Work Text:
“Tenho muito o que fazer
Eu nunca terei os recursos
Para fazer tudo de novo
Ou fazer tudo de todo modo”
O ano era 2018 eu acho, não me lembro exatamente o mês, mas certamente foi no meio do ano, isso eu tenho certeza porque estava friozinho na viagem. Então com certeza era.
A gente tinha feito uma viagem entre amigos, foi uma das primeiras, se eu não me engano. Tinha uma galera bem variada nela, incluindo ele e eu. No geral, eram todos amigos ali.
Eu lembro que os primeiros dias foram muito bons, a galera se vendo pela primeira vez, se conhecendo e tals, aquele clima de festa e curtição predominava na casa, e nós dois não conseguimos escapar dela.
Eu lembro que em uma das últimas noites da viagem a gente fez uma festinha pra comemorar aqueles momentos tão marcantes. Era algo simples, pelo menos simples para uma festa, ela ainda era regada a bebidas e música alta, enfim, o básico do básico. Mas não sei quem foi o gênio que teve a ideia de merda de trazer drogas praquela viagem.
Eu to falando sério! Drogas mesmo! Eu lembro de perambular pela festa com um copinho de coquetel que alguém tinha preparado e entregado para mim, era um misto de bebidas diabólico, devia ter cerveja, vodka e suco tang misturado naquela porra. Enfim, eu lembro de perambular naquela sala cheia de gente suada e eufórica e do nada alguém me jogar um saco ziplock na cara, fazendo eu derrubar meu copo de mistureba no chão, o que foi deveras frustrante.
Revoltado, eu peguei o saco do chão e gritei perguntando quem foi o filha da puta que tinha arremessado aquela porra em mim. Mesmo com aquela música alta da porra tocando, eu fui ouvido por um dos caras, que me explicou que aquela benção ali na minha mão era um misto de drogas. Tinha de tudo ali: fentanil, ecstasy, LSD, dentre outros.
Aquilo me deixou chocado. Mas, como eu estava meio bêbado, não levei tão a sério quanto deveria.
Perambulando pela festa, agora sem bebida e com um saco cheio de droga na mão, eu avisto Gemaplys sentado no sofá. Ele tinha um olhar estranho na cara, e também tinha um copo na mão. Mais cedo eu vi ele se entrosando todo animado com a galera, mas agora ele parecia cansado, com um olhar vidrado pro nada.
Ver aquela cena me deu muita vontade de importunar ele.
- EAI MANO GEMAAA!! - eu digo me jogando no sofá ao lado dele.
- AI CARALHO!! - ele exclama assustado.
- Eai~ tá curtindo a festa geminhaa? - eu digo meio torto por causa da bebida.
- Sim... - ele dizia meio apreensivo - só tô meio cansado...
- CANSADO?? Mais já?! - eu dizia de uma forma exagerada - tá tão cedo... nem colocaram funk pra tocar ainda!
Ele me dá um olhar debochado e solta uma risada irônica.
- Você é do tipo que dorme cedo, tenho certeza! Igual a uma vovózinha. - eu digo dando uns empurrãozinhos no ombro dele.
- Ei! Não é pra tanto também! - ele diz entre risadas, parando subtamente assim que ele olha no meu saco, digo, pro saco que eu ainda tava carregando, por algum motivo.
- O que foi viado?
- Que cacete é isso aí na sua mão? - ele diz apontando pro saco.
- Ah! - eu digo olhando pra minha mão - É droga! Cê quer?
- Tá louco Saiko!? Onde você arranjou isso aí??
- Ah, sei lá! Me entregaram... mais ou menos. – eu dizia enquanto eu girava o saco de um lado pro outro – tem certeza que você não quer?
- Não! Vai importunar outra pessoa vai.
- Que isso!...
- O Ycaro não veio não?
- Uh... não?? Tu não prestou atenção em quem veio pra viagem não??
- Ah... não muito pra ser honesto... - Ele diz com um leve tom de vergonha enquanto coçava o pescoço. - Por isso que você tá aqui me importunando.
- Você fala como se eu fosse um tipo de diabinho ou sei lá. - eu digo, soltando um arroto logo em seguida.
- ... talvez cê seja mesmo. – ele diz abanando a cara.
Gema tava usando dois moletons naquele momento, junto com uma calça rasgada e uns tênis genéricos. Tava bem frio naquele dia, mas naquele momento em específico, não sei se pela aglomeração ou pelo álcool, tava bem quente naquela sala, mais quente que o normal pelo menos. Constantemente eu alargava a gola da minha blusa, que ficava toda hora me sufocando e me esquentando. Esquentando até demais.
- Ah cara vai! Toma só umazinha vai! Nem deve ser tão forte assim. - eu digo abrindo o saco e pegando um comprimidinho pequeno, ele possuía uma fenda no meio dele, significando que era pra ele ser dividido no meio. - Cê sabe que eles diluem essas porra pra render mais.
- Cara...
- Por favor mano~~ – eu implorava enquanto quebrava aquele comprimido no meio. - Ó, só a metade não vai fazer mal. - eu dizia entregando uma metade mal cortada pra ele.
Ele me encarava com um olhar de dor, dor genuína mesmo. Mas mesmo com uma relutância daquelas ele pegou de uma forma meio desengonçada aquele meio comprimido e mandou pra dentro junto com um gole da bebida.
Eu pego o copo da mão dele e, da mesma forma, eu engulo o comprimido junto com a bebida. Ficamos os próximos segundos em silencio, não sei se esperando o efeito da droga ou sei lá. Gema tinha tombado a cabeça dele pra trás, e eu ficava encarando o chão com um olhar meio apático.
Lentamente eu começo a sentir uma sensação diferente, minha perna começou a tremer, e depois minhas mãos. Era a droga funcionando. Logo uma certa euforia foi se instalando pelo meu corpo. A sala parecia mais iluminada do que antes.
De repente, eu sinto um toque no meu ombro, o que me arrepia inteiro. Quando eu olho pro lado, eu vejo Gema babando e suspirando intensamente enquanto o rosto dele inteiro brilhava de suor. Aquela visão, eu confesso, me assustou pra caralho.
Rapidamente eu me levanto do sofá e tento puxar ele junto, com um pouco de dificuldade ele se levanta e se apoia no meu ombro. Minha intenção era levar ele pra outro cômodo, um menos cheio e abafado, pra ele respirar melhor ou sei lá, foda-se, eu tava nervoso pra caralho naquele momento. Eu genuinamente achei que o Victor iria morrer ali, nos meus braços, e esse pensamento tava me deixando profundamente mortificado e desesperado. Era efeito da droga com certeza.
“Eu te amo muito
Eu não quero ir, mas
Todo mundo sabe que este lugar está morrendo assim como eu
Eu posso não conseguir outra chance
É uma dança tão cuidadosa”
Saindo da sala, a gente adentra o corredor dos quartos e nos enfio no primeiro que eu vi. Eu jogo ele na cama e saio tateando as paredes daquele quarto tentando encontrar o interruptor, com sucesso eu encontro e ligo as luzes.
- NÃO! - ele grita do nada.
- Ai cacete! - eu grito.
– Deixa desligado por favor...
- Não pode ser um pouco mais educado não porra?!
- Desculpa... - ele falava de forma meio arrastada enquanto me olhava de uma forma meio triste.
Eu desligo as luzes novamente, com aquele quarto sendo iluminado pela luz que vinha da janela e das frestas da porta.
O silencio se instalou entre nós por longos 5 segundos.
- Eu achei que você ia morrer... - eu solto do nada enquanto cruzava os braços, olhando pra ele com um pouco de vergonha.
Aquela frase quebrou o silencio entre a gente. Ouvir aquela confissão tão inocente foi demais pro Gema, que começou a rir de uma forma anasalada sem parar.
- É sério??? - ele dizia limpando uma lagrima do olho ainda rindo.
Eu só desviei a cara e comecei a olhar pro chão. Dava pra sentir minhas bochechas em chamas, e eu não queria que o Victor visse isso...
- Saiko... deita aqui do meu lado? - ele diz ofegante depois de umas boas e fartas risadas.
Minha cabeça começou a girar e minhas pernas ainda tremiam, então aquela sugestão foi muito bem aceita por mim.
De uma forma meio que violenta, eu me jogo e me deito ao lado de Gema, e ficamos ali, encarando o teto do quarto.
Era uma sensação muito estranha. Eu sentia meu coração bater de uma forma frenética e violenta, quase como se ele fosse rasgar meu peito e se jogar pra fora de mim. Eu respirava com muito pesar, mas nenhum ar parecia o suficiente pra mim, eram respirações quentes e insuficientes, eu tinha medo que eu fosse morrer sufocado ao lado do Victor. Falando nele, ele parecia tão estranho quanto eu. Eu escutava os suspiros dele e sentia o corpo dele ao meu lado se agitando, soltando alguns espasmos e tremeliques. Eu conseguia ouvir o corpo dele trabalhando, trabalhando o suficiente para que a mão dele se deslocasse até a minha.
Aquele toque repentino e gelado me assustou. Eu olho pra ele confuso, e ele olha pra mim com um olhar admirado.
- Você também tá vendo isso? - ele diz, logo depois ele coloca a mão dele na minha cara e a aponta pro teto.
Era como se no canto dos meus olhos, pequenas estrelinhas brilhassem e depois estourassem. De primeira aquilo me assustou pra um senhor caralho. Mas depois eu fui me acostumando, ao passo que elas começaram a se deslocar pro meio da minha visão. Logo o teto daquele quarto tava recheado de estrelinhas prateadas que brilhavam e depois sumiam em supernovas sublimes e discretas.
- É lindo! - eu dizia apontando pro nada e olhando pro Victor.
Lentamente ele vira a cabeça dele na minha direção, cruzando o seu olhar com o meu, e me dá um sorriso simpático e tímido.
- É... é lindo sim – ele dizia, não desgrudando o olhar dele de mim.
Logo aquelas estrelas delicadamente se moveram na direção dos olhos dele, e lá elas residiram, brilhando e dançando eternamente naquele mar esverdeado que eram os olhos dele. Aquilo era lindo. Lindo demais.
Lentamente eu fui me aproximando perto dos olhos dele, eu podia olhar praquilo eternamente se me deixassem, aquelas estrelas felizes, se deleitando da liberdade pertencentes a elas, agora presas nos olhos dele. Eu podia ficar ali pra sempre.
“Eu tenho cem horas para reorganizar as estrelas
E eu sou o pior erro que Deus já cometeu
Você parece se integrar bem pra caralho
Mas eu faço limões com limonada”
Só me dei conta do que eu tava fazendo quando os nossos narizes gelados se encostaram de repente, aquilo me fez dar um salto pra trás e olhar pra ele assustado.
Ele tinha um olhar calmo, mas aquele susto o fez se assustar também.
- ...O que... o que eu... o que a gente tava fazendo? - eu repetia com a voz meio falha.
- ...Que? - Victor perguntava meio atordoado.
- POR QUE VOCÊ ME DEIXOU QUASE FAZER ISSO??
- DO QUE VOCÊ TÁ FALANDO SAIKO?! - eu não sabia se ele era tapado e não tinha percebido o que tava acontecendo ou se ele só preferia não imaginar o que quase ocorreu ali.
- ... Eu... Gema...
- Eu não entendo voc – ele para de falar e me olha profundamente dentro da minha alma com os olhos arregalados. - Você... VOCÊ IA ME BEIJAR?!?!?
- NÃO!!! - eu grito desesperado, o que foi contribuído pelo eco daquele quarto.
Victor me olhava de uma forma atônita, aquela situação não parecia real, eram as drogas porra, por isso eu tava fazendo aquilo, por isso eu tava me sentindo assim.
Assim como?
Ah, sabe... pensar que quase beijei o Gema, pensar que quase colei meus lábios nos dele, aqueles lábios alheios.
Eu fiquei absorto naqueles pensamentos, nem notei Victor se levantando e me segurando pelos ombros enquanto me encarava de forma curiosa.
- Saiko? - eu sentia meu sangue super quente circulando pelo meu corpo, logo todos aqueles glóbulos se direcionaram para apenas um lugar, apenas uma extremidade.
- Me beija Victooor~~~- eu solto de forma arrastada enquanto envolvia meus braços ao redor do pescoço dele. O olhar de confuso dele se mudou pra um de surpresa enquanto nossos corpos se colidiam e caiam na cama.
Eu tava ali, por cima dele, a luz dos postes na rua atravessava a janela do quarto e iluminava o rosto perolado de Victor. Mas ainda assim, as estrelas nos olhos dele brilhavam mais ainda.
Eu queria muito olhar elas de perto, se pá até tocar, mas seria demais pra mim. Lentamente eu fecho meus olhos e mergulho meu rosto no de Victor.
De olhos fechados eu via aquelas estrelas. Aquelas estrelas que antes tinham um brilho prateado, lentamente foram ficando alaranjadas, foram ficando quentes. Eu fui ficando quente.
“Nenhum de nós pertence
Tudo o que eu faço é errado
E logo não haverá mais ninguém por perto "
Logo eu fui interrompido com um tapa na minha cara.
- QUE PORRA É ESSA SAIKO?!?!?! - Victor gritava enquanto me empurrava.
- AI SEU FILHO DUMA PUTA!!!! - eu gritei de volta. - PRECISA BATER SEU CORNO??? - eu gritava enquanto apoiava minha mão no rosto e olhava pra ele com ódio.
Filho duma puta.
- VOCÊ É LOUCO OU O QUÊ?? - a voz dele saia meio falha enquanto o rosto dele ficava cada vez mais vermelho.
Eu não sabia o que dizer ou o que fazer. Eu só fiquei ali parado encarando ele com raiva, era uma situação tão merda que eu comecei a chorar de raiva, chegava até ser vergonhoso na real, ver o olhar do Victor mudar de fúria pra choque ao passo que minhas lágrimas escorriam pelo meu rosto.
- Saiko... - ele dizia vindo em minha direção.
- SAI! – eu grito dando um tapa na mão dele.
E a gente ficou ali, ele me encarava enquanto eu olhava pra qualquer outra porra que não fosse ele.
- Saiko... me desculpa vai...
- Desculpa o caralho! Precisava me bater seu viado!?
- Desculpa cara! Não foi minha intenção... eu fiquei assustado!
- Sei sei... eu sei que você é homofóbico Victor, mas não sabia que você batia neles...
- O QUE?! Nada a ver Saiko!
- Aham sei...
- Eu não sou homofóbico Saiko... e nem bato em gays!
- Sei... E esse tapa na minha cara não significa nada?
- Você avançou em mim do nada! Foi reflexo.
- ...reflexo...? - eu olhava pra ele incrédulo. - ...é sério isso?
- E outra, você tá me dizendo que é gay??
- ...
- ...Você não vai me perdoar?
- É claro que não!
- Tá... e se eu deixar você me bater de volta? Você me perdoaria?
- ...
- Nós dois estaríamos quites.
A ideia de estapear a cara do Gemaplys era muito gratificante, logo eu avancei meu braço na direção do rosto dele, o problema foi que eu me esqueci de abrir minha mão naquela hora, assim eu acabei dando um socão na cara dele ao invés de um tapa.
Aquele soco fez ele pender um pouco pra trás e cair na cama todo mole. Naquele momento eu achei que tinha matado o Victor, agora de verdade.
Em desespero, eu me jogo em cima dele pra conferir se ele ainda respirava ou se ainda tinha pulsação, ou algo do tipo. Mas ele estava bem, quer dizer, pelo menos estava consciente. Logo ele tossiu sangue na minha cara e me olhou de uma forma espantada.
- Me d-desculpa Victor!...E-espero que eu não tenha quebrado algum dente seu...
- Eu também. - ele grunhia ranzinza – mas acho que só cortou minha bochecha mesmo. - Eu comecei a rir de nervoso depois daquela frase, o que fez ele rir genuinamente.
O sentimento de culpa bateu forte naquela hora, quer dizer, o tapa dele foi justo, eu que avancei contra a vontade dele. E agora eu tinha acabado de socar ele, nada parecia justo mais. Que saco.
Enquanto eu olhava pra Victor com muita dó, eu sentia as mãos dele se envolverem ao redor da minha cintura. Aquele mero toque me assustou. Aquela droga fez qualquer estimulo feito ao meu corpo se tornar como um turbilhão de choques elétricos, isso era meio vergonhoso. Ela também me fez esquecer que eu estava sentado em cima de Victor.
A gente ficou se encarando por longos segundos, enquanto eu via aquelas mesmas estrelas voltarem a aparecer no canto dos meus olhos e sentia meu sangue esquentar no meu corpo.
Lentamente fui abaixando meu tórax e me apoiei pelos meus cotovelos, com nossos rostos a meros centímetros de distância, eu sentia sua respiração quente se colidir com a minha face, eu quase conseguia sentir a pele dele emanar calor.
“E no seu sangue, você sabe o que é certo
E em seus ossos, você sabe o que está errado
E na sua garganta, você sabe que está mentindo
E você sabe que ninguém pertence a este inferno”
E novamente, nossas bocas se encontraram em um beijo, um mais profundo dessa vez. Nossas línguas se encontraram e se acariciavam demasiadamente, escorria saliva no canto de nossas bocas e, ao final do beijo, não pude evitar em dar uma mordidinha no lábio inferior de Victor.
Aquilo enraiveceu ele, fazendo com que o mesmo me arremessasse violentamente na cama. Assim, eu estava deitado de barriga pra baixo enquanto Victor estava por cima de mim, prendendo minhas mãos para trás das minhas costas com as suas próprias.
- Você sabe que você é bem irritante, né Saiko? - ele sussurrava no meu ouvido.
Eu suspirava intensamente, mas aquilo não me impediu de soltar uma risadinha.
- Você que é muito fácil de irritar ~. - Eu respondia enquanto começava a rebolar repentinamente na pélvis de Victor. Aquela ação surpreendeu ele.
Logo uma de suas mãos largou as minhas e grudou nos meus cabelos, aquilo me fez soltar um grunhido de desaprovação, coisa que ele não se importou.
- Mas você consegue ser bastante chato também ein Victor? – eu dizia rosnando.
- Isso é uma conquista pra mim Saiko – ele dizia enquanto soltava meu cabelo e endireitava a postura. - O fato de você ser esse filha da putinha que você é, só deixa mais satisfatório na hora de te fuder. - ele dizia enquanto desabotoava a calça.
“E não há uma única escolha a fazer
Eu sou o pior erro de Deus
E você parece feliz no fio da navalha
Mas eu apenas lambo a lâmina”
Eu olhava pra trás chocado, eu estava completamente incrédulo de que aquilo realmente iria acontecer. Logo ele também abaixou a minha calça, e antes que eu pudesse tentar fazer alguma coisa, ele agarrou ambas as minhas mãos de novo apenas com uma mão, enquanto com a outra agarrava a minha cintura.
Sem nenhum tipo de cerimônia, ele enfia por completo o pênis dele dentro de mim.
A primeira coisa que eu senti, além de algo sendo enfiado dentro de mim, foi a minha próstata sendo atingida, o que foi prazeroso, mas foi por pouco tempo. Logo a dor de algo sendo violentamente inserida dentro de si me foi acometida, sobressaindo o prazer da massagem no meu ponto G.
Aquilo me fez gritar. Isso fez com que Victor enterrasse minha cabeça no colchão, na tentativa de abafar meus gritos. Mas rapidamente ele me largou, claro que ele faria, aquele vagabundo tava me sufocando.
- Eu adoraria ouvir os seus gritos de dor Saiko, mas acho melhor não chamar a atenção de ninguém. - ele dizia enquanto acariciava de forma sádica a minha bochecha estapeada e depois meus lábios, rapidamente eu disparei uma mordida em alguns dos dedos nele, o que não agradou muito o Victor. Logo ele agarrou e puxou meus cabelos de novo.
Logo ele começou com os movimentos de vai e vem, eram lentos e delicados, assim foram ficando seus trejeitos também, logo ele largou minhas mãos e meus cabelos e posicionou suas mãos sobre a minha cintura de novo.
Aquilo me fez olhar pra ele sobre meus ombros, eu sentia lágrimas quentes escorrerem de meus olhos e saliva de minha boca. Ele me olhava de volta, tinha pena nos olhos dele. Ele queria se vingar das vezes que eu irritava ele, mas ele não tinha coragem.
- Saiko... seu eu estiver sendo...violento...
- AH NÃO!! QUE ISSO! Não precisa se preocupar! - Eu dizia irônico.
Aquilo assustou ele, fazendo ele sair de cima de mim rapidamente. Com dificuldades eu me levanto e olho pra ele de frente.
- Saiko me desculpa! Eu...
- DESCULPA?! SEU DESGRAÇADO! - eu dizia avançando na direção dele e o agarrando pelos ombros.
- DESCULPA SAIKO EU NÃO SEI O QUE DEU EM MIM!!
- TÁ NA HORA DE VOCÊ COMEÇAR A SE RESPONSABILIZAR PELOS SEUS ATOS! NÉ NÃO CUZÃO?! - eu dizia enquanto dava um empurrão forte nele, o fazendo cair na cama.
Eu subi por cima dele e comecei a enforcar ele, minha intenção não era matar ele (mesmo que no fundo fosse), era só dar um sustinho nele, e talvez até fazer ele desmaiar, isso seria um brinde muito bom.
Porém, talvez por falta de coragem ou força da minha parte, ele não apagava, só ficava ali gemendo e grunhindo. Ele relutava bastante. Dava tapas no meu braço tentava tirar minhas mãos do pescoço dele, mas logo ele parou. Eu achei que ele estava começando a desmaiar, então logo eu o larguei.
- ...
- ...
- ... pode continuar Saiko... - ele gemeu por entre suspiros.
“Coágulos de sangue e cólicas mortais
Glutões e depressões
O ciclo de negócios e a maré
Círculos concêntricos de rodas de tortura
Mas a besta se recusa a morrer”
Aquilo já era perversão demais, até pro meu gosto. Mas já que ele tava pedindo, com as minhas mãos tremulas, eu voltei a enforcá-lo de novo. Era um pouco mais delicado, por que eu não estava tão furioso assim , não mais. Claro, eu ainda estava chateado com ele, mas não o suficiente pra enforcar ele com gosto. Então foi um momento meio esquisito, que logo eu fui pegando o jeito.
Eu não sei se ele realmente estava retirando prazer daquilo, mas ele estava gemendo. E como ele gemia! A esse ponto ele já devia ter gemido e suspirado todos os tons melódicos que existiam, todos os maiores e menores, os bemóis e sustenidos, ou sei lá também, mó papo de nerd.
Aqueles gemidos entravam na minha mente, eles se ajustavam a cada sulco cerebral meu, com cada individualidade sendo assimilada. Aqueles gemidos alteravam a química do meu cérebro. Logo eu comecei a rebolar na extremidade ainda rígida e nua de Victor, ao som daquelas vibrações sexys.
Com um pouco de dificuldade, Gemaplys foi delicadamente acariciando e apertando das minhas coxas até a minha cintura, em um ciclo organizado e muito bem recebido de minha parte. Em um certo momento, ele levemente agarrou a minha bunda, a levantando e a posicionando sobre seu membro rijo. E ali a deixou. Ele estava esperando com que eu consentisse com aquilo.
Eu fiquei ali, paralisado, analisando o que estava acontecendo e o que estava pra vir. Mas, pra falar a verdade, não era necessário pensar tanto assim. Então, eu olhei pra ele com um sorriso malicioso, e sentei em cheio em sua virilha. Sentei com tanta força que o Victor soltou um grunhido de dor, além do que o seu folego pudesse suportar. Como se eu tivesse quebrado a bacia dele.
Diante disso, eu comecei a rebolar com o seu membro dentro de mim. Ele colidia e roçava nas paredes do meu recto. Logo, sem perceber, eu havia largado o pescoço de Gemaplys e havia apoiado as minhas mãos sobre seu tórax ainda coberto, iniciando movimentos de subir de descer harmônicos. Ali eu não sentia mais dor nenhuma, apenas prazer. Prazer inacabavel.
Meus joelhos ainda estavam trêmulos, então as vezes eu escorregava e caia sobre o colo de Victor, fazendo com que o pênis dele entrasse dentro de mim abruptamente. No começo era dolorido, mas logo aqueles acidentezinhos foram se tornando a minha parte favorita daquela foda. A súbita sensação de prazer e o choque da dor combinados eram uma sensação bem única que eu sentia. Mas logo eu tive que parar.
- PARA SAIKO! TÁ ME MACHUCANDO PORRA! - ele exclamava com raiva, o que me deu um susto genuíno. Eu dei uma olhadinha maliciosa nele e escorreguei abruptamente uma última vez. Eu honestamente não ligava se a bacia dele fosse ser quebrada ali mesmo. Que se foda.
Naquele ponto as minhas coxas e meus joelhos já doíam muito de todo o trabalho corporal que eu estava fazendo. Então imagina o meu alívio quando o Victor finalmente havia alcançado o clímax. Sentir o pênis dele entrar por completo dentro de mim, além da sensação de seu esperma espesso e quente me preencher por inteiro foi surreal. Me levando ao meu próprio orgasmo.
“Comportamento racional atomístico
Mão salvadora invisível
Fodendo suas definições, mesmo que seja vida ou morte
Quem te disse que você era egoísta?
Ou até mesmo interesseiro?
Você não acha que importa quando nós desejamos aos nossos amigos o melhor?”
Minha visão ficou turva e eu fiquei extremamente tonto, eu ouvia zunidos no meu ouvido, como se uma granada tivesse explodido do meu lado. Quando recobrei a visão, a primeira coisa que vi foi a imagem de Vito completamente desmantelado na minha frente. Em sua feição continha cansaço e realização, suor e saliva escorriam pelo seu rosto e em seu moletom haviam rastros de sêmen, o sêmen que eu havia ejaculado.
Logo eu cambaleei e cai do lado dele. Eu estava extremamente cansado e destruído naquele momento. Eu sentia a sensação agoniante de porra escorrendo para fora de meu ânus, eu escutava os suspiros incessantes de Victor ao meu lado, e eu estava começando a sentir frio nas minhas partes baixas e descobertas. Era uma bagunça.
Repentinamente, Victor se levanta ao meu lado de sobe por cima de mim.
- A gente ainda não acabou. - Ele dizia me encarando de uma forma voraz.
- O-OQUE?!?
- Eu não tô nenhum pouco cansado Saiko. E é melhor você também não estar. - Ele me dizia olhando diretamente na minha alma, enquanto retirava o seu moletom que ainda estava sobrando . Aquele momento foi muito intimidante, mas, ao memo tempo, foi muito excitante.
- Então faz de mim o que você quiser! Victor Schiavon~ - eu provoco ele, o que Victor gostou muito.
Com um sorrisinho no rosto, ele agarrava minhas mãos e me dá um beijo caloroso, logo descendo sua língua pelo meu pescoço e ombro e me mordendo.
- Eu vou te comer tanto que você não vai conseguir nem andar amanhã! - Ele sussurra no meu ouvido.
Eu com certeza não sairia vivo daquela noite.
“Eu tenho cem horas para reorganizar as estrelas
E eu sou o pior erro que o seu Deus já cometeu
Não consigo acertar os números
Eu não consigo contar porque nada nesse caralho está em seu devido lugar”
Na manhã seguinte eu acordei completamente morto. Meus olhos fritavam, minha cabeça girava, minha garganta estava seca e dolorida, cada articulação do meu corpo doía e, no geral, eu tava todo fudido.
Eu estava completamente nu da cintura pra baixo, o que não era muito agradável levando em consideração a temperatura daquela manhã. Então com muito pesar, eu saio procurando pela minha calça.
Ao passo que fazia força pra me levantar, memórias da noite anterior foram voltando, mas minha mente inocente me dizia que aquilo eram apenas sonhos, ou melhor, pesadelos.
Mas assim que eu me levantei eu tive o desprazer de descobrir que, não, aquilo não foi um sonho.
Ao me virar, eu dou de cara com a imagem de Victor completamente apagado e babando na cama ao meu lado. Aquilo foi uma das coisas mais aterrorizantes que eu já vi. E a sensação que veio depois daquilo foi pior.
Um reverterio me acometeu do nada, me dando uma vontade monstra de vomitar. Rapidamente eu enfio minha cabeça através da janela e vomito.
Aquilo era simplesmente horrível. EU HAVIA TRANSADO COM O MEU AMIGO.
Assim que eu havia terminado de vomitar, eu volto a minha atenção pra cena dolorosa a minha frente. O quarto estava uma completa bagunça. Nossas calças, cuecas e óculos estavam arremessados pelos quatro cantos daquele cômodo. A cama também estava uma bagunça. O lençol havia sido arrancado fora e os travesseiros estavam jogados no chão.
Com dificuldade eu caminho pelo quarto recolhendo as minhas coisas e as vestindo, eu tinha a intenção de juntar as coisas de Victor e deixar ajeitadinho certinho pra ele. Mas.... eu não estava me sentindo bem naquela manhã, genuinamente, e eu estava tremendamente nervoso se caso o Victor acordasse naquele momento.
Eu também não podia simplesmente sair daquele quarto. Não sabia se os outros estavam acordados, não sabia a situação da casa e, pior ainda, não sabia se eles tinham escutado tudo o que aconteceu na noite passada ou não. Eu parei relutante em frente a porta, eu genuinamente queria sair dali. Sair daquele recinto. Me livrar daquela atmosfera, daquele cheiro, daquelas implicações. De tudo aquilo. Mas uma força inimaginável não me permitia sair.
Mas também não queria voltar praquela cama. Eu não queria olhar nos olhos de Victor nem nada, não queria falar com ele nem ouvir o que ele tinha pra falar.
Fiquei longos segundos parado ali, reprimindo a minha vontade de chorar.
Com muito pesar, eu me viro e me sento numa cadeira que tinha ao lado da cama (a famigerada cuck chair). Eu não sabia o que viria a acontecer, mas eu tinha que esperar.
Eu tinha que esperar
Esperar pelo Victor.
“Nenhum deles pode viver aqui
Não há nada em que acreditar e não haverá até cairmos”
Segundos se passaram. Eu olhava pras paredes, pras rachaduras que tinha nela, pros quadros pendurados ali, nas manchas de mofo e infiltração. Em tudo. Se eu queria esquecer aquele quarto eu não conseguiria mais, porque cada pequeno e minucioso detalhe já haviam sido gravados na minha córnea naquele ponto.
Depois de um tempo, Victor se contorceu ao meu lado e seus olhos se abriram. Eu nunca senti tanto medo como naquele instante, mais ainda quando seus olhos haviam pousado sobre mim. Ele lentamente se levanta e se senta na cama, também nu da cintura pra baixo.
Ele possuía um rosto destruído, estava com olheiras enormes e sua esclera assumira um tom avermelhado colérico. Ele se esticava enquanto observava os arredores daquele cômodo. Assim que terminou, ele pousou o olhar dele sobre mim, de novo. O olhar dele era vermelho e indecifrável.
Eu não sabia o que dizer, e nem ele sabia. Mas no fundo, já sabíamos o que era pra ser feito.
- Saiko eu...a gente não pode contar pra ninguém... o que aconteceu aqui.
- Vito...
- Saiko. O que aconteceu aqui...entre nós dois... foi simplesmente... vergonhoso.
- ...Vergonhoso...?
- É claro Saiko! Porra! Nós dois namoramos! Cê esqueceu disso?!- Eu olhava pra ele completamente desolado. - E tudo isso... é só... nojento. Completamente nojento.
Eu sabia que eu não devia me sentir assim. Ele tava certo afinal, não devíamos ter feito aquilo, e eu devia estar aliviado de ele não ter uma reação violenta a tudo isso. Mas eu não podia simplesmente evitar. Tudo o que aconteceu. Tudo o que eu senti...
Logo eu me desatei em lágrimas, as mesmas que eu lutei tanto pra segurar, estavam caindo livremente como cachoeiras dos meus olhos.
Victor não fez nada, apenas se levantou, vestiu suas roupas e caminhou em direção a porta do quarto. Antes que ele saísse por completo, ele parou no batente da porta e me encarou.
- Espero... espero que ninguém tenha ouvido o que aconteceu ontem.
E saiu do quarto, me deixando sozinho.
“Coágulos de sangue e campos de extermínio
Glutões e depressões
O ciclo de negócios e a maré
Seus filhos da puta sabem que é tudo construído sobre mentiras
Mas a besta se recusa a morrer
E então eu acho que, bem, nem eu posso”
