Chapter Text
Quando em menos se espera, a alma exige o infinito
No momento fantasiando-se o oculto, as palavras alimentam
Tudo que envolve o obscuro nas trevas irão consumir...
“Onde eu estou?” A pergunta ecoou na mente confusa do menino como um suspiro perdido em um labirinto de névoa. Sua consciência era um caos de fragmentos, seus pensamentos um turbilhão de imagens desconexas. “O que houve?” Luke revirou-se entre os lençóis, e o cetim negro deslizou sobre sua pele como um beijo gelado, tão suave, uma doce carícia. Nunca ele se deitara em algo tão luxuoso, tão deliberadamente sensual.
Então, em um flash doloroso como uma faca cravada em seu crânio, a memória irrompeu:
“Não! Eu sou seu pai!” Aquele belo e profundo barítono metalizado ressoou em sua psiquê. “Foi o que ele disse em Bespin! Onde eu estou agora?” A pergunta martelou em seu crânio. Bespin? Tudo havia acontecido em Bespin. Mas onde diabos ele estava agora? O rapaz só se lembrava de ouvir o timbre sedutor de Vader tentando levá-lo para o Lado Sombrio, “Ele quer que governemos o Galáxia juntos... como... como pai... e filho...”
Para escapar do Lorde das Trevas, Luke atirara-se no abismo artificial do sistema de ventilação de Bespin, um túnel que quase o cuspiu na superfície gasosa do planeta. A última lembrança nítida era o desespero de se agarrar a uma antena solitária, pendurado sobre o vazio, enquanto gritava por Leia através dos fios invisíveis da Força. E depois? Nada. Só escuridão. O que aconteceu depois?
Com um esforço que lhe arrancou um gemido, o jovem arrastou-se para uma posição sentada , ele então notou que sua mão, que havia sido decepada num golpe preciso e impiedoso do sabre de luz vermelho de Vader, fora substituída por uma prótese.
Olhando em volta ele também pôde notar que estava em um quarto espaçoso, mas austero—quase clínico em sua funcionalidade. Nenhum ornamento supérfluo, nenhum convite ao deleite visual. Apenas linhas retas, superfícies lisas e aquele cetim negro, que agora se agarrava a seu corpo como uma segunda pele. "Ao menos o ele aprecia um leito confortável," pensou Luke, com um sorriso amargo, seus olhos percorreram o resto do aposento antes de reparar que em ambos os lados da cama havia uma mesa de cabeceira, à direita, uma sustentava uma coleção de frascos, medicamentos, ampolas de vidro azulado e seringas dispostas com displicência. À esquerda, pilhas de livros e pergaminhos antigos e alguns objetos em forma de pirâmide. Na parede ao fundo, um aparador de metal polido refletia a imagem distorcida do jovem, sobre ele, uma máscara de oxigênio abandonada, sua alça caída com uma negligência quase íntima, como se alguém a houvesse arrancado em um acesso de fúria... ou de prazer, Luke estremeceu.
As paredes do quarto erguiam-se como sentinelas de pedra cinzenta, ásperas ao toque, contrastando com o frio polido do chão. Uma única janela, encoberta por uma cortina espessa de um vermelho tão profundo que beirava o negro, obscurecia o mundo exterior. "Não estou gostando disso..." pensou, enquanto seus dedos, da mão protética, testavam os controles da porta. Trancada, para seu desespero. Um estremecimento percorreu sua espinha.
E então, como relâmpagos em meio à escuridão tempestuosa, os fragmentos de memória voltaram a assomá-lo... “Alguém me pegou enquanto eu estava pendurado... sim, me lembro de mãos grandes me segurando” mãos envoltas em luvas negras, firmes e implacáveis , arrancando-o da antena onde se agarrava. O toque daquelas mãos, dominador, quase possuidor, antes que uma névoa o arrastasse para o abismo da inconsciência. Com as mãos tremulas o rapaz se sentou na cama para tentar se acalmar.
Vader.
“Foi Vader que me pegou! Ele... ele me trouxe aqui! Mas por quê? Por que ele não me entregou ao Imperador? Ou será que ele já me entregou?”
"Eu sou seu pai." A voz de Vader ecoou em sua cabeça.
“Aquilo que ele me disse em Bespin só pode ser mentira... é impossível, ele não pode ser meu pai! Não pode!” As mãos de Luke tremeram, suas unhas cravando-se nas próprias palmas enquanto o desespero o consumia. O jovem colocou as mãos no rosto e o choro veio em ondas silenciosas, cada lágrima uma admissão de dor. “Meu pai não pode ser esse monstro! Não... esse monstro, não! Mas é...” O desespero passou a tomar conta do rapaz ao perceber que aquela imagem idealizada de pai, Cavaleiro Jedi, um herói das Guerras Clônicas, um guerreiro honrado, havia se quebrado como se o próprio universo o esmagasse, reduzindo sua história idealizada a estilhaços e esses estilhaços o feriam profundamente, doía tanto saber que seu pai, outrora um Guardião da Paz, o homem que ele idolatrara, havia se tornado aquilo. Um monstro que ele precisava confrontar. Cada fragmento de memória do pai que imaginara era agora uma lâmina, cortando-o por dentro. Seus ombros sacudiram em um soluço abafado, os olhos queimando em lágrimas, enquanto uma prece muda se elevava da sua alma à Força: “Por favor, que isso seja uma mentira...”
“Anakin Skywalker não existe mais... Ele se dissolveu nas trevas, e delas emergiu Darth Vader. Meu pai... agora é o monstro que devo destruir. Meu pai se tornou meu maior inimigo.” Pensou Luke em um lamento envenenado. O rapaz se espremeu contra os lençóis se apertando em meio ao cetim, que agora pareciam mais uma armadilha do que um refúgio, o tecido frio colando-se ao seu corpo suado, como se tentasse moldá-lo àquela prisão de luxo. Para onde havia sido levado? À um planeta distante? À uma nave oculta? Ao palácio do Imperador?
Tentou meditar, buscar na Força o equilíbrio que poderia salvá-lo. Mas sua mente era um vespeiro de imagens intrusivas: a máscara de Vader, a lâmina carmesim cortando sua carne com um prazer quase carnal, a voz grave e profunda sussurrando “Pai e filho...” como uma promessa profana. Seus músculos tremiam, seu pulso acelerado martelava contra o metal de sua mão protética, um eco grotesco do coração que Vader talvez ainda possuísse.
E então, após horas que se arrastaram como séculos, a porta abriu-se. O som ritmado do respirador precedeu sua entrada, e como se o próprio ar se curvasse sob sua presença, Darth Vader, o ciborgue infernal que assombrava os pesadelos do garoto, adentrou o quarto com a elegância de um predador acostumado a devorar tudo e todos. Seu traje de couro negro rangia levemente a cada movimento, moldado ao corpo amplo como uma segunda pele. A luz difusa acariciava os reforços de durasteel na armadura que cobria aquele corpo que já fora humano, mas agora era algo mais, algo pior.
Uma pressão gélida e maligna expandiu-se pelo quarto, enchendo cada centímetro como um perfume intoxicante, pesado, doce e letal. Luke sentiu-a nos pulmões, nos poros, nas partes mais íntimas de seu medo. O ciborgue avançou, devagar, tranquilamente derramando sua aura pesada pelos quatro cantos do quarto, fazendo Luke se espremer ainda mais contra a cabeceira.
– Acho que me enganei ao crer que você havia dominado seu medo. – Vader debochou. Luke se engasgou em sua própria língua, a mente em frangalhos, o jovem Jedi era incapaz de formular uma resposta. Aquilo era um deleite para o Sith, que inclinou-se levemente, o couro de seu traje chiando como um sussurro de um animal adormecido. – Parece que sua mão está funcionando muito bem... – comentou, com a leveza de quem observa o tempo.
– Estaria melhor se meu próprio pai não a tivesse decepado! – Luke, conseguindo reunir coragem, finalmente cuspiu, a voz carregada de veneno e ira.
– Você está com raiva de mim? – Uma pergunta retórica, é claro. – Fascinante! Isso mesmo, meu jovem! – O Sith estava cheio de prazer, sua voz se escurecendo como vinho derramado em veludo. – Me odeie! – Era impossível ignorar como a voz o Lorde das Trevas se tornava cada vez mais sedutora, cada sílaba uma provocação, cada palavra carregada de uma malícia que Luke não ousava decifrar.
– E-eu... eu não vou ficar como você! – O jovem atirou as palavras como um escudo, mas até elas tremiam. – Eu não vou escolher o caminho... o caminho mais fácil como você fez! – Seus olhos arderam, não apenas com ódio, mas com vergonha, a vergonha de sentir algo além de repulsa. – E-eu... eu não vou ficar como você!
Vader congelou.
– Fácil? – Vader indagou, de repente furioso, a voz do Sith cortou o ar como uma lâmina. – Quem você pensa que é para dizer que escolhi o caminho mais fácil? – Seus punhos se cerraram, fazendo o couro ranger sob a pressão. – Você deve saber muita coisa sobre mim, não é? Fedelho insolente e ingênuo. Você não tem ideia do que eu passei para estar aqui! – Em dois passos, ele fechou a distância entre eles, o frio de seu corpo invadindo o espaço de Luke como os ventos de Hoth.
– Ben me disse... – Luke começou, vacilante, mas foi interrompido.
– Obi-Wan? – O riso de Vader irrompeu, distorcido pelo modulador de voz em algo grotesco, quase demoníaco. Luke recuou, mas não havia para onde fugir. – Você é realmente um tolo! Mesmo depois de Kenobi ter mentido para você sobre mim, você ainda quer acreditar nele! Prefere acreditar nele! – O Sith apontou o dedo para o rosto de Luke num gesto autoritário. – Você não tem o direito de dizer que escolhi o caminho mais fácil, menino ingênuo!
– Você é mau, cruel e sádico! – Luke gritou desafiador, a voz rompendo como vidro sob pressão. – E eu não vou me tornar um monstro sem alma como você... “pai”! – A última palavra foi cuspida com desdém, um insulto, uma maldição, uma faca girando no ar entre eles. – Você é tudo o que eu não quero ser! Eu tenho nojo de você!
Vader ergueu a mão pronto para desferir um tapa contra o rosto do garoto, o reflexo de luz no couro de sua luva criou um arco negro no ar, um relâmpago prestes a cair.
Mas então... ele parou.
Por um instante, Luke queria poder ver o rosto de seu pai, aquela fria máscara era impossível de ler, o rapaz queria ver os olhos do Lorde Sith.
O Lorde das Trevas virou-se, suas costas largas bloqueando a luz como um eclipse. – Você não sabe de nada... – sussurrou Vader, antes de sair, deixando Luke trancado, sozinho, e mais confuso do que nunca.
Quando a porta se trancou com um clique final, Luke desabou, lágrimas quentes e amargas rolaram por seu rosto, salpicando o cetim negro como chuva ácida. Doía tanto. Doía dizer aquilo para a única família que ele tinha, para a única pessoa que ele deveria amar incondicionalmente, mas como amar um monstro, como amar esse demônio que seu pai era?
– Ben… por que você não me contou? – A pergunta escapou como um suspiro quebrado . – Por que Ben?
O menino caminhava de um lado para o outro, os passos ecoando no silêncio, tentando afugentar os pensamentos que o assombravam—Vader, seu pai, seu algoz, seu sangue.
Então, depois de muito tempo a porta novamente se abriu, porém, para seu alívio, era apenas um droid de protocolo.
– Olá! Sou C4-N3, Ciborgue de Relações Humanas, e estou aqui para servi-lo, senhor Skywalker. – A voz metálica, levemente desajustada, fez Luke estremecer. Era quase como Threepio. Quase. Mas a semelhança só fez afundar a lâmina da tristeza mais fundo em seu peito.
O droid prateado equilibrava uma bandeja com precisão cirúrgica, pratos de porcelana negra, talheres de metal fosco, uma refeição que parecia mais uma oferenda do que um gesto de cuidado.
– Meu mestre, Lorde Vader, ordenou que eu lhe trouxesse o almoço e ficasse à sua inteira disposição.
Luke engoliu seco. "Ordenou" Como se ele fosse um convidado, e não um prisioneiro.
– Obrigado, C4-N3. – A resposta saiu automática, mas seu pensamento voou para longe. “O que aconteceu com meus amigos? Espero que eles estejam bem!”
– É o meu trabalho, senhor! – O robô inclinou-se, os olhos sensores piscando.
Luke hesitou, mas a pergunta já escapava antes que pudesse detê-la:
– Onde estamos? – Mal a pronunciou, já se arrependeu, “Claro que ele não vai responder.” pois já era esperando que o droid não tivesse permissão para contar.
Para sua surpresa, o droid replicou sem hesitar:
– Planeta Vjun, senhor! Esta é a fortaleza particular de Lorde Vader. –Ele se movia em direção ao banheiro, arrumando toalhas com gestos precisos – Este, é Bast Castle. – Completou C4-N3 quase tendo um curto-circuito de excitação. – Voltarei mais tarde, senhor. Deseja algo mais?
– Não precisa me trazer nada, obrigado. – Assim que o robô partiu, Luke dirigiu-se ao banheiro, curioso e desconfiado. A porta havia passado despercebida até então. Dentro, a banheira de porcelana negra dominava o espaço, lisa e profunda como um lago noturno. Ele pensou em subjugar C4-N3, mas ele estava desarmado e não queria tomar outra surra de Vader, então achou melhor não tentar fugir... Não agora. Em vez disso, deixou a água correr, quente e envolvente como um abraço que nunca teve. Enquanto o vapor subia, embaçando os contornos do mundo, Luke fechou os olhos.
“O que você quer de mim, pai?”
Luke sentou-se na borda da banheira, os dedos, tanto os de carne quanto os de metal, apertando a porcelana negra como se ela pudesse lhe dar respostas. A água jorrava da torneira, clara e quente, espiralando no fundo escuro em um contraste deliberado. Ele observava o fluxo, hipnotizado, enquanto tentava ordenar os próprios pensamentos. “Por que ele não me entregou ao Imperador?” Luke se indagou atônito, Vader não era homem de gestos inúteis. Se Luke ainda não estava com o Imperador, se estava aqui, era porque seu pai, não, seu algoz, tinha um plano. “Provavelmente ele vai fazer outra coisa com o seu ‘amado filhinho’.” O sarcasmo cortou sua própria garganta como uma lâmina envenenada.
Deprimido, o rapaz despiu-se, as roupas escorregando de seu corpo numa carícia desenxabida. A água o envolveu num abraço úmido, quente demais para ser conforto, fria demais para ser paixão. Seus músculos, tensos e doloridos, renderam-se ao calor, mas sua mente recusou-se a descansar.
E então, como um pecado esquecido voltando para assombrá-lo, a memória irrompeu, sua mente o levou até um passado não muito distante, trazendo à tona algo que ele jurou que esconderia no mais profundo e escuro local dentro de sua mente e coração.
Algo que ele jurara enterrar.
Algo que, mesmo agora, o aquecia por dentro.
“Não... não é hora para isso. Não é hora para se pensar nessas coisas!” O jovem Jedi apenas sacudiu a cabeça em negação tentando afastar as memórias profanas, seus punhos cerraram-se debaixo d'água. “Coisas que agora eram mais que vergonhosas, eram profanas . Perversas. Erradas.”
Mas sua mente, traidora e insubmissa, recusou-se a obedecer.
Estar tão perto dele, respirar o mesmo ar, tocar os mesmos objetos, sentir-se encurralado pelo mesmo olhar, havia sido o gatilho. E agora seu corpo rebelde respondia, aquele calor íntimo espalhando-se como veneno por suas veias.
“Preciso me controlar.”
Mas o desejo, uma vez despertado, era um monstro mais difícil de domar do que o próprio Vader.
Com as mãos em concha, Luke molhou delicadamente o rosto, deixando a água escorrer em fios prateados por sua pele. Cada gota que caía de seus cílios parecia arrastar consigo um fragmento de sanidade. Sua psiquê perturbada o levava de volta a Tattooine, onde ele era apenas Luke o fazendeiro, onde ele era só um jovem cheio de fantasias, onde seus desejos mais secretos eram apenas fantasias de um garoto ingênuo, e não pecados gravados a fogo em sua carne. Distorcidas, ampliadas, intoxicantes e o enchiam de uma vergonha que ardia como fogo líquido nas veias.
E então... veio a fome.
Imediatamente ele começou a sentir um estranho desejo de se tocar, era quase animalesco, um desejo bruto , primordial, que não parecia vir apenas dele, mas através dele, como se algo, ou alguém, o estivesse manipulando por dentro. Sua respiração acelerou, o peito subia e descia em ritmo descompassado. A água ao seu redor parecia ferver, mas o calor vinha de dentro, vinha de Luke.
“Força, o que está acontecendo comigo?”
Era como se tanto tempo de repressão. de negar-se, de esconder-se, de mentir para si mesmo, tivessem criado uma barragem em sua mente. E agora, a barragem se rompera.
E o que jorrava dela não era água, mas o mais puro, cru e desesperado desejo.
Desesperado, numa tentativa de conter aquele impulso sórdido, Luke arrancou o tampão do ralo como se estivesse arrancando um curativo de sua própria pele. A água morna escoou em redemoinhos, levando consigo o fantasma de seu pecado, mas não o pecado em si. Ele girou a torneira com força, inundando a banheira novamente, dessa vez, com água fria, gelada como o vácuo do espaço. Quando se deitou novamente, o choque entre o calor de sua pele e o frio líquido foi tão violento que quase o fez gritar. Por um instante, o desejo recuou, porém não o suficiente.
Seu corpo traía-o.
Seu pênis, rígido e dolorido, pulsava contra sua vontade, implorando por um toque que ele se recusava a dar.
“Não... não... não...”
As palavras ecoavam em sua mente como um mantra de autopunição, cada sílaba um prego em seu próprio caixão moral.
“Isso é errado. Perverso . Doentio.”
Lágrimas quentes e silenciosas misturavam-se à água gelada, diluindo seu desespero. Fechando os olhos, Luke afundou a cabeça na água, como um pecador buscando purificação pelo sofrimento. A friagem envolveu seu crânio, uma mortalha de gelo contra o fogo que o consumia por dentro. Quando emergiu, ofegante, o desejo ainda lá estava, mais brando, mas não morto. Um animal ferido, não abatido.
Horas se arrastaram.
Ou minutos.
Ou eternidades.
Sua pele enrugou-se, pálida e estranha, como se já não lhe pertencesse. Só então, quando o corpo já não aguentava mais, ele saiu da banheira, gotejando culpa e água igualmente.
Resignado, o jovem arrastou-se de volta ao quarto, o corpo ainda pingando, enrolado na toalha que lhe cobria como um súbito manto de dignidade, sentou-se na beira da cama e puxou para si a bandeja deixada por C4-N3. Era um banquete simples, mas meticulosamente disposto: Sanduíches fatiados em triângulos perfeitos, o pão dourado revelando recheios suculentos. Uma jarra de suco de tonalidade verde-esmeralda, exalando um aroma doce, mas que ele nunca havia sentido, como frutas de um sonho há muito esquecido. Biscoitos amanteigados empilhados numa tigela como pequenos tesouros.
Os sanduíches eram convidativos e Luke não resistiu à fome, até então adormecida sob camadas de angústia, despertou com um rugido. Luke serviu-se de um copo generoso do suco misterioso, o líquido fresco escorrendo por sua garganta como néctar proibido, e devorou os sanduíches com uma voracidade quase animal.
Quando terminou, despiu-se da toalha, deixando-a cair no chão como um último véu de resistência. Deitando-se nu sobre os lençóis de cetim, que agora o acariciavam como mãos invisíveis. Ao seu lado, a tigela de biscoitos e a jarra de suco tornaram-se companhias silenciosas. Ele beliscava um biscoito aqui, outro ali, os dedos, explorando texturas crocantes enquanto o tempo escorria sem pressa.
E então, quando a exaustão finalmente o venceu, Luke adormeceu.
Mas não em paz.
Era perturbador.
Era acolhedor.
Era tudo o que ele não podia ter.
Ele o hipnotizava lentamente, como vinho escorrendo em uma taça, até que Luke já não podia confiar em seus próprios olhos. A realidade dissolvia-se, e o êxtase tomava seu lugar, um êxtase que o consumia como chama em palha seca.
E então, sem aviso, Vader surgia.
Não só como uma presença, mas como um fenômeno, um demônio materializado dos cantos mais sombrios de sua mente. Nos sonhos, ele não era apenas um homem, mas uma força, um toque que Luke não podia evitar, apenas sofrer e desejar em igual medida.
Mãos fortes, enluvadas em couro negro, percorriam seu corpo nu, não como carícias, mas como marcas de posse. Cada toque era fogo e gelo, cada dígito uma promessa de ruína. Luke arqueava-se, não em resistência, mas em rendição involuntária. Seu corpo traía-o, um templo profanado por sua própria sede.
Era o mais puro pecado.
Era a mais pura perversão.
O medo não o salvava.
O medo apenas o excitava mais.
Ele tremia, não de horror, mas de antecipação.
Ele suplicava, não por libertação, mas por mais.
Porque no fundo, no mais profundo e podre abismo de sua alma, Luke queria.
Queria aquele toque maléfico.
Queria ser moldado, dominado, corrompido.
Queria ser possuído por Vader.
Sob a luz branca do ambiente estéril de sua câmara de meditação, Vader observava. As câmeras ocultas do quarto transmitiam cada movimento, cada suspiro, cada espasmo de prazer culpado que Luke não conseguia controlar. O Lorde das Trevas inclinou-se para frente, seus olhos amarelos brilhando como brasas, enquanto acompanhava o espetáculo de seu filho se contorcendo nu sobre os lençóis de cetim.
Ah, e que espetáculo!
O corpo do jovem Jedi arqueava-se em êxtase involuntário, sua pele rosada sob o reflexo das luzes suaves do quarto. Seu pênis, vermelho e inchado de desejo, pulsava contra o vazio, esbanjando umidade como uma oferenda herética.
Mas as câmeras não eram o único meio de voyeurismo de Vader. Sem perceber, através dos fios invisíveis da Força, Luke enviara-lhe o sonho inteiro. Cada toque imaginário, cada gemido sufocado, cada fantasia proibida e deliciosamente pecaminosa. Vader sentiu o próprio corpo responder, um calor pesado espalhando-se por suas veias. Não era apenas excitação, era poder.
Aquele sonho não era apenas um devaneio úmido. Era uma arma. Era uma corda para enforcar a inocência do garoto. Era o mapa que o levaria direto ao Lado Sombrio.
E Vader não tinha escrúpulos.
Um sorriso lento e obsceno esticou seus lábios, predatório, calculista.
“Continue, meu filho...” pensou, os dedos percorrendo o próprio joelho com um toque quase carinhoso.
“Mostre-me tudo o que você esconde.”
Porque quando Luke finalmente perdesse o controle e caísse, seria Vader quem o pegaria.
A porta abriu-se sem ruído, como se o próprio quarto contivesse a respiração ante a entrada do Lorde das Trevas. Vader adentrou, imponente em sua armadura negra, o couro rangendo levemente a cada movimento calculado. Seus olhos fixaram-se imediatamente na cena à sua frente:
Luke, nu e entregue ao próprio êxtase, contorcia-se sobre os lençóis de cetim como um pecador em transe. Suas mãos ágeis, desesperadas, passeavam pelo corpo em frenesi, pinçando os mamilos rosados antes de descerem, devagar demais para ser inocente, até os finos pelos dourados que adornavam a base de seu membro. Um gemido escapou-lhe dos lábios, quando os dedos roçaram a glande inchada e úmida, um suspiro de pura luxúria.
Vader aproximou-se, passos lentos, deliberados e silenciosos. Seu respirador mecânico, era o único som que emitia, e foi o suficiente para despertar o rapaz. Luke acordou apavorado, os olhos arregalados de terror e vergonha? Excitação? Num reflexo o jovem, puxou os lençóis negros contra o corpo, escondendo-se como se pudesse apagar os últimos minutos. O menino encostou-se à cabeceira, o peito arfando em ritmo acelerado e a pele ainda corada pelo desejo.
Vader não disse uma palavra. Apenas inclinou a cabeça, os olhos percorrendo as pernas do garoto até sua virilha, onde o cetim se ajustava de forma suspeita, escondendo uma óbvia ereção. Um sorriso lento e predatório curvou seus lábios sob a máscara.
“Não se acanhe, filho...” pensou, sua voz aveludada ecoando na mente de Luke. “ Eu já vi tudo.”
— Então é isso que você sente por mim, meu filho? — A voz de Vader escorreu como mel envenenado, cada palavra uma faca torcida na carne já exposta de Luke. O garoto recuou, mas não havia para onde fugir, apenas o corpo maciço e vestido de couro do Lorde das Trevas, bloqueando a luz, o ar, a razão.
— Não... não...
A resposta veio em um sussurro quebrado. Vergonha, medo e no fundo, no mais profundo e sórdido canto de sua alma, desejo, enroscando-se em suas veias como hera venenosa. Luke empalideceu, os lábios tremendo. — Você entendeu errado! E-eu... eu não gosto desses sonhos, e-eu... eles são errados...
Vader riu, um som baixo e rouco que vibrou no peito como o ronronar de um predador. Sentou-se na cama, a armadura rangendo sob seu peso, e ergueu a mão enluvada. Seus dedos desceram lentamente pelo rosto do filho, o polegar traçando os lábios inchados com a reverência de um homem diante de um banquete.
— Eu vi o quanto você não gosta. — O sarcasmo pingava de sua voz, espesso e doce como sangue. — Gemia daquele jeito pervertido e se tocava daquela forma tão pecaminosa, porque não estava gostando. Implorava por mais, porque não estava gostando. — um sorriso macabro brincava em seus lábios sob a máscara.
— E-eu... pai... eu não... — Luke estremeceu, não apenas de horror.
As palavras morreram em sua garganta quando Vader inclinou-se, diminuindo a distância entre eles.
— Você deseja que eu faça com você o que eu fazia em seu sonho?
— Não! — O grito saiu arranhado, desesperado. Luke sacudiu a cabeça, os olhos azuis transbordando como lagos sob tempestade. — Isso é errado! Você é meu pai, como pode dizer uma coisa dessas?
Vader riu, e foi a coisa mais terrível que Luke já ouvira.
— É que você é tão desejável, meu filho! — De um movimento brusco, Vader, arrancou o lençol de Luke, expondo seu corpo corado, trêmulo, ainda marcado pelo próprio toque. A mão enluvada deslizou pelo peito, pinçando um mamilo até o jovem gemer, depois descendo, lenta, tão lenta, em direção ao membro que ainda pulsava entre as coxas do garoto, o deixando em pânico. — Tão saboroso... tão lindo.
Luke debateu-se, mas Vader já o virava de bruços, apertando-o contra os lençóis com o peso de seu corpo. As luvas de couro agarravam as nádegas macias, os dedos cavando na carne como se quisessem deixar marcas.
— Pai, por favor, não faça isso! — Luke começou a chorar desesperado por estar imobilizado sob o pesado ciborgue. Um pranto estrangulado que fazia sua garganta arder, mas então... Silêncio e nenhum movimento.
Vader parou percebendo que estava prestes a forçar-se sobre o jovem, e não era isso que ele queria, não era isso que ele estava planejando, o Sith libertou o garoto de suas garras e se afastou um pouco olhando para os grandes olhos azuis de Luke que transbordavam copiosamente. O menino o encarava assustado enquanto tentava se cobrir com um dos travesseiros, olhar para o filho, fez o coração do Lorde das Trevas doer e depois de muitos anos ele sentiu... arrependimento, amargo como fel, pesado como uma lápide, tinha o gosto das cinzas de Mustafar. Ele não o sentia há anos—décadas. E agora, olhando para os olhos azuis de Luke, ele lembrou-se. Lembrou-se de como era horrível a sensação do pesar.
E então, sem saber o que fazer, o Lorde das Trevas afastou-se. A porta fechou-se atrás dele, e o Jedi desmoronou, os soluços arranhavam seu peito como se garras os puxassem. Do outro lado, Vader apertou os punhos até o couro de suas luvas chiar, até o vidro das janelas blindadas do corredor se trincarem com a Força, até sentir algo além da escuridão que o consumia.
Luke encolheu-se na cama, abraçando os próprios joelhos os pressionando contra o peito como se pudesse esmagar o coração que tanto o traía. As lágrimas ainda escorriam, mas agora misturavam-se a um alívio frágil—Vader ouvira seus gritos. Recuara.
“Força, o que eu faço?”
A pergunta ecoou em sua mente, um mantra de desespero. Ele sabia que o perigo não acabara. Vader conhecia seu segredo agora, e um homem como ele não desperdiçaria tal vantagem.
“Agora ele sabe o que eu sinto por ele... vai usar e abusar disso contra mim!” Tremendo, Luke arrastou-se até o guarda-roupa e vestiu o pijama de tecido leve, branco como uma bandeira de rendição. A roupa não o aquecia. Nada aquecia. “Espero que ele não tente de novo.”
Através da Força, porém, algo estranho pulsava. Amor. Não o amor puro e fraternal de pai e filho, mas algo escuro, possessivo, dominador, que queimava como fogo negro. Vader o amava, à sua maneira. Ou era apenas mais uma mentira, uma tentativa de enganá-lo e persuadi-lo para que ele se entregasse aos seus profanos desejos, um laço para arrastá-lo para o Lado Sombrio?
O Jedi o não sabia o que pensar, era assustador imaginar que há alguns minutos ele poderia ter sido violado por seu próprio pai, mas Vader não o fez... ele parou ao ouvir as súplicas desesperadas do filho. “Ele se arrependeu?” O jovem se perguntou sentindo uma coisa amarga e dolorosa vindo do ciborgue através da Força, porém quando Luke tentou alcançá-lo, o Sith simplesmente o bloqueou, criando um muro entre eles.
Do outro lado da fortaleza, Vader regressara à sua câmara, ele encarava os monitores, a imagem de Luke aos soluços, agarrado a um dos travesseiros era como um castigo. “Onde eu estava com a cabeça?”
O Lorde das Trevas passou as mãos pelas cicatrizes em sua cabeça em um gesto cansado e apoiou a testa pálida em uma das mãos tentando a todo custo não se lembrar do olhar de pavor que seu filho lhe lançou. “Já não bastou o que fiz em Bespin? Agora... isso?” O painel diante dele estilhaçou-se sob seu poderoso punho, lançando faíscas para todos os lados. “Quero que ele seja meu! Quero que ele venha para o Lado Sombrio para que possamos derrotar o Imperador e acabar com essa guerra! Para que possamos governar o Galáxia juntos...”
— Ele é meu!
Horas depois a porta abriu-se novamente, rompendo o silêncio como uma faca cortando um véu. Luke, temendo que fosse seu algoz, estremeceu, os dedos enterrando-se nos lençóis, ele se encolheu, em uma fútil tentativa de se proteger, ele precisava fugir, mas para onde?
Era apenas C4-N3. O robô deslizou para dentro do quarto, sua estrutura prateada refletindo a luz como um espelho embaçado, carregando uma nova bandeja. O aroma de café fresco encheu o ar, quente e amargo, como tudo naquele lugar.
— Está se sentindo bem, senhor? — Perguntou o robô colocando a bandeja sobre o aparador. A voz mecânica soou absurdamente normal diante do turbilhão que consumia Luke.
— Estou sim, C4-N3. — Mentiu o rapaz.
O droid assentiu e recolheu a bandeja vazia da refeição anterior.
— Se precisar de alguma coisa me chame. — O droid saiu do quarto, mas então—a porta ficou aberta.
Luke arregalou os olhos e sugou o ar entre os dentes, completamente pasmo.
— Você... você não vai trancar a porta? — O coração de Luke acelerou como um pássaro enjaulado batendo as asas.
— Não! — Respondeu o andróide. — Lorde Vader me ordenou que a deixasse destrancada. Por quê? Alguma objeção?
— Não! — Luke apressou-se a responder rápido demais, agudo demais.
O dróide deixou o quarto e Luke ficou parado, os pés enraizados no chão frio, encarando aquela porta como se fosse a boca de um monstro.
“Por que ele faria isso?”
A resposta veio como um sussurro perverso em sua mente:
“Porque sabe que você não vai fugir.”
Luke avançou pelo corredor, sombra adentro, seus passos ecoando no vazio como batidas de um coração ansioso. As paredes, sob a penumbra, pareciam estreitar-se à sua volta, sugando-o para dentro de um sonho lúcido e febril. No fim de um corredor adjacente, uma porta. Ele hesitou. Depois abriu. O que encontrou não era um simples aposento, era um santuário do proibido. Uma biblioteca sufocada por livros antigos, suas páginas amareladas sussurrando segredos em línguas mortas. Pergaminhos desenrolados como peles de cobra cobriam mesas e estantes, cheios de símbolos torcidos que doíam aos olhos.
E no canto, iluminada pelos clarões de uma tempestade furiosa, uma escrivaninha e sobre ela: *objetos em forma de pirâmide*, girando lentamente sem tocar a superfície, flutuando em um campo invisível. Livros abertos, suas páginas marcadas por uma caligrafia fina e garranchosa, cheia de rabiscos que se contorciam como vermes sob a luz. Fórmulas, mapas estelares, diagramas de corpos dissecados pela Força. Era tudo dele. Tudo de Vader.
O ar pesava com o cheiro do Sith, óleo de máquina, couro envelhecido, e algo mais profundo, mais animal. Luke arrepiou-se. Não de medo, mas desejo. Aquele aroma invadia-lhe as narinas como um vício, aquecia seu sangue como licor proibido. Era masculinidade e poder condensados em feromônios.
Seu corpo reagiu antes que sua mente pudesse gritar. “Não!” Sacudiu a cabeça, como se pudesse desalojar o desejo com violência.
“Força, porque eu sinto essas coisas?” A pergunta ecoou na biblioteca vazia, engolida pelo rugido distante da tempestade ácida fora da fortaleza. Os dedos do Jedi deslizaram pelo couro da cadeira, sentindo os sulcos deixados pelo corpo de Vader, as marcas de suas coxas poderosas, de suas mãos, se suas costas.
E então veio a pungente epifania: “Eu devo querê-lo como pai... não como amante.” Mas a linha entre os dois já se embaçara como tinta sob chuva. Amar Vader era dançar à beira de um precipício. Era beber veneno esperando que ele lhe desse asas. Era querer abraçar um homem cujo toque poderia acariciar ou mutilar na mesma proporção. “Alguém que pode me machucar. Me lacerar. Alguém que pode me arrastar para o Lado Sombrio e afogar o Galáxia em escuridão...” N o entanto... No entanto. Seu coração, tolo e obstinado, ainda batia mais forte quando o cheiro de Vader o envolvia. A Força entre eles não mentia. Era amor. Era ruína. E Luke estava caindo, não porque Vader o empurrava, mas porque ele próprio se inclinava.
Luke fugiu da biblioteca como quem foge de um altar profanado, seus passos apressados ecoando no corredor como batidas de um coração em disparada. Ao cruzar a porta do quarto, fechou-a atrás de si, não que isso impedisse Vader, mas era apenas uma fútil tentativa de impedir a si próprio de voltar atrás. Sentou-se na cama, os dedos enterrando-se no cetim negro, tão macio quanto sua própria pele.
“Preciso fugir.” Fechou os olhos, deixando a imagem de Vader invadir sua mente, o monstro de couro e metal, e o guerreiro Jedi que um dia fora Anakin Skywalker se misturavam em sua mente.
“Talvez o Imperador não tenha extraído toda a bondade de meu pai, talvez ainda exista bondade dentro dele... se o que eu senti vindo dele era realmente amor, acho que eu posso trazê-lo de volta para a Luz, se eu demonstrar meu amor... de filho para pai... não essa coisa abominável que sinto por ele.” Era uma esperança frágil, um fio de luz em um abismo, mas Luke agarrou-se a ela.
“Se o que senti foi amor... então posso trazê-lo de volta.” Não o amor torto e faminto que lhe queimava as veias. Não o desejo que o fazia tremer de nojo e êxtase. Mas o amor simples, puro, de um filho por seu pai. “É isso que devo mostrar.”
A madrugada envolvia a fortaleza em um silêncio aveludado, mas Vader não dormia. Sentado em sua câmara, envolto em sombras e altas doses de oxigênio, os olhos dourados não se desgrudavam do monitor. Nele, Luke dormia, sereno como um anjo envolto em cetim negro.
Era uma visão hipnótica, apaixonante.
A pele dourada do jovem, contrastava com os lençóis escuros como ouro sobre carvão. Seus lábios, rosados e entreabertos, pareciam um convite não intencional, à devoção? À blasfêmia? Vader não sabia. Sabia apenas que não conseguia desviar o olhar.
A respiração do Lorde das Trevas sibilou, um som rouco no ar estático, enquanto sua mão enluvada esticou-se involuntariamente em direção à tela, como se pudesse atravessá-la e tocar.
“Tão belo...”
*Sith Holocrons*
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