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Zenitsu agarrou a almofada contra o peito, os dedos afundando no veludo desbotado. Do outro lado do jardim, Tanjiro ria – aquele riso quente e aberto que Zenitsu conhecia desde os dias de caçar demônios – enquanto enrolava um fio do cabelo de Kanao em seus dedos. Ela corava, escondendo o sorriso no ombro dele. Algo dentro de Zenitsu estalou, seco e agudo como um galho sob o pé.
"Lamentável," murmurou para as próprias mãos trêmulas. "Até o Tanjiro... e eu aqui, sozinho, com minhas almofadas fedendo a lágrimas."
Os dias seguintes foram um borrão de tentativas desesperadas. Tentou flertar com Nezuko, mas ela apenas tilintou as argolas do bambu, cabeça inclinada com uma curiosidade infantil que o fez sentir como um pervertido. Na cidade, perseguiu uma vendedora de dango até ela chamar o guarda. Até a Senhora Shinobu, ao encontrá-lo chorando no corredor, ofereceu um chá calmante com um sorriso que era 30% pena, 70% impaciência.
Foi então que o rugido ecoou pelo pátio.
"GRRRAAAAH!"
Inosuke arrombou a porta do quarto como um tufão de músculos e fúria, máscara de javali tremulando. "Fraco! Onde tá meu onigiri, seu verme chorão!"
Normalmente, Zenitsu teria se escondido sob o futon. Mas hoje, o vazio no peito era maior que o medo. Antes que Inosuke pudesse arrancar a porta da dobradiça, Zenitsu se atirou para frente, agarrando-se à cintura dele como um náufrago a um tronco.
"Leve-me pra caçar!" gritou, voz abafada contra o abdômen suado de Inosuke. "Ou pra lutar! Ou... ou só fica aqui! Nem que seja pra me xingar!"
Inosuke congelou. Por um instante, apenas a respiração ofegante dele preencheu o quarto. Zenitsu sentiu os músculos de pedra sob a pele, o cheiro de terra e suor, o calor quase animal. Esperou o soco, o chute, o berro.
Em vez disso, uma mão enorme – desajeitada, como se nunca tivesse feito aquilo antes – pousou sobre sua cabeça. Não era um afago. Era mais como Inosuke tentando apertar um botão invisível.
"Hmph," grunhiu ele, a voz estranhamente contida. "Fraco, tá... quente. E tremendo. Igual filhote de veado no inverno."
Zenitsu não soltou. Enterrou o rosto mais fundo, os soluços abalando-os ambos. Inosuke não se moveu. Ficou ali, uma estátua de força confusa, enquanto o sol da tarde desenhava sombras compridas no chão de madeira. A mão permaneceu onde estava, os dedos rudes pressionando levemente o cabelo amarelo desgrenhado.
"Onigiri depois," Inosuke resmungou, quase inaudível. "Agora... fica quieto aí. Mas se mijar em mim, eu te arrebento."
Do lado de fora, o riso de Tanjiro e Kanao ainda dançava no vento. Mas ali, naquele canto despedaçado do quarto, com o cheiro de suor e lágrimas, Zenitsu agarrou-se à única âncora que não sabia que tinha. Não era romântico. Não era bonito. Mas era sólido. E naquele momento, sólido era tudo que ele precisava que fosse.
De repente, Inosuke arrancou a máscara. Seu rosto, marcado por cicatrizes e ferozmente bonito, estava próximo demais. O beijo foi uma colisão – dentes batendo, lábios esmagados. Zenitsu gemeu, não de dor, mas de alívio vertiginoso. As mãos de Inosuke desceram como garras, rasgando o quimono frágil de Zenitsu como papel.
No chão áspero do tatame, sob o crepúsculo violeta, Inosuke dominou-o com a mesma ferocidade com que lutava. Mordeu o pescoço exposto de Zenitsu, deixando marcas vermelhas que fariam o garoto estremecer de manhã. "Fraco! Gema mais alto!" rosnou, enquanto suas coxas poderosas forçavam as pernas trêmulas de Zenitsu a se abrirem.
Zenitsu arqueou-se, cada empurrão brutal uma mistura de agonia e êxtase. As lágrimas escorriam, mas seus dedos cavavam nas costas de Inosuke, puxando-o para mais perto. "Inosuke... por favor..." Sua voz era um fio quebrado, perdido entre os grunhidos roucos do outro.
Quando Inosuke o virou de bruços, pressionando seu rosto contra o chão, Zenitsu agarrou as esteiras de palha. Cada impacto era como ser partido ao meio e remendado. "Isso! Assim!" uivou Inosuke, seus quadris batendo com força animal contra as nádegas arqueadas de Zenitsu. O ar cheirava a sexo, suor e lágrimas salgadas.
Zenitsu chegou ao clímax com um grito abafado, o corpo convulsionando sob o peso implacável. Inosuke rugiu, enterrando os dentes no ombro de Zenitsu enquanto o seguia, derramando calor dentro dele com um tremor selvagem que parecia sacudir o próprio quarto.
O silêncio que se seguiu foi pesado, quebrado apenas pela respiração ofegante. Inosuke levantou-se, indiferente, limpando-se com um pedaço do quimono de Zenitsu. "Patético," cuspiu, mas não colocou a máscara de volta. Seus olhos, por um instante fugaz, escanearam o corpo tremendo e marcado no chão.
Zenitsu virou-se de costas, o peito subindo e descendo rapidamente. Uma risada frágil, quase histérica, escapou-lhe. "Obrigado," sussurrou, tocando a marca dos dentes marcados em seu ombro. Seus dedos tremiam, mas um sorriso pequeno e vitorioso brincou em seus lábios inchados. Ele tinha conseguido. Alguém o vira. Mesmo que fosse só o garoto cabeça de javali. Era suficiente. Por enquanto.
