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Entre Andares

Summary:

Após abandonar o mundo bruxo, Draco Malfoy reconstruiu sua vida em Glasgow como Christopher Scott, CEO de uma poderosa empresa de investimentos. Longe de seu passado, ele mantém distância de todos os funcionários, até que seu novo assistente administrativo é contratado. Sob o nome falso de Teddy Smith, Harry Potter também deixou para trás sua antiga vida, buscando anonimato e um recomeço.

Draco e Harry acabam se reencontrando, rivalidades e lembranças vêm à tona, despertando antigas feridas e sentimentos inesperados. Ambos precisarão decidir se o passado será um obstáculo ou uma chance para viverem algo totalmente novo.

Chapter Text

Capítulo 1 

 

Naquela segunda-feira chuvosa, Draco Malfoy estava sentado em sua confortável poltrona estilo presidente, em seu escritório, analisando os currículos que Luise havia deixado em sua mesa logo pela manhã.

Draco estava relutante. Era verdade que havia alguns anos que estava adiando aquela decisão. Mas não dava mais para aguardar: precisava de uma pessoa para ser seu assistente de tarefas administrativas.

O escritório amplo tinha paredes de vidro que ofereciam uma vista panorâmica de Glasgow coberta por nuvens cinzentas. O som da chuva batendo nas janelas criava um ritmo constante, quase hipnótico. Sobre a mesa de madeira escura havia uma caneta de prata (um presente antigo de seu pai) que Draco guardava mais por hábito do que por apego.

Quando Draco teve a brilhante ideia de simplesmente abandonar toda sua vida do mundo bruxo e criar uma nova identidade no mundo dos trouxas, não imaginara que daria tão certo. Começou investindo o dinheiro que havia ficado de herança dos Malfoy e depois tudo foi acontecendo… agora ele estava ali, sentado em uma cadeira de presidência em uma empresa de investimentos em Glasgow.

Enquanto analisava os papéis em sua mesa, batendo na mesa a caneta com o brasão dos Malfoy, um resquício silencioso de sua antiga vida, ouviu a porta bater, e logo em seguida Luise apareceu.

— Chris? — E claro, havia de fato trocado de identidade. — A Sra. Parkinson está aqui.

— Claro, Luise. Pode deixar ela entrar. E, por favor, leve isso embora — Malfoy falou, entregando para ela os currículos. — Eu confio em você para contratar quem achar mais qualificado.

— Chris, você não quer nem entrevistar os melhores candidatos? — Luise perguntou, apreensiva.

— Não será necessário. Quero ter o mínimo de contato possível com os funcionários, assim como com todos os outros — Malfoy falou secamente. A verdade era que ele mal tinha contato com as pessoas de sua empresa. — Essa parte eu deixo com você.

Luise era a pessoa da empresa com quem ele mais mantinha contato e sua única amiga no mundo dos trouxas. Amizade essa que nasceu de uma foda depois de uns bons drinks em algum pub da cidade, anos atrás. Entre conversas, drinks e transas, eles se tornaram bons amigos e, quando Malfoy decidiu de fato investir em seu negócio, Luise foi a pessoa que o incentivou. Draco a convidou para ser seu braço direito e eles decidiram encerrar qualquer envolvimento amoroso com medo de que isso pudesse afetar os negócios. Luise era uma boa amiga e sócia. Mas Luise achava que Draco Malfoy era Christopher Scott, um britânico rico cujos pais mortos haviam deixado uma fortuna e patrimônio para ele investir.

 

***

— Draco, sério… eu nunca vou entender você — Pansy disse, jogando a bolsa no sofá antes de se sentar na cadeira em frente a ele. Draco suspirou. Já sabia que vinha mais um discurso “anti-vida trouxa” da amiga. — Eu podia ter aparatado direto ou vindo por Flu, mas não… tenho que ser anunciada por aquela sua assistente.

— Luise não é “aquela assistente”, Pansy. Ela é minha sócia — Respondeu Draco, firme.

— Tá, tá… — Ela deu de ombros. — Mas é engraçado. Ela nem sabe quem você é. Ninguém aqui sabe. Como você consegue viver assim?

— Pansy, já falei mil vezes. É assim que eu quero viver — Draco recostou-se na poltrona, cansado. — Não quero ser a sombra dos meus pais nem do meu passado. Aqui a Marca Negra não passa de uma tatuagem qualquer. Não é um fardo.

Para ele, porém, sempre seria um fardo. Sempre.

— Você não sente falta deles? — Pansy perguntou baixinho.

Draco se levantou, desconfortável. Não queria pensar nos pais naquele momento, nem nunca.

— Vamos almoçar? — Ele cortou, pegando as chaves de seu Bentley. — Te levo no melhor restaurante da cidade.

Pansy bufou.

— Ser rico no mundo trouxa te diverte, né?

Draco deu um meio sorriso.

— Você se surpreenderia com a quantidade de bobagens em que dá para gastar dinheiro.

E era assim que Draco Malfoy levava a vida no mundo trouxa: luxo e discrição. Trocou de identidade, cuidava para não chamar atenção, mas não abria mão do que a vida lhe oferecia. Tinha um duplex com a melhor vista da cidade, um carro do ano e circulava entre os lugares mais exclusivos.