Archive of Our Own ^beta

A turnê do novo albúm havia sido um sucesso digno de comemoração, por isso, Mana e Gackt tomaram a iniciativa de tornar real uma pequena festa. Apenas a banda, staffs e amigos íntimos selecionada por cada um dos membros a dedo.

A casa de Gackt havia sido escolhida para acomodar em torno de trinta pessoas naquela noite, pois era a maior e possuía um bom espaço para jogarem para o ar o autocontrole.

Após um considerável dinheiro gasto com bebidas e petiscos – alguns até mesmo feitos por Mana –, a noite da festa havia recaído entre os goles de energético de Gackt, disposto a ver o dia amanhecer.

Ao perceber que mais ninguém além dos vinte e um presentes viria, tornou a comer alguns pequenos bolinhos de carne junto de seu copo de cerveja, todavia não exagerou pois odiava comer em frente aos demais. 

Sabia quem também compartilhava de tal problema: Kami, talvez até mesmo em um nível um pouco mais preocupante. Pensando nisso, andou até ele segurando firme seu copo, parando por um instante para jogar uma expressão de desaprovação para a direção onde Mana escolhia as músicas ambientes.

Com a mão pesada, tocou o ombro de Kami, que se encontrava de costas, distraído com os quadros na parede da sala de Gackt, nos quais estampavam flores em pinceladas coloridas e grossas. Também carregava junto de si um copo de cerveja. Quando virou-se, sorriu.

— Não sabia que era possível, mas você tem bom gosto pra decoração — Kami jogou o ombro ao de Gackt, que sorriu, já capturado pelo olhar brilhante até mesmo no ambiente em meia luz, onde as cores amareladas mesclavam-se à pele jovial e aos cabelos vermelhos agora se derramando sobre seus ombros cobertos por uma jaqueta jeans. Estiloso como sempre.

Gackt ainda estava se acostumando com a visão dos cabelos mais curtos, secretamente contendo seus impulsos de elogiá-lo como se cortejasse uma mulher. Kami já conhecia aquele jeito especial, felizmente.

— Coloquei semana passada — Gackt respondeu diante do sarcasmo de Kami, que jogou o ombro contra o dele em sinalização para que seguissem juntos para o sofá.

Antes de se sentar, todavia, virou o restante de seu copo e o encheu novamente. Aconchegando-se no estofado cinza, Kami deixou o copo cheio ao lado de seus pés e verificou os bolsos, tirando de lá um cigarro e um isqueiro.

— Tá estiloso, hoje. Principalmente com o cabelo novo — alegou Gackt, cruzando as pernas e tragando de sua cerveja. O olhar vagava pelo local, analisando o que cada um fazia, mas sorriu fracamente ao ver Yuki insistindo para que Mana trocasse o metal pesado que havia colocado como música ambiente.

— Fiquei com medo de não gostarem — revelou Kami, deixando escapar a fumaça de seu cigarro. O ofereceu a Gackt, que aceitou de bom grado.

— Ficou tão lindo quanto o antigo — Gackt afirmou antes de também tragar o cigarro. — O que os fãs disseram?

— Ficaram surpresos, mas nenhuma crítica.

— Viu? Foi um sucesso — Gackt jogou sobre Kami sua melhor piscadela, imediatamente o fazendo rir. — Será que também vai ser um sucesso entre os homens?

A reação de Kami diante da fala capturou Gackt de surpresa. O encarou profundamente sem piscar, ao ponto de causar nele arrependimento e preocupação. Jurou ter sido invasivo demais.

— O que foi? — Gackt mostrou a ele sua preocupação com relação à fala, entretanto, ele riu.

— É que… — Kami gargalhou fracamente mais uma vez ao esconder o rosto entre os dedos que portavam o cigarro fumegante, acelerando ainda mais o peito nervoso de Gackt — …é a primeira vez que… sabe? Tratam minha sexualidade da maneira certa.

Ao escutar o que não aguardava, Gackt não conteve o sorriso satisfeito. Tratar seu melhor amigo com o mesmo respeito que recebia dele era algo tão natural para si que não esperava receber tal reação. O observou tragando o cigarro entre um frouxo sorriso bobo.

— Sou parecido com você, claro que vou te entender e respeitar — após a afirmação, Gackt pôde ver, com perfeição, as bochechas e orelhas de Kami tornando-se rubras.

— Obrigado — respondeu Kami, simplório, pegando seu copo do chão. A única palavra atingiu Gackt com tanta força que o rosto virou na direção dele, estreitando levemente o espaço entre os corpos.

— Se quiser posso até te arranjar uns paqueras — Gackt ousou uma piscadela quando Kami caiu entre seu olhar, soprando a fumaça na direção de seu rosto propositalmente.

— Você sabe bem que eu não gosto de compromisso — Kami ajustou com jeito o tom doce e envolvente da voz levemente abafada pela música que Mana aumentou o volume.

— Eu sei — Gackt desviou o olhar, voltando a observar o movimento dos convidados. Todos envoltos em suas próprias risonhas maneiras, todos distantes da dupla, que mesmo cercada de gente sentia-se à sós.

Gackt novamente recebeu o cigarro de Kami, envolvendo ambos em fumaça novamente.

— Bem que seria legal ter alguém pra curtir momentos assim — Gackt devolveu a Kami o cigarro e jogou as costas no sofá.

— Não sou a pessoa que mais gosta de festas — justificou Kami antes de virar seu corpo novamente na direção de Gackt novamente. — Claro, aceitei a sua porque conheço todos e senti que eu me divertiria.

Quando Kami levantou-se para buscar mais bebida, Gackt o seguiu de maneira que não flagrou o sorriso maroto desperto naquele rosto. 

Kami então repentinamente virou-se, o assustando propositalmente.

— E você gostaria de ter trazido alguém pra… curtir essa noite? — Kami indagou claramente provocante, encostando o corpo no balcão enquanto Gackt se acostumava a manter a visão sobre si sem vacilar.

— Talvez — Gackt sorriu ladino, cruzando os braços ao perceber que Kami não se moveria.

— E do que você tá afim, hoje? — Kami capturou e prendeu o olhar de Gackt imediatamente após a fala.

— Ah, curtir — Gackt retribuiu o sorriso, investigando o que se passava na mente de Kami diante daquele diálogo.

— E você… costuma beijar bastante em festas?

Gackt então gargalhou alto. Sentiu-se exposto como se Kami estivesse o testando. Sabia bem que era do feitio dele brincar com as palavras.

— Calma lá, não sou tão rodado assim — Gackt coçou a nuca entre seu sorriso bobo. Observou Kami enfim encher seu copo novamente. Daquela vez, entretanto, o deixou cheio de cerveja apenas até pouco mais da metade e o virou, tornando Gackt boquiaberto diante da cena.

— Tá tentando ficar de porre? — Gackt tocou o ombro de Kami ao usar de sua pergunta envolta de um tom brincalhão para expressar sua preocupação.

— Talvez — Kami limpou os lábios com a manga do casaco.

— Tá tudo bem? — Gackt apertou a mão que usava para pesar sobre aquele ombro.

— Vai encontrar alguém pra beijar, Gackt — a ríspida fala claramente impulsiva gelou Kami tanto quanto o fez com Gackt, o levando a imediatamente mostrar arrependimento, gesticulando com rapidez. — Desculpa, eu não queria! Eu só… eu bebi demais! 

Gackt, por sua vez, prosseguiu calado, boquiaberto, contendo o coração em pedaços dentro do peito enquanto desejava profundamente o atacar para lhe fazer aprender sobre sentimentos. Naquele caso, a vontade era de avançar sobre os lábios, especificamente.

O olhar chocado encontrou as íris tão amedrontadas de Kami, enquanto ele segurava seus braços, mostrando seu desespero prestes a transbordar.

Kami não conseguia mais afastar as mãos, muito menos Gackt de seu olhar, o que fez a proximidade tornar-se quase que íntima em excesso. 

Gackt então engoliu seco, conseguindo desviar a visão daquelas íris brilhantes apenas centímetros mais para baixo, naquele rosto encantador e tentador. Tremeu levemente enquanto digeria o próprio sentimento e sensações causadas pelo momento.

— Pode ser você? — Gackt usou do tom ideal para apenas Kami o escutar e sentir.

— O-o quê? No quê? — antes que Kami analisasse e processasse a pergunta da maneira correta, Gackt já se encontrava próximo o suficiente para o fazer notar toda aquela intenção, desde as palavras até os movimentos daquelas íris que tanto vagavam por seu rosto, principalmente por sobre os lábios.

A energia envolta de ambos tornou com que a música não mais pudesse ser escutada, como se todo o ambiente deixasse de existir quando perceberam compartilhar os mesmos pensamentos.

Entre um suspiro, quem tomou para si a coragem para aceitar o que mutuamente desejavam foi Kami, que, puxando-o pelos braços que agarrava, o fez cair sobre seus lábios.

Quando ambos aceitaram e envolveram-se no tão íntimo contato, o resto do mundo inteiro deixou de existir como em um passe de mágica.

— Kami — o nervosismo de Gackt o levou a murmurar entre um breve segundo de respiração, antes de tocar o rosto e os cabelos de Kami com toda a vontade de seu ser ao tornar firme e claro o beijo.

As mãos ansiosas de Kami subiram arrastando-se pelos braços até o alcançar a nuca, na qual puxou com vontade, quase debruçando-se sobre ele. Abriu a boca apenas para que Gackt pudesse a tomar por inteiro, mordendo e encaixando os lábios em uma gentil dança.

Kami arrepiou-se por completo quando Gackt desceu a mão de sua cintura até o quadril, onde apertou e acariciou as nádegas provocantemente.

A outra mão, antes no rosto de Kami, tornou a puxar sua cintura quando suspirou entre o beijo, que já havia se tornado quase selvagem. Gackt sentia em seu rosto e pescoço a vontade naquelas mãos de maneira tão intensa quanto a língua buscava pela sua. O tempo parecia não passar, apenas girando em torno de um desejo tão mágico que custou a fazer ambos se separarem.

Os olhos se abriram serenamente entre as respirações ofegantes e a sensação do sangue pulsando nos lábios levemente inchados. As mãos se afastaram logo em seguida do momento em que trocaram olhares, estes lentamente mostrando consciência do que fizeram.

Tal consciência recaiu-se juntamente do resto do ambiente com um leve baque causado principalmente pelo som da música mesclada às diversas conversas.

Dando um passo tímido para trás, Kami foi o primeiro a jogar o olhar para o resto do salão, onde, para sua infelicidade, todos pareciam bastante conscientes do que havia ocorrido ali.

— Taporra — Közi exclamou sonoramente, ganhando uma cotovelada de Mana, que o repreendeu.

Gackt pareceu igualmente atordoado ao sentir sobre si o peso daqueles olhares. Ver Kami nervoso daquela maneira o incomodou, ainda assim o levando a desesperar-se quando o viu deixar o salão em uma ágil corrida. O seguiu sem muito pensar, conseguindo agarrar seu braço quando o alcançou subindo as escadas. Para sua surpresa, Kami cedeu ao contato, paralisando diante de si.

— Desculpa — foi a única palavra que escapou de seus lábios antes de Gackt repentinamente os ocupar em um beijo. Kami cambaleou sobre os degraus, agarrando o corrimão atrás de si antes de lentamente deixar as mãos sobre a cintura de Gackt, que quase tomou sua língua para si enquanto moviam os rostos desesperados, tamanha sua vontade de o beijar, louco por ele.

Quando repentinamente encerrou o contato, o tomou em um apertado abraço, acariciando-o os cabelos até que de fato mostrasse calmaria.

— Tá tudo bem — garantiu Gackt. — Ignora eles, foca em mim.

Com um sorriso gentil influenciado pelo controle de Gackt, Kami tocou sua testa na dele.

— Me deixe bêbado e eu ignoro.

— Fechado — Gackt então sorriu satisfeito e levemente malicioso.