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Bilhetes em pele

Summary:

Quando Labirinto retorna a hábitos antigos no qual nem sabia que existiam, escrevendo e desejando por Jae-Yoon no meio da noite.

Notes:

Simplesmente foi me revelado através de um sonho que Labirinto teria essa mania de escrever seus segredos ou desejos no verso dos papéis que ele tem ao redor do corpo e decidi escrever sobre isso bem rapidamente, então provavelmente tem erros de português e talvez inconsistências, mas o que importa é que botei a ideia pra fora, boa leitura.

Work Text:

O farfalhar das folhas contra seu corpo era uma sensação no qual Labirinto aprendeu a achar conforto com, seu físico magro e esguio coberto por tecidos rasgados e desgastados não eram o suficiente, ele precisava de mais, por isso criou o hábito de se cobrir com cada uma de suas vítimas, a cada alvo mais uma parte do labirinto feita em papel, se vestindo daqueles que ousaram chegar ao fim do labirinto, aqueles que correram desesperados sem rumo, pensando que chegariam a uma saída, apenas para se encontrarem com um sorriso perturbador, mas isso agora não passa de distantes lembranças. Agora com sua mente conflituosa dividindo seu corpo entre dois já quase não sabe quem é ou quem foi, mas hábitos dificilmente acabam de um dia para outro.

Desde que entrou no Hexatombe e ter que passar por situações que levavam seus sentidos ao limite, todos seus conflitos internos não sabendo nada sobre si, nem mesmo seu próprio nome parecia que esse ritual infernal veio apenas para testar até onde ele aguentaria sem quebrar, até que chegou o fatídico momento em que Labirinto e Jae acabaram se encontrando com a Escarlata, uma mulher bela, sedutora, generosa e irresistível, Labirinto podia não ter muitas certezas sobre si, mas sabia que não conseguiria resistir a ela por muito tempo, diferente de Jae que após ter vestido sua máscara parecia ter deixado de lado todos seus pudores e não demonstrava ter qualquer desconfiança de tamanha hospitalidade que os Couraças estavam demonstrando. Se vendo em uma situação tão desconhecida, Labirinto colocou suas opções em uma balança, pensando no que faria, visto que jamais deixaria Jae sozinhe após os acontecimentos anteriores, sabendo que elu poderia ter o deixado para trás e se salvar mas mesmo assim Jae voltou e estava pronte para enfrentar aquela monstruosidade ao seu lado, então se Jae queria ter uma noite com Escarlata, Labirinto estaria junto a elu sem hesitar e ainda bem que Labirinto se permitiu experimentar.

Após uma noite intensa com ambos, é impossível não se sentir afetado por isso, sem contar que o maltido sino amplificava todos seus sentidos, então quando Jae continuou flertando com ele não tinha nem como o mais alto ignorar aquelas investidas tão convidativas ainda mais sabendo do potencial daquelu não-binário, por isso não pensou duas vezes antes de entrar no jogo do outro e se permitiu fletar e se entregar para essas novas sensações que surgiam, foi a partir desse momento que Labirinto retomou seus hábitos envolvendo papel.

Quando a noite chegava e ela se encontrava sozinho com seus pensamentos enquanto estava sentado naquele chão frio e desconfortável ele sentiu sua mão se movendo inconscientemente tirando um dos papeis que estavam grudados em seu corpo e escrevendo em seu verso com caneta e tinta “emprestadas” de Pomba, relembrando de seus momentos compartilhados com a mais nova

“Lábios maquiados com sangue, marcas espalhadas pelo corpo”

Em momentos como esse Labirinto desejava ter como ver seu reflexo e enxergar todas as marcas de batom que Jae havia deixado por sua pele e os papeis espalhados por si, mas se conteve apenas em colar novamente o papel em seu corpo, escondendo a escrita contra sua pele, aquele sendo seu segredo até uma perversão, sabendo que carregava momentos íntimos consigo a todo o momento e ninguém desconfiaria a não ser que fossem curiosos o suficiente para se aventurar pelo seu corpo, então a única pessoa que poderia descobrir sobre esse pequeno detalhe seria Jae, se os céus permitissem que uma fração sequer daquela noite se repetisse.

“Sentir a adaga entrando e abrindo minha pele enquanto sua risada sutil ecoa em meus ouvidos”.

“Rasgar esses trapos, me despir completamente e me entregar a você”.

“Beijar elu fervorosamente e não parar até o ar escapar completamente de meus pulmões”.

“Sentir elu correndo os dedos pelos labirintos em minha pele, chegando em meu rosto, peito, abdômen, virilha, coxas panturrilhas, que elu se perdesse no labirinto do meu corpo”.

Labirinto largou a caneta tinteiro em seu colo, cobrindo seu nariz e boca com sua mão, apertando seu próprio rosto, sentindo sua respiração ficando errática, precisou tomar algumas respirações pesadas para se recompor, fechando os olhos e colocando os pedaços de papel novamente em seu corpo de forma atrapalhada e rápida, sabendo que precisava descansar e se não colocasse um limite agora provavelmente não conseguiria parar enquanto tivesse a privacidade para, olhou ao seu redor para ter certeza que ninguém estava acordado ou havia nota suas ações, lentamente colocou a caneta e a tinta de lado, e deitou-se no chão, encarando o teto por diversos minutos e fechando seus olhos.

Até escutar baixos resmungos vindos do outro lado da sala.

Labirinto reconheceu instantaneamente a voz de Jae, um leve sorriso apareceu em seus lábios, prestando atenção nos barulhos baixos e tentando reconhecer o que elu estava falando, não tendo muito sucesso, mas a curiosidade e a vontade de estar próximo do mais novo tomaram seu corpo, fazendo com que se levantasse e caminhasse devagar até onde elu estava sentado, se aconchegando ao seu lado.

 

“Não consegue dormir?” Sua voz beirava um sussurro.

 

“Desconfortável pra caralho, deveria ter dormido com a Escarlata de novo, aquela cama é de outro mundo” Como sempre Jae conseguia ser silenciose mesmo quando estava frustade.

 

“Realmente, mas amanhã já resolvemos isso, todo mundo precisa de um descanso de verdade” Inconscientemente Labirinto se aconchegou mais perto delu.

 

“Nem me fale Labi” Jae abriu um sorriso ladino quando sentiu o outro se aproximando. “Sabe… Você tá me devendo um beijinho” Elu não hesitou um segundo passando um braço por cima de seus ombros e fazendo biquinho

 

“Não é hora, Jae” Labirinto tentou manter um pouco da sua integridade, mesmo sabendo que ele provavelmente seria quem iniciaria algo

 

“Ah Labi” Quando elu olhou para ele com aquele rosto pidão e mimado, Labirinto não pensou pensou duas vezes antes de puxar o mais novo para um beijo.

 

O que foi apenas um selar de lábios logo se tornou um beijo completo, o mais alto conseguiu se sentir derretendo no momento em que Jae pediu permissão com sua língua, a boca se abriu sem alguma restrição e o não-binário não hesitou em explorar novamente sua boca, inconscientemente deixando um baixo grunhido enquanto eles se perdiam um no outro, mãos puxando seus corpos mais para perto, aproveitando o momento lento e íntimo entre eles, nenhum dos dois tinham pressa em aumentar a velocidade do beijo ou quebrá-lo, como se ali fosse onde eles precisavam estar, como se precisassem um do outro, se separavam só para recuperar a respiração por milésimos de segundos e logo em seguida já voltavam a se saborear.

Labirinto sentiu seu ombros sendo empurrados em direção ao chão e Jae subindo em cima dele, o mais velho sentiu os lábios macios do outro descendo de seus lábios para seu queixo, pescoço até chegar em seu peitoral, onde elu brincou um pouco com suas vestes e principalmente os papéis colados em seu corpo.

 

“Sabe Labi, acho tão charmoso esses papeizinhos em você, é como se fosse mais uma camada da sua pele”.

 

“Você gosta?”

 

“O que você acha?” Disse elu com aquele sorriso sedutor e brincalhão antes de beijá-lo novamente.

 

Os momentos anteriores passaram pela mente de Labirinto como um filme, relembrando cada segundo de suas escritas sobre a morena, sentindo suas bochechas esquentarem rapidamente, seu coração acelerando desproporcionalmente, sentindo os lábios e mordiscadas de Jae em seus lábios antes de descer para seus ombros e peitoral, brincando entre as frestas dos papéis e trapos, sempre procurando pelo contato pele a pele, Labirinto estava saboreando o momento até abrir os olhos abruptamente, sentindo o vazio e fria falta do corpo daquele não-binário que morava de aluguel em sua mente, olhou em volta percebendo que aquilo não havia passado de um sonho, grunhiu frustado por toda a situação que passou, suspirando pesadamente tentando acalmar tanto a mente quanto o corpo, tentando ao menos voltar a dormir, visto que suas fantasias iriam permanecer assim, pelo menos por enquanto.