Chapter Text
Não sabia exatamente o que sentir, sabia que deveria estar aterrorizado de ter sido marcado, sabia que iria ficar longe de seu pai e sua mãe, de toda a sua família, sabia que estava deixando para trás uma vida simples para encarar uma vida cheia de incerteza pelos próximos quatro anos. Ainda sim seu coração não estava com medo, na verdade estava ansioso para ver Zoey de novo e dessa vez como igual, estava ansioso para mostrar para ela o que o seu coração já sabia: que eram feitos um para o outro.
Mesmo assim estava tentando acalmar o seu coração, havia muita coisa que precisava saber muitas coisas para se adaptar e ficar pensando demais em Zoey havia sido um problema para ele no passado nem tão distante. Então estava tentando controlar-se diante todo esse prospecto aterrorizante e excitante. Olhou ao redor da sala, que era bem diferente da sala do diretor da sua escola, tinha um ar mais aconchegante parecendo muito mais a sala de estar de alguém do que de fato o responsável por uma instituição como aquela.
E Neferet era uma puta gostosa, poucas mulheres que conhecera – inclusive aquelas que viam em filmes pornôs – chegava perto da beleza e da sensualidade que exalava. Conseguia entender porque muitos homens matariam por ela ou por Zoey ou por qualquer outra vampira adulta. O fato de ela ser imponderada só deixava tudo ainda melhor, já que ela sabia quem era e para onde iria ir. Um fato que havia demorado em perceber, ainda mais sendo criado como fora. Um cavalheiro, mas um pouco machista ainda sim.
A porta abriu atrás dele revelando a mulher que estava vestida como uma mulher comum, calça jeans e um cardigan que chegava até onde começava sua bota, tudo nela gritava perfeição. Seguindo de perto estava um homem, não era exatamente o estereótipo de vampiro, por ser gordinho e baixinho, mas suas tatuagens? Eram muito foda. Dois dragões que pareciam soltar fogo na lua crescente em sua testa, fazendo o adolescente se arrepiar. Ainda sim seu sorriso era jovial e simples.
- Heath Luck esse é Dragon. Nosso Mestre das Espadas e alguém interessado em ser seu mentor.
Levantou-se sem saber exatamente o que fazer como se fosse a deixa caminhou o vampiro caminhou em sua direção estendendo a mão e pegando em seu pulso daquele jeito característico da raça. Ou assim parecia, já que fora assim que o vampiro da porta segurou o pulso do seu pai quando lhe trouxe até ali.
- É um prazer Jovem Luck, se aceitar eu estou disposto a ser o seu mentor e ajudá-lo nesse processo de transformação. Sei que pode ser difícil de confuso às vezes, por isso a porta do meu escritório estará sempre aberta para você. Se aceitar.
Havia algo de caloroso e convidativo no sorriso do homem, na forma como ele havia feito o convite, acabou acenando com a cabeça.
- Claro, ficarei honrado em aceitar.
Acenou com a cabeça de volta e virou-se para a mulher, não havia adoração nos olhos do homem, na verdade parecia apenas esperar a ordem de alguém superior. Por alguns segundo ficou invejado pelo autocontrole dele.
- Já que está tudo arrumado, deixo o resto com você Dragon.
- Como desejar, Minha Sacerdotisa.
Viu-o colocar a mão em punho sobre o coração e abaixar-se levemente em uma reverência, pouco antes de sorrir de novo e sair da sala deixando a porta aberta. Quando se virou para sair, sentiu a mão dela em seu ombro.
- Eu acredito que você esteja com vontade de vê Zoey, mas vou pedir-lhe para esperar um pouco antes de fazer isso. Ela está em suas aulas e será uma surpresa ao vê-lo marcado.
Sua voz era suave e parecia sincera, mas alguma coisa nos olhos dela o fez sentir gelo em sua pele roubando-lhe a voz, por isso apenas balançou a cabeça de forma positiva enquanto seguia o seu mentor de perto. Direto para o pátio onde havia a Deusa com os braços estendidos com a Lua em seus braços.
Como a primeira vez que viu a estátua naquele dia, sentiu algo vibrar lentamente dentro do seu peito. Sorriu enquanto percebia que o homem começado o seu tour pelas instalações, sabia muito bem que não conseguiria memorizar tudo da primeira vez, não era muito bom em ouvir as pessoas e sim em aprender com seus próprios erros. Ainda sim tentava manter o máximo de atenção que conseguia no nível de adrenalina que estava sentindo naquele momento.
- Então, Jovem Luck devo crer que praticava algum tipo de esporte na sua antiga vida?
Notou que ele não havia dito escola e sim vida, deixando com uma sensação esquisita em seu estômago. Balançou a cabeça de forma positiva.
- Sim, eu era um Quarteback do meu time de futebol. Levei o time à vitória por dois anos consecutivos.
O silêncio lhe fez sentir que havia dito alguma coisa errada, contudo não sabia exatamente o que.
- Faz muito tempo desde que vi alguma partida de Futebol Americano, mas corrijam-me se estiver errado, não é um jogo em grupo?
- Sim, exatamente.
Ele acenou com a cabeça de forma positiva enquanto parou se virando para ele, de repente não parecia mais uma pessoa simpática, parecia alguém mais sombrio e sério.
- Então me diga, como você levou o time a vitória em um jogo em grupo?
Piscou sem saber como responder aquilo, sempre lhe diziam que havia ganho o jogo para a equipe e que deveria ser o máximo. Era a primeira vez que alguém desmentia isso. Viu o sorriso voltar ao rosto do homem, embora não conseguia mais vê-lo como alguém simpático, tinha um lado muito escuro dentro dele.
- Você pode ter feito jogada decisiva, mas sem ajuda de todo o seu time, você não teria vencido. Isso é uma coisa muito importante para nossa comunidade, somos um grupo unido e não importa quem tomou as decisões importantes, somos todos responsáveis uns pelos outros.
Sentiu o peso das palavras deles, nunca antes ninguém havia lhe dito que era parte de alguma coisa, sempre fora um dos astros do time. Sempre alguém que se destacava e não precisava fazer nada além de jogar bem, levando o time a vitória. O sorriso dele não desfez o nó em seu estômago, enquanto ele acariciava sua cabeça.
- Acho que peguei pesado. Minha esposa me diz que muitas vezes sou mais intenso do que deveria ser, mas você vai acabar se acostumando.
Sentiu-se uma criança quando ele fez aquilo, ainda com um sorriso, normalmente sentia-se irritado com aquele sentimento, mas não daquela vez. Talvez por ele ter mais de cem anos ou apenas trinta não dava para saber.
- De qualquer forma não temos um time de futebol aqui, mas acho que poderá se interessar por alguma outra forma de esporte. Como esgrima ou algo mais físico com alguma das nossas artes marciais.
Acenou com a cabeça de forma positiva, mas estava muito inclinado a aceitar aulas de esgrima não parecia muito másculo, embora artes marciais fossem algo que lhe interessava desde que começara a assistir MMA com os seus colegas de time. Será que eles tinham esse tipo de luta? Não sabia. Mas realmente não sabia nada sobre o que eles faziam ou deixavam de fazer.
Caminharam mais um pouco parando no ginásio, lá dentro havia alguns adolescentes treinando o que parecia ser chutes enquanto outros estavam meditando, todos pareciam completamente normais. Exceto pelas marcas em suas testas que lhes faziam destacar como vampiros em transformação.
- Tenho aula daqui a pouco, por isso eu vou procurar um novato para levá-lo até suas acomodações. Meu escritório fica nos fundos do ginásio e sempre estará aberto, você tem permissão para me esperar lá dentro, mas espero descrição.
Acenou novamente enquanto eles caminhavam para uma sala, viu quem uma vampira acenou com a cabeça de forma positiva enquanto corrigia a posição de uma novata, instruindo-a a chutar um pouco mais alto. O outro professor estava meditando tão profundo que parecia não notar quando eles passaram, mas atirou uma pedrinha perfeitamente na testa de um aluno que estava quase dormindo.
- Por favor, me espere aqui por alguns minutos.
Entrou na sala vendo que era bem prática, com uma mesa onde havia um computador e duas cadeiras, embora o que tenha chamado a atenção era a espada que estava bem de frente para a porta. Ela parecia afiada e perigosa, quando se virou para perguntar sobre, o seu mentor não estava mais na porta.
Sentou-se puxando o seu celular, não sabia o que fazer com os seus contatos e seu facebook. Teria que excluir tudo? Muitos eram pessoas ligadas ao futebol ou sua sala, não tinha de verdade alguém com quem conversar coisas, além disso. Havia coisas, além disso? Não. Era o seu mundo e agora não era mais. Viu as diversas mensagens esperando por responder. Muitas delas do time e algumas meninas que já saiu depois que havia terminado com Zoey.
Bloqueou a tela voltando o celular para o bolso, enquanto olhava para o teto, aquilo era uma droga. A única pessoa que queria falar sobre tudo isso, era a única que já tinha causado muito mal. Suas atitudes no ultimo ano haviam sido reprováveis, mas ninguém ligava, porque estava simplesmente melhor do que nunca em sua função nos esportes então parecia que ninguém estava disposto a repreendê-lo. Exceto Zoey e Isaac.
Suspirou não querendo pensar em Isaac ou como o havia tratado na ultima vez em que haviam conversado, sendo maldoso ao extremo simplesmente porque não sabia como poderia lidar com tudo aquilo e com medo de falar com alguém mais próximo. Seu pai não iria entender, sua mãe iria acabar conversando com seu pai e Zoey era a pessoa que havia causado toda a confusão. Balançou a cabeça de forma negativa, ele teria que concertar isso, não iria conseguir viver consigo mesmo se deixasse as coisas como estavam. Mas como iria fazer isso?
Ouviu a porta se abrindo e virou-se para ver um menino que poderia ser descrito como suave, com grandes olhos castanhos que o faziam parecer com um cervo e não tinha um corpo muito musculoso. Sabia que poderia moê-lo na porrada sem qualquer dificuldades e era exatamente um adolescente como aquele que seus colegas de time iriam implicar, mesmo eu esse em questão usava uma roupa até que comum. Calça jeans, blusa e jaqueta.
Dragon apareceu logo atrás, não era muito mais alto do que o menino, mas suas tatuagens se destacavam.
- Esse é o Jovem Damien, é o pupilo da minha esposa. Ele vai levá-lo até o seu quarto e ajudá-lo quando eu não puder.
- É um prazer em conhecê-lo, sou Damien Maslin.
Sentiu a firmeza do aperto de mão dele, não esperava por isso ou do tom mais firme de sua voz. De alguma maneira ele tinha a mesma vibe que Isaac, o que era uma droga, porque iria lembrá-lo do seu erro.
- Eu sou Heath Luck.
- Bom, já que estão apresentados vou deixá-lo para preparar o material da minha aula. Damien não precisa se apressar, já falei com os outros professores, por isso só se preocupe em deixar o Jovem Luck confortável e tirar suas dúvidas.
Viu o menino colocar o seu punho sobre o coração e se curvar para o homem, pode perceber o orgulho nos olhos do homem, fazendo-o se tocar que esse menino deveria ser mais do que apenas o pupilo de sua esposa.
- Assim será feito.
O mais velho acenou com a cabeça.
- Então Jovem Luck, quando precisar já sabe onde fica minha sala. Espero que tudo sai bem.
Então ele foi embora, lhe deixando com o menino.