Harht.
Harry fechou a porta e cruzou os braços sobre o peito.
— Eu também não vou.
Ksar se virou, nivelando os dois com um olhar tão assassino que fez Harry dar um passo mais perto de Seyn. Ele tinha que se lembrar de que este era seu irmão, não um estranho. Mas, por mais que tentasse, ele não conseguia esquecer a força da telepatia de Ksar, as coisas que Ksar podia fazer que ele não deveria ser capaz de fazer. Talvez Ksar fosse um estranho afinal.
— Você sabe o quê? — Disse Seyn, jogando as mechas de prata por cima do ombro. — Eu me recuso a ser tratado como uma criança culpada. Se você tem algo a dizer, pare de nos intimidar e apenas diga.
— Se você não quer ser tratado como uma criança, pare de se comportar como uma —, disse Ksar, com um sorriso de escárnio por um momento enquanto olhava para Seyn antes de olhar para Harry. — Explique-se.
Harry olhou com raiva.
— Por quê? Você já sabe tudo. Você viu tudo em minha mente — sem pedir permissão.
— O que? — disse Seyn, chicoteando a cabeça para encarar Harry. — Ele, mas como?
Claro que Seyn estava confuso. Seyn sabia o quanto mais forte a telepatia de Harry se tornara. Harry desejou saber a resposta para a pergunta de Seyn.
Ksar desabotoou a jaqueta e jogou no sofá.
— Eu não vi tudo —, disse ele. — Fiquei muito assustado com o fato de que meu irmão supostamente comprometido teve relações sexuais com um membro de uma civilização pré-TNIT.
Harry corou.
— Você não tinha o direito de se intrometer em minha mente assim. Você desobedeceu a lei!
— Acho que o Conselho me desculparia neste caso —, disse Ksar. — Eu não teria invadido sua mente se você não se comportasse como um devasso com esse humano. O que aconteceu com o seu vínculo?
— Meu vínculo se quebrou no final da minha última estadia na Terra —, disse Harry. — Eu não quero de volta. Meus sentidos são muito melhores sem isso.
Ksar deu-lhe um olhar plano.
— Eu tenho certeza que essa é razão pela qual você não quer seu vínculo de volta.
Harry franziu os lábios.
— Minha telepatia nunca foi tão forte.
— Sim —, disse Ksar, seu tom muito seco. — Eu vi como você usou para chegar a esta cidade.
— Você é um hipócrita —, disse Seyn quando Harry desviou o olhar culpado. — Você não tem o direito de julgar Harry por isso quando você violou a privacidade dele da pior maneira possível. — Seus olhos verdes se estreitaram. — A propósito, como isso é possível? Harry é pelo menos da classe 3 agora. Você é supostamente classe 2. Supostamente.
— Eu não te dei licença para falar —, disse Ksar, lançando um olhar frio para Seyn. — Fique fora disso. Este é um assunto de família.
Seyn sorriu docemente e jogou-lhe um beijo. — Mas eu sou praticamente da família, não sou?
Um músculo se contraiu no maxilar de Ksar. — Ainda não.
— Nunca. — Seyn o corrigiu. — Se você se intrometeu nas memórias de Harry, você sabe por que eu vim para a Terra. Eu também quero me livrar do vínculo.
O rosto de Ksar não traiu emoção alguma.
— Eu tenho assuntos mais importantes para lidar agora do que suas birras mimadas. Vá para a outra sala e espere até que eu termine com Harht.
Seyn corou.
— Você, você não pode simplesmente, você não pode me tratar assim! — Ele se endireitou e olhou para Ksar. — Eu sou o Príncipe Seyn'ngh'veighli do Terceiro Grande Clã, não o seu maldito escravo.
— Então, aja assim —, disse Ksar antes de olhar para Harry bruscamente. — Pare de se preocupar com o humano. Ele vai ficar bem. Eu simplesmente apaguei a memória do seu pequeno colapso.
Harry apertou os lábios.
— Eu não acredito em você —, disse ele. — Jure que você não apagou as memórias dele sobre mim —, disse ele, expressando o medo que o atormentava desde que Louis nem sequer olhou para o lado quando eles saíram da cafeteria.
Ksar ficou quieto por alguns momentos, o rosto difícil de ler.
— Eu não fiz isso, mas teria sido o melhor, não teria? —, ele disse finalmente. — É melhor para todos os envolvidos que ele não se lembre de você. Ele nunca mais vai te ver.
Harry sentiu seus olhos queimarem, um nó grosso se formando em sua garganta. Ele olhou para Ksar suplicante.
A expressão de Ksar permaneceu pedregosa.
— Pegue suas coisas, vocês dois. Não deixe nada para trás. Você não vai voltar. Estamos indo embora.
O peito de Harry doeu. Machucou-se e doeu, como se alguém tivesse torcido o coração em suas mãos como um trapo para arrancar todo o sangue dele.
Seyn fez um som simpático e colocou um braço em volta dos ombros de Harry, encarando Ksar.
— Como você pode ser tão cruel com o seu próprio irmão? Seu desgraçado!
Os lábios de Ksar se contorceram em um sorriso irônico.
— Se eu não soubesse, eu pensaria que você era um filho de raça baixa de uma prostituta Sarvakhu, não um descendente de reis. Cuide da sua língua suja, garoto. — Seyn franziu o cenho. — Não me chame de garoto!
— Como devo chamar uma criança mimada?
Harry parou de ouvir. Em vez disso, ele olhou para o rosto de pedra de seu irmão e percebeu que não havia como mudar de ideia. Ksar havia se decidido. Harry nunca mais voltaria. Ele nunca mais voltaria.
Ele nunca mais veria Louis novamente.
— Eu o amo —, Harry sussurrou. — Isso não importa?
Ksar e Seyn pararam de discutir e viraram a cabeça para ele.
Seyn suspirou. — Eu sinto muito, Harry.
Mas Harry não olhou para ele. Ele olhou para o rosto inexpressivo de seu irmão.
— Meus sentimentos não importam? — Harry odiou como sua voz quebrou na última palavra, mas era difícil engolir aquele seu irmão mais velho — aquele que lhe ensinara a andar de zhylk'ki e o consolava toda vez que Harry caía, aquele que o deixara segui-lo como um cachorrinho quando Harry era criança — saber que Ksar não se importava com sua felicidade. Isso machucou. Doeu de uma maneira diferente do que a dor que sentiu ao pensar que nunca mais veria Louis.
A expressão de Ksar mudou, só um pouco.
— Você não o ama —, ele disse impacientemente. — O que você sente é paixão. Você não está acostumado com a falta de vínculo. Tudo é novo para você. Você tem muitos sentimentos que não sabe como lidar. Vai passar.
Harry sacudiu a cabeça.
— Eu preciso dele —, disse ele, olhando Ksar nos olhos. — Eu preciso dele com a mente, com o coração e com o corpo.
Ao lado dele, Seyn engasgou, mas Harry não corou. Isso era importante demais para ele ficar constrangido.
A mandíbula de Ksar se apertou. Ele parecia nitidamente desconfortável, como se não esperasse que Harry fosse tão direto e sem vergonha.
— Você está confundindo desejo com amor —, disse Ksar. — Você é jovem demais e inexperiente para saber a diferença.
— Espere —, Seyn cortou bruscamente. — O que isto quer dizer? Como você sabe a diferença?
— Isso não é da sua conta. — Ksar não olhou para ele, seus olhos prateados ainda em Harry. — Você acha que ele ama você, Harht? — ele disse. — Eu vi sua mente.
Harry ficou boquiaberto. Louis não o amava?
— Ele está bastante obcecado com você —, admitiu Ksar, relutantemente. — Mas a pessoa com quem ele está obcecado é um humano fofo e peculiar que ele conheceu em um café, não um alienígena telepático. — O olhar que Ksar lhe dava era quase de pena. — Você subestima o quanto a verdade mudaria seus sentimentos por você.
— Você não sabe disso —, disse Seyn.
— Eu sei —, disse Ksar, ainda olhando para Harry. — Eu testemunhei muitos contatos com civilizações isoladas como os terráqueos. Na maioria das vezes eles vão terrivelmente mal. Xenofobia à parte, as raças não-telepáticas tendem a ser muito desconfiadas dos telepatas. Eles não gostam de alienígenas que podem mexer com suas mentes e fazê-los cumprir suas ordens.
— Tenho certeza de que o fato de você ter mexido com a mente de Louis não ajudaria agora —, disse Seyn sarcasticamente.
— Não, não ajudaria —, disse Ksar. — Então, mesmo se eu deixar você dizer a ele, a reação dele iria acabar com você, Harht. Eu não quero que você se machuque.
— Você já está me machucando —, Harry disse baixinho. Mesmo que Ksar estivesse certo — mesmo se a reação de Louis à verdade fosse horrível — não poderia ser pior do que esse sentimento horrível de perda e culpa distorcendo suas entranhas. Ele queria Louis. Queria vê-lo, encostar- se nele e esconder-se em seus braços fortes. Queria que Louis o beijasse atrás da orelha, chamasse-o de seu bebê e lhe dissesse que tudo ficaria bem, que Louis ficaria com ele. Se o pior acontecesse, Harry queria a chance de explicar tudo e dizer adeus. Louis merecia isso. Louis merecia uma explicação.
— Por favor —, Harry disse, olhando Ksar nos olhos e abrindo sua mente para ele, deixando Ksar ver.
Fazendo careta, Ksar interrompeu o contato visual e disse:
— Esta conversa é inútil. Você não pode permanecer sem vínculo. Precisamos restaurar seu vínculo com a Leylen'shni'gul o mais rápido possível.
— Por quê?
Ksar suspirou, com uma expressão preocupada cruzando o rosto.
— Sua companheira e seus pais vieram para o palácio logo depois que você saiu. Eles relataram que Leylen parou de sentir você em sua mente. Ela ainda tem o vínculo, mas é defeituoso e fraco agora. Eu assegurei a eles que era simplesmente devido à distância entre você e ela, mas eles estão ficando nervosos e desconfiados, especialmente porque ninguém sabe onde você está. Precisamos restaurar seu vínculo antes que eles denunciem ao Conselho.
— Por que? — Harry disse, olhando para Seyn, que estava estranhamente quieto agora. Seyn estava assistindo Ksar com um olhar estranho no rosto.
— Porque eles não podem descobrir que seu vínculo está quebrado —, disse Ksar. — O que você acha que vai acontecer se eles descobrirem?
Harry cruzou os braços sobre o peito.
— Eu não acho que eles podem me prender por acidentalmente me livrar do meu vínculo. E tecnicamente, eles não podem me conectar de novo a Leylen, porque a Lei de Vinculação diz respeito apenas a crianças pequenas.
Ksar passou a mão pelo rosto, sacudindo a cabeça.
— Não seja ingênuo. Claro que podem. — Ele olhou para Harry. — Você ainda tem um contrato de noivado vinculativo para a Leylen'shni'gul. Você realmente acha que o Conselho vai deixar você ir? O único telepata potencialmente de alto nível em seu meio enquanto sua própria telepatia é suprimida pelo vínculo?
Harry se jogou no sofá, franzindo a testa profundamente.
— Tenho certeza que testarei como classe 3 no máximo. Eu não sou tão perigoso assim.
Ksar deu-lhe um olhar tenso.
— E você acha que eles vão apenas aceitar sua palavra sobre isso? — Ele riu. — Você pode citar muitas civilizações com telepatas registrados acima da classe 3?
Harry mordeu o lábio. Ele podia ver o ponto de Ksar. Ele só conseguia pensar em duas raças classificadas como Classe 4 no Teste Telepático Padrão.
— Yorgebs e Tajickssu —, disse Harry.
— E você realmente acha que há apenas duas raças em toda a galáxia que possuem telepatas da Classe 4? Ou que não há mais telepatas de nível superior?
— É possível enganar o teste do Ministério —, disse Seyn calmamente antes que Harry pudesse responder. — Provavelmente fica mais fácil enganá-lo, quanto mais forte o telepata for.
Ksar assentiu rapidamente.
— Eles nunca vão acreditar em você que você é apenas Classe 3. Você será assistido o tempo todo, no mínimo. Uma pequena contravenção será usada contra você como uma desculpa para processá-lo ou utilizá-lo como uma ferramenta para sua agenda.
— Que agenda? —, Perguntou Harry.
Algo frio sacudiu nos olhos de Ksar.
— Certos membros do Conselho insistem que o teste do Ministério é inconclusivo e que ter um telepata encarregado de um grande clã não deveria ser permitido, porque poderia levar ao abuso de poder e é supostamente "injusto'" para os membros telepaticamente nulos do Conselho.
As sobrancelhas de Harry franziram. Sempre houve alguma tensão entre Calluvians telepáticos e telepaticamente nulos, e Harry estava ciente de que ultimamente tinha sido pior, mas certamente não iria acontecer?
— Mas a maioria dos membros do governo dos grandes clãs são telepatas.
Ksar deu-lhe um olhar cético.
— Os membros do governo dos grandes clãs não são as únicas pessoas no Conselho. É preciso lembrar que as casas reais têm apenas vinte e quatro votos e o resto dos votos pertence a membros eleitos, a maioria dos quais são telepaticamente nulos?
Certo.
— E você acha que eles me usariam para promover a agenda deles? —, perguntou Harry.
— Eu não acho —, disse Ksar. — Eu sei que eles vão. Você já usou sua telepatia contra os humanos. Um caso como este é a desculpa perfeita que eles estão procurando. É por isso que você não pode permanecer sem o vínculo, Harht.
O coração de Harry afundou. Se o que Ksar estava dizendo era verdade, ele não tinha escolha. Ele nunca se perdoaria se sua mãe perdesse o trono por causa dele.
— Os t-nulos deveriam ter pressionado pela revogação da Lei de Vinculação, — Seyn resmungou. — Alguém poderia pensar que isso é do interesse deles. Em vez de ficarem constantemente amargurados por não terem telepatia, por que não fazem algo a respeito?
Harry sacudiu a cabeça.
— Porque não há garantia de que a revogação da Lei de Vinculação tornaria as coisas melhores para eles. Eles devem estar com medo de que os telepatas se tornem ainda mais poderosos se seus laços forem removidos.
— Sim —, disse Ksar. — Alguns acreditam que, sem o vínculo, as pessoas que agora são telepaticamente nulas se tornariam apenas telepatas da Classe 1, mas os telepatas se tornariam... algo muito pior.
Harry estremeceu. De certa forma, ele podia entender por que os calluvianos telepaticamente nulos estavam assustados. Telepatas de alto nível supostamente poderiam apagar e substituir completamente a memória de uma pessoa. Eles podem fazer você acreditar que sua mãe era uma estranha. Eles poderiam fazer você acreditar em qualquer coisa que eles quisessem. Nenhum escudo mental iria protegê-lo deles. Eles podem danificar ou bloquear áreas do seu cérebro, deixando-o paralisado ou surdo. Eles podem fazer você pensar que estava sendo torturado. Os telepatas da classe 7 poderiam supostamente matar com suas mentes, desligando seus órgãos vitais com apenas um pensamento.
Era compreensível por que os membros telepaticamente nulos do Conselho ficariam desconfortáveis com a perspectiva de ter telepatas tão poderosos no meio deles. E Harry duvidava que até mesmo os telepatas do Conselho apoiassem a revogação da Lei de Vinculação. Alguns deles provavelmente seriam tentados pela perspectiva de poder ilimitado, mas se eles revogassem a lei e quebrassem todos os laços, onde estava a garantia de que seriam os poderosos? A revogação da lei pode rever completamente a hierarquia social, o que obviamente não era do interesse do Conselho. As pessoas no poder nunca querem mudar algo a menos que isso as beneficiasse. A Lei de Vinculação nunca seria revogada. E Harry seria considerado uma ameaça se o Conselho descobrisse sua falta de vínculo.
Harry caiu de costas contra o sofá.
— Quais opções eu tenho? Além de voltar e restaurar meu vínculo com o Leylen?
O olhar que seu irmão lhe deu era quase simpático. — Nenhuma.
— Besteira —, disse Seyn.
Harry virou a cabeça.
— O que?
O olhar de Seyn estava fixo em Ksar.
— Você não está ligado a mim, não é?
Harry franziu a testa. Sobre o que Seyn estava falando?
Ele olhou para Ksar e encontrou sua expressão cuidadosamente em branco.
— Eu não tenho ideia do que você está falando —, disse Ksar uniformemente.
Seyn riu.
— Você acha que eu sou idiota? Quando você descreveu os sintomas de Leylen, eles soaram muito familiares para mim. Eu não sinto você no outro lado do vínculo, e meu vínculo é fraco e defeituoso. — Ele inclinou a cabeça para o lado. — Então, quão alto você é? Classe 4? Classe 5? Pior? Ou devo dizer melhor? Acho que agora sabemos por que você é tão arrogante.
Um músculo começou a pulsar no maxilar de Ksar. No entanto, ele não negou nada.
Harry olhou para o irmão.
— Ksar? Isso é verdade?
Ksar varreu um olhar calculista entre Harry e Seyn.
— Nem pense em apagar nossas memórias —, disse Seyn, tenso. — Meus escudos mentais são muito complexos e personalizados para você reconstruí-los perfeitamente. Eu vou saber que eles foram bagunçados e eu vou reportar aos adeptos. Você não gostaria que eles descobrissem o que você fez — ou o estado da minha ligação, para esse assunto.
Os lábios de Ksar se afinaram, provando que ele realmente estava pensando em apagar suas memórias. Harry não podia acreditar nele.
Seyn sorriu sem humor.
— Então você pode ficar sem um vínculo, mas Harry não pode, hein? Maldito hipócrita.
— É diferente —, disse Ksar. Seyn levantou as sobrancelhas.
— Nos ilumine porque é diferente.
— Nosso vínculo nunca foi suficiente —, disse Ksar, com a voz mais lenta, como se estivesse escolhendo cuidadosamente suas palavras. — Eu não tenho certeza do porquê. Talvez fosse por causa da nossa diferença de idade ou pelo fato de eu ser muito mais velho do que a idade das crianças. Talvez a dolorosa morte da minha primeira companheira de união tenha prejudicado minha capacidade de formar um novo vínculo. Talvez você fosse jovem demais. De qualquer forma, nosso vínculo tem sido defeituoso desde o início. Você nunca poderia me sentir através do vínculo, então você não sabia que não era normal. O vínculo de Leylen'shni'gul com Harht tinha sido perfeitamente funcional, e ela obviamente pode dizer que algo está errado com o vínculo agora. Você nunca poderia dizer a diferença.
— Então você usou o meu esquecimento contra mim, enquanto eu passei a minha vida inteira me perguntando se havia algo de errado comigo. — A voz de Seyn vacilou um pouco, mas Harry não achava que Ksar havia notado. Seyn riu. — Agradável. E aqui eu pensando que não podia te odiar mais. Apenas por curiosidade, o que você faria em dois anos? Forjar a conclusão do vínculo? Mexer com a minha cabeça e me fazer pensar que nosso elo estava bem?
O rosto de Ksar estava terrivelmente em branco. Harry tinha uma suspeita horrível de que Seyn não estava errado.
— Ainda não cheguei a uma conclusão —, disse Ksar. — Mas essa era uma das opções.
Seyn empalideceu com fúria.
Ignorando-o, Ksar moveu seu olhar para Harry.
— De qualquer forma, isso é irrelevante para você. Leylen'shni'gul definitivamente notaria — ela já notou. E antes que você pergunte, ela não está ligada a mim, então eu não posso exatamente "mexer com a cabeça dela" e fazê-la pensar que seu vínculo é bom, pelo menos não indefinidamente. Não é viável.
Os ombros de Harry caíram. Mexer com a cabeça de Leylen'shni'gul seria uma coisa terrível para fazer de qualquer maneira. Harry disse a si mesmo que estava feliz por não ter sido uma opção.
Ksar disse:
— Se você não voltar, seus pais irão ao Conselho. As consequências... você nem pode imaginá-las. Você não tem escolha, Harry.
Harry.
Por alguma razão, o uso de seu nome humano por seu irmão doía. Finalmente, se tornara real. Ele estava voltando. Ele não tinha escolha.
Harry engoliu o nó duro na garganta e disse:
— Deixe-me escrever uma nota para ele. Eu não posso desaparecer sem dizer uma palavra novamente. Eu não posso fazer isso com ele, Ksar.
Seu irmão o estudou por um longo momento antes de concordar.
— Mantenha isso breve. Não diga nada que te coloque em problemas. Se apresse. Estamos perdendo tempo.
Harry se virou e desapareceu no quarto de Louis. Ele pegou uma caneta e um pedaço de papel da gaveta no quarto de Louis. Ele tinha que se concentrar para ter certeza de que sua caligrafia estava em inglês. O chip de tradução cometia erros quando chegava a hora de escrever.
Não ajudou que a visão dele estivesse borrada de lágrimas e sua mão tremesse enquanto ele escrevia uma mensagem curta e inadequada.
No final, Harry mal conseguia ver as letras — ou qualquer outra coisa.
Deixou cair o papel na cama de Louis e enxugou os olhos.
Olhando ao redor da sala, seu olhar caiu sobre a fotografia de Louis com os braços ao redor de seus pais. Ele estava sorrindo amplamente, bonito e feliz.
Os olhos de Harry se encheram de lágrimas novamente.
Harry mordeu o lábio antes de tirar a foto da moldura, dobrando-a cuidadosamente e escondendo-a no bolso.
— Você está pronto, Harht? Estamos saindo —, disse Ksar da porta. Seyn estava ao lado dele, uma expressão sombria no rosto, o pulso firmemente agarrado na mão de Ksar.
— Pegue minha mão —, ordenou Ksar, oferecendo a outra mão a Harry.
Harry olhou para ele.
Ele olhou ao redor da sala pela última vez, com a nota na cama, e deu um passo em direção ao irmão.
Se Ksar notou que seus olhos estavam molhados, ele não comentou sobre isso enquanto suas mãos se apertavam e o mundo — a Terra — desaparecia, levando-os embora. Desta vez para sempre.
Chapter Text
Louis bateu na porta com impaciência. Quando não houve resposta, ele disse a si mesmo para se controlar. Não havia razão para estar ansioso.
Mas não importava o que ele dissesse a si mesmo, a sensação mesquinha que o incomodava durante toda a tarde só aumentou. Louis culpou o irmão de Harry. Todo o encontro foi estranho — meio bizarro, na verdade. Louis não conseguia lembrar por que deixou Harry ir embora com o irmão quando ele estava determinado a não ir. Ele só podia lembrar de Harry prometendo a ele que ele esperaria por ele em casa. Harry disse isso a ele.
Louis tirou as chaves e abriu a porta.
Seus dedos estavam firmes. Seu estômago estava incomodando. Ele não tinha motivos para se sentir assim. Talvez Harry estivesse no chuveiro. Talvez ele estivesse com fones de ouvido e não pudesse ouvir sua batida.
Louis empurrou a porta aberta.
A sala estava vazia.
A cozinha estava vazia também.
Uma sensação repugnante de déjà vu tornou difícil respirar.
— Harry? — Ele gritou grosseiramente, seu peito ficando apertado quando o silêncio era a única resposta. Ele caminhou até o antigo quarto de Harry. Estava vazio.
Com o coração batendo em algum lugar da garganta, Louis foi para o seu quarto.
Estava vazio também. Não havia sinal de Harry em lugar algum.
O olhar de Louis caiu no pedaço de papel na cama.
Ele olhou para ele por alguns segundos antes de atravessar lentamente a sala.
Ele pegou.
A caligrafia era trêmula e irregular, as letras inclinadas para a esquerda e não para a direita.
Caro Louis,
Eu sinto muito. Espero que um dia você possa me perdoar e, ao olhar para trás, fale que ficou feliz por ter me conhecido. Sei que eu sou. Você foi a melhor coisa que já aconteceu comigo. Eu me sinto tão sortudo por ter te conhecido. Eu só queria... Eu desejo muitas coisas, mas eu suponho que isso não importa. Por favor, acredite em mim quando digo que nunca, em momento algum, menti para você sobre meus sentimentos. Você me fez sentir muito feliz e amado.
Por favor, não fique com raiva de mim. Ou fique com raiva de mim se é isso que você precisa para se sentir melhor.
Eu te amo. Eu amo muito você. Eu espero que você viva uma vida longa e feliz cheia de risos e amor. Espero que quando você for um homem velho, olhe para trás e lembre-se do garoto bobo e esquisito que você amou com algum carinho ao invés vez de ter raiva. Eu sei que sempre vou lembrar de você.
Seja feliz. Por favor.
Sempre seu,
Harry
Chapter Text
Planeta Calluvia
Harry imaginou onde Ksar iria encontrar um adepto da mente disposto a restaurar o vínculo de Harry e manter a boca fechada, mas essa pergunta foi respondida quando Ksar mesmo fez ele logo quando chegaram em casa, com facilidade e habilidade que fez Seyn franzir o cenho para Ksar. O fato de Ksar não ter precisado da presença de Leylen para fazer isso era certamente uma surpresa, mas Harry não queria realmente questionar seu irmão. Ele se afastou de Ksar e Seyn, deixando-os discutindo.
Ter o vínculo de volta parecia... estranho. Era como uma camisa desconfortável e apertada que ele usava há anos e estava bem porque ele não conhecia o melhor. Mas agora ele sabia, e a sensação errada era enlouquecedora, como uma coceira que ele não conseguia arranhar.
Harry meio que esperava que o vínculo o tornasse incapaz de sentir a falta de Louis, mas agora ele percebia o quão ridículo tinha sido. Ele tinha começado a ter sentimentos por Louis muito antes de seu vínculo com Leylen ter quebrado. Parecia que era perfeitamente possível sentir amor romântico sem a capacidade de sentir atração sexual. Mesmo com o vínculo bloqueando as partes de seu cérebro responsáveis pela atração, o amor de Harry por Louis ainda não era como seu amor por sua família. Estava tingido de necessidade crua e desejo oco por alguma coisa, mas era como se houvesse uma desconexão entre seu cérebro e seu corpo. Parecia uma sensação de sede que ele não podia satisfazer porque ele não tinha mais a boca para beber. Era imensamente frustrante.
Harry rapidamente bloqueou o pensamento de Leylen em sua mente; caso contrário, ela imaginaria que havia algo errado com ele. Ele também não queria que ela sentisse o ressentimento que sentia por ela. Nada disso era culpa dela. Harry sabia disso. Ele não deveria projetar a sua frustração nela. Ela não merecia isso.
Com isso em mente, Harry até conseguiu sorrir para Leylen quando a encontrou junto com os seus pais durante o jantar formal daquela noite.
— Estou feliz que você esteja de volta —, disse ela, sorrindo para ele do outro lado da mesa.
Harry olhou para ela. Ela era linda e de fala mansa. Eles tiveram um relacionamento amigável por toda a vida. Confortável. Era isso que eles tinham sido. Harry tentou imaginar tocá-la e ser íntimo dela. Ele não podia. Na verdade, ele se sentiu um pouco enjoado com a perspectiva.
Eventualmente, Harry desistiu e se concentrou na comida, mal registrando as conversas ao seu redor. Ele mal podia ouvi-los de qualquer maneira. Por um momento, ele se perguntou se havia algo errado com sua audição. Todo som parecia abafado e distante. Mas então, quando ele colocou uma colher de sopa na boca e mal sentiu o sabor, Harry lembrou-se do motivo: o vínculo estava suprimindo todos os seus sentidos, não apenas os responsáveis por sua telepatia ou sua capacidade de sentir excitação.
Harry suspirou. Isso levaria algum tempo para se acostumar.
𖣠
O cansaço e a apatia começaram um mês depois de voltar para casa. Harry nunca tinha sido uma pessoa doente, então sua falta de apetite o surpreendeu um pouco, mas ele percebeu que era inevitável, já que ele mal podia comer a comida sem graça. Ele tentou não deixar ninguém perceber que ele não estava se sentindo muito bem. Ele não queria o escrutínio de sua família.
Harry ainda não tinha ideia do que seus pais sabiam. Eles não tinham falado com ele de forma concisa sobre sua viagem não autorizada para a Terra. Para ser justo, também tinha Sanyash: sua irmã tinha sacudido a cabeça e disse que estava feliz por ele ter recuperado os sentidos. Mas, novamente, Sanyash não estava por perto, já que ela morava com o marido em uma colônia espacial de pesquisa há alguns anos luz de distância. Seus pais não tinham essa desculpa. Harry podia sentir a decepção e a desaprovação de sua mãe toda vez que ela olhava para ele, mas ela havia dito muito pouco a ele sobre o assunto. Seu pai disse brincando para ele não ser um pirralho e avisá-los da próxima vez que ele decidisse desaparecer.
A falta de punição havia surpreendido Harry, mas ele havia dado de ombros. Ele ainda não sabia o que Ksar havia dito aos pais — e ele não se importava muito. Na verdade, Harry descobriu que era difícil para ele se importar com muita coisa. Ele se sentiu apático. Entorpecido. Tudo parecia chato. O mundo era chato. A comida era sem gosto. As cores eram incolores.
Racionalmente, Harry entendia que era o laço que mexia com suas percepções, mas não fez nada para mudar como ele se sentia. Racionalmente, ele poderia entender que ele tinha vivido com o vínculo pela maior parte de sua vida e estava bem, mas depois de aprender o quanto melhor e mais nítido tudo poderia ser, era difícil se acostumar com a suavidade de tudo — de sua vida. O vínculo parecia errado. Ele também se sentia como se estivesse errado.
Portanto, considerando o estado geral de seu humor nos dias de hoje, sua fadiga e apatia não preocupavam Harry. Ele provavelmente estava apenas se acostumando. Ficaria melhor.
Tinha que ficar.
𖣠
Meses se passaram. A sensação de que ele estava errado só aumentou, o vago desejo se transformando em algo completamente dolorido. Algo o feria profundamente, torcendo-o em nós. Sua falta de apetite era impossível de esconder agora, e Harry não conseguia reunir energia suficiente para fingir que estava bem. Ele não estava bem.
— Eu acho que estou morrendo —, Harry disse um dia quando Seyn perguntou por que Harry parecia tão pálido e doentio. Harry se perguntou se ele havia pego alguma coisa na Terra e isso estava matando-o lentamente.
Seyn parecia horrorizado ao ouvir isso, por algum motivo.
— O que diabos está errado com você? — Ele disse, batendo na cabeça de Harry. — Como você pode simplesmente dizer isso como se você não se importasse?
Harry olhou para ele e percebeu com alguma surpresa que ele realmente não se importava. Ele não se importava se ele estava vivo ou morto. Provavelmente era ruim. Será?
— Eu nem te reconheço mais! — disse Seyn, pondo-se de pé. — Você costumava ser a pessoa mais positiva que eu já conheci, sempre tão nauseantemente otimista sobre a vida, e agora você está... — Ele se cortou, seus olhos verdes se estreitando. — Claro. Ksar deve ter fodido quando restaurou seu vínculo.
Antes que Harry pudesse dizer que ele estava errado e o vínculo era perfeitamente funcional, Seyn saiu do quarto de Harry.
Harry suspirou e se perguntou se deveria ir atrás dele, mas isso exigiria muita energia, energia que ele não poderia mais invocar
Ele não tinha certeza de quanto tempo tinha passado antes que a porta se abrisse novamente.
— Basta olhar para ele! — disse Seyn. — Nem parece que ele se moveu daquele sofá desde que o deixei de manhã! Você não vê que não é normal?
Ksar seguiu-o para a sala com um olhar decididamente inexpressivo no rosto. Harry ficou um pouco surpreso por Seyn ter encontrado Ksar. Harry mal tinha visto Ksar ultimamente. Ksar estava sempre ocupado, o que não era surpreendente, considerando seus incontáveis deveres.
— Você não deveria ter fodido com a mente dele —, disse Seyn. — Você não é um adepto da mente profissional. Sem dúvida você fodeu tudo e agora ele está todo estranho e doente!
— Eu não “fodi” nada, como você diz tão eloquentemente —, disse Ksar, mas então ele franziu a testa, olhando para Harry. — Harht?
Harry demorou alguns minutos para perceber que lhe perguntavam alguma coisa.
— O que? — Ele disse tardiamente.
— Veja —, disse Seyn.
Os olhos prateados de Ksar se estreitaram. Ele estudou Harry com cuidado.
— Borg'gorn, faça uma varredura médica completa no Príncipe Harht —, disse Ksar.
— A varredura foi iniciada —, disse a IA.
Harry deu de ombros, sentindo-se vagamente incomodado por sua opinião nem ter sido perguntada, mas no fundo sabia que provavelmente era uma boa ideia. Algo deve estar errado com ele. Ultimamente ele sentia como se estivesse... desaparecendo.
— Bem? — Ksar disse, olhando Harry atentamente enquanto Seyn passeava pela sala.
A IA do palácio respondeu:
— Você gostaria de ouvir os resultados agora, Alteza?
— Assim que Seyn’ngh’veighli sair.
— Eu não vou a lugar nenhum. — Seyn se aproximou de Harry, sentou-se ao lado dele e colocou um braço ao redor de seus ombros.
Harry tentou não se encolher e fugir do toque. A afeição física era incomum para Seyn — por toda a raça — e ainda assim recentemente Seyn estava tocando-o tantas vezes. Isso fez Harry se sentir um pouco humilhado. Ele não queria a pena de ninguém.
Ele não queria nada.
Ele queria que todos o deixassem em paz.
Harry estremeceu, tentando se livrar do mau humor. Seyn estava certo: isso era tão diferente dele. Ele não era essa pessoa mal-humorada e deprimida.
— Você pode continuar, Borg'gorn —, disse Seyn.
— Peço desculpas, Alteza, mas não posso receber ordens de você. Apenas o Príncipe Herdeiro tem permissão para acessar os registros médicos dos membros do Segundo Grande Clã, além da Rainha e do Rei- Consorte.
Suspirando, Harry esfregou o rosto.
— Deixe Seyn ficar, Ksar. Borg'gorn, vá em frente, diga-me o que há de errado comigo.
— Com a sua permissão, Príncipe Ksar? — Borg'gorn disse. Ksar lançou um olhar descontente para Seyn, mas assentiu. — Continue.
— Não há vírus alienígenas no sistema do Príncipe. Ele está sofrendo de desnutrição severa e depressão.
— Então, estou bem? — Harry interrompeu a IA. Ele não gostava da natureza intrusiva dos scanners da IA.
— Eu não diria isso, Vossa Alteza —, disse a AI. — A desnutrição e a depressão são apenas sintomas do problema, não o problema em si.
— O que você quer dizer? —, perguntou Ksar.
A IA respondeu, com a voz cuidadosa:
— A julgar pela sua atividade cerebral e níveis hormonais, parece que a condição do Príncipe Harht'ngh'chaali se origina do fato de que ele é um retrocesso.
Seyn endureceu contra Harry.
As sobrancelhas de Ksar se franziram.
— Perdão?
Harry franziu a testa, confuso. É claro que ele sabia que era um retrocesso, mas sempre foi um fato inútil em vez de algo relevante.
Não se sabia que uma pequena porcentagem de sua raça compartilhava traços biológicos com o surl'k''tu, seu ancestral primitivo que viveu cerca de um milhão de anos atrás. O gene retrógrado manifestou-se pela primeira vez após os mesmos experimentos genéticos que causaram mutações telepáticas, mas ao contrário da telepatia, as mudanças fisiológicas não podiam ser alteradas pela ligação do núcleo telepático da pessoa, então todos fingiram que o problema não existia. Ser um retrocesso não era algo discutido em uma conversa de negócios ou educada e por um motivo. Harry sabia muito sobre reminiscências só porque ele era um.
Biologicamente, os retrocessos eram bem diferentes dos modernos calluvianos. O surl’khou tinha sido intersexual e, embora os retrocessos não fossem intersexuais, eles mantinham a capacidade de produzir lubrificação natural quando estavam excitados. Sempre foi apenas um fato irrelevante para Harry. Ele ainda não entendia o que isso tinha a ver com qualquer coisa.
— Não consigo ver como isso é relevante para o assunto em questão —, disse Ksar, como se lesse os pensamentos de Harry. Por tudo o que Harry sabia, ele poderia muito bem ser.
— Não é óbvio? — Seyn murmurou, seu corpo colado ao de Harry. — Está comprovado cientificamente que os surl'kh'tu eram muito seletivos. Eles tinham um único companheiro durante toda sua vida. Os cientistas pensam que é por isso que eles acabaram sendo extintos — eles eram seletivos demais. Se o companheiro deles morressem, eles não escolhiam outro companheiro.
O coração de Harry pulou uma batida. Ele piscou, seus ouvidos zumbindo enquanto olhava para Seyn. Ele não entendeu.
— De fato —, disse Borg'gorn. — Além disso, foi provado pelos cientistas do Instituto Rivixu que após o primeiro ato de acasalamento, o corpo de um surl’kh’tu produziu um certo hormônio que os fez... precisar fisicamente de seu companheiro. — A IA realmente soava estranha. — Um mecanismo biológico fascinante que garantiu a reprodução e a sobrevivência. Tem sido teorizado que esse traço evolutivo foi formado como uma resposta a uma população em rápido crescimento dos derv'kh'tu, uma subespécie telepática de Calluvians arcaicos que se mudaram para seu habitat. Mas não foi o suficiente — como todos sabemos, o derv’kh’tu acabou deslocando o surl’kh'tu. Pensou-se que os surl'kh’tu estavam fora da competição e se extinguiram antes que os derv’k’tu evoluíssem para os calluvianos modernos, mas a existência de retrocessos sugere que as duas subespécies se cruzaram até certo ponto.
Harry balançou a cabeça, sua mente cambaleando. As palavras de Borg'gorn não faziam sentido.
— Mas ele não era — ele é um terráqueo. — Ele não podia nem dizer o nome de Louis.
Borg'gorn disse cuidadosamente:
— Eu não acho que isso importe Vossa Alteza. Embora não tenha havido precedentes de cruzamentos entre Terráqueos e Calluvianos, o cruzamento deve estar dentro dos limites da possibilidade.
Harry lambeu os lábios, por um momento, permitindo-se imaginar crianças com o sorriso de Louis e olhos escuros. Seu peito doía, porque isso nunca aconteceria.
— Certamente, você não acredita que tenha algo a ver com Harht? —, perguntou Ksar bruscamente. — Meu irmão não é um surl’kh'tu. Eles estão extintos há muito tempo. Ele simplesmente tem alguns traços comuns com eles.
Borg'gorn disse:
— Sabemos que os traços do surl’kh’tu não são igualmente fortes em todos os retrocessos. Alguns retrocessos são pouco diferentes da maioria dos Calluvianos, enquanto outros compartilham muitas características com o surl’kh'tu. Não é impossível que Vossa Alteza compartilhe essa particular característica biológica com seus antepassados.
— Bobagem —, disse Ksar. — O surl’kh’tu pode ter precisado literalmente de seus companheiros, mas não há provas científicas de que os retrocessos compartilhem esse traço com eles. Não houve precedentes.
Seyn zombou.
— Claro que não houve precedentes. Ao contrário de nós, os surl'kh'tu realmente escolhiam seus companheiros. Retrocessos nunca tiveram a mesma oportunidade, porque a Lei de Vinculação foi introduzida logo depois que os primeiros retrocessos foram documentados.
— Ninguém pediu sua opinião —, disse Ksar.
Seyn corou de fúria e olhou para ele.
— Eu te odeio tanto —, disse ele com fervor. — Mal posso esperar para ficar livre de você.
Pela primeira vez desde que voltou para casa, Harry se lembrou do estado unilateral do vínculo de Seyn com Ksar. Desde que Seyn não contou a ninguém sobre a telepatia de Ksar, eles devem ter chegado a algum tipo de acordo. Provavelmente. Harry não tinha certeza. Ele não se importou o suficiente para perguntar, e isso espalhou a sensação de frio e medo através de seu corpo. Se ele não se importava com seu melhor amigo e futuro de seu irmão, o que isso dizia sobre o estado de sua mente?
— Mas Seyn está certo —, disse Harry, tentando pensar. Foi difícil. Pensar foi difícil. Foi tão difícil se concentrar. — Quais são as chances de ser ligado à pessoa que você escolheria se não estivesse ligado? Provavelmente extremamente pequena.
— Talvez —, admitiu Ksar, nem mesmo olhando para Seyn. Ele olhou para Harry. — Vamos voltar ao assunto em questão. Eu devo acreditar que Harht não pode viver sem aquele terráqueo?
Uma dor ardente queimou o interior de Harry com a simples menção de Louis. Harry se esforçou para se concentrar na conversa.
— Como não há precedentes, só posso formular hipóteses —, disse Borg'gorn. — Mas os resultados dos exames do Príncipe Harht são mais preocupantes. Ele pode não necessariamente morrer, mas eu acho que sua saúde física e mental continuará se deteriorando. — Uma pausa. — Posso falar livremente, Príncipe Ksar?
Ksar deu um aceno de cabeça rápido.
— Eu ia informá-lo esta noite que eu estava preocupado com a saúde do Príncipe Harht. Tomei a liberdade de observar o jovem príncipe desde o seu retorno do Sol III. Tenho notado que a concentração dele está se deteriorando a um ritmo alarmante. Ontem ele passou seis horas sem se mexer, olhando para o nada. Eu tive que dizer o nome dele sete vezes para fazê-lo reagir. Se a consciência do príncipe em relação ao seu redor continuar se deteriorando nesse ritmo, é muito provável que ele eventualmente caia em estado letárgico, talvez com uma percepção muito limitada do ambiente. Eu recomendo injeções diárias dos inibidores de hormônios surl’kh’tu para torná-lo mais alerta e focado, mas não pode ser uma solução à longo prazo. Eventualmente eles vão parar de funcionar.
Seyn apertou o ombro de Harry, a preocupação sendo expelida em ondas. Harry estava mais preocupado com o fato de que ele não se sentia muito preocupado.
— E você está absolutamente certo de que a causa é o gene do retrocesso? —, disse Ksar.
— Há sempre uma margem para erro, mas tenho 99.2% de certeza —, respondeu a IA. — Além do já mencionado hormônio em seu sistema, há mudanças significativas no herovixu do jovem príncipe, a área do cérebro que é específica para retrocessos.
Os lábios de Ksar se dobraram em uma linha fina antes de seus olhos se fixarem em Harry.
— Fale comigo, garoto. É tão ruim assim?
Harry umedeceu seus lábios secos.
— Eu não sei. Eu nem percebi que eu estava fora do ar por horas. Mas eu sinto... — Ele lutou para explicar isso. — Eu sinto que há um buraco em mim que está me sugando de dentro para fora.
O rosto de Ksar estava sombrio.
— E isso é por causa dele? O terráqueo?
Harry se encolheu, enrolando-se em si mesmo. Ele não queria falar sobre Louis. Até mesmo pensar em Louis doía. Ele não tinha certeza se poderia falar sobre Louis sem desmoronar e implorar a Ksar para deixá-lo voltar para a Terra. Ele não podia ser tão egoísta. Ele não seria tão egoísta. Ele não arruinaria sua família com seu egoísmo. Seria inútil, de qualquer maneira, porque Ksar estava certo: o Conselho e o Ministério nunca o deixariam viver na Terra, e ele não poderia continuar a brincar com Louis enquanto ele não pudesse permanecer na Terra permanentemente. Seria egoísta. Louis merece algo melhor. Louis merecia alguém que pudesse fazê-lo feliz. Alguém que poderia ser honesto com ele.
Então, qual foi o ponto em falar sobre isso?
— Isso importa? — Harry disse, mal movendo os lábios.
Os olhos de Ksar se estreitaram. Tudo o que precisou foi um olhar, e os frágeis escudos mentais de Harry entraram em colapso, permitindo que seu irmão entrasse. Harry não resistiu. Ele não achava que podia, mesmo que quisesse.
Finalmente, momentos ou horas depois, Ksar saiu de sua mente.
A mandíbula de Ksar estava cerrada, sua expressão vagamente doente.
— Sua mente está uma bagunça. Algumas partes dele não reagem a estímulos. Borg'gorn está certo. Sua mente está morrendo, Harht.
Harry olhou para seu irmão sem expressão.
Seyn puxou Harry para mais perto, projetando conforto e proteção.
— Você vai fazer alguma coisa para ajudá-lo, certo? —, disse ele, olhando para Ksar.
Harry sacudiu a cabeça. O que Ksar poderia fazer? Ksar poderia ser o Príncipe Herdeiro de seu grande clã e o Lorde Chanceler do seu planeta, mas ele não tinha o poder de protegê-lo do Conselho ou do Ministério. Ninguém tinha.
Os problemas legais à parte, o escândalo destruiria sua família se outros Calluvianos descobrissem sobre Louis.
— Não se preocupe comigo —, disse Harry. — Eu não vou desgraçar a nossa família.
Ksar fechou os olhos por um momento.
— Harht—
— Eu sei —, disse Harry, mordendo o lábio para evitar que tremesse. Ele estava com um pouco de medo de morrer, afinal, mas ele quase acolheu o medo. Era melhor que a apatia e a fome que não poderia ser nomeada.
— Mas nós não podemos apenas contrabandear ele para a Terra? — disse Seyn. — Como eu fiz?
— E então o quê? — Ksar disse friamente. — É impossível excluir o histórico do teleporte. Mais cedo ou mais tarde, Harht seria encontrado e as consequências seriam muito piores. E mesmo se ele não fosse encontrado, ele nunca seria capaz de pisar no seu planeta natal e ver sua família. É esse o tipo de vida que você quer para ele? Você acha que ele ficaria feliz em viver assim, sem todos os seus laços familiares? Os telepatas não devem viver sem a comunicação telepática por longos períodos de tempo. Ele seria infeliz.
O queixo de Seyn se levantou.
— Pelo menos ele estaria vivo e são. Nós devemos fazer algo!
Ksar ficou muito quieto.
— Nós não vamos fazer nada —, disse ele irritado. — Você vai para casa e ficar de boca fechada sobre tudo que ouviu.
— Como você pode ser tão sem coração? — Seyn exclamou, ficando de pé. — Ele é seu irmão!
— Sim —, disse Ksar. — Ele é meu irmão e esta é uma questão familiar. Você não é da família. Saia. Você ultrapassou suas boas-vindas há muito tempo.
Seyn corou com fúria e humilhação antes de sair.
— Por que você é sempre tão desagradável com ele? — Harry murmurou.
O rosto de Ksar se fechou.
— Isso é irrelevante. Temos coisas mais importantes para discutir.
— Que coisas importantes? — Harry disse, olhando para as mãos. O que estava lá para discutir, realmente? Ele estava morrendo ou ia se tornar um vegetal. Harry quase esperava que ele morresse; essa parecia ser a melhor opção. Ele não queria ser um fardo para sua família.
Ele nunca mais veria Louis de qualquer maneira. Ele não tinha tido permissão de dizer adeus a ele em pessoa, e agora ele nunca faria. Louis nunca saberia que Harry se foi. Louis provavelmente não se importaria, de qualquer forma. Louis provavelmente o odiava. Claro que Louis o odiava. Louis provavelmente já havia se esquecido dele. Louis provavelmente havia se apaixonado por outra pessoa. Alguém humano. Alguém normal. Alguém que—
— Harht —, disse Ksar. — Respire. Harry!
O comando na voz de seu irmão o fez perceber que seus pulmões doíam. Harry abriu a boca e fechou. Ele respirou. Ele tentou.
A expressão de Ksar se suavizou. Em poucos passos, ele estava ao lado de Harry. E então seus braços estavam ao redor de Harry.
Harry se agarrou ao irmão, com os olhos bem fechados. Ksar não o abraçou em anos.
Quando Ksar se afastou, sua expressão era sombria e dura. Ele inclinou o rosto de Harry para cima e olhou-o nos olhos.
— Não posso prometer que será fácil, Harry —, disse Ksar. — Não será. Mas eu prometo a você que vou encontrar uma solução. — Algo frio e feio cintilou em seus olhos. — Seja o meio que for.
Chapter Text
Ksar ficou mais ou menos satisfeito ao sair do escritório da Rainha. Ele ficou agradavelmente surpreso que ele não teve que influenciar a mente de seus pais para torná-los mais... de mente aberta sobre a situação de Harht. Parece que ele não era o único da família com tinha um fraco pelo membro mais jovem. É verdade que a Rainha não ficou feliz em ouvir as notícias, mas, no fim das contas, foi mais tranquilo do que Ksar esperava. A preocupação de seus pais por Harht tinha superado seu desânimo pela situação. Harht ia precisar do apoio incondicional de seus pais, enquanto Ksar resolvia o problema do vínculo de Harry com Leylen e o fato de que legalmente Harry não poderia ter um relacionamento com o humano.
Ksar apertou os lábios. Ele ainda não podia dizer que estava feliz com o fato de que Harry literalmente precisava de seu humano.
Inicialmente, ele tinha sido cético quanto à avaliação de Borg'gorn da situação até que ele mesmo checasse a mente de Harry.
O que ele tinha visto na mente de Harry era além de perturbador. A mente de Harry sempre foi quente e brilhante, cheia de pensamentos felizes, ainda que ingênuos. Agora era aborrecida e sombria, sem vida e desprovida de qualquer excitação. O cérebro de Harry estava confuso e lento, seu núcleo pulsando com uma necessidade tão crua que quase deixou Ksar doente. Harry também estava em uma imensa dor, mas seu cérebro não parecia funcionar corretamente para ele sentir isso completamente. A ligação em torno do núcleo telepático de Harry não melhorava as coisas, mexendo com a mente e o corpo já sofridos. Ksar não conseguia imaginar viver constantemente com esse tipo de dor e necessidade insatisfeita. Ele não achava que Harry poderia durar muito tempo sem ficar louco ou sem que o seu cérebro finalmente se desligasse.
Então, independentemente de seus próprios pensamentos sobre o assunto, ele teria que conseguir o que Harry precisava: aquele humano.
Ksar rangeu os dentes e caminhou em direção ao seu escritório.
Ele estava irritado com a situação. Porém, talvez o aborrecimento não fosse a palavra correta. Raiva fria se encaixava melhor. Ele queria matar aquele humano. Harht ainda era uma criança. Não era a idade de Harht que era o problema — Ksar já esteve em centenas de planetas e estava bem ciente de que a maioridade dos Calluvianos era considerada bastante antiga pelos padrões da maioria das raças. Harht tinha vinte e três anos, idade suficiente para tomar suas próprias decisões. Não, o problema não era a idade de Harht, por si só; era a ingenuidade e a confiança de Harht. Harht esteve muito protegido durante toda a vida. Ele nem sequer frequentou uma escola fora do planeta, como a maioria dos príncipes de Calluvia. Seus pais sempre haviam mimado Harht demais e ele se tornara repugnantemente ingênuo e simpático.
Ksar não teve a oportunidade de observar Louis Tomlinson por muito tempo, mas ele estava familiarizado com o tipo: o tipo bonito e confiante que fodia cada coisa atraente que aparecesse. Harht merecia melhor.
Mas isso não importava agora, não é?
Ksar apertou a mão contra o scanner e a porta do escritório se abriu.
— Borg'gorn, a informação que pedi —, disse ele, sentando-se atrás de sua mesa.
Um holograma apareceu na frente dele.
A IA respondeu:
— Os dados não estão completos, mas a pesquisa inicial indica que vinte e três por cento dos lordes Chanceler do Ministério gostariam que as leis relativas às viagens pré-TNIT fossem suavizadas. Quarenta e seis por cento não têm sentimentos particularmente fortes sobre o assunto. Trinta e um por cento concordam firmemente com a lei.
Ksar cantarolou pensativamente. Vinte e três por cento foi melhor que o esperado. Ele poderia trabalhar com isso.
— A Rainha-Consorte do Sexto Grande Clã aceitou meu convite?
— Sim, Vossa Majestade. Ela estará aqui em breve.
— Bom. — Ksar se recostou na cadeira e fechou os olhos. Sua mente correu com possibilidades, considerando e descartando-as rapidamente.
Ele desejou que ele não tivesse que escolher essa rota.
Por um momento, ele se perguntou novamente se teria sido mais fácil simplesmente contrabandear Harht para a Terra, como Seyn havia sugerido, mas ele descartou a ideia novamente. Para fazer isso, ele teria que subjugar completamente os testamentos dos técnicos de teleporte, apagando suas memórias de novo e de novo a cada vez que eles vissem na histórico do teletransportador que Harht havia se teletransportado para a Terra. Mesmo que fosse viável — o que não era, já que Ksar estava ocupado demais — não havia nada que ele pudesse ter feito para manter os técnicos fora de si; eles iriam notar imediatamente que algo estava errado.
Não, a rota política era mais segura e menos complicada em longo prazo.
Ele fez a escolha certa.
— A Rainha-Consorte do Sexto Grande Clã está aqui, Alteza —, disse Borg'gorn.
Ksar abriu os olhos e se endireitou na cadeira. — Deixe-a entrar.
A porta se abriu e a Rainha-Consorte Zeyneb'shni'waari entrou confiante.
Ksar não se levantou. Seria a coisa educada a fazer, mas certamente não era necessário ou esperado dele. Como o Príncipe Herdeiro do Segundo Grande Clã e o futuro rei de seu clã, a posição social de Ksar era maior do que a de Lady Zeyneb e ambos sabiam disso. Lady Zeyneb não era nem amiga nem aliada — ainda — e qualquer falsa cortesia só a faria suspeitar. Ele não iria parecer muito ansioso.
— Ksar'ngh’chaali —, disse ela com um sorriso. — Fiquei agradavelmente surpresa ao receber sua mensagem, já que você se recusou a apoiar minha proposta da última vez.
— Você ficou? — Ksar murmurou, olhando-a nos olhos. Uma rápida olhada em seus pensamentos não revelou nada que ele não esperava: ela estava curiosa e ansiosa para aproveitar essa oportunidade para promover seus objetivos políticos. Ela também estava cautelosa com ele. Ela não confiava nele.
Bom. Ela não era completamente tola. Ele não precisava de aliados tolos.
— Na verdade, essa é a razão pela qual solicitei essa reunião —, disse Ksar. — Estou disposto a reconsiderar minha postura.
Zeyneb inclinou a cabeça para o lado.
— E o que o fez mudar de ideia?
Ksar sorriu.
Ela se mexeu, parecendo um pouco desconfortável.
— Seu irmão adotivo é o Lorde Chanceler do Planeta Kiwufhi —, disse ele. — Ouvi dizer que ele vai propor um projeto de lei na próxima sessão do Ministério.
Ela franziu a testa, parecendo confusa, mas intrigada. Ksar sabia que ela não estava interessada tanto na política intergaláctica.
— Que tipo de lei? — Ela disse.
— Revogação da lei do 156o ministério —, disse Ksar.
Ela olhou para ele.
— Tenho certeza que você deve ter ouvido errado —, disse ela lentamente. — Isso seria um suicídio político e social. Isso nunca passaria.
— Assim como o projeto de lei que você quer propor no Conselho —, disse Ksar amigavelmente. — Mas a política pode ser tão imprevisível. Nunca se sabe.
Seus olhos se estreitaram. Ela deu-lhe um longo olhar avaliador.
— Talvez —, ela disse finalmente. — Talvez devêssemos falar claramente para evitar confusão.
Ksar sorriu e recostou-se na cadeira.
— Se o seu irmão adotivo propor o projeto de lei que mencionei na próxima sessão do Ministério, a Rainha apoiará o projeto de lei que você pretende propor na próxima sessão do Conselho.
Suas narinas se alargaram. Ksar não precisava ler sua mente para saber que estava interessada.
— Sua mãe, a Rainha, é muito influente — disse Lady Zeyneb devagar. — Mas nem isso será suficiente para o projeto de lei passar. Há muitos covardes telepaticamente nulos no Conselho.
Ksar olhou para ela com firmeza.
— Deixe que eu me preocupe com isso.
Ela o estudou. Ela parecia um pouco cética, mas sabia que não deveria questioná-lo. Isso lhe daria uma negação plausível se ele fosse pego.
E ela queria que o projeto fosse aprovado demais. Não era um segredo. Lady Zeyneb vinha pressionando pela emenda à Lei de Vinculação há anos. Seus motivos eram transparentes: ela estava agindo em nome de seu filho, que estava ligado ao antigo herdeiro do Quinto Grande Clã. A ligação tinha sido perfeitamente elegível, exceto pelo fato de que o companheiro de seu filho havia desaparecido décadas atrás, presumivelmente sequestrado por renegados. No entanto, nada foi confirmado. Embora o chip de identificação do príncipe perdido tivesse sido desativado, a ligação com o filho de Lady Zeyneb permaneceu, sugerindo que o príncipe perdido estava vivo... em algum lugar. Em qualquer caso, o filho de Lady Zeyneb precisava se livrar do vínculo se ele fosse se casar com o Rei do Planeta Zicur, com quem se encontrou na escola fora do planeta que ele tinha estudado e que tinha estado cortejando- o por anos, o que era a fonte de intermináveis fofocas na sociedade. Se o Rei de Zicur não fosse um solteiro tão elegível, a situação teria sido muito mais escandalosa, já que tecnicamente o filho de Lady Zeyneb estava ligado. Não era de admirar que Lady Zeyneb quisesse quebrar o vínculo de seu filho com o príncipe ausente e casar com ele com seu pretendente de prestígio. Ksar faria o mesmo.
Então ele esperou pacientemente que ela aceitasse suas condições. Ela não recusaria.
Por fim, lady Zeyneb assentiu e se levantou.
— Muito bem. Eu entrarei em contato com meu irmão. Estou ansioso para ouvir boas notícias de você.
— Você irá —, disse Ksar, ficando de pé por educação.
Ela sorriu para ele e saiu.
Quando a porta se fechou atrás dela, Ksar sentou-se. Fechando os olhos, ele alcançou com sua mente em direção à mulher. Desde que ela estava sozinha agora e supostamente a salvo de qualquer curiosidade telepática, seus escudos mentais estavam abaixados e sua mente era um livro aberto.
— Ele parece muito interessado em revogar a lei 156°. Essa é uma fraqueza que posso explorar. Talvez eu devesse exigir mais coisas de Ksar em troca do apoio do meu irmão. Hmm.
Se Ksar tivesse alguma dúvida persistente — não que ele tivesse alguma — sobre o que ele estava prestes a fazer, eles teriam ido embora agora.
Cuidadosamente, ele plantou um pensamento profundamente em sua mente. Nada radical. Nada que ela notasse ou considerasse incomum para ela. Era simplesmente uma sugestão que ela deveria fazer como Ksar queria por enquanto e que ela poderia transformar a situação contra Ksar em algum momento no futuro — um futuro muito remoto.
Ela não percebeu nada.
Mas, novamente, por que ela, quando todos sabiam que era impossível plantar pensamentos sem contato visual?
Ksar sorriu.
O poder infinito corrompe, uma voz disse sarcasticamente no fundo de sua mente. Uma voz que soou suspeitamente como a de Seyn.
Ksar franziu a testa e checou seus escudos mentais, mas eles estavam impenetráveis como sempre. Ele havia imaginado isso.
Ou talvez fosse a voz de sua consciência que ele achava que não tinha mais.
Pressionando os lábios, Ksar descartou o pensamento. Ele não tinha tempo para isso. Ele tinha um dia agitado pela frente. Mais pessoas precisando de persuasão.
Persuadir era uma boa palavra. Isso pode significar várias coisas.
Ksar tamborilou com os dedos no braço da cadeira.
Mas primeiro, ele tinha uma reunião especial antes de poder voltar às negociações políticas.
— Borg'gorn, a senhora Leylen já está aqui?
— Sim, Vossa Majestade.
Ksar mudou seu rosto para uma expressão amigável quando a porta se abriu novamente, admitindo a companheira de Harht.
Ksar a estudou. Ela era agradável de se ver, possuía maneira e aparência agradáveis. Harht teve sorte. Ela definitivamente era menos preocupante do que Seyn.
Um lampejo de irritação ao pensar em Seyn tornou mais difícil sorrir para a garota.
— Lady Leylen'shni'gul —, disse ele. — Por favor, sente-se.
Corando levemente, ela fez.
— Vossa Alteza. Existe uma razão pela qual você solicitou minha presença?
— Sim —, disse Ksar, baixando o olhar. Por um momento, ele considerou simplesmente forçá-la a fazer o que ele queria, mas ele descartou a ideia. Seria muito arriscado. Um habilidoso adepto da mente poderia descobrir que ela estava sendo influenciada — e se tudo acontecesse como ele planejava, um habilidoso adepto da mente examinaria sua mente por uma razão muito específica.
— Receio não ter muito tempo, então falarei abertamente —, disse Ksar, suavizando sua voz. — Em alguns meses, uma emenda à Lei de Vinculação será aprovada. A partir de então, qualquer um que tenha atingido a maioridade poderá solicitar a dissolução de seu vínculo. Você atinge a maioridade em três meses.
Ela olhou para ele. Ele praticamente podia ver sua mente trabalhando. Ela não era uma garota estúpida.
— Você quer que eu peça a dissolução do meu vínculo com o seu irmão? —, ela disse lentamente. — Porque eu faria isso? Estou perfeitamente satisfeita com meu vínculo.
Claro que ela estava. Enquanto ela era de sangue nobre, e sua família possuía um dos maiores depósitos de korviu, o elemento químico inestimável necessário para o uso de teleportadores transgalácticos, a posição social de sua família não era muito alta. Um príncipe era uma ótima oportunidade para ela. Ela nunca iria voluntariamente dissolver o vínculo com Harht.
Não pela primeira vez, Ksar queria poder simplesmente quebrar o vínculo de Harht com a garota — ele era mais do que capaz disso — mas não resolveria o problema de Harht. Não o libertaria aos olhos da lei.
Ksar também desejava poder simplesmente esperar até que Harht alcançasse a maioridade e pudesse pedir a dissolução do vínculo, mas depois de ver o estado da mente de seu irmão, ele não achava que Harht tivesse tanto tempo. É claro que Ksar poderia ter pressionado por uma revogação completa da Lei de Vinculação, mas o Conselho nunca votaria nela, e seria altamente suspeito se todos de repente mudassem de ideia.
Então, negociar com a Leylen'shni'gul era a única opção. Por sorte, Ksar sabia de algo que ela estaria mais do que disposta a quebrar seu vínculo.
Ksar encontrou os olhos da garota.
— E se eu me oferecesse no lugar do meu irmão? Seus olhos se arregalaram. Ela corou.
— Eu... eu temo que não esteja entendendo, Alteza. Eu pensei que você estava ligado ao Príncipe Seyn’ngh’veighli.
Suprimindo outra onda de aborrecimento, Ksar forçou um olhar agradável em seu rosto.
— Logo, eu não vou estar.
Ela sorriu.
Chapter Text
Calluvia não tinha invernos. Não tinha desertos nem terrenos baldios. O tempo era perfeito a maior parte do ano. A superfície era verde e exuberante, árvores ridiculamente altas em todos os lugares.
Harry sempre amou isso em seu planeta natal, mas agora ele não podia deixar de notar como era artificial. Tudo isso foi geneticamente modificado a partir dos restos de plantas extintas, e milhões de robôs agrícolas cuidaram disso. O planeta parecia vibrante e perfeito na superfície, mas não era natural.
Harry se perguntou como seria Calluvia se os habitantes não interferissem na ordem natural das coisas. A adorável árvore gevishku em que ele estava sentado tinha sido extinta por um milhão de anos antes que os geneticistas decidissem trazê-la de volta só porque era tão bonita. Estava correto?
Da mesma forma, o gene de retrocesso que ele carregava nunca teria existido se os geneticistas não tivessem interferido na ordem natural das coisas. Os surl'kh’tu foram extintos há muito tempo, mas aqui estava ele, um regressista aos tempos antigos.
Harry encostou a bochecha no tronco liso da árvore e fechou os olhos. Ele se perguntou se a árvore também estava vazia por dentro. Ela era solitária, porque realmente não pertencia aqui? Poderia sentir dor? Ou estava apenas entorpecida agora?
—... Harry!
Harry se encolheu e olhou para cima.
Seu pai estava franzindo a testa para ele, um brilho de grande preocupação em seus olhos, o que fez Harry se perguntar quanto tempo seu pai estava tentando chamar sua atenção. Isso vinha acontecendo muito ultimamente. Muitas vezes.
Um arrepio percorreu a espinha de Harry. Ele iria desaparecer em sua cabeça um dia e nunca mais voltar? Ele esperava que não terminasse assim. Ele não queria ser algum tipo de vegetal. A morte seria preferível.
Para seu alívio, seu pai não comentou sobre sua falta de reação. Ele sentou ao lado de Harry no banco e olhou para a fonte em frente a eles.
Eles ficaram em silêncio por um tempo.
— Você foi uma surpresa para nós —, seu pai disse finalmente, sua voz calma e contemplativa. — Quando sua mãe descobriu que estava grávida, ela não queria você. Ela argumentou que já tínhamos o herdeiro, e Sanyash era a sobressalente. Ela insistiu que não tinha tempo para outra criança. — Seu pai sorriu. — Mas eu a conhecia. Ela estava simplesmente perdendo o equilíbrio. Você sabe que sua mãe gosta de calcular suas ações previamente. Os nascimentos de Ksar e Sanyash foram meticulosamente planejados. Ela escolheu especificamente os traços principais que queria que eles tivessem — liderança, inteligência superior, vontade, força — e seu desenvolvimento fetal era supervisionado pelos melhores geneticistas do Centro de Reprodução. Você era o único imprevisível, seu único filho natural, o único que ela carregou em seu coração durante dez longos meses. — Seu pai sorriu para Harry. — Você é diferente dos seus irmãos. Você pode não ter suas qualidades de liderança, mas você tem um coração bom e gentil.
Harry engoliu em seco.
— Por que você está me contando isso? — Seu pai apertou o ombro de Harry.
— Não há necessidade de se esconder nos jardins, Harry. Sua mãe pode não demonstrar, mas ela te ama mais do que qualquer um de seus outros filhos. Ela pode não aprovar suas escolhas e pode não estar feliz com a... situação, mas tudo o que ela quer é que você seja saudável e feliz. Você é o bebê dela e sempre será. Tenho certeza que ela não vai te renegar, mesmo que você mate alguém. — Seu pai riu. — Não diga a ela que eu lhe contei isso. Ela sempre diz que nós te estragamos muito.
Harry sorriu de volta trêmulo e escondeu o rosto no ombro do pai. — Obrigado —, disse ele com voz rouca. — Eu amo você, pai. Seu pai deu um tapinha na cabeça dele.
— Eu também te amo, garoto. Apenas espere. Seu irmão está trabalhando em uma solução enquanto conversamos. — Ele riu. — Eu suponho que deveríamos estar contentes que Ksar foi criado para ter sucesso, não importa quão impossível possa parecer.
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Jornal Político de Calluvia
Data da União Intergaláctica: 18768.038
Há fortes rumores intensos no lobby do Conselho. Se for possível acreditar nos rumores, a Lady Zeyneb'shni'waari, a Rainha-Consorte do Sexto Grande Clã, vai propor um projeto de lei com emendas à Lei de Vinculação. Não é a primeira vez que ela expressa tais ambições, mas se os rumores indicam alguma coisa, desta vez o projeto tem a chance de ser aprovado.
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Jornal Político de Calluvia
Data da União Intergaláctica: 18768.108
Quebra! A revogação da lei 156 foi proposta na 2311a sessão do Ministério.
A lei do 156o ministério, coloquialmente conhecida como — Lei Pré-TNIT —, é a lei relativa às civilizações que não atingiram o nível tecnológico exigido para o Contato. Atualmente, a lei proíbe que os cidadãos da União dos Planetas tenham residência permanente em planetas pré-TNIT ou tenham relações interpessoais com membros de civilizações pré-TNIT.
Se a lei for revogada, os cidadãos da União poderão visitar e permanecer em qualquer planeta pré-TNIT sem a sanção do Ministério. Significaria também que um casamento com um membro de uma civilização pré-TNIT seria reconhecido pelo direito da União.
No entanto, especialistas acreditam que é improvável que a lei 156 seja revogada. Até agora, apenas um quarto dos Lordes Chancelers parece estar a favor da proposta.
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Fofoca da Sociedade Calluviana
Data da União Intergaláctica: 18768.122
Em meio a todas as conversas políticas nos últimos meses, passou despercebido que o Príncipe Harht'ngh'chaali, do Segundo Grande Clã, mal tenha sido visto na sociedade. O assessor de imprensa da Segunda Casa Real nos informou que o Príncipe Harht estava estudando e tinha pouco tempo para a vida social. No entanto, nossos jornalistas descobriram que o Príncipe Harht mal sai de seus aposentos. Se os rumores são verdadeiros, ele está doente e está doente há muito tempo. Nós da Fofoca da Sociedade Calluviana desejamos ao jovem príncipe uma rápida recuperação, mas não podemos deixar de nos perguntar por que a Segunda Casa Real está de boca fechada sobre a doença do Príncipe Harht.
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Calluvian Diário
Data da União Intergaláctica: 18768.163
Quebra! A emenda à lei da Vinculação passou!
Agora, ao atingir a maioridade, qualquer Calluviano pode apresentar uma petição para dissolver o vínculo de infância. No entanto, nem todas as petições serão necessariamente aprovadas.
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Fofoca da Sociedade Calluviana
Data da União Intergaláctica: 18768.165
Escândalo na Segunda Casa Real!
Como informamos na manhã de ontem, a Lady Leylen'shni'gul fez uma petição para dissolver sua ligação com o Príncipe Harht'ngh'chaali. Na época pensamos que a menina estava louca, mas à luz do que acabamos de descobrir, poderíamos rever nossa opinião.
Na noite de ontem, outra petição foi apresentada por um membro da Segunda Casa Real: por ninguém menos que o Príncipe Herdeiro Ksar'ngh’chaali. Nosso Lorde Chanceler deseja romper seu vínculo com o seu companheiro também.
Agora, nós nunca especularíamos ou implicaria que as duas petições estão conectadas, mas fica o questionamento, qual é a pressa? O Príncipe Ksar e a adorável Lady Leylen'shni'gul tinham um carinho secreto um pelo outro todos esses anos? Se esse é o caso, e quanto ao Príncipe Harht, que dizem que está doente? Também se perguntam se a Terceira Casa Real se ofenderá em nome do Príncipe Seyn...
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Calluvian Diário
Data da União Intergaláctica: 18768.183
Em todo o tumulto causado pela emenda à Lei de Vinculação, a próxima sessão do Ministério foi quase esquecida. No entanto, se o projeto de lei referente à revogação da lei 156 passar, as consequências potenciais serão tão importantes quanto à emenda à Lei de Vinculação.
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Jornal Político de Calluvia
Data da União Intergaláctica: 18768.206
Quebra! A lei pré-TNIT foi revogada por uma margem muito pequena!
Quando começou a parecer que os adversários da revogação prevaleceriam, o lorde Chanceler do Planeta Stuxz teve uma mudança de opinião e votou em apoio à revogação.
— De repente, ocorreu-me que a lei 156 não pode continuar existindo em sua forma atual —, disse o Lorde Chanceler. — Ainda não estou totalmente convencido de que precisava de uma revogação completa, mas talvez eu faça alterações e sugira uma lei nova e mais branda na próxima sessão do Ministério.
Seus ex-aliados ficaram impressionados com sua súbita mudança de opinião.
— Acredito que a votação foi de alguma forma manipulada —, insistiu o Lorde Chanceler Aimanu. — Existem telepatas entre os senhores.
Contudo, tais suspeitas foram desmentidas pela segurança do Ministério. — A Câmara dos Lordes é protegida pelos melhores escudos da galáxia. Nem interferência eletrônica nem telepática é possível. Os resultados são legítimos.
Chapter Text
Planeta Terra
Mastigando seu macarrão, Jake olhou através da mesa para Louis.
— Então você irá levar Nick a um segundo encontro? — ele disse. Ele estava pensando sobre isso a manhã toda, mas não teve a chance de perguntar ao amigo. Louis não mencionou seu encontro com Nick.
O garfo de Louis parou. Ele ergueu os olhos do prato.
— Encontro? —, ele disse suavemente. — Eu fodi ele. Ele foi bom. Isso é tudo. Nenhum namoro estava envolvido.
— Ah. — Jake voltou seu olhar para seu prato. Droga. Ele gostava de Nick e esperava que ele fosse diferente de todos os outros caras com quem Louis tinha se envolvido.
Jake reprimiu um suspiro. Ele não podia dizer que gostava do quão friamente promíscuo seu amigo se tornara no ano passado. Claro, Louis nunca teve problemas para transar, mas ele nunca tinha sido do tipo “foda- os e deixe-os”. Louis costumava conhecer seus parceiros sexuais pelo menos um pouco antes de ficar com eles. Nos dias de hoje, Jake não tinha certeza se Louis se incomodava em aprender o nome do cara antes de foder com ele.
E pensar que todos aqueles meses atrás, Jake ficara aliviado quando Louis finalmente se animou e começou a sair e transar de novo. Ele pensou que significava que o velho Louis estava de volta. Ele não poderia estar mais errado.
Jake na verdade preferia a forma não barbeada e deprimida de um homem que Louis tinha sido depois que o babaca o deixou novamente do que o idiota cínico de coração frio que Louis estava agora. Pelo menos naquela época, Louis havia mostrado alguma emoção real, mesmo que fosse raiva, tristeza e dor. Agora não havia nada.
Jake só podia amaldiçoar o dia em que Louis conheceu aquele garoto. Mesmo que Louis estivesse realmente apaixonado pelo pequeno idiota mentiroso, como ele insistiu, era óbvio que o relacionamento deixara cicatrizes muito profundas para que elas se curassem completamente — para curar corretamente.
Faz um ano, pelo amor de Deus. Jake queria seu amigo de volta. Porque o homem sentado em frente a ele não era seu velho amigo, não importava o quanto ele aparentava ser. Os olhos do velho Louis nunca foram tão frios e cínicos. O velho Louis não tinha a vantagem cruel deste Louis. O velho Louis nunca teria usado um cara legal como Nick como uma foda sem sentido e depois descartado tão facilmente.
Jake queria seu melhor amigo de volta.
— Algo no meu rosto? — Louis disse, limpando a boca com um guardanapo.
— Não —, disse Jake, empurrando o prato para longe. — Vamos voltar ou nos atrasaremos.
Louis acenou com a cabeça e sinalizou para o garçom a conta. Quando eles se dirigiram para o escritório, alguém gritou:
— Louis!
Jake e Louis pararam e se viraram. Jake reprimiu outro suspiro quando viu quem era. George, o jovem estagiário que estava de olho em Louis a semana toda.
— Hey —, disse George, sorrindo para Louis sob seus cílios. — Eu queria saber se você estava livre hoje à noite—
— Ele não está —, Jake cortou quando viu que Louis estava começando a concordar. — Depois, garoto —, ele disse com um sorriso falso, agarrando o braço de Louis, arrastando-o para o escritório.
Exceto que Louis não era um homem fácil de manipular. Ele libertou o braço do aperto de Jake e lançou-lhe um olhar irritado.
— Eu não estou?
Jake franziu o cenho.
— Aquele garoto está meio apaixonado por você, cara! Você teria quebrado o coração dele.
— Eu não sou um monstro ou algo assim.
Jake zombou.
— Claro que não. Você teria apenas fodido com ele e depois o expulsado.
Louis apertou os lábios.
— Talvez eu o quisesse.
— Claro. Você nem gosta de loiros.
Louis pegou um cigarro e acendeu. Jake fez uma careta e disse a si mesmo que Louis era um homem adulto. Se ele queria morrer de câncer de pulmão, era problema dele. Era apenas um dos muitos maus hábitos que Louis havia adquirido no ano passado.
Louis deu um longo trago e soltou a fumaça lentamente. — Talvez agora eu goste deles. Pessoas mudam.
— Sim —, disse Jake. Elas certamente mudam.
— O que? — Louis disse, sem olhar para ele.
— Você disse que superou ele —, disse Jake.
Louis virou a cabeça e olhou-o nos olhos. Não havia emoção alguma em seus olhos.
— Superei quem?
Jake sacudiu a cabeça. Certo.
Louis deu outra tragada e olhou para o relógio.
— Devemos voltar —, disse ele e fez exatamente isso. Suspirando, Jake o seguiu.
Chapter Text
Seis horas depois, quando Louis entrou em seu apartamento, ele se perguntou se deveria ter trazido o estagiário loirinho para casa, apesar do que Jake havia dito.
Deixando cair à pasta no chão, Louis suspirou aborrecido. Ele desejou que Jake finalmente saísse de suas costas. Primeiro Jake o incomodara constantemente, tentando convencê-lo a sair e transar, e quando Louis fez exatamente isso, Jake começou a importuná-lo dizendo que estava fazendo isso com muita frequência. Era fodidamente ridículo, considerando o que Louis tinha feito todos aqueles meses atrás apenas para tirar Jake dos seus pés, porque aparentemente ele precisava se encontrar com alguém para provar que ele estava bem.
Ele estava bem. Sua palavra deveria ter sido suficiente. Ele estava bem naquela época e ele estava mais do que bem agora. Fazia um ano. Ele estava bem. Isso o irritou, que Jake continuava afirmando que ele ainda não superara Harry. Claro que ele superou Harry.
Ele mal se lembrava da cor dos olhos de Harry. Ou o jeito que Harry sorria feliz quando estava encantado ou animado com alguma coisa. Ou o jeito que Harry se curvava para ele, como uma flor em direção ao sol.
Apertando a mandíbula, Louis afrouxou a gravata. Harry tinha sido um merdinha mentiroso que o fodeu tanto que levara meses para se recuperar. Ele quase perdeu o emprego por causa de Harry. Sua mãe teve que vir a Londres e gritar com ele para parar de ser uma porra deprimida antes que ele finalmente conseguisse se controlar.
Fazia um ano. Um longo ano de merda, mas um ano que o mudou muito. Aparentemente o tempo curava todas as feridas. A dor, a paixão e o sentimento de traição haviam desaparecido há muito tempo, ficando apenas uma raiva fria e nada mais.
Louis tirou a gravata e começou a desabotoar a camisa. Ele mexeu o pescoço de um lado para o outro, tentando aliviar um pouco de sua tensão. Ele estava abrindo o zíper da calça quando uma batida hesitante quebrou o silêncio no apartamento.
Louis franziu a testa e se dirigiu para a porta.
Ele girou a fechadura, abriu a porta e ficou muito quieto.
Porque na frente dele estava Harry, seus olhos violetas largos e desconfiados e famintos ao mesmo tempo.
Algo nele estremeceu.
Ele esqueceu a cor exata de seus olhos.
— Olá —, disse Harry.
Como ele se atrevia.
Louis fechou a porta na cara dele.
Ele encostou a testa contra ela, tentando se acalmar. Seu corpo inteiro tremia — com raiva e algo mais — e ele não conseguia pensar.
Harry estava lá. Harry estava lá.
Louis não conseguia lembrar quantos meses ele esperara até que Harry voltasse. Três? Quatro?
E agora, um maldito ano depois, o merdinha se atreveu a voltar, parecendo todo bonito e parecido como um doce, e ele esperava que Louis... fizesse o que, exatamente?
Que porra ele queria?
Cerrando sua mandíbula, Louis abriu a porta novamente.
Harry ainda estava do outro lado, pálido e abatido. Não parecia que ele se movera um centímetro.
— O que você quer? — Louis disse duramente, tentando não olhar Harry nos olhos. Ficara chateado que aqueles olhos ainda tivessem tanto poder sobre ele, apesar de tudo.
— Eu... — Harry disse, piscando.
Sério. Ele parecia uma boneca de porcelana, não um homem de verdade. Como ele poderia querer isso? Harry não era nem um pouco bonito. Ele era fofo, mas objetivamente, seu rosto era muito estranho para chamá-lo bonito.
— Eu... — Harry disse, sua voz rouca e expressão atordoada.
Seguindo o olhar de Harry, Louis percebeu que Harry estava encarando o seu peito nu e a calça entreaberta. A necessidade crua em seus olhos era difícil de confundir com qualquer outra coisa.
Louis riu.
— Sério?
Ele não podia acreditar nisso.
— É por isso que você veio? Meu pau?
Harry corou.
— Você não entende.
— Você está certo: eu não entendo —, Louis respondeu antes de se virar e ir para o sofá. Ele sentou-se e olhou para Harry, que o seguira atordoLouisente para o apartamento.
O merdinha ainda estava olhando para sua virilha, como se tivesse todas as respostas do mundo. Raiva fria borbulhava pelas veias de Louis. Ele quase virara um alcoólatra por causa de Harry, mas aparentemente tudo que Harry queria era seu pênis. Agradável.
— É por isso mesmo que você veio? — Louis disse e mal reconheceu sua voz, tão feia que estava.
Harry lambeu os lábios.
— Eu...
— Você sabe o quê? — Louis disse, puxando sua calça aberta. — Tudo bem. — Apesar da raiva dentro dele, ele estava duro. É claro que ele estava quando Harry estava olhando para seu pênis como se ele estivesse sedento por isso. Se Harry tinha vindo para uma foda rápida e desagradável, quem era ele para negar isso? Talvez isso finalmente fizesse ele esquecer a última e única vez que eles fizeram amor — tinham fodido. Tinham fodido. Isso foi tudo o que tinha sido.
— Você quer meu pau? — Louis se recostou contra o sofá, olhando duro para Harry. — Venha sentar nele, então.
Harry literalmente balançou em seus pés, os olhos ainda fixos na virilha de Louis. Cristo, ele parecia quase drogado, sua expressão carente e seus olhos vidrados.
— Eu... — Harry disse, dando um passo para o sofá, e depois outro. — Precisamos conversar. — E, no entanto, apesar de suas palavras, ele estava sentado no colo de Louis e levando o pênis de Louis em suas mãos trêmulas.
Porra.
Louis respirou fundo com os dentes cerrados, incapaz de acreditar que Harry estivesse realmente fazendo isso.
Suas mãos se contorceram e ele agarrou o sofá para se impedir de tocar em Harry. Porra, ele se sentia como um homem faminto se forçando a não comer o banquete diante dele. A festa era apenas enganosamente doce. Era fodidamente venenosa. Ele mal se recuperou da última vez. Ele não estava fazendo isso de novo.
Louis assobiou quando Harry apertou seu pênis com as duas mãos.
— Nós realmente precisamos conversar, — Harry gaguejou, soando completamente fora disso, antes de repente se lamentar e esconder seu rosto no peito de Louis. — Me desculpe, me desculpe, eu não posso, eu preciso muito. — Ele acariciou sua bochecha no peito nu de Louis antes de agarrar seu mamilo e chupar faminto, suas mãos acariciando o pênis de Louis avidamente. Louis mordeu o lábio com força, os dedos enterrando-se nos cabelos de Harry enquanto Harry chupava o mamilo de Louis como um bebê faminto, gemendo e contorcendo-se no colo de Louis, tentando tirar a calça de moletom — ou pelo menos o que parecia ser calça de moletom, mas era feito de um tecido liso estranho.
Finalmente, Harry conseguiu e montou em seu colo novamente, nu abaixo da cintura, e apertou sua bunda contra seu pênis.
Louis assobiou. Harry choramingou.
Louis mordeu o interior de sua bochecha, tentando recuperar algum controle. Ele deveria empurrar Harry para longe e jogá-lo para fora de seu apartamento. Ele deveria, em vez de pensar em onde conseguir preservativos e lubrificantes. Mas quando ele olhou para o rosto aturdido e aturdido de Harry, as palavras duras que estavam na ponta da língua de Louis ficaram presas em sua garganta.
Antes que Louis percebesse o que estava acontecendo, Harry estava afundando em seu pênis.
Os olhos de Louis se arregalaram. Ele amaldiçoou por entre os dentes. Ele estava limpo, mas ainda era irresponsável como o inferno. Eles não deveriam estar fazendo isso. Eles não deveriam estar fazendo isso por muitos motivos. Boas razões. Um deles sendo que foder sem lubrificação não era uma boa ideia.
— Espere, Harry — Mas Harry não estava seco. Ele estava tão fodidamente escorregadio, um aperto molhado envolvendo seu pênis quando Harry gemeu, uma expressão destruída em seu rosto, lábios rosados e olhos vidrados.
Que porra é essa? Como, por que—
Louis tentou perguntar, tentou falar, tentou pensar, mas todo pensamento racional deixou seu cérebro quando Harry começou a montá-lo. Tudo o que ele conseguia pensar era Harry, Harry, Harry, e foder.
Ele só podia olhar para Harry, sentindo-se drogado e sem palavras ao observá-lo.
Harry estava mordendo os lábios, uma expressão quase dolorida em seu rosto enquanto ele montava Louis desajeitLouisente, sua respiração entrando em suspiros curtos e ásperos, suas adoráveis coxas tremendo de esforço.
Seus olhos se encontraram e trancaram.
— Louis —, Harry disse sem fôlego, deslizando as mãos até o peito de Louis e enrolando-as em torno do pescoço de Louis. — Por favor.
— O que? — Louis resmungou, sentindo suas barreiras sendo derrubadas uma atrás da outra, enquanto Harry olhava para ele.
— Por favor, — Harry disse novamente, puxando a cabeça de Louis até que suas testas pressionassem juntas enquanto ele se contorcia no pênis de Louis. — Preciso de você. Eu preciso de você. Senti sua falta.
Droga.
Louis mordeu a boca de Harry, ofegante, e depois de novo e de novo, até que as mordidas se transformaram em beijos molhados e profundos. Harry estava gemendo alegremente em sua boca e Cristo, Harry.
Harry, Harry, Harry.
Louis empurrou Harry no sofá e ficou em cima dele antes que Harry encostasse de volta ao sofá. Ele empurrou seu pênis para dentro do buraco de Harry, provocando um longo e feliz gemido de Harry. Apoiando-se nos cotovelos, Louis deu a Harry o que ele queria: ele fodeu.
Harry ficou absolutamente louco debaixo dele, arranhando as costas de Louis, as unhas cravadas em sua pele, mesmo através da camisa de Louis e das pernas em torno dos quadris de Louis, incitando-o.
Louis não precisava ser incentivado. Ele nunca tinha fodido alguém assim: como se ele precisasse disso em seu sangue, como se ele fosse morrer se não estocasse seu pênis profundamente o suficiente em Harry, como se fosse para isso que ele estava vivo. Ambos gemiam, o som escorregadio de seu pênis entrando e saindo do buraco de Harry era o único outro som na sala. O sexo parecia tão sujo, no melhor sentido da palavra.
Logo, Harry estava soluçando, arqueando-se embaixo dele e murmurando algo incoerente — algo que nem soava como inglês.
— Inglês, bebê, — Louis disse, sugando beijos famintos no pescoço pálido de Harry enquanto ele batia nele.
— Por favor, goze em mim —, Harry murmurou, rolando os quadris para atender os impulsos de Louis. — Quero que você goze em mim.
Louis estremeceu, o estranho pedido fazendo coisas no seu lado primitivo. Porra. Ele queria isso. Ele queria entrar dentro de Harry, enchê-lo com seu esperma até que Harry estivesse cheio disso e continuasse a vazar por horas.
Um gemido saiu de sua garganta quando ele começou a gozar, desconcertado pela onda de prazer. Ele estava estocando profundamente em Harry com cada onda disso, puxando-o para algo esmagador. Harry gritou, arqueando sob Louis e soluçando em alívio, seu buraco apertando em torno do pênis amolecido de Louis. Foda-se. Louis abaixou o rosto ao lado de Harry, seus membros fracos e sua mente felizmente vazia.
Chapter Text
Eles ficaram assim por um tempo, corpos suados emaranhados no sofá.
Louis não fazia ideia de quanto tempo havia passado quando ele levantou a cabeça e olhou para o rosto corado de prazer de Harry. Tão fodidamente lindo. Tão belo. Harry.
Um pensamento persistente ecoou no fundo de sua mente, uma sensação de que ele havia esquecido alguma coisa, mas pairava nos limites da sua memória.
Louis franziu a testa, finalmente lembrando da coisa mais peculiar.
Estendendo a mão, ele tocou o estranho líquido na parte interna das coxas de Harry. Era incolor e sem cheiro, semelhante a lubrificante, mas... Mesmo que Harry tivesse se preparado antes de vir para cá — o que era difícil de acreditar — essa coisa vazou de Harry sem parar. Louis lembrava claramente de Harry ficando mais lubrificado quanto mais eles fodiam, o que... não deveria ter sido possível. Não deveria ter sido fodidamente possível.
Com as sobrancelhas franzidas, Louis ergueu os olhos para Harry, sem saber o que pensar.
Harry estava olhando para Louis com cautela.
— Eu... — ele disse. — Eu posso explicar. Eu vou explicar tudo que eu não pude explicar antes. Vou explicar por que fui embora
Os lábios de Louis se afinaram. Ele saiu de Harry e se sentou. Agora que seu cérebro não estava confuso de desejo, ele se lembrou de que estava chateado com Harry. Mas se Harry realmente fosse explicar tudo, ele o ouviria.
— Vá em frente —, disse ele friamente.
— Eu... — Harry disse, torcendo as mãos antes de olhar para baixo e ruborizar quando percebeu que estava nu da cintura para baixo. Harry se sentou e puxou a camisa para baixo para cobrir sua virilha. Ele limpou a garganta e olhou para Louis apreensivamente.
— Eu sou um alienígena.
Cristo, que anticlímax.
Louis deu uma risada dura.
— Não é mais engraçado. — Ele achava que iria realmente receber uma explicação. Ele ainda tinha esperança.
Harry franziu a testa.
— Eu não estou tentando ser engraçado. Eu sou um Alien. Como de outro planeta. Essa é a verdade.
— Certo —, disse Louis. Ele não podia acreditar que Harry estava reduzindo tudo a uma piada novamente, em vez de dar a ele uma resposta honesta pela primeira vez.
— Eu sou um alienígena, — Harry insistiu, uma nota de desespero rastejando em sua voz.
— Ok —, disse Louis, arrumando-se e fechando as calças. Ele estava tão cansado disso.
— Louis!
— O que? — Louis rosnou. Harry sorriu para ele, trêmulo.
— Eu estou dizendo a verdade. Olhe a minha boca. Observe? Esta é a prova de que estou dizendo a verdade.
Louis zombou. Mas então ele parou e olhou.
A boca de Harry não estava se movendo. E ainda assim ele podia ouvir a voz de Harry perfeitamente.
Eu sou um alienígena. Um alienígena telepático, disse a voz de Harry enquanto a boca de Harry não se movia um centímetro. É por isso que eu não pude ficar com você. É por isso que não consegui falar muito sobre mim. Eu vou te mostrar.
Antes que Louis pudesse pensar o que isso poderia significar, havia uma imagem de um planeta verde e azul em sua mente. Parecia um pouco com a Terra, mas claramente não era. Era muito mais verde, por um lado. Tinha apenas um continente também.
Este é o meu planeta natal, disse a voz de Harry em sua mente antes que a imagem desaparecesse.
Louis balançou a cabeça devagar. Ele estava vendo coisas. Ele deveria estar alucinando. Não havia outra explicação.
Talvez ele estivesse sonhando e Harry nem estivesse lá.
— Você não está sonhando, Louis —, Harry disse em voz alta, sorrindo para ele incerto. — Estou realmente aqui.
Louis ficou olhando.
— Você está lendo minha mente?
Harry mordeu o polegar.
— Desculpe-me. Eu só queria provar para você que eu estava dizendo a verdade.
— E a verdade é que você é um alienígena —, disse Louis sem qualquer inflexão.
Harry assentiu com um olhar esperançoso.
— Acredita em mim agora?
Louis levantou-se, caminhou até a janela e abriu-a, permitindo que o ar frio da noite entrasse no ambiente.
Ele fechou os olhos, tentando entender tudo. Uma parte dele ainda estava certa de que isso devia ter sido uma piada, que Harry iria rir a qualquer momento e dizer que estava brincando. Mas ele ouviu a voz de Harry em sua mente. Ele tinha visto o planeta de Harry em sua mente. A menos que ele estivesse enlouquecendo, ele teria que considerar seriamente a possibilidade de que Harry estava dizendo a verdade — que ele era um alienígena.
Um alienígena.
Porra, a mera ideia era ridícula, mas Louis se obrigou a considerá-la seriamente. Um alienígena. Isso certamente explicaria algumas coisas sobre Harry. Mais que algumas coisas.
Louis mordeu o interior de sua bochecha enquanto pensava sobre o fato de que seu amigo do MI6 não conseguia encontrar uma pessoa que correspondesse à aparência de Harry em qualquer país — ou o fato de Harry parecer tão completamente indiferente sobre as coisas mais básicas que qualquer ser humano apenas conheceria. Ou o fato de Harry sempre ter sido sombrio quando falava sobre sua casa e sua família. Ou o fato de que Harry aparentemente produzia lubrificante quando ele estava excitado. Ou o fato de que os ossos do joelho de Harry terem uma forma estranha. Ou o fato de Harry ter a pele de porcelana incomum que às vezes nem parecia humana. Ou o fato de que o cabelo de Harry sempre pareceu suave como seda. Ou o fato de Harry ter olhos violetas muito incomuns. Ou o fato de Harry sempre ter sido extraordinariamente apaixonado por alienígenas e pelo modo como eram retratados na mídia.
Ou o fato de Harry ter literalmente dito a ele que ele era um alienígena depois que eles se conheceram.
Louis abriu os olhos e se virou.
— Por favor, me diga que você não é realmente de um sistema estelar na constelação de Sagitário —, disse ele com um olhar.
Harry deu-lhe um sorriso tímido.
— Não? Nós não chamamos lá de Sagitário.
— Mas você é realmente um alienígena da constelação de Sagitário —, Louis disse sem emoção.
Harry assentiu.
— Nós não chamamos assim —, ele disse novamente. — As estrelas parecem diferentes de planetas diferentes.
— Nós —, Louis repetiu. — Quem são nós?
Harry inclinou a cabeça para o lado e olhou para ele cautelosamente.
— Calluvians —, disse ele. — Ou, para ser mais preciso Cal'luv'vians, mas o nome do planeta foi padronizado quando nos tornamos parte da União dos Planetas, porque a maioria das outras raças não podia nem ouvir a palavra inteira — Harry interrompeu-se. — Desculpa. Eu estou balbuciando. Provavelmente não é interessante para você. Você realmente está indo bem ou vai fazer essa coisa que os humanos costumam fazer quando surtam sem motivo?
— Eu não sei —, Louis disse com um sorriso torto. — Provavelmente.
Harry fez beicinho.
— Eu pensei que você acreditava em mim.
Suspirando, Louis passou a mão pelo cabelo.
— Você percebe o quão insano tudo isso soa, certo? — Ele beliscou a ponte do nariz. — Ok, digamos que eu acredito em você. Você é um alienígena. Ótimo. O que você está fazendo aqui?
— Aqui? — Harry olhou em volta e depois para seu corpo seminu que Louis estava tentando não olhar. Ele não podia se dar ao luxo de se distrair. Já era difícil o bastante envolver sua mente em tudo isso.
— Na Terra —, Louis esclareceu antes de rir. — Estamos sendo invadidos ou algo assim?
Harry deu a ele um olhar desapontado.
— Eu realmente não entendo por que os humanos são tão fixados na ideia de que alienígenas estão interessados em invadir a Terra. Pensei que tinha dito a você meus pensamentos sobre isso.
— Ah, sim —, disse Louis, não sem sarcasmo. — Eu me lembro de nós discutindo o assunto totalmente hipotético dos alienígenas.
Harry, para seu crédito, teve a graça de parecer envergonhado.
— Eu nunca quis mentir para você —, ele disse baixinho. — Eu simplesmente não podia te dizer nada. Existem leis, você sabe. A Terra ainda não atingiu o nível tecnológico e cultural necessário para o contato.
Louis suprimiu a vontade de procurar algumas câmeras escondidas. Apesar da telepatia, apesar de tudo o que Harry disse a ele, uma parte dele ainda não conseguia acreditar que o que Harry estava dizendo era real.
Harry — o cara bonito e peculiar que ele conheceu no café e se apaixonou — não poderia ser um alienígena. Os alienígenas deveriam ser feios, com grandes cabeças cinzentas e assustadores olhos negros. Os alienígenas deveriam ser maus e arrepiantes, não... não gentis e ridiculamente cativantes.
Seu Harry não poderia ser um alienígena.
Seu Harry.
Harry.
— Você disse que seu nome era realmente Harry —, disse Louis, fechando os olhos por um momento. — Isso foi outra mentira?
Harry sacudiu a cabeça.
— Você poderia dizer que é um apelido para o meu nome. Eu gostei tanto que eu disse a minha família para me chamar de Harry. É meu nome agora. Eu juro.
— E qual é o seu nome, então?
Harry fez uma careta.
— Humanos não podem pronunciar isso. Eu não tenho certeza se você vai ouvir tudo isso.
Recostando-se contra o peitoril da janela, Louis cruzou os braços sobre o peito.
— Então o que é isso? — Ele pegou os olhos de Harry demorando- se nos músculos de seus braços e peito e quase riu quando seu pênis se contorceu em resposta à apreciação nos olhos de Harry. Puta merda. Harry estava dizendo que ele era um alien, mas aparentemente seu corpo não dava à mínima.
Harry disse algo suavemente. Soava como música.
— O quê? — Louis disse.
Harry repetiu mais devagar:
— Harht’ngh’chaali. Esse é o meu nome completo.
As sobrancelhas de Louis franziram. Isso foi surpreendente.
— E o que isto quer dizer?
— Bem, Harht é meu primeiro nome, eu acho, embora não realmente. É difícil explicar em termos humanos. Chaali é o nome do meu clã. O 'ngh' significa... alto, eu acho.
— Alto? — Louis disse.
Harry encolheu os ombros.
— Algumas coisas são difíceis de traduzir. Eu acho que você poderia dizer que isso significa real ou nobre, talvez. — Harry franziu a testa, parecendo muito frustrado com a sua incapacidade de explicar isso.
Louis piscou devagar.
— Real?
Harry franziu o nariz.
— Minha mãe é uma rainha.
— Uma rainha —, Louis repetiu. — Como, a Rainha do planeta?
— Não! — Harry disse com uma risada.
— Nosso planeta tem doze grandes clãs —, disse Harry. — Que são como reinos, suponho. — Ele franziu a testa novamente. — Às vezes, o chip de tradução é tão inútil. Eu nunca chamaria de reinos os nossos grandes clãs, mas é isso parece ser a coisa mais próxima.
— O chip de tradução?
— Sim, é um chip que temos sob nossa pele. Nossos chips estão conectados ao nosso cérebro e nos ajudam a aprender línguas estrangeiras rapidamente, mas não é impecável. — Harry riu. — Você deveria ter visto como eu soei o primeiro dia na Terra! Ninguém poderia me entender! Mas, no terceiro dia, finalmente me dei bem na sua língua.
— Você aprendeu inglês em três dias? — perguntou Louis. Por alguma razão, isso era mais incompreensível do que qualquer outra coisa. Harry concordou com a cabeça.
— Meus pais sempre disseram que eu tinha um talento natural para idiomas —, disse ele, com orgulho, e sorriu. Louis se perguntou como era possível ficar tão zangado com alguém e também ser tão apaixonado por ele ao mesmo tempo.
Por dentro, ele riu de si mesmo. Aparentemente até mesmo o fato de Harry ser um alienígena não mudava nada. Um ano depois, e ele ainda estava tão mal.
Um ano.
— Já faz um ano, Harry —, disse Louis. — Por que você foi embora? Por que voltar agora?
— Eu não sei por onde começar —, disse Harry lentamente. — Desde o começo seria bom.
Harry mordeu o lábio.
— Longa história, mas de forma rápida, meus pais originalmente me enviaram para a Terra como punição por minha contravenção. Eu usei meu elo familiar com minha irmã para saber um segredo e fui pego. Tecnicamente, foi um crime. Meus pais estavam com raiva. Eles me mandaram para a Terra para “aprender alguma responsabilidade”. — Harry olhou para ele. — Você tem que entender que eu não poderia te dizer que eu era um alienígena. Existem — existiam — leis proibindo isso. Eu lhe contei a verdade: na primeira vez que fui embora, meus pais simplesmente me teletransportaram sem qualquer aviso.
— E você não pôde nem dizer adeus? Harry sacudiu a cabeça.
— Eu não sabia que eles iriam teletransportar-me de volta. O TNIT — teleportador transgaláctico — leva apenas alguns segundos. Ele travou meu chip de identificação e me teletransportou de volta.
Louis deu-lhe um olhar cético.
Os ombros de Harry caíram em derrota. — Você não acredita em mim.
— Eu acredito —, disse Louis com um suspiro. — É muito difícil compreender a existência de alienígenas, teleportadores, chips de identificação e... — Ele balançou a cabeça. — Continue. Então seus pais te teletransportaram de volta. Por que você voltou? Com o seu amigo?
— Eu te disse. Seyn me ajudou a chegar aqui. Meus pais haviam me proibido de voltar para a Terra. E legalmente, eu não poderia visitar um planeta pré-TNIT mais de uma vez por ano. Então, Seyn teve que pedir a seu amigo de outro planeta para nos contrabandear.
— E por que o Seyn acompanhou? — Louis disse. Harry fez uma careta.
— Ele queria se livrar do vínculo dele.
— Vínculo dele?
— É uma longa história —, disse Harry. — Eu poderia te mostrar, se você quiser? Seria mais rápido e mais fácil. Eu prometo que não vou me intrometer em seus pensamentos.
Louis estudou a expressão séria em seu rosto. Depois de alguma hesitação, ele assentiu rigidamente.
Harry sorriu para ele.
— Apenas me olhe nos olhos.
Louis se preparou, mas ele ainda não estava preparado para o súbito ataque de pensamentos e memórias que não eram dele. Porra. Havia tanta informação sobre a cultura de Harry, sobre a ligação, sobre como isso limitava os sentidos da raça de Harry e dificultava sua telepatia.
— Espere —, Louis disse, piscando e interrompendo o fluxo de informações. — Você usou sua telepatia em humanos? Para enganá-los?
— Foi só nessas poucas vezes —, disse Harry defensivamente. — Seyn e eu não tínhamos nenhum documento ou dinheiro para ir de Los Angeles à Londres.
— Você já usou sua telepatia em mim?
— Não! — Harry disse.
Louis olhou para ele. Seu coração insistia que Harry nunca faria isso com ele, mas a força desse pensamento o deixou cauteloso.
— Eu sempre quis muito você —, disse Louis lentamente. — Queria protegê-lo e cuidar de você desde o momento em que te vi. Eu sempre achei estranho o quanto eu queria proteger um cara que mal conhecia. Eu sempre senti você como meu, mesmo naquela época. Era tão diferente de mim se apaixonar tão forte e tão rápido.
Harry corou e pareceu muito satisfeito por um momento antes de franzir a testa e balançar a cabeça.
— Eu juro que não influenciei você de alguma forma. Eu juro, Louis.
Apertando a mandíbula, Louis desviou o olhar.
— Prossiga —, disse ele. — Então você voltou na primeira vez porque seu amigo queria quebrar o vínculo dele.
— E porque senti sua falta —, disse Harry. Louis franziu os lábios.
— E então o quê? Seu irmão te encontrou e levou os dois de volta? Você não conseguiu convencê-lo a deixar você ficar?
— Eu não consegui ficar. Ele descobriu sobre o nosso relacionamento e ficou furioso por eu colocar nossa família em risco.
— Que risco? — Louis disse secamente. Ele ainda não tinha certeza se acreditava que Harry nunca o influenciara de alguma forma. Ele queria acreditar em Harry. Ele queria muito. Isso o deixou cauteloso.
Ele não pôde evitar lembrar as palavras de Jake.
Eu não entendo o que você vê nele. Ele é fofo, sim, mas há muitos garotos bonitos por aí. Eu nunca vi você ficar assim por um cara antes.
— Ksar estava com raiva, porque eu quebrei várias leis intergalácticas e leis de Calluvia —, Harry respondeu, arrancando Louis para longe de seus pensamentos. — Eu não poderia ficar na Terra. Mais cedo ou mais tarde, eu teria sido encontrado, e a repercussão para toda a minha família não teriam sido bonitas. Problemas legais à parte, a situação social e política da minha família teria sido destruída se alguém descobrisse sobre nós.
— Por que? — Louis disse, eriçado. — Eu sei que nós humanos não temos fichas de identificação e teleportadores, mas nós dificilmente somos bárbaros.
— Eu sei. Eu sei disso. Mas... — Harry fez uma careta. — Minha espécie pode ser um pouco... arrogante.
— Sim —, disse Louis. — Eu conheci seu irmão.
Harry estremeceu.
— Ksar pode ser um pouco arrogante, mas no fundo ela é uma boa pessoa.
De alguma forma, Louis duvidou disso.
— Isso ainda não muda o fato de que você saiu por causa da porra da política —, disse ele. Ele não sabia se ria ou se enfurecia.
— Não é tão simples —, disse Harry, com uma expressão de preocupação no rosto. — O cenário político no meu planeta é muito instável. Há uma crescente facção de políticos telepaticamente nulos tentando derrubar telepatas dos tronos dos grandes clãs.
— Achei que toda a sua raça era telepática — disse Louis.
Harry sacudiu a cabeça.
— Calluvianos nulos telepaticamente não são totalmente não- telepáticos como você. Eles têm alguma habilidade passiva — eles podem ter vínculos e vínculos familiares — mas eles são praticamente inúteis. Eles não podem usar sua telepatia ativamente, então eles não são classificados como telepatas. Os t-nulos costumavam ser uma minoria, mas nos últimos dois séculos eles se tornaram a maioria. — Suas sobrancelhas franziram. — Há uma preocupação real de que eles possam derrubar as atuais famílias reais. Eles só precisam de uma desculpa para fazer isso. Se eu permanecesse desvinculado, se permanecesse um telepata Classe 3, teria sido declarado perigoso e eles teriam usado meu caso para provar que os telepatas não são adequados para posições de poder. Então fui para casa com Ksar antes que alguém descobrisse. — Harry olhou para ele implorando. — Por favor, diga alguma coisa.
Louis caminhou até o mini bar e abriu uma garrafa de uísque.
— Então você sempre soube que tínhamos uma data de validade. Legal. — Ele não tentou suavizar sua voz. Ele não estava com vontade de poupar os sentimentos de Harry. Ele se sentiu usado da pior maneira possível. Enquanto ele estava se apaixonando por Harry, Harry sempre soube que eles não tinham futuro.
— Eu—
— Por que você está aqui, então? — Louis rosnou e tomou um gole de uísque. — Para me foder, me foder de novo, e depois voltar para o seu planeta superior? O que aconteceu com me desejando felicidade e um novo amor? — Ele riu, pensando no bilhete que Harry havia deixado. Ele odiava aquela porra. Odiava por saber de cor.
— Eu nunca pensei que voltaria —, Harry disse calmamente. — Eu pensei que nunca mais iria te ver. Quando voltei para casa, Ksar restaurou meu vínculo com a minha companheira de união antes que alguém pudesse descobrir. Eu pensei que poderia aprender a viver com isso novamente. Mas eu... eu estava errado.
Algo na voz de Harry fez Louis se virar.
Harry estava olhando para as mãos.
— Por favor, não pense mal do meu irmão. Ele não é uma pessoa má. Se não fosse por ele, eu não estaria aqui. Eu estou aqui só porque Ksar trabalhou duro para tornar isso possível. — Harry pegou o lábio inferior entre os dentes, hesitação piscando em seu rosto. — Se não fosse por Ksar, eu poderia ter morrido.
Louis sentiu os músculos tensos e teve que conscientemente relaxá- los. Harry estava lá. Harry estava bem.
— O que você quer dizer?
Harry pressionou sua bochecha contra as costas do sofá, seus cílios escondendo sua expressão.
— Há alguns milhares de anos, houve uma guerra em todo o planeta contra Calluvia. Algumas armas biológicas verdadeiramente terríveis foram usadas. No momento em que a guerra terminou, a população era na maior parte estéril. Nossos geneticistas resolveram isso, mas a terapia genética experimental teve efeitos colaterais inesperados.
— Eu sei —, disse Louis. Ele tinha visto algo sobre isso quando Harry explicou a coisa da ligação em sua mente. — Você disse que causou mutações telepáticas.
Harry assentiu.
— Não só isso. Algumas mutações eram físicas. Depois da terapia genética, começaram a nascer bebês que compartilhavam um gene específico com nosso ancestral extinto, o surl’kh'tu. — Harry olhou para Louis. — Eu tenho o gene.
Louis estava começando a ter um mau pressentimento. — E?
Harry deu de ombros, parecendo um pouco confuso.
— É diferente para todos nós, mas geralmente isso significa que as pessoas com o gene — nós as chamamos de retrocessos — estão biologicamente preparadas para fazer sexo com qualquer gênero.
A testa de Louis se enrugou. Parecia bizarro, mas explicava por que Harry produzia lubrificação natural.
— O que isso tem a ver com a sua quase morte?
Harry passou a mão pelo cabelo.
— Todo retrocesso é diferente. Alguns compartilham mais traços com o surl’kh’tu, enquanto outros são pouco diferentes dos calluvianos modernos. Foi teorizado durante séculos que, se não fosse o vínculo nos ligando a uma pessoa específica, os retrocessos poderiam ter retido outros aspectos da biologia do nosso ancestral. — Harry corou. — Como o fato de que, após o primeiro acasalamento, os surl'kh'tu começaram a precisar de seu companheiro fisicamente. Era supostamente um mecanismo natural que assegurava a procriação, porque eles acasalavam por toda a vida.
Harry engoliu em seco e disse baixinho:
— Algum tempo depois que cheguei em casa, comecei a me sentir mal. Tudo parecia errado. Eu me senti errado. Vazio. — Harry esfregou o peito distraidamente, como se estivesse afugentando a dor fantasma que ainda persistia. — Eu não sei se eu realmente teria morrido, mas eu estava perdendo a cabeça. Para ser sincero, não me lembro bem dos últimos meses. Tudo foi um borrão. Eu não conseguia pensar. Eu só precisava de você.
Louis mordeu o interior de sua bochecha.
— O que você está descrevendo parece uma doença. — Doença, não sentimentos.
— Foi mais ou menos.
Certo. Harry não voltou porque sentia falta dele. Ele voltou por causa de algum imperativo biológico.
Louis tomou outro gole de uísque.
Alheio à sensação doentia no estômago de Louis, Harry continuou:
— Ksar restaurou meu vínculo com a Leylen, mas não parecia o mesmo. Isso poderia suprimir meus sentidos, mas não poderia suprimir minha biologia. Quando Ksar percebeu que eu tinha que voltar para você, ele lançou uma campanha política não apenas em nosso planeta, mas também no Ministério...
— Que bom para ele —, disse Louis, olhando para a garrafa em sua mão. — Agora saia.
Silêncio.
— O que? — Harry sussurrou.
— Você me ouviu —, disse Louis. Ele sabia que sua voz soava fria e mesquinha. Ele não tentou mudar isso. — Saia. Você conseguiu o que precisava. Agora saia.
Ele podia ouvir Harry inalar e expirar trêmulo — Você, você não me quer mais? — Louis levou a garrafa aos lábios.
— Claro que eu quero você —, disse ele, intencionalmente interpretando mal as palavras de Harry. Ele olhou Harry nos olhos. — Eu fodi você, não foi?
A boca de Harry caiu aberta. Uma pequena ruga apareceu entre as sobrancelhas.
— Você está sendo malvado —, ele disse, parecendo mais intrigado do que magoado. — Você não é mau.
Louis tomou um pequeno gole da garrafa.
— Pessoas mudam. A vida é assim. Você deveria ir. Tem sido um longo dia. Eu estou exausto.
Harry olhou para ele.
— O que? — Louis disse. — Sua carona ainda não está aqui? O teleportador tem que recarregar? Desculpe, sou apenas um humano bárbaro, ótimo apenas para foder. Não tenho ideia de como sua tecnologia sofisticada funciona.
Harry inclinou a cabeça para o lado, estudando-o como um pássaro. Um pássaro muito bonito que ele queria beijar inteiro.
Louis fechou os olhos por um momento. Pelo amor de Deus.
— Saia —, ele ralhou, mais irritado consigo mesmo do que com Harry.
Ele não viu Harry sair.
Ele sentiu mais do que ouviu quando Harry saiu.
Louis olhou ao redor da sala silenciosa. Não parecia diferente. Não parecia mais escuro ou vazio. Não o fez sentir solitário. Não o fez sentir nada.
Ele não sentiu nada.
Louis se deixou cair no sofá e levou a garrafa aos lábios novamente, olhando para o teto sem realmente ver.
Ele podia lembrar claramente o dia em que ele conheceu Harry. O engraçado era que ele geralmente ia ao café na esquina e nunca ia ao café onde Harry trabalhava — ele não gostava muito. Se sua cafeteria favorita não estivesse tão cheia naquele dia, ele provavelmente nunca teria conhecido Harry.
Ele desejou que ele nunca tivesse.
Louis tomou outro gole da garrafa, saboreando a queimadura e depois outro.
Ele parou com a garrafa em seus lábios quando a porta se abriu. Harry marchou de volta, com uma expressão estranhamente teimosa em seu rosto.
— Eu não vou deixar você fazer isso —, disse Harry, caminhando para Louis.
Louis só podia olhar para ele. Antes de recuperar a capacidade de falar, Harry montou seu colo e prendeu os ombros de Louis na parte de trás do sofá com as mãos. Louis poderia facilmente tê-lo empurrado. Ele estava muito chocado para se mexer.
— Eu me recuso a acreditar que você não sente mais nada por mim —, disse Harry, olhando em seus olhos atentamente. — Eu sei que você ainda sente algo. Eu senti. Eu senti isso durante o sexo.
Louis tinha uma expressão neutra.
— Sexo é só sexo. Não confunda com outra coisa. Você me disse para superar você. Eu superei.
O lábio de Harry vacilou.
— Você está mentindo. Você está ferido porque eu menti para você. Eu não queria. Eu sinto muito. Eu realmente sinto muito mesmo.
Jesus Cristo. Aqueles olhos deveriam ter sido banidos. Claro que eles eram desumanos.
— Eu não quero suas desculpas —, disse ele friamente. Ele disse a si mesmo que era a coisa certa a fazer. Harry nunca o amou do jeito que Louis o amava. Harry voltou só por causa de algum imperativo biológico, pelo amor de Deus. Harry mentiu para ele por muito tempo e nada o impediria de mentir para ele novamente. Harry poderia desaparecer a qualquer hora que quisesse, sempre que ele não precisasse do pau de Louis. O relacionamento deles sempre foi muito distorcido, com Louis sempre esperando Harry voltar e ficar. Ele teve que cortar suas perdas, não importa o quanto ele quisesse envolver Harry em seus braços, enchê-lo e engoli-lo inteiro, provar e marcar e memorizar cada centímetro dele, escondê-lo em algum lugar que ele tinha acesso e respirá-lo sempre.
— Eu não estou mentindo —, Louis disse, olhando Harry nos olhos e esperando que Harry não estivesse lendo sua mente. — Você me disse para superar você. Faz um ano. Eu superei você. Numerosas vezes. Eu estive com outras pessoas. — O fato de que ele se sentia culpado por isso provava o quão fodido ele ainda estava com Harry. Ele não devia nada a Harry. Harry o usou e o abandonou por sua família, e teve a coragem de dizer a Louis para ser feliz em uma maldita carta. Ele não devia nada a Harry.
As narinas de Harry se inflamaram com as palavras de Louis, as mãos apertadas nos ombros de Louis.
— Você não ama nenhum deles —, ele disse, sua voz grossa e carregada de possessividade. — Eu sou seu único bebê. Você me disse isso. — A voz de Harry quebrou um pouco e ele parou para respirar fundo. — Eu não acredito que você não me ama mais. Por favor, apenas me diga o que te deixou chateado. Talvez eu possa explicar. Eu quero explicar. Eu quero estar com você. — Harry sorriu trêmulo, olhando para ele com tal desejo em seus olhos que Louis se sentiu responder em mais de uma maneira, contra o seu melhor julgamento. Louis evitou o olhar por um momento, tentando conseguir controle sobre seu corpo e suas emoções.
— O que você sente por mim não é amor, Harry —, disse ele. — Esse é o meu principal problema. — Um olhar de confusão se estabeleceu no rosto de Harry.
— O que?
— Você não voltou porque me amava — disse Louis categoricamente. — Mas por causa de alguma necessidade biológica, não vou fingir que entendo. Sim, você precisava de mim. Você precisava do meu corpo. Onde está a garantia de que você vai ficar desta vez para sempre? Estou cansado, Harry. Estou cansado de me sentir como uma merda sempre que você desaparece. — Ele riu. — Agora que eu sei que você não é mesmo deste planeta, é muito pior. Se você desaparecer de novo, eu não posso te seguir. Ninguém me informaria se algo acontecesse. Viver em constante dúvida e medo não é divertido.
A mão de Harry viajou ao longo da mandíbula de Louis, suave contra a barba por fazer, os dedos percorrendo o cabelo atrás de seu pescoço.
— Compreendo. Você acha que eu não estou com medo? Eu estou. Você é uma espécie completamente diferente. Eu preciso de você, mas você não precisa de mim. Eu sei o que você é para mim, mas você não. Você pode parar de ter sentimentos por mim a qualquer momento. — Os cílios de Harry baixaram. — Você não tem ideia de como é precisar de alguém do jeito que eu preciso de você.
Louis riu asperamente e inclinou o queixo de Harry, forçando-o a olhá-lo nos olhos.
— Nenhuma ideia? Sonhei com o seu sorriso mesmo depois de me convencer de que odiava você. Eu transei com outros homens e os odiei — e me odiei por imaginar você em seu lugar cada maldita vez. Eu não pude entrar em seu quarto por meses sem chorar. Você pode precisar de mim fisicamente, mas eu quero mais. Precisar não é suficiente. Você está aqui por causa da porra da biologia. A verdade é que, se você não precisasse literalmente de mim, você não teria voltado.
Harry o encarou por um longo tempo antes que uma risada amarga e quebrada deixasse sua garganta.
— Eu não pude, Louis —, ele sufocou. — Ksar não teria me ajudado se a minha vida e sanidade não estivessem em jogo. — Harry balançou a cabeça. — Você entendeu mal. A coisa de acasalamento durante toda a vida do surl'kh’tu? Não é apenas biologia. Eles não eram um tipo de animais irracionais. Eles eram muito seletivos e, depois de escolher o parceiro, cortejavam-nos por muito tempo. Os estudos provaram que eles nem sequer podiam sentir excitação se não tivessem intimidade emocional com o parceiro — a sexualidade deles era semelhante à demisexualidade humana. Apenas quando o surl'kh’tu se acasalava fisicamente, o imperativo biológico entrava em ação.
Harry sorriu para ele, trêmulo.
— Eu te amava e queria ser seu muito antes de fazermos sexo. Não era a biologia. Era tudo eu. Eu simplesmente não entendia completamente o que eu queria por causa do meu vínculo. — Ele riu, corando. — Você não se lembra de como eu estava sempre em cima de você, querendo abraços e suas mãos em mim? Eu adorava estar perto de você, amava seu cheiro, mesmo quando você vinha da academia e alegava que estava fedendo. Eu amava ser seu amor, seu bebê.
Louis olhou para ele.
Ele não sabia o que pensar. O que acreditar.
— Eu sempre amei tocar em você —, Harry disse suavemente, lambendo os lábios. Ele moveu as mãos dos ombros de Louis e colocou-as sob a camisa desabotoada de Louis. — Mesmo quando eu era incapaz de sentir excitação, eu ainda me sentia atraído por você, mas sentia a atração mesmo apesar do vínculo, mas não conseguia entender o que sentia até que o vínculo se rompeu completamente. — Harry olhou Louis nos olhos, seu rosto aberto e sincero. — Eu estava ridiculamente apaixonado por você. Você era meu sol e minha lua e minhas estrelas. Eu queria te fazer feliz. Eu queria impressionar você. Eu queria que você sorrisse para mim e me chamasse de amor. Eu queria que você dissesse que eu era especial para você, seu único bebê. Eu me apaixonei por você muito antes de eu ser capaz de sentir luxúria. — Harry pegou a mão de Louis e levou-a aos lábios. — Eu te amo —, ele murmurou. — Eu sempre amei. O fato de eu precisar de você fisicamente não exclui o fato de que eu te amo muito. Porque eu amo. — Ele acariciou a mão de Louis como um gatinho. — Eu te amo. Eu te amo mais do que você imagina. Eu não me importo com o que as pessoas em casa vão pensar de mim por causa do nosso relacionamento. Eu quero ser seu. Eu sou seu. Seu Harry. — Harry beijou a palma de Louis, olhando para ele com saudade aberta em seus olhos. — Seu. Por quanto tempo você me quiser.
Louis só podia olhar para ele, seu coração batendo forte. — Sério? — Ele disse, seus lábios mal se movendo. Seus olhos brilharam, Harry assentiu.
— Você é tudo que eu sonhei. Eu quero envelhecer com você. Eu quero beijar suas rugas quando elas aparecerem. Eu quero ter filhos que tenha os seus olhos e seu sorriso e mimá-los. Eu o quero para sempre. — Harry beijou o interior do pulso de Louis, enviando arrepios pelo seu braço.
Louis lambeu os lábios, tentando se livrar da névoa de desejo que começou a nublar sua mente novamente. Ele franziu a testa quando algo lhe ocorreu. Harry tinha dito que ele tinha traços de retrocesso de seu ancestral que tinha sido intersexual. — Espere. Você não pode engravidar, certo?
Harry começou a rir, escondendo o rosto no ombro de Louis.
— Não! Sou homem. Eu tenho algumas características biológicas do surl’khou, mas eu não posso realmente conceber. — Ele fez uma pausa, uma ruga aparecendo em sua testa. — Bem, eu tenho quase certeza disso.
— Ele diz que tem quase certeza —, disse Louis secamente, divertido apesar de tudo. Depois de todas as coisas que Harry lhe dissera, uma gravidez masculina não teria sido a mais chocante.
Harry sorriu para ele, os olhos um pouco úmidos enquanto procuravam o de Louis.
— Então você me perdoa? Você acredita em mim? — Harry engoliu em seco. — Você ainda me ama, certo? — Sua voz falhou um pouco, e Louis não conseguiu.
Ele não podia continuar lutando mais.
Ele esmagou Harry em seus braços, abraçando-o com força e enterrando o rosto em seu cabelo castanho.
— Claro que sim, Harry —, ele murmurou, sua garganta cheia de emoção. — Eu nunca parei e acho que nunca irei. — Ele beijou Harry no templo. — Eu te amo, amor.
Ele sentiu Harry sorrir contra seu ombro antes de Harry levantar a cabeça.
— Bebê —, ele corrigiu Louis com um sorriso antes de encaixar suas bocas.
Louis riu e o beijou.
Chapter 29
Notes:
(See the end of the chapter for notes.)
Chapter Text
Harry estava dormindo quando ele ouviu uma batida na porta.
Louis ficou tentado a ignorá-la, relutando em se libertar do abraço de Harry, mas as batidas não pararam.
Louis roçou os lábios contra os de Harry. Harry sorriu em seu sono. Louis se forçou a se afastar, dando a Harry um travesseiro para abraçar em seu lugar. Um pequeno franzido apareceu no rosto de Harry, como se ele não tivesse sido enganado pelo substituto, mas eventualmente sua respiração se estabilizou novamente.
Louis vestiu uma camisa e uma calça de moletom antes de ir até a porta.
Seu humor relaxado mudou imediatamente quando ele viu o homem que estava do outro lado.
— Você não vai levá-lo embora —, disse Louis, bloqueando a porta. Ele sabia que sua voz era firme e cortante. Ele não se importava com o que Harry dissera; foi esse homem que tinha levado Harry para longe dele, a razão pela qual Louis não o viu por um ano.
Os estranhos olhos prateados de Ksar encontraram os dele. Eles eram impossíveis de ler.
— Eu sou o único que o trouxe de volta. Você acha que eu o deixaria vir para este planeta sozinho no estado que ele estava? Ele mal estava coerente. Ele mal podia andar ou falar.
Louis tinha que se lembrar que Harry estava bem agora. Harry estava dormindo em sua cama, saudável e feliz. Harry estava bem. Harry era dele.
— Ele está melhor agora —, Louis disse, sua voz cortada. — Você pode voltar para o seu planeta. — Mesmo dizendo isso ainda era fodidamente estranho. — Eu vou cuidar dele. — Cuidarei dele porque ele é meu.
Ksar olhou-o nos olhos e não disse nada.
— Saia da minha cabeça —, disse Louis, acentuando cada palavra. Ksar não parecia nem um pouco perturbado. Ele assentiu.
— Eu já vi tudo que eu precisava ver. — Ele se virou para sair, mas parou e olhou para trás. — Ele ficará com você por enquanto. A situação política em nosso planeta está muito instável agora. Eu voltarei para ele quando tudo se resolver.
Louis ficou rígido, seus punhos cerrados.
— Ele tem uma casa e uma família —, disse Ksar. — O escândalo cessará. Ele não pode se esconder aqui para sempre. Vai ser difícil, mas ele será reintegrado à sociedade. Ele é um herdeiro de reis, não um menino da loja de café.
Louis encontrou seu olhar.
— Eu não vou deixar você levá-lo embora de novo.
— Eu não vou tirá-lo de você, se você continuar tratando-o direito. — Ksar sorriu. O sorriso não alcançou seus olhos. — Você não quer saber o que eu vou fazer com você se você não fizer isso.
Louis lançou-lhe um olhar não impressionado.
— Você não precisa me ameaçar. Se você acabou de ler minha mente, você sabe que eu mataria por ele. — Ele não estava exagerando.
— Eu sei —, disse Ksar. — Se eu não soubesse disso, eu não o deixaria aqui com você. — Pela primeira vez em seu breve relacionamento, Ksar lançou lhe um olhar que quase passou por amistoso. Quase. — Faça-o feliz —, ele disse rigidamente.
— Eu irei —, disse Louis.
Ksar assentiu e tocou seu próprio pulso. Imediatamente, uma névoa estranha e quase transparente varreu-o, tornando-se um borrão branco impenetrável.
E então ele se foi.
Louis olhou para o lugar vazio que Ksar acabara de estar e depois riu. Malditos alienígenas. Ele não podia acreditar que esta era sua vida agora.
Sua mente ainda estava se recuperando quando ele se arrastou de volta para a cama.
Harry murmurou sonolento:
— Quem era?
Louis reuniu-o em seus braços.
— Seu irmão —, disse ele, seus dedos acariciando a pele lisa das costas de Harry. — Ele já foi embora.
Harry piscou os olhos e olhou para ele.
— Você parece confuso. Ele agiu como idiota?
— Não. — Louis deu uma risada. — Eu só... eu o vi literalmente desaparecer no ar, Harry. Tipo, realmente enxergando isso... fez tudo virar realidade, eu acho.
Franzindo a testa, Harry mordeu o polegar.
— Isso te incomoda? Que eu não sou humano — que sou um alienígena?
Louis riu.
— Eu não entendo —, Harry disse com o beicinho mais fofo. — É uma questão séria. Por que você está rindo de mim?
— Porque a resposta deveria ser óbvia. — Louis encontrou os olhos de Harry firmemente. — Harry, eu não dou a mínima se você é um menino da loja de café ou um príncipe de outro planeta. — Ele se inclinou e beijou o nariz de Harry e, em seguida, seus lábios rosados e suaves. Deus, ele o adorava. — Você é o Harry. Você é meu. Isso é tudo que me importa.
— Eu gosto desta resposta —, Harry disse, enterrando os dedos no cabelo de Louis e beijando-o de volta com força.
Eles se beijaram pelo que pareceram horas até Louis se sentir quase tonto com amor, desejo e felicidade, e Harry estava ofegante e sussurrando sem fôlego “eu te amo” entre os beijos. Porra, isso era... insano. Esse sentimento.
— Então, — ele disse com voz rouca, olhando nos olhos vidrados de Harry. — Estou curioso. Há realmente alienígenas com grandes cabeças cinzentas e olhos negros assustadores?
Harry suspirou.
— Eu tenho uma confissão a fazer —, ele disse hesitante. — Isso é realmente o que nós realmente parecemos. Nós apenas bagunçamos a mente dos humanos e fazemos vocês pensarem que nos parecemos com vocês. É uma ilusão.
Louis olhou para ele.
Uma risadinha escapou dos lábios de Harry antes que ele começasse a rir.
— Seu merdinha! — Louis pulou em cima dele e começou a fazer cócegas nele. Eles rolaram na cama, rindo e beijando novamente. Porra, ele não conseguia o suficiente.
Quando eles finalmente pararam de rir, Louis pressionou suas testas juntas.
— Como eu digo “eu te amo tanto” na sua língua? Um amigo quer saber.
Harry riu.
— Seu amigo nunca será capaz de pronunciar isso —, ele murmurou, esfregando o nariz contra o de Louis. Deu a Louis um pequeno e feliz sorriso. — Mas diga a ele que isso não importa.
Talvez realmente não importasse.
Fim
Notes:
Obrigada por ler!
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a_normal_being on Chapter 1 Tue 13 May 2025 02:47AM UTC
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curiouslyskepticcrux on Chapter 4 Mon 26 May 2025 11:26PM UTC
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larentsfilm on Chapter 29 Wed 21 May 2025 06:11AM UTC
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