Chapter 1: Sempre foi amor
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― Preciso voltar a Argo, inah, mas gostaria que fosse comigo ― Disse Zor-El ― Kal-El está lá com a família dele. E você é mais velha, precisamos resolver este assunto no conselho. Eu conversei brevemente com a sua mãe e assim que nós resolvermos nossa situação, te espero em Argo.
― Ukhur, nós conversamos em Argo sobre isso ― Desconversou Kara ― Eu preciso resolver alguns assuntos aqui na Terra primeiro.
― Querida, entenda, a Casa de El precisa de seus herdeiros…
― Senhor Zor-El, Brainy me pediu para avisar que a nave está pronta ― Lena interrompeu os dois.
― Claro, obrigado Lena ― Agradeceu ― Te esperarei em casa, Inah, para firmarmos sua união com uma nobre casa de Argo.
Lena aguardou Zor-El sair e olhou para Kara por um tempo, apenas analisando a loira.
― Quando pretende ir para Argo? ― Lena questionou.
― Terei que ir em breve, Kal está lá e agora meu pai e minha mãe estarão reunidos…
― E o que isso significa? ― Indagou Lena com a sobrancelha arqueada enquanto analisava cada minúscula feição de Kara, em busca de respostas.
― Eu não sei, Lee ― Kara foi sincera, tudo era um tanto estranho, seu pai estar vivo, parte de seu planeta também estar, sua cultura não estava morta como ela pensou por muitos anos e, ao mesmo tempo, não se parecia mais como um lar e, sim como uma espécie de sonho distante ― Quando era menor, meus pais me contaram como a matriz sempre escolheu o companheiro ideal para cada kryptoniano, enquanto a incubadora era responsável por gerar cada novo cidadão com as melhores características de cada um dos casais, eu acho que eles querem fazer o mesmo comigo.
― Então, o que isso significa para nós? ― Indagou novamente, cruzando os braços um tanto chateada com aquela situação.
― Eu não sei Lena, não tenho todas as respostas agora ― Suspirou brevemente, tentou fazer a morena agarrar a sua mão e ela aceitou, mesmo um pouco relutante ― Por muitos anos eu quis fazer parte daquilo, seguir a tradição da minha família, mas veja, Kal quebrou a tradição, foi o primeiro a fazer isso, eu só não sei se ele pode ser considerado Kryptoniano, já que cresceu na Terra sob os costumes terráqueos. Eu sou a última filha de Krypton e meu pai espera que eu volte para casa.
― E não foi com ele por qual motivo? Teve uma grande chance de ir para casa e encontrar seu par perfeito, porque não foi? ― Seu tom parecia diferente, a loira não sabia bem como responder aquela pergunta.
― Lena, e-eu… Krypton não é mais a minha casa ― Confessou ― Essas tradições são importantes? Sim, elas são, mas não como antes. Minha casa é a Terra.
― Mas não teve coragem de se defender perante seu pai ― Pontuou a dura realidade ― Não teve coragem de mostrar o que você quer, e agora, penso que talvez tenhamos precipitado as coisas.
― Não diga que foi um erro… Lena…
― Às vezes, atitudes dizem mais do que palavras, Kara ― Suspirou, segurando suas próprias lágrimas ― Como última filha de Krypton, você precisa retornar para casa e seguir suas amadas tradições ― Afirmou, virando as costas e se retirando dali.
― Lena… ― Kara tentou novamente, mas naquele exato momento Alex lhes chamou, elas ainda tinham uma cidade para salvar.
{...}
― Apareça Supergirl ― A mulher de cabeleira negra e olhos azuis trajando uma armadura preta e prateada gritou para os cidadãos ali perto ouvirem, enquanto causava mais uma explosão no parque, utilizando de sua visão a laser, era incrível o que a simples radiação solar daquele planeta era capaz de fazer com suas células kryptonianas.
― O que você quer? ― Kara indagou em alto e bom tom enquanto pousava na frente da mulher, colocando as mãos em sua cintura na pose típica de heroína.
Ao seu lado, Lena, Alex e J’onn também haviam chegado para a batalha, enquanto Brainy e Nia ajudavam a evacuar o parque.
― Ora, ora, o que temos aqui ― A mulher riu abertamente ― A última filha de Krypton e seus amiguinhos patéticos. Lutando com humanos? Sua família teria vergonha.
― Não fale do que não sabe! ― Kara gritou, irada enquanto cerrava seus punhos.
― Eu conheço sua família, Kara Zor-El ― Pronunciou em Kryptoniano enquanto a heroína da cidade tentava ao máximo descobrir quem era aquela mulher.
― Quem é você? ― Indagou em sua língua nativa, tentando controlar sua própria raiva, porque sabia como era ruim lutar com ela.
― Eu sou Faora-Ul, peguei uma carona quando sua nave saiu da Zona Fantasma e, como você bem sabe, somos deuses nesse lugar e, como deuses, transformarei a Terra em uma nova Krypton ― Continuou, agora em inglês para todos lhe entenderem e conseguiu o que queria, instaurar ainda mais o caos entre aqueles capazes de lhe ouvir ― Aliás, princesinha ― Brincou com o apelido de Kara recebido por Zor-El ― Sua família sabe que anda com a escória do Universo? Até mesmo Kal-El está de volta a Argo, pelo que soube.
― Não fale da minha família ― Kara apertou ainda mais os punhos ― E eu não vou permitir você de fazer o que quer.
― E como vai me impedir, princesinha? ― Riu sarcástica ― Pode ter os mesmos poderes que eu, mas não passa de uma criancinha mimada ― Provocou.
Kara não aguentou as provocações, de repente, sentia-se como se estivesse de volta ao ensino médio, quando os adolescentes eram cruéis em seus comentários sobre si, quando faziam piadas somente para machucá-la, porque sabiam que ela se importavam. Então, a loira partiu para cima de Faora, atingindo o primeiro soco na bochecha da mulher que sequer se moveu.
― Como? ― Ela estava um tanto confusa.
― Menina tola ― Faora usou de sua força e com um único golpe, fez Supergirl voar para longe, completamente atordoada com aquele ataque.
― Supergirl! ― Alex e Lena gritaram juntas, a preocupação correndo por seus olhos e, como boa estrategista que era, Faora percebeu, aquelas duas eram importantes para Kara.
Tomada por seu próprio ódio, Lena começou a sussurrar algumas palavras de um dos feitiços do livro de sua mãe, seus olhos brilharam em um verde mais intenso e Faora preparou-se para o combate novamente. Quando o ataque saiu das mãos de Lena, a mulher sentiu seu corpo se dobrar contra a sua vontade, ela sentiu como se estivesse presa por algo do qual ela não conseguia ir contra.
― Sabia que Kryptonianos não possuem uma única fraqueza? ― Lena pontuou sarcástica, o olhar frio e cheio de ódio podia ser visto pela mulher dobrada a sua frente.
― Magia! ― A mulher bradou irritada, já conhecia os rumores sobre serem incapazes de lutar contra a magia, mas sentir aquilo na pele, era diferente.
Então, sem entender bem o que houve, aquela sensação passou e ela se levantou, Lena havia sido incapaz de manter o feitiço por mais tempo.
― Bom, mas poderia ser melhor ― Riu sarcástica e voou para cima da morena, erguendo-a sobre o pescoço no exato momento que Kara voltou.
― Lena! ― Kara gritou, seus olhos repletos de preocupação.
Alex, que não sabia bem o que fazer naquele momento, transformou sua arma convencional em uma arma com balas de kryptonita e atirou contra a mulher, atingindo-a na barriga. Faora soltou Lena com a dor sentida e fugiu enquanto Kara tentava ser rápida o suficiente para pegar a morena antes dela atingir o chão, mas ela chegou tarde demais. Agora, Lena estava ferida por sua culpa.
{...}
Kara não conseguia entender, ela revisou cada pequena atitude, ela era rápida, sempre foi, mas porque falhou com Lena justo naquele dia? Ela não conseguia entender direito o que aconteceu no campo, como aquela mulher conseguiu quase lhe nocautear com um golpe e porque havia escolhido Lena como sua vítima.
Do outro lado, Alex se culpava, se não tivesse atirado na mulher, ela não teria deixado Lena cair e não estariam naquela sala de espera do maldito hospital com os amigos, nenhum deles era capaz de dizer nada, todos presos em sua própria culpa enquanto aguardavam notícias de Lena.
― Parentes de Lena Luthor ― O doutor chamou entrando na sala de espera e se surpreendeu quando várias pessoas se ergueram ao mesmo tempo.
― Eu sou e…é… ― Kara tentou, mas suas palavras pareciam ter fugido agora.
― Somos a família dela ― Alex tocou no ombro da irmã, lhe passando força ― Como ela está? Foi muito grave? Quando podemos vê-la?
― Supergirl ― O médico ficou surpreso ao ver a loira em sua sala de espera.
― Pode me chamar de Kara ― A loira sorriu levemente, ainda era um tanto estranho para ela que todas as pessoas soubessem quem era, mas estavam se acostumando aos poucos ― Agora, pode, por favor, nos dar notícias da Lena?
― Certo ― Voltou ao foco inicial da conversa ― A Srta. Luthor teve uma concussão importante quando bateu a cabeça na queda, ela ainda não acordou, então não temos como saber se há alguma sequela do acidente, iremos avaliá-la quando ela acordar, mas seus exames não mostram nenhuma alteração significativa e nenhum sangramento importante.
― Ela teve mais ferimentos por causa da queda? ― Kara indagou rapidamente, realmente preocupada com a morena.
― Apenas alguns arranhões pelo corpo, nada muito grave ― Respondeu simples ― Agora, precisamos esperar ela acordar.
― Quando ela vai acordar? ― Kara indagou novamente, sem se importar se seus amigos iam achar a heroína um tanto afobada.
― Não tenho como lhe dar uma certeza, Kara ― O médico suspirou baixinho ― Ela pode acordar em algumas horas ou em alguns dias, o corpo dela precisa de descanso.
― Podemos vê-la? ― Nia quem indagou, daquela vez.
― Vou permitir que vejam ela e que um de vocês faça companhia a ela ― Respondeu certo daquilo, afinal, sua paciente ainda era a dona do hospital e percebeu como aquelas pessoas se importavam com sua chefe.
Ninguém se opôs quando Kara disse que seria acompanhante de Lena, então ela foi a última a entrar no quarto da morena e suspirou baixinho ao vê-la ainda mais pálida do que o normal e ligada a fios que ela não entendia para que serviam.
― Desculpa ― Sussurrou baixinho, se aproximando do rosto adormecido da morena e acariciou as bochechas frias dela com carinho ― Eu não consegui salvar você, meu amor ― Deixou suas lágrimas escorrerem pelo seu rosto e deixou um beijo carinhoso na testa de Lena, antes de sentar ao seu lado e segurar sua mão de forma protetora, não sairia do lado dela até vê-la desperta novamente.
{...}
O som chato de monitores junto aquele cateter em seu nariz a estava incomodando.
Lena olhou ao redor, ainda com a visão embaçada. A dor de cabeça a fazendo fechá-los mais uma vez.
― Lena? ― Kara chamou, quando viu a morena despertando ― Calma, eu estou aqui ― Apertou mais sua mão na mão da morena, fazendo-a sentir o seu toque, a sua presença.
― Kara? ― Lena voltou a abrir os olhos e, mesmo que sua visão ainda estivesse um tanto embaçada, ela conseguia distinguir a cabeleira dourada e os lindos olhos azuis, olhando para si com preocupação ― Eu morri? ― Ela estava realmente surpresa em ver a loira à sua frente.
― O que? Não ― Agora era Kara quem estava completamente confusa.
― Mas, e-eu vi, Lex mandou você para a Zona Fantasma ― Confessou baixinho, passando a mão livre no rosto, ela parecia estar bastante confusa e tentava chegar a uma explicação plausível para a presença de Kara ao seu lado.
― Espera, Lena, isso aconteceu há meses ― Agora era Kara quem estava confusa.
― Não, isso foi ontem? ― Confessou ― Eu me lembro de estarmos na Fortaleza da Solidão e… ele… céus, porque minha cabeça dói tanto?
― Você teve uma concussão depois que caiu ― Kara não sabia o que fazer naquele momento ― Não se lembra?
― Que eu caí? ― Kara assentiu e viu Lena negar aquele fato ― Mas, Kara, onde está o Lex? Isso foi mais um dos atentados dele contra mim?
― Não, Lena ― Kara coçou a nuca perdida em seus próprios pensamentos enquanto tentava não desmoronar em sua frente ― Olha, eu vou chamar o doutor, tudo bem? Avisar que você acordou.
― Tudo bem ― Lena assentiu e voltou a fechar os olhos, sua cabeça latejava e havia uma enorme confusão entre seus pensamentos.
{...}
Depois de sair do quarto, Kara foi até o doutor e explicou a ele que Lena não se lembrava de meses atrás, ela parecia bastante confusa e o homem só pôde tranquilizar a loira explicando que aquele poderia ser um dos efeitos colaterais da concussão, Lena provavelmente estava com amnésia e, normalmente, suas memórias voltariam aos poucos, ou poderiam nunca voltar.
Ela não conseguiu se manter ali naquele momento, avisou os amigos que Lena tinha acordado e voou para a Fortaleza da Solidão, precisava encontrar respostas sobre a vilã que estavam enfrentando e uma forma de detê-la.
Enquanto isso, Alex se prontificou a fazer companhia a morena, ela sabia da falta de memória de Lena, mas presenciar a situação era diferente. Ela viu como Lena parecia confusa e fazia perguntas de coisas que ela já sabia.
― Alex, sua irmã ainda está com muita raiva de mim? ― Perguntou baixinho, sua cabeça agora não doía tanto, mas a confusão lhe incomodava um pouco, existiam muitas lacunas que ela precisava preencher.
― Não Lena, vocês voltaram a ser amigas a algum tempo ― Contou.
― Mas então não entendo, porque ela fugiu quando eu acordei? ― Ela estava odiando toda a confusão de sua própria mente.
― Talvez, porque ela se culpe ― Alex suspirou baixinho ― Quando você tentou atacar a Faora com sua magia, ela fez de você um alvo e Kara não conseguiu pegar você a tempo.
― Minha magia? ― Lena gargalhou abertamente ― Essa é a coisa mais engraçada que você me contou hoje, Alex ― Continuou entre gargalhadas ― Magia não existe.
Alex não sabia se ria ou se ficava ainda mais preocupada com a morena, ela não se lembrava do que agora era uma parte fundamental de si mesma.
― Bom, mas existe e você lembrando ou não, não muda o fato de que você e a Kara passaram alguns dias na Irlanda para você aperfeiçoar ― Alex comentou calma ― Inclusive, você é incrível fazendo magia e ainda misturou com a ciência, fizemos coisas incríveis com sua ajuda por causa disso.
― Eu não consigo me lembrar ― Reclamou frustrada ― Quando vou poder sair daqui? ― Trocou de assunto, não queria mais ouvir das coisas que havia perdido por causa de sua concussão.
― Ainda não sabemos, Kara pediu ao doutor que lhe desse alta quando você estivesse bem e ele não seria capaz de contrariá-la ― Deu de ombros.
― Por quê? ― Ela parecia ficar cada vez mais confusa.
― Bom, ninguém resiste a um pedido da Supergirl ― Alex riu baixinho e bateu na própria testa ao lembrar que Lena também não sabia daquele detalhe.
― Espera, ele sabe que sua irmã é a Supergirl? ― Lena parecia ficar ainda mais confusa a cada vez que conversava com alguém.
― Hm, todo mundo sabe agora, Lena ― Alex suspirou baixinho ― Desculpa, eu sei que estou jogando muita informação para cima de você.
― Tudo bem, eu acho ― Lena coçou a nuca, mesmo com as medicações sua cabeça ainda doía um pouco ― Desde que você não venha me dizer que eu tenho uma filha ou sei lá, um casamento secreto ― Riu divertida.
― Bom, eu não sei se você tem um casamento secreto ― Alex riu divertida ― Mas talvez tenha uma afilhada.
― Eu o quê? ― Lena arregalou os olhos no exato momento em que Kelly e Esme adentraram o quarto da morena, segurando um buquê de girassóis.
― Dindinha, você acordou! ― Esme comemorou animada e logo se aproximou da morena que lhe observava ainda confusa, enquanto tentava processar todas aquelas informações.
― Querida, lembra do que nós conversamos? ― Kelly lhe chamou atenção e a garotinha assentiu determinada, caminhou até Lena com o buquê e lhe presenteou com seu melhor sorriso.
― Oi, eu sou a Esme ― Se apresentou novamente ― A mamãe Alex nos contou que você teve um machucado na cabeça e não se lembra de muitas coisas, mas não tem problema, a gente pode se conhecer de novo ― Explicou simples, era incrível que tudo pela visão das crianças sempre seria mais simples ― Você é minha madrinha ― Contou.
― Oi Esme ― Foi inevitável para a morena não sorrir com a fofura daquela garotinha, ela cheirou as flores e Alex pegou logo depois para colocar em um vaso que tinha no quarto ― Acho que teremos muita diversão pela frente, se conhecendo de novo, não? ― Esme assentiu freneticamente e subiu na cama com a ajuda de Kelly quando a morena a chamou, ganhando um abraço carinhoso de sua madrinha, a garotinha apenas sorriu contente de estar com sua família.
― Só lembre a Lena, de novo, que não é para comprar toda a loja de brinquedos para a Esme, por favor ― Kelly pediu, sussurrando para Alex ― Ah, e que ela não precisa comprar outra sorveteria para Kara e Esme, afinal, já comprou uma.
― Pode deixar amor ― Alex riu baixinho ― Estamos tentando ir devagar com ela, ela não se lembra de nada desde que Kara foi para a Zona Fantasma e eu não sei como Kara está com isso, falei com ela brevemente e ela parecia arrasada ― Contou.
― Elas passaram por muita coisa, Alex, imagina voltar àquele ponto?
― Não vai ser fácil ― Suspirou baixinho.
{...}
Quando Lena teve alta, Kara ainda estava na fortaleza. A morena apesar da ausência da memória, mantinha sua aura de CEO. Quando o médico constatou que estava bem diante dos novos exames, Lena conseguiu permissão para ir para casa.
Ao abrir a porta, acompanhada de Alex e Kelly, a morena observou a cobertura.
― Está um pouco empoeirado aqui ― Kelly reparou, estranhando aquele fato.
― Parece que eu não venho aqui há algum tempo ― Lena concordou, observando sua casa.
― Tem certeza que ainda mora aqui? ― Alex brincou, observando a morena.
― Onde mais eu estaria morando, Alex? ― A morena questionou, confusa. Suas lembranças eram dela voltando para a cobertura no final de cada dia.
― Se não fosse loucura, diria que com a minha irmã ou no seu laboratório na Torre ― Alex respondeu ― Vocês têm passado muito tempo juntas, exceto nos últimos dois dias por conta da visita de Zor-El.
― Quem é Zor-El? ― Lena perguntou, não reconhecendo o nome do Kryptoniano.
― Pai da Kara, mas é uma longa história ― Resumiu Alex, suspirando ― Acho que você precisa descansar e com certeza, não vai ser aqui.
― Vou ligar para a Sam, seria melhor a Lena ficar lá? Ou prefere ficar na nossa casa ou com a Kara, Lena? ― Perguntou Kelly, esperando que a morena aceitasse a companhia.
― Sam está na cidade? ― Lena indagou confusa ― Ela não está em Metrópolis?
― Depois que Lex foi derrotado, você não quis mais cuidar da LuthorCorp e criou a Lena Luthor Foundation ― Esclareceu ― E então, para não deixar o legado da sua família ser destruído e milhares de empregos perdidos, você convidou a Sam para se tornar a CEO da empresa. Ela aceitou e agora, está de volta a National City como nova CEO da LCorp.
― Ruby veio com ela? ― Perguntou.
― Sim e está focada em entrar no MIT para ser engenheira como a Tia Lena ― Alex respondeu.
― LENA KIERAN LUTHOR ― Foi o grito que a morena ouviu e se virou para ver ― Como você se coloca para salvar o mundo, tem uma concussão e não se dá ao trabalho de me ligar para me contar que bateu essa cabeça brilhante com força no asfalto? ― Resmungou a castanha.
― Oi Sam ― Falou a morena.
― Oi Sam? Sério, Lena? OI SAM? ― A castanha estava brava, com os braços cruzados e olhando para a morena com raiva
― Pode não gritar? Minha cabeça dói ― Lena pediu.
― E ainda por cima, forçou sua saída do hospital? ― Samantha tinha ativado o modo mãe e a morena sabia que não adiantava discutir naquele momento.
― Eu não…
― Pegue o que precisar, vai ficar na minha casa e não aceito uma palavra sequer contra isso ― Sam respondeu ― Você é minha melhor amiga e…
― A Kara também é minha melhor amiga ― Protestou a morena ― Quer dizer, ela era… eu não sei bem, está tudo muito confuso.
― Ela perdeu a memória, Sam ― Alex alertou ― Não se lembra dos últimos eventos.
― Lutessa, o que eu faço com você? ― Resmungou a castanha.
― Enquanto vocês cuidam das coisas por aqui, eu vou falar com a Kara. Ela já deve estar na casa dela ― Alex avisou, resolvendo ir até o loft da irmã. Havia tempo que elas não se reuniam lá. Nos últimos meses, a noite de jogos havia sido mais em sua casa e de Kelly, por conta de Esme. Seria bom rever o loft e conversar com a irmã.
{...}
Quando Alex entrou no apartamento da irmã mais nova usando a chave reserva, ela teve uma surpresa: parecia que há semanas ninguém morava ali. Havia poeira sobre a bancada da cozinha e nenhum sinal de embalagens de comida para viagem.
― Onde você está? ― Indagou a ruiva, após a terceira ligação. Kara havia demorado a atender.
― Estou em casa ― Kara contou.
― Eu estou na sua casa e ela parece meio abandonada ― Reclamou a ruiva ― Há quanto tempo você não faz uma faxina aqui?
― Minha casa? ― Kara pareceu pensar por um tempo.
― Sim ― Respondeu a ruiva ― A mesma casa que eu mantive mais limpa do que isso quando você estava na Zona Fantasma. A casa onde você supostamente mora e que deveria ter algumas caixas de pizza espalhadas ou blusas jogadas. A casa onde você tá falando que tá e não tá.
― Hum…
― Kara, não me diga que está dormindo na Torre desde que seu pai veio nos visitar.
― Meu pai ficou na Torre para ter privacidade e segurança…
― E você não dormiu lá ― Alex retrucou ― Então, você tem dormido?
― Eu tenho dormido muito bem…
― Dormindo na cama de quem?
― Hum…Lena…
― Nem venha dizer Hum, Lena. A casa dela estava do mesmo jeito ― Alex notou ― Onde afinal você está, Kara? A fortaleza não é sua casa, a torre não é sua casa.
― Hum… Alex… Lena e eu… ― A loira gaguejou.
― Não vai me dizer que você está transando com a Lena sem parar em motéis chinfrins por aí?
― Porque isso foi tão específico? ― Kara desconversou ― Fetiche, Alexandra?
― Kara Danvers, você mova essa sua bunda de aço até aqui ou eu vou achá-la só para chutar você ― Alex resmungou, revirando os olhos.
― Chego em um minuto, sis ― Kara suspirou baixinho e desligou o telefone.
Quando chegou, literalmente, um minuto depois, Alex percebeu como a irmã parecia cansada, se é que aquilo era possível.
― Agora me conta, o que aconteceu? Porque seu apartamento parece abandonado? ― Alex perguntou, tentando entender a loucura que estava ocorrendo bem debaixo do seu nariz.
― Desde que eu me revelei como Supergirl, as coisas ficaram intensas, alguém revelou que eu moro aqui e às vezes ficava insuportável de chegar. Então, eu tenho ficado em alguns hotéis que prometeram sigilo total, assim eu posso ter um pouco de paz, dar conta de salvar o mundo e cumprir todo o trabalho que Cat me dá ― Explicou, simples.
― E tem dormido? Porque parece que você não dorme há dias ― Cruzou os braços.
― Na verdade, não ― Confessou coçando a nuca ― Desde que Lena se machucou eu venho tentando encontrar qualquer sinal da Faora, precisamos detê-la.
― Ok, mas isso não explica o motivo do apartamento da Lena estar do mesmo jeito ― A ruiva cerrou os olhos, observando bem a irmã.
― Isso é fácil, Lena é uma Luthor, ela tem mais de uma propriedade em National City, ela deve ter ficado em uma das outras duas ― deu de ombros.
― Certo, já conseguiu algo sobre a Faora? ― Resolveu trocar de assunto quando percebeu que discutir aquilo não a levaria a lugar algum.
― Pouca coisa, ela era uma das ajudantes de Dru-Zod durante o golpe de Krypton e foi condenada a 300 anos na Zona Fantasma ― Kara suspirou baixinho ― Ela tem os mesmos poderes que eu, mas um treinamento muito superior.
― Não duvide do seu potencial, sis.
― Eu não duvido Alex, mas em Krypton as coisas eram diferentes, nossos guerreiros eram conhecidos como os melhores da galáxia, como eu vou conseguir colocá-la em seu devido lugar? ― Suspirou baixinho.
― É simples, Kara, ela tem todos esses poderes e a experiência de Krypton, ok, mas você controla seus poderes melhor do que ela e é isso que vai lhe trazer uma vantagem para ganhar ― Explicou calma ― E, também, não precisa fazer isso sozinha.
― Não vou colocar vocês em risco, Alex, só na primeira batalha quase perdemos a Lena, não vou deixar que mais ninguém se machuque por minha culpa.
― Kara…
― Preciso ir, vou ajudar o Brainy a tentar localizar a Faora ― Suspirou cansada e saiu voando pela janela.
{...}
Quando Lena colocou suas coisas no quarto de hóspedes de Sam, ela notou que a castanha havia deixado um livro junto a sua mala.
Com a nota mental de passar na fundação mais tarde em busca de seus outros pertences, como Tablet e Notebook, Lena colocou o iPhone para carregar e começou a desfazer a mala com algumas de suas roupas.
Mais tarde, Sam comentou que poderiam ir ao shopping para Lena comprar roupas confortáveis para os próximos dias. Na cobertura, só estavam suas roupas sociais e a morena não queria voltar ao visual CEO.
― Achei esse moletom aqui, mas Ruby chegando, vamos ao shopping Lutessa ― Falou Sam, entrando no quarto e vendo a amiga observar as roupas que havia pendurado no guarda-roupa.
― Parece que falta algo ― Lena respondeu ― Estas roupas, não parecem mais minhas ― Comentou.
― São suas roupas de CEO Poderosa para dirigir impérios ― Brincou a castanha.
― Eu não tenho feito nada além disso ― Falou com tristeza ― Só feito acordos, grandes negócios e… magia ― Disse baixinho.
― Quer que eu conte a você o que falta? ― Sam perguntou, compreensiva.
― Whisky envelhecido em carvalho? ― Tentou brincar.
― Eu não sei tudo, Lena, se soubesse, pode ter certeza que contaria ― Sam suspirou e pegou o álbum de fotos que encontrou no apartamento de Lena ― Mas talvez isso possa ajudar, eu nunca tinha visto na sua cobertura e ele parecia importante. Eu não tenho tantas respostas, mas talvez ele tenha ― Sam respondeu, entregando a Lena o álbum de fotos.
― Luthors não têm álbum de fotos ― Riu autodepreciativa ― Apenas quadros em família.
― Então alguém mudou isso na sua vida, porque não abre e descobre quem foi? ― Indagou, dando de ombros ― O que você tem a perder?
― Não sei, Sam, e se não estiver pronta para o que vou ver aqui? ― Naquele momento, Lena parecia uma criancinha com medo.
― Eu estarei com você, Lena ― Sam sorriu abertamente e viu a morena abrir o álbum.
A primeira foto era de uma linda paisagem que não era estranha para Lena, ela reconhecia aquele lugar, era sua Terra Natal.
― Onde é isso? Você sabe? ― Sam indagou.
― É na Irlanda ― Lena confessou observando a beleza daquele pôr do sol.
― Ok, vire a página e veja o que aconteceu na Irlanda? ― Pediu Sam.
Lena respirou fundo uma e outra vez e passou a página, mas não estava pronta para ver aquela foto, era ela e Kara, vestidas de branco, em uma cerimônia de casamento? Aquilo não fazia sentido nenhum, certo? Elas ainda eram melhores amigas? O que diabos estava acontecendo?
― Oh, parece que alguém está em um casamento secreto, afinal ― Sam brincou divertida.
― Só se for um casamento secreto até para mim mesma, Sam ― Lena suspirou confusa ― Eu não sei, não consigo entender.
― Que tal começar ligando para a mulher nessa foto e a convidando para vir aqui? ― Sam sugeriu ― Eu preciso resolver algumas coisas e talvez, possa ir ao shopping para você. Mas Lutessa, seu apartamento empoeirado deve ter deixado claro que não é para lá que tem ido após o trabalho todos os dias.
― Sam…
― Eu sei, é assustador.
― Não posso fazer isso, Sam ― Lena fechou o álbum de fotos e se levantou ― Podemos só ir ao shopping?
― Se me contar do que tem medo… ― Sam pediu, respirando fundo.
― Não me lembro de nada, não me lembro de me apaixonar por ela, de retomarmos nossa amizade, de sermos essas melhores amigas… ― Lena falou hesitante.
― E no entanto, fizeram tudo isso. ― A castanha a lembrou.
― Tenho medo de ser verdade e magoar Kara por não lembrar ou então, não ser a mulher que ela ama. Tenho medo dela não gostar dessa Lena… ― Lena confessou seu medo para a amiga, e Sam assentiu.
― Vamos ao shopping, mas precisa falar com ela, Lena. ― Concordou a contragosto ― Kara deve estar tão confusa quanto você e também, preocupada.
― Avisa ela que estou na sua casa? ― Pediu à morena e foi tomar um banho em busca de tirar aquela sensação de hospital de si.
Sam apenas suspirou baixinho e pegou o telefone, mas ao invés de apenas avisar onde estava, a castanha convidou a heroína para passear com elas no shopping.
{...}
― Boa noite, meninas ― Kara sorriu timidamente quando encontrou Lena, Sam e Ruby no shopping.
― Tia Kara ― Ruby chamou pela loira completamente animada e lhe abraçou com carinho.
― Hey Rubs, você cresceu muito desde a última vez ― Kara riu divertida, abraçando a menina com carinho e logo depois soltaram do abraço, a loira cumprimentou Sam com um abraço e logo depois ficou frente a frente com Lena ― Hey, Lee ― Seu sorriso por si só mudou naquele momento e seus olhos brilhavam de alegria por ver a morena na sua frente.
― Oi Kara ― Lena parecia ainda um tanto sem jeito e não compreendia direito porque seu coração batia acelerado naquele momento ― Hm, eu posso abraçar você? ― Pediu baixinho, sentindo aquela necessidade que ela não sabia de onde vinha.
― Sempre, meu amor ― Sussurrou baixinho para ela e lhe trouxe para dentro de seu abraço carinhoso e, ao mesmo tempo confortável e o pobre coração de Lena mal sabia como lidar com todas aquelas emoções ao mesmo tempo.
Quando se separaram, Kara ainda deixou um beijo carinhoso na testa da morena e lhe perguntou baixinho como ela estava, a morena apenas resumiu tudo em um “bem”, afinal, agora parecia tudo certo dentro de si.
Esquecendo por um segundo da amnésia de Lena, a loira a pegou pela mão para então começarem a caminhar pelo shopping em busca de roupas para a morena, apesar de Kara ter dito que poderia buscar algumas.
Elas conversaram sobre os mais diversos assuntos, deram opiniões nas roupas que Lena experimentou, brincaram uma com a outra e, Sam conseguiu deixar Kara completamente sem palavras quando indagou onde a loira buscaria as roupas de Lena, ela não tinha uma resposta pré-pronta e não sabia o que dizer, mesmo tendo dado uma resposta semelhante à Alex mais cedo, ela poderia dizer em uma das propriedades dos Luthor, mas Lena não cairia naquela desculpa e ela sabia disso.
Ignorando a pergunta, Lena chamou as meninas para irem até a praça de alimentação, por mais estranho que fosse, ela estava com fome, Kara apenas riu abertamente daquela constatação da morena e guiou-as até o local, onde novamente lhe chamaram de supergirl e lhe ofereceram comida de graça, isso sempre acontecia onde quer que fosse.
― Ainda é estranho para mim saber que você é a supergirl ― Sam confessou.
― Relaxa, Sam, você se acostuma com o tempo ― Kara deu de ombros e comeu seu primeiro hambúrguer.
― Eu acho que é mais doido ainda saber que uma Super e uma Luthor são casadas, mas ok, eu supero ― Sam jogou aquela informação como se fosse algo irrelevante e Kara se engasgou com a própria comida, dando à castanha a confirmação que precisava para saber se aquele álbum é verdadeiro ou não.
― Então, é verdade? ― Lena murmurou, tão baixo que basicamente só Kara foi capaz de lhe ouvir.
― Sim, Lena ― Kara abriu o jogo ― Eu queria te contar no mesmo segundo que percebi a sua amnésia, mas eu não sabia como jogar essa bomba no seu colo. E, eu sei, você não se lembra de nenhum dos nossos momentos ― Sorriu triste ― Mas não muda a verdade.
Lena não sabia como responder, ela sentia que aquilo era uma verdade, mas ao mesmo tempo, parecia estranho.
― Tia Kara, como é ter superpoderes? ― Ruby indagou animada e ao mesmo tempo curiosa, puxando o assunto da mesa para aliviar a tensão e deixar sua tia Lena processar aquela nova informação.
― Hm, vejamos, todos os meus poderes devem ter um lado bom e um ruim, menos voar, esse é o meu favorito ― Riu divertida ― Às vezes, minha superaudição me sobrecarrega, mas com ela eu posso ouvir o coração da Lena batendo quando não consigo dormir ou quando estou com saudade ― Sorriu boba ― A visão de calor pode causar muitos problemas quando eu não consigo controlar, mas ela é muito boa para esquentar o peru no dia de ação de graças ― Riu abertamente junto de Ruby ― O sopro congelante pode causar um estrago se usado de forma errada, mas uma vez, eu consegui fazer nevar na nossa casa no natal, Alex ficou encantada, foi o meu primeiro natal com os Danvers ― Confessou ― Existem muitos poderes, mas voar, com toda certeza é o melhor.
― Porque, tia Kara? ― Ruby a olhava com verdadeiro encanto, enquanto Lena parecia observar cada pequeno detalhe daquela interação, principalmente os sorrisos de Kara.
― Quando você se apaixonar pela primeira vez e beijar quem você gosta, você vai sentir essa sensação de estar livre, seu corpo vai se sentir tão bem que você vai pensar estar flutuando ― Kara suspirou apaixonada e desviou seu olhar de Ruby para olhar nos olhos verdes de Lena ― Hoje, voar me lembra da sensação de beijar Lena ― Suspirou boba ― É uma liberdade incrível e uma sensação nova de estar em casa.
― Kara… ― Lena suspirou baixinho, ela não sabia como lidar com tantas informações novas.
― Podemos ficar a sós? ― Kara pediu e Samantha assentiu, saindo com a filha para tomarem sorvete ― Lena…
― Kara, eu queria, mas eu não sou essa pessoa ― A morena confessou, sentindo vontade de chorar ao pensar que magoaria sua melhor amiga.
― Não quero que seja essa pessoa, Lee ― A loira a acalmou e ao mesmo tempo, Lena percebeu algo mais nos olhos azuis, culpa ― É minha culpa que esteja assim e se eu pudesse, eu trocaria de lugar com você…
― Kara, não é sua culpa ― A morena segurou a mão de Kara ― Eu sou uma Luthor, coisas assim acontecem com os Luthors.
― Você também é uma Danvers.
― Kara… ― Suplicou.
― Eu sei, essa conversa pode e deve esperar. Eu só quero dizer que quando estiver pronta, vou estar na nossa casa, esperando por você ― Sorriu levemente.
― Nossa casa? ― Indagou, confusa.
― Você insistiu que tivéssemos nosso lugar ― Contou a loira ― Me desculpe Lee. ― Pediu mais uma vez.
― Não precisa pedir desculpas ― Pediu a morena levantando o rosto da loira e fazendo um carinho suave, enquanto Kara a olhava.
― Queria te beijar agora ― Confessou baixinho e Lena corou com aquele comentário de Kara. Quem visse de fora, notaria que o momento era propício. ― Não se preocupe, só faria isso se você consentisse, Lee. E, nós duas sabemos, você não está pronta ― Kara suspirou baixinho percebendo que não poderia forçar ainda mais ― Eu preciso ir ― Comentou baixinho, deixando um beijo carinhoso na testa de Lena antes de se retirar dali em super velocidade.
― E então… ― Sam falou ao se aproximar
― Temos uma casa ― Lena falou ― E nos casamos, mas ela não disse mais nada além de que gostaria de me beijar.
― E você não beijou sua esposa, Sra Danvers?
― SAM!! ― Resmungou a morena
― Lena, Kara pode não querer forçar nada, mas eu te conheço há anos e sei o quanto é capaz de fugir do seu próprio coração ― Sam reclamou ― Já fez isso antes e está fazendo agora. Não me venha com o não me lembro de como é me apaixonar por Kara, você está apaixonada por essa mulher desde o dia que a conheceu.
― Mamãe ― Ruby se espantou.
― Sua tia Lena é maravilhosa meu amor, exceto quando se trata de Kara Danvers. Parece que esquece que tem o QI mais alto da atualidade e simplesmente fica burra ― Ralhou Sam, indignada ― Sinceramente, Lutessa, se não quer cair nos braços da loirinha de uma vez, ok. Mas convide sua esposa para um novo primeiro encontro, logo, é impossível que não tenha percebido o quanto ela ama você, Lutessa.
― Sam…
― Lena, eu te amo, mas sinceramente, casar em segredo? Comprar uma casa? O que mais eu não to sabendo? Que foi a Argo pedir a benção do conselho kryptoniano?
No momento que Sam mencionou sobre Argo, Lena levou a mão à cabeça. Lena fechou os olhos, atingida por um flash.
― O que houve, Lena? ― Sam indagou, amparando a morena.
― Minha memória ― Respondeu ― Zor-El, eu acho que é o nome dele. O pai da Kara, ele veio visitar ela ― Lena contou ― Kara e eu… o conselho. A gente discutiu antes da batalha. Kara ia se casar.
― Hello!! ― Sam a chamou ― Ela já é casada… com você.
― Não… eu acho que… ― Lena hesitou ― Preciso me deitar, Sam. Vamos para casa?
― Quer ir ao hospital?
― Preciso me deitar, acho que estou cansada…
― Tudo bem ― Sam suspirou derrotada ― Vamos para casa, Lee.
― Obrigada, Sam ― Agradeceu a morena, fechando os olhos e pensando no flash de minutos atrás. Kara e ela brigando por causa da loira falando sobre se casar com alguém em Argo.
― Quer que eu ligue para Kara? ― Perguntou Sam, preocupada com a amiga.
― Amanhã, por favor, amanhã.
― Tudo bem Lutessa, mas precisa esclarecer com ela antes de sair concluindo. ― Pediu a castanha ― Não sei como não percebeu ainda, mas ela ama você e eu te juro, a força que ela fez para não dizer que a ama, foi maior do que aquela que ela usa para levantar um prédio.
― Só está tudo… confuso.
― Então, vamos descansar. Uma noite de sono longe daquele hospital em uma cama quentinha depois de um bom chá quente pode ajudar.
― Não pode ser um whisky? ― Tentou a morena.
― Não me teste Lena, ou eu ligo para a Kara ― Ameaçou Sam, com um sorriso perverso.
― Desde quando ligar para Kara é uma ameaça? ― Perguntou a morena confusa.
― Desde o momento que ela vai te levar para a casa de vocês duas, se você não for uma boa menina e talvez, te castigar ― Disse Sam, sugestiva, ao que Lena corou.
― SAM ― Resmungou a morena.
― É tão fácil te provocar, Lutessa. ― Riu a castanha, se divertindo com as bochechas coradas da melhor amiga.
― SAM ― Indignada, Lena observava Sam no banco do motorista.
E a castanha ria do rosto corado da CEO
― Mamãe, como a tia Kara vai castigar a tia Lena? ― Perguntou Ruby, em um tom ainda inocente.
E então, Sam engoliu em seco, lembrando que a filha estava no banco de trás. Droga, ela precisaria pensar em como explicar aquilo agora.
― Quem está rindo agora, Samantha? ― Provocou Lena, vendo a amiga dar a partida e praguejando.
{...}
Kara acabou passando outra noite em claro, mas dessa vez, ao invés de ficar na cama sentindo o cheiro de Lena em seu travesseiro, a loira resolveu ir o mais alto possível e focar sua audição nos batimentos cardíacos de Lena, ela viu o dia amanhecer enquanto o coração da morena batia bem ritmado, de sua forma única e lhe dava a certeza de que Lena estava bem, porque sua própria culpa ainda lhe corroía.
― Kara? ― Ela ouviu Brainy lhe chamar pelo comunicador deles.
― Sim, Brainy? ― Respondeu enquanto ao mesmo tempo, ouviu uma perturbação começar na cidade.
― Faora está na praça de National City de novo.
― Fiquem longe! ― Ordenou, seu tom não abria nenhuma margem para contestação ― Eu cuido disso.
― Mas Kara…
― Sem mais Brainy, me desculpa, mas ela é forte demais para vocês ― Suspirou baixinho e desligou as comunicações, passou na Fortaleza da Solidão e pegou algo que poderia usar em seu favor.
Chegando ao local, Faora atacava alguns civis e Kara logo puxou a mulher para si, levando-a para um dos lugares mais desertos de National City, onde ela não poderia machucar ninguém.
Respirando fundo, Kara ativou seu traje anti-kryptonita e tirou a pequena adaga banhada de kryptonita da maleta de chumbo que tinha trazido consigo, agora, pareciam estar um tanto equivalentes em sua luta.
― A última filha de Krypton, uma vergonha para a família ― Riu sarcástica enquanto entrava em modo de batalha ― Essa faquinha aí não será o suficiente para me parar, Zor-El.
― Se fosse uma faquinha comum, realmente ― Se aproximou mais de Faora, percebendo as primeiras linhas verdes surgirem pelo rosto pálido ― Alguém já lhe contou sobre kryptonita? ― Deu o primeiro ataque na mulher, machucando um dos braços dela com a adaga.
― Covarde! ― Riu sarcástica, ela não daria a Kara o gostinho de reclamar de dor ― Seu povo teria vergonha de você.
― Como pode saber o que eles sentiriam por mim se nunca chegou a conhecê-los? ― Riu sarcástica, ela não entraria em sua mente mais uma vez.
― Porque você é patética ― Deu uma piscadela divertida ― Apenas covardes usam de métodos tão baixos para vencer os seus oponentes.
― Tudo bem, vamos lá ― Kara largou a adaga de kryptonita na mesma maleta de chumbo e a fechou, desativando seu traje logo em seguida ― Eu não preciso disso para vencer você ― Ergueu sua própria guarda enquanto ali perto delas, um helicóptero filmava toda a briga.
― Vai ser tão bom matar você, Alura vai pagar por ter me mandado para aquela maldita prisão ― Riu sarcástica ― E, logo depois, irei atrás da sua família, Kara Danvers.
― Você não vai tocar neles ― Kara desferiu o primeiro soco, mas daquela vez, aproveitou para dar diversos golpes em super velocidade, derrubando Faora no chão.
― Nada mal, vejo que aprendeu alguns truques depois do nosso primeiro encontro ― Riu divertida e usou o mesmo golpe da outra vez com Kara, mas daquela vez, a loira segurou o soco, estava tão focada naquilo que não seria tão fácil lhe derrubar.
Sentindo a raiva tomar conta de seu corpo, Faora tentou mais uma vez, mas Kara segurou e deu mais um golpe na mulher. Ela lhe lembrava um pouco de Reign e, a loira havia aprendido algumas coisas naquela época e usava isso como vantagem para atingir sua oponente.
Quando Faora percebeu o Helicóptero filmando as duas, direcionou sua visão de calor para ele, usaria o que ela acreditava ser uma fraqueza de Kara, seu lado heroína. A loira gritou quando sentiu a visão de calor da outra atingir seu ombro quando protegeu o Helicóptero e caiu sobre seus joelhos, dor não era algo do qual ela estava acostumada. Aproveitando disso, Faora desferiu diversos golpes em Kara, em seu abdômen e em seu rosto, arrancando sangue pelos lábios da super. Apoiando-se no chão, Kara respirou fundo, voltando a se concentrar em um único som, aflição, ela percebeu, Lena devia estar assistindo sua luta e ela não podia falhar com a morena mais uma vez.
Assim, a loira ergueu-se de uma única vez e usou seu tapa sônico para deixar Faora um tanto desnorteada e desferiu diversos socos contra ela, um após o outro, pesados, doloridos e raivosos.
― Você vai pagar por ter machucado ela ― Gritou irritada, havia deixado sua própria raiva assumir o controle novamente.
― Oh, a bebezinha da família vai vingar um humano? Patético ― Cuspiu as palavras, recebendo mais um soco em seu rosto em resposta, mas ela havia percebido como Kara estava começando a cansar, provavelmente a exaustão dos últimos dias estava lhe alcançando.
Faora então inverteu a situação dando um soco no abdômen de Kara, derrubando-a no chão e passando a segurá-la pelo pescoço. Sem outra alternativa, a loira ativou sua visão de calor contra a morena, fazendo-a soltá-la. Elas ainda trocaram outros socos e chutes e voltaram a usar suas visões de calor, a energia daquele lugar havia subido bastante e cada uma delas colocava toda a sua raiva reprimida na visão de calor que brilhava em um vermelho intenso, até uma explosão de energia atingir as duas.
Kara caiu sobre seus próprios joelhos, completamente exausta, assim como Faora e, aproveitando a distração da guerreira, Kara a nocauteou com um soco em seu queixo, pegou as algemas que estavam junto da adaga e ainda conseguiu colocá-las em Faora, antes de voltar a cair em seus joelhos e desmaiar, completamente esgotada.
Do outro lado da cidade, Lena, Sam e Ruby assistiam aquela luta desde o começo, Lena viu quando Kara tirou aquela pequena adaga de kryptonita e pediu a Rao ou qualquer Deus capaz de lhe ouvir, para não deixar a loira fazer algo do qual se arrependeria depois. Mas isso não tornou a luta mais fácil de assistir, Faora era uma kryptoniana muito forte e a lembrança de Kara lutando com Reign não saiu de sua mente, ela não queria que terminasse daquela forma novamente.
Conforme a luta avançava, Lena não conseguia tirar os olhos da tela, então, Faora conseguiu atingir Kara pela primeira vez e foi como se um flash atingisse sua cabeça, cada soco parecia trazer uma nova memória para Lena e sua aflição apenas aumentava ao se dar conta de seus verdadeiros sentimentos e também os seus momentos com a loira, era tudo especial e intenso demais.
― Sam, ela pode se machucar ― Pontuou preocupada.
― Ela ainda é a Supergirl, Lena ― A amiga tentou acalmá-la.
― E Faora também é kryptoniana ― Suspirou realmente cansada e com dor de cabeça ao sentir todos aqueles flashes indo e voltando em sua mente.
― Ela consegue, tia Lena ― Ruby tentou passar um pouco de esperança para sua tia e sorriu ao ver que aquilo pareceu funcionar.
E, no exato momento que Kara desmaiou no campo de batalha, Lena estava pronta para ir até a Torre atrás dela, para se certificar de que ficaria bem, ou ela achava que sim. No minuto seguinte, sua cabeça latejou, todas as suas lembranças se tornaram claras e seu corpo também cedeu.
O programa da TV logo mostrou J’onn e Brainy tirando Supergirl e Faora da cena, levando-as para seus respectivos locais de descanso e prisão.
Chapter 2: Sempre volto para casa
Notes:
E então pessoas, tudo bem com vcs?
Como tão as coisas? Ja tomaram a 3ª dose? estão se protegendo?
Então, primeiramente, vai aqui para a "Bestie Warner BR" nosso carinho e dedicatória por fazer nossa alegria com Supercorp Canon.
Dona Warner, espero que aproveite.
Agora, pessoal, quero agradecer demais pelo carinho todo com essa fic. Cada comentario e favorito que vcs deixam é super importante.
agora, cuidado com o lugar que vão ler e cuidado com as taxas de açucar no sangue
Boa Leitura!!!
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
O silêncio ao redor não lembrava National City, pensou Kara tentando abrir os olhos. A luz era quente, com certeza, estava sob as lâmpadas solares.
Levando a mão a face, a loira notou que havia um acesso venoso em seu braço.
― Calma ― Pediu uma voz conhecida e Kara se forçou a abrir os olhos.
― Lee? ― Chamou a loira.
― Oi querida ― Disse a morena, sorrindo para Kara ― Quer um copo de água?
― Por favor ― Pediu, com a voz um pouco rouca.
― Aqui ― Lena falou a ajudando.
― Você está bem? ― Era um hábito, Kara sempre perguntava se Lena estava bem, independente de quem estivesse deitada na cama hospitalar.
― Eu quem deveria perguntar, Kara Luthor-Danvers ― Resmungou a morena, levemente ansiosa.
Kara parou de engolir gole após gole do copo para notar que seu braço possuía uma imobilização, o mundo estava quieto e Lena havia lhe chamado pelo nome de casada. Não era um sonho.
― Você…
― Eu? ― Incentivou a morena
― Luthor-Danvers ― Completou e Lena sorriu, derretendo a feição séria para em seguida tocar suavemente o lábio de Kara com os seus.
― Sim, amor ― Respondeu a morena, segurando a mão de Kara.
― Podemos ir para casa? ― Pediu, fazendo seu melhor beicinho.
― Nossa casa? ― Lena questionou, sabendo o quanto Kara odiava ficar na enfermaria da Torre ou qualquer enfermaria, para ser sincera.
― Sim.
― Somente quando sua irmã deixar ― Respondeu a morena.
― Alex vai me matar? ― Ela só não sabia se a bronca seria por lutar sozinha com Faora ou se seria por ter se casado com Lena em segredo e mentido durante meses.
― Eu não deixaria ela machucar minha esposa.
― Bem que minha esposa poderia me fazer um cafuné ― Brincou ― E me contar o que aconteceu? Há quanto tempo estou aqui?
― Sua esposa ficou louca de preocupação ao te ver brigando com aquela soldado kryptoniana maluca e se lembrou de tudo, tamanha preocupação que você me causou, Kara Danvers ― Queria dar uma bronca na esposa enquanto começava a fazer carinho na cabeleira dourada.
― É Kara Luthor-Danvers, agora ― Se gabou, contente em receber o carinho.
― Faz só algumas horas, Kar, que você e Faora lutaram, mas Alex notou que você teve uma queima solar. Ela fez o acesso sem precisar de kryptonita e seus ferimentos não curaram ― Lena respondeu, rindo da esposa carente.
― Podemos ir pra casa? ― Pediu novamente, fazendo beicinho.
― Se eu pedir potstickers, você pode esperar a Alex te dar alta? ― Lena tentou negociar, querendo que a esposa ficasse um pouco mais sob as lâmpadas.
― Alex vai brigar comigo ― Resmungou ― Vai precisar de muitos potstickers pra me convencer.
― Quantos você quiser, querida ― Respondeu a morena, rindo.
― Está realmente bem? ― Perguntou a loira, olhando para Lena.
A morena então sentou na beira da cama de Kara, quando a loira se sentou. Com todo cuidado, Lena deslizou a mão pelo braço de Kara, observando onde as ataduras cobriam o ferimento causado em batalha. Com cuidado, a morena subiu a mão para curva entre o ombro e o pescoço de Kara. Ela fechou os olhos e Lena sorriu discretamente, movendo a mão para a nuca da loira, em um carinho suave em seus cabelos. Kara soltou um suspiro baixinho. E Lena aproveitou para se inclinar e beijar os lábios da heroína com os seus.
Suave e pacifico, aquele beijo com sabor de casa agradou as duas.
― Eu te amo ― Kara falou, baixinho após o beijo ― Eu queria tanto dizer isso a você.
― Eu também te amo ― Lena retribuiu ― Desculpe por… ― Mas a morena não conseguiu concluir a frase, pois Kara colocou dois dedos na frente dos lábios de Lena.
― Eu quem preciso te pedir…― Kara ainda sentia a necessidade de desculpar-se com a esposa por não ter chegado a tempo.
― Não temos, amor. Não foi culpa sua, nem sempre vai poder chegar a tempo de me salvar e nós sabemos, eu também posso não chegar a tempo um dia. Somos heroínas e precisamos aceitar isso. ― Lena a silenciou, não haviam desculpas a serem pedidas ― Mas nós precisamos resolver sobre aquela conversa com seu pai. O que você quer fazer?
― Me casar em Argo ― Kara respondeu ― Com você ― E Lena sorriu, aceitando o beijo gentil de Kara.
― Mas antes, acho que precisamos dar algumas explicações ― A morena lembrou e Kara se jogou de volta na cama, suspirando. Lena apenas riu. ― Foi sua ideia casar em segredo.
― Foi nossa ideia ― Kara resmungou, derrotada.
― Como foi mesmo que me convenceu? ― Lena fingiu pensar.
― Vai precisar esperar eu me recuperar um pouquinho para eu te mostrar ― A loira provocou.
― Ah sim ― Lena a olhou, levemente corada ― A senhorita me seduziu na Irlanda, e então falou vamos lá Lena, nós podemos nos casar, ter nossa casa e depois a gente conta para todo mundo. Vamos descobrir juntas se damos certo, antes do mundo saber.
― Se alguém te ouvir falando assim, nem eu serei capaz de evitar que a CatCo comece um “Extra, Extra!! Supergirl seduz Lena Luthor” ― Disse Kara, aos risos, junto a Lena.
― Pelo visto, já está fazendo gracinhas ― Alex falou, adentrando a ala médica da Torre.
― Em perfeitas condições para ir para minha caminha, na minha casinha ― Kara falou, fazendo beicinho, torcendo para escapar da bronca naquele momento.
― Com a sua esposinha? ― Completou Alex, irônica.
― Contou a ela? ― Perguntou Kara assustada.
― Sam contou ― Lena respondeu ― Não foi a única a desmaiar, amor ― Confessou a morena. ― As memórias voltaram de uma vez e ainda ver você desmaiada foi demais para mim.
― Sam teve que me contar, Kara ― Avisou Alex ― Lena estava inconsciente com a volta das memórias e segurava o álbum com força. Quando tirei dela para fazer o acesso de soro, não teve como não ver a foto de vocês duas, vestidas para um casamento.
― Tem certeza que está bem, Lee? ― Voltou a olhar as esmeraldas de sua esposa.
― Estou ótima, querida ― Lena lhe assegurou mais uma vez, deixando um beijinho carinhoso na testa da loira.
― Então, podemos ir para nossa casa? ― Kara pediu mais uma vez.
― Não ― Alex foi direta ― Precisa passar a noite em observação, nas lâmpadas de sol amarelo, recarregando suas energias.
― Mas Alex…
― Kara, se eu liberar você agora, você mal vai se aguentar em pé, eu não vou deixar você ir para uma casa que eu não sei onde fica, e se você precisar de atendimento médico Kara Danvers? ― Ela tinha um bom ponto.
― É Luthor-Danvers, agora, sis ― Brincou enquanto Alex revirava os olhos e quase sentia vontade de socar a irmã ― Deixa a gente ir para casa, por favorzinho ― Fez seu melhor beicinho.
― Não Kara, se as pessoas virem você na rua agora que sabem da sua identidade, você pode se tornar um alvo fácil para bandidos ― Resmungou ― Vai mostrar aos outros que não é invencível.
― Eu achei que desmaiar em rede nacional já tinha mostrado isso ― Lena também tinha um bom ponto.
― Vocês duas se merecem mesmo ― Alex revirou os olhos novamente.
― Se quiser, elas podem ficar na minha casa, Alex ― Sam sugeriu, entrando na enfermaria e ouvindo a discussão.
― Se elas estiverem bem… ― Alex ponderou
― Qual a diferença de ficarmos na nossa casa ou na casa da Sam? ― Perguntou a loira, interrompendo a irmã.
― Lá vai ter alguém que não estava desmaiada nas últimas doze horas e nem que teve uma concussão alguns dias atrás. ― Respondeu Alex, simplesmente ― E nem adianta protestar Luthor, sabe tão bem quanto eu que caso suas memórias não tivessem voltado rápido, teria perdido elas definitivamente. Quadros de amnésia costumam se tornar permanentes depois de uma semana.
Lena pensou em protestar, mas sabia que Alex tinha razão. Amnésia não era um quadro persistente quando o paciente apresentava concussões após algum acidente. Quando costumavam persistir, geralmente eram um mau sinal e dificilmente o paciente recuperava as lembranças perdidas. Lena só pode agradecer a volta de suas lembranças. Tinha medo de não reconquistar Kara ou simplesmente, não ser mais a pessoa que a loira havia escolhido para se casar.
― Mas enfim, alguém pode me dizer se a gente pode sair daqui? ― Kara pediu novamente.
― Se quiserem ficar na casa da Sam, tudo bem. Mas sozinhas, nem pensar ― Alex disse como se proferisse uma sentença ― Na última vez que as deixei sozinhas, casaram. Se eu deixar hoje, vocês engravidam.
― Lee, e se a gente fugir da casa da Sam? ― Kara sussurrou baixinho quando achou que ninguém estava realmente lhe ouvindo.
― Pra casar? ― Brincou Lena, fazendo a loira rir.
― Em Argo? ― Kara provocou.
― Eu aceito ― Riu.
― O que tanto cochicham? ― Perguntou Sam, olhando as duas.
― Vão fugir coisa nenhuma suas duas espertonas ― Alex deu um peteleco em Kara.
― Ouch, Alex! Sua irmãzinha está ferida aqui ― Kara fez drama.
― E ainda queria fugir ― Alex gargalhou divertida.
― O que acha de uma noite de jogos lá em casa? ― Ofereceu Sam ― Podemos conversar um pouco, pedir algumas pizzas e vocês nos contam sobre esse relacionamento todo e aproveito para rever o pessoal e conhecer a famosa Kelly e ainda mais famosa Esme.
― Se puder ser na nossa casa, eu aceito ― Lena ofertou, querendo muito ir para sua casa ― E Alex, temos quartos de hóspedes. Você, Kelly e Esme podem dormir lá. Assim, podemos descansar sem atrapalhar a rotina de ninguém.
Sam e Alex se olharam por um tempo, em silêncio. A oferta era interessante.
― Temos bastante espaço, Kara e eu preparamos uma sala só para jogos e eu deixo cada uma escolher o whisky que quiser da minha coleção particular ― Lena ofereceu, dando a cartada final, ao que ela sabia, Sam e Alex não resistiriam. ― O que acham?
― Só se tiver um quarto de hóspedes para mim e Ruby, Lutessa ― Sam barganhou. Queria ter certeza que a morena estava bem após tudo aquilo.
― Fechado ― Lena aceitou e Alex a olhou, curiosa.
― E onde eu vou dormir? ― Perguntou à ruiva, sentindo que havia sido desalojada.
― Temos quatro quartos na casa, cunhadinha ― Disse a morena como se fosse óbvio tantos quartos.
― As vezes esqueço que minha irmã se casou com uma milionária ― Alex não sabia porque ainda se surpreendia com certas coisas.
― Bilionária ― Sam corrigiu ― E com certeza, futura trilionária.
― E ela nem tem trinta anos ― Observou Alex.
― CEO mais jovem do mundo ― Lena riu, confiante, fazendo elas rirem.
― Casada com a Supergirl ― Completou Kara, rindo abertamente.
― Quando a mulher é poderosa, ela bota até uma super de joelhos.
― Só nos dias bons ― Lena provocou, vendo Alex a encarar e Sam levantar as sobrancelhas curiosas. Kara apenas as observava corando.
― LEE ― Resmungou a loira ― Ela é minha irmã.
― Desculpa querida, não é todo mundo que tem uma Super pra chamar de sua. ― Lena brincou, dando um selinho na esposa.
― Eca ― Resmungou Alex.
― Pelo visto, só eu to sobrando aqui ― Sam reclamou, observando as duas ― Vou virar a própria tocha humana nessa noite de jogos, passei do ponto de virar vela.
― Só está sobrando porque não quer o Professor Jackson ― Lena retrucou provocando.
― O professor da Ruby? ― Indagou Alex, surpresa ― Você não contou sobre isso.
― Ele só usa gravata quando tem reunião de pais e mestres ― Lena entregou ― Ruby me disse que quando ele sabe que a Sam vai a reunião, ele até passa perfume e penteia o cabelo.
― É aquele professor de cabelos pretos, olhos verdes e que vive com a barba por fazer? ― Perguntou Alex, lembrando do professor que a ruiva viu conduzir os treinos de futebol de Ruby.
― Ele mesmo ― Lena confirmou, vendo a castanha corar ― Então, o que me dizem, podemos ir para casa? ― Lena perguntou mais uma vez
― Tudo bem, Sam, você leva elas e eu encontro vocês lá? ― Pediu a ruiva, derrotada
― Só pegaremos a Ruby e então, vamos para a casa delas. Lena, manda pra gente seu endereço que eu não vou dirigir sem saber para onde estou indo ― Sam concordou, encerrando a discussão. Kara sorriu, feliz de ir para casa com a esposa.
{...}
Depois de pegar Ruby e indicar o endereço para Alex, Lena e Kara finalmente chegaram em casa, junto a Sam e Ruby.
― Bela casa, tia Lena ― Ruby comentou, admirada. Era um sobrado de dois andares, com um gramado bem cuidado. A cor azul clarinha e as luzes acesas no jardim davam um toque que remetia ao sossego que Kara e Lena tanto apreciavam.
Sam observou a entrada, os dois degraus e a cobertura de tijolinhos expostos davam um ar romântico.
Quando adentraram, a sala espaçosa com dois sofás macios e poltronas em tons claros e similares contrastavam com o tapete mais escuro sobre o chão amadeirado. A televisão tinha a cara de Lena, grande e hi-tech. O conjunto de som junto, era para proporcionar o melhor entretenimento nas noites de cinema delas. Ruby estava encantada com a lareira e o banco sob a janela com almofadas.
― É bom para dias de chuva ― Kara comentou ― É gostoso sentar e ver as primeira gotas caírem. E eu estou ansiosa para ver no inverno, quando os flocos começarem a cair.
― Bela escolha, Lutessa ― Sam também aprovou ― Eu consigo ver as duas em cada cantinho.
Lena apenas sorriu e notou quando Sam observou um quadro-fotografia grande de Lena e Kara no corredor. As duas abraçadas e sorridentes.
― Nosso primeiro dia de casadas ― Kara explicou observando a mesma foto ― Nós sentimos que precisávamos ter esse dia aqui, ele é o dia mais importante da minha vida.
― Das nossas vidas, amor ― Lena concordou ― Dando um selinho em Kara e se dirigindo à cozinha.
Bem equipada, com um toque de modernidade, a cozinha também ostentava o visual típico de Lena, desde a cafeteira expressa até os utensílios de IoT. Com certeza Lena controlava tudo pelo smartphone com a Alexa.
― É uma cozinha ou um laboratório isso aqui? ― Indagou a castanha, curiosa
― Tente manter uma kryptoniana bem alimentada ― Lena provocou ― Eu precisei me reinventar e aprender a cozinhar, Sam ― Lena piscou para a amiga e elas riram.
― Tem piscina ― Gritou Ruby, chamando atenção das três mulheres na sala ― Vocês tem uma piscina.
― Sim, Rubs e quando o verão chegar, acho que podemos fazer um churrasco e então, você pode brincar muito nessa piscina, o que acha? ― Perguntou Lena, fazendo carinho nos cabelos da afilhada.
― Eu quero muito, tia Lena ― A menina concordou, sorrindo, quando ouviram a campainha.
― Depois eu quero conhecer a suíte master ― Sam sussurrou ― Se a parte social da sua casa é assim, imagino como deve ser o quarto de vocês.
Lena apenas riu, enquanto Kara ia atender a porta para receber a irmã e a cunhada com sua afilhada.
― Tia Kara! ― Esme gritou assim que Kara abriu a porta e correu para abraçar a tia, mas parou no exato momento em que não sentiu os poderes dela e percebeu seu ombro imobilizado ― Está tudo bem, tia Kara?
― Claro que sim, querida, só perdi meus poderes na última batalha ― Explicou calma ― Cadê meu abraço? ― Pediu abrindo o braço livre e a garotinha logo se aconchegou ali, tomando cuidado com a tia.
― Senti saudade ― Murmurou baixinho e deixou um beijo na bochecha de Kara antes de quebrar o abraço e correr atrás de Lena ― Dindinha! ― Gritou animada e sorriu contente ao ser recebida pela morena com um grande sorriso e braços abertos.
― Oi Kara, como se sente? ― Indagou Kelly enquanto entrava com Alex ao seu lado.
― Oi sis, Kelly, me sinto bem, o ombro incomoda um pouco, mas está tudo bem ― Sorriu levemente ― Ei, sejam bem vindas a nossa casa ― Deu espaço para elas conhecerem a sala e a cozinha delas e deixou-as cumprimentarem Sam e Ruby que agora já estavam em um papo animado com Esme sobre a piscina do quintal.
― Uau ― Alex estava igualmente encantada ― Mas onde está aquele whisky maravilhoso que me prometeu?
― Alex! ― Kelly repreendeu a esposa, dando uma leve cotovelada nela, arrancando risadas de Sam, Kara e Lena.
― Vamos, a adega fica por aqui ― Lena chamou Ale e Sam para lhe acompanharem enquanto Ruby, Esme e Kelly ficaram com Kara na cozinha.
― Então, o que vamos comer? Pizza? Potstickers? ― Kara sugeriu enquanto abria a geladeira para pegar água para si mesma.
― Pizza! ― Esme e Ruby disseram ao mesmo tempo, arrancando uma risada da loira.
― Kara, preciso me preocupar com a minha esposa na adega da sua esposa?
― Nah ― Kara riu abertamente e quase deu de ombros antes de lembrar que aquele movimento seria doloroso ― Qualquer coisa, depois de recuperar meus poderes eu posso ir buscar o que Lena quiser, onde ela quiser.
― Tia Kara, onde fica a adaga? ― Ruby indagou curiosa.
― É adega querida ― Kara riu abertamente ― Vamos, deixe eu levá-las para o tour especial da casa ― Guiou as meninas até uma porta que ficava embaixo da escada.
― É subterrânea? ― Kelly parecia impressionada.
― Segundo Lena, é ótimo para guardar vinhos caros, eu acho que foi esse lugar que conquistou ela, não quis mais ver nenhuma casa depois que chegamos aqui e tinha essa Adega pronta ― Começou a descer as escadas com Kelly e as crianças, dando de cara com Lena, Alex e Sam discutindo sobre as bebidas ali presentes.
― Então, o que acharam? ― Lena indagou, vendo a esposa aparecer com as meninas e Kelly.
― Impressionante ― Respondeu a terapeuta.
― Eu tenho algo aqui para hoje ― Lena sorriu, caminhando até uma das prateleiras de vinho ― É um cabernet envelhecido em barril de carvalho, de uma safra premiada do Chile.
― Esse é um Malbec da Argentina? ― Perguntou Alex, notando os vinhos deitados nas prateleiras de madeira.
Até então, Alex e Sam estavam mais focadas na prateleira que possuía algumas garrafas de whisky irlandes.
Lena possuía um gosto único para bebidas. A parede principal possuía diversas garrafas de vinhos de boas safras. Havia algumas prateleiras com os famosos whisky da Irlanda que Lena jamais abriria mão e em outra, bebidas variadas, que segundo Kara, ela buscava para Lena. Eram conhaques, saquê, arak, hidroméis e até iguarias como a cachaça brasileira. Lena realmente havia dispensado algum dinheiro equipando a adega com uma adega refrigerada para doze garrafas.
― Eu estava me preparando para nossa primeira recepção ― Lena comentou, admirada.
― Cunhadinha, sua ideia era me comprar? ― Provocou Alex, reparando ainda nos detalhes do chão amadeirado e a luz mais fraca para não estragar nenhuma bebida.
― Estou conseguindo? ― Brincou a morena.
― Depende, o que eu posso levar?
― Alex! ― Resmungou Kelly
― Uma garrafa de whisky e esse vinho para minha outra cunhada ― Lena ofereceu, vendo os olhos de Alex brilharem.
Kelly sorriu. Elas não tinham jeito e já devia estar acostumada com isso.
― Já escolheram o que vão levar e qual vinho querem beber hoje? ― Indagou Kara.
― Quero provar esse aqui ― Sam mostrou a garrafa de pinga.
― Deixa essa para um dia de sol, essa Sam ― Aconselhou Lena a observando ― É boa para misturar com frutas tropicais. Que tal esse aqui, minha amiga? ― Perguntou a morena mostrando a garrafa de um ótimo Syrah.
― Eu aprovo seu gosto, Lutessa ― A castanha sorriu, aprovando.
― Alguém já pediu a pizza? Minha barriguinha está com fome ― Esme interrompeu, chamando atenção das mulheres.
― Oh, como fomos esquecer do detalhe mais importante? ― Lena sorriu para a afilhada ― Já vamos pedir, querida.
― Enquanto isso, que tal se nós assaltarmos o pote de biscoitos? ― Kara cochichou para Esme.
― Vamos fingir que ninguém ouviu a meliante? ― Alex indagou baixinho.
― Deixe elas, Alex ― Kelly pediu.
― Podemos chamar a Ruby, tia Kara?
― Claro, querida ― Kara sorriu cúmplice, elas chamaram Ruby e subiram na frente enquanto as outras mulheres subiram atrás e Lena fez o pedido de pizzas e potstickers, como prometeu para Kara, era hora de começar mais uma noite de jogos.
{...}
Depois que Ruby e Esme dormiram, Sam e Alex colocaram as meninas no quarto de hóspedes que Lena indicou, Kelly pegou o álbum de fotos e começou a observar os sorrisos delas.
― Irlanda? ― Indagou a terapeuta, tomando um gole de vinho.
― Sim, nos casamos lá ― Kara confirmou sorrindo.
― Quanto tempo faz que estão juntas? ― Perguntou Alex, direta.
― Se lembram dos totens e dos desafios? ― Kara começou por ali e se lembrou de fazer um breve update para Sam que não estava em National City na época ― Tudo começou com o totem da Coragem.
― Você nunca me disse o que viu naquele desafio ― Alex pontuou.
― Eu vi o dia em que a minha coragem mais falhou ― Kara se lembrava muito bem daquela frase ― O dia em que me tornei Supergirl.
― Não me parece um dia de coragem falha ― Sam estava um tanto confusa.
― No começo, eu também não entendi ― Kara riu baixinho ― Mas depois, tudo fez sentido. No dia em que me tornei Supergirl, eu criei um alter ego e também uma muleta para me apoiar quando as coisas não fossem boas como Kara Danvers. Muitas vezes eu me escondi atrás de mim mesma porque ser Kara Danvers poderia ser incrivelmente difícil, às vezes. Então, eu apenas deixava ela de lado e vivia como a heroína que as pessoas admiravam, porque todos gostavam da Supergirl ― Sorriu levemente ― E também eu estava sempre mentindo para todos sobre quem eu realmente era, eu nunca fui só Kara Danvers, eu sou Kara Zor-El, não sou humana, mas também não sou invencível e a única pessoa com quem me sentia um pouco mais como eu mesma era Lena, ela não sabia do meu segredo, não esperava que eu salvasse qualquer pessoa…
― E, no entanto, continuava me salvando como Kara Danvers ― Lena sorriu boba, assim como a loira.
― Mas naquele dia minha coragem foi falha porque por anos eu nunca fui capaz de ser quem eu realmente era por inteiro, ou eu era supergirl ou eu era uma repórter atrapalhada cheia de desculpas esfarrapadas por não ter terminado o trabalho a tempo ou usando eu mesma como fonte de algo que deveria soar impessoal. Então, quando eu finalmente percebi isso, pude ver com mais clareza porque eu gostava de não precisar ser a Supergirl com Lena e, a verdade, era que com ela eu poderia desmoronar, eu poderia ser o mais próximo de alguém falho porque ninguém espera que a Supergirl tenha fraquezas e eu as tenho.
― No final daquele dia, Kara me chamou para o nosso primeiro encontro ― Lena riu baixinho ao se lembrar da amiga toda atrapalhada.
― Por mais que o mundo parecesse estar acabando e houvessem muitos problemas com Nyxly, ou melhor, toda aquela loucura de estarmos conectadas por nossos sentimentos, eu não queria mais perder tempo ― Kara suspirou apaixonada ― E, não, Alex, eu não fugi da Medbay naquela noite, eu juro ― As mulheres riram abertamente.
― Ela tinha acabado de desmaiar no meio de National City e quando acordou nós estávamos lá, Alex se retirou e Kara desandou a falar sobre como a vida era muito curta e ela precisava muito me convidar para jantarmos, no começo eu não entendi muito bem, até ela dizer…
― Quero levá-la em um lugar bonito, lhe presentear com flores e talvez dividir uma sobremesa, mesmo sabendo que você não curte doces e eu não divido comida ― Kara riu novamente ― E, no final de tudo, quero levá-la para casa, deixá-la na porta e talvez lhe deixar surpresa com um único ato de coragem, um beijo.
― Além disso, eu havia acabado de descobrir que minha mãe foi uma bruxa, ou melhor, que eu era uma bruxa, mas não estava pronta para conversar sobre aquele assunto e Kara entendeu isso ― Lena sorriu levemente ― Comemoramos aquela noite com uma grande porção de potstickers na MedBay mesmo, Alex, não fugimos ― As meninas riram abertamente ― Mas, naquela noite, o que mais me deixou boba foi a forma como Kara apenas sorriu e me apoiou desde o primeiro segundo sobre eu ser uma bruxa.
― Ela achou que eu fosse chamá-la de louca ― Kara riu baixinho ― Acho que como ela não acreditava em magia, achava que eu também não acreditasse.
― Pode ser, foi complicado ― Lena deu de ombros e beijou a bochecha da loira com carinho.
― Vocês são tão boiolas, eu nunca vou entender como conseguiram esconder esse relacionamento de todo mundo ― Alex resmungou.
― Sis, eu escondi do mundo que era a Supergirl por quase 18 anos ― Kara pontuou como se fosse óbvio.
― Mas vamos combinar, você não era muito boa nisso ― Lena pontuou risonha ― Eu sei, não percebi, mas não é comum você dizer que veio voando no ônibus.
― Óculos e rabo de cavalo também não escondem nada, viu? ― Sam riu abertamente.
― Ah, pronto, agora meu disfarce é ruim? ― Kara fez beicinho.
― Sempre foi, Kara ― Alex implicou com a irmã.
― Deixem ela continuar a contar ― Lena pediu, deixando um beijo no rosto de Kara, fazendo a loira sorrir como uma boba.
― Primeiro tinha a Nyxly, depois o casamento de vocês, sis, junto com a adoção de Esme e então todas as questões envolvendo a herança da Lena e eu resolvi revelar minha identidade ao mundo, era muita coisa ao mesmo tempo, por isso não perceberam ― Kara sorriu.
― Eu acho que a Esme comentou uma vez de ter visto a Kara e a Lena se beijando ― Kelly pontuou relembrando aquele dia ― Eu achei que ela só estava dando uma de fanfiqueira por causa da Nia ― As meninas gargalharam abertamente.
― Ok agora me contem, como foi o primeiro encontro? ― Sam indagou completamente curiosa.
― Você conta, meu amor? ― Kara indagou com um sorriso bobo em seus lábios e a morena assentiu, deixando um selinho casto nos lábios da esposa antes de começar aquela história.
Flashback ON
Depois de ser liberada por Alex, Kara correu para poder preparar o primeiro encontro dela e de Lena, ela queria que fosse perfeito e, ao mesmo tempo, discreto. Sendo assim, a heroína correu para limpar o próprio apartamento que parecia completamente revirado naquele momento e deixou tudo um pouco mais romântico como conseguia, comprou algumas velas eletrônicas e espalhou pelo lugar junto com algumas pétalas de tulipas vermelhas, não eram as flores favoritas de Lena, mas ela gostava de como as pétalas vermelhas contrastavam com seu piso.
Como últimos retoques, ela pôs a mesa com um jogo americano igualmente vermelho, colocou mais algumas velas e uma linda plumeria em um solitário antes de trocar suas roupas comuns pelo traje de Supergirl, ela voou até a Irlanda e pegou os pratos já encomendados, deixou tudo em seu apartamento e preparou tudo na mesa com esmero, antes de trocar suas roupas comuns por algo um pouco mais arrumado, ela escolheu uma calça jeans skinny e uma camisa de botões azul marinho se lembrando dos conselhos de Alex, ela sempre ficava mais bonita de azul. Finalizou tudo deixando os cabelos soltos e tirou os óculos naquela noite, ela gostaria de poder ver a morena sem nenhuma lente atrapalhando cada pequeno detalhe que tanto gostava.
Ainda bastante nervosa, ela ouviu quando os batimentos de Alex se aproximaram de seu apartamento e se praguejou por não ter avisado a irmã que não estaria em casa ou qualquer outra desculpa esfarrapada. Pegou suas chaves rapidamente, voltou a colocar os óculos e saiu porta afora, encontrando com a irmã no meio do corredor para o elevador.
― Hey, sis.
― Kara? Vai sair? ― Alex estranhou, sua irmã costumava avisar quando ia sair e ela tinha dado algumas recomendações para ela depois do desmaio.
― Sim, eu estou bem Alex, só ia buscar algumas pizzas e muitos potstickers e sabe, maratonar meu filme favorito ― Deu a primeira desculpa que pensou.
― Quer companhia? ― Ofereceu erguendo uma garrafa de vinho que só naquele momento Kara percebeu estar com ela.
― Hm, na verdade, combinei de assistir filmes com a Lena hoje, ela deve estar me esperando ― Sorriu um tanto sem graça e torcia para sua irmã comprar aquela desculpa e ir embora.
― Argh, tudo bem, mas você me deve uma noite das irmãs Danvers, Kara ― Alex riu divertida ― Vou deixar vocês ficarem a sós.
― Hm, obrigada? ― Kara parecia um tanto confusa.
― Só, não faça nada do que eu não faria, ok? ― Brincou com a irmã.
― Alex? Nós somos só amigas ― Pontuou a verdade, mesmo que naquele momento ela desejasse Lena como sua namorada, ou mesmo esposa.
― Tudo bem ― Rolou os olhos como quem não acredita naquela mentira ― Me acompanha até a porta, pelo menos? ― Indagou divertida.
― Certo, vamos, sis ― Kara sorriu mais aliviada e guiou Alex até o elevador, elas saíram do prédio da loira e tomaram rumos diferentes.
Enquanto a ruiva foi para sua casa, encontrar com Kelly, Kara caminhou até o primeiro beco que encontrou e voou até a cobertura de Lena, voltou para sua roupas normais em um beco perto do prédio dela e subiu rapidamente, batendo na porta assim que chegou, ela estava um pouco atrasada e suas bochechas coraram no momento em que Lena abriu a porta.
― Desculpa, Alex me pegou quando estava saindo de casa ― Disparou a falar quando viu a morena.
― Tudo bem, Kara ― Lena riu baixinho ― Está linda esta noite ― Beijou a bochecha da loira ― Para onde vamos? ― Indagou enquanto pegava seu casaco e sua bolsa para saírem.
― Eu…ér… ― Kara ficou completamente desconcertada com o simples beijo em sua bochecha e por alguns segundos, era como se não pudesse dizer nada, se repreendeu por estar tendo um gay panic na frente de Lena e respirou fundo antes de continuar ― Você também está linda, Lee ― Sorriu observando a morena com um de seus vestidos típicos, mas esse também era azul, como suas roupas e na concepção da loira, davam um destaque ainda maior aos seus olhos verdes ― Vamos para meu apartamento ― Respondeu ― Teremos mais privacidade lá e, hm,...
― Parece perfeito para mim ― Lena sorriu e tomou a mão da loira na sua ― Então vamos deixar meu motorista nos levar.
― Eu disse que não precisava, Lena ― Kara resmungou baixinho.
― Mas Alex disse para você maneirar no voo, Kara, por causa do desmaio ― Diminuiu seu tom de voz enquanto conversavam no elevador.
― Eu estou bem, Lena, prometo ― Confessou no mesmo tom ― Eu disse que ia nos levar voando ― Resmungou como uma criancinha.
― Você sabe que eu não sou muito fã de voar, Kara ― Lena riu abertamente e não se importou quando a senhorinha na frente delas lhes olhou como se as duas fossem extraterrestres.
― Argh, tudo bem ― Resmungou baixinho e sentiu suas bochechas corarem novamente, quando Lena deixou um novo beijo em sua bochecha.
Quando chegaram no apartamento da loira, ela fez questão de ajudar a morena a tirar o casaco e deixar a bolsa em um local apropriado e aproveitou para tirar novamente os seus óculos. E, quando Lena realmente viu o local, um grande sorriso iluminou o seu rosto, Kara havia pensado em tudo.
― Eu amei o que fez aqui, Kar ― Elogiou enquanto se deixava ser guiada até a mesa de jantar ― Você cozinhou? ― Indagou um tanto temerosa?
― Não Lee, eu sou um desastre na cozinha ― Kara riu abertamente ― A única coisa na qual me garanto, são as panquecas do café da manhã, mas não serviria isso no nosso primeiro encontro.
― Você sabe, eu não ia achar ruim ― Lena brincou divertida enquanto se sentava de frente para Kara, a loira então buscou os pratos na cozinha e serviu as duas.
― Hm, eu queria que tivesse um prato especial no nosso primeiro encontro, então, eu voei até a Irlanda e procurei pelo seu prato favorito, mas uma pequena variação dele, espero que goste ― Confessou, completamente nervosa enquanto lhes servia com o Guinness Stew, uma variação do ensopado Irlandês conhecido como Irish Stew, feito com carne e legumes como batata e cenoura e temperado especialmente com cerveja.
― Kara, não precisava ― Lena estava realmente sem palavras e sua boca cheia d’água, há quanto tempo não comia aquele prato? Há muitos anos.
― Precisava sim, Lee ― Kara sorriu ainda nervosa ― Espero que goste.
― Eu gostei só de saber do seu gesto cuidadoso de ir buscá-lo, Kar ― Lena sorriu abertamente e elas começaram a comer juntas, o sabor delicioso daquele prato seria o responsável por eternizar aquele momento na mente das duas que entre uma garfada e outra começaram a conversar sobre os mais diversos assuntos e, nenhum deles era como o mundo estava louco lá fora.
― Depois de comprar o jantar, achei que ia gostar de uma sobremesa diferente ― Kara sorriu mais confiante agora, depois do sucesso de seu prato principal ― Mas eu não consegui escolher e não sabia qual você ia realmente preferir ― A loira comentou, incerta e levemente nervosa ― Então eu trouxe um pouco de Baileys Cheesecake, Trufas de Chocolate com Whisky, Mousse de Chocolate com Guinness ou Irish Coffee
― Um jantar tipicamente irlandês, senhorita Danvers? ― indagou Lena olhando para todas as opções.
― Acertei? ― Questionou em dúvida.
― Diria que está tentando me conquistar ― Lena sorriu, feliz.
― E estou conseguindo? ― Indagou novamente.
― Acho que eu poderia ter uma trufa, mas quero o Irish Coffee, sempre foi meu favorito. ― Lena desconversou, sorrindo para a loira e a observou pegar um chocolate.
― Aqui ― Kara falou, segurando a trufa de chocolate na frente dos lábios de Lena. A morena corou, mas abriu suavemente a boca para receber o doce. O sabor adocicado do chocolate misturado ao gosto potente do whisky fez Lena aprovar com satisfação a sobremesa.
― Delicioso ― Lena elogiou, olhando para os lábios de Kara. A loira corou.
― Quer dançar comigo? ― Kara perguntou, desviando o olhar ou agarraria Lena ali mesmo.
― Não temos música ― A morena respondeu, perdida com aquele pedido repentino de Kara.
A loira foi até um pequeno dispositivo kryptoniano em cima de sua estante e uma música suave começou a tocar. Não era nada que Lena reconhecia, mas Kara a aguardava, com a mão esticada.
― É de Krypton ― Falou a loira e Lena aceitou, permitindo que a loira a envolvesse em seus braços. Lena deixou seus braços em volta do pescoço de Kara, enquanto a loira tinha os dela ao redor de sua cintura. Com a cabeça recostada no ombro da loira, Lena fechou os olhos ― Era um pouco diferente a forma que dançavam, mas desde que aceitou esse encontro, eu passei a pensar nos meus pais dançando ela em nossa sala. Era algo que eles faziam quando esperavam que eu estivesse dormindo, mas parecia tão pacifico. ― Compartilhou a loira ― E agora eu entendo, estou em casa ― Confessou baixinho.
Lena levantou um pouco a cabeça e lentamente aproximou seus lábios aos de Kara. Abaixou a cabeça e fechou a distância entre elas, iniciando um beijo suave. Apenas aquele toque leve de reconhecimento. Sentindo a textura e o movimento dos lábios de Lena nos seus, Kara continuava balançando com suavidade.
Flashback OFF
― E foi isso nosso primeiro encontro ― Lena encerrou.
― Não acredito que mentiu para mim naquele dia, sua kryptoniana de araque ― Alex estava realmente indignada ― E um dia antes daquela noite de jogos, por isso que a Lena sabia exatamente quando você ia chegar naquela noite, vocês já estavam de rolo.
― Eu não ia dizer que estava saindo para um encontro com Lena, Alex, eu nem sabia se ia sobreviver àquela noite ― Kara confessou ― Quase achei ser possível ter um infarto de tão nervosa que eu estava.
― E foi maravilhoso ― Lena suspirou apaixonada.
― Que lindas ― Sam suspirou junto da amiga, apaixonada por aquela história de amor.
― E as fanfiqueiras surtam ― Kelly pontuou sabiamente, sabendo o quanto Nia e Brainy surtariam quando soubessem de tudo.
― Olha Sam, o professor Jackson parece cheio de amor para dar ― Lena provocou divertida.
― Lena! O foco não é minha vida amorosa inexistente e sim a história de vocês ― Sam riu abertamente, junto das outras meninas.
― E essas mocinhas ainda têm muito que explicar ― Alex cruzou os braços.
― Relaxa sis, ainda temos muito tempo ― Kara riu abertamente.
― Enquanto estávamos naqueles desafios malucos dos totens, eu e Kara aprendemos a ser mais sinceras uma com a outra ― Lena continuou ― Durante a loucura do totem da Humanidade, Kara me deu um empurrão para começar a utilizar o livro de feitiços da minha mãe.
― Ah, empurrão é pouco, eu quase joguei você dentro do livro e mandei você ir lá e fazer ― Kara riu divertida.
― Eu ainda não tinha a menor ideia do que eu estava fazendo e não tinha segurança nenhuma naquilo, ou melhor, eu acho que ainda nem acreditava na possibilidade de ser mesmo uma bruxa, eu tinha medo das minhas habilidades ― Lena suspirou ― Então Kara chegou se abrindo comigo, confessando como ela se sentia com Nyxly, como se sentia impotente porque não era capaz de lutar contra a magia e eu tinha algo do qual ela não podia fazer para detê-la.
― De fato, eu não tinha como lutar com Nyxly, de forma alguma ― Kara suspirou ― Eu forcei muito a barra naquele dia e sei disso, mas eu sabia da capacidade de Lena de ser incrível e apoiei ela como ela faria comigo.
― E naquele dia eu quebrei o cérebro da Nia ― Lena riu abertamente.
― Como? ― Sam tentou segurar a risada.
― Eu fiz o feitiço pela primeira vez e não deu certo, Nia não sabia mais diferenciar esquerda e direita e se esbarrou em vários locais antes de conseguir se manter de pé novamente ― Continuou contando enquanto as amigas riram novamente.
― Deve ter sido hilário ― Sam pontuou.
― E, foi ― Kara riu baixinho ― Mas eu estava tão focada em precisar deter Nyxly que não aproveitei o momento naquele dia. Eu queria ultrapassar um limite que não costumo ultrapassar e Lena quem me segurou aquele dia ― Sorriu levemente.
― Nessa loucura do totem da Humanidade também foi quando conhecemos Esme ― Alex continuou a contar ― Ela tinha sido escolhida por um casal, é uma criança alienígena e, no meio da loucura a mulher descobriu como poderiam funcionar os poderes dela, então eles deixaram-na do lado de fora da casa e a fizeram de segurança ― A ruiva revirou os olhos realmente irritada.
― Não sei como alguém pode fazer isso com uma criança ― Kara resmungou.
― Nem eu ― Kelly retomou a palavra ― Mas depois disso, eu e Alex simplesmente nos apaixonamos por ela ― Suspirou apaixonada.
― Ela é realmente muito fofa ― Samantha sorriu compreensiva.
― E descobriu minha identidade secreta em dois segundos ― Kara riu abertamente.
― E ainda diz que óculos e rabo de cavalo são um ótimo disfarce ― Lena provocou a loira.
― Amor? Fã ou Hater? ― Kara fez beicinho.
― Amor da sua vida ― A morena respondeu dando uma piscadela e sorriu quando sentiu Kara selar seus lábios com carinho.
― Melosas ― Alex resmungou ― Esme descobriu sobre Kara por causa dos poderes dela, só isso ― Deu de Ombros.
― Certo, por onde continuamos? ― Lena pediu uma direção para as amigas.
― Que tal como começaram a namorar? ― Kelly sugeriu, também estava realmente curiosa com toda aquela loucura.
― Isso aconteceu no meio da loucura com o totem dos sonhos ― Kara sorriu, relembrando aqueles momentos.
Continua...
Notes:
E então meu povo, tão vivos?
Alguem esperava a Lena recuperando ja a memória?
Alguem esperava por essa casa?
O que vcs acharam desse capitulo?
Esperando ansioso pelos vossos comentarios
Chapter 3: Você é minha super-heroína
Notes:
Oi Pessoal, tudo bem?
Estão se cuidando? Tomaram as 3 doses direitinho?
Bia pediu pra eu reforçar que vcs vão precisar de insulina
Então, temos avisos, ERA MINI FIC, do verbo não é mais essa história ahahahah
Agora vamos aos agradecimentos: obrigado a todos que comentam e favoritam. É nosso reconhecimento como autores e que nos fazem saber q vcs tão curtindo. Então super obrigado por tirar uns minutos para ler e nos deixar saber que gostam do nosso trabalho.
Pessoal, ultimo aviso, cuidado com o local. Capitulo pode causar surtos e crises glicemicas. Boa leitura a todos.
E essa fic é para a Bestie Warner BR
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
Kara sorriu enquanto olhava para Lena, lembrando do início do namoro delas. Nia estava tentando conquistar o totem dos sonhos, enquanto tantas outras coisas aconteciam ao mesmo tempo.
Lena segurou a mão de Kara na sua, também sorrindo. Então, a morena assentiu para a esposa contar para as amigas aquele momento que foi tão delas.
Flashback ON
Aquele não havia sido um dia fácil para ninguém, Nia tinha lutado para conseguir o totem dos sonhos e havia falhado, Kara sentia que seu time havia começado a colecionar falhas, ou melhor, ela mesmo estava colecionando falhas devido a sua tentativa de ter uma vida dupla, nunca foi fácil, mas agora parecia ainda mais difícil.
Sem saber exatamente o que fazer ou para onde ir, Kara apenas deixou seu corpo lhe guiar até a cobertura de Lena. O som de botas batendo na sacada chamou a atenção da morena. A loira tinha o olhar triste e ela soube naquele segundo que ela precisava de um abraço e talvez uma boa conversa.
― Quer conversar? ― Indagou abrindo a porta.
― Me abraça ― Pediu e se rendeu a dor que estava sentido por abrir mão de ser uma jornalista. A CatCo que havia sido uma de suas âncoras por tantos anos agora não estaria mais em seus dias. ― O mundo precisa da Supergirl, não de Kara Danvers ― Confessou baixinho.
Aquilo parecia ser o suficiente para Lena entender, Kara estava sofrendo, não haviam palavras capazes de alcançá-la naquele mesmo segundo. Então, a morena puxou sua heroína para dentro, deu um comando para sua assistente pessoal realizar um grande pedido de hambúrgueres e potstickers e puxou a loira para o banheiro.
Ainda em silêncio, a morena encheu a banheira e com toda calma, ajudou a loira a despir o traje e depois, entrar dentro da água morna. Com uma esponja, Lena estava ao lado de fora da banheira e esfregava as costas de Kara com cuidado, buscando uma forma de ajudar a loira em sua mente.
― Eu estarei aqui, sempre, para a minha Kara ― Lena sussurrou ― O mundo anda uma loucura, eu entendo, Kar, ele precisa da Supergirl. Mas eu preciso da minha Kara. Alex precisa da irmã dela e Esme de sua tia favorita. Nem sempre nós podemos colocar o mundo acima de tudo, mesmo sendo uma heroína gostosa, o importante é o que você precisa, meu amor.
Porém, a loira ainda não lhe respondeu naquele mesmo momento. Lena apenas suspirou baixinho e ajudou Kara a terminar o banho, deixou ela vestir um de seus moletons impregnados com seu próprio cheiro e pagou o entregador quando ele apareceu em sua porta.
Com duas porções generosas de potstickers e alguns hambúrgueres a frente delas, a morena serviu loira com cuidado, fazendo uma pequena brincadeira delas sobre não pegar um potsticker com a mão e ela se sentiu melhor ao ver a loira rindo pelo menos um pouco e deixou ela comer o quanto quisesse, não seria capaz de pressioná-la para continuar falando, porque entendia aquela situação.
― Eu pedi demissão da CatCo ― Kara confessou pouco depois de terminar o seu segundo hambúrguer, elas já haviam comido todos os potstickers e agora atacavam as batatinhas fritas que vieram junto com os hambúrgueres.
― Oh ― Lena estava realmente surpresa com aquele pequeno fato, porque sabia o quanto Kara amava ser uma repórter.
― Eu não consigo mais conciliar ser Kara Danvers e Supergirl, não com uma ameaça tão grande quanto Nyxly ― Suspirou sentindo-se realmente cansada ― Kara Danvers desapareceu ― Confessou ― Primeiro, pelo tempo presa na Zona Fantasma e, agora, por causa de Nyxly. Eu tenho estado tão ocupada tentando correr atrás dos totens, tentando passar nesses malditos desafios que, às vezes, não fazem sentido algum. No meio de tudo isso, Kara Danvers se perdeu, ela ficou completamente ofuscada pela Supergirl e, Andrea tem razão, eu não estou lá, eu quero estar, mas não posso e me sinto exausta de ter que inventar cada vez mais desculpas para minhas saídas no meio do expediente. Normalmente, eu lido bem com isso, porque no fim do dia, todas as matérias estão prontas, mas ultimamente… sequer consegui estar lá no horário da entrevista.
― Kara…
― É verdade, Lena, você sabe disso ― A loira suspirou novamente ― Uma vez, Cat disse que podemos ter tudo, mas não podemos ter tudo ao mesmo tempo. Eu amo ser uma repórter…
― É parte de quem você é ― Lena lhe complementou e viu a mulher assentir calmamente.
― Mas agora, não posso ser a repórter que eu sou, porque preciso ser a Supergirl. O mundo precisa de mim ― Suspirou ― Eu não consigo mais Lena, trazer a harmonia que eu costumava ter, não consigo conciliar Kara Danvers e Supergirl, há esse conflito dentro de mim mesma e eu não sei como resolvê-lo.
― E, tudo bem ― Lena sorriu compreensiva, trazendo os olhos azuis para si ― Não é fácil viver uma vida dupla e não há muito a dizer para fazer você se sentir melhor, porque eu não tenho como saber exatamente como se sente, mas eu estou aqui com você e vou apoiá-la em todas as suas decisões.
― Obrigada, Lee ― Kara sorriu levemente, pela primeira vez naquela noite.
― E também prometo não deixar você se perder dentro de si mesma ― Levantou o seu mindinho para agarrar o da loira e sorriu abertamente ao sentí-la lhe abraçar mais uma vez, se aconchegando em seus braços como uma criancinha em busca de apoio, ela não se importava nenhum pouco de ser aquele apoio.
Elas ficaram naquela mesma posição em silêncio por mais algum tempo, presas em seus próprios pensamentos, às vezes, um tanto confusos. Então, Lena se lembrou das palavras da loira, de como a vida era apenas um sopro e era direito delas aproveitar cada minuto juntas.
― Kara? ― Lena chamou baixinho pela heroína e riu baixinho ao ouvir o resmungo da loira contra seu pescoço ― Vamos, cadê a senhorita? ― Chamou novamente e sorriu amplamente quando viu os olhos azuis mais uma vez, apesar deles estarem avermelhados, isso não diminuía a beleza daquele azul ― Aí está você, adorável ― Seu sorriso aumentou quando viu a loira ficar corada.
― Lee! ― Resmungou baixinho, querendo se esconder novamente, mas a morena não permitiu.
― Deseja ser minha namorada? ― Disse de uma vez só, pegando Kara completamente de surpresa, ela não esperava por aquele pedido, aliás, ela tinha feito planos para pedir Lena em namoro de uma forma fofa e bonitinha, mas ali estava ela, lhe surpreendendo mais uma vez, sua namorada.
― Sim ― Kara tratou de responder logo ― Será uma honra namorar a Luthor mais linda do multiverso ― Confessou em um tom mais confiante, arrancando uma risada da morena que logo depois selou seus lábios em um beijo carinhoso.
Flashback OFF
― Não foi cheio de preparos, ou atos mega românticos, mas foi a nossa cara ― Kara finalizou a história, suspirando apaixonada.
― Me lembro o quanto você ficou arrasada por ter pedido demissão ― Alex pontuou calma.
― Eu não encontrei outra solução, aquilo foi necessário ― A loira deu de ombros.
― E, depois daquele dia, entramos em uma loucura ainda maior, Lex voltou do inferno para nos perturbar ― Lena revirou os olhos.
― Ela quis dizer do futuro, Sam ― Kelly explicou rapidamente, colocando a castanha a par de tudo.
― Isso ― Lena deu de ombros ― Dá no mesmo ― Suspirou ― E, minhas emoções influenciam a minha magia, aquela foi a primeira vez que eu quis machucar alguém de propósito, por isso eu pedi para deixarem minha magia de fora daquela loucura do totem do amor.
― Mas a Kara não deixou ― Alex se lembrava daquele detalhe.
― Acima de tudo, eu sempre confiei em Lena e em suas habilidades com a magia, eu tinha medo de perder a minha humanidade se usasse o totem da humanidade contra Nyxly sem qualquer tipo de proteção, então eu convenci Lena a fazer um feitiço e me proteger ― Sorriu levemente.
― Como ela conseguiu convencer essa cabeça dura aqui? ― Sam estava realmente fascinada.
― Apenas com a verdade ― Kara resumiu da melhor forma ― Eu confiava nela com a minha vida, isso era um fato, mas faltava ela acreditar um pouco mais em si mesma. Eu pedi a ela para usar a magia e me proteger e, principalmente, pedi para ela deixar o medo ir embora, eu sabia que por muito tempo o Lex foi a única família dela, por isso ele conseguia entrar tão facilmente em sua mente, quando envolve sua própria família, é complicado ― Suspirou baixinho ― Mas Lex já não era sua família naquele momento. Eu era sua família, não só eu, como Alex, Kelly, Esme, J’onn, Nia, Brainy, nós nos tornamos a família um do outro e ela já não precisava mais ter medo de si mesma, porque sempre estaríamos ali para lhe apoiar.
― Por causa de Kara me tornei uma bruxa melhor, foi quando finalmente deixei as minhas emoções de lado e foquei nos meus feitiços, em ser melhor para ajudar a minha família ― Sorriu levemente.
― E ainda me pergunto como não notamos essas duas namorando desde aí ― Kelly resmungou.
― Ah, mas elas são boiolas uma pela outra desde sempre? ― Alex pontuou certa e divertida ― Se fosse para julgar por suas ações, elas estariam namorando desde quando se conheceram.
― Alex! ― Kara resmungou ficando com as bochechas vermelhas.
― Preciso concordar com a Alex ― Sam pontuou ― Lena vivia falando da Kara, era quase impossível às vezes ― As meninas riram abertamente.
― Sabe, não foi só isso que marcou aqueles dias da loucura do totem do amor ― Kara suspirou baixinho ― Quando eu vi a Alex pedir a Kelly em casamento, isso me fez ver como eu também queria aquilo. Ter uma família e, com Lena, tinha que ser ela. Afinal, é a minha heroína pessoal ― Brincou divertida ― Lena sempre me impediu de perder uma grande parte de mim mesma e me protegeu até de mim quando foi preciso.
― Ah, mas você protege o resto do mundo todo ― A morena pontuou com as bochechas avermelhadas ― E ainda me tirou da minha zona de conforto e me fez usar minha magia, naquele dia, fazer isso e controlar minhas emoções, me fez perceber que Lex já não poderia dominar a minha vida.
― E nós brindamos a isso também ― Kara pontuou divertida ― Foi uma boa comemoração.
― Ok, isso ainda não explica como as senhoritas resolveram se casar na Irlanda ― Sam pontuou, certa do que dizia.
― Ah, isso envolve uma história um pouco maior, Sam ― Lena suspirou baixinho ― Tudo começou quando Lilian morreu, ela me disse que já sabia sobre minha verdadeira natureza, ela sabia de tudo, sempre soube ― Apertou a mão de Kara contra a sua.
― Tudo começou no casamento da Alex e da Kelly ― Kara sorriu levemente.
Flashback ON
Tudo havia sido preparado com esmero. Olhando para as flores e as mesas, à disposição das cadeiras e do altar, o casamento de Alex e Kelly estava precioso como o relacionamento delas. Tudo parecia no lugar, tudo parecia certo.
Kara suspirou. O que não estava certo era outra coisa. Não era falta de amor entre as duas noivas. Não era a daminha de honra, a filha delas e estava longe de ser os convidados. Então, o que estava errado? Ela já sabia, mas não queria admitir para si mesma, porque dar aquele passo requeria muita coragem e a verdade era, Kara estava aterrorizada.
A canção que saiu de seus lábios ao lado de Winn foi uma escolha deles, talvez um pouco diferente do esperado, quase uma referência a quem ela um dia foi?
Ela passou a festa olhando sua namorada, Lena estava incrivelmente linda naquele conjunto roxo, os cabelos soltos e aquele batom contrastava perfeitamente com os olhos verdes. Ninguém pareceu perceber a heroína suspirando apaixonada enquanto cantava, ou enquanto ouvia os perfeitos votos de Alex e Kelly, mas quem não ficou encantado com essa parte? Ela teria uma desculpa fácil. Ainda assim, ela estava sempre admirando sua morena, quase gritando ao mundo como finalmente elas estavam juntas, porém, elas haviam combinado de continuar daquele jeito, vivendo seu amor em segredo, porque ele era só seu e elas tinham medo de alguém vir e estourar a bolha na qual tinham se metido.
Haviam sido longas batalhas. Nyxly, Lex, Lilian e a Zona Fantasma. Foram tantas coisas dentro de apenas um ano e agora, um casamento. Kara olhou para a família da irmã e depois para Lena, sentindo o momento em seu peito. Cat Grant havia ligado perguntando porque Kara ainda não havia assinado seu novo contrato de trabalho como editora chefe da CatCo. Porque não havia assinado?
Cat entendeu nos primeiros 10 segundos da conversa, ela sabia de tudo, sempre soube e, conhecendo Cat Grant, ela havia dito exatamente aquilo que Kara precisava ouvir e não o que ela desejaria ouvir. Era incrível como Cat sempre conseguia ser bruta e ao mesmo tempo amiga, ela não tinha muita paciência com nenhuma pessoa, mas sempre tinha um conselho amigo para dar e o conselho da vez era algo no qual Kara vinha pensando há algum tempo, porque seus discursos de esperança valiam para todos menos para ela mesma?
Era uma boa pergunta.
― Hey, Kar ― Lena chamou pela loira assim que a encontrou, sentada na mesa mais afastada da festa.
― Hey… ― O tom de Kara não era nenhum pouco animado.
― Onde esteve? Está perdendo toda a diversão ― Lena sorriu animada e se sentou de frente para a namorada ― Nia pegou o buquê, usando os poderes dela ― Riu baixinho ― E, você? Precisou ir resgatar alguém? Não tirou nem uma folguinha no casamento de sua irmã? ― Brincou ainda sem notar a expressão um tanto confusa? Ou seria triste? Ou preocupada? A morena teve dificuldade em interpretar em um primeiro momento, mas se lembrando de tudo, ela percebeu, Kara estava sobrecarregada com alguma coisa ― Tudo bem, o que houve? ― Indagou, trazendo toda a sua atenção para a heroína.
― Eu deveria ser a pessoa mais forte da Terra, mas agora, acho que sou a mais fraca ― Kara pontuou, certa daquilo.
― Como? ― Lena tentou chegar ao mesmo paralelo da loira.
― Srta. Grant, óculos… ― A loira parecia até um tanto confusa em suas próprias palavras ― Eu faço discursos de esperança e encorajo as pessoas a viverem suas vidas da melhor forma possível, mas ela está certa. Eu tenho muito medo de viver a minha própria vida.
― Isso não é verdade…
― É sim ― Kara sorriu triste ― Minha vida inteira eu me escondi atrás desses óculos, ele ficou no meio de cada emprego que eu tive e de cada coisa que eu queria fazer, cada relacionamento, cada amizade ― Apontou para a morena lembrando de todas as coisas entre elas por causa de seu segredo ― Eu acho que esconder quem eu sou é a razão pela qual eu não passei no teste da coragem, eu criei a supergirl naquela noite porque o pensamento de salvar Alex como eu mesma era aterrorizante.
― Kara, você passou a vida inteira tendo pessoas lhe dizendo quem você deveria ser e que se você não escondesse quem era de verdade, as pessoas poderiam se machucar e é difícil viver com esse peso em suas costas. Quando Lilian me contou sobre ter quase arrancado de mim a minha parte bruxa quando eu era criança, ou melhor, suprimido, eu me senti devastada ― Confessou ― Mas eu me senti dessa forma porque não pude crescer para ser quem eu deveria ter sido e eu acho que talvez seja o mesmo para você ― Levantou-se junto da loira para caminharem um pouco enquanto continuavam aquela conversa ― Para mim, sempre foi sobre proteger o nome Luthor, eu saí de tentar fazer esse nome o sinônimo de algo bom para tentar ser a filha da minha verdadeira mãe e estive sempre atrás de outra pessoa. Até Lilian me dizer a verdade, foi quando eu percebi que deveria viver a minha própria vida, longe da sombra dela e, finalmente, agora eu estou e é incrível ― Sorriu abertamente, pegando nas mãos da loira com carinho.
― Eu não sei como seria para mim, me conectar com alguém por inteiro ― Kara coçou a nuca ― De não ter medo de quem eu sou, ou dos meus poderes…
― Na verdade, você sabe, Kara ― Lena sorriu levemente ― Nós estamos juntas, não estamos? ― Ela tinha razão naquilo ― Primeiro, conheci Kara Danvers, a repórter que não era repórter ― Riu baixinho ― E, apesar do seu segredo, você sempre pôde conversar comigo sobre qualquer assunto. Então, tivemos aqueles problemas quando eu descobri pelo, você sabe, e depois disso nós entramos em um novo patamar e não havia mais segredos entre nós duas, De Kara Danvers a Kara Zor-El, pense um pouco, como se sente sobre isso?
― Incrível ― Sorriu abertamente, mas seu olhar ainda parecia um tanto triste ― Tudo parece ser mais simples quando estamos juntas e também melhor.
― Porque você não precisa ter medo de quem é ― A morena fez a loira erguer a cabeça e limpou a primeira lágrima que viu escorrer pelas bochechas de Kara.
― Mas e se eu fizer isso e alguém se machucar por causa do meu segredo revelado? ― Aquele ainda era o seu maior medo.
― Kara, meu amor, você nem sempre vai poder ser a nossa salvadora ― Lena tinha um bom ponto ― Você tem uma luz incrível que inspira as pessoas a brilharem por si mesmas, essas são suas palavras, não minhas e, se alguém vier e tentar mexer conosco, nós vamos derrotá-lo, juntos, porque somos uma família, a sua família, El Mayara ― Sorriu abertamente e acolheu a namorada em um abraço apertado quando ela começou a chorar ― Está tudo bem, Kara ― Acariciou as costas da loira com carinho para logo depois deixar elas se afastarem um pouco, Kara segurava seus óculos na mão.
― Lee, de todos os amigos que eu tive, você foi quem mais me trouxe de volta quando eu quis ir além dos meus princípios, você me desafiou diversas vezes quando ninguém mais foi capaz de bater de frente comigo porque eu sou a Supergirl. Você me fez ser a melhor versão da Supergirl, trazendo meus pés ao chão ao lembrar que não sou nenhuma deusa e como tal não podemos brincar com coisas que podem trazer consequências desastrosas para a população, aquele discurso só foi possível por sua causa. Também, me fez ser a melhor versão de Kara Danvers, eu não sabia o que fazer com a minha própria carreira e, você, me colocou nos trilhos para ser repórter, sempre foi você ― Acariciou o rosto da morena com carinho ― E, agora, eu quero ser a minha melhor versão de Kara Zor-El, por mim, por você, por todos os nossos amigos e, principalmente, para nós duas ― Encostou sua testa na da morena com cuidado e sorriu ainda encarando os olhos verdes logo a sua frente.
― Você já é sua melhor versão, Kar ― Lena lhe lembrou com um sorriso ― Com suas palavras, com sua amizade, com seu amor, nos tornou pessoas melhores, me fez uma pessoa melhor, obrigada, meu amor ― Confessou baixinho e, naquele momento, nenhuma das duas se importou se elas seriam vistas, Kara se aproximou um pouco mais de Lena e selou seus lábios com carinho em um selinho simples, mas cheio de significado, aquele era apenas o começo de mais uma etapa de suas vidas.
― Kara? Lena? ― Nia chamou pelas duas pouco depois delas se separarem ― Alex e Kelly já vão, venham.
As duas sorriram uma para a outra e caminharam de mãos dadas onde todos lhes aguardavam, elas viram as recém casadas se aproximarem e ficaram bem pertinho de Esme, afinal, agora Lena era madrinha da garotinha e como sua primeira tarefa especial de madrinha, ficaria encarregada de ajudar Kara a cuidar dela enquanto as recém-casadas aproveitavam de sua Lua-de-Mel nas Maldivas.
― Depois de colocar tudo nos eixos, o que acha de irmos até a Irlanda? ― Kara ofereceu enquanto caminhavam com Esme até o carro de Lena, Kara segurava a garotinha adormecida em seu colo e segurava a mão da morena com a mão livre ― Seria muito bom conhecer sua terra natal e, podemos encontrar algumas respostas para você, sobre sua magia, sobre como pode melhorar.
― Parece ótimo para mim ― Lena sorriu abertamente e beijou a bochecha de Kara com carinho antes de abrir a porta do carro para entrarem, iam ficar aqueles dias na cobertura da morena.
Flashback OFF
― Então, eu larguei a minha filha inocente com vocês duas em clima de Lua de mel? ― Indagou Alex, incrédula
― Nós cuidamos muito bem da sua filha ― Kara retrucou, fazendo beicinho.
― Se a gente soubesse que vocês também precisavam de um tempo, teríamos deixado Esme com a mamãe ― Alex lamentou, querendo se desculpar.
― Você não se atreveria a tirar nosso momento com a minha afilhada ― Lena a olhou séria ― Foram dias incríveis e fez toda a diferença para a gente.
― Como assim? ― Kelly quis entender aquela loucura.
― Sentimos que queríamos nossa família ― Kara deu de ombros sem lembrar do ferimento e fez uma careta quando sentiu um pouco de dor ao fazer o movimento.
― O que?! Estão grávidas? ― Sam perguntou, provocativa ― Vamos ser tias?
― SAM! ― Lena resmungou ― Eu só casei.
― Só casou e está pensando em filhos pro ano que vem? ― Sam perguntou em tom de zueira e Kara e Lena acabaram corando ― Vamos ser tias, meninas, em breve.
E todas riram.
― Quem pode nos culpar? A Esme é aquela coisinha fofa, linda, cheirosa, maravilhosa que tem aqueles olhinhos perfeitos e…
― E pode conseguir qualquer coisa com vocês duas, sabemos ― Alex riu abertamente ― Mas Lena, não é para comprar uma loja de brinquedos para nossa filha no próximo aniversário dela, e não pense em roubar a minha filha, Kara Danvers Luthor ― Seu tom de voz era sério.
― Eu só comprei uma sorveteria para ela e Kara ficarem seguras quando quiserem tomar sorvete ― Lena deu de ombros ― E Ruby também pode aproveitar e levar os amigos para tomarem sorvete lá também.
― Vai comprar uma balada para ela quando ela fizer 16 anos? ― Alex indagou como se fosse um completo absurdo.
― Ah, eu pensei em um Mustang, Alex, é mais legal e funcional também, mas eu posso dar os dois ― Lena colocou a mão no queixo realmente pensativa ― Inclusive, o que acha Sam? Termos uma balada para a Ruby ir e sabermos que ela estará segura.
― Lena, entenda, nenhum adlescente quer ir na balada da tia rica, eles querem sexo e rock in roll, não a gente sabendo quem eles estão beijando ― Sam pontuou divertida ― Parece que nunca foi adolescente Lutessa.
― Argh, posso comprar o parque aquático ou o aquário, então? ― Sugeriu.
― Não, Lena! ― Sam, Kelly e Alex disseram juntas ― Você não precisa comprar nada ― Kelly explicou em seguida, mais calma ― Escolhemos você como madrinha porque gostamos de você, não porque você é rica e pode comprar National City inteira.
― Fale por você ― Sam e Alex brincaram erguendo suas garrafas de whisky especiais.
― Interesseiras ― Kara resmungou fazendo beicinho.
― Falou a que ganhou uma empresa multimilionária de presente ― Alex resmungou abertamente.
― Eu não ganhei ― Kara resmungou.
― Mas eu comprei só por sua causa, Kar ― Lena pontuou.
― Lee! ― Kara resmungou ficando com as bochechas vermelhas.
― Lena, só, pare de comprar estabelecimentos porque na maioria das vezes nenhum deles é útil ― Alex lhe lembrou.
― Na verdade, alguns dão bons lucros ― Lena deu de ombros pensando em seu cassino em Las Vegas ― Mas ok, então ninguém vai querer ir passar nossas férias em família, que eu estou arrumando com a Jess de ajustar todas as agendas, na minha nova vinícola na Itália?
― Você comprou uma vinícola na Itália? ― Kelly estava surpresa.
― Quando são nossas férias mesmo? ― Alex se exasperou.
― Se você não me levar eu nunca mais falo com você, Lena ― Sam ameaçou a amiga.
― Por Rao, olha as amigas que você foi encontrar, amor ― Kara brincou divertida.
― Uma delas é, literalmente, sua irmã, Kar ― Lena riu abertamente enquanto as meninas perguntavam mais sobre a vinícola.
― Detalhes amor ― Kara riu baixinho.
― Vocês estão fugindo do assunto de novo ― Kelly lhes lembrou ― Ainda nem chegamos no ponto onde vocês misteriosamente decidiram se casar e na Irlanda ainda por cima.
― Kara tinha dito que vocês iam atrás de alguém para ajudar Lena com seus poderes de bruxa, só isso ― Alex resmungou.
― Mas essa era a ideia inicial ― Kara deu de ombros.
― É que a sua irmã é meio doidinha, Alex ― Lena brincou.
― Ei! ― Kara fez biquinho novamente, mas dessa vez, a morena beijou-o com carinho, arrancando um sorriso bobo da kryptoniana.
― E você é doida igual né? ― Sam riu da amiga ― Já que aceitou.
― Kara tinha um bom ponto ― Lena se lembrava daquele dia.
― Ou ela lhe prometeu uma boa sobremesa né ― Sam provocou vendo as duas ficarem vermelhas novamente.
― Ew! É a minha irmãzinha, gente ― Alex reclamou.
― Só, continuem a história ― Kelly pediu.
Flashback ON
Era seu terceiro primeiro dia na CatCo, mas daquela vez era diferente, não havia mais um grande segredo pairando entre ela e todos os funcionários ou sua chefe. Ela não precisaria dar uma desculpa esfarrapada se precisasse sair no meio do expediente e nem fingir estar ao telefone quando Alex ou Brainy lhe chamassem pelo ponto em seu ouvido. E, por todos esses motivos, Kara estava nervosa, era a primeira vez que ela enfrentaria o mundo como Kara Zor-El, sem precisar esconder quem realmente era, sem seus óculos tão típicos e sem a possibilidade de voltar atrás.
Quando a heroína chegou ao prédio, ela sentiu todos os olhares voltarem para si e os cochichos começaram em seguida, ela conseguia ouvir a conversa dos seus colegas de trabalho, todos pareciam ter uma opinião e todos pareciam esquecer da capacidade da loira de ouvir cada um deles. Ela respirou fundo esperando o elevador parar em seu andar e suspirou baixinho, sabia que tinha muito a enfrentar agora.
Ao entrar no andar da Catco, novamente todos os olhares voltaram-se para si e ela quase levou uma das mãos para arrumar os óculos em seu rosto como fazia quando ficava nervosa em alguma situação, até se lembrar da ausência deles, ela ainda estava se acostumando com aquilo. Cat Grant já lhe esperava na porta de sua sala, normalmente, a heroína chegava primeiro, mas precisou parar no meio do caminho para ajudar uma senhorinha a carregar compras pesadas demais para ela.
Elas sorriram uma para a outra e Cat lhe indicou o caminho para dentro de sua enorme sala de CEO.
― Bom dia, Kira ― A Srta. Grant tinha um tom divertido nos lábios e a heroína apenas riu baixinho.
― Vou começar a pensar que gosta de mim, Srta. Grant ― Kara devolveu a brincadeira ― Bom dia, chefe.
― Pronta para começar no seu novo cargo? ― Sorriu animada ― Estávamos esperando você chegar para começar a primeira reunião.
― Desculpe o atraso, precisei ajudar uma senhorinha no caminho até aqui ― Explicou simples ― Podemos começar, já que seus funcionários já estão cochichando sobre mim ― Suspirou baixinho, passando a mão na nuca.
― Normal, não estão acostumados a trabalhar com a Supergirl, Kira ― Cat sorriu compreensiva.
― Hm, na verdade, nós trabalhamos juntos há anos, eles só não sabiam quem eu era ― Explicou simples ― Agora eles sabem e estão conscientes de estarem trabalhando com a heroína deles. A heroína deles é uma colega de trabalho que sempre foi atrapalhada, é inacreditável.
― Não vai ser sempre assim, eu prometo ― Cat manteve o tom compreensivo ― Agora vamos lá ― A loira mais velha chamou seus repórteres para sua sala enquanto Kara tirava o próprio bloquinho de papel de sua bolsa e uma caneta e esperou pacientemente.
Nia foi a primeira a entrar na sala e sorriu animada ao ver a amiga ali, ela sentia falta da presença de sua mentora. As duas se cumprimentaram com sorrisos cúmplices e um abraço rápido enquanto os outros repórteres olhavam as duas como se elas fossem alienígenas (não que elas não fossem) e ao mesmo tempo com certa admiração.
― Sejam bem vindos a nossa primeira reunião com a nova editora chefe da CatCo ― Cat começou ― Então, o que levaremos ao nosso público essa semana?
― Podemos começar falando sobre a nova companhia da Srta. Luthor, a Fundação que leva seu nome, ainda não houve qualquer matéria exclusiva sobre isso ― Nia sugeriu.
― National City passou por muitas mudanças no último mês, os cidadãos precisam saber das últimas atualizações, a Fundação Lena Luthor, o novo Departamento de Operações Extranormais e o centro de atendimento para pessoas LGBT da Dreamer, cada uma dessas novidades pode render uma matéria de capa para a CatCo e passaremos por diversas áreas diferentes fazendo isso ― Kara começou a explanar o seu ponto ― Com a Fundação Lena Luthor poderemos falar sobre educação de qualidade para as crianças e sobre ofertas de cuidados de saúde mais acessíveis, como Lena pretende trazer tudo isso à população. Com o novo DEO, podemos falar sobre segurança para todos, humanos e alienígenas e, com o centro da Dreamer, podemos falar sobre inclusão social de pessoas que são discriminadas diariamente.
― Eu gosto da ideia, Srta. Danvers ― Cat sorriu animada, sabia que não havia errado em trazer Kara de volta a revista.
― E quando vamos falar sobre a questionável ética da nossa própria editora chefe? Todas as suas matérias foram escritas com alguém parcial ― Um dos jornalistas pontuou e Kara apenas respirou fundo, ela vinha ouvindo aquele tipo de murmúrios pela CatCo desde o momento em que chegou e ela precisava responder a altura.
― Toda matéria é parcial, cada um de vocês tem uma opinião sobre os fatos narrados por vocês e todos trazem isso para suas matérias, de forma consciente ou não ― Cat cortou aquele discurso ― Já não há jornalismo sem viés, sem o peso de suas vivências e de seus pensamentos. Eu não quero uma revista sem posicionamento, precisamos mostrar o nosso ponto de vista aos nossos leitores, defender aquilo que achamos justo.
― Mas Kara e Lena são amigas ― Continuou e Kara quase sentiu vontade de corrigir o rapaz e lhe dar um pequeno update, Lena agora era sua namorada ― E, mesmo assim, Kara escreveu diversas matérias defendendo ela, sendo parcial a ela.
― O que você está tentando sugerir sobre Lena? ― Kara não ia ficar calada diante daquela fala e sequer percebeu quando se aproximou do rapaz, mas Nia foi rápida em puxar a amiga de volta ao seu lugar.
― Veja, nós sempre soubemos que as duas eram amigas ― Cat cortou novamente, tentando amenizar os ânimos, porque desconfiava dos sentimentos de sua funcionária pela Srta. Luthor ― E foi com base nessa amizade que a CatCo sempre pôde contar com uma opinião diferente sobre ela, completamente desvinculada do viés negativo que o sobrenome Luthor trazia para nós.
― E as matérias sobre a Supergirl? Kara chegou a entrevistá-la para uma matéria, o quão hipócrita uma pessoa pode ser? Entrevistando a si mesma? Que tipo de jornalismo é esse? ― Riu sarcástico.
― Kara pode ter entrevistado a si mesmo uma vez ou outra, mas isso nunca foi uma regra ― Cat perdeu a paciência com aquele jornalista ― Mas ela nunca escreveu diretamente sobre ela mesma, dizendo ser boa, ruim ou imparcial e acredite, eu li cada matéria dela ao longo dos anos ― Aquele pequeno fato surpreendeu a loira ― Todo repórter tem suas fontes e seus privilégios. Ser a heroína de National City faz dela a melhor fonte sobre uma cena do crime ou mesmo sobre um novo vilão e ela está certa em explorar isso, porque assim pode levar a verdade à população, ela tem acesso aos outros heróis como nenhum de nós tem e tem o direito de aproveitar isso. Agora, se vocês se sentirem desconfortáveis em trabalhar com ela por qualquer motivo, podemos conversar e tentar resolver, se não quiserem conversar e tentar chegar a um consenso porque agora a Srta. Danvers é a chefe de vocês, podem passar no RH e ir embora. Não estamos interessados nessa ladainha besta e sem sentido. Faremos as matérias sobre as novidades de National City e começaremos sobre a Fundação Lena Luthor, Kara vai conseguir uma exclusiva com Lena e eu quero os layouts de capa ainda hoje na minha mesa, fui clara?
― Sim, Srta. Grant ― Os jornalistas responderam juntos.
― Dispensados ― Ela ainda estava irritada e percebia-se isso claramente em seu tom de voz.
― Obrigada, srta Grant ― Kara agradeceu com um pequeno sorriso nos lábios ― Eu vou conversar com a Lena sobre a exclusiva, mas acho que Nia deveria fazer a entrevista e escrever a matéria.
― Oh, você nunca abriu mão de escrever sobre a Srta. Luthor ― Cat estava surpresa e ficou curiosa ao ver Kara fechar as portas de vidro novamente.
― Eu não seria imparcial escrevendo sobre ela ― Kara confessou ― Nia é minha pupila há meses, confio no trabalho dela.
― Nia e Lena também são amigas, Kira ― Cat observou ― Agora vai me contar o motivo, de verdade ― Cat pediu ― Eu acabei de fazer o maior discurso sobre poder ser parcial em uma matéria e você me vem com essa desculpa esfarrapada de não poder ser imparcial.
― Argh, você é muito boa ― Kara resmungou baixinho e ela até tentou arrumar uma desculpa para fugir daquela conversa, mas a cidade estava muito calma naquele dia.
― Não cheguei ao topo do mundo sendo medíocre ou na média, Kira ― Brincou.
― Eu e Lena não somos mais amigas ― Explicou daquela forma, tentando fugir de Cat ― Quer dizer, apenas simples amigas, somos melhores amigas, claro, mas não é…
― Você finalmente deu uns beijos na morena? ― Cat arregalou os olhos, completamente surpresa.
― Espera, o quê? ― Agora era a loira quem estava confusa.
― Por favor, Kira, todos conseguiam ver o quanto vocês se amam e eu não digo como amigas ― Pontuou, certa de suas palavras.
― Nós namoramos agora ― Kara confessou, por fim ― Mas ninguém sabe disso, nem mesmo Nia, minha irmã ou nossos amigos.
― Poxa, já ia quebrar o twitter, Kira ― Cat continuava se divertindo ― Uma Super e uma Luthor, já pensou na manchete?
― Cat, é segredo ― Kara pediu.
― Certo, certo, e posso perguntar o motivo? ― Indagou tranquila e curiosa.
― Muita coisa aconteceu nos últimos dias ― Kara começou por aquele ponto ― Derrotamos Lex e Nyxly, Lena está lidando com a L-Corp e a Fundação, minha irmã se casou e nós fundamos o DEO, eu, ela e J’onn e eu acabei de revelar quem realmente sou, Kara Zor-El. As pessoas não costumavam olhar para mim como olham agora, eu era apenas uma repórter comum…
― De comum não tinha nada Kara, suas matérias sempre foram excepcionais e você ganhou um Pulitzer e eu tenho certeza de que não será o único ― Cat explanou seu ponto de vista e a loira se surpreendeu ao ouvir seu próprio nome sendo pronunciado de forma correta.
― Mas não é a mesma coisa, Srta. Grant, desde que cheguei hoje as pessoas estão cochichando sobre mim, sem se lembrar como eu sou capaz de ouvir tudo, algumas pessoas estão surpresas, outras não acreditam ainda e muitas criticam ferozmente as minhas atitudes, porque minha fonte de informação sempre foi a Supergirl, eu sabia de tudo porque eu estava lá, porque eu lutei diversas vezes as batalhas que narrei nas minhas matérias, eu sempre fui parcial para mim mesma.
― Kara, ser a Supergirl sua fonte de informação não é errado, quando ela não é a única. Você sempre trouxe mais fontes, Dreamer, O Caçador de Marte, Sentinela, você tem o contato com esses heróis e está certa em trazer as informações deles para o público, é a melhor fonte. Mas ao mesmo tempo, muitas de suas matérias foram feitas com base em investigações que, inclusive, poderiam ter matado você, caso não fosse a Supergirl. Sequestrada pelo presidente, sequestrada pelos capangas do Agent Liberty, ameaçada por vilões, tentativas de assassinato falhas em cenas de crime, sequestrada até por aquela aberração de você mesma, se fosse apenas uma repórter a verdade teria sido enterrada com você ― Cat tinha razão em suas palavras ― Salvou Lena e outras pessoas mais de uma vez em diversas situações e trouxe a verdade a tona depois de tantas investigações que tiveram uma pequena ajuda de seus poderes, eu entendo. Você tem acesso ao presidente, aos grandes líderes, políticos e tudo isso por ser a Supergirl e como tal trouxe eles para a repórter. Nosso mundo não é justo, muito menos correto em muitos pontos, mas você tem o poder de mudar isso, onde ser um super herói não seja o motivo de falarem com você, mas ser um exemplo de moral e ética, sim. Trazendo a sua voz para a CatCo, ajudando a levar informação às pessoas, empoderando-as como seus discursos fizeram, estou lhe dando a oportunidade de dar uma voz a CatCo para formar um mundo melhor.
Kara não sabia como dar uma resposta para aquelas palavras, mas Cat tinha razão, ela tinha uma chance ímpar agora e precisava agarrá-la com sabedoria.
― Agora sobre você e Lena…
― Não Cat, não. Esme é minha sobrinha e afilhada de Lena e acima de tudo, apenas uma criança, eu não quero que ela crie expectativas. Estamos experimentando as coisas em nosso tempo e queremos os nossos amigos curtindo suas realizações sem essa novidade por enquanto. Ademais, Lena e Kara são só amigas para o mundo, Lena está fazendo grandes coisas para o sobrenome Luthor e eu não quero a influência do meu próprio nome sobre isso, ela merece conquistar as coisas por ela mesma, o mundo deve lembrar dela por quem ela é, não por ela ser a namorada da Supergirl. Além da possibilidade do preconceito por sermos diferentes, eu sou pansexual e Lena bissexual ― Kara comentou ― Além disso, gosto da ideia de poder jantar em paz com a minha namorada nas nossas poucas noites livres. Deixa a gente curtir mais ― Pediu a loira sorrindo tímida.
― Só se me prometer uma exclusiva quando decidirem tornar tudo público ― Cat propôs ― Eu entendo sobre a questão do preconceito e isso é algo que também precisamos quebrar neste mundo. Amor é amor e não deve ser julgado como infelizmente ainda acontece. Há muitas coisas a combater para termos um futuro melhor e não é a Supergirl que possui poderes para essas batalhas, mas Kara Danvers, a editora chefe da CatCo. Agora, Srta Danvers, ao trabalho ― Deu uma piscadela para a loira e deixou ela se retirar de sua sala.
{...}
Um mês, foi o tempo necessário para os funcionários se habituarem a trabalhar com a heroína da cidade e também para Kara conseguir fazer cada um deles obedecê-la como sua chefe. No início foi bastante difícil e ela precisou aguentar críticas pesadas sobre si, sua ética e suas ações, ela perdeu a conta de quantas matérias saíram criticando sua principal fonte de informações ser ela mesma e alguns dias, ela sentiu vontade de desistir, mas Lena sempre esteve com ela, conversando, lhe mostrando apoio e também não lhe deixando desistir.
Com o tempo, as duas ficavam cada vez mais íntimas uma da outra e se entendiam como ninguém mais seria capaz, Lena concordou com aquela exclusiva com a condição de ser Nia a lhe entrevistar ou ela temia não conseguir fazer a entrevista porque ia querer aproveitar o tempo com a namorada de outra forma e, ao mesmo tempo, Kara também preferia deixar Nia fazer em uma tentativa de diminuir as críticas contra si mesma.
A saga de reportagens sobre as novas instituições de National City foi um completo sucesso e Cat não poderia estar mais feliz com sua nova contratada e protegida, porque, sim, senhoras e senhores, Cat Grant utilizou suas próprias mídias para defender Kara diversas vezes.
Quanto ao relacionamento das duas, Kara já havia conversado com Lena sobre a possibilidade de contarem sobre elas para Alex, ela se sentia um pouco mal de ter que esconder um segredo tão importante de sua irmã e, convenhamos, esconder coisas das pessoas não era algo do qual a loira gostava de fazer, porém, sempre parecia surgir um imprevisto ou um problema e Kara nunca conseguia ficar a sós com a irmã por tempo suficiente para lhe contar e um dos combinados do casal era, contar primeiro a Alex e a Sam antes de revelar para os outros e Lena não havia conseguido conversar com a amiga também, as coisas pareciam uma loucura na L-Corp e na Fundação desde a reportagem da CatCo e elas estavam contentes pela boa reportagem, estava trazendo novos lucros para ela.
Era mais um dia de trabalho como qualquer outro, às vezes, Kara sentia-se cansada de tudo, saberem do seu segredo era bom, mas ao mesmo tempo lhe tornava o centro das atenções e, muitas vezes, ela gostaria apenas de passar despercebido, ainda mais agora quando as críticas pareciam aumentar a cada dia e os vilões não davam trégua para a Supergirl. Mas, o pior disso tudo, era conseguir ouvir cada maldito sussurro de crítica que era dito por suas costas na Catco, Kara gostava de conferir de perto se seus funcionários estavam trabalhando direito nas matérias designadas por ela e, muitas vezes, ela acabava pegando críticas no meio do serviço e isso estava começando a lhe irritar.
― Aquela Luthor pode estar fazendo coisas boas, mas o irmão dela também fez e olha onde fomos parar, olhe os estragos na cidade, ainda estão reconstruindo a estação de trem que eles destruíram com aquela loucura de totens. Quanto tempo até ela realmente enlouquecer? ― Aquilo havia sido demais para Kara, tanto que ela quase não percebeu quando suas mãos agarraram a mesa de vidro com mais força até o ponto dele estourar em suas mãos, fazendo o barulho ecoar pelo andar inteiro.
E, no entanto, não havia sido o suficiente, Kara sentia tanta raiva naquele momento que era como se ela estivesse perdendo seu próprio controle sobre seus poderes. Ela precisava se acalmar, sabia disso e ela tentou buscar algo para se acalmar, mas os murmúrios não paravam, seus funcionários perguntavam para si mesmos ou para os colegas de trabalho se ela havia enlouquecido e quando Kara ouviu a porta de vidro ao seu lado se abrir, a loira apenas olhou para baixo sem mais conseguir controlar sua visão de calor e utilizou-a contra suas próprias mãos, impressionando todos os que assistiam a cena como se ela estivesse em um maldito zoológico.
Cat Grant mandou seus funcionários irem fazer seus trabalhos e entrou na sala para tentar entender o que estava acontecendo, ela sabia das críticas, sabia das dificuldades de Kara naquela semana, com diversos vilões saqueando bancos, museus e até mesmo as obras públicas, dando muito trabalho para ela e Cat sabia reconhecer quando alguém estava sobrecarregado.
Tudo bem, a loira gastando sua visão de calor em suas próprias mãos ajudava bastante a dona da CatCo a ter certeza de sua opinião. Primeiro, Cat fechou as persianas da sala de Kara e deixou a loira terminar com sua visão de calor pacientemente, ela não queria acabar machucada pela heroína que agora parecia sem controle algum.
― Desculpa ― Kara pediu cerca de dois minutos depois enquanto sentia suas mãos queimarem, ela ainda tinha uma cura rápida, mas não era imune aos seus próprios poderes ― Desculpa ― Pediu novamente um pouco mais ofegante, enquanto focava sua audição nos batimentos cardíacos de Lena, ela precisava de algum apoio para se acalmar e Cat entendia isso.
― Está tudo bem Kara, é só uma mesa, acidentes acontecem ― Cat tentou tranquilizar a loira.
― Não sei se pode considerar um acidente a sua funcionária ter quebrado a mesa em um descontrole de seus próprios poderes ― Sorriu autodepreciativa.
― Eu contratei a Supergirl, é claro que isso é um acidente e até inclui esse tipo de acidente no seguro da CatCo, por precaução― Pontuou, quase divertida ― Quer me contar o que houve? ― Pediu.
― Todos os dias eu ouço eles falando mal de mim ― Kara suspirou baixinho, sem saber onde colocar as próprias mãos ou como aliviar a dor que sentia nelas ― E, tudo bem, eu falhei em pegar os caras saqueando o banco essa semana, é culpa minha eles ainda estarem soltos, e, de certa forma, eu me acostumei a ouvir eles duvidando de mim todos os dias ― Suspirou novamente ― Mas uma coisa completamente diferente é ouvir eles falando mal de Lena, eu senti tanta raiva que tive vontade de ir ameaçar aquele idiota e socar ele.
― Oh, ainda bem que não fez isso, ou eu teria que demiti-la por justa causa, Kara ― Cat explicou ― Você anda sobre muita pressão, revelou seu segredo, precisa lidar com a mídia sendo escrota com você, está escondendo seu relacionamento com Lena até mesmo de sua família, são muitas coisas ao mesmo tempo e, tudo bem não conseguir agarrar tudo agora.
― Eu não sei como fazer isso funcionar, Cat, eu estou cansada de sempre ouvir as mesmas críticas, não importa o que eu faça ― Suspirou realmente cansada ― E, eu não costumo perder o controle assim ― Mostrou suas mãos, deixando a chefe preocupada com o machucado ali.
― Na verdade você sabe, Kira, fez isso por um mês, manteve todos na linha e fez um trabalho incrível com suas quatro primeiras edições da CatCo como editora chefe ― Brincou com o nome da loira ― Apenas precisa ser um pouco mais dura com eles, mandar eles guardarem suas próprias opiniões é uma opção, lembrar que você consegue ouví-los, é outra e, normalmente, ignorar é a melhor saída.
― Mas eu não consigo ignorar quando eles falam mal de Lena, não consigo mesmo ― Suspirou cansada.
― Eu sei, porque você a ama e quer protegê-la ― Cat sorriu levemente ― Então não deveria deixar essas palavras mentirosas atingirem você também, porque você sabe da verdade e a verdade é o que realmente importa. E eu nunca aprovaria uma reportagem mentirosa feita para falar mal de Lena.
― Nem eu ― Kara suspirou novamente.
― Tudo bem, agora, eu vou mandar buscar uma nova mesa para você ― Cat trocou de assunto ― E, você vai cuidar dessas mãos e tirar umas férias.
― Ahn? Férias? ― Kara quase não acreditou naquelas palavras.
― Isso, Kira, férias, uma paisagem bonita, um lugar longe daqui e principalmente, com a sua mulher, você precisa desestressar e não vai conseguir fazer isso desse jeito ― Deu de ombros ― Ainda quero você como minha editora chefe e, principalmente, não quero precisar demitir você por ter batido em alguém porque falou mal de Lena.
― Tudo bem Srta Grant, obrigada ― Kara sorriu levemente.
― Agora, existe algum material que você não consiga quebrar? Porque eu já estou pensando seriamente em mandar fazer a sua mesa de um material diferenciado ― A mais velha indagou e Kara não conseguiu não rir da chefe.
― Eu não costumo perder o controle, Srta. Grant, mas se quiser uma dica, metal NTH é o mais resistente da Terra, nem eu consigo quebrá-lo ― Deu uma piscadela para a chefe e ouviu sua irmã lhe chamar no ponto ― Preciso ir, aqueles caras estão tentando saquear a Fundação da Lena ― Trocou suas roupas comuns pelo uniforme ― Obrigada Cat, eu prometo fazer bom uso das minhas férias e, se precisar, sabe como me encontrar ― Apontou para o relógio discreto da mulher, ali também havia um dispositivo para lhe chamar caso houvesse perigo.
Kara voou até a Fundação e encontrou Lena fazendo algum feitiço, seus olhos brilhavam em verde, típico de quando ela fazia magia e deixou os homens um tanto distraídos por não entenderem o que ela estava fazendo. Aproveitando a distração, Kara prendeu os três.
― Finalmente, peguei vocês ― Sorriu vitoriosa.
― Já era hora, Kara ― Lena sorriu animada, ela realmente estava fazendo um feitiço só para distrair os capangas, mas seu sorriso diminuiu quando viu as mãos machucadas da heroína ― O que houve?
― Depois eu explico, vou até o DEO e Alex vai cuidar delas, eu prometo ― Explicou rapidamente e saiu dali voando com os três capangas, deixou eles na delegacia e parou na nova instalação do DEO, era bem mais moderna e havia se tornado uma nova sede para os heróis, eles ainda utilizavam a Torre, mas ali tinham mais recursos ― Sis, preciso de ajuda ― Kara pediu quando chegou, para os agentes, ainda era um tanto estranho a diretora Danvers ser irmã da Supergirl, mas aos poucos eles estavam se habituando a isso.
― O que houve, Kara? ― Alex indagou rapidamente quando viu as mãos da irmã machucadas daquela forma ― E, porque não está curando?
― Perdi o controle dos meus poderes e usei minha visão de calor nas minhas mãos para não machucar ninguém ― Explicou calma ― Por isso não cura tão rápido, eu não sou imune aos meus próprios poderes.
― Vamos cuidar disso ― A ruiva suspirou baixinho e guiou a irmã até a ala médica, onde passou remédio nas mãos de Kara e as enfaixou ― Então, o que aconteceu para perder o controle? ― Indagou enquanto cuidava das mãos da irmã.
― Ainda ouvindo comentários ruins sobre mim, sobre a Lena, sobre o estrago dos totens ― Kara respondeu evasiva e mostrando sua chateação ― Ultimamente só ando tão cansada. Assaltos, ataques malucos, aquele problema da semana passada na instituição da Nia por causa de preconceito, hoje na fundação da Lena. Eu acho que preciso de férias.
― Pode ser uma boa ideia ― Alex concorda, terminando o curativo e sorrindo para Kara ― O que acha de tirar o dia de folga hoje e a gente conversa com calma mais tarde, se quiser ir para casa da mamãe no final de semana, podemos ir e ter um final de semana das mulheres Danvers, o que acha?
Kara pensou um instante.
― Não precisa responder agora ― Sorriu Alex, soltando a mão de Kara e vendo a irmã pensando ― Podemos decidir com calma depois, aproveite seu dia de folga ― Encerrou a ruiva, antes de liberá-la para ir para casa e aproveitar o resto do dia de folga.
Flashback OFF
Fim da Parte 3
Notes:
E então, todo mundo vivo?
O que acharam deste capitulo?Se curtiu essa fic, aproveita, temos mais alguns capitulos ainda
Se vc curtiu nossa escrita, boa noticia, nossos perfils estão lotados de fics. Corre la.Abraços e até o próximo capitulo.
Chapter 4: Você é minha pessoa
Notes:
oioi gente, tudo bem com vocês?
Espero que sim viu
Espero que estejam se cuidando direitinhoEntão, eu e Ale ficamos muito felizes com a boa recepção que essa fic anda tendo, porque ela começou como uma one e agora a previsão é que tenha uns 10 capítulos ahsauhasuahsuahs so.... aproveitem
Lembrando que a fic é para a nossa bestie Warner BR
Lembrem de pegar a insulina e tomar cuidado com o local de leitura, só por precaução mesmo
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
Alex observou a irmã por um tempo, ainda processando o que Kara havia lhe contado.
Sam ainda olhava para Lena, um pouco surpresa. Ela estava longe e a amiga passando por tudo isso.
Foi uma sucessão tão grande de eventos em tão pouco tempo que Alex pela primeira vez se percebeu engolida pelo dia-a-dia de uma vigilante, uma namorada e uma mãe.
― Por que não me contou que queria férias para ficar com a sua mulher? ― Alex perguntou, curiosa e um pouco chateada.
― Eu não havia discutido com Lena sobre as férias ainda, mas queria um tempo ― Kara confessou ― E antes de aceitar um final de semana em família, precisava saber como Lena se sentiria.
― E quando a Kara chegou em casa, antes dela ter a chance de me falar de Midvale, eu já tinha planos. Já tinha decidido depois do ataque que iria para a Irlanda aprender um pouco mais sobre a minha mãe e meus poderes ― Lena confessou ― Não queria esperar outro ataque para saber a melhor forma de me defender até a Kara chegar.
Flashback ON
Assim que Kara entrou em seu apartamento, Lena já estava lá. A morena usava roupas confortáveis e estava sentada no sofá trabalhando com o notebook no colo.
Ao ver Kara, a morena deixou o notebook sobre a mesa e sorriu para a namorada.
― E então, o que houve mais cedo? ― Perguntou a morena, preocupada, sentando no sofá e puxando Kara para seu colo. A loira aceitou o movimento e sentou-se, passando os braços sobre os ombros de Lena e enlaçando em volta do pescoço dela e deixando a morena abraçar sua cintura.
― Perdi o controle dos meus poderes ― A loira respondeu baixinho, deitando a cabeça sobre o braço apoiado nos ombros de Lena ― Ouvi duas pessoas conversando sobre você e acabei destruindo minha mesa na CatCo, eles estavam acusando você de se tornar igual seu irmão no futuro, então minha visão de calor disparou e pra não acertar ninguém, acabei contendo ela com as minhas mãos. ― Kara contou, não teria mais segredos com Lena e esse pacto ela não quebraria. A loira não gostaria da namorada descobrindo por outros sobre isso ― Eu não sou imune aos meus poderes, por isso Kal e Reign podem me machucar. Ou qualquer outro Kryptoniano. Mas Lee…
― Kara, o que falam de mim não me afeta mais ― Lena respondeu, fazendo um carinho suave nos cabelos da namorada. ― Ignore esses comentários, pois a pessoa que eu mais me importo com a opinião está sentada agora no meu colo, me deixando abraçar ela. Nada pode me atingir e não é por causa da Supergirl, mas pelo seu amor, Kara. Seu amor não me deixou me perder na escuridão da minha dor antes, seu amor me guiou para ser o melhor de mim mesma. E eu tenho uma proposta para te fazer ― Lena sorriu, diante do sorriso tímido de Kara para si.
― Vai me pedir em casamento, Luthor ? ― Brincou a loira, tentando relaxar.
― Já estamos praticamente morando juntas, então, seria um próximo passo aceitável ― Lena provocou ― Mas acho que precisamos contar para algumas pessoas sobre nosso namoro antes de marcarmos uma festa de casamento surpresa ― E as duas riram.
― Então, qual a proposta que o meu amor tem pra me fazer ? ― Perguntou a loira.
― Quer ir para a Irlanda comigo? ― Convidou a morena ― Pensei que poderia ver com a Cat sobre tirar dois dias pelo menos. Já estamos no final da semana. Queria saber mais sobre meu passado e sobre minha mãe…
― Cat me deu alguns dias de folga, se quiser, podemos ir amanhã ― Kara a informou.
― Sam já é a CEO da L-Corp e a fundação pode muito bem ficar alguns dias sem mim ― Lena contou ― Eu acho que posso ter o jato pronto amanhã.
― Então vou avisar a Alex ― A loira sorriu, ainda abraçando a morena mais apertado.
― Avisa sim a minha cunhadinha e então, quando a gente voltar, o que acha de marcarmos um jantar e oficializar para todo mundo nosso namoro? ― Propôs Lena, sabendo que Kara gostaria de contar a todos e ela também.
― Eu topo ― Kara concordou.
Flashback OFF
― Ainda não nos contaram o que queremos realmente saber suas enrolonas ― Sam resmungou divertida ― Como resolveram se casar e porque na Irlanda sem ninguém saber.
― Vamos chegar lá, não seja apressada, Sam ― Lena resmungou com a amiga.
― Deixem elas continuarem a história, pelo amor de Deus ― Alex pediu, estava realmente curiosa.
― Certo, depois daquela noite nós voamos para a Irlanda no jatinho da Lena, aproveitamos o voo juntinhas e eu protegi ela quando ela ficou com medo da altura ― Kara contou sorridente.
― Own, tão fofas, que ódio ― Kelly brincou divertida fazendo as meninas rirem ― Agora podem ir direto ao ponto?
― Mas nossa, essas suas amigas são muito apressadas ― Kara reclamou.
― Kara? Eu sou sua irmã ― Alex resmungou.
― Detalhes ― Riu baixinho.
― Vamos contar, continua Kar ― Lena pediu, deixando sua esposa continuar aquela história.
Flashback ON
Já era noite na Irlanda, a neve caía lá fora. Lena já estava acostumada. Nas vezes que havia visitado o país a negócios, via dias de sol, mas com neve ou então eram dias chuvosos.
Elas haviam passado os últimos dias explorando o passado de Lena e Kara pode se desligar de tudo, apenas vendo Lena aprender mais sobre seus poderes, sobre sua magia.
A garrafa de vinho estava aberta sobre a mesa, enquanto elas estavam sentadas sobre o grosso tapete.
― Eu estava pensando sobre a gente hoje ― Kara comentou olhando para o fogo.
― O que pensou? ― Lena ficou curiosa com aquele papo repentino sobre o relacionamento delas.
― Que a gente… nós duas, damos certo juntas ― Kara respondeu, tímida ― Você é minha pessoa, Lee.
― E você é a minha, Kar .
― Quando a gente voltar, tudo pode ser diferente, mas uma coisa não vai mudar, eu quero você como minha mulher ― Kara comentou, olhando para Lena com intensidade.
― O que está me dizendo? ― Indagou um tanto confusa com o rumo daquela conversa.
― Que eu quero me casar com você ― Kara finalmente disse ― E você, quer se casar comigo? ― Perguntou em expectativa.
― Eu quero me casar com você, Kara ― Lena respondeu sorrindo doce e dando um beijo na namorada.
Quando o beijo cessou, Kara a olhou, sorrindo apaixonada.
― Eu estive andando pela cidade e encontrei esse anel ― Mostrou a loira, abrindo a caixinha no bolso ― E eu sei que iríamos contar somente quando a gente voltar, mas eu já vivi muito tempo sozinha, Lee. Eu já vi um planeta morrer, eu já perdi pessoas e eu quase me perdi. Você me salvou, você me trouxe de volta. Já lutamos uma contra a outra e achamos nosso caminho para os braços uma da outra e hoje, quando eu vi esse anel, eu pensei: por que não?
― Quero ser sua mulher, Kara ― Lena respondeu pela segunda vez, deixando a loira colocar o anel em sua mão e então trocaram um selinho ― Eu quero ter nossa casa, ter nosso cantinho e quero dividir minha vida com você.
― Nós já moramos juntas, não é mesmo? ― Kara perguntou, pensando sobre o quanto tempo elas passaram juntas em seu apartamento.
― Sabe que eu nem sei mais quando fui ao meu apartamento pela última vez. E o seu, se ficarmos mais tempo aqui, também vai ficar todo cheio de pó ― Lena brincou. ― Estamos dormindo juntas todas as noites, a maioria das minhas coisas já estão no seu apartamento, então, acho que estamos morando juntas sim. Então, o que acha de procurarmos uma casa quando voltarmos? ― Propôs a morena.
― O que acha de casarmos amanhã naquela pequena capela que a sua mãe sonhou em se casar? ― Kara propôs em um rompante de empolgação.
― Está falando sério, amor? ― Indagou a morena emocionada.
― Nunca falei tão sério, o que você acha?
― Eu quero ― A morena aceitou, beijando a noiva e se entregando ao sentimento que havia lhe dominado.
Flashback OFF
― E nem passou pela cabeça das bonitas ligar pra gente e mandar irmos de jato para ao menos ver vocês casando ― Sam resolveu perguntar.
― Como a gente explicaria que era para vocês irem para meu casamento com a Kara assim do nada? ― Lena retrucou.
― Então foi mais fácil casar, comprar uma casa, preparar tudo e perder a memória para a gente saber do casamento de vocês? ― Devolveu Alex, chateada.
― Fizemos tudo errado ― Kara concordou pedindo desculpas a Alex com o olhar ― Acho que quando vi você e Kelly no altar, despertou em mim o desejo de ter uma família. Sam tem a Ruby, vocês têm a Esme e eu gostaria muito de futuramente ter minha família também. ― Kara explicou ― E então, a gente estava lá, ouvimos da amiga da mãe da Lena sobre como ela sonhava em se casar lá, naquela capelinha. Eu não pensei, pois eu vi os sonhos nos olhos da Lena. Eu vi o anel e algo em mim me fez ter certeza que era para nos casarmos.
― E então, casou?
― E agora, preciso ir a Argo conversar com meus pais e casar com a Lena lá ― Kara suspirou.
― Ah sim, você precisa me assumir para sua família ― Lena provocou fazendo todos rirem.
― É bom você assumir minha amiga, Kara Danvers ― Ameaçou Sam cruzando os braços.
― É bom mesmo você assumir sua mulher, maninha ― Alex emendou, também séria ― Agora que eu conheci essa adega… quer dizer, o quanto Lena lhe faz feliz, acho bom cuidar direitinho dela.
― É Kara Luthor ta? ― A loira falou, fazendo beicinho.
― Adoro saber que minha adega te agradou, cunhadinha ― Resmungou a morena, sorrindo.
― Mas e então, como foi o casamento? ― Indagou Kelly, curiosa.
Flashback ON
A beira do lago, no gramado coberto pela neve branquinha, com o vento soprando entre as poucas folhagens que resistiram ao inverno, a capela de paredes azuis estava iluminada por algumas velas e tochas. O lugar era rústico, de paredes de pedra e bem conservado, parecia ter sido tirado de um pequeno conto de fadas.
O casamento entre duas mulheres, ainda não era permitido pela religião. Mas o caseiro havia convencido o pároco para que o casamento civil das duas fosse feito ali. A mãe de Lena jamais teve sua chance e agora, a filha dela poderia se casar em sua terra de origem e realizar o sonho de sua mãe.
A compreensão de seu desejo havia emocionado as duas mulheres, porque elas sabiam como o mundo poderia ser cruel com casais como elas duas.
Com um pequeno buquê vermelho em mãos, Kara caminhou para o altar. O vestido branco soltinho de mangas compridas deixava a loira com uma aparência delicada e seus cabelos dourados caíam como cascatas perfeitas por seus ombros. Do outro lado, no altar, Lena, em seu terninho branco de três peças, aguardava ansiosamente com um buquê de plumérias, as flores delas e um sorriso capaz de contagiar até o mais amargo coração. A cabeleira negra também encaracolada e solta completava o visual, junto do batom vermelho típico da morena.
Não haviam convidados, apenas as duas amigas da mãe de Lena, como testemunhas, o padre responsável pela igreja e o celebrante da cerimônia e responsável pelo cartório da cidade. Pela primeira vez em toda aquela loucura entre elas, sentiram falta de ter seus amigos ali ao seu lado, a loira gostaria de poder mostrar toda aquela beleza para sua irmã e Eliza. E a morena não estava diferente, pensando em como Esme, Sam e Ruby ficariam encantadas com o local e com a neve.
A capela foi ornamentada com flores típicas do inverno e o ambiente estava lindo, mas elas tinham olhos apenas uma para a outra, a beleza estonteante do amor de sua vida poderia ofuscar todo o resto e era exatamente assim que as duas se sentiam naquele momento.
― Sejam todos bem vindos ― O Celebrante sorriu abertamente, admirando o casal à sua frente ― Hoje é um dia especial para vocês duas, um dia que deixarão de caminhar sozinhas por essa terra e andarão juntas.
Kara e Lena deixaram seus pequenos buquês com as amigas da mãe de Lena e seguraram nas mãos uma da outra, conectando seus olhares mais uma vez.
― Sob os olhos de vossas testemunhas e dos olhos de nosso senhor Deus, representado pelo nosso querido pároco, eu estou honrado em celebrar a união civil de Lena Luthor e Kara Danvers. Quem diria, uma nascida nesta terra e a outra, nascida muito além das estrelas, ambas se encontraram muito longe daqui, depois do oceano em um continente diferente onde se pregam ideais de liberdade. Lá, uniram seus caminhos com respeito, amor e confiança, mas muito mais que isso, uniram-se para formar a liberdade uma da outra ― As duas mulheres sorriram abertamente, era exatamente daquela forma que se sentiam, livres ― Lembrem apenas de algo importante ― Pediu ― Ainda haverão adversidades, a vida a dois é um desafio diário para qualquer casal.
― Imagine em um casal com superpoderes ― Lena brincou, rindo baixinho junto da loira e de todos os convidados.
― Você tem um ponto, srta. Luthor ― O homem sorriu ― Mas eu observei vocês por alguns minutos e eu vi o amor em cada pequeno gesto, a admiração presente em seus olhos e o carinho que vocês têm uma pela outra, isso as une. Então, não deixem-se separar pelo dia-a-dia. Renovem o seu amor, digam o quanto amam sua esposa, não percam as datas que significam os começos e estejam lá quando houver dor, quando houver medo e quando houver tristeza. Caminhar junto não significa se perder como indivíduo, mas se encontrar como parceira. Se encontrem como parte uma da outra e prosperem como família, com o amor que as trouxe aqui ― O celebrante falou, vendo as duas mulheres sorrindo com lágrimas nos olhos, ele mesmo sentia-se emocionado com o casal a sua frente e ele estava acostumado a ver casais apaixonados ― Sendo assim, é de livre e espontânea vontade que estão aqui para se casar?
― Sim ― Kara e Lena responderam em uníssono, focadas apenas nos olhos uma da outra.
― Vamos às alianças, estão com vocês? ― Pediu.
― Sim ― Kara sorriu completamente atrapalhada, ela não queria soltar as mãos de Lena, mas precisava para poder pegar as alianças, então, soltou apenas uma das mãos e tirou a caixinha de veludo vermelha de dentro do bolso, abrindo-a com alguma dificuldade para mostrar as alianças.
― Vamos começar com você Kara ― Ele pediu novamente, a loira assentiu e soltou a outra mão de Lena para poder pegar o anel e colocar em sua noiva.
Com delicadeza, Kara segurou a mão da morena e deslizou o anel no dedo anelar da mão esquerda dela e depositou um beijo carinhoso quando terminou de repetir as palavras do homem. Pouco depois, Lena repetiu o mesmo gesto, antes de voltar a mirar nos olhos de sua quase esposa.
― Agora, precisam assinar o livro ― Pediu, tirando um pouco da atenção das duas, a primeira a assinar foi Lena e logo depois Kara fez o mesmo, sendo seguida pelas duas testemunhas ― Eu as declaro casadas, podem se beijar ― Complementou sua fala habitual e sorriu ao ver as meninas se beijarem com paixão.
― Que Deus abençoe vocês ― Pediu o pároco com certa admiração.
Flashback OFF
― E foi assim que casamos ― Kara finalizou com um sorriso besta em seus lábios.
― Parece ter sido lindo ― Sam suspirou apaixonada, pensando no momento.
― Foi perfeito ― Lena sorriu abertamente ― Naquele momento, nós gostaríamos de ter vocês lá conosco, eu tenho certeza de que iam amar aquele lugar.
― Eu quase voei e levei todo mundo para lá de surpresa mesmo e depois do casamento explicaria tudo ― Kara confessou, rindo abertamente ― Mas não quis causar muita confusão.
― Ela ficou com medo de você brigar com ela ― Lena comentou com Alex.
― Lena! Você devia ficar do meu lado ― Kara resmungou, fazendo biquinho.
― É por isso que a Lena é a minha cunhada favorita ― Alex gargalhou ― Você ainda vai receber uma bronca por ter se casado sem a gente, mas não é comigo que você devia se preocupar.
― Por Rao, Eliza vai me deserdar ― Kara bateu a mão na testa ― Ela disse que se eu fugisse para casar em Vegas com qualquer pessoa, faria isso.
― Olhe pelo lado bom, não nos casamos em Vegas ― Lena pontuou ― Ela não vai deserdar você.
― Mas vai ficar uma fera ― Kara suspirou baixinho ― Tudo bem, eu aguento ― Tentou soar confiante.
― Aposta quanto que ela vai se esconder atrás de mim? ― Alex indagou rindo logo em seguida.
― Alex! ― Kara resmungou novamente.
― A garota de aço com medo da mamãe, own ― Sam entrou na brincadeira.
― Ei, eu não tenho medo da Eliza ― Kara tentou se defender, mas foi em vão porque todos estavam rindo ― Fãs ou Haters?
― Com toda certeza, hater ― Alex continuou brincando com a irmã.
― Kelly, olha a Alex ― Kara dedurou a irmã para a cunhada, fazendo o maior bico que conseguiu.
― Pegue leve com a sua irmã, Alex ― Kelly pediu ― Ela ainda nem lembrou que vai precisar encarar o Zor-El.
― Kelly tem razão, meu amor, ainda precisa encarar seu pai ― Lena lhe lembrou, segurando em sua mão com carinho.
― Qual o problema com o pai da Kara? ― Sam indagou curiosa.
― Agora que ele conseguiu se acertar com minha mãe e o conselho, ele quer que eu siga as tradições de Krypton, vá até a matriz para encontrar o meu par perfeito, com quem eu deveria me casar e ter filhos a partir da incubadora ― Explicou ― Mas ele não sabe que eu já sou casada, com Lena. E Kal também estava por lá, ele e Lois enfrentaram muita coisa por Kal não ter seguido as tradições e se casado com uma terráquea, o Conselho não é muito a favor de tantas mudanças.
― Isso é… uau…
― Um problemão ― Kara sorriu levemente ― Mas eu vou conversar com ele e se preciso enfrentar o conselho e defender a minha união, afinal, em Krypton não existe divórcio.
― Não existe divórcio? ― Kelly estava surpresa.
― A matriz nunca errou em suas combinações, não existem casamentos por amor, como na Terra, mas as pessoas combinadas pela matriz acabam se apaixonando com o tempo e terminando a vida juntos e se procriando através da incubadora, seja um casal homoafetivo ou não. Kal foi o único bebê que não foi gerado a partir da incubadora ― Explicou.
― Ele não pode pensar que você passou anos na Terra e não tomou para si os nossos costumes ― Alex parecia um tanto indignada?
― Eu sei, sis, e é exatamente isso que eu preciso explicar para ele ― Kara suspirou ― Eu amo Lena como nunca amei outra pessoa na minha vida, ela é a única com quem quero dividir a minha vida e não é uma matriz que vai mudar isso ― Disse certa de seu ponto de vista ― Nos casamos na Irlanda, depois do nosso casamento, jantamos com as amigas da mãe da Lena e voltamos para a cabana que era da mãe dela, conversamos bastante sobre comprar uma casa nova e voltamos dois dias antes do previsto para escolher a casa…
― Espera, espera ― Sam interrompeu a loira ― Se os filhos são feitos pela incubadora, quer dizer que kryptonianos são estéreis? Ou eles não fazem sexo? ― Era uma dúvida legítima até sobre si mesma, ela sabia ser kryptoniana por causa de Reign, mas ela teve Ruby.
― Hm, Kryptonianos não são estéreis, Sam ― Kara se apressou em explicar ― O nosso relacionamento romântico é diferente do da Terra, não existe tanto contato físico e isso não quer dizer que não fazemos sexo, é só que não há essa vontade sexual, os relacionamentos costumam ser baseados em seu intelecto, em coisas que podem fazer juntos, o carnal não tem tanta importância como aqui.
― Então, espera, todas as vezes que nós, você sabe, foi forçado para você? ― Lena indagou preocupada.
― Kara não transa, parem com esse papo ― Alex tapou os ouvidos horrorizada.
― Hm, eu…ér… não Lena ― Kara respondeu sentindo suas bochechas esquentarem ― Eu passei mais de 10 anos na Terra, meus costumes já não são tão kryptonianos e também não são tão terrestres, eles se mesclaram, mas eu gostei de cada minutinho daquelas noites com você ― Confessou, aproximando seus lábios dos da morena com cuidado, deixando um selinho demorado em seus lábios que se transformou em um sorriso bobo por parte de ambas.
― Céus, informação demais, podem continuar a história ― Sam pediu quase igualmente horrorizada.
― E depois dizem que a Kara é uma criança ― Kelly revirou os olhos divertida.
― Mais tarde vamos ter uma longa conversa sobre costumes Kara Luthor-Danvers ― Lena olhou dentro dos olhos azuis e naquele momento, Kara engoliu em seco ― Onde paramos mesmo? ― A morena indagou passando a mão no queixo e aproveitando para trocar de assunto ― Certo, voltamos dois dias antes do previsto para vermos a nossa casa e eu me encantei por essa desde a primeira visita ― Suspirou contente ― Ela precisou de alguns reparos, nada muito grande e nos mudamos no dia da nossa volta, foi quando soubemos do Zor-El.
― Eu ainda não entendi porque ele veio sozinho ― Alex estava um tanto confusa.
― Minha mãe ficou com Kal, Lois e os meninos em Argo, a ideia deles era reunir a família ― Kara suspirou baixinho ― E, quando ele viu o que eu tinha feito, sobre ter me revelado como Supergirl para o mundo, as coisas mudaram de perspectiva, ele achou um pouco absurdo mas muito corajoso da minha parte, me revelar assim.
― Mas ele ainda quer a Kara de volta em Argo ― Lena suspirou.
― Por muito tempo eu gostaria de voltar a viver em Krypton, quando eu não sabia sobre Argo. Depois de descobrir que minha mãe e uma parte do meu planeta estavam lá, eu tentei voltar uma vez, antes de vencermos Reign ― Kara lembrou ― Mas novamente me senti como se não pertencesse àquele lugar, como quando cheguei à Terra. Foi quando eu percebi que a Terra é o meu lar e não existe outro lugar onde eu deseje viver.
― Agora precisa dizer isso ao seu pai ― Alex pontuou.
― Eu sei, eu vou esperar meus ferimentos curarem e avisar a Cat que preciso de algum tempo fora, preciso resolver essa situação ― Suspirou baixinho ― Por Rao, eu esqueci da Cat ― Kara bateu na própria testa.
― O que tem a Cat? ― Lena estava confusa.
― Hm…Eu meio que prometi a ela uma exclusiva quando nós contássemos a todos sobre o nosso relacionamento ― Contou.
― Cat Grant sabia e sua família não? ― Alex estava pronta para socar a própria irmã.
― Em minha defesa, o que Cat Grant não sabe? ― Kara se encolheu em seu próprio lugar, querendo fugir da irmã ― Ela descobriu quando eu contei sobre ter saído do sério por ter ouvido aqueles babacas falando mal da Lena.
― Claro que sim, porque a maior defensora de Lena Luthor não se aguenta ― Alex brincou com a irmã.
― Eu queria socar eles, eu me aguentei muito ― Kara resmungou.
― E se tivesse feito, teria sido demitida por minha causa ― Lena suspirou ― Não precisa ligar para esses comentários bobos, Kara.
― Mas eu ligo, quero socar cada pessoa que fala coisas ruins de você ― Resmungou irritada ― E eu vou falar isso na nossa exclusiva, mexer com você é mexer comigo.
― Kara, não pode ameaçar National City inteira porque não gostam da Lena ― Alex lhe lembrou daquele fato ― O importante é que nós gostamos.
― E a cidade está cada vez mais encantada com Lena, desde a Fundação ― Sam lembrou ― Quase todas as reportagens são positivas e você ajudou bastante com aquela reportagem da CatCo.
― Tudo bem ― Kara suspirou ― Mas não é fácil não fazer nada quando ouço isso.
― Eu sei querida ― Lena sorriu compreensiva ― Mas você consegue, eu acredito em você, eu sempre acreditei.
― Eu também sempre acreditei em você ― Kara sorriu boba.
― Até quando não acreditamos ― Alex lembrou.
― E quando ela também não acreditou em si mesma ― Sam continuou.
― Sempre foi amor ― Kelly finalizou com um sorriso e logo tirou as duas de sua bolha, lembrando dos jogos ao lado delas, histórias em dia, era hora dos jogos.
{...}
Depois de vários jogos, mais histórias e Sam reclamando para Lena que se Ruby fugisse para a casar, a culpa seria dela pelo péssimo exemplo, elas se recolheram para os respectivos quartos.
Kara estava escovando os dentes, quando Lena esticou os lençóis na cama para se deitar.
― Então, o que quer fazer primeiro? ― Lena perguntou, quando a loira se juntou a ela na cama, se aconchegando em sua esposa ― Contar a Eliza ou Alura e Zor-El? ― Explicou, vendo o olhar confuso de Kara a sua pergunta inicial ― Preciso saber qual sogra vou enfrentar primeiro ― Brincou a morena, divertindo Kara.
― Qual sogra você quer enfrentar primeiro, amor? ― Indagou a loira, rindo.
― Você deu sorte que não tem nenhuma sogra para enfrentar, enquanto eu tenho duas para compensar isso ― Resmungou a morena.
― Digamos que eu enfrentei a sua mãe Lilian algumas vezes, amor e ela me torturou com kryptonita ― Reclamou Kara ― Minha mãe no máximo vai gritar com a gente. E minha mãe em Argo não tem poderes.
― Ela só tem influência sobre toda Argo City, ela é a Juíza, Kara. Você não está ajudando, sabia? ― Lena resmungou novamente.
― Ah, Lee, mas meu pai é um cientista e ele viu quão incrível você é ― Kara lhe lembrou ― Você já ganhou ele.
― Isso, foi antes dele saber que eu peverti a princesinha dele com sexo ― Lena quis rir de sua própria fala ― Ele deve ficar horrorizado quando souber.
― Kryptonianos também transam, Lena ― Kara quis rir também ― Só não com tanta frequência.
― E provavelmente sem todos os apetrechos, posições e brinquedinhos? ― Lena deixou sua própria imaginação rolar solta ― Eu só… não quero que faça algo que fere a sua cultura apenas para me agradar.
― E eu não fiz isso, Lee, eu gostei de cada segundo daquela noite ― Se referiu a sua primeira noite de amor com Lena ― Eu nunca faria algo que fosse tão desconfortável para mim ― Deixou claro ― Eu realmente não sei porque Kryptonianos não aproveitam a relação carnal, é tão gostoso sentir todas essas sensações únicas, Lee ― Sussurrou para a morena lhe ouvir, lembrando de cada toque mais ousado entre elas e de cada sensação.
― Eu realmente perverti a princesinha do Zor-El, eu estou morta ― Lena brincou, arrancando uma risada da loira.
― Não, você apenas me fez conhecer um pouco mais do que é o amor ― Kara confessou e tirou uma mecha dos cabelos negros de Lena da frente dos olhos verdes e prendeu atrás da orelha dela ― Me fez descobrir como demonstrar que eu amo você com pequenos gestos de amor ― Confessou, se aproximando um pouco mais e deixou um beijo carinhoso no ombro de sua esposa.
― Kar… ― Lena suspirou baixinho, sentindo o efeito daquele beijo reverberar por seu corpo inteiro.
― Sh… está tudo bem Lee ― Kara murmurou baixinho ― Kryptonianos valorizam demais o intelecto, o poder. Acho que no final, isso corrompeu nosso povo, as relações entre as pessoas e contribuiu para levar Krypton a destruição. Se ele fosse um modelo a ser seguido, não teria sido destruído por culpa dos erros cometidos por seu povo, cada vez mais ganancioso e perfeccionista ― Voltou a olhar nos olhos verdes com carinho ― A matriz gerava filhos perfeitos, a melhor seleção de genes para o planeta. Indivíduos pré-programados, eu fui pré-programada para ser mais inteligente, mais forte, mais bonita, mais atraente ― Suspirou baixinho, ela evitava pensar naquele assunto ― E não só isso, meu pai criou Myriad, criou um vírus mortal para pessoas não kryptonianas, criou tantas coisas ruins achando ser o melhor para o nosso povo e algumas foram grandes erros. Não somos perfeitos, apenas diferentes.
― Mais inteligente, Kara Zor-El? ― Lena brincou divertida, querendo quebrar um pouco a seriedade e a tensão da conversa.
― De tudo o que eu falei, você só focou nessa parte? ― Kara revirou os olhos, mas tinha um sorriso nos lábios.
― No mais bonita e atraente também ― Confessou ― Preciso confessar que você é uma tremenda gostosa, Kara ― Riu quando viu a loira ficar com as bochechas vermelhas ― Mas sério, quando você diz mais inteligente, quer dizer?
― Hm, quer dizer que eu entendo muito do que você fala quando começa com seu papo nerd com o Brainy ou mesmo antes disso, quando explicava sobre seus projetos complexos ― Sorriu levemente ― Inclusive, você poderia otimizar a sua matriz energética, mas amanhã a gente discute essa ideia ― Riu baixinho vendo a morena a sua frente completamente chocada.
― Kara Luthor-Danvers, você é uma caixinha de surpresas ― Lena estava realmente surpresa.
― Boas? ― Indagou voltando a deixar beijinhos dos ombros até o pescoço da morena que estava ao seu alcance.
― Ótimas ― Lena se deixou levar e puxou a esposa para um beijo mais quente, elas não passaram dos beijos naquela noite, a morena ainda tinha medo de machucar ainda mais a esposa que ainda tinha o ombro ferido devido à última batalha, mas elas já tinham algo em mente para os próximos dias, Lena ia enfrentar Eliza em Midvale, enquanto Kara se recuperava, antes de irem até Argo enfrentar a família Zor-El.
Notes:
E aí gente, Kara vai ser deserdada ou não hahahaha
Espero que tenham gostado desse momento perfeito entre elas
E se quiserem mais fics, é só passar nos nossos perfis <3Nos vemos nos comentários
Bia e Ale
Chapter 5: Uma Luthor e uma Super: O casamento do ano
Notes:
Oi oi gente, tudo bem com vocês? Espero que sim viu
Hm, a gente tem tentado atualizar com frequência essa fic, mas houveram alguns imprevistos essa semana e não pudemos antes
Então pra esse capítulo, bora ver, provavelmente vão precisar de insulina e cuidado com o local de leitura pq provavelmente o ***** vem hahahaha
E, eu dedico esse capítulo a Emy que surtou com a gente desde a primeira linha e também ao Ale, meu coautor mais querido do mundo todinho <3
Ah, quase ia esquecendo, essa fic também é dedicada a nossa bestie Warner BRNotinhas do Ale
Oi POVO, to vivo!!! Obrigado a todos pelo apoio!
Bia, eu sou muito feliz de ter vc como parceira e amiga
Emys, espero que agora seu sono volte em dia e esse capitulo é dedicado a vc, que cuidou de mim desde o minuto que soube que eu ia pegar aquele avião.
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
― Tem certeza que é uma boa ideia? ― Alex estava preocupada com a irmã.
― Eu ainda tenho um trabalho para manter, Alex ― Kara respondeu, divertida ― E, outra, Lena vai estar lá comigo.
― Eles vão ver que está machucada, Kara, vão perceber que você pode se machucar ― Alex a alertou.
― Talvez seja hora de perceberem que apesar dos meus poderes, eu não sou completamente invulnerável, sis ― Kara também tinha um bom ponto ― Eu não sou melhor que ninguém porque absorvo o sol amarelo de forma diferente ― Suspirou baixinho ― Confie em mim, o mundo mudou muito desde quando me tornei Supergirl.
― Eu me preocupo, Kara ― Alex suspirou.
― Está tudo bem, eu estarei com ela lá, Alex ― Lena complementou a esposa ― Se alguém tentar ao menos sugerir alguma coisa, eu arrebento eles, pode deixar.
― Lena! ― Kara gargalhou abertamente ― Você não precisa fazer isso, a Cat coloca eles no lugar.
― E depois diz que ela não gosta de você ― Lena provocou divertida enquanto terminava de arrumar sua própria bolsa ― Devo ficar com ciúmes? ― Cerrou seus olhos para a loira.
― Meu amor, eu só tenho olhos para você ― Kara sorriu abertamente ― Além disso, acho que a Cat é hétero e talvez ela até goste de mim, mas não desse jeito e ela tem essa mania irritante de me chamar de Kira ― Kara revirou os olhos, também divertida.
― É porque ela gosta de você, Kar ― Lena sorriu ― Agora vamos, se der tudo certo ainda conseguimos chegar em Midvale hoje.
― Vamos ― Respirou fundo e saiu com Alex e Lena de casa, a ruiva iria para o DEO, enquanto Kara e Lena iam até a CatCo.
Assim que chegaram ao prédio, todas as atenções se voltaram para as duas, Kara tentou ignorar todos os murmúrios, mas era um pouco difícil quando ouvia seu nome a cada duas palavras e ela nem tinha seus poderes para ouvir os murmúrios mais baixos. O caminho pelo elevador do térreo até a cobertura foi feito em silêncio, alguns jornalistas estavam com elas no local e talvez eles se perguntassem porque a heroína estava com o ombro imobilizado, ela não era a garota de aço?
Quando chegaram ao andar da CatCo, uma nova onda de murmúrios começou, Kara continuou tentando ignorar e Lena percebeu o desconforto da esposa ao seu lado, a morena apertou um pouco mais a mão da loira na sua e acariciou o dorso da mão da heroína com o polegar enquanto caminhavam até a sala de Cat.
― Kira, finalmente ― A mulher pareceu aliviada em lhe ver, até perceber o ombro machucado da heroína ― Oh não, quando vi você desmaiar naquela transmissão não achei que fosse tão sério.
― Eu estou bem Cat, minha cura rápida não é tão rápida quando Kryptonianos me machucam ou quando estou sem poderes, ou a combinação dos dois ― Sorriu levemente ― Nós viemos para sua exclusiva.
― Finalmente contaram sobre o relacionamento de vocês? ― Ela sorriu curiosa, interessada e divertida.
― Bom, nossos amigos já sabem, meus pais ainda não ― Kara explicou daquela forma ― Podemos dar a entrevista, mas você só pode publicar depois de contarmos a eles.
― Oh, então agora seus amigos sabem que está casada com a grande Lena Luthor ― Ela continuava com o tom divertido.
― Bom, sabem, mas não contamos para ninguém da mídia, além de você ― Kara explicou.
― Vamos ver, você claramente precisa de uns dias de folga para se recuperar ― Pontuou simples vendo a loira assentir ― Tudo bem, volte quando estiver melhor, podemos passar para a parte da exclusiva?
― Sabia que não estava interessada apenas na recuperação de Kara ― Lena pontuou igualmente divertida.
― Eu tenho a notícia do século, não pode me culpar por isso ― Cat deu uma piscadela para as duas ― Uma Luthor e uma Super: o casamento do ano.
― Essa vai ser a sua manchete? ― Lena indagou risonha.
― Sim, e eu mesma vou escrever essa matéria ― Cat sorriu animada ― E, sim, Kira, mandarei para você ler antes de publicarmos, assim como mandarei os jornalistas mandarem as matérias deles para isso.
― Hm, sabe que em Argo eu não tenho acesso a internet da Terra, não sabe?
― Vocês vão para Argo? ― Ela estava surpresa.
― Meus pais não sabem do nosso casamento, preciso enfrentar meu pai, ele gostaria que eu voltasse para lá ― Kara explicou.
― Porque eu acho que você se aproveita da nossa amizade para pedir férias? ― Cat tinha novamente seu tom divertido.
― Oh, então isso é uma amizade? ― Lena estava se divertindo ― Isso confirma meu ponto, Kar, Cat Grant gosta de você.
― Shh… não saia espalhando por aí que eu sou parcial Luthor ― Cat brincou.
― Ah, Cat, eu não estou me aproveitando disso para pedir férias ― Kara se apressou em se desculpar, apenas para perceber que Cat estava lhe zoando, mais uma vez ― Argh, vocês são impossíveis.
― Vou usar o argumento de que você nunca tira férias para lhe dar férias de novo, Kira, além do mais, quem pode me criticar por dar férias a heroína da cidade, depois dela salvar o mundo de outra ameaça? Só não abuse ― Brincou ― Agora vamos a essa entrevista, como vou ter uma boa foto das duas se você está aí toda lascada?
― Cat? ― As três riram abertamente.
― É fácil, já salvei um garoto de assaltar uma conveniência sem poderes e com o braço quebrado, é só tirar a tipoia ― Kara riu baixinho.
― Desisto de comentar sobre a imprudência desse ato, Kara ― Lena resmungou com a esposa.
― Seus repórteres precisam trabalhar ― Kara resmungou, ela não conseguia ouvir todos cochichando sobre as duas estarem ali, mas era óbvio todos os olhares para o local ― Só um minuto ― Ela se virou e saiu da sala, respirou fundo lembrando do seu treinamento com Cat ― Se não tiverem matérias suficientes sobre os acontecimentos dos últimos dias, eu posso dividir mais matérias com vocês e ainda estou esperando os últimos trabalhos no meu e-mail, ao trabalho ― Seu tom de voz era firme e ao mesmo tempo, levemente irritado ― E, guardem as suas opiniões sobre a presença de Lena aqui, eu não preciso ouvi-las ― Ela voltou para a sala da Cat e suspirou fechando todas as persianas para dar privacidade a elas ― E agora?
― Podemos chamar Nia para ajudar ― Lena sugeriu.
― Tudo bem, chamem ela e vamos começar ― Cat sorriu animada e aproveitou o tempo enquanto Kara foi chamar Nia para lembrar das perguntas já pensadas por ela para aquela entrevista.
As três sabiam, aquela seria uma das entrevistas mais importantes do ano para suas vidas e, depois dela, Lena teria que enfrentar suas sogras.
{...}
― Ficou boa? ― Kara indagou para Nia após a centésima tentativa de foto entre ela e Lena, nas primeiras vezes Lena ficou com medo de machucar ainda mais o ombro de Kara e nas outras tudo parecia forçado, então a sonhadora fingiu desistir e deixou elas interagirem um pouco sozinhas, resultando em uma foto natural das duas, com Kara sentada no braço do sofá e Lena em pé, ambas olhando nos olhos uma da outra com sorrisos bobos em seus lábios.
― Perfeita, agora que já fiz meu bico de fotógrafa ― Nia brincou ― Vamos à entrevista.
― Eu fico nervosa ― Kara confessou, ajustando a tipóia em seu braço com a ajuda de Lena.
― Se saiu muito bem na outra entrevista Kira, vai tirar de letra ― Cat deu uma piscadela para a loira, divertida com aquele assunto ― Vamos ver por onde começar, céus é o casal do século ― Brincou para descontrair e pegou o gravador dentro da gaveta de sua mesa ― Concordam que eu grave a entrevista?
― Sim ― Responderam juntas.
― Começando pelo começo, há quanto tempo estão juntas? ― Nia começou animada.
― Nos conhecemos há anos, isso não é segredo para ninguém ― Lena começou ― Mas, romanticamente, eu e Kara começamos a nos envolver na época em que Nyxly estava aterrorizando a cidade e, sim, eu já sabia que ela é a Supergirl nessa época ― Explicou antes de ouvir aquela pergunta.
― Eu percebi apenas que a vida é muito curta para perder tempo com besteiras como vilões, eu sou uma heroína, sempre vai ter um assalto, um roubo, um vilão e isso não pode parar a minha vida, eu também mereço ter uma ― Sorriu.
― E, como foi o primeiro encontro de vocês? ― Cat estava realmente curiosa em relação àquele relacionamento.
― Foi no meu apartamento ― Kara quem respondeu aquela pergunta ― Não vou deixar todos os detalhes, claro ― Cat revirou os olhos, levemente frustrada ― Mas o que eu posso dizer é: busquei os favoritos de Lena na Irlanda, para o jantar perfeito.
― E esse foi apenas o primeiro encontro, Cat ― Lena brincou.
― Como conseguiram esconder o relacionamento de vocês por tanto tempo? E como foi a experiência? ― Cat continuou a entrevista.
― Nós concordamos em fazer tudo às escondidas em um primeiro momento devido a situação, era tudo muito delicado e estávamos todos em nossos limites ― A morena explicou ― Em alguns momentos, eu queria poder contar a todos sobre o nosso relacionamento, porque eu sou fã de grandes gestos, imagine, querer sair em um encontro com a minha namorada e não ter como fechar um restaurante para nós porque ninguém sabia do nosso relacionamento.
― E eu não podia surtar com a minha irmã sobre como Lena estava incrivelmente linda no dia do nosso primeiro encontro, nem pude surtar porque nos beijamos ― Confessou a loira, ficando com as bochechas vermelhas naquele momento ― E, nós combinamos bem viu, Lena fecha restaurantes e eu vou buscar os favoritos dela nos lugares necessários, seja Paris ou a Irlanda, eu vou.
― E pelo visto vocês tem uma conexão única, como foi o pedido de casamento? ― Nia quem indagou daquela vez.
― Então, vou voltar um pouco a história, eu não gosto de ouvir as pessoas falando mal de Lena, é realmente difícil para mim ouvir e não reagir a isso, agora imaginem a sensação de poder ouvir todos os murmúrios dentro de seu próprio local de trabalho? Talvez eu tenha tido um pequeno acidente com a mesa de vidro da minha sala naquele dia e a Srta. Grant resolveu me dar umas férias, para deixar as coisas acalmarem, fazia pouco tempo que todos souberam sobre eu ser a Supergirl e tudo ainda estava muito confuso. No mesmo dia, Lena me convidou para irmos até a Irlanda.
― Eu queria saber um pouco mais sobre a minha família biológica, então nós fomos ― Lena sorriu nostálgica ― Nosso combinado era contar às nossas famílias sobre nosso relacionamento depois da viagem, mas sem esperar, em um dia qualquer, sem grandes preparativos, Kara me pediu em casamento ― O sorriso da morena se alargou ― E nos casamos dias depois na pequena capela ao lado do lago em minha cidade natal.
― Realizamos um desejo da mãe biológica de Lena e foi incrível poder fazer isso ― Kara sorriu boba.
― Então agora, vamos lá, Sras Luthor-Danvers, vamos ao que os leitores querem saber. Quem é a mais romântica?
― Se você for realmente comparar nós duas, acho que não vai encontrar uma resposta ― Kara brincou divertida ― Eu voei para Irlanda apenas para buscar as comidas favoritas de Lena e ela comprou a CatCo uma vez por mim, comprou aquela sorveteria do parque para nós porque Esme e eu gostamos muito de lá, somos fãs desses pequenos e grandes gestos sempre buscando agradar quem amamos.
― Mas eu diria que é a Kara ― Lena brincou.
― Lee! ― Kara riu ficando com as bochechas vermelhas.
― Lena como sempre, simples e direta ― Cat provocou, rindo ― Uma verdadeira mulher de negócios ― Então, eu quero saber, qual mania Kara tem que te irrita, Lena? ― Lena engoliu seco e Kara cruzou os braços, olhando a esposa.
― Ah, não consigo ser direta sobre essa pergunta ― Lena quis segurar a risada ao ver a carinha indignada de Kara, mas falhou miseravelmente.
― Deixa eu ver, ela deixa a capa em cima da cama? ― Nia entrou na brincadeira.
― Quem dera fosse isso ― Lena riu novamente ― Ela até deixa a capa em cima da cama, às vezes, mas esse não é o pior, ela chega com as botas sujas na nossa cozinha ou mesmo na varanda do quarto e suja tudo ― Resmungou ― E se parece uma criancinha pedindo doce todos os dias, com essa carinha de cachorrinho que caiu da mudança.
― Lena! ― Kara resmungou, ficando ainda mais vermelha ― Você nunca reclamou dos meus biquinhos, você sempre diz que eles são irresistíveis.
― E são, querida ― Lena suspirou apaixonada ― Sabe como é difícil não beijar seus biquinhos? Esconder nosso casamento só foi possível porque nossos amigos estavam ocupados com outras coisas. Cada vez que ela fazia isso, eu queria beijar esses lábios fofos.
― Sua vez, Kara, qual a mania na Lena que te irrita? ― Cat perguntou, aproveitando o gancho.
― Essa é fácil, essa mania dela de viciada em trabalho me irrita, ainda mais porque ela vive pulando refeições ― Resmungou ― Ela não se alimenta direito, sai tarde da empresa, não dorme direito porque trabalha mais quando chega em casa e não sabe o que significa a palavra férias.
― Ei, isso mudou muito nos últimos meses, até viajamos para a Irlanda, Kara ― Lena pontuou, indignada.
― E você continuou trabalhando de lá, senhorita Luthor ― Deu uma piscadela para a loira.
― É senhora Luthor-Danvers, para você ― Lena devolveu no mesmo tom.
― Céus, são irritantemente fofas ― Nia pontuou divertida.
― Sendo uma Super e uma Luthor, não podemos esperar nada menos que grandes feitos. Mas também, grandes loucuras. Tirando o casamento que vocês elevaram o nível do casar em Vegas para casar na Irlanda, qual a maior loucura que já fizeram por amor antes de namorarem? ― Cat perguntou, curiosa.
― Você ainda vai abrir a caixinha de pandora nessa entrevista, Cat ― Kara riu abertamente.
― Essa é fácil, eu comprei a CatCo para Kara não perder o emprego, ou foi quando eu enchi sua sala de flores, querida? ― Lena indagou realmente indecisa.
― Acho que gastar milhões em uma empresa para sua melhor amiga é uma boa loucura ― Kara riu ― Agora eu? Hm, acho que minha maior loucura foi arriscar a minha identidade secreta quando Morgan Edge tentou envenenar a Lena, eu voei com ela sem uniforme porque tinha medo de perdê-la e naquele momento eu não pensei nas consequências, eu simplesmente fiz.
― Com vocês, o nível é alto mesmo. Uma empresa de milhões e uma identidade secreta. Eu não esperava menos. ― Cat comentou, sorrindo ― E para o futuro, agora estão juntas para o mundo. Acham que vai haver preconceito com relacionamento de vocês?
― Essa é uma boa pergunta ― Kara sorriu levemente ― Lena tem um passado mais difícil que o meu e muitas pessoas lhe julgam por conta de sua família, mesmo eu tendo dado duro para desfazer isso. Desde quando me revelei como Supergirl, também tenho ouvido muitos comentários desagradáveis sobre mim, é uma das desvantagens de ter uma super audição ― Brincou levemente ― Então sim, provavelmente sofreremos preconceito por estarmos juntas, quase posso ouvir chamarem eu ou Lena de aproveitadoras, mas eu não me importo com esses comentários, porque nós nos amamos e desde que estejamos juntas, podemos enfrentar qualquer coisa.
― Kara disse tudo ― A morena sorriu admirada.
― E agora uma pequena provocação a Lena, Supergirl é boa com horários e compromissos? Como é sair para jantar com a heroína da cidade? ― Cat perguntou curiosa, mas também, provocando sua eterna pupila.
― Nós temos algumas regrinhas, Cat ― Lena começou ― Normalmente, quando temos um encontro ou algum momento importante juntas, Kara não pode usar seus poderes, foi a única forma que encontramos para fazer essa cabeça dura tirar uma folguinha algumas vezes ― Riu baixinho ― Mas já aconteceu de ter um problema mais sério e Kara precisou se ausentar e não me importo com isso, eu sou casada com a heroína da Terra, tudo que eu quero no fim do dia é que ela esteja bem, apenas isso.
― Me casei com a melhor, eu sei ― Kara se gabou divertida.
― Se casou com uma mulher muito especial, Sra Luthor-Danvers ― Cat sorriu para as duas ― Eu até faria outras perguntas sobre essa mulher especial ― Falou a rainha da mídia, com um sorriso malicioso ― Mas nossa revista não é para este público. Então, estou doida para saber uma outra fofoca: Alex Danvers-Olsen vai ser tia em breve?
― Bom, como você sabe, temos uma sobrinha ― Kara começou daquele ponto, tentando escapar da vergonha por ter entendido o que Cat tinha dito anteriormente ― Ela é afilhada da Lena, inclusive ― Sorriu boba ― E é uma garotinha muito especial, faríamos qualquer coisa por ela e enquanto aprendemos a lidar com aquele coraçãozinho inocente e especial, chegamos a uma conclusão. Nós também queremos ter filhos, não sabemos ainda quando, mas é um projeto futuro.
― Imaginem como seria fofo uma versão em miniatura de Kara? ― Lena sorriu apaixonada ― Com os olhinhos azuis e os cachinhos dourados.
― Eu ainda acho mais fofo se fosse mais parecido com você, Lee ― Kara sorriu ― Principalmente se tiver heterocromia, como você.
― Elas começaram de novo, Srta. Grant ― Nia resmungou baixinho ― Antes de lerem a entrevista, nossos leitores vão precisar de insulina.
Cat ainda fez outras perguntas, assim como Nia e elas passaram pelo menos mais uma hora conversando sobre seu relacionamento e a matéria exclusiva. Logo depois, elas foram para casa e arrumaram suas malas, era hora de irem até Midvale, contar a novidade para Eliza.
{...}
Depois de almoçarem, Kara e Lena colocaram suas malas dentro do carro delas, a morena deixou a loira escolher a playlist delas composta por músicas da Disney, e elas partiram em direção a Midvale. Elas tinham um bom caminho a percorrer e fizeram diversas paradas porque Kara estava com fome ou com vontade de comer doces.
Assim que chegaram à cidade, elas passearam pela praia ainda no carro, aproveitando a ventania bagunçar seus cabelos antes de pararem na frente da casa de Eliza, a matriarca Danvers já aguardava as duas, desde quando Kara avisou sobre a ida delas e ela esperava ansiosamente.
Quando ouviu o barulho do carro na frente de sua casa, ela largou o que fazia, limpou as mãos no pano de prato e saiu para receber as duas.
― Boa tarde meninas ― Desejou sorridente e abraçou as duas com carinho ― Como está, querida? ― Indagou para Kara ao ver sua filha com o ombro imobilizado.
― Estou bem, Eliza, não precisa se preocupar ― Kara sorriu abertamente.
― Vocês demoraram ― Pontuou preocupada.
― Você sabe, sua filha é uma formiguinha ― Lena pontuou dando de ombros ― Sempre querendo comer doces.
― E você parou todas as vezes porque faz todas as vontades da minha filha, entendi ― Eliza brincou, enquanto a morena sentia suas bochechas ficarem vermelhas.
― Você preparou aqueles biscoitos que eu amo? ― Kara trocou de assunto para ajudar a esposa.
― Claro, querida, vamos entrar ― Eliza sorriu abertamente e puxou as duas para dentro.
{...}
As paredes altas de gelo eram familiares, observou o kryptoniano.
― Parece… Krypton ― Disse o homem com a cabeça raspada, retirando o capacete de ferro. A espada em punho, enquanto a armadura metálica e sem brilho produzia um pequeno eco no chão congelado.
― É como estar em casa ― Disse o outro ― Outro trabalho de Jor-El e Zor-El, primo.
― Nam, Nom, vamos logo, precisamos pegar o que viemos pegar ― Chamou a mulher de longos cabelos brancos, presos em um rabo de cavalo alto.
― Peguem o que puderem e sejam rápidos. Eu cuido dos Kellex ― Avisou o kryptoniano de cabelos grisalhos e barba igualmente grisalha.
― Orn, não deixe nenhum ― Falou à mulher, com um sorriso cruel.
― Não deixarei ― Concordou, sorrindo com a malícia do assassino no olhar, se tinha uma coisa da qual Orn-Zu sempre gostou foi de subjugar, humilhar, torturar e matar os seres mais fracos ― Aquele robozinho não terá nem chance de ver quem acabou com ele.
Entre todos ali, talvez ele fosse o mais perigoso. Orn-Zu havia sido condenado a Zona Fantasma há muitos anos, mas seu olhar ainda tinha o mesmo brilho assassino. Nem os fantasmas tiraram seu poder de matar, não foram capazes de dobrá-lo.
Ursa Zod-On, era a amante do General Zod e grande instigadora da rebelião em Krypton que condenou mais alguns outros Kryptonianos, dentre eles, Zod. Com Zod desaparecido nas infinidades da Zona Fantasma, era na liderança dela que outros condenados se aliaram para sobreviverem.
Nam-Ek havia ido para a Zona Fantasma após suas experiências com Rondor - uma das criaturas sagradas de Krypton, capazes de curar qualquer doença - serem descobertas e o conselho o julgar.
Seu primo de terceiro grau, Nom-Ek, no entanto, era um dos líderes da rebelião tramada por Zod. Distantes em Krypton, os primos se tornaram aliados na imensidão da Zona Fantasma.
Jax-Ur, por fim, é um engenheiro de foguetes e mísseis, condenado pela destruição de uma das luas de Krypton, Wegthor, e pela morte de 5 mil colonos kryptonianos ao testar um míssil nuclear como parte de seu plano para dominar Krypton.
― Vamos logo com isso, seus molengas ― Jax-Ur resmungou ― Logo mais Ar-Ual vai ter soltado a Faora e será questão de tempo até a garota do Zor-El aparecer aqui.
― Ainda me perguntou se Ar-Ual era a melhor escolha ― Riu Ursa ― Ele ama sangue e batalha. Só vai sair daquele departamento quando tiver matado todos os outros.
― Pior seria se tivéssemos deixado o Orn ir ― Concordou Jax, pensando no kryptoniano. Ar-Ual foi um dos maiores guerreiros de Krypton, era extremamente forte e habilidoso, mas muito violento.
― Peguem tudo, não deixei nada que possa ser usado contra nós e destruam esse projetor maldito ― Ursa ordenou.
Jax foi até o projetor da Zona Fantasma e pisou sobre a arma. Ele explodiu, enquanto os primos Ek continuavam carregando as armas de seus interesses e Orn se ocupava de destruir o último Kellex que havia.
― Em breve Kara Zor-El vai saber que estivemos aqui, precisamos ir ― Falou o kryptoniano sorrindo vitorioso.
― Adoro esses poderes ― Nom-Ek comentou ― Posso ficar aqui o dia todo, deixe aquela garota vir, ela não será páreo para todos nós. Orn a deixaria em pedacinhos.
― Mas não vamos ― Jax avisou, cortando a empolgação dos kryptonianos ― O Sol amarelo que nos dá poderes, também dá poderes aos membros da casa de El.
― Quando atacarmos, quero ter o elemento surpresa ― Ursa falou, deixando claro quem dava as regras ― Zod vai ter sua vingança, meus irmãos e nós teremos o que é nosso por direito. ― Concluiu rindo.
― Andem logo, vamos ― Jax chamou novamente.
{...}
― Então, garotas, o que lhes traz aqui? ― Eliza sorriu abertamente observando as duas sentadas na sua frente no sofá da sala ― Além da Kara sem poderes e aparentemente machucada?
― Eu me sinto bem Eliza, Cat me deu uma folga, no entanto, ela não achou boa ideia eu continuar trabalhando e me expondo sem poderes ― Confessou baixinho.
― E é uma grande teimosa ― Lena continuou.
― Isso ela sempre foi, querida ― Eliza riu divertida.
― Fãs ou Haters? ― Kara pontuou, sarcástica.
― Com certeza Hater ― Lena brincou dando uma piscadela para a esposa.
― Lena! ― Kara resmungou enquanto Eliza ria abertamente.
― Agora vão me contar as novidades ou? ― Eliza tomou a palavra.
― Certo, Eliza, nós viemos porque você precisava saber… ér… eu e Lena, você sabe não é? ― Kara tentou.
― Porque não usa palavras, querida? ― Lena pediu, segurando na mão da loira com carinho.
― Eu vou simplificar para vocês, pode ser? ― Eliza riu divertida ― Você e Lena estão juntas.
― Como você? ― Kara e Lena indagaram ao mesmo tempo, realmente surpresas.
― É muito simples queridas, é só ver como se olham, vocês não são muito sutis ― Riu abertamente ― E eu posso ou não ter visto vocês duas se beijando no casamento da Alex.
― Oh ― Kara abriu e fechou a boca várias vezes ― Bom, então vou simplificar para você, Eliza, eu e Lena nos casamos recentemente, na Irlanda.
― E não me convidaram para o casamento? ― Eliza cruzou os braços tentando fazer uma pose séria.
― É, eu queria, mas eu e Lena nos metemos nessa bolha sem querer deixar ninguém se aproximar de nós duas porque tínhamos medo de não dar certo e…
― O que queremos dizer é, não era a nossa intenção fazer tudo em segredo ― Lena explicou ― Nos deixamos levar pelo nosso amor e quando vimos, casadas ― Riu baixinho.
― Nós nos casamos apenas no civil, mas queremos uma cerimônia de verdade, com todos vocês lá, a nossa família ― Kara sorriu ― J’onn pode ser nosso juiz de paz, Esme nossa florista e Ruby pode levar as alianças. Será incrível.
― É bom mesmo fazerem isso, senhoras ― Eliza cruzou os braços e por fim deixou um sorriso surgir ― Eu fico muito feliz por estarem juntas.
― Não está brava? Nem vê problema nenhum? ― Lena estava preocupada.
― Não querida, eu gostaria sim de ter presenciado esse casamento, mas o importante é que você faz a minha garotinha feliz e isso é tudo que uma mãe pode querer ― Sorriu.
― Obrigada Eliza ― Kara sorriu e abraçou a mãe adotiva junto de Lena.
― Agora, Kara, você já falou com seus pais biológicos? Eu acredito que Alura e Zor-El ainda não sabem sobre as novidades, certo? ― A mais velha viu a heroína quase encolher-se ao lado de Lena.
― Hm, ainda não sabem ― Suspirou baixinho ― Quando estiver melhor, eu e Lena vamos até Argo e contaremos a eles, enfrentaremos o conselho e seja o que Rao quiser.
― Ela está com medo de enfrentar o Zor-El por causa da última conversa deles ― Lena dedurou a esposa ― Ele quer que ela siga as tradições de Krypton.
― E quer me combinar com algum kryptoniano através da matriz, mas eu já sou casada ― Deu de ombros lentamente, para não sentir dor em seu ombro, apesar dele já estar bem melhor.
― E quer me contar o que aconteceu com seu ombro? ― Eliza pediu.
― Tudo aconteceu quando essa fugitiva da Zona Fantasma atacou National City pela primeira vez, ela fez Lena se machucar ― Kara começou ― Ela teve uma concussão e não lembrava de nós duas.
― E está bem agora, querida? ― Se preocupou com a morena.
― Sim, Eliza, não precisa se preocupar ― Lena sorriu, um tanto tímida ― Depois de ter me machucado, Kara lutou com aquela mulher e ela conseguiu machucá-la ― Explicou ― Kara está sem poderes e com o ombro machucado desde então.
― Meus poderes vão voltar ― Kara lhes lembrou ― Eu só preciso de um pouco de adrenalina, ou algo assim, mas tudo anda muito calmo. Pelo menos sua memória voltou, Lee, era muito ruim não poder te beijar, doía mais do que meu ombro.
― Olha como essa menina é dramática ― Eliza riu abertamente.
― Mãe? É sério ― Kara resmungou.
― Eu não sei com quem ela aprendeu a ser assim ― Lena confessou quase apenas para somente Eliza lhe ouvir enquanto a loira fazia um biquinho fofo que ela beijou em seguida.
― Ok ok casal, vamos para a cozinha, eu bem gostaria de ajuda para fazer o jantar ― Eliza se levantou.
― Quer ajuda e levar a Kara? ― Lena brincou com a esposa ― Ela vai querer comer antes de ficar pronto.
― Ei? Lena Danvers-Luthor, Fã ou Hater da própria esposa? ― Kara anunciou a manchete, arrancando risadas da mãe e da esposa.
― Com certeza hater ― Brincou, deixando um beijo nos lábios de Kara, antes de acompanhar as duas loiras até a cozinha.
{...}
O novo prédio do DEO ficava no centro da cidade. Imponente, espelhado e alto. Uma varanda para os heróis pousarem e perto da Torre. Sua logo estampada com orgulho no topo.
― Identifique-se ― Ordenou o militar na porta do DEO.
― Eu sou a morte ― Falou o guerreiro caminhando em direção ao DEO, partindo para o ataque. E a primeira explosão foi ouvida.
Os alarmes então soaram.
Dentro do DEO, Alex olhou pela sala de controle o homem vestido em uma armadura de ferro preta, semelhante a de Faora, marchar para dentro do prédio militar.
As balas batendo e ricocheteando em sua armadura. Em sua face, agora descoberta, um sorriso sádico.
Pouco a pouco, militares iam caindo e um rastro de sangue se formava pelo local.
― Ele é kryptoniano. ― Brainy falou, lendo o relatório do computador ― Ar-Ual, prisioneiro da Zona Fantasma.
― Kara está sem poderes e em Midvale ― Alex murmurou ― Onde estão as balas de Kryptonita?
E mais explosões foram ouvidas, quando o som de paredes quebrando foi ouvido por Alex.
― Ele está perto ― Avisou o coluano.
― Então, se prepare ― Devolveu a ruiva.
― Estou com você ― J’onn colocou o braço no ombro de Alex em apoio.
― Onde está Faora? ― Ele gritou para a câmera.
― Ele está atrás de Faora ― Alex o observou por um momento, estudando ele ― E ele não pode sair daqui com ela ― Disse a sentinela ativando o traje e indo em direção ao inimigo ― Ele não vai levar essa mulher que quer matar minha família.
― Alex…
Quando a ruiva interceptou o kryptoniano, ele a olhou com um sorriso de pura crueldade.
― Me pediram para buscar minha companheira de batalhas, Faora ― Ar-Ual disse ― Como vai ser? Eu te mato agora ou quando eu estiver saindo?
― Que tal nunca? ― Alex sorriu sarcástica e partiu para cima do homem, percebendo como ele era implacável, ela sabia muito bem como lutar, mas os golpes dele eram muito mais fortes, ela percebeu que ao contrário de Kara, ele não estava se segurando.
― Humana inútil ― Riu sarcástico e começou a apertar o pulso da ruiva usando de sua força, ouvindo Alex gritar pela dor.
― Alex! ― J’onn chamou pela ruiva e se aproximou utilizando de seus poderes para distrair o homem.
Alex foi ao chão, seu pulso provavelmente estava quebrado e ela não sabia se poderiam vencer aquela batalha.
Brainy até tentou impedir Ar-Ual de libertar Faora, todos eles tentaram, mas nenhum deles conseguiu, no fim daquele combate, diversos agentes mortos, muitos feridos e mais uma derrota em suas costas.
Depois de deixar o médico do lugar estabilizar sua fratura, Alex pegou o telefone e discou o número de Kara, precisava avisar a sua irmã.
{...}
Enquanto isso, em Midvale, Kara, Lena e Eliza trabalhavam no jantar juntas, a heroína brincava com as duas enquanto tentava roubar um pouco do que elas preparavam e parou apenas quando ouviu seu telefone tocar, atendendo no segundo toque.
― Hey sis, tudo bem por aí? ― Kara estava curiosa, ela havia avisado mais cedo que havia chegado em segurança em Midvale com a esposa.
― Hm, Kara, preciso te contar uma coisa ― Alex tentou não soar preocupada ou mesmo com dor, mas foi quase impossível.
― O que houve Alex? ― Kara sentiu o medo se apoderar de si e todos os seus sentidos pareceram se aguçar naquele mesmo segundo.
― Outro kryptoniano apareceu, também fugitivo da Zona Fantasma, ele atacou o DEO, matou vários agentes, machucou muitos outros e libertou Faora, eu sinto muito sis ― Contou a bomba de uma só vez.
― Alex, e você? ― Eliza e Lena pararam de fazer seus deveres quando ouviram o tom preocupado da heroína.
― Aquele desgraçado quebrou meu pulso ― Foi sincera ― J’onn se machucou um pouco, Brainy também.
― Chego em um minuto ― Avisou quando sentiu todos os seus poderes de volta a si mesma.
― Kara, o que houve? ― Eliza foi a primeira a indagar ― Alex está bem?
― O DEO foi atacado por outro Kryptoniano, outro fugitivo da Zona Fantasma, aquele filho da mãe quebrou o pulso da Alex, eu preciso checar ela ― Kara parecia um tanto atordoada ― Lee, eu preciso que fique aqui, com Eliza ― Pediu rapidamente, pensando na segurança de sua mãe e também de Lena, afinal, ela havia visto a esposa despencar de uma altura consideravelmente grande pouco tempo antes ― E acione o relógio se alguém inesperado aparecer ― Beijou a testa da morena com carinho ― Amo você.
― Tome cuidado, por favor ― Lena pediu e selou seus lábios aos da esposa com carinho antes de se separar dela ― Magia ainda é o ponto fraco dos kryptonianos. Eu sou uma bruxa, posso cuidar de nós duas.
― Tome cuidado, querida ― Eliza pediu.
― Eu vou, prometo ― Kara sorriu levemente ― É a minha bruxinha favorita ― Kara sorriu abertamente.
― Eu nunca me acostumei a ver minha menina indo para o perigo ― Eliza suspirou baixinho.
― Nem eu, Eliza ― Lena suspirou baixinho ― Mas eu confio nela.
Kara sorriu levemente ao ouvir as palavras das duas e voou até o DEO, precisava ver com seus próprios olhos se sua irmã estava bem.
Mas ao flutuar sobre o prédio, o que Kara viu era muito pior. Havia a destruição que ela sempre tentou não causar a cidade. Um aperto tomou o peito de Kara, enchendo a loira de medo, ao pensar em Alex enfrentando um kryptoniano sozinha. O que estava acontecendo?
Notes:
MDS VEIO AÍ O PLOT TWIST QUE NINGUÉM ESPERAVA
Eu certamente não esperava, mas, sabe, as nossas histórias tem vida própria hahahaEsperamos de coração que tenham gostado e queremos saber o que vocês acham que vem por aí?
Nos vemos nos comentários
Bia e Ale
Chapter 6: Era como ver Krypton explodindo mais uma vez
Chapter Text
Kara pousou na entrada do DEO e avançou apressada, sem ligar de estar destruindo os pedaços das paredes caindo pelos corredores. Ela avançou até a área médica pelo caminho mais rápido que conseguiu enquanto sua mente agitada procurava o batimento cardíaco de Alex, em uma tentativa de acalmar seu coração.
― Alex? ― Chamou pela irmã um pouco mais calma por estar ouvindo seus batimentos cardíacos, mas ficaria tranquila apenas quando visse a ruiva.
― Estou aqui, Kara ― Alex respondeu quando ouviu a voz da irmã, o médico terminava de lhe medicar para afastar a dor do pulso quebrado que já estava engessado.
― Alex ― A loira esperou o médico terminar de medicá-la e trouxe a irmã para um abraço carinhoso e aliviado no minuto seguinte ― Por Rao, eu fiquei tão preocupada quando soube ― Suspirou.
― Eu estou bem, sis ― Alex tratou de acalmar a irmã ― Apenas alguns ossos quebrados ― Suspirou levemente ― Perdemos muitos agentes.
― Eu vi, sinto muito ― Kara suspirou ― Se meus poderes estivessem de volta um pouco antes, eu poderia ter ajudado.
― Kara…
― Não, Alex, você poderia ter morrido ― Resmungou quase irritada ― Tudo porque eu estava sem poderes, mas só de ouvir a situação, saber que você precisou enfrentar um kryptoniano, eu vim voando.
― Eu estou bem, sis ― A ruiva repetiu, talvez um pouco mais para si mesma, aquele havia sido um susto e tanto ― Aquele cara era diferente de Reign, talvez um pouco mais parecido no modo de agir de Faora ― Explicou ainda aconchegada no abraço de sua irmã ― E ele entrou aqui, destruiu tudo como se fosse feito de papel, tirou ela daqui e foi embora deixando esse rastro de destruição.
― Onde estão Nia, J’onn e Brainy? ― Perguntou pelos amigos.
― J’onn está na sala de controle, teve apenas alguns arranhões, assim como Brainy e Nia está na CatCo, eles estão bem ― Explicou calma.
Antes mesmo de Kara dizer mais alguma coisa, Kelly entrou no recinto com pressa, a expressão preocupada em seu rosto não sumiu nem quando viu sua esposa abraçando a irmã.
― Alex? ― Chamou pela esposa se aproximando um pouco mais e Kara deu espaço para Kelly, sabia mais ou menos como a mulher estava se sentindo naquele momento.
― Eu estou bem, amor ― Alex murmurou baixinho apenas para Kelly lhe ouvir e aproveitou o abraço carinhoso da esposa.
― Eu fiquei tão preocupada quando soube ― Kelly suspirou pesado.
― E Esme? ― Indagou baixinho.
― Ficou com a babá, não sei se ela já sabe, eu estava trabalhando quando soube.
― Olhe pelo lado bom, sis, agora tem um gesso para Esme desenhar ― Kara tentou descontrair um pouco o momento, apenas para fazer a irmã se sentir melhor.
― Ela vai fazer os melhores desenhos ― Kelly continuou, acariciando a cabeleira ruiva ― Agora, podemos ir para casa?
― Parece que o jogo virou, não é mesmo? ― A loira se permitiu brincar um pouco.
― Kara! ― Alex resmungou revirando os olhos ― É um pulso quebrado, não uma queima de poderes mais machucados que não saram com sua habilidade de cura rápida.
― Detalhes, sis, detalhes ― As três riram um pouco, antes de Kara fazer questão de guiar as duas para casa.
Quando teve certeza delas estarem seguras, Kara ainda tentou encontrar qualquer pista de Faora e do outro kryptoniano pelo DEO e ainda voou pelo mundo, mas não encontrou nada, então voltou para Midvale, onde sua esposa e sua mãe ainda lhe esperavam para jantar.
― Eles não estão mais na Terra, Kara ― Brainy falou analisando os resultados de todos os satélites que ele conseguiu conectar.
― Para onde eles foram? ― Indagou a kryptoniana no comunicador com o coluano, antes de entrar em casa ― Não é possível que só atacaram e fugiram?
― Não sei quantos eram, mas não estavam sozinhos ― J’onn comentou, também no comunicador ― Foram duas naves que deixaram a órbita e condizem com leituras de krypton.
― Kryptonianos são conquistadores ― Kara pensou lembrando das histórias sobre seu povo ― Eles não vieram aqui por nada. Não atacaram por nada e Faora sabia quem eu sou ― Lembrou a loira.
― Talvez quisessem as naves que foram roubadas e deixaram a Terra ― J’onn falou.
― As naves eram roubadas? ― Kara ficava cada vez mais preocupada com a situação.
― Sim, dois aliens registraram o roubo de suas naves hoje mais cedo ― Avisou o marciano ― E eles relataram que houve uso de força bruta e visão de calor. Os ladrões também tinham velocidade elevada e congelaram o jardim de um deles ― Explicou ― Além da descrição bater com os perfis de kryptonianos.
― Eles provavelmente escaparam da Zona Fantasma quando salvamos você ― Alex opinou entrando na conversa pelos comunicadores ― Da mesma forma que Nyxly fez, outros poderiam ter conseguido?
― Qualquer brecha que deixamos permitiu que chegassem aqui ― Kara pensou por um instante ― Haviam restos de um centro de operações kryptoniano lá. Poderia ser usado, se eles foram alcançados pela energia da bomba de sol amarelo.
― Então, quantos são? ― Perguntou Kelly pelo comunicador da esposa.
― Não fazemos ideia. ― Lamentou Brainy.
Kara suspirou, quando seu telefone tocou. A loira olhou o visor e viu o nome de Lena.
― Preciso atender, um minuto ― Murmurou, preocupada ― Oi, meu amor.
― Pode me contar porque está parada como uma estátua na frente da casa de sua mãe? ― Lena queria rir, mas tentava passar um tom de voz sério para a esposa.
― Hm, conversando com os nossos amigos, sobre o ataque no DEO ― Kara explicou, como se fosse óbvio.
― E não me incluiu na conversa, Sra Luthor-Danvers? ― A loira poderia ver Lena arqueando a sobrancelha perfeitamente naquele momento, se estivesse usando sua visão aprimorada para vê-la.
― Você teve uma concussão dias atrás, precisa descansar ― Tentou desconversar.
― E você queimou seus poderes e já os recuperou, eu estou bem Kara, será que pode entrar para jantarmos e me atualizar de tudo? Mais fortes juntos, lembra?
― Tudo bem, já vou entrar, meu amor ― Desligou o telefone pouco depois.
― Mas são melosas ― Alex resmungou no comunicador.
― Espera, vocês ouviram tudo? ― Kara parecia confusa.
― A moçoila aí esqueceu de desligar o próprio comunicador e nos deixou bem a par da conversa com a esposa ― Alex continuou resmungando.
― Então sabem que eu preciso ir, qualquer novidade me avisem, por favor ― Pediu a loira ― E, Alex, vá descansar, você precisa disso ― Pediu.
― Que a Cat nunca ouça Lena mandando em você, maninha ou eu deveria dizer, Cadelinha ― Alex brincou antes de deixar a irmã desligar ― Já imaginou a manchete? Como Lena Luthor deixou Supergirl de joelhos.
― Quebrou o pulso e engoliu um palhaço, foi? ― Kara resmungou desligando os comunicadores em seguida, enquanto Alex e Kelly gargalhavam abertamente.
No minuto seguinte, Kara entrou em casa, abraçou Eliza com carinho, tranquilizando-a sobre Alex e deixando um beijo carinhoso em sua bochecha para depois beijar os lábios de Lena e lhe abraçar um pouco mais forte.
― Cheguei, meu amor ― Sussurrou baixinho.
― Vamos jantar ― Lena pediu.
Na próxima hora, elas jantaram juntas enquanto Kara atualizava sua mãe e sua esposa sobre toda a situação e elas ainda lavaram, enxugaram e guardaram toda a louça antes de Lena sugerir algo que vinha rondando sua mente.
― E se formos até a Fortaleza da Solidão, tentar encontrar dados sobre os kryptonianos presos na Zona Fantasma ou mesmo qualquer coisa que possa ajudar?
― Acho que pode ser uma boa ideia, podemos ir amanhã? Está tarde e Alex provavelmente vai querer ir junto, mesmo eu mandando ela descansar ― Resmungou a última parte.
― Você teve a quem puxar, querida ― Lena brincou divertida.
― Argh, Lena ― Kara riu baixinho ― Ela precisa descansar ou Kelly vai deixar uma Super e uma Luthor de joelhos com aquele escudo.
― Kara? Você é literalmente descrita como a garota de aço, acha que aquele escudo faria algum estrago? ― Lena continuou brincando.
― Mas amor, ela dá medo ― Kara fez beicinho e logo depois continuou ― Além disso, o escudo é feito de metal NTH, nem eu posso quebrar aquela coisa e eu não sei se aquilo poderia quebrar a minha cabecinha de aço ― Riu junto da morena ― Acho que nunca apanhei com aquele escudo, sabia?
― Kara, já entendi ― Lena riu abertamente ― Você tem medo da Kelly.
― De tudo o que eu falei, você só focou nessa parte? ― Kara indagou, indignada.
― Claro, querida ― Lena se divertia ― Sabe, eu amo você, não vou incentivar nenhuma experiência perigosa ― Eliza riu junto delas ― Tipo essa de querer deixar a Kelly lhe bater com aquele escudo, só para deixar claro.
― Eu não faria ― Kara resmungou.
― Faria sim! ― Lena e Eliza responderam juntas.
― O massacre vem de família mesmo ― Resmungou fazendo bico.
― Filha, sua esposa tem razão, você e a Alex às vezes fazem alguns testes perigosos.
― A infância delas foi difícil? ― Lena indagou curiosa.
― Você quis dizer adolescência né? ― Eliza sorriu ― Entre esconder os poderes, controlar uma adolescente rebelde, uma adolescente alienígena que perdeu um planeta, é prima do Superman e tem super poderes, é claro que foi complicado, principalmente para explicar de onde vinham os bebês em duas culturas diferentes ― A mais velha brincou.
― Não esqueça das brigas da Alex, ela sempre queria usar o banheiro primeiro ― Resmungou.
― E você fazia questão de usar seus poderes para entrar primeiro ― Eliza pontuou.
― Kara, você era encrenqueira, em? ― Lena pontuou risonha.
― Alex que me provocava ― Resmungou em defesa própria.
― Mas o mais engraçado mesmo foram os narizes quebrados que Kara causou ― Provocou Eliza, sabendo que deixaria a filha envergonhada na frente da esposa.
― Mãe! ― Kara queria poder se esconder naquele segundo ― Foram só dois.
― Não acredito ― Lena riu abertamente ― Você socou os garotos, amor?
― Hm, não ― Kara suspirou envergonhada ― Eu beijei eles.
― Não acredito! ― Lena começou a gargalhar, tentando imaginar a cena naquele mesmo momento.
― Aproveite, Lena ― Riu Eliza ― Não me lembro de saber de narizes quebrados depois de Kara melhorar no controle dos superpoderes enquanto beijava alguém. Só teve uma vez que ela quebrou os dedos do pé daquele garoto.
― Fala como se eu tivesse beijado tantas pessoas assim ― Kara resmungou, baixinho.
― Amor, respira e relaxa ― Lena falou ― Eu continuo te amando igual ― E beijou a bochecha da esposa ― Mas confesso estar bem aliviada de ter conhecido você antes de ganhar um nariz quebrado ou um dedo amassado.
― Lena, mudando de assunto ― Eliza chamou, rindo enquanto Kara ainda estava resmungando baixo com as bochechas vermelhas ― Como estão Sam e Ruby? Faz tempo que não as vejo.
― Elas estão bem e inclusive, acho que podemos voltar nós três para National City, você fica lá em casa e então, marcamos um almoço? ― Sugeriu Lena.
― Não quero atrapalhar ― Eliza respondeu.
― Nunca irá atrapalhar e nossa casa tem um quarto prontinho pra lhe acomodar.
― Tem certeza? Vocês acabaram de casar…
― Não irá ― Lena garantiu, sabendo que a sogra estava preocupada delas ainda estarem em lua de mel ― acho que fará muito bem a Alex, Kara, Esme e Ruby você estar por perto e talvez, Sam ouça alguns conselhos de uma sábia mulher sobre ela se render ao professor de Ruby ― Riu Lena, vendo Eliza se interessar pelo assunto.
― Conte-me mais sobre esse professor.
― Ele se arruma todo só quando a Sam vai ver o treino de futebol ou na reunião de pais e mestres, chegando a usar até gravata.
― Ótimo sinal ― observou ― Um homem que tenta impressionar uma mulher com bonitas gravatas não deve ser dispensado.
― Eu também acho e Sam está apavorada por causa de Ruby e você sabe…
― Eu entendo bem, minha querida.
― Mamãe?
― Quando Jeremiah desapareceu, eu não quis outra pessoa na minha vida, querida ― Eliza explicou ― Seu pai infelizmente não está mais vivo agora. E durante um tempo, antes de saber que ele tinha partido, eu não queria me envolver com ninguém por medo de você e Alex pensarem que eu estava o substituindo.
― Mas mãe, você também merece ser feliz ― Kara pontuou como se fosse óbvio.
― Eu sei querida ― Eliza a abraçou ― Quem sabe com o tempo?
― Me promete que vai me contar primeiro? ― Pediu.
― Vai checar ele? ― Lena perguntou, curiosa.
― Não, só quero evitar que a Alex o ameace até ele fugir para as colinas ou que ela diga algo sobre como ela pode matá-lo de diversas formas somente com o dedo indicador se ele machucá-la.
― Alex com certeza faria isso, mesmo sem os poderes da Kara ― Lena riu junto a Eliza.
― Vamos meninas, vamos descansar ― Eliza encerrou o assunto rindo abertamente, enquanto subiam juntas para seus devidos aposentos.
{...}
Na manhã seguinte, Kara voou com Alex e Lena para a Fortaleza da Solidão, ela não queria usar portais daquela vez, chegando na porta, Kara estranhou onde a chave estava, ela não havia deixado-a ali e tinha quase certeza de que Kal-El ainda estava em Argo, com seus pais. Ela tentou ignorar o significado implícito daquele fato e segurou a chave com cuidado, encaixando-a na fechadura, mas nada lhe preparou para o que veria a seguir. Lena e Alex também não estavam prontas, o choque estampou o rosto das três.
A antes majestosa Fortaleza da Solidão encontrava-se completamente destruída. As altas paredes de gelo estavam cheias de rachaduras, as outrora grandiosas estátuas dos pais de Kal-El estavam completamente despedaçadas e seus rostos profanados com um símbolo tipicamente Kryptoniano que Kara não foi capaz de reconhecer no mesmo segundo, pelo choque de realidade, até se lembrar de onde havia visto. Aquele era o brasão da casa Zod.
A Kryptoniana encontrava-se estática em seu próprio lugar, enquanto Lena e Alex procuravam em suas próprias mentes uma forma de ajudar a loira, porque elas sabiam da importância daquele lugar para a heroína.
Obrigando suas pernas a se moverem, Kara viu diversos pontos onde a visão de calor de algum kryptoniano havia destruído, o gelo estava completamente destroçado, seu próprio painel de controle estava inoperante, manchado com marcas de explosões, ela moveu-se mais um pouco, chegando ao local onde ela guardava todo o arsenal de armas confiscadas por ela e Kal e seus joelhos cederam quando percebeu o local completamente vazio e destruído.
Era como ver o seu próprio planeta explodindo mais uma vez, bem diante de seus olhos. Ela podia se lembrar de cada momento especial, extraordinário ou mesmo ruim vivido ali, aquele local foi palco de uma de suas maiores batalhas e de um de seus piores pesadelos, foi onde pôde aprender um pouco mais sobre seus poderes, onde havia treinado Nia para ser a heroína que é, onde pôde mostrar a Kal-El um pouco mais de como seu lar era e agora, não restava nada.
― Kellex? ― Tentou chamar baixinho pelo robô que sempre estava ali, lhe ajudando e odiou quando o silêncio daquele lugar pareceu ficar ainda mais quieto.
Foi quando percebeu quase ao seu lado o pequeno robô também destruído, cortado ao meio. O autor de todos aqueles atos era cruel, percebeu a kryptoniana, e provavelmente não estava sozinho.
― Kara? ― Lena chamou pela esposa, sabendo mais ou menos o que a destruição daquele local sagrado poderia significar para ela.
Em um primeiro momento, a loira foi incapaz de responder, tentando processar aquela perda, porque ela sempre perdia? Era essa a pergunta rondando sua mente.
― Kara, meu amor ― A morena tentou novamente e, ao não obter resposta alguma, se ajoelhou ao lado de Kara e trouxe sua heroína para seus braços ― Estamos com você ― Lhe lembrou murmurando baixinho, deixando Alex se aproximar e abraçar a irmã, enquanto a kryptoniana tentava quase inutilmente, segurar as próprias lágrimas.
― Não tem problema chorar um pouco ― Alex lhe lembrou, foi quando ela e Lena foram abraçadas um pouco mais forte e os primeiros soluços foram ouvidos.
A dor daquele choro quebrou o silêncio e também os corações das companheiras de Kara, elas não sabiam exatamente como ajudar, mas naquele segundo, segurar a loira em seus braços seria o suficiente.
{...}
Depois de deixar Kara chorar em seus braços por tempo suficiente para se sentir um pouco melhor, Alex mandou as duas para casa, sua irmã precisava de um tempo. Lena abriu um portal pelo seu relógio e mandou a ruiva para casa, logo depois abriu um novo portal e guiou a loira até a casa delas.
― O que acha de um banho de banheira bem quentinho? ― Lena sugeriu baixinho.
Mas Kara não respondeu, a loira apenas se deixou ser guiada para o andar de cima e então para sua suíte, as duas entraram no banheiro e enquanto a banheira enchia, a morena beijou um dos ombros de Kara e lhe ajudou a tirar as roupas.
Depois de tudo pronto, Lena entrou na banheira com Kara e abraçou a loira por trás, com todo carinho capaz de passar em um único abraço, a morena deixou sua esposa desabar novamente.
― Amor, eu sei que agora parece que você perdeu tudo. Perdeu seu lar, perdeu seu planeta, perdeu sua casa ― Lena começou, apertando o abraço um pouco mais, para evitar a esposa de a interromper ― Mas enquanto você quiser, eu farei de tudo para que tenha um lar. E se você precisar, sempre pode ir a Argo ― Lena sugeriu ― Eu vou entender se precisar de um tempinho lá para se reconectar.
― Não acho que meu lar pode ser em outro lugar, que não ao seu lado. Minha casa é aqui.
― Mas sem a Fortaleza…
― Tem razão Lee, perder a Fortaleza foi como perder Krypton outra vez. Mas você também está certa. Argo está lá fora, um pedacinho de tudo que sou está por aí e preciso alcançá-lo na hora certa ― Kara respirou fundo ― Mas meu lar, Lee, é onde você estiver.
― Eu amo você ― Declarou a morena, repousando a cabeça sobre o ombro da esposa, enquanto continuava lhe segurando em seus braços.
― Eu também te amo ― A loira sorriu, segurando a mão de Lena ― E quando eu for a Argo, você irá comigo, ao meu lado, como minha esposa.
― Tem certeza? ― lena perguntou, mordendo o lábio inferior
― Não quero ficar sozinha nunca mais e você casou comigo e todo meu pacote completo de responsabilidades, poderes e casas voando em asteróides por aí ― Kara brincou, arrancando um sorriso de Lena
― Eu poderei ter uma casa em um asteroide? ― Lena indagou quase animada demais com a ideia.
― Não sei se existe alguma corretora inter-estelar, mas você pode fundar a primeira, Sra Luthor-Danvers ― A morena sorriu abertamente ao ouvir Kara, tinha conseguido finalmente animar um pouco mais sua esposa.
― Vou pensar sobre, já imaginou: “Luthor-Zor-El Imóveis Espaciais”? ― Lena brincou, vendo Kara rir novamente.
― Eu acho que soa bem.
― Eu também acho que vai fazer sucesso ― Riu a morena ― Vendemos casas feitas de cristal em asteroides, tendas em Júpiter e até veículos para passeios em Marte ― A morena se empolgou.
― Só não mexa com a nave do J’onn, ou ele mata nós duas ― Sussurrou para a esposa, rindo junto dela em seguida.
― Então deixamos a nave dele de fora do negócio de passeios interplanetários, melhor ― Brincou Lena ― Mas eu vou abrir uma casa de câmbio inter-espacial, qual a moeda de Krypton? ― Indagou curiosa.
― Acho que a Sam estava certa quando falou sobre você ser trilionária em breve, querida ― Kara riu novamente.
― É o plano, querida, acompanhe ― Pediu ― Preciso ser rica na moeda de Krypton que você não me disse qual é para comprar uma casa grande em Argo para impressionar os pais da minha linda esposa.
― Você vai impressionar mais eles com todo seu conhecimento ― Kara contou ― Meu pai já ficou impressionado quando você corrigiu o algoritmo dele e minha mãe até hoje lembra de ti como a mulher que salvou Argo com Harun-El ― A loira explicou ― Eu não tenho dúvidas que eles vão aprovar nossa união. É perfeita.
― Mas talvez, eu ainda tenha um medinho deles ― Confessou baixinho.
― Lena Luthor tem medo de alguma coisa, senhoras e senhores ― Kara brincou, recebendo um tapa em seguida ― Lena! ― Riu abertamente.
― Amor, na Terra, seus pais disparam laser pelos olhos e sobram gelado, eles poderiam fazer picadinho de mim ― Pontuou quase séria enquanto Kara ainda ria.
― Mas amor, você é uma bruxa poderosa ― Kara lhe lembrou ― E sabe fazer kryptonita, ou seja, você tem domínio de todas as fraquezas dos kryptonianos.
― E ainda me perguntam como eu coloquei a Super de joelhos ― Brincou tentando fugir do assunto e riu quando Kara ficou completamente vermelha com sua fala.
― Que eu posso fazer se você é deliciosa ― Kara revidou, flertando
― Acho que preciso que me lembre disso mais vezes, querida ― Lena devolveu, permitindo que Kara pudesse se virar para um beijo.
{...}
Quando elas finalmente deixaram o banho, Lena em seu roupão vermelho e Kara usando o azul, as duas foram para o quarto ainda secando os cabelos nas toalhas felpudas que a morena havia insistido em comprar.
― E então, que tal pedirmos algumas pizzas, potstickers e algumas outras guloseimas e chamarmos as meninas para alguns jogos? ― Sugeriu Lena.
― Podemos abrir um portal e buscar Eliza? ― Kara pediu, querendo a mãe mais perto.
― E convidar Nia e Brainy, eles ainda não conhecem nossa casa também ― Lena acrescentou ― J’onn vem também?
― Podemos deixar o quarto preparado para minha mãe ― Kara sugeriu ― E com seu relógio de portal, cada um pode ir em segurança para sua casa?
― Podemos ter tudo que quiser, querida ― Lena sorriu compreensiva.
― Será que minha mãe faz o café amanhã cedo? As vezes sinto falta das panquecas dela ― Confessou.
― Aposto que se pedir, ela fará ― A morena incentivou sua esposa.
― Sabe que é a melhor esposa do mundo? ― Indagou a loira com um sorriso bobo nos lábios.
― Não foi por isso que casou comigo? ― Pontuou Lena como se fosse óbvio.
― Por ser a mulher mais gentil? ― Kara arriscou.
― Por eu ser a melhor ― Lena a corrigiu.
― E a mais modesta ― Kara ironizou.
― Que te ama ― Declarou a morena, derretendo a loira que largou a toalha e a beijou.
{...}
No início da noite os amigos delas começaram a chegar para a noite de jogos. Eliza já estava ali e havia dado um pouco de colo para sua menina quando chegou, Lena terminava de separar alguns vinhos para a noite na adega delas e Kara terminava o pedido de pizza e potstickers.
Aos poucos, seus amigos começaram a chegar, a primeira foi Nia, junto de Brainy. A sonhadora reclamou da falta de consideração das amigas ao esconderem seu relacionamento e reclamou mais ainda de não ter sido convidada logo para conhecer a casa, e, sim, Lena também lhe comprou com um bom vinho.
Enquanto Nia contava como estavam as coisas na CatCo para Kara, deixando claro para a amiga que Cat lhe defendia com unhas e dentes de seus funcionários e que todos estavam muito curiosos para a nova exclusiva que sairia na próxima edição, a exclusiva delas como casal. Brainy ajudava Lena e Eliza na cozinha com alguns petiscos e bebidas, eles deixaram tudo na mesinha de centro do sofá no exato momento em que a campainha soou novamente.
Daquela vez, era Sam, Ruby e J’onn, os três cumprimentaram todos os presentes e logo se acomodaram para esperar quem faltava. Pouco depois, Alex, Kelly e Esme chegaram para completar a rodinha.
― Tia Kara! ― Esme chamou pela tia e correu para os seus braços completamente animada, abraçando-a com força.
― Hey, meu amor ― Kara sentiu seu coração ficar quentinho com o carinho da sobrinha e lhe abraçou de volta.
― A mamãe Alex disse que você precisava de um abraço de urso ― Confessou baixinho, apertando mais os bracinhos em volta de Kara ― Se sente melhor, titia?
― Muito melhor agora, querida, obrigada ― Sorriu abertamente e beijou a testa da garotinha, antes de colocá-la no chão.
― Mamãe, a vovó está aqui ― Esme apontou para Eliza, completamente animada e correu para a loira mais velha, para lhe abraçar também.
― Ei, e eu? ― Lena indagou observando a afilhada perto de si.
― Dindinha! ― Esme sorriu abertamente e pulou para o colo de Lena, dando-lhe um abraço igualmente apertado ― Obrigada por cuidar da tia Kara ― Murmurou baixinho e beijou a bochecha da madrinha com carinho, antes de ir cumprimentar as outras pessoas.
― Gesso legal, Alex ― Nia pontuou, risonha.
O Gesso antes branquinho agora mostrava diversos desenhos aleatórios de Esme, das mais diversas cores e formas e a ruiva não se importava realmente com aquilo, porque sua garotinha tinha ficado com o sorriso mais radiante do mundo depois de sua grande obra de arte.
― Esme, o nome da artista ― Kelly brincou divertida enquanto se juntava aos amigos depois de cumprimentar todos os amigos.
― Podemos começar a jogar? ― Alex pediu, desviando do assunto.
― Dindinha, posso ficar com você e a tia Kara? ― Esme pediu.
― Esme, sua traidora ― Alex resmungou.
― Mamãe, eu amo você, mas a dindinha sempre ganha ― Pontuou risonha.
― Sua interesseira ― Alex devolveu, arrancando uma risada dos amigos.
― Interesseira não, mamãe. Aprendendo a ser uma mulher de sucesso, minha dindinha é bilionária, lembra? ― Pontuou como se fosse óbvio.
― Quem ensinou isso para ela? ― Nia indagou rindo abertamente.
― A dindinha, ué ― Esme deu de ombros, divertida.
― Vamos mostrar a ela, amor, o quanto somos poderosas ― Kelly entrou na brincadeira.
― E quando ganharmos de vocês, você vai se arrepender de ter nos trocado, mocinha ― Alex cruzou os braços.
― Céus, podemos jogar crianças? ― Sam riu abertamente.
― Vamos jogar o que primeiro? ― J’onn indagou.
― Monopoly! ― Kara, Lena, Esme, Nia, Ruby e Brainy gritaram ao mesmo tempo, arrancando uma risada dos amigos, eles abriram o primeiro jogo e começaram a jogar.
No meio da partida, as pizzas e potstickers chegaram para elas, Kara pegou tudo e eles começaram a comer, tudo virou uma mistura de gritaria, comilança, bebidas e brincadeiras e o clima descontraído e competitivo perdurou até o final da partida de Monopoly onde Kara e Lena ganharam novamente.
― Nós ganhamos ― Esme fez sua dancinha da vitória ― Viu mamães, mulher bem sucedida ― Deu uma piscadela divertida.
― Eu vou pegar você sua pestinha ― Alex riu e puxou a filha para lhe fazer cosquinhas e todos riram ouvindo a menina gargalhar abertamente.
Depois disso, trocaram o jogo, encheram seus copos de bebida e voltaram a jogar. Quem visse de fora, diria que o clima daquele ambiente era caótico, mas era realmente divertido perceber a união de algumas duplas, como Kara e Lena, sua cumplicidade facilitava muito no quesito ganhar jogos.
― Separa essas duas, porque não é possível! ― Nia reclamou pela milésima vez.
― Perdedora, que chama ― Kara brincou divertida engolindo o último potsticker, com Esme aconchegada em seu colo, a menina estava quase dormindo apesar da gritaria ― O que Rao uniu, o homem não separa.
― Falando em unir, quando vocês vão fazer um casamento para nós estarmos presentes mesmo? ― Indagou Kelly, colocando as duas contra a parede.
― E quem será sua madrinha, Lutessa? ― Sam entrou na brincadeira, Ruby havia pedido para ir dormir a pouco tempo e estava em um dos quartos de hóspedes da casa.
― Acho que vou convidar você e o professor Jackson ― Lena provocou ― Sabe, dar esse empurrãozinho, já que você se faz de cega.
― Eu acho que devia aceitar ao menos um encontro com o pobre rapaz, Sam ― Eliza se intrometeu na conversa ― Ele se arruma para você, não é de se jogar fora.
― E o que eu faço com a minha filha, Lutessa? ― Sam indagou.
― Ah, está vendo essa casa enorme aqui? ― Lena apontou para a própria casa ― Temos piscina, sala de jogos, videogames, uma sala de TV incrível e duas adultas responsáveis para cuidar dela.
― Responsáveis onde? ― Alex brincou.
― Não acho muito responsável quem foge para casar ― Kelly entrou na brincadeira.
― Ah pronto ― Lena riu indignada.
― Você sempre pode deixar ela comigo, minha querida ― Eliza ofereceu sorridente.
― Mas gente, o papo não é sobre minha vida amorosa inexistente ― Sam resmungou ― E sim sobre o casamento dessas duas fujonas irresponsáveis.
― Primeiro, Lena precisa enfrentar os sogros dela ― Kara brincou.
― Não é justo a Kara não ter nenhuma sogra e eu ter duas sogras e um sogro ― Lena resmungou.
― É o Karma ― Alex brincou.
― Alex! ― Kelly repreendeu a esposa, cutucando-a.
― Ainda estou tentando convencer Lena a ir para Argo e conhecer os meus pais, não piora a situação, sis ― Kara pediu.
― Para uma Luthor que se gaba de botar uma super de joelhos… ― Sam começou.
― E que sabe manipular as duas maiores fraquezas deles ― Alex lhe complementou.
― Você está muito manhosa, Lutessa ― Finalizou Sam com seu tom divertido.
― Mas eu coloco essa Super de joelhos ― Apontou para Kara com um sorriso divertido ― Não aqueles Supers.
― Vocês são impossíveis ― Kara riu percebendo que Esme dormia em seu colo ― Eu vou levar Esme para cama, já volto ― Levantou-se enquanto ainda ria da situação.
― Difícil saber se você é Fã ou Hater, Samantha.
― Hater número um de Lena Luthor, prazer ― Sam riu abertamente.
Kara apenas riu baixinho enquanto subia as escadas, era muito agradecida por ter os melhores amigos da galáxia. Ela colocou Esme na cama do quarto de hóspedes e cobriu a sobrinha, deixou um beijinho em sua testa de boa noite e desceu novamente para ficar com os amigos.
― Então, qual o próximo jogo? ― Indagou enquanto eles discutiam novamente as regras da mímica, por Rao, a próxima hora seria divertida.
Depois de mais algumas horas de jogos, todos os amigos delas foram embora pelos portais criados por Lena, era prático e seguro. Kara começou a recolher a louça suja, Eliza já havia se recolhido e Lena fechou o último portal antes de se juntar à loira na arrumação.
― Sabe que eu posso terminar isso em um minuto usando a super velocidade, não sabe? ― Indagou baixinho vendo a morena guardar mais um jogo em sua devida caixa.
― Sei, mas não quero você misturando peças ou quebrando qualquer coisa por estar indo rápido demais ― Lena riu ― Combinamos, sem poderes, lembra?
― Tudo bem, Lee ― Kara sorriu levemente ― Obrigada por hoje.
― Não precisa agradecer, meu amor ― Lena sorriu abertamente.
― Preciso sim ― Trouxe a esposa para um abraço carinhoso ― Não sei o que seria de mim sem você.
― Oh, seria uma Super triste ― Fez um trocadilho divertido vendo a loira fazer um beicinho fofo.
― Lena! ― Resmungou aumentando o bico, mas sorriu quando a morena lhe beijou com carinho.
― Eu aceito ― Lena confessou sem a loira esperar por aquilo.
― Oi? ― Indagou um tanto confusa.
― Eu aceito ir com você até Argo para conhecer os seus pais ― Olhou dentro dos olhos azuis, sorrindo levemente ― E vou apoiar todas as suas decisões e estarei lá para você se não der certo no conselho.
― Você é a melhor, Lee ― Kara sorriu abertamente, contente com aquela notícia ― Acho que lá podemos encontrar informações sobre quem destruiu a Fortaleza ― Comentou baixinho ― Tinha esse símbolo lá, da casa de Zod. Meus pais podem ter mais informações sobre eles. Podemos nos preparar para quando eles voltarem a atacar e vamos recuperar as coisas que eles roubaram de nós.
― Quando vamos, querida? ― Indagou baixinho, pronta para pular em uma nova aventura.
Continua...
Chapter 7: Um tour interessante por Argo City
Chapter Text
Depois de conversar com os Superamigos e acertar a partida a Argo, Lena iniciou junto a Brainy os preparativos da nave de J’onn para a partida.
Mesmo Kara insistindo para usarem o portal que seu pai e ela haviam começado durante o tempo do Kryptoniano na Terra, Lena estava empolgada para ver Argo do espaço. Kara acabou cedendo mesmo que o portal fosse mais rápido.
Porém, como a loira estava preocupada com os kryptonianos que estavam em algum lugar do espaço lá fora, antes da partida, Kara usou os conhecimentos dos Superamigos para garantir o portal em pleno funcionamento.
― Meu pai construiu um portal do outro lado ― Kara comentou ― Qualquer coisa que precisarem, me chamem e volto imediatamente.
― Está pronta para conhecer sua sogrinha oficialmente, Lena? ― Nia provocou, vendo a morena suspirar.
― Duas sogras, Nia. Duas ― Resmungou a morena.
― Eliza é tão tranquila ― Kelly rebateu.
― Eliza é um amor ― Lena concordou ― Agora vamos ver Alura.
― Devo ficar feliz por não ter uma sogra? ― Brainy perguntou e Nia lhe deu um tapa na cabeça.
― Eu adoraria ter minha mãe comigo ― Reclamou a sonhadora ― E aposto que Lena também queria a mãe dela aqui, a biológica, claro.
― Entendi, não ter sogra é ruim, mas ter duas sogras também é ruim ― O coluano concluiu.
― Rao, Brainy, só fique quieto ― Kara reclamou ― Convencer Lena a ir a Argo deu trabalho demais. Então, não façam ela mudar de ideia justamente agora.
― Calma chefinha, ela não vai ― Nia brincou ― E a propósito, Cat quer fotos de Argo. E me pediu para desejar boa viagem e espera que você esteja de volta na segunda.
― Rao, eu não sei como vou dar conta. Mal comecei como editora-chefe e já preciso me ausentar tanto ― Suspirou a super-heroína preocupada.
― Está tentando salvar o mundo ― Alex finalmente se pronunciou ― Volte logo, por favor.
― Sempre voltarei para casa ― A loira concordou, abraçando a irmã mais velha.
― Cuidem da Sam, por favor ― Pediu Lena, vendo Alex assentir.
― Ela é família, vamos cuidar ― Prometeu a ruiva, sorrindo.
― Vejo vocês em alguns dias ― Kara disse, abraçando os amigos em uma breve despedida.
― Cuida dela ― Alex pediu abraçando Lena ― E me espere chegar em Argo se resolver se casar.
― Prometo que só vou casar com você lá de madrinha ― A morena respondeu para a cunhada, encerrando o abraço logo em seguida.
― Juízo ― Nia provocou ― E não voltem grávidas.
― NIA! ― Resmungaram, embora Kara não possa evitar corar. Se usassem a matriz, poderia acontecer.
E então, elas decolaram para o espaço, rumo a Argo.
{...}
― Seja bem vinda a Argo ― Kara desejou quando as duas puderam ver pela nave a majestosa cidade sobre o asteroide.
― Uau ― Lena murmurou animada ― Isso é incrível.
― Espere até realmente conhecer o lugar ― Kara sorriu abraçando a esposa por trás com carinho ― Eu sei que ainda não contei aos meus pais sobre nós duas ― Retomou aquela conversa esquecida no fundo de suas mentes ― E eu prometo que vou fazer isso assim que possível.
― E não vai ser assim que chegarmos ― Lena pontuou, parecendo um tanto chateada.
― Eu tenho medo, Lee ― Kara pontuou baixinho ― Medo da reação dos meus pais. Eles ouvem muito o conselho kryptoniano e eu não queria ser expulsa de lá antes de poder lhe mostrar os meus locais favoritos, antes de poder lhe mostrar um pouco da minha cultura, um pouco dos locais majestosos de Argo ― Suspirou pesado.
― Você tem medo de se magoar ― Lena concluiu ― Porque Argo ainda é um pedacinho do seu planeta natal, porque finalmente descobriu que seus pais biológicos estão vivos.
― Tenho medo deles não me aceitarem, de se decepcionarem comigo ― Suspirou deixando aquele pensamento escapar por seus lábios ― Em Krypton não importa se um casal é composto por dois homens, duas mulheres, ou um homem e uma mulher, mas não era uma escolha nossa e sim da matriz. Agora, é diferente.
― É diferente porque se casou por amor, acha que eles podem considerar isso uma escolha sua e se decepcionar com essa escolha? ― Indagou, tentando entender sua esposa.
― Sim ― Confessou ― Eu não quero magoar seus sentimentos, Lee, e sei que nos esconder pode nos magoar ― Suspirou ― Mas eu tenho medo, se quiserem, podem nos expulsar de Argo e ser expulsa de lá…
― Seria como perder Krypton novamente, como perder seus pais novamente ― Concluiu vendo a loira assentir e a trouxe para seus braços mais uma vez, abraçando-a com carinho ― Vamos fazer como você quiser, meu amor, já fingimos uma vez ― Brincou, arrancando uma risada baixa de Kara ― Podemos fingir de novo.
― Podemos fingir de novo, nem que seja por um dia, apesar de ser mais difícil porque seus lábios são muito beijáveis, Lee ― Fez um bico fofo.
― Os seus também são, meu amor ― A morena sorriu e selou seus lábios aos de Kara com carinho.
As duas encostaram suas testas sobre o beijo, deixando a respiração acalmar. Kara então colocou a mão no bolso, puxando algo.
― Ainda precisamos conversar com eles sobre isto, quando chegarmos ― Kara mostrou o Brasão da Casa de Zod para Lena ― Sem a Fortaleza, esse é o único lugar que pode nos dar informações.
― Melhor não sermos expulsas antes de conseguirmos isso, então ― Brincou levemente ― Pronta?
― Pronta ― Kara sorriu e beijou a bochecha de Lena com carinho no mesmo momento em que sua nave pousou em Argo.
Era hora de enfrentar os seus pais.
{...}
A nave pousou após a autorização de Argo. Quando desembarcaram, Zor-El já as esperava.
― Sua mãe está com o conselho, filha, mas fiz questão de te receber ― Disse o kryptoniano abraçando Kara com carinho.
― Olá papai ― cumprimentou a loira, sorridente, aproveitando aquele abraço.
― Vejo que não veio sozinha ― Zor-El notou quando findaram o abraço. ― É um prazer revê-la, Srta Luthor.
Lena hesitou um instante para não corrigir o kryptoniano. Ela e Kara tinham um acordo.
― Olá Sr Zor-El ― Cumprimentou a morena formalmente.
Kara observou os dois por um instante e olhou para o céu vermelho, em um breve e silencioso pedido a Rao.
― Vamos para casa? ― Convidou, indicando o caminho.
Kara e Lena apenas pegaram a mochila que cada uma havia levado consigo e embarcaram junto a Zor-El na nave da casa de El.
― Já esteve em Argo, antes, Lena? ― Perguntou o kryptoniano, iniciando a conversa sobre a cidade e um pouco da ciência envolvida para manter o local em pleno funcionamento.
― Lena produziu o Harun-El que salvou Argo, Ukhur ― Kara contou, vendo o pai arquear as sobrancelhas, em espanto ― Yeyu não lhe contou?
― Acho que ela deve ter mencionado ― Falou ele, ainda surpreso ― E acho que eu acabei esquecendo, Inah. De toda forma, se Kara é a heroína de sua terra, devo dizer Lena, você é a heroína deste asteroide ― Brincou, retomando o assunto de explicar mais a Lena sobre Argo.
Lena estava surpresa com as palavras de Zor-El e pela primeira vez, ela orou para qualquer entidade que estiver lá em cima ajudar ela e Kara serem aceitas por aquele homem e sua esposa.
Enquanto se encaminhavam para a casa dos pais de Kara, Zor-El continuou mostrando um pouco mais sobre a cultura e arquitetura de Krypton para Lena, ele gostava de falar sobre o assunto e poderia passar horas falando sobre ele. Quando chegaram, Zor avisou que precisaria se retirar e que haviam deixado trajes típicos para as duas vestirem.
― Esse lugar é incrível, Kara ― Lena estava completamente encantada com o lugar.
― Quero mostrar algo a você ― A loira sorriu abertamente, lembrando de uma das últimas visitas dela ali, caminhou com Lena até onde seria a sala de estar e se aproximou da grande flor ali presente ― Essa é uma flor típica de Krypton.
― Como se chama? ― Indagou curiosa enquanto observava a flor.
― Dar-Essa ― Kara lhe contou ― Minha avó me deu de presente no meu aniversário de um ano ― Sorriu nostálgica ― Elas são presenteadas as crianças para crescerem juntas, mas eventualmente, eu acabei passando a flor ― Riu baixinho ― Minha mãe disse que eu cresci muito rápido e passei a flor com facilidade.
― É muito bonita ― Lena sorriu.
― Vem, vamos nos trocar ― Puxou a morena pela casa até onde era o seu quarto, não havia mudado quase nada desde sua última vez ali e em cima da cama, duas mudas de roupas lhes esperava.
― Seu pai parecia surpreso por ver que você não estava sozinha, mas tem duas mudas de roupas aqui.
― Eu avisei a eles que traria você comigo, ele não deve ter prestado atenção, mas minha mãe sim ― Deu de ombros ― Vamos nos trocar, ainda quero levar você para conhecer Argo, depois de passar no conselho para pedir informações sobre a casa de Zod.
― Precisamos contar a seus pais sobre estes kryptonianos ― Lena lembrou ― Pensando no que fizeram a Fortaleza, eles não me parecem amigáveis.
― Eles com certeza não gostam da casa de El ― Kara suspirou ― Minha mãe deve ter condenado alguns deles a Zona Fantasma
― Acha que vão buscar vingança?
― Dificilmente ― Kara sorriu, triste ― Krypton explodiu. Devem estar satisfeitos. Minha mãe explodiu com sua arrogância, deve ser o que pensam.
― O que acha que farão?
― Kryptonianos são conquistadores, vão buscar novos planetas para escravizar, sob o Sol Amarelo. ― Kara cogitou ― Terra tem armas que os ferem, tem a mim, tem Kal. Não vão entrar em batalha sem saberem que podem ganhar. Conquistadores costumam ser grandes estrategistas.
― E o que você quer fazer primeiro?
― Podemos comer? ― Pediu fazendo beicinho.
― Porque não me surpreendo com isso? ― Lena riu baixinho ― Certo, senhorita esfomeada, o que vamos comer?
― Posso levar você em um lugar incrível, mas não tenho moeda de krypton ― Riu baixinho ― Sempre podemos pedir para Kellex cozinhar ― Deu de ombros ― Kellex! ― Chamou pelo robô.
― Olá, Srta. Zor-El, como posso lhe ser útil? ― O robô indagou, enquanto Lena sequer sabia o que dizer.
― Kellex o que teremos para o jantar? ― Indagou animada.
― Desculpe, senhorita, mas sua mãe avisou que hoje não haveria jantar ― Avisou.
― Como assim? Sem jantar? ― Kara resmungou como uma criancinha.
― Ela e Zor-El pretendem levá-la para jantar na casa do comandante Dix-Ur ― Avisou.
― E Lena?
― Ela irá conosco, Inah ― Alura interrompeu a conversa da filha com o robô, abraçando sua menina com carinho ― Creio que Lena não irá se incomodar em participar de um jantar, não é?
― Claro que não, Sra. Zor-El ― Lena sorriu levemente.
― Então, querida, Dix quer se submeter a matriz e seu pai o vê com bons olhos se vocês forem compatíveis, esse jantar é apenas para conhecê-lo melhor ― Apenas Lena viu a careta de Kara para aquela frase de Alura e ela queria rir apesar da situação.
― Yeyu…preciso da sua ajuda ― Kara trocou de assunto ― Fomos atacados por Kryptonianos que usavam o símbolo da casa de Zod, não sabemos quantos são, mas eles atacaram a gente, machucaram Lena, eu queimei meus poderes lutando com um deles e ainda roubaram a Fortaleza e destruíram tudo ― Suspirou ― O único nome que sabemos é Faora-Ul. Ela chegou falando sobre transformar a Terra em uma nova Krypton.
― Faora e mais alguns outros kryptonianos foram condenados a Zona Fantasma, minha filha. Alguns foram por minhas decisões enquanto juíza ― Alura respondeu ― Eu queria proteger Krypton e condenei alguns para lá. Pessoas que se deixarem aquela prisão, vão querer vingança contra nossa casa.
― Zod era um deles?
― Zod era o general de alguns deles. Mas nem todos. Alguns dos condenados eram ainda mais cruéis. Não haviam causas a lutar, apenas a destruição pela simples destruição.
― E como podemos encontrá-los? ― Lena perguntou, preocupada.
― Se quer meu conselho, não queira encontrar mais eles ― Alura respondeu.
― Mas eles levaram o que havia na fortaleza ― Kara lamentou.
― Fortalezas se reconstroem, armas podem ser desenvolvidas, mas uma vida depois que tirada, não pode ser devolvida, Inah ― Alura voltou a aconselhar sua menina ― Não procurem inimigos como estes. A Zona Fantasma era a prisão deles por um motivo, era o único lugar capaz de contê-los. Muitos que foram a dimensão dos esquecidos jamais devem retornar, ou tentarão mais uma vez destruir esse universo.
― O que acha que farão? ― Kara insistiu curiosa ― Para onde podem ter ido?
― Foram para Krypton, ou onde acreditam que seja Krypton. Mas quando não acharem, vão buscar um novo lar ― Era a ideia de Alura, pensando na irmã. Ela havia escapado e chegou à Terra, onde foi derrotada em batalha. A kryptoniana afastou o pensamento. ― Agora, vão se arrumar, seu pai já está chegando e Kara, deixei no seu quarto o colar da sua avó. Seu pai gostaria que usasse.
― Yeyu, podemos conversar… em particular ― Pediu a loira, sem jeito, olhando para Lena e depois para o chão. A cabeça um pouco baixa.
― Claro, Inah ― Assentiu a morena mais velha, caminhando para o quarto junto de Kara.
A loira apenas acompanhou a mãe silenciosamente, sob o olhar de Lena. A morena sabia o que Kara precisava falar com a mãe e mesmo com vontade de estar presente, a loira havia deixado claro que gostaria de um momento a sós com a mãe.
― O que houve, querida? ― Alura indagou um tanto preocupada enquanto observava a filha.
― Tem essa coisa que eu quero contar a você e o papai a um tempo ― Kara começou, andando de um lado ao outro dentro do quarto dos pais, em um claro sinal de nervosismo.
― Conte, querida, sabe que pode falar sobre qualquer coisa comigo, não sabe? ― Alura quis dar um pouco mais de segurança à filha.
― Eu gosto da Lena ― Confessou, sentindo o peso em seus ombros diminuírem muito com aquela confissão.
― Claro que gosta, até trouxe a garota para conhecer Argo, querida ― Alura não estava entendendo onde a filha queria chegar.
― Não mãe, é mais do que isso, eu… ér… eu amo a Lena, sou completa e perdidamente apaixonada por ela ― Deixou as palavras escaparem de seus lábios, sentindo um enorme alívio por dizê-las.
― Oh ― Por aquela constatação, Alura não esperava ― Mas você sabe que não é convencional um casamento por amor, não determinado pela matriz, Inah. As chances não estariam claras, poderia não haver compatibilidade necessária para o sucesso dessa relação.
― Mas mãe, na Terra casamentos acontecem por amor, sem importar se há essa compatibilidade necessária, sem saber se há essa chance de sucesso ― Suspirou pesado ― Eu cresci em Krypton, eu sei, mas também cresci na Terra e aprendi que alguns casais estão só destinados a acontecer, como o tio Jor-El e a tia Lana.
― Mas como pode ter filhos sem saber a chance de sucesso do casal, Inah? ― Alura não conseguia compreender.
― Ah, yeyu, eu não preciso de um algoritmo para saber que meu lugar é ao lado dela ― Explicou apaixonada ― Quando chegar a hora, vamos conversar sobre ter filhos e não importa o que o futuro nos reserve, eu nunca abandonaria eles e sei que Lena também não faria isso.
― Então, já tomou sua decisão? Assim como Kal-El nunca esperou pela matriz.
― É diferente, Yeyu, Kal não sabia tanto sobre nossos costumes, ele foi criado como um terráqueo e como tal ele não se importa se existe a chance de uma tal matriz achar sua combinação perfeita porque ele, sozinho, já encontrou, entende? ― Pontuou certa de suas palavras ― Demorei para vir a Argo porque estava criando coragem para contar a vocês. Ukhur foi me visitar e falou que gostaria que eu usasse a matriz. Eu não quero desonrar nossa casa. Eu não quero desapontar você e meu Ukhur, mas eu também não posso viver uma vida sem Lena. Não posso ter outra pessoa ao meu lado, seria uma vida de infelicidade.
― Acho que eu gostaria de saber disso antes de deixar seu pai marcar o jantar com a casa do Dix ― Alura lamentou.
― Não vamos desmarcar um compromisso, yeyu, mas não irei para vê-lo com outros olhos, porque meu coração já tem dona. Podemos desfrutar do jantar e da companhia e só isso ― Finalizou.
― Que Rao nos ajude ― Alura riu baixinho antes de guiar a filha para fora ― Agora vá, chame a Lena e cuidem de arrumar, seu ukhur já deve estar chegando e sabe como ele detesta atrasos.
― Lena também detesta ― Kara sorriu levemente, boba.
― Então cuidem ― Deu uma piscadela para a filha e fechou a porta de seu quarto quando ela saiu, precisava digerir aquela história com calma.
{...}
― Você está bem? ― Lena perguntou depois de ver Kara deixar o quarto da mãe.
― Sim, contei a ela que estou apaixonada por você ― Kara respondeu ― Quando meu Ukhur estiver junto, contarei sobre nós e nosso casamento ― Kara respondeu.
― Ela reagiu mal? ― Lena questionou, preocupada com a reação da sogra.
― Não, tudo bem, não se preocupe ― A loira garantiu, apesar de não entender exatamente qual era o posicionamento da mãe ― Vá se aprontar, temos um jantar para ir, meu pai odeia atrasos, como você ― Disse suspirando ― E com sorte, terá pouca comida e poderemos voltar logo para casa.
― Vamos lá, minha campeã ― Lena sorriu levemente agora preocupada com a esposa por ter dito “pouca comida” como algo bom e tocou nos ombros da loira, guiando-as para o quarto dela.
― Se você continuar falando assim, eu vou te beijar agora ― Kara suspirou apaixonada.
― Não queremos ser pegas dessa forma, amor ― Lena riu baixinho.
― Meus pais não tem visão de raio-x aqui e eu também não tenho poderes ― Sorriu sugestiva.
― Por mais que seja muito tentador ― Lena suspirou ― Precisamos nos arrumar, ou vamos nos atrasar e seu pai odeia atrasos.
― E você também ― Kara riu puxando a morena para dentro de seu quarto e logo para dentro de seu banheiro.
Elas tomaram um banho rápido e logo depois vestiram os trajes separados em cima da cama, para Kara, um vestido azul semelhante ao de sua mãe, com o símbolo da Casa de El estampado em seu peito, para finalizar ela calçou os sapatos e deixou os cachos dourados caírem por suas costas e, para Lena, um vestido semelhante ao de Kara, mas verde e, para sua surpresa, com o símbolo da Fundação Luthor estampando seu peito. Seus cabelos negros caíam por seus ombros e os sapatos combinando finalizaram seu look.
― Está linda, meu amor ― Kara sorriu abertamente, quantas vezes desejou ver sua esposa naqueles trajes típicos de seu planeta? Nem ela sabia responder a pergunta.
― Eu ainda não acredito que ela tem o símbolo da fundação ― Lena sorriu completamente boba com aquele pequeno detalhe.
― Eu queria não precisar ir nesse jantar, só para ter o prazer de te levar para desfilar em Argo, estaria ao lado da mulher mais linda do multiverso ― Kara sorriu abertamente e quase beijou os lábios da morena antes de serem interrompidas por Alura.
― Meninas? ― Alura bateu na porta do quarto da loira antes de entrar toda sorridente e ficou ainda mais contente quando viu Lena e Kara prontas ― Estão tão lindas, querida ― Ela viu as duas sorrirem ― Espero que tenha gostado de seus trajes Lena, quando Kara me mandou uma foto de vocês em frente a essa placa da sua Fundação, encontrei o brasão da sua família e pedi para colocarem em suas roupas.
― Obrigada, Alura ― Lena agradeceu realmente sentida com aquele cuidado com ela.
― Yeyu, não é bem o brasão da família dela ― Kara explicou.
― Kara, está tudo bem, eu adorei, Alura, obrigada ― Lena agradeceu.
― Zor-El está nos esperando, vamos? ― Chamou pelas duas.
― Sim yeyu, vamos ― Kara pegou na mão de Lena de forma inocente e caminharam juntas até a sala de estar onde Zor-El lhes aguardava.
― Veja como está linda a minha princesinha ― Zor-El sorriu abertamente ― Tenho certeza que vai amar conhecer Dix-Ur e a família dele, são boas pessoas.
― Tudo bem, Ukhur, vamos? ― Kara sorriu levemente, claramente desconfortável aos olhos de sua esposa.
Eles entraram em um dos veículos oficiais logo em seguida e foram para a residência da família Ur, chegaram dentro do previsto e foram recebidos com cumprimentos típicos e um tanto estranhos na visão de Lena, era esquisito cumprimentar alguém apenas com um simples oi sem nenhum tipo de contato físico se você realmente conhecia aquela pessoa, foi quando se lembrou dos costumes diferentes de Krypton.
Eles se acomodaram na sala de estar da família enquanto a senhora Ur terminava de preparar o jantar.
― Então, Kara, você pretende voltar a Krypton e assumir seu lugar na guilda de ciências?
― Não é meu plano, exatamente ― Kara respondeu ― Na Terra, me tornei jornalista e recentemente fui promovida a Editora Chefe, eu gosto muito do meu trabalho.
― Kara Zor-El, a integrante mais jovem da guilda científica de Krypton, é uma lenda. Pensei que nos honraria desenvolvendo os teoremas matemáticos para resolver a Hipótese de Riemann
― Mas a hipótese de Riemann tem que ser resolvida a partir do viés físico ― Lena interferiu.
― Então conhece, Lee? ― Kara parecia surpresa.
― Sim, eu mesma venho estudando ele há alguns anos ― Lena respondeu quase animada demais com aquilo.
― Kara estava trabalhando para desvendar essa hipótese quando Krypton explodiu ― Zor-El interferiu.
― Ainda falando sobre o mistério dos números primos e sua busca para resolver a distribuição enigmática.
― Por que sugere que pela fisca é a resposta, Lena? ― Zor-El perguntou a Lena realmente intrigado e curioso.
― Os números primos estão distribuídos em nosso conjunto de números inteiros de forma aparentemente aleatória, como os elétrons pareciam no começo da química moderna. Da mesma forma que as camadas da distribuição eletrônica proposta por Bohr explicou como as ligações iônicas acontecem e também como é possível que uma pequena diferença destas camadas pode fazer um elemento ser o outro e o outro o chumbo ― Lena começou a falar ― Podemos ter um comportamento semelhante neste caso. Vendo do ponto de vista da física, encontramos que esse comportamento das camadas podem fornecer diferentes tipos de campos magnéticos e elétricos. Todos os teoremas acabam por convergir de alguma forma para a física. Os números primos também devem convergir para ela, uma vez que dentro de uma ação e uma reação, temos uma equivalência.
― Riemann tinha a conjectura, que ele não foi capaz de provar e eu comecei a tentar, sobre a localização de um número infinito de zeros no plano complexo de uma função particular, conhecida como função de Riemann. Esses zeros parecem se alinhar magicamente ao longo de uma linha vertical com uma abscissa exatamente igual a 1/2, e até agora ninguém conseguiu entender a razão de uma regularidade tão incrível ― Kara explicou ― Seria meu primeiro processo depois da aceitação na guilda de ciências.
― Então a senhorita se fazia de besta me ouvindo? Todos esses anos enquanto eu pensava que você não me entendia? ― Lena parecia um tanto indignada.
― Era fofo, ok? ― Kara quase fez um beicinho fofo.
― Há pouco tempo, os físicos mostraram que a função de onda, que explica as partículas atômicas e subatômicas, é uma matemática que virou realidade. Agora, os matemáticos mostraram que um movimento aleatório das partículas explica a presença de um padrão na matemática. ― Zor-El complementou ― Essa distribuição se deve, em última análise, a um motivo totalmente inesperado: à presença de um movimento caótico e às leis de probabilidade que regem esse movimento.
― Se conseguir provar a teoria, Kara, podemos implementar em nossos movimentos militares estas distribuições e nossa expansão poderia ser imprevisível para qualquer povo que não domine essa conjectura ― Dix tomou a palavra quase eufórico demais com aquela ideia.
― Expansionismo já se mostrou um problema para Krypton antes ― Kara lhe lembrou.
― Estamos reduzidos a um asteroide ― Dix contrapôs.
― E quer expandir como? Tomando planetas? Matando pessoas? Escravizando pessoas? Não seríamos melhores que Daxamitas se fizéssemos isso ― Kara parecia indignada.
― Veja, Kara, sua casa representa dois grandes pilares de Krypton, a Justiça e a Ciência ― Dix voltou a falar, fugindo das perguntas de Kara ― E a minha representa muito do poderio militar de nossa grande nação. Uma união de nossas casas pode representar uma nova era. Um novo amanhecer para nosso povo .
― E você deseja que isso seja feito pela matriz? ― Kara estava começando a se irritar com aquele babaca.
― Somos kryptonianos puros, criados pela matriz, frutos de combinações perfeitas de nossa raça ― Explica o kryptoniano ― Veja as possibilidades que temos para beneficiar nosso planeta.
― De alguém que cresceu na Terra, Dix, aceite o meu conselho ― Lena tentou ― Muito tempo atrás, existiu um partido Nazista, conhecido pelo mundo por buscar uma perfeição que nunca existirá, somente pessoas brancas e de olhos claros poderiam ser considerados perfeitos, se você fosse um pouco diferente, seja por sua cor, olhos, raça, ou mesmo religião e orientação sexual você era mandado para um campo de extermínio e, pelo que Kara me conta, vocês apontavam para Daxam dizendo que aquilo estava errado e agora você parece querer fazer o mesmo. Sabe o que nos faz prosperar realmente? ― Ela viu o homem negar enquanto Kara lhe observava completamente boba ― Inclusão. Enquanto você pensar em perfeição, estará fadado ao fracasso, como Hitler fracassou.
― E você não entende o que as palavras de Lena significam porque não conhece a história da Terra ― Kara resolveu explicar, porque estava orgulhosa demais da esposa para deixar aquela sutil ofensa passar despercebido ― Então eu vou traduzir a você. Da mesma forma que Daxam escravizou, segregou, puniu e matou todos aqueles que eram diferentes, você quer fazer o mesmo com essa sua ideia tola de perfeição.
― Vamos jantar? ― A senhora Ur apareceu apenas um minuto depois, enquanto todos ainda processavam as palavras de Kara e Lena, havia sido um baita choque de realidade.
― Claro, senhora Ur, já estamos indo ― Zor-El tentou trazer o clima ameno de volta e guiou a esposa para a sala de jantar, naquele momento ele pareceu reconhecer que ainda sabia muito pouco sobre sua filha.
Logo depois, Dix, o senhor Ur, Kara e Lena também foram para a sala de jantar e a loira precisou de uma grande força de vontade quando viu na mesa o seu prato kryptoniano favorito.
Eles se serviram em silêncio, cada um deles parecia absorto em suas próprias ideias e ninguém parecia saber como puxar um novo assunto mais neutro.
― Então, Kara, quando Alura e Zor nos contaram sobre sua vinda, fiz questão de descobrir qual era o seu prato favorito, para presenteá-la ― A senhora Ur tentou.
― Obrigada, senhora Ur, mas me presentear por qual motivo? ― Indagou curiosa enquanto comia com gosto, às vezes, sentia muita falta das comidas típicas de seu planeta.
― Por ter salvo Argo ― Sorriu.
― Mas quem fez isso foi a Lena ― Kara deu de ombros ― Ela quem fez o Harun-El, eu apenas trouxe ― Explicou.
― Oh, desculpe a minha ignorância ― Suspirou um pouco sem graça.
― Srta. Luthor, certo? ― O senhor Ur resolveu tentar daquela vez e viu a morena assentir ― O que significa o símbolo em seu peito? Como sabe, cada casa possui um significado, mas nunca havia visto tal símbolo.
― É o símbolo da Fundação Lena Luthor ― Lena explicou simples ― Essa é marca da minha nova empresa, onde junto com diversas outras empresas criamos hospitais, escolas, orfanatos e investimos em infraestrutura nesses ambientes, além de podermos criar novas tecnologias para facilitar a vida das pessoas mais abastadas da sociedade. É como uma espécie de recomeço, é a árvore da vida, ela está associada à criação do universo, representando a ligação entre vários planos, como a terra, o céu e também o submundo. Ela pode ser entendida como um elemento de proteção e é tudo o que eu quero trazer com a Fundação.
― Ela é incrível, eu sei ― Kara sorriu animada, terminando seu prato.
― Você uniu justiça social, ciência e tecnologia, mas como trará a proteção militar? ― Dix quase resmungou como uma criança mimada.
― Mas será que você não aprendeu nada com a explosão de Krypton? Sobre esse estilo de vida mesquinho que levamos por tanto tempo? Conquistamos milhões, ok, mas e os milhões que perdemos tentando matar ao invés de conversar? Porque acha que Lena precisaria de um apoio militar em uma Fundação pacífica? ― Kara chegou em seu limite com aquele garoto ― Sério, se você acha que é assim que vai conseguir me conquistar nesse joguinho distorcido que meu Ukhur nos obrigou a jogar, deixa eu te dizer umas coisinhas Dix-Ur…
― Kara… ― Lena tentou acalmar a loira.
― Não Lena, eu cansei, esse babaca passou a noite inteira falando de coisas ultrapassadas, alô? Dix quem vive de passado é Museu e você nem sequer é capaz de entender essa maldita expressão porque tudo que importa a você é guerra, sangue, pessoas morrendo e perdendo seus lares. Deixa eu te contar como é ver o seu próprio planeta explodir e passar anos pensando que havia perdido tudo, é um inferno! Nenhuma conquista vale a dor das pessoas, elas também têm sentimentos, elas também são reais, elas também importam, não podem ser só danos colaterais como eu já ouvi você falar sobre as pessoas mortas nas diversas guerras de Krypton. Sinceramente, Ukhur, eu não sei como você pôde pensar que esse idiota seria bom para mim ― Kara suspirou irritada ― Mas principalmente, não sei como não percebeu o quanto eu sou apaixonada por outra pessoa. Enquanto você estava tentando me forçar em uma matriz para descobrir quem era o meu par perfeito, ele já estava ao meu lado desde o início.
― Kara, o que está tentando dizer? Está tentando envergonhar a nossa família insultando Dix? ― Zor-El parecia completamente nervoso naquele momento.
― Não Ukhur, estou tentando dizer que prefiro a morte do que ter que entrar naquela matriz ― Seu tom sério não deixou qualquer dúvida ― Principalmente se ela me combinar com alguém tão mesquinho quanto Dix. Mas, na verdade, isso não importa, porque eu já sou casada. Lena é minha esposa ― Finalizou pegando na mão da morena e deixando um beijo em sua mão com carinho ― E eu nunca vou deixá-la, mesmo respeitando as tradições da nossa família.
Sem esperar qualquer resposta, Kara puxou Lena dali, deixando todos os presentes completamente sem fala, a própria morena não sabia o que dizer, tudo havia sido muito intenso e se transformado naquela bagunça muito rápido.
Zor-El e Alura se retiraram pouco depois, pedindo desculpas aos seus amigos por aquela pequena confusão. Eles voltaram para casa em silêncio e cada um tomou o rumo de seus próprios quartos sem dizer uma palavra sequer para o outro.
Kara já deveria ter se acostumado, seus pais sempre foram muito bons em fingir estar tudo bem enquanto o mundo a sua volta desmoronava.
{...}
Na manhã seguinte, Kara e Lena levantaram-se no horário habitual, com Kellex chamando as duas para tomar café da manhã com Alura e Zor-El. Quando chegaram no local, os dois desejaram bom dia às duas e continuaram comendo como se nada tivesse acontecido no dia anterior. Kara e Lena responderam a altura e comeram em silêncio.
Quando o café da manhã terminou, Alura avisou que tinham uma reunião com o conselho e ela e Zor-El deixaram as duas sozinhas em casa.
― Kar? ― Lena não sabia muito bem como abordar aquele assunto com sua esposa, tudo parecia muito delicado naquele momento.
― Vamos passear por Argo hoje, pronta para conhecer os meus lugares favoritos? ― Kara sorriu levemente, e a morena sabia que não estava tudo bem.
― Kara…
― Meus pais são muito bons em fingir que está tudo bem quando não está ― Suspirou pesado ― Então, eu não devo ser tão ruim assim em fazer o mesmo, vamos?
― Eu não acho que esse seja o caminho, Kara ― Lena suspirou realmente preocupada com a esposa, com seu coração tão bondoso.
― Está tudo bem, Lee ― Kara sorriu levemente, mas aquele sorriso não chegou aos seus olhos ― Eu quero apenas aproveitar esse lugar com você ― Suspirou baixinho ― Podemos? Se eles forem nos expulsar mais tarde, eu quero ter a chance de ao menos mostrar a você os meus lugares preferidos daqui ― Explicou baixinho ― Das coisas que mais amava em Krypton ― Suspirou.
― Tudo bem, meu amor, vamos ― Lena pegou na mão de Kara e acariciou o dorso da mão dela, antes de saírem juntas da casa dos pais da heroína.
As duas saíram de mãos dadas e, aproveitando que não era muito longe de onde estavam, elas foram caminhando enquanto Kara lhe contava sobre as mais diversas coisas diferentes sobre sua cultura. Quando chegaram, Lena ficou surpresa, era como uma feira ao ar livre, com diversas barraquinhas de comida, verduras e até artesanato. Diversos cidadãos trabalhavam ali.
― Isso mesmo, também existem feiras em Argo ― Kara brincou divertida ― Eu costumava fugir para cá quando queria comer doces típicos ou mesmo brincar com outras crianças ― Explicou para Lena ― Como meus pais eram conhecidos e tinham alguma influência, eu conseguia comprar tudo sem ter dinheiro e depois eles acertavam com os comerciantes. Olha ― Puxou a morena até uma das barraquinhas de artesanato ― Eles produzem brinquedos, roupas, jóias e esculturas com os recursos de Argo.
― Acha que Esme gostaria deste? ― Lena mostrou um dos brinquedos da barraquinha, era um pequeno projetor de estrelas, parecido com um que Kara havia lhe mostrado em seu próprio quarto.
― Sim, ela adoraria ― Kara sorriu animada e conversou com a moça da barraquinha, pedindo em seu idioma natal para embalar dois daquele para presente, gostaria de presentear Ruby também.
Kara foi reconhecida por diversas pessoas e, quando lhe perguntavam quem era sua companhia, a loira fazia questão de apresentar sua morena como sua amada e linda esposa, percebendo uma espécie de choque e admiração por todos.
― Kara, acha mesmo uma boa ideia fazer isso? ― Lena indagou baixinho, estava realmente preocupada com a loira.
― Contar que é minha esposa? ― Ela viu a morena assentir ― Eu não vou mais mentir sobre o nosso relacionamento para ninguém, meus pais já sabem, se eles decidiram apenas ignorar, é escolha deles. Vamos, vou levar você para conhecer o jardim botânico, agora ― Puxou a morena por entre as barraquinhas enquanto as duas seguravam várias sacolas com lembrancinhas para seus amigos, mas antes, pararam para lanchar e Kara apresentou cada comida típica dali, fazendo como quando era criança, colocando suas compras no nome de seus pais.
Elas lancharam juntas e logo depois entraram no jardim botânico, o local era em uma redoma, para proteger as espécies nativas de qualquer tipo de poluição, era um ambiente bem cuidado e controlado. Lena ficou completamente encantada com o lugar, não era tão diferente do jardim botânico de National City, mas ao mesmo tempo existiam diversas flores e árvores típicas de Krypton e isso despertou muito de sua curiosidade e Kara, adorou explicar tudo sobre cada flor, ela gostava de conhecer um pouco mais sobre seu Planeta e ensinar a Lena o que ela sabia, lhe fazia sentir realizada porque ela sempre quis poder fazer aquilo com sua esposa.
Ao fim do passeio, elas foram agraciadas com a presença de algumas aves típicas do lugar, deixando Lena ainda mais encantada. E, quando estavam saindo, elas encontraram com uma antiga amiga de Kara, deixando-a um pouco mais animada.
― Hey Thara ― Kara chamou pela amiga.
― Kara, quanto tempo ― A mulher de cabeleira castanha sorriu abertamente para a amiga ― E vejo que não está sozinha ― Sorriu abertamente.
― Lee, essa é Thara Ak-Var, minha melhor amiga de infância, nós fazíamos tudo juntas ― Riu baixinho, lembrando-se das encrencas com a amiga ― Thara, essa é Lena Luthor-Danvers, minha esposa ― Ela viu o rosto de Thara sorrir surpreso.
― É um prazer conhecê-la ― Lena sorriu simpática, utilizando a língua nativa de sua esposa com maestria, enchendo-a de orgulho.
― O prazer é todo meu, Lena ― Thara mantinha o sorriso sincero, estava realmente feliz pela amiga ― O que acha de virem almoçar conosco? ― Sugeriu ― Eu e Lir-Al, meu marido, vamos aproveitar que as crianças voltaram para a escola e vamos comer naquele restaurante perto do mercadinho ― Explicou simples ― Ia adorar ter a companhia de vocês duas. Estou ansiosa para descobrir como a Srta. Zor-El se casou com uma terráquea que também sabe se comunicar em Kryptoniano.
― Minha esposa é a melhor, eu sei ― Kara riu baixinho ― O que acha, querida?
― Por mim tudo bem, Kar ― Lena sorriu abertamente ― Vou adorar conversar com a Thara, quem sabe assim não descubro suas peripécias da época em que era criança.
― Oh, eu posso contar a você, Lena ― Thara sorriu animada enquanto elas começavam a caminhar em direção ao restaurante ― A Kara se metia em cada confusão quando era menor.
― Eu? Thara, você estava literalmente comigo em todas as ocasiões ― Kara resmungou indignada.
― Estava cuidando de você, Kara ― Deu de ombros divertida ― A maior peripécia de Kara Zor-El foi invadir o laboratório da escola durante a noite ― Riu baixinho se lembrando daquela noite ― Nós teríamos aula no dia seguinte e ela queria se certificar de que teríamos tudo para poder fazer um experimento proibido ― Confessou.
― Nossa, fomos pegos pelo inspetor naquela noite ― Kara riu ― Ficamos de castigo por uma eternidade.
― Quem diria, Kara Zor-El, invadindo um laboratório ― Lena riu também ― Acredita que ela passou anos fingindo não entender nada do que eu dizia? ― Puxou conversa com Thara ― Ela me deixou ficar explicando sobre coisas básicas para ela como se fosse o teorema mais difícil do universo.
― Ah, mas Lee ― Kara fez biquinho.
― Você continua conquistando as coisas com esse biquinho, Zor-El? ― Thara ria abertamente ― Você precisava ver, Lena, Kara sempre conseguiu qualquer coisa com Zor-El usando esse biquinho.
― Essa meliante já fazia isso desde criança? ― Lena riu novamente ― Sabia que ela era muito boa com aquele biquinho para ter aprendido esse costume na Terra.
― Lena! ― Kara ficou com as bochechas completamente vermelhas.
― Adorável, meu amor ― Lena pegou na mão da loira com cuidado e beijou ela com carinho antes de continuarem, enquanto Thara admirava aquela cumplicidade entre as duas.
Quando chegaram ao restaurante, Lir-Al já lhes esperava, Kara apresentou Lena novamente agora para o homem e eles se sentaram em uma das mesas com uma vista incrível para o jardim situado na parte de trás do restaurante.
― Então Thara, com o que você trabalha? ― Lena indagou, curiosa.
― Kara não lhe contou? ― Viu a morena negar ― Veja como são amizades hoje em dia ― Fez um pequeno drama, apenas para ver sua amiga ficar vermelha e sem graça ― Eu sou chefe da paz da cidade de Argo ― Sorriu abertamente ― Agora a Kara que lute para explicar o que isso significa a você.
― Faz parte da aplicação da lei ― Kara explicou simples ― Acredito que seja quase como o chefe da força policial, mas em algo mais diplomático e menos violento ― Deu de ombros.
― E você, Lena, o que faz? ― Lir indagou curioso.
― Eu tenho duas empresas, a L-Corp e a Fundação Lena Luthor ― Lena sorriu abertamente ― Com a L-Corp nós trabalhamos para desenvolver a tecnologia da Terra para o seu melhor momento, com inovações capazes de fazer a diferença não só na saúde, como também na segurança e na educação dos nossos cidadãos. E, com a Fundação, nós fazemos investimentos em saúde, educação e lares adotivos, como forma de tornar acessível o acesso a esses serviços pela população mais abastada.
― E ela é uma grande cientista ― Kara explicou animada ― Esteve a frente de diversas tecnologias importantes, como um indutor de imagem para alienígenas quando as pessoas da Terra queriam nos caçar, como forma de proteger aqueles que são muito diferentes, como coluanos, por exemplo.
― E você, Kara? Nunca nos contou o que faz? ― Thara indagou curiosa, estava realmente encantada com a vida trazida por sua amiga, era diferente e incrível.
― Eu sou repórter ― Kara sorriu ― Ou melhor, sou Editora Chefe de uma grande revista de peso, a CatCo.
― E ainda é a heroína da Terra ― Lena confessou ― Nossa Supergirl.
― Alura nos contou sobre as habilidades excepcionais que você tem na Terra ― Lir pontuou ― Deve ser um tanto estranho e incrível poder fazer aquilo tudo.
― Definitivamente, têm as suas vantagens ― Kara sorriu ― Mas não é bom 100% do tempo, principalmente por causa do controle.
― É complicado controlar os poderes algumas vezes ― Lena lembrou ― E como todos, ainda existem fraquezas.
― Como Kryptonita ― Suspirou baixinho ― Mas Lena criou um traje para mim, para me proteger.
― Então, porque não me conta a história de vocês? ― Thara pediu enquanto o garçom entregava os pedidos feitos algum tempo antes.
Assim, Kara desandou a falar enquanto eles almoçavam e aquele foi um dos momentos mais descontraídos das duas no lugar. Thara e Lir eram sempre gentis com ela e Lena, sempre perguntando um pouco mais sobre a Terra e sobre elas, seus objetivos, seus trabalhos e suas vidas. Até mesmo seus planos para o futuro, e elas respondiam animadas, faziam novas perguntas sobre os mais diversos assuntos.
Quando terminaram tudo, ambos os casais saíram com um gostinho de quero mais, eles queriam repetir aquele encontro o mais breve possível, mas Kara não sabia se seria possível.
{...}
Pouco depois, Kara decidiu cometer uma loucura, ela estava cansada de fingir que estava tudo bem, estava cansada de se sentir ignorada por sua própria família, estava furiosa por ignorarem seu relacionamento e talvez estivesse temerosa porque ela esperava os gritos, esperava seus pais ficando decepcionados e lhe expulsando de seu próprio planeta natal, mas o silêncio da resposta deles era ainda mais assustador.
Meia hora depois, ela entrou na grande sala do conselho sem ser anunciada, com Lena logo ao seu lado, segurando sua mão de forma segura e protetora.
― Alura, Zor-El, precisamos conversar ― Foi firme em suas palavras, estava cansada daquela palhaçada.
― Kara, Inah, vamos conversar quando estivermos em casa, estamos ocupados agora ― Alura tentou convencer a filha.
― Não, eu não posso mais esperar por uma resposta de vocês sobre o fato de eu estar casada com Lena, uma terráquea, assim como Kal-El se casou com uma ― Reclamou, realmente irritada com aquela situação.
― Kara Zor-El, como sempre uma menina insolente que pensa poder chegar aqui, pegar coisas das quais não entende e agora pensa poder interromper uma reunião importante do conselho ― Jul-Us, um dos membros do conselho reclamou, desde quando Kara pediu um pouco do Harun-El para salvar a Terra, ele não ia com sua cara.
― Sabe o que é mais engraçado, Jul-Us? ― Kara sorriu sarcástica ― O quanto vocês são bons em fingir que nada está acontecendo quando uma crise chega até vocês. Se tivessem ouvido minha tia Astra quando ela alertou sobre o colapso de Krypton, talvez nosso planeta inteiro ainda estivesse vivo.
― Ora sua…
― A verdade dói, não é? ― Lena pontuou, irônica.
― Eu estou cansada de tudo isso ― Kara deixou as palavras simplesmente escaparem de seus lábios ― Eu ter crescido na Terra é culpa de vocês, Yeyu e Ukhur, porque não ouviram minha tia e se deixaram cegar pela ganância conquistadora de Kryptonianos. Agora precisam aceitar as consequências de seus atos. Eu não sou mais só Kryptoniana, eu tive que aprender a cultura da Terra para me adaptar e por anos eu passei despercebida como alienígena, por muitos anos eu desejei estar em um pesadelo porque não me sentia em casa naquele lugar, mas aos poucos tudo foi se encaixando. Eu tenho uma mãe adotiva incrível, uma irmã adotiva maravilhosa e uma esposa excepcional, elas também são a minha família. Vocês não podem simplesmente esperar que eu volte para cá como se ainda fosse a minha casa, como se eu não tivesse uma vida na Terra com a minha família, amigos, trabalho e a minha esposa.
― Kara, Inah… ― Zor-El tentou parar a filha.
― Não, eu cansei, Ukhur, eu sei que você tinha seus próprios desejos para mim. Mas eu não sou mais aquela garotinha de 12 anos. Eu cresci sem vocês, achando que estavam mortos e quando finalmente nos reencontramos vocês não parecem querer se interessar pela minha vida, não perguntaram sobre meu trabalho ou sobre minha família. Não sabem quem são Eliza, Alex, Kelly e Esme. Eu sou tia de uma garotinha incrível, mas vocês não se deram o trabalho de querer me conhecer de novo, porque esperam encontrar a mesma garota que mandaram de forma covarde para a Terra com uma missão grandiosa demais para uma garota de 12 anos. Vocês esperavam o quê? Que eu ficasse sozinha para sempre? ― Riu sarcástica.
― E Kara passou anos perdida porque sua missão já não existia quando ela chegou na Terra ― Lena complementou a loira com as coisas já ouvidas por ela, porque a morena sim, sempre ouvia a loira ― Kara saiu de Krypton traumatizada, ela tinha apenas 12 anos quando viu o próprio planeta explodir, com tudo que conhecia, ela caiu de paraquedas em uma família que era amorosa, mas não entendia realmente a sua dor. Então, quando ela consegue se sentir em casa, seus próprios pais, aqueles que vivem dizendo tê-la mandado para a Terra para protegê-la, começam a pressioná-la para seguir as tradições de Krypton. Porque Kara precisa encontrar sua combinação perfeita com a matriz, porque o conselho precisa aprovar isso, porque o conselho aquilo, porque não parecem confiar na capacidade de sua filha em escolher alguém para lhe acompanhar em todos os momentos de sua vida, quando na verdade deveriam dar Graças a Rao por ela ter sobrevivido ao relapso de vocês e ter encontrado uma família tão boa para ela.
― Uma esposa que me faz sentir em casa e é tão foda que já salvou a pele de vocês, porque Lena salvou Argo quando produziu mais Harun-El, vocês mesmo disseram, a heroína de Argo!
― Não muda o fato dela ser humana ― Outro membro lhes lembrou.
― A porra da sua espécie não define quem você é! ― Kara gritou, irritada ― Vocês podem não aceitar, podem querer me expulsar de Argo, podem fazer o que quiser, tudo o que eu queria era que vocês aceitassem o fato de Lena me fazer feliz, me proteger até de mim mesma quando eu preciso, mas principalmente, o fato dela ser o meu lar ― Suspirou Pesado ― Mas pelo visto isso não vai ser possível porque vocês estão ocupados demais agindo da mesma forma de antes. Pelo menos, dessa vez vocês podem fazer um encerramento definitivo, porque não aceitar a minha esposa e a minha relação, significa não me aceitar também e eu não vou me manter em um lugar onde não somos bem-vindas ― Finalizou, pronta para sair dali com sua esposa.
Mas um barulho alto de tiro tirou ela de sua raiva no mesmo segundo e lhe deixou em completo alerta, colocando-se na frente de Lena para protegê-la, mesmo não tendo poderes ali.
― Alto Conselho de Krypton, essa é a sua última chance, rendam-se ou pereçam diante do exército de Dru-Zod ― Ursa Zod-On bradou irritada, segurando uma arma contra um dos guardas, pronta para atirar.
Agora elas sabiam onde os kryptonianos que atacaram a Terra realmente atacariam, foi a conclusão delas quando viram Faora logo ao lado de Ursa Zod-On, com as mãos sujas de sangue e um sorriso diabólico em seus lábios.
― Parece que nos encontramos novamente, Kara Zor-El.
Chapter 8: Batalha por Argo
Chapter Text
― Faora ― Kara a olhou, preocupada, enquanto Faora segurava seu olhar com malícia.
― Logo mais Jul-Us não será um problema, Kara ― Ursa se pronunciou ― Rendam-se e não derramaremos nosso valioso sangue, ou então, serei obrigada a destruí-los, em nome de Zod.
― Não iremos entregar Argo para você, Ursa ― Jul-Us se pronunciou ― Guardas, prendam todos eles ― Ordenou e alguns kryptonianos que estavam ali, armados partiram para o ataque.
― Vamos ― Kara chamou por Lena ― Não teremos chance contra eles sem nossas armas ― E a loira saiu, seguida por Lena, com seus pais em seu encalço.
Os sons de luta eram ouvidos enquanto eles deixavam a sala do conselho, com alguns outros membros em seu encalço.
― Precisamos dos comandados de Dix, Kara ― Zor-El se pronunciou ― Alura, precisamos enfrentá-los. Como está o arsenal?
― A equipe de Thara não está armada faz algum tempo. Nossa melhor chance são os soldados de Dix ― Alura respondeu ― Argo agora é pacífica. O conselho desistiu há algum tempo do expansionismo.
― Precisamos dos Superamigos, Kara ― Lena sugeriu ― Precisamos abrir o portal e nos reunir.
― Há mais deles ― Alura falou ― Alguns são aqueles que eu disse que nunca deveriam sair. ― Precisamos de toda ajuda que pudermos e que Rao nos ajude.
― Vão, tragam nossos amigos aqui ― Lena falou, vendo um kryptoniano os seguindo ― Eu cuido dele.
― Lena, NÃO! ― Kara gritou, mas Zor-El a puxou.
― Você não tem poderes aqui, mas eu tenho, Kara ― A morena falou e então, invocou sua magia, enquanto Kara era afastada da luta por Zor-El.
― Acha mesmo que pode me vencer, terráquea? ― Nam-Ek falou ― Eu tenho o poder de Rondor, sou um kryptoniano e sobrevivi a Zona Fantasma...
E a energia que deixou as mãos de Lena acertou o peito de Nam-Ek em cheio.
― E eu sou Lena Luthor-Danvers, uma bruxa cientista ― Lena respondeu, se apresentando com alguma ironia.
Nam-Ek se levantou e empunhou a lança que tinha em suas mãos, partindo para cima de Lena.
A morena evocou sua magia, se defendendo dos primeiros ataques de fúria que vinham do kryptoniano.
Nam-Ek a atacava com raiva, ainda sentindo a pele queimada em seu peito pela magia de Lena.
― Vai descobrir como o fogo de Rao pode ser quente, hoje, Lena da Terra ― Falou enraivecido, acertando o braço de Lena e causando um corte. Logo em seguida, Lena sentiu a lâmina lamber seu rosto, abrindo outro corte em sua bochecha.
Lena levou a mão, sentindo o líquido quente jorrar da ferida.
Nam-Ek atacou mais uma vez, Lena tentou se esquivar, mas acabou caindo no chão.
O Kryptoniano então se preparou para fincar sua lança no coração da morena.
Lena respirou fundo e evocou sua magia mais uma vez.
O solo de Argo atendeu ao chamado de Lena, dando consciência à morena sobre o quanto o Universo estava conectado. Da Terra a Argo, tudo estava ligado. E conforme sua magia avançava, menos Nam-Ek entendia. Seus pés estavam presos no solo e as rochas subiam ao seu redor, prendendo-o.
Lena se levantou o mais rápido que pôde, deixando o kryptoniano transformado em estátua para trás.
― Não vai durar para sempre, mas vai segurá-lo ― Pensou a morena consigo mesma, ainda correndo para encontrar Kara.
{...}
― Lena! ― Kara chamou pela morena assim que a viu entrar na casa de seus pais e arregalou os olhos ao vê-la machucada, fazendo-a se aproximar ainda mais rápido da esposa.
― Eu estou bem, você devia ver o outro cara ― Lena brincou levemente, tentando tranquilizar Kara.
― Kellex, traga o kit de primeiros socorros ― Kara pediu rapidamente e tocou sua testa na da morena com cuidado ― Eu não devia ter deixado você sozinha lá, você quase me matou de preocupação.
― Eu sei, meu amor ― Lena acariciou as bochechas de Kara com cuidado, tentando não sujar a loira com seu próprio sangue ― Mas eu estou bem, eu prometo ― Tentou garantir ― E eu não podia deixar ele machucar você, eu sempre vou lhe proteger.
― Mas eu não sou uma donzela em perigo, amor ― Sussurrou baixinho.
― Eu sei, mas é a minha donzela ― Lena suspirou baixinho.
― Você tem que voltar para mim, sempre, Lee ― Pediu baixinho.
― Sempre, querida ― Sorriu levemente e selou seus lábios aos da loira sem se importar se Alura e Zor-El lhe observavam calados.
― Agora vamos cuidar de você ― Sorriu levemente, pegando o kit de primeiros socorros para limpar os ferimentos de Lena.
― Na verdade, eu gostaria de tentar algo ― A morena sorriu, lembrando-se de um dos feitiços de sua mãe, ela colocou a mão sobre o ferimento de seu braço e sussurrou algumas palavras, elas viram a energia deixar as mãos de Lena e logo depois o ferimento havia se curado ― Magia de cura, aí está um benefício de ser uma bruxa ― brincou divertida.
― Isso não é motivo para quase me fazer infartar, Lena ― Resmungou enquanto via a morena fazer o mesmo com o corte em seu rosto.
― Eu sei, querida, desculpe ― Pediu novamente ― Agora, podemos chamar os superfriends? Eu posso curar o pulso de Alex com magia porque ela não vai querer ficar de fora.
― Eu sei ― Kara resmungou ― Vamos lá ― Virou-se para Zor-El ― Onde está o portal que construímos? ― Pediu rapidamente.
― Vamos até o laboratório, Inah ― Zor-El lhe chamou, o laboratório era um dos locais mais seguros de Argo, poucos conheciam sua entrada secreta.
Elas abriram o portal, contaram sobre toda a situação e decidiram quem vinha para Argo ajudar. Alex foi a primeira a pular pelo portal, sendo seguida de Kelly, Nia e Brainy.
― O que disse a Srta. Grant? ― Kara indagou baixinho para Nia.
― Que você precisava de ajuda em Argo ― Comentou com a mentora ― Ela pediu uma matéria exclusiva sobre a situação.
― Claro que ela pediu ― Revirou os olhos divertida ― Mas espera, ela sabe sobre você?
― Ela sabe sobre todos nós Kara, por favor, é Cat Grant ― Riu divertida.
― Certo, vamos lá, o que sabemos sobre eles? ― Kara pediu.
― São todos fugitivos da Zona Fantasma, mandados para lá depois de ajudarem Dru-Zod em uma das rebeliões mais importantes de Krypton, são pessoas muito ruins, extremamente violentas, como Jax-Ur, um cientista de armas nucleares, ele explodiu uma das luas de Krypton e matou 5 mil inocentes.
― Jax-Ur como Dix-Ur? ― Kara pontuou ― Acha que ele é confiável?
― Eles não sabem do parentesco, acredite, nós verificamos ― Alura explicou.
― Como vamos derrotá-los? ― Alex indagou rapidamente ― Precisamos de uma boa estratégia.
― Primeiro, deixa eu curar seu pulso, cunhadinha ― Lena deu uma piscadela divertida para Alex e sussurrou as mesmas palavras de antes sobre a mão da ruiva, curando-a.
― Nossa, sis, a sua esposa é a melhor ― Alex sorriu animada e começou a tirar o gesso de seu pulso com uma arma imaginada por ela.
― Interesseira ― Kara resmungou.
― Meninas, foco ― Briany pediu ― O exército de Dru-Zod era extremamente eficaz, muito bem treinado e métodos de combate, muito bom em aniquilação e mais numeroso.
― Dix-Ur vai nos ajudar com seu exército ― Zor-El lhes lembrou.
― Certo, mas ainda precisamos de uma estratégia ― Alex lembrou.
― E não vão me impedir de lutar ― Kara lembrou, com os braços cruzados.
― Kara, você não…
― Não tenho poderes aqui, eu sei, mas ainda tive um ótimo treinamento com Alex ― Lembrou ― Ela me treinou para ser melhor do que ela, não precisam se preocupar.
― Temos armaduras Kryptonianas para todos, se quiserem ― Zor-El sugeriu.
― Obrigada, mas estamos mais habituados com nossos trajes ― Kara sorriu, ativando seu próprio uniforme com a ajuda da tecnologia, Lena havia feito um pequeno anel com o símbolo da Casa de El para substituir seus antigos óculos.
Em seguida, Alex, Nia, Brainy e Kelly também vestiam seus próprios trajes e Lena surpreendeu os amigos ao trazer o L-Suit de volta.
― Eu trabalhei em algumas melhorias ― Deu uma piscadela para os amigos ― Prontos para salvar o dia?
― Prontos ― Responderam juntos.
― Então vamos lá ― Kara sorriu, apesar do nervosismo evidente e eles saíram do laboratório com uma estratégia montada, mas antes de deixar sua filha sair, Zor-El lhe puxou para um canto mais reservado.
― Inah, eu sei o quanto você está chateada conosco…
― Ukhur, não quero falar sobre isso agora.
― Eu sei, querida ― Suspirou baixinho e prendeu um bracelete no pulso de Kara sobre seu uniforme ― Eu também sei que não costuma usar armas, mas leve essa consigo. Ela funciona de forma similar a de Alex, é apenas imaginar a arma e ela estará em suas mãos.
― Obrigada, Ukhur.
― E, quando voltar, ainda vamos conversar direitinho sobre você ter se casado sem mim, garotinha ― Sorriu levemente.
Kara apenas suspirou e deixou um beijo na bochecha do pai, antes de ir atrás de seus amigos, era hora da batalha.
{...}
No campo de batalha, Nam-Ek permanecia em formato de estátua e assim que o exército Kryptoniano viu os superamigos entrarem em seu campo de visão, eles estavam prontos para atacar.
― Ar-Ual é meu ― Alex avisou, com ódio brilhando em seus olhos.
― Faora é minha ― Lena avisou, armando o L-Suit.
― Por favor, tomem cuidado ― Kara pediu, pensando em uma arma para poder usar contra eles, todos assentiram e eles partiram para a batalha.
Haviam muitos capangas aleatórios que estavam sendo contidos pelo exército de Dix-Ur. Mas os principais mandantes do movimento seriam contidos pelos superamigos.
O primeiro foi Jax-Ur, Brainy e Nia começaram a combinar os seus poderes para prever cada movimento do homem, eles eram espertos e, juntos, conseguiram vencê-lo sem muito esforço.
Ali perto, Nom-Ek buscava vingança pelo primo transformado em estátua. Kelly ativou seu escudo e sua armadura brilhava em dourado enquanto ela colocava toda sua raiva em seus golpes certeiros, não havia mais qualquer vantagem entre eles, apenas a boa e velha luta corporal e, Alex havia garantido que ela fosse boa o suficiente para derrubar aquele Kryptoniano e prender-lhe com as algemas especiais feitas por Zor-El, qualquer movimento muito brusco, eles tomariam choque, mas ela não achava que ele iria se movimentar, pois estava completamente inconsciente, depois dela ter batido com o escudo na cabeça dele. Metal NTH, o melhor, pensou.
Não muito longe, Alura deixou-se tomar por sua própria raiva, tomou uma das armas mais poderosas do laboratório de Zor-El e partiu para cima de Ursa Zod-On quando percebeu que todo o alto conselho de Krypton estava morto. Em um primeiro momento, elas entraram em um combate corporal, seus golpes poderosos deixavam uma e outra um tanto atordoada, mas Ursa estava em desvantagem, a surpresa de Alura saber lutar ainda permanecia como um diferencial do qual ela não estava pronta para batalhar.
Kara se preocupou quando viu sua mãe lutando com Ursa no chão e todos pareceram parar quando ouviram a explosão vinda daquele canto, Alura havia atirado em Ursa Zod-On, agora sua punição havia sido a morte.
Com sua líder caída, Ar-Ual, Faora e Orn-Zu já não precisavam se conter e os sorrisinhos maliciosos em seus lábios diziam tudo.
― Agora que está sem poderes, vamos ver quem vai sair com ossos quebrados ― Alex bradou.
― Para uma humana, você se curou muito rápido ― Sorriu sarcástico, tirando uma espada de sua cintura.
― Oh, quem tem o elemento surpresa, sempre sai na frente ― Atirou contra o homem com uma de suas armas que logo se tornou uma espada de tamanho menor a dele, fazendo o homem desdenhar da ruiva, aquela era a sua pior escolha e Alex lhe faria engolir cada palavra.
Eles começaram a tentar golpes um contra o outro, Alex conseguiu lhe desarmar com facilidade e levou aquela luta para o chão, dando vários socos nas costelas e no rosto do kryptoniano, sem dó ou pena.
Ar-Ual ainda conseguiu alguns golpes contra a ruiva, deixando a raiva compor cada golpe, mas Alex estava determinada a fazê-lo pagar. Por isso, quando ele se levantou ela avançou contra ele, fazendo uma chave de pernas e derrubando-o no chão novamente, tirando seu fôlego, para depois lhe apagar com um golpe certeiro em seu rosto, talvez, houvesse mais do que um nariz quebrado nele.
Brainy e Nia ajudaram a ruiva a levantar e algemaram Ar-Ual, antes de se situarem da situação como um todo.
Ninguém sabia quem era o mais cruel daquele exército, mas suas dúvidas eram entre Ar-Ual, Orn-Zu e Faora, os mais fortes entre eles. Ar-Ual já havia sido detido por Alex, Lena lutava contra Faora e Kara tentava desviar dos golpes certeiros de Orn-Zu, o homem era implacável, cruel e adorava subjugar os mais fracos.
― Vocês não vão vencer ― Kara gritou irritada, partindo para cima do homem novamente.
― Você é tola, Zor-El ― Ele desviou facilmente do golpe e socou novamente o estômago da Kryptoniana, arrancando sangue de seus lábios.
― Talvez, eu não seja tão tola quanto você pensa ― Cuspiu o sangue e moveu o corpo de forma rápida, dando uma rasteira no homem, derrubando-o no chão e pensando em uma arma capaz de lhe machucar, no segundo seguinte, ela atirou no ombro dele, arrancando um grito de dor do homem.
― Garota estúpida ― Ele voltou a pegar a própria espada e tentou acertar a loira, acertando em uma de suas pernas, fazendo-a cair de joelhos no chão ― Quais são as suas últimas palavras, kryptoniana? ― Indagou, colocando a ponta da espada em seu pescoço.
― Vai pro inferno, babaca ― Gritou e moveu-se rapidamente, escapando da espada e atingindo-o no meio das pernas, fazendo o homem gritar pela dor enquanto ela se erguia novamente, tentando ignorar a dor de seu corpo, cada golpe havia doído mais do que em qualquer outra batalha, Kara estava ofegante, machucada e ainda preocupada com Lena que lutava perto de si contra Faora.
Enquanto isso, Lena usava o armamento do L-Suit contra Faora, ela ainda estava evitando usar sua magia contra a mulher, queria surpreendê-la em um último momento e já havia conseguido atingi-la diversas vezes.
― Engraçado como terráqueos são covardes ― A mulher provocou ― Usando de seus poderes para vencer aqueles que não os tem.
― Engraçado, você não fez a mesma coisa? ― Lena pontuou irônica ― Então significa que você também é covarde, não é? ― Riu sarcástica, vendo o ódio pintar os olhos da mulher e atacou novamente, atingindo-a no ombro ― Foi onde você machucou Kara da outra vez, ela demorou dias para se recuperar ― Contou como se não estivesse lutando ― Dói, não é? ― Riu novamente ― E se eu atingir aí de novo? ― Perguntou depois de atirar novamente e ouviu a mulher gritar.
Lena ia continuar a bater em Faora como estava fazendo quando ouviu Kara gritar de dor, foi quando ela viu Orn-Zu em cima da loira, com a espada apontada para seu coração, pronta para apunhalar ela.
Foi quando a morena perdeu a paciência, usando de sua magia e ainda sem saber exatamente como, Lena transformou a espada de Orn-Zu em uma banana, distraindo-o para Kara poder se levantar e logo fez o mesmo com a arma de Faora.
― Ups, acho que sua banana não pode machucar ninguém ― Pontuou sarcástica e derrubou Faora no chão, passando a socá-la com força.
Do outro lado, Kara havia conseguido derrubar Orn-Zu e fazer o mesmo com o homem, eles trocavam socos poderosos, fortes e dolorosos.
― Sabe ― Lena desferiu outro soco em Faora ― Eu poderia simplesmente ter feito essa batalha durar 5 segundos ― Deu mais um soco na mulher vendo-a bater com dificuldade contra seu traje que lhe protegia e machucava os punhos da mulher ― Mas você precisa pagar pelo que fez conosco ― Voltou a socá-la.
― Você não vai vencer ― Kara gritou irritada socando Orn mais uma vez e gritou quando sentiu o homem apertar o ferimento em sua perna, derrubando-a em seguida para atingi-la ali, com chutes poderosos e dolorosos, Kara então pensou rápido e transformou seu bracelete na mesma arma de antes e atirou nas pernas de Orn, derrubando-o no chão da mesma forma que ela estava e se ergueu, mesmo sendo extremamente doloroso fazer aquilo, provavelmente havia uma fratura em sua perna.
― Pronta para seu fim, Kara Zor-El? ― Gritou entre dentes, com dor pelo último golpe.
― O único fim será o seu, eu vou voltar para minha esposa ― Atirou novamente, na outra perna de Orn, impedindo-o de se levantar, foi quando Alex chegou e socou o rosto do homem, apagando-o em seguida.
― Você está bem? ― Alex se preocupou com o estado da irmã, mas Kara não teve tempo de responder, foi atrás de Lena ao ver Faora segurar em seu pescoço mais uma vez, era como estar em um maldito deja-vú.
― Uma última palavra, humana inútil? ― Gritou irritada, apertando sua mão contra o pescoço pálido de Lena, a kryptoniana havia conseguido quebrar o L-Suit e agora Lena também estava vulnerável.
― Nos vemos no inferno ― Os olhos de Lena brilharam em um verde mais intenso e ela nem precisou dizer mais nada, mexeu suas mãos e atingiu Faora com tudo que tinha, terminando aquela batalha de uma vez por todas, todos os Kryptonianos haviam sido vencidos.
― Lena! ― Kara gritou pela morena quando a viu despencar mais uma vez, mas agora não era uma altura tão significativa.
― Kara! ― Lena chamou pela esposa e correu para ela, pegando-a quando ela caiu ― Kara? Kara? ― Se desesperou ao ver a esposa desacordada e cheia de machucados pelo corpo, era difícil ver tudo com o traje em seu corpo, mas o azul marinho estava tomado pelo vermelho do sangue de Kara.
― Precisamos levá-la ― Alura chegou logo em seguida, com Zor-El e uma equipe médica para levarem Kara dali.
― Eu vou com vocês ― Alex e Lena disseram ao mesmo tempo e os dois não conseguiram negar aquilo.
Naquele mesmo minuto, Lena odiou ter usado toda a sua força para acabar com Faora, porque agora ela não tinha energia o suficiente para curar os ferimentos de Kara, mas Alura e Zor-El haviam lhe garantido que podiam cuidar da filha.
Então, todos os heróis foram levados ao hospital de Argo, para cuidarem de seus ferimentos.
{...}
Depois de serem devidamente avaliados, os Superamigos foram liberados no exato momento que J’onn lhes chamou, havia uma nova emergência na Terra e ele precisava de reforços.
Assim, eles foram ajudar o amigo, mesmo querendo ter notícias de Kara, mas Lena havia prometido atualizar todos eles. Ela mesma foi examinada e o médico pediu para Lena se manter de repouso por uns dias, ela tinha apenas alguns arranhões pelo corpo, então ela sentou-se na poltrona do quarto onde Kara e Alura ficariam e esperou por notícias de sua esposa.
Do outro lado do quarto, Alura estava começando a acordar, seu corpo doía pela batalha, mas ela também não tinha muitos ferimentos pelo corpo.
― Temos notícias de Kara? ― Indagou baixinho para Zor-El, percebendo o marido logo ao seu lado.
― A médica disse que Kara teve uma fratura na perna, ela está em cirurgia ― Suspirou, realmente preocupado com sua filha ― Ela foi a mais machucada disso tudo ― Constatou o óbvio ― Perna quebrada, vários machucados pelo rosto, ainda não descartaram uma possível hemorragia interna, a situação é grave, Alura, podemos perder a nossa filha.
A mulher apenas desviou o olhar de Zor-El para Lena, percebendo o quanto a morena parecia perdida naquele momento, como se estivesse completamente sozinha e aquilo também era culpa sua, porque não disse nada quando sua filha contou do próprio relacionamento e ali estava Lena, esperando por sua filha com preocupação.
― Não quero perder Kara mais uma vez ― Confessou baixinho e viu Zor-El assentir.
― Ela cresceu na Terra por nossa culpa ― Zor-El suspirou ― Se não queremos perdê-la, precisamos demonstrar isso, não agir como se estivesse tudo bem. Eu não quero perder a nossa princesinha, não agora que acabamos de encontrá-la.
― Uma vez, Kara me disse que amar também significa aceitar ― Alura murmurou.
― Então precisamos aceitar, independente do que o Conselho possa dizer ― Zor-El suspirou.
― Não existe mais o alto conselho Zor, estão todos mortos ― Alura tentava buscar uma saída.
― Você não está morta, construiremos um novo conselho, com pessoas sábias, inclusivas e mais jovens, podemos fazer isso ― Pegou na mão da esposa.
― Vamos fazer isso ― Alura tentou sorrir para o marido e ele deixou um beijo em sua testa com carinho.
Algumas horas depois, Kara foi levada para o quarto, eles haviam descartado qualquer hemorragia e cuidado dos cortes pelo corpo da loira, fora isso, ela precisaria de repouso e cuidar da perna quebrada, mas ficaria bem. Essa pequena frase foi capaz de finalmente aliviar o coração de Lena.
― Você vai ficar bem, meu amor ― Sussurrou para a loira e beijou sua testa com carinho, antes de pegar em sua mão e se sentar novamente ao seu lado, para esperá-la acordar.
{...}
Já haviam se passado várias horas quando Kara acordou. A loira ainda estava um pouco zonza dos efeitos da anestesia quando abriu os olhos. Sua cabeça parecia pesada e havia um aperto suave em suas mãos.
Kara percebeu que estava deitada e ao ver quem segurava sua mão, sorriu aliviada.
― Lee ― Falou baixinho para a morena adormecida de uma forma toda torta para manter suas mãos entrelaçadas.
Kara respirou fundo, mesmo sentindo um pouco de dor com o gesto, era a prova que estava viva e quando um leve gemido de dor deixou seus lábios e atingiu os ouvidos de sua morena, Kara viu a cabeleira negra levantar.
Lena coçou os olhos quando sentiu o movimento suave na cama e o breve som que havia lhe despertado.
― Oi ― Kara falou, com a voz rouca e ainda baixa.
― Oi ― A morena retribuiu, sorrindo para a esposa e se aproximando ― Lembra de mim?
― Eu acho que eu deveria estar perguntando isso a você ― Kara respondeu, sorrindo ― Vem cá ― Pediu para a esposa se aproximar.
Quando Lena se aproximou, Kara levou a mão que ainda tinha o acesso intravenoso sobre a nuca de Lena e a morena permitiu que sua esposa baixasse seu rosto para um beijo suave.
― Eu te amo ― Kara declarou, quando findaram o beijo.
― Eu também te amo, querida ― Lena retribuiu, deixando algumas lágrimas rolarem de seus olhos ― Agora, descanse ― Lena pediu, beijando a testa da esposa ― Vou estar aqui quando acordar.
― Deita do meu lado? ― Pediu, com aquele beicinho que Lena nunca conseguiu negar nada. Kara havia dado um pouco de espaço para Lena se acomodar e a morena a olhou, preocupada.
― Não sei se… ― Lena hesitou.
― Não quero ter pesadelos nem me sentir sozinha, Lee ― A kryptoniana pediu, com a voz baixa ― Por favor, preciso saber que não te perdi lá fora.
― Eu sempre vou voltar para você ― Lena falou, deitando ao lado de Kara e deixando a loira buscar pela posição que fosse mais confortável dentro de seu abraço.
Quando Kara se ajeitou, Lena apenas sentiu o suspiro de contentamento antes de sentir a esposa adormecer em seus braços.
― Eu vou cuidar de você, querida ― A morena sussurrou, fazendo leves carinhos nos cabelos da loira enquanto velava seu sono, antes de adormecer também, sem nem ao menos notar que Alura e Zor-El observavam as duas ao longe.
― Um dia, meu pai disse para mim e para Jor, o filho verá a vida do pai por seus olhos e o pai, verá a vida pelos olhos do filho. Um fará sua força da força do outro. ― Zor-El lembrou ― Nós temos uma boa vida aqui e Kara sabe disso, ela vê. Mas ela tem a vida dela também e eu a vi. Heroína, jornalista, mulher e… esposa ― Completou.
― Ela tem o direito de escolher com quem quer estar ― Alura o olhou ― E eu quero que ela escolha ser feliz e também, escolha estar conosco. Argo está arrasada lá fora. O conselho caiu de certa forma e precisamos reconstruir. Precisamos de novas ideias, precisamos de amor, Zor ― Alura completou ― Precisamos do amor de nosso povo para reconstruir Argo, ou não sobrará nada de nós.
― Krypton caiu por sua arrogância e nós não aprendemos nada ― Lamentou ― Mas Kara aprendeu. Kara mudou, ela é um farol de esperança para um futuro incrível e Lena é a pessoa certa para nossa filha.
― Dix fugiu no meio da batalha, apavorado ― Alura riu, lembrando ― Belo guerreiro você queria para nossa filha, Zor-El.
― Quando eu ia imaginar que o rapaz era um molenga e que minha filha tinha se casado com uma cientista guerreira incrível?
― Vamos dar nossa benção a elas e quem sabe, elas aceitem se casar aqui, sob a Luz de Rao. Acho que Kara gostará ― Alura finalizou, vendo Zor-El assentir e os dois se retiraram, deixando que Kara e Lena pudessem descansar.
{...}
Um dia depois, Kara teve alta do hospital, a loira estava bem melhor e ainda precisaria de repouso por algum tempo, segundo a médica, mas Lena tinha outros planos para sua esposa.
Quando chegaram na casa dos pais de Kara, Zor-El ajudou Kara a se deitar na cama com cuidado por causa da perna machucada e o homem deixou as duas sozinhas, avisando que estava terminando o jantar com a Alura.
― Confia em mim? ― Lena indagou baixinho, observando os olhos azuis com carinho.
― Com a minha vida, Lee ― Kara sussurrou no mesmo tom, acariciando o rosto de sua esposa.
― Vou curar você ― Contou.
― Lee, o médico disse que você também precisa descansar ― Resmungou baixinho, olhando nos olhos da esposa.
― Eu descansei bastante com você, amor, me sinto ótima, agora sei que consigo curar você ― Sorriu e se aproximou da perna de Kara com cuidado, colocou as duas mãos em cima do ferimento e sussurrou as mesmas palavras de antes, como fez com ela mesma e com Alex.
O alívio foi imediato, Kara conseguia mexer a perna normalmente e depois delas tirarem o gesso, nem mesmo uma cicatriz ficou visível.
― O que acha de irmos assaltar a cozinha enquanto meus pais cozinham? ― Kara sorriu travessa.
― Kara ― Lena riu abertamente ― Sério isso? A primeira coisa que você quer fazer depois de eu curar a sua perna é assaltar a cozinha?
― Não, Lee, primeiro isso ― Puxou a morena para si e lhe beijou, Lena aprofundou o beijo e elas precisaram parar pouco depois quando o fôlego acabou ― Minha heroína ― Sussurrou.
― Interesseira ― Lena brincou divertida e beijou os lábios da loira mais uma vez antes de levantar e sair correndo com Kara para a cozinha.
― Vejo que seus poderes voltaram, Lena ― Alura pontuou contente por ver Kara bem.
― Sim, consegui curar Kara usando magia ― Sorriu levemente.
― E voltamos à programação normal da minha pequena meliante de cozinha ― Alura brincou.
― Yeyu! ― Kara resmungou ficando completamente vermelha.
― Vai dizer que não veio aqui roubar comida, Kara Zor-El? ― Alura tentou soar séria, mas estava rindo abertamente.
― Algumas coisas não mudam ― Zor sorriu abertamente ― Sabe, Lena, quando Kara era menor, ela sempre tentava assaltar aquele pote de biscoitos ali ― Mostrou o pote no armário mais alto da cozinha ― Mas ela nunca conseguia driblar Alura.
― Então ele ia lá e roubava um biscoito para mim e outro para ele ― Kara continuou, vendo Alura olhar os dois.
― E eu sempre soube disso ― Riu enquanto terminava o jantar ― Você vai ter trabalho quando tiverem filhos, Lena. Vai ter que lidar com duas crianças.
― Estou ciente, Alura ― Lena riu.
― Ei! ― Kara fez beicinho.
― Mas serão duas crianças lindas, com certeza ― Brincou divertida e beijou o beicinho de Kara com carinho.
― Você quer ter filhos também, Lee? ― Indagou baixinho, como se não estivessem na presença de seus pais.
― Eu quero tudo com você, querida ― Lena sorriu abertamente e beijou os lábios de Kara mais uma vez.
― Então meninas, vamos jantar? ― Alura chamou as duas, vendo-as assentirem.
Eles serviram a mesa, sentaram-se juntos, serviram-se e começaram a comer em meio a uma conversa amena e um pouco mais neutra.
― Meninas, precisamos conversar, com vocês duas ― Zor-El trouxe a conversa para um tom mais sério.
― Sobre o relacionamento de vocês ― Alura continuou ― Mas não será nada ruim, eu prometo.
― Tudo bem ― Kara sorriu levemente ― Podem falar.
― Em primeiro lugar queremos pedir desculpas a você, filha ― Zor-El começou ― Nós agimos como se nossas atitudes do passado não tivessem nenhum efeito no seu futuro quando sabemos a verdade, infligimos um dano a você ― Suspirou ― Quase lhe perdemos também e não queremos perdê-la.
― O que Zor quer dizer é, nós não vemos problema nenhum em ter se casado com Lena, ela é uma mulher incrível, lhe faz feliz e cuida de você, querida, como nós não cuidamos por muito tempo ― Alura suspirou ― E, como você sempre diz, amar também é aceitar.
― Então nós aceitamos ― Zor finalizou ― Ainda queremos saber como foi que tudo começou, quando se casaram, como foi tudo…
― E se aceitam se casar novamente aqui, sob a luz de Rao ― Alura finalizou com um grande sorriso.
― E podemos chamar nossos amigos? ― Kara testou um tanto curiosa, surpresa e animada.
― Seus amigos e sua família, quem você quiser chamar, querida ― Zor-El sorriu ― Todos merecem estar presentes no casamento da minha princesinha.
― Vamos chamar a Cat também? ― Lena indagou um tanto curiosa ― Ela vai amar escrever sobre o nosso casamento.
― Acho que seria uma honra dar essa exclusiva a ela, não é? ― Kara sorriu abertamente e viu a morena assentir.
― Então, será uma honra nos casar aqui ― Lena sorriu abertamente e elas começaram a conversar sobre o relacionamento delas, sobre como tinha sido o primeiro encontro, o pedido de namoro, o pedido de casamento e o casamento civil delas.
O Alto Conselho de Krypton poderia esperar uma noite a mais para se reestruturar ou mais alguns dias. Afinal, eles tinham um casamento para planejar.
Fim da Parte 8
Chapter 9: Preparativos
Chapter Text
Quando amanheceu, Lena viu Kara adormecida ao seu lado. A sensação de alívio em seu peito havia garantido uma noite mais tranquila a elas. tomando cuidado para não acordar a loira, pensando em surpreendê-la com um café na cama, Lena se levantou.
Depois de uma rápida higiene matinal, a morena desceu para encontrar Zor-El na cozinha, preparando algumas coisas para eles.
― Bom dia ― Cumprimentou, um pouco tímida.
― Olá, Lena ― Ele retribuiu ― Já acordada?
― Tenho costume de acordar muito cedo ― Lena se explicou, mexendo as mãos um pouco nervosa.
― Com fome?
― Eu pensei em levar o café para Kara ― A morena explicou ― Ela gosta de dormir até mais tarde em dias de folga e eu gosto de mimar ela sempre que posso…
― Kara é uma garota de sorte ― Observou, olhando para a nora.
― Acho que ela gostará mais de tomar café com você e Alura, já que estão acordados ― Lena observou a sogra surgindo na entrada da cozinha.
― Não poderei tomar café com vocês ― Alura avisou ― Bom dia, querido. Eu preciso ir, temos que organizar algumas coisas agora cedo, para cerimônia da Luz de Rao no final do dia.
― Tudo bem ― Zor-El concordou, entregando uma embalagem para Alura ― Tente comer no caminho ― E então Lena percebeu que se tratava do café da manhã e provavelmente de onde Kara tirou a mania de cuidar de sua alimentação, como Zor parecia fazer com Alura ― Se quiser, podemos tomar café juntos ― Ofereceu Zor-El quando Alura saiu ― Estou fazendo alguns dos favoritos de Kara.
― Acho que não tem problema ― Lena concordou, mesmo um pouco relutante e talvez com receio de ficar sozinha com Zor-El.
― Lena, sente-se um pouco, por favor ― O homem pediu.
A morena concordou apreensiva.
― Não vou dizer que gostei de ser o último a saber de seu casamento com a minha filha ― Começou ― Mas Kara tinha razão no que falou e também, reconheço que minha menina é uma mulher de sorte. Não sei se alguém irá cuidar e proteger Kara como você faz. Quando estive na Terra, vi tudo que faz por ela. No começo, pensei que era o que chamam de amizade, mas agora, pensando sobre isso, o que fazem é o que encontramos quando a matriz acha uma combinação certa para um kryptoniano.
― Zor-El…
― Deixe-me terminar, Lena ― Pediu ele e a morena assentiu ― Kara cruzou o universo para ir até você. Foi obra e vontade de Rao. Não tiro minha culpa ou de Alura por nossas irresponsabilidades com nossa filha, mas a vontade de Rao foi que Kara pudesse lhe encontrar. Depois, acredito que tudo foi necessário para que ficassem juntas. E eu espero que você aceite fazer parte da nossa família, que aceite fazer parte de nossa casa e então, possa nos engrandecer com sua sabedoria também.
― Eu não sei o que dizer…
― Apenas aceite desposar minha filha sobre a Luz de Rao e se tornar parte da casa de El ― Pediu.
― Para um povo movido pela ciência, vocês realmente têm uma fé inabalável em Rao ― Ela não colocou aquilo como uma crítica, estava apenas um tanto curiosa e fascinada pela descoberta.
― Ciência, magia e religião podem coexistir em paz, Lena ― Zor-El explicou ― Um não deve se sobrepor ao outro ou então, anular. São as forças complementares do Universo. A ciência é para o homem ter uma vida melhor, a religião é de onde viemos e para onde vamos, filhos de um criador e senhor de caminhos. E a magia é a força daqueles que elevaram seus corpos e espíritos em uma harmonia tão profunda que são capazes de manipular a matéria e a energia conforme sua vontade.
Lena apenas ficou um momento calada.
― Eu quero desposar Kara sob a luz de Rao, quero que ela tenha o casamento que sonhou quando menina ― A morena confessou.
Zor-El sorriu.
― Então faremos acontecer, Lena.
{...}
Kara se remexeu na cama querendo arrumar uma nova posição para continuar dormindo, mas se despertou quando não sentiu a presença do corpo quente de sua esposa consigo, então, respirou fundo e se levantou, fez suas higienes matinais e desceu as escadas correndo, como sempre fazia desde criança, alguma coisa sobre não ter poderes ali lhe fazia sentir um pouco mais de liberdade e ela aproveitava para fazer as mesmas peripécias de quando criança.
― Lee? ― Chamou pela esposa enquanto caminhava até a cozinha ouvindo as vozes de Lena e Zor-El conversando animados sobre um assunto do qual ela ainda não conseguia decifrar ― Ukhur? ― Tentou de novo, estranhando quando não teve resposta de nenhum dos dois.
Kara finalmente entrou na cozinha e se surpreendeu ao ver Lena e Zor-El conversando como se fossem velhos amigos, falando sobre flores, salões de festas e igrejas, mas a loira realmente não estava entendendo nada.
― Bom dia? ― Tentou ser ouvida pelos dois e viu quando se viraram para ela e sorriram juntos.
― Bom dia meu amor ― Lena desejou sorridente e se levantou para deixar um selinho nos lábios de Kara antes de voltar a se sentar novamente.
― Bom dia Inah ― Zor-El sorriu compreensivo e deixou a filha se aproximar para beijar o seu rosto, como costumava fazer quando era mais nova.
― Então, qual o papo de hoje? Vejo que se enturmaram ― Tentou entrar no mundinho dos dois.
― Começamos a conversar sobre o nosso casamento, querida, enquanto tomávamos café, não queríamos acordar você ― Lena pontuou.
― Sim, o médico pediu repouso para você, querida ― Zor complementou ― Então deixamos você dormir enquanto eu contava para Lena como são os casamentos por aqui ― Explicou simples.
― Inclusive eu descobri que não existem plumérias em Argo, então vamos precisar buscar as flores na Terra, acha que sua irmã pode trazer quando vier? ― Lena pediu, quase eufórica demais com a ideia do casamento.
― Ahn? ― Kara estava realmente confusa.
― Kara, querida ― Zor se levantou e fez a filha se sentar junto com eles, servindo um pouco de seus favoritos para ela comer ― Eu e Lena começamos a conversar sobre alguns detalhes do casamento de vocês ― Explicou com mais calma ― Lena me contou sobre essas flores, as plumérias, e ela gostaria de ter plumérias na cerimônia.
― Plumérias brancas, de preferência ― Lembrou.
― Oh, acho que podemos pedir para Alex trazer quando vier, ela provavelmente vai querer ajudar a organizar tudo, assim como Eliza ― Deu de ombros começando a comer.
― Bem, temos uma longa lista de convidados também, Alex, Kelly, Esme, Sam, Ruby, Eliza, Cat, Nia, Brainy, Andrea, J’onn, aliás, podemos chamar as meninas para serem nossas daminhas, o que acha? Esme pode jogar flores e Ruby pode levar as alianças ― Lena se animou ― Precisamos preparar os convites, Kara.
― Lee, podemos tomar café primeiro? ― Pediu fazendo um beicinho ― Eu estou realmente com fome. Depois, podemos ir até um amigo dos meus pais, ele faz os melhores convites da galáxia ― Sorriu animada.
― E tenho certeza de que ele irá adorar fazer os convites da minha princesinha ― Zor sorriu ― Agora coma, querida, teremos um longo dia pela frente.
{...}
Naquela mesma manhã, elas tinham todos os convites prontos, feitos especialmente para elas, com seus nomes destacados em Azul no papel semelhante ao Kraft onde poderiam ver “Kara e Lena” e também havia o símbolo da Casa de El e o símbolo da Fundação Luthor ali, um tanto entrelaçados em uma arte perfeita. Elas ficaram animadas com os convites e usaram o portal feito por Zor-El para irem até a Terra, convidarem os seus amigos para seu casamento.
Obviamente, a primeira pessoa era Eliza, Lena deixou o seu medo de lado e aproveitou da vista enquanto Kara voava com elas até Midvale. Chegaram perto do horário do almoço e Eliza lhes convenceu a almoçarem por lá e lhe fazerem companhia, elas comeram juntas em um clima ameno e depois da sobremesa, Kara e Lena entregaram seu primeiro convite, o único pedido da matriarca Danvers era ajudar com todos os preparativos, então Kara lhe convidou para passar alguns dias em Argo, avisando que poderia buscá-la já no dia seguinte e a mulher aceitou o convite, afinal, queria ajudar com o casamento de sua garotinha.
Elas se despediram de Eliza com um grande abraço e partiram para o próximo destino, a casa de sua irmã. Quando chegaram em National City, Kara bateu na porta apenas duas vezes, antes de serem atendidas por uma Esme sorridente.
― Tia Kara, Dindinha ― Gritou animada e correu para abraçar as pernas das duas.
― Oi meu amor ― Kara e Lena sorriram abertamente, apertando a garotinha em seus braços.
― Onde estão suas mães? ― Kara indagou.
― Estão terminando de limpar a cozinha, mamãe Alex fez um estrago ― Confessou baixinho, fazendo as duas rirem ― Entrem ― Deu espaço para elas ― Mamães, a tia Kara e a dindinha estão aqui ― Gritou para as mães e saiu correndo para a cozinha.
Pouco depois, Kelly e Alex apareceram com sorrisos um tanto sem graça, como se tivessem sido pegas no flagra.
― A cozinha estava arruinada, né? ― Lena brincou sorrindo maliciosa.
― O que fazem aqui? ― Alex foi a primeira a interromper o assunto que nem começou.
― Nossa, sis, sim, nós estamos bem depois daquela batalha em Argo, obrigada por perguntar ― Kara riu sarcástica ― Viemos apenas entregar um convite.
― Sim, entregar um convite e fazer um convite ― Explicou Lena.
― Podem falar, meninas, ignorem a minha esposa ― Kelly pediu.
― Ei? ― A ruiva estava indignada.
― Kelly a mais sensata ― Kara sorriu e pegou o envelope na sacola de papel que carregavam ― Aqui está, é o convite do nosso casamento.
― Que será em Argo, sob a luz de Rao ― Lena sorriu.
― Tia Kara, vai ter bolo no seu casamento? Porque o bolo do casamento das minhas mamães era falso ― Pontuou indignada, cruzando os bracinhos.
― Claro querida ― Kara sorriu ― E você, o que acha de ser a nossa florista? ― Indagou se abaixando para ficar na altura da menina ― Ia adorar você deixando as flores pelo caminho.
― E vou poder conhecer o seu planeta? ― Esme indagou animada.
― Claro, querida, tenho certeza que meu pai vai amar conhecer você ― Kara sorriu abertamente.
― Oba! ― Sorriu eufórica ― Mamães quando vamos? ― Olhou curiosa para suas mães.
― Quero ajudar a organizar tudo ― Alex lembrou.
― Mamãe também, eu venho buscá-la amanhã ― Kara lembrou.
― Então parece que amanhã vamos para Argo ― Alex sorriu animada.
― Isso! ― Esme gritou animada e correu para abraçar sua tia e madrinha em seguida, feliz com a notícia.
{...}
Quando chegaram à porta da casa de Sam, Lena quem bateu e Ruby as recebeu.
― Tia Lena, Tia Kara ― Cumprimentou a garota.
― Olá, minha querida ― Lena a abraçou.
― Oi Rubs ― Kara também a abraçou.
― Sua mãe está?
― Sim, ela está aqui ― Ruby confirmou.
― Podemos falar com ela? ― Lena pediu.
― MÃE CORRE AQUI ― Gritou a menina.
― Oi ― Sam veio correndo com o grito da filha ― Ah, são só vocês ― Respondeu a castanha vendo as amigas na porta ― Porque não as deixou entrar?
― Só vocês? ― Lena pegou aquele pedacinho no ar ― Esperando pelo professor Jackson, Samantha? ― Sorriu maliciosa.
― Lena! ― Sam bufou ficando completamente vermelha.
― Acertei, não foi? ― Lena riu novamente.
― Sim, tia, ela tem um encontro com o professor Jackson hoje, finalmente ― Ruby contou animada.
― Ruby! ― Sam brigou com a filha.
― O que mãe? É a verdade ― Ruby deu de ombros.
― Finalmente aceitou os conselhos de Eliza? Ou os nossos? ― Kara brincou divertida.
― Vocês duas são impossíveis ― Sam resmungou ― Mas, então, o que trás as senhoritas aqui?
― Senhora Luthor-Danvers, Sam ― Lena a corrigiu ― Viemos lhes fazer um convite.
― Qual convite? ― Ruby indagou curiosa.
― É o convite para o nosso casamento ― Kara contou ― Em Argo.
― Uau, vamos mamãe? ― Ruby pediu animada enquanto Sam pegava o convite das mãos de Lena.
― Eu não perderia esse evento por nada, querida ― Sorriu animada também ― Em Argo, hm? ― Seu sorriso animado logo se transformou em malicioso ― Sua Lua de Mel também vai ser lá?
― Samantha! ― Lena resmungou ficando com as bochechas vermelhas.
― Ei, Ruby, o que você acha de levar as alianças para nós? ― Kara pediu desviando o assunto ― Na verdade, serão braceletes pela cultura Kryptoniana, mas você entendeu.
― Vai ser uma honra tias ― Ruby abraçou as duas animada.
{...}
Elas ainda convidaram os outros amigos e deixaram o convite de Cat por último. Quando entraram na CatCo, o expediente já estava no fim, logo havia menos funcionários circulando pelo local e exatamente todos pararam seus afazeres quando viram as duas adentrarem o recinto. Lena e Kara andavam de mãos dadas, seu casamento já não era segredo para ninguém e a loira apertou um pouco mais a morena em uma tentativa de silenciar os comentários em seus ouvidos.
Cat sorriu surpresa ao ver as duas entrarem em sua sala de vidro e logo fechou a porta e as persianas para lhes dar um pouco mais de privacidade naquele momento.
― Kira, como está? Não achei que fosse voltar tão cedo ― Brincou divertida ― Seu trabalho de Editora Chefe é impecável, mas está se acumulando em cima da sua nova mesa de metal NTH.
― Esperta ― Lena riu baixinho.
― Aprendi com o último incidente ― Cat pontuou, risonha.
― Se quiser, eu posso terminar tudo em super velocidade depois de conversarmos ― Kara deu de ombros.
― Ótimo, mas então, vamos ao que interessa ― Cat pediu.
― Como você sabe, nós nos casamos de forma um tanto clandestina sem nossos amigos ou família por perto ― Lena lhe lembrou.
― Oh sim, me rendeu uma ótima matéria ― Riu baixinho.
― Isso, então, agora vamos fazer isso da maneira correta ― Kara complementou a esposa ― Vamos fazer uma cerimônia de casamento para nossos amigos e familiares.
― E seria uma honra tê-la como nossa convidada ― Lena continuou, estendendo o convite para Cat.
― Oh ― A mulher estava surpresa, mas ficou ainda mais quando viu o local do casamento ― Irão se casar em Argo?
― Sim, em minha Terra Natal ― Kara sorriu animada ― E gostaríamos de você como convidada e se quiser, como repórter. Vai poder contar um pouco mais sobre Argo em sua reportagem, mas com limites que vamos estabelecer depois.
― Será uma honra, Kira ― Cat sorriu completamente animada ― Quem vem me buscar?
― Pode ter certeza que vamos mandar alguém de confiança ― Kara sorriu ― Provavelmente Nia.
― Você disse alguém de confiança, Kira, Nia é especialista em dormir, onde isso é alguém de confiança? ― Cat brincou.
― Cat? ― Kara gargalhou abertamente ― Nia é de confiança, eu juro.
― Tudo bem ― Se deu por vencida ― Agora vá adiantar o seu trabalho acumulado enquanto eu coloco o papo em dia com Lena ― Pediu.
― Volto em alguns minutos ― Kara riu abertamente, se retirando da sala de Cat.
{...}
― Eu sempre soube que não era apenas amizade ― Cat começou, puxando Lena para a conversa delas enquanto Kara trabalhava um pouco.
― Como? ― Lena tinha uma carinha confusa e ao mesmo tempo fofa naquele momento.
― Você comprou a CatCo por causa da Kara, para ela não perder o emprego e não pode me dizer que faria isso por um simples amigo ― Cat tinha um ponto.
― Kara nunca foi uma simples amiga, Cat, ela sempre foi diferente de todas as pessoas ― Lena suspirou baixinho ― E, você tem razão, já naquela época eu gostava dela e talvez eu tivesse consciência dos meus sentimentos, mas ela tinha acabado de ter seu coração partido por ter mandado Mon-El para longe da Terra por um dispositivo que eu ajudei a criar, o dispersor de chumbo, eu me sentia um pouco culpada.
― E, por isso, decidiu que seria bom ficar com o James? ― Ela queria entender o ponto de vista da morena ― Quando começou a sair com ele, eu fiquei surpresa e um pouco decepcionada. Kara estava ali com você, perto de você, demonstrando a você o quanto gostava de você e você decidiu ficar com ele? Queria saber como ele conseguiu namorar as duas ― Resmungou baixinho.
― Kara estava de coração partido e no meio daquela loucura com Reign, ela, Sam e Alex me incentivaram a dar uma chance a ele e eu achei que aquela poderia ser uma forma de nublar meus verdadeiros sentimentos pela Kara, porque eu sabia que ela não estava pronta para um novo relacionamento, ela estava sofrendo por Mon-El e eu não sabia muito bem como ajudar ou o que fazer ― Suspirou ― E vamos combinar, eu não era a melhor lidando com meus próprios sentimentos.
― Duas gays inúteis ― Cat resmungou baixinho.
― E ainda assim, casamos e ninguém desconfiou ― Lena provocou.
― Você tem um bom ponto ― Cat deu de ombros.
― Eu sempre tenho um bom ponto ― Lena sorriu ― Sou uma mulher de negócios.
― Não poderia esperar menos da CEO mais promissora do século ― As duas mantiveram os mesmos sorrisos.
― Sam é a CEO agora ― Lembrou ― Eu trabalho na Fundação Luthor.
― Outra mulher de negócios poderosa e que preciso fazer sentar nessa cadeira para me dar uma entrevista ― Brincou divertida.
― Podemos conseguir isso ― Lena deu de ombros ― Talvez, se Kara puder fazer a entrevista, ela aceite mais facilmente.
― Ela é uma linda mulher, mas em alguns momentos, me parece tímida ― Contou seu ponto de vista.
― Sam está longe de ser tímida, ela é reservada ― Explicou.
― Ela é boa em evitar a mídia e devo dizer, algumas das fofocas só sei porque sou Cat Grant ― Se gabou.
― Quais você sabe? ― Indagou curiosa.
― Os flertes com o professor da filha dela, é uma delas, mas nada confirmado. Nem mesmo uma fotinho ― Brincou.
― No tempo dela, ela se solta ― Lena riu.
― Não vai me dar nenhum spoilerzinho? ― Pediu.
― Cat Grant, está jogando um verde em mim? ― Devolveu o tom brincalhão.
― Vai que dá certo ― Deu de ombros.
― Cat ― Lena riu.
― Lena, minha querida, você já ganhou o prêmio máximo, casou com a Supergirl, mas eu quero a eternidade fazendo a primeira entrevista interplanetária. Vai me deixar entrevistar seus sogros do espaço?
― Se eles concordarem, divirta-se, mas boa sorte em entender eles conversando em Kryptoniano.
― Kara é minha funcionária, ela vai traduzir tudo para mim ― Deu de ombros novamente ― Ela tem feito um trabalho incrível como editora chefe.
― Cat Grant é realmente parcial, hm? ― Lena brincou.
― Falando em parcial, quando meu casal favorito vai me dar outra entrevista? As trivialidades do casamento do século? Como é a vida doméstica de uma bilionária e uma super-heroína? Vocês fazem atividades domésticas? ― Indagou curiosa.
― Seus leitores achariam entediante ― Lena riu.
― Por que? É tão baunilha assim?
― Kara morre nessa entrevista ― Lena riu, novamente ― Somos um casal normal. Trabalhamos o dia todo, jantamos juntas à noite. Às vezes a Kara leva meu almoço ou eu trago o dela, vemos um filme ou um episódio de alguma séria quase todas as noites e nos aconchegamos no sofá. Às vezes, a gente sai pra jantar fora, mas no normal, é tão mais gostoso só comer em nosso sofá conversando.
― Vocês parecem duas melhores amigas, falando assim
― Porque nós somos melhores amigas ― Lena falou ― A diferença é que quando a gente vai pro quarto, as coisas apimentam.
― Revelações, Lena Luthor.
― Luthor-Danvers ― Corrigiu ― E sem detalhes. Somos apenas esse casal que leva uma rotina que tem dias de salvar o mundo e tem dias de tranquilidade.
― E como é ter duas sogras? ― Cat estava realmente curiosa.
― É um tanto injusto ― Lena riu baixinho ― Eliza é uma mulher encantadora, muito inclusiva que te trás para a família desde o primeiro momento, não importa se você seja amiga ou namorada de uma de suas filhas. Ela é uma cozinheira nata e sempre nos recebe com nossos pratos favoritos ou com os favoritos de Kara e eu não estou dizendo que há um favoritismo ― Confessou a última parte um pouco mais baixinho ― Agora, Alura é um pouco mais distante, diferente dos abraços calorosos de Eliza ela mostra se importar em pequenos gestos, como pedir para preparar um jantar especialmente para nós duas, ou mandar personalizar todos os meus trajes kryptonianos com o símbolo da Fundação como se fosse o símbolo da minha casa, como o símbolo da Casa de El. E, Zor-El, pai de Kara é incrivelmente compreensível, animado e inteligente. Nós conversamos muito sobre os mais diversos assuntos científicos e eu pude aprender muito com ele, é fofo ver como ele sempre quer incluir a filha em nossas conversas nerds e impressionante como Kara sempre acompanha e também é muito fofo quando ele começa a cozinhar e confessa que prepararia os preferidos de Kara porque ama mimar a filha.
― Lena Luthor conquistada pelos sogros, quem diria ― Cat brincou divertida ― Mas qual deles é o mais difícil?
― Tem certeza de que é uma conversa? Porque se parece uma nova entrevista ― Lena brincou divertida.
― Juro que não estou gravando nada ― Cat riu abertamente ― Só é uma entrevista se eu publicar ― Continuou rindo enquanto Lena revirou os olhos.
― Hm, deixe-me ver, Eliza é muito tranquila ― Lena sorriu ― E sempre faz de tudo para nos mimar. Zor-El é incrível como cientista, acabamos descobrindo muito em comum…
― Então, Alura é a mais difícil? ― Indagou divertida.
― Depende, se você levar em consideração que Alura ainda é muito arraigada em seus costumes Kryptonianos, ela parece distante e tudo que precisamos conversar parece necessitar passar pelo conselho, desde algo simples, como algo mais complexo. às vezes, ela parece ser um tanto inacessível ― Explicou ― Mas, com certeza, Zor-El é o mais complicado. Ele demorou a perceber algo que estava na frente dele e eu tenho quase certeza que é por conta da proteção paternal dele. Zor é um homem incrível, mas está preso a essa concepção de que a filha dele é uma princesinha que precisa ser salva.
― Quando você é mãe, ou pai, você sempre vai querer proteger seus filhos ― Cat pontuou.
― Mas é diferente. Krypton não é um mundo como o nosso, de afeto, amor carnal. Eu meio que corrompi a Supergirl ― Brincou levemente ― E, quando veio em sua última visita, ele ainda queria seguir os costumes e submeter Kara a matriz para encontrar sua combinação perfeita, alguém de Krypton. Então, imagine a minha dificuldade, ter que explicar a um homem tradicional que eu casei com a princesinha dele pelas costas dele e todos os planos anteriores estão frustrados porque não existe divórcio em Krypton.
― Você foi esperta, prendeu a Supergirl a você por toda a vida ― Cat brincou.
― Como descobriu meu plano maléfico? ― Riu baixinho ― Mas sabe, Krypton não tem os mesmos preconceitos daqui, como a sexualidade. No entanto, eles têm outros, como sua origem, sua nobreza, sua casa.
― Você teve medo de não ser aceita por eles? ― Indagou.
― Sim, mas Kara me confessou o medo de ser expulsa de sua Terra Natal, de seus pais excluírem ela e doeu perceber aquele medo nos olhos dela ― Lena confessou ― Então eu vi ela enfrentar esse medo diante de pessoas estranhas e seus pais durante um jantar com um possível pretendente kryptoniano. O cara era um banana ― Riu baixinho ― Preso em pensamentos ultrapassados, como guerra ser um meio de avanço não apenas de destruição.
― Odeio homens assim ― Cat revirou os olhos.
― Quem Cat Grant não odeia? ― Kara indagou divertida entrando na sala da chefe.
― Ora, não seja dramática, Kira ― Cat riu abertamente ― Eu não odeio tanta gente assim.
― Diga isso para o seu melhor amigo do Pilates ― Kara provocou e viu a mulher bufar irritada, ela realmente odiava aquele homem.
― Terminou seu trabalho, Kira? ― Trocou de assunto.
― Sim senhora, e eu adorei a mesa nova, posso apertá-la sem deformá-la quando sentir ódio de meus comparsas fofoqueiros, mais conhecidos como jornalistas da CatCo ― Ironizou.
― Os comentários ainda não pararam? ― Lena se preocupou.
― Aumentaram desde a matéria de que são casadas saiu ― Cat suspirou baixinho.
― Eles devem ter raiva da própria vida, é isso ― Kara deu de ombros.
― Acho que todos eles devem ter algum fetiche com a Supergirl e a nossa querida Lena aqui capturou o coração da mulher de aço e eles ficam todo dia se maldizendo porque a garota de aço estava ao lado deles e deixaram isso passar ― Cat comentou, como se não fosse nada, ao que Lena fechou o semblante e Kara corou.
― Casou sem divorcio, lembra? ― Lena reclamou ― Kryptonianos não se divorciam, certo, querida?
― Certo, querida ― Kara concordou.
― E vai casar de novo, sob o tal Sol de Rao para garantir ― Cat provocou ― Nunca desafie um Luthor.
― Amor, vamos? ― Lena chamou.
E quando deixaram a sala de Cat Grant, Lena puxou Kara no meio do escritório, ainda enciumada e tascou um grande beijo para na esposa. Todos apenas observaram surpresos.
― Vemos você em Argo, Cat ― Lena falou quando separaram suas testas após o beijo apaixonado, que deixou a morena ofegante ― Não consigo imaginar nosso casamento sem você lá para cobrir tudo ― Anunciou em alto e bom som.
Cat apenas sorriu, vendo o casal sair.
― Pelo visto, Lena marcou território ― Nia comentou ao lado de Cat.
― Ela é a esposa da Supergirl ― Cat riu ― Tem o direito de fazer isso.
― E até a Supergirl tem medo dela ― Riu a sonhadora ― Mas você nunca me ouviu dizer isso.
― Fechado ― As duas riram novamente e voltaram ao seu trabalho.
{...}
Antes de irem para Argo novamente, Kara e Lena compraram duas mudas de Plumérias para ver se as flores poderiam sobreviver em Argo e então partiram. Foram recebidas por Alura e Zor-El em casa, com um jantar pronto e comeram em um clima ameno e divertido, onde Kara começou a tagarelar sobre como estava animada por trazer sua família adotiva para seu planeta natal.
Aos poucos, as coisas começaram a tomar uma nova forma. Alura começou a montar o novo conselho, enquanto Zor-El estava mais do que feliz em ser o guia turístico da família adotiva de Kara, levando as meninas pelos salões de festas, os pequenos templos ou capelas e também os restaurantes onde fizeram degustações dos possíveis bufês para o casamento e era engraçado como todos pareciam querer agradar Zor-El. Isso irritou um pouco as noivas, até o homem deixar bem claro que ele não escolheria nada e, sim, sua filha e sua nora.
Depois de escolher o local para o casamento, o salão de festa, os mínimos detalhes da decoração, o bufê, os docinhos e o bolo do casamento, Eliza e Alura se organizaram para presentear Kara e Lena com seus trajes especiais para o casamento e, em um pequeno acordo, no dia do casamento, Kara ficaria com Alura e Lena teria a companhia de Eliza como a mãe que não tinha, mas isso também era uma surpresa para as duas.
Aos poucos, todos os seus convidados foram chegando e Zor-El ficou extremamente animado ao conhecer Esme, a garotinha roubou seu coração desde o primeiro momento e, no dia do casamento da filha, ele já havia adotado a garotinha como avô. A última a chegar em Argo, foi Cat Grant, a mulher ficou completamente encantada com a organização única do lugar, Nia estava logo ao seu lado e elas ficaram animadas quando Kara garantiu a elas que tudo seria feito em Inglês, pois todos seriam capazes de entender e seria mais fácil também.
Perto do local da cerimônia, Kara começou a se vestir, seu traje era azul marinho como a cor principal de sua casa, com calças e mangas cumpridas, lembrava um pouco de seu uniforme como heroína, mas era de um tecido mais nobre, preparado para eventos importantes. Além disso havia detalhes em dourado em seus punhos, quadris e coxas, suas botas eram douradas e vinham até seu joelho, entrando em sintonia com o detalhe em suas coxas e o símbolo da Casa de El brilhava da mesma cor em seu peito, desenhado um pouco diferente do que o costume, como acontecia em ocasiões especiais. Por fim, foi presa em seus ombros uma capa branca que contrastava perfeitamente com tudo. Seus cabelos dourados estavam cacheados e soltos e o rosto levemente maquiado.
― Como estou, yeyu? ― Indagou baixinho, observando-se no espelho.
― Está tão linda, querida ― Alura sorriu emocionada, ela mesma usava um vestido típico de Krypton, apropriado para festas, com o símbolo da Casa de El da mesma cor de sua roupa, era um pouco mais discreta e, ainda assim, linda ― Eu sempre sonhei com o dia em que lhe veria se casando ― Confessou, arrumando a capa nos ombros da filha ― E não poderia estar mais orgulhosa de você, Inah.
― Obrigada yeyu ― Kara sussurrou com lágrimas nos olhos, ela estava incrivelmente ansiosa, mesmo já tendo se casado com Lena antes, agora era diferente, ela realizaria um sonho infantil, se casar perante a Luz de Rao.
Elas ouviram alguém bater na porta e sorriram ao ver Zor-El e Esme juntos, a garotinha também tinha ganhado um vestidinho típico de Krypton, vermelho, com o símbolo da Casa de El para ser a sua florista e seus cabelinhos dourados estavam perfeitamente encaracolados e presos em um penteado bonito e Kara não poderia ter ficado mais animada com aquilo.
― Tia Kara, uau, está linda ― Esme sorriu abertamente com os olhinhos brilhando de felicidade enquanto segurava sua pequena cesta cheia pétalas de rosas vermelhas.
― Minhas princesas estão lindas ― Zor-El sorriu abertamente, se aproximando com cuidado e deixou um beijo na testa de Kara e outro nos lábios de Alura, ele também estava emocionado ― Está pronta, princesinha? ― Indagou baixinho, observando os olhos azuis de sua filha.
― Sim, Ukhur, estou pronta ― Kara sorriu abertamente e deixou seus pais lhe guiarem para a próxima etapa e logo ela estaria se casando com Lena sob a Luz de Rao.
Do outro lado, Lena ainda não conseguia acreditar em seu traje, era simplesmente perfeito. Ela ainda estava sozinha apenas de lingerie e roupão brancos observando aquela perfeição quando ouviu alguém bater na porta.
― Pode entrar ― Pediu e se surpreendeu ao ver Eliza ali ― Eliza?
― Olá querida ― A mulher sorriu, observando o cabelo e a maquiagem de Lena já prontos ― Então, eu e Alura concordamos que você merecia a presença de uma de nós duas com você, como uma espécie de mãe ― Confessou ― Descobrimos o lado positivo de ter duas sogras ― Brincou divertida.
― Oh, Eliza, obrigada ― Lena tentou não começar a chorar naquele momento e permitiu o abraço carinhoso de Eliza antes de voltar a olhar o seu traje ― Eu ainda não acredito que vestirei isso ― Confessou.
― Precisamos vestir você, querida ― Eliza lembrou ― Daqui a pouco, Kara vai para o local da cerimônia e se você demorar demais, aquela menina tem uma síncope.
― Você tem razão, Eliza ― Lena riu levemente e deixou a mais velha ajudar ela a vestir sua roupa.
― Aqui ela não é super, não sabemos se ela pode ter um ataque cardíaco ― Eliza brincou enquanto ajudava Lena a tirar o roupão de seda branca.
― E isso porque eu já casei com ela ― Lena riu, ela também sentia um certo nervosismo na boca de seu estômago, mas nada capaz de lhe fazer ter uma síncope.
Quando ficou pronta, a morena passou a se admirar no espelho. Ela estava com um vestido branco, com um dos ombros nus e a manga do outro mais comprida, em sua cintura uma espécie de cinto com o símbolo da Casa de El brilhava em dourado e a saia do vestido era solta com uma grande fenda em uma das laterais, do início de suas coxas até os pés, para completar, havia braceletes dourados em seus pulsos e os sapatos de salto alto completavam seu look. Por fim, seus cabelos negros estavam presos em um coque perfeitamente alinhado e seus lábios brilhavam em vermelho, entrando em harmonia com o resto de sua maquiagem mais simples.
― Tia Lena, viemos buscar você ― Ruby contou enquanto entrava no quarto da madrinha igualmente vestida em um traje típico de Krypton, idêntico ao de Esme, com seus cabelos presos em um penteado igual ao da mais nova como eles haviam combinado ― Uau, você está linda demais ― Sorriu abertamente.
― Obrigada, Rubs, onde está sua mãe?
― Entrando agora ― Respondeu divertida e Sam entrou logo depois.
― Uau, minha amiga está perfeita ― Sam sorriu e abraçou Lena com carinho ― Pronta?
― Pronta ― Lena sorriu abertamente, pronta para se casar novamente com sua esposa.
Continua...
Chapter 10: Sob a Luz de Rao
Chapter Text
Quando Lena olhou para as pessoas no enorme salão, ela respirou fundo. Seu primeiro casamento parecia uma lembrança distante ao pensar em tudo que havia passado para chegar ali.
Elas haviam lutado contra Lex e Nyxly, sua mãe Lílian havia morrido e ainda derrotado os kryptonianos assassinos que nem mesmo Alura gostaria de reencontrar um dia. Haviam superado a perda de memória de Lena e também, a tradição que Zor-El gostaria que sua princesinha seguisse.
Kara era a editora chefe da CatCo e ela tinha sua fundação, com Sam comandando a empresa de sua família e ainda havia Esme, sua afilhada. Quantas coisas haviam mudado em tão pouco tempo.
Lena sorriu observando Kara a esperando. A loira já deixava pequenas lágrimas caírem de seus olhos. Pelas enormes janelas, os raios do Sol Vermelho que banhava Argo com sua luz a fizeram pensar em Krypton. Foi assim que Kara sonhou se casar quando era criança, sob aquela luz.
― Eu te amo ― Murmurou movendo os lábios apenas para Kara.
A loira sorriu para si, levando as mãos aos lábios e num gesto discreto, ela enviou um beijo para a mulher de sua vida.
Lena sorriu com aquele gesto de Kara, apaixonada.
― Pronta? ― Eliza perguntou, vendo a filha quase brilhar de tão feliz.
― Ela é a mulher da minha vida, Eliza ― Lena declarou ― Eu estou sempre pronta para ser dela.
Eliza sorriu e conduziu a morena para o encontro de Kara.
― Cuidem sempre uma da outra ― Eliza pediu, deixando as duas mulheres envolverem suas mãos, ficando uma de frente para a outra.
Zor-El e Alura estavam parados atrás de Kara, enquanto Eliza se posicionava atrás de Lena.
O sacerdote de Krypton se aproximou e as observou por um momento, então, sorriu bondoso.
― Diante de dias tenebrosos, heróis se levantam e fortalecem seu povo ― Ele começou ― Nossa história foi construída de conquistas. E nosso povo, em posse de sua história, sabe que nosso passado é agridoce. Krypton ruiu depois de se levantar contra tantos outros, expansionista e guiado pela ciência, em sua fé cega da soberania de Rao. ― Ele relembrou ― Hoje, eu olho para o futuro diante dos meus olhos. Heroínas se levantaram quando Argo quase caiu perante seus antigos erros. Alguns diriam que no dia de hoje costumes são quebrados. Mas eu digo, a grandeza de Rao está em guiar Kara Zor-El por entre todas as estrelas diretamente para a vida de Lena Luthor. ― Kara e Lena sorriram concordando ― Nem mesmo a matriz pode ser tão perfeita quanto os caminhos de Rao. Quando Argo mais precisou, Lena Luthor se levantou para defender nossa terra e nossa liberdade. Nosso povo viu uma heroína estrangeira lutar ao lado de Kara Zor-El e juntas, protegerem o povo de Krypton, protegerem nosso futuro. Seria um erro condenar um amor que o próprio Rao escolheu com perfeito. ― Alura apenas assentiu diante das palavras e Zor-El, meio pensativo, também concordou ― Não pensem que todos os dias serão de calmaria. A vida a dois é um desafio diário, mas vocês estão aqui hoje, diante de nosso povo, de seus familiares e amigos para confirmar que estão preparadas para esse desafio. E agora, eu peço que me digam, estão prontas para prosperarem juntas, por vocês e por nosso povo?
― Estamos ― Ambas responderam juntas.
― Lena Walsh Luthor, membro da casa de Luthor e descendente da casa de Walsh, cientista e heroína, hoje você se junta à casa de El, assumindo as responsabilidades que todo Kryptoniano recebe ao nascer. ― Explicou o sacerdote ― Está pronta para trilhar ao lado de Kara Zor-El, sob a luz de Rao, um futuro a duas, com a missão de prosperar e engrandecer a Nobre Casa de El, lhe dando herdeiros valorosos e com coração forte por justiça e conhecimento?
― Eu prometo trilhar ao lado de Kara Zor-El, sob a luz de Rao um caminho de amor, confiança e respeito. ― Lena respondeu deixando algumas lágrimas caírem ― Eu prometo dividir minha vida com Kara e também, quando chegar a hora, dar o meu melhor na criação de nossos herdeiros. Assim como educá-los, amarei eles como Eliza amou Kara e os ensinarei com a mesma dedicação que Zor-El ensinou minha esposa. Serei justa como Alura sempre foi e juntas, faremos nosso melhor para que eles sempre escolham honrar a Casa de El.
― Lena Luthor, você agora é um membro da casa de El ― Declarou o sacerdote e então, se voltou para Kara ― Kara Zor-El, herdeira da nobre Casa de El, filha primogênita de Zor-El, heroína de Argo e da Terra, você promete sempre zelar por seu casamento e sob a luz de Rao, trilhar a jornada que apenas duas pessoas podem trilhar?
― Eu prometo trilhar junto a Lena Luthor o caminho ensinado por Rao ― Kara respondeu, emocionada ― Eu prometo que serei a melhor versão de mim para que Lena sempre possa encontrar em mim uma companheira para a vida, com amor, confiança e respeito. Prometo estar presente e tão envolvida quanto ela na criação de nossos futuros filhos, garanto que os ensinamentos de Rao, nossa linguagem, nossa ciência e nossa cultura serão perpetuados com eles e Lena, não haverá um dia que a deixarei pensar que a amo menos, pois Rao nos uniu primeiro ― E Kara olhou para a luz avermelhada que tocava em sua mão unida a de Lena ― Mas é meu coração que todo dia escolhe ficar junto ao seu.
― Eu te amo, Kara ― A morena sussurrou.
― Eu te amo, Lena ― A loira retribuiu, baixinho, como se confessasse um segredo no meio daquela multidão.
― Então, que assim seja. A vontade de Rao, soberana e perfeita, hoje se concretiza pela união de duas pessoas sob sua luz. Kara Zor-El e Lena Zor-El, agora vocês são só uma sob a luz de Rao. Agora, são responsáveis por vosso caminho e de vossos descendentes ― Finalizou o juiz ― Estão unidas para toda a vida.
Kara sorriu e deu um beijo suave no rosto de Lena. Lena repetiu o gesto com Kara e então, elas uniram suas mãos, voltando seu olhar para a família e amigos ali. Kara sorriu notando que Barry estava enxugando algumas lágrimas em um lenço branco. Ava e Sara haviam acabado de trocar um beijo rápido após a cerimônia. Alex e Kelly tinham Esme em meio a um abraço familiar. Kal-El sorria para a prima, com o braço sobre os ombros de Lois enquanto mantinha Jonathan embalado com seu outro braço. Jordan dormia no colo de Lois. Cat e Nia choravam, emocionadas, enquanto Brainy tentava entender tantas lágrimas.
Lena olhou para Zor-El e Alura, eles sorriam aprovadores e Eliza tinha lágrimas emocionadas. Sua menina havia se casado e o alívio de que havia cumprido sua missão a tomou. Eliza olhou para a luz de Rao um momento e murmurou um “Obrigada”. Lena sorriu, emocionada, agradecendo ao deus que lá fora estava, abençoando sua união com Kara.
― O que acham de começarmos essa festa? ― Zor-El anunciou, vendo a falta de movimento.
― Ukhur, esquecemos os braceletes ― Kara lembrou rapidamente, quase preocupada, antes de saírem dali.
― Eu sou novo nisso ― O sacerdote se desculpou, sem jeito ― Por favor, os braceletes. ― Pediu ele, vendo Ruby lhe entregar o par.
― Kara, por favor, coloque em Lena este bracelete ― Pediu ele e a loira colocou-o no pulso de Lena.
― Agora você, Lena ― Ele pediu e a morena repetiu o gesto de Kara.
― Um bracelete não tem começo, nem fim ― O sacerdote falou ― Onde ele começa, ele termina. É um dos símbolos do infinito, da eternidade e dos ciclos ― Como esses braceletes, que a união de vocês seja para sempre.
― Será ― Kara sussurrou para Lena.
― Então, que tal começarmos essa festa? ― Alura convidou, abraçando a filha e a nora após aquele momento sagrado estar encerrado.
Kara e Lena sorriram, assentindo e vendo todos sorrirem para elas, em concordância.
{...}
Incorporando um pouco das tradições terrestres em seu casamento, Kara e Lena foram passear um pouco pela cidade, antes de irem até o salão de festa onde todos estariam lhe aguardando, ou você pode dizer que elas apenas pegaram o caminho mais longo do templo até o salão de festas.
Zor-El e Alura fizeram questão de receber todos os convidados e amigos de sua filha, Eliza estava junto deles, fazendo as devidas apresentações aos desconhecidos por eles e Alex guiou cada um até sua respectiva mesa, uma vez que os funcionários do casamento eram kryptonianos e nem todos eles sabiam como se comunicar corretamente em inglês.
Depois de todos acomodados no local perfeitamente preparado com plumérias brancas e outras flores típicas de Krypton e lenços personalizados com o símbolo da Casa de El, Kara e Lena fizeram uma entrada especial, elas abririam a pista de dança com a sua primeira valsa como casadas, ou enésima, se considerarem que elas já eram casadas.
― Pronta? ― Lena perguntou baixinho.
― Com você? Sempre ― Sorriu boba e beijou novamente a bochecha da esposa com carinho antes de caminharem até o centro da pista.
Depois de muitas discussões sobre a trilha sonora daquela primeira dança, elas decidiram usar um pedaço de uma música americana e outro de uma música Kryptoniana. A melodia simples e lenta começou a tocar e não demorou para a voz do cantor entrar em harmonia, aquela era uma das primeiras músicas que dançaram juntas e elas decidiram eternizá-la naquela valsa.
Com cuidado, Kara repousou as mãos na cintura de Lena enquanto a morena envolveu as suas no pescoço da loira e sorriu ainda observando os olhos azuis antes de começarem a dançar no ritmo da música e Kara se deixou cantarolar a letra antes de dizer qualquer outra coisa.
― Foi como sonhou? ― Lena indagou baixinho, enquanto ainda observava sua esposa.
Kara apenas suspirou apaixonada e sorriu quando a letra parou e a outra música deu início, era instrumental, típica de Krypton.
― Casar sob a Luz de Rao sempre foi o meu sonho ― Confessou baixinho enquanto se moviam como mandava a música dentro daquela pequena bolha delas ― Mas casar com você sob a Luz de Rao? Foi muito mais do que eu seria capaz de sonhar ― Suspirou apaixonada ― Meus pais puderam participar, tanto os biológicos, quanto Eliza, Alex está aqui, Esme também e meu pai adorou aquela garotinha como se fosse a própria neta ― Riu baixinho.
― Eu ouvi ele dizendo à Alura que ele quer ser vovô ― Lena confessou vendo a loira assentir.
― Ele sempre quis isso ― Kara riu baixinho ― Além disso, todos os nossos amigos estão aqui, podendo conhecer o meu planeta natal e presenciando um dos momentos mais especiais das nossas vidas.
― Eu amei cada momento ― Confessou e aproximou seus lábios aos de Kara, deixando um selinho casto nos lábios da esposa antes de deitar sua cabeça no ombro dela, deixando-a guiar aquela dança.
Quando terminaram, elas começaram a passar de mesa em mesa, para agradecer a todos por sua presença.
― Estou tão feliz por você, prima ― Kal-El sorriu abertamente, Jonathan e Jordan dormiam calmamente em um local especial dali, preparado para os pequenos e Lois segurava a mão do marido com carinho.
― Obrigada, Kal ― Kara agradeceu o primo ― Fico muito feliz por terem vindo.
― Jordan e Jonathan passaram dias falando sobre como gostariam de ver Alura e Zor-El novamente, eles se adotaram como avós e netos ― Lois contou.
― Meu pai parece muito contente com todos os netinhos adotados dele, mas já me cobrou mais netinhos ― Kara brincou divertida.
― No momento certo, daremos esse presente a ele, querida ― Lena sorriu abertamente e puxou a esposa para a próxima mesa, onde Cat, Nia e Brainy já lhe esperavam.
― Vocês me deixaram de vela, Kira ― Cat resmungou baixinho, arrancando uma risada das recém-casadas.
― Não foi proposital, Cat, você ficar com Nia é bom, ela faz um bico de fotógrafa ― Kara explicou, risonha.
― Esse lugar é incrível ― Comentou, sincera ― Quero conhecer mais antes de voltar à Terra.
― E irá, Cat, minha mãe biológica prometeu levar você para conhecer um pouco mais antes da entrevista com eles ― Kara explicou.
― Mas e o seu primo, Kira? ― Indagou observando o homem de aço na mesa ao lado ― Como você nunca me contou que Clark é o Superman? ― Ela tinha um tom quase indignado.
― Cat? ― Lena riu abertamente.
― Isso não era tão importante ― Kara deu de ombros ― Sabe o que é importante? ― Riu baixinho vendo a mulher negar ― Ele é casado e pai de dois garotinhos.
― Argh, os bonitões estão sempre comprometidos ― Resmungou ― Kira, e quem é aquele fortão ali? ― Apontou para um homem em uma mesa mais afastada.
― Ele é kryptoniano, Cat, seu nome é Dix, ele era um dos meus “pretendentes” ― Kara torceu o nariz ao lembrar.
― Hm, então o bonitão é solteiro? ― Indagou, interessada.
― E um babaca ― Lena resmungou baixinho.
― Sério que existem babacas em krypton? ― Nia revirou os olhos.
― Existem babacas em todos os lugares da galáxia ― Kara riu abertamente.
― Ah, mas ele não precisa ser legal para dar uns beijinhos ― Riu baixinho.
― Cat, ele não é como os caras da Terra, aqui não existe tanto apelo físico nos relacionamentos ― Kara até tentou explicar, mas Cat já não lhe ouvia.
― Eu vou fazer ele ser ― Sorriu abertamente, se retirando dali.
― Cat não toma jeito ― Lena e Kara gargalharam abertamente.
― A próxima matéria da CatCo será: “Como Cat Grant conseguiu corromper Kryptonianos” ― Nia brincou rindo com os amigos.
Nia e Brainy parabenizaram as amigas pelo casamento e o coluano avisou para a morena que tinha uma surpresa para ela na Terra, ele tinha feito um traje especial para Lena usar quando fossem salvar o mundo juntos e eles poderiam definir o codinome dela depois. Nem cinco minutos depois, Cat voltou da conversa com Dix, resmungando sobre como ele era um completo babaca, arrancando mais risadas de Lena e Kara.
― Barry! ― Kara gritou animada quando se aproximou do amigo e lhe apertou em um abraço carinhoso, ali ela não precisava dosar a sua força e era incrível.
― Kara! ― O rapaz respondeu igualmente animado e apertou a amiga em seu abraço ― Eu nem acredito, você finalmente se casou com a Lena.
― Barry? ― A morena indagou divertida.
― Ela falava muito de você, Lena, eu que nem convivi tanto com Kara sabia que ela era apaixonada por você ― Iris sorriu abertamente ― Sempre apostamos quanto tempo levaria para vocês se relacionarem.
― Quem ganhou? ― Lena indagou, interessada no assunto.
― Sara ― Os dois responderam divertidos.
― A mamãe aqui sempre sabe ― Sara respondeu se aproximando dos amigos e abraçou as recém-casadas junto com Ava, parabenizando-as também ― E aí, ao invés daqueles discursos bregas de casamento, vocês vão cantar para nós? ― Indagou divertida ― Já é uma tradição vocês dois cantarem em casamentos.
― Ainda bem que a invasão nazista que veio depois no casamento do Barry não se tornou uma tradição ― Kara brincou.
― Seu casamento foi invadido por nazistas? ― Lena indagou, curiosa.
― Sim, foi quando eles tentaram roubar o coração da Kara ― Apontou para a melhor amiga, vendo a morena arregalar os olhos.
― Tentaram roubar seu coração? ― Lena se virou para a esposa.
― Sim, querida, mas meus amigos me salvaram ― Sorriu pegando a mão da morena e colocando-a em seu peito ― Viu? Batendo loucamente por você.
― E lá vamos nós precisar de mais insulina ― Ava brincou.
― Vocês deram sorte de estarem se casando fora da Terra ― Sara brincou ― É uma chance única de ter alguma tranquilidade em seu casamento, acredita que eu e Ava nos casamos no fim do mundo?
― O quê? ― Lena indagou curiosa.
― Tinham aliens atacando o mundo ― Ava explicou ― Zagurons, uma mordida deles é capaz de matar você.
― Menos eu, agora que sou um clone metade alienígena, e provavelmente a Kara ― Sara explicou.
― Eu nem vou tentar entender ― Barry coçou a nuca um tanto confuso.
― Mas vocês não souberam o que rolou nos últimos dias, quase tivemos uma nova revolução em Krypton ― Kara explicou ― Lena nos salvou, é minha heroína ― Sorriu boba.
― Cadelinha ― Seus amigos brincaram, vendo a loira ficar com as bochechas vermelhas.
― Mas e aí, vão cantar? ― Sara pediu de novo.
― Sim ― Kara e Barry responderam juntos, animados e correram para onde a banda estava a postos, pedindo uma música para cantarem juntos, uma bem boiolinha para suas esposas, claro.
Enquanto cantavam, Lena apenas observava a esposa, apaixonada.
― A felicidade combina com você ― Alex falou, se aproximando da cunhada e lhe entregando um copo de whisky para brindarem.
― Sua irmã combina comigo ― Lena concordou, sorrindo para a cunhada.
― Tenho que concordar ― Alex riu ― Vocês ficam bem juntas, Sra Luthor-Danvers.
― Se você me dissesse há algum tempo atrás, quando tomamos aquele whisky na varanda da Torre depois de você fazer a escolha por nós duas ― Lena lembrou ― que estaríamos aqui, hoje e eu seria a Sra Luthor-Danvers, eu teria dito que você estava louca.
― Acho que foi naquele dia que eu soube que um dia estaria aqui ― Alex falou, olhando para Lena, levemente seria ― Ninguém amou Kara como você ama, ninguém trocaria o mundo por ela.
― Ainda bem que você estava lá para fazer a escolha certa ― Lena agradeceu.
― Assim como você estava lá para encontrar outra solução ― Alex respondeu e elas se voltaram para a canção que Kara e Barry estavam cantando.
{...}
Depois de cumprimentarem todos os convidados, o jantar foi servido, com comidas típicas de Krypton e da Terra e, claro, ninguém poderia contar com Kara para nada naquele momento, pois ela estava ocupada comendo todas as suas comidas favoritas.
Então, após comerem os salgados e os doces, as duas voltaram para a pista de dança e aproveitaram uma Esme ainda cheia de energia querendo dançar com suas tias, elas aproveitaram a companhia de todos os seus convidados e quando estavam prestes a partir para sua Lua-de-Mel, Alura lhes parou em um cantinho um pouco mais reservado.
― Temos duas surpresas, meninas ― Zor-El avisou, animado.
― Primeiro, vocês ganharam três dias naquele spa em Argo ― Alura explicou ― Para aproveitarem sua lua-de-mel.
― Oba ― Kara comemorou animada.
― E qual a outra surpresa? ― Lena indagou, curiosa.
― Depois da última reunião do conselho de Krypton, nós resolvemos nomear e homenagear as nossas heroínas de Krypton ― Alura sorriu orgulhosa ― Kara Zor-El e Lena Zor-El serão eternizadas em Argo com uma estátua especial.
― Oh ― Kara e Lena nem sabiam como responder a aquela honra, mas as duas tinham lágrimas nos olhos.
― Será uma honra ser eternizada em Argo ― Lena sorriu emocionada.
― E como heroínas, terão total apoio do conselho quando precisarem de qualquer coisa na qual pudermos ajudar ― Zor-El complementou ― Terão voz no conselho quando puderem estar aqui e, Lena, seja muito bem vinda a Casa de El ― Fez uma leve saudação para a morena que logo em seguida abraçou os dois, agradecida pelo carinho que estavam recebendo.
― Sis ― Kara ouviu Alex lhe chamar pouco antes delas saírem.
― Oi Alex? ― A loira parecia um tanto confusa com o motivo de ser chamada e segurou um pouco melhor na mão de Lena.
― Então, como se sente sendo uma mulher casada sob a Luz de Rao? ― Indagou curiosa.
― Eu tenho uma esposa, Alex ― A kryptoniana respondeu animada, admirando a esposa logo ao seu lado, enquanto Lena tentava não se sentir tímida diante da conversa.
― Sim ― Riu baixinho ― Você tem uma esposa.
― Por Rao, Alex, eu tenho a esposa mais linda do multiverso ― Suspirou apaixonada ― Finalmente eu sinto como se estivesse completa, sabe? Ter casado com Lena sob a Luz de Rao com todos vocês aqui sempre foi um sonho e eu o realizei ― Sorriu boba.
― E eu não poderia estar mais orgulhosa de você, sis ― Alex abraçou as duas com carinho e logo se despediu.
― Vamos, Lee ― Kara chamou pela esposa ― Vamos aproveitar aquele spa ― Brincou divertida e puxou a esposa para entrar no carro que as levaria até sua lua de mel.
{...}
Cat esperou que Alura, Zor-El e Eliza se acomodassem na sala que eles concordaram em conversar para ligar o gravador.
― Tudo bem eu gravar? ― Perguntou, por mera formalidade.
Eliza, conhecendo a formalidade de uma entrevista, consentiu.
― É apenas uma formalidade ― Eliza explicou ― Ela só pode gravar se todos nós aceitamos isso.
― Por mim, tudo bem ― Zor-El concordou e viu sua esposa fazer o mesmo.
― Tudo bem, vamos lá ― Cat sorriu animada ― Vamos começar pelo básico, o que torna Argo um lugar tão diferente da Terra?
― Argo é uma parte de Krypton, a última cidade que sobrou de nosso planeta ― Alura respondeu, tomando a frente ― Como Krypton é mais antigo que a Terra, nosso desenvolvimento tecnológico está à frente de seu planeta. Nosso povo superou alguns dos problemas que Kara me contou que a Terra enfrenta, como preconceito entre casais do mesmo sexo ou desigualdade entre gêneros. ― Explicou a juíza ― Também temos uma diferença na concepção de nossos relacionamentos e de nossos descendentes. A Terra, porém, oferece maior possibilidade de desenvolvimento de vida, graças à abundância de água e a presença do Sol amarelo. Nossas células, devido nossa evolução, absorvem a radiação de forma otimizada e geram os poderes que fazem de Kara a Supergirl. Mas como pode ver, como espécie, também caminhamos para formas de vidas humanoides, o que pode significar que a Terra tenha um desenvolvimento evolutivo enquanto espécie similar a Krypton, como meu sobrinho comprovou, ao ter filhos com uma humana.
― Nosso desenvolvimento científico e tecnológico é mais avançado ― Zor-El disse com orgulho ― Devido a nossa história. Krypton viu seu auge com a melhoria da engenharia genética. Cada novo filho de Krypton foi criado para melhorar o planeta. Nossa crença nos tornou expansionistas também, conhecendo planetas ao nosso redor, Kara mesmo conhece doze deles e então, aprendemos e melhoramos. Nossas casas vêm a partir dos cristais, mas nossas plantas quase não existem. Temos os Kelex para cuidar de afazeres que levariam minutos preciosos do nosso dia e também, transportes mais limpos, pois temos que evitar poluir essa nossa atmosfera ou sufocaremos.
― Então, estão dizendo que modificaram seus filhos geneticamente como uma forma de melhoria para o planeta? Ou seria apenas uma desculpa para brincar de Deus, ou Rao, como chamam? ― Cat continuou.
― Rao é nosso Deus ― Zor-El respondeu mal-humorado ― E melhorar um indivíduo para atingir o máximo de seu potencial não é brincar de Deus. É pensar em evitar doenças genéticas que vão debilitar o indivíduo ao longo da vida, evitar deformidades que o tornaram imperfeito para a sociedade e…
― Isso se parece com preconceito ao diferente ― Cat retrucou ― Foi exatamente assim que o Nazismo começou na Terra, durante essa busca por uma perfeição infundada, todos os diferentes foram brutalmente assassinados ou se tornaram cobaias nas mãos dos homens que apoiavam essa doutrina.
― Não assassinamos nossas crianças ― Alura falou, irritada.
― Kara me contou um pouco sobre fazer parte de uma guilda científica, o que é e quantas outras existem? ― Cat resolveu trazer o assunto para algo mais neutro.
― Existem algumas guildas em Krypton ― Alura tomou a palavra ― A científica é a guilda que Zor-El e Kara foram designados como melhor forma de aproveitamento de suas habilidades e para servir o planeta. Eu faço parte de uma guilda diferente, sou a Juíza e devo julgar junto ao conselho os crimes cometidos contra nossa sociedade. Há uma guilda para os artistas e também, nossa guilda militar.
― E de onde surgiu o brasão da Casa de El? ― Indagou curiosa.
― Antigamente, nosso povo clonava os cidadãos doentes que precisavam de doações de órgãos, mas alguns grupos radicais defendiam os direitos dos clones, um deles conhecido como Zero Negativo ― Zor-El começou a explicar ― Depois de um incidente, onde um rapaz ficou noivo de uma garota e descobriu que na verdade aquele era o clone de sua mãe, ele enlouqueceu e matou a garota. Isso gerou uma Guerra Civil em Krypton.
― Então, um de nossos ancestrais, Sur-El ― Continuou Alura ― Se sacrificou para acabar com aquela guerra. O Zero Negativo foi derrotado, e a primeira letra do nome dele estampou o brasão da Casa de El desde então. E, depois da guerra, clonar qualquer ser consciente foi proibido em Krypton.
― E como é para vocês, saber que esse mesmo brasão leva esperança a tantas pessoas na Terra? Através de sua filha e de seu sobrinho? ― Cat continuou a entrevista.
― Eu estive na Terra algum tempo atrás, vi com meus próprios olhos o que ela faz e até hoje não sei como ela conseguiu conciliar tantas coisas sozinha ― Alura começou com um sorriso simples ― Mas quando eu realmente percebi que ela fazia muito mais do que bater em bandidos, eu me senti honrada, Kara usa nosso símbolo para levar esperança e justiça para todos aqueles que precisam, sem qualquer distinção de cor, raça ou gênero e eu não poderia estar mais orgulhosa da minha filha.
― Sabe, se você for parar para analisar a trajetória de Kara em Krypton, você nunca imaginaria ela fazendo o que faz ― Zor-El continuou ― Desde pequena, Kara me acompanhava até o laboratório e ficava horas comigo, aprendendo sobre os mais diversos assuntos que puderem imaginar. Ela foi a kryptoniana mais nova a ingressar na Guilda Científica, minha menina era um gênio, capaz de resolver até os teoremas mais difíceis que não foram resolvidos pelos cientistas da Terra. Ela nunca se interessou pela Guilda Militar, nem mesmo teve curiosidade em conhecer, porque ela nunca acreditou em guerras como a melhor solução para qualquer problema. Então, veja a minha surpresa ao ver a minha garotinha usando ciência, formas de combate, maneiras de julgamento e trabalho em equipe para cuidar da Terra? É como se ela tivesse unido as diversas Guildas em uma só e usasse todo o seu conhecimento para fazer tudo isso, é incrível.
― Eu acompanhei Kara desde quando ela tinha 12 anos ― Eliza tomou a palavra daquela vez ― Eu vi Kara crescer e mudar tanto conforme convivíamos. Eu a vi se apaixonar pela primeira vez, estive com ela durante sua primeira perda, e a deixei voar quando percebi que a felicidade dela não estava em Midale. Então, ela se mudou para National City e algum tempo depois, em um dia de Ação de Graças, descobri que minha filha estava salvando o mundo vestida em um uniforme com o símbolo de sua família biológica ― Riu baixinho ― Céus eu fiquei tão preocupada com ela, acho que até hoje, essa não é uma preocupação que vai embora, mas ela é muito responsável e isso nos deixa mais tranquilos. Imaginem, sua primeira vez salvando o mundo foi um avião em que Alex estava, ela não pensou duas vezes antes de usar seus poderes e salvar sua irmã mais velha. O que tornou Kara uma heroína não foi apenas seu conhecimento, mas sim seu coração e sua família.
― E ela não foi uma heroína somente como Supergirl ― Cat lembrou, orgulhosa.
― Não. Ela cresceu muito como Supergirl graças a você, Cat ― Eliza sorriu agradecida ― Mas se tornou uma repórter por causa de Lena ― Viu a surpresa estampar a expressão dos presentes ― Eu sei, é confuso. Mas quando Cat fez Kara escolher, Lena apontou a direção para ela sem nem perceber. Eu sei, Kara sempre gostou de comunicação, do poder da imprensa, de como ela poderia mudar o mundo através de suas palavras e quem lembrou ela que poderia fazer isso foi Lena. E eu sinto orgulho de onde estamos agora, minha garotinha é a super-heroína da Terra e ainda ganhou um Pulitzer, imaginem o meu orgulho ― Brincou.
― Devem se orgulhar mesmo ― Cat sorriu ― Como vocês veem o casamento dos dois herdeiros da Casa de El com terráqueos? ― Ela estava realmente curiosa com essa pergunta.
― Kal-El não foi concebido pela matriz, como Kara e nem cresceu aqui ― Alura começou ― Então, foi natural para ele viver como um humano, buscar o amor como vocês fazem e então, se casar. Mas Kara é diferente, ela foi gerada pela matriz, cresceu em Krypton e conhece as tradições. Ela sabia que Argo estava aqui e então, foi uma surpresa quando ela não veio para submeter-se à matriz e encontrar sua combinação ideal além de ter casado em segredo até de sua própria família na Terra.
― Mas se Krypton prega tanto a igualdade como vocês gostam de dizer, então não deveriam se sentir ofendidos ou desrespeitados por ter seus filhos se casando com terráqueos. Afinal, mesmo não tendo crescido totalmente na Terra, Kara também aprendeu seus costumes e passou despercebido como Kryptoniana por anos ― Eliza trouxe seu ponto de vista ― Eu sei, foi muito louco tudo o que aconteceu, delas esconderem seu relacionamento por algum tempo de todos nós, mas quem pode realmente culpá-las? ― Deu de ombros.
― Não se trata de não aceitar o diferente, mas sim de ter o desejo de ver a nossa filha honrar as nossas tradições ― Zor-El explicou ― Gostaríamos que ela tivesse se submetido à matriz porque ela nunca erra. Queremos apenas o melhor para nossa filha.
― Engraçado você dizer isso e mandá-la pelo espaço ― Cat não deixou aquela oportunidade passar ― Como podem ter mandado uma garota de 12 anos para um planeta completamente diferente, com uma responsabilidade muito além de sua idade e sem saber como seriam recebidos? Nunca passou pela cabeça de vocês que quando nós terráqueos não entendemos o diferente, eles costumam se tornar cobaias?
― Inclusive, Jeremiah foi obrigado a se juntar ao D.E.O. para proteger Kara ― Eliza lembrou.
― Era a única chance da Kara sobreviver, não sabíamos que daria certo o escudo sobre Argo ― Zor-El respondeu irritado.
Alura tinha um olhar distante e triste.
― Foi a coisa mais difícil de fazer. Eu pensei que não veria minha filha se tornar uma mulher, uma esposa e um dia, uma mãe. Que Krypton morreria comigo e sem garantias de continuar com ela. Dizer adeus me atormentou por anos e não teve um dia que não sonhei com aquele lançamento.
― Cada dia que passei na zona fantasma foi uma repetição daquele dia, vi meu planeta explodir, minha filha ser exilada em um planeta diferente, com tantos desafios. ― Zor-El deixou suas emoções aparecerem.
― A escolha era simples, salvar Kara da morte que nos era certa ou apostar numa chance de menos de 1% para sobreviver.― Alura finalizou ― Eu não queria, mas para proteger minha filha, faria de novo. Ela era a esperança do nosso povo sobreviver.
― Acho que podemos encerrar essa entrevista por aqui ― Cat se deu por satisfeita e viu os dois Kryptonianos se retirarem logo em seguida dali.
― Você pegou pesado com eles ― Eliza pontuou apenas um minuto depois, enquanto Cat desligava seu gravador ― Como família, sou grata por ser mãe de alguém tão incrível como Kara, mas também acho justo eles terem noção de suas atitudes com uma criança. No fim do dia, eu quem cuidei dos pesadelos, medos, crises de pânico e de claustrofobia e eu quem dei colo quando ela nos permitiu entrar e a saudade apertava em seu coração.
― Não deve ter sido fácil ― Cat pontuou, sabendo bem dos desafios de ser mãe.
― Não foi, tive de explicar sobre relacionamentos humanos, ajudar ela a se encaixar e não foi fácil ― Suspirou baixinho ― Imagine o peso de um mundo morto, hormônios a flor da pele de uma adolescente e ainda ter que lidar com superpoderes, como ser mais forte que o Superman? Cada movimento precisava ser cauteloso e calculado. Alex precisou passar um dia inteiro abraçando Kara para convencê-la a abraçá-la de volta.
― E veja onde chegamos hoje, sua filha é heroína da Terra ― Cat sorriu orgulhosa ― Você fez um ótimo trabalho, Eliza.
― Obrigada ― Sorriu realmente agradecida.
{...}
Quando Kara olhou para o horizonte, com Lena nos braços, ela sorriu. O vento soprava tranquilo, enquanto Kara fazia um carinho suave nos cabelos negros. As cortinas sacudiam, com o vento batendo.
Elas haviam aproveitado o dia no Spa e depois, subiram para o quarto. Compartilharam uma refeição juntas, depois tomaram um banho relaxante e agora, estavam confortáveis na grande cama que havia no quarto. O silêncio lá fora, junto a calmaria de Argo dos dias pós batalha permitiu a elas apreciar aquele momento de suavidade e carinho.
― O que minha adorável esposa tanto está pensando? ― Lena perguntou, curiosa com os gestos vagos e perdidos de Kara.
― Nossas promessas ― Kara respondeu, ainda distante ― Hoje, sob Rao, fizemos alguns votos e promessas.
― Do que tem medo? ― Lena indagou baixinho, observando o rosto da esposa, seu olhar ainda não parecia estar ali, com ela.
― De falhar com você ― Kara suspirou e trouxe seu olhar de volta para encarar as esmeraldas da esposa.
― Então somos duas ― Confessou baixinho ― Mas vamos apenas um dia de cada vez, tentando manter cada uma de nossas promessas, o que acha? ― Indagou no mesmo tom.
― Me parece uma boa solução ― Brincou rindo baixinho ― Mas não estava pensando somente nisso ― Confessou e riu baixinho novamente quando sentiu o leve encostar dos lábios de Lena nos seus.
― Um beijo pelos seus pensamentos ― Brincou divertida, deixando o clima mais leve e ajudando Kara a dissipar a tensão.
― Você pensa em ter filhos? ― Indagou de uma vez.
― Oh, isso tem ocupado sua cabecinha? ― Lena estava surpresa e viu a loira assentir ― Há algum tempo, se me fizesse essa pergunta, definitivamente a resposta seria não ― Riu baixinho ― Mas aos poucos, conforme fui me apaixonando por você e me resolvendo comigo mesma, comecei a imaginar como seria ter uma mini cópia nossa correndo pela casa…
― Ou voando se tiver os meus poderes ― Kara complementou e viu a morena sorrir nervosa com aquele pensamento.
― Espero mesmo que os poderes deles demorem um pouco a se manifestar ou eu vou enlouquecer muito cedo ― As duas riram abertamente ― Então, sim, Kara, um dia eu quero ter filhos com você.
― E podemos usar a tecnologia kryptoniana para combinar nosso material genético, ele seria realmente nosso ― Sorriu animada.
― Porque parece que você tem todas as ideias arquitetadas nessa cabecinha? ― Indagou curiosa.
― Ah, eu vi como meu pai estava no nosso casamento, como ele ficou completamente apaixonado por Ruby e Esme, ele adotou aquelas duas como netas e nem conhece elas a tanto tempo ― Riu baixinho ― E eu fiquei pensando em como ele ficaria feliz se eu pudesse dar essa alegria a ele.
― É uma meta do nosso relacionamento, querida ― Lena sorriu ― Dar netinhos aos meus sogros, céus eu ainda não acredito que tenho duas sogras ― Brincou.
― Ei, Eliza e Alura adoram você, amor ― Kara riu abertamente.
― Mas são duas para nos pedir netinhos, Kara ― Brincou vendo a loira gargalhar abertamente.
― Junta a filha delas e viram 3 pedindo criancinhas ― Kara confessou e viu a morena gargalhar abertamente ― Sam tem a Ruby, Alex tem a Esme. Acho que falta eu ter a minha princesinha, mas pode ser um principezinho também.
― Quem sabe daqui a alguns meses? ― Lena sorriu abertamente.
― Vou cobrar, Sra Zor-El ― A loira devolveu o sorriso e voltou a beijar sua esposa, aquele tinha sido apenas o primeiro dia de sua Lua-de-Mel.
Chapter 11: National City é nosso lar
Chapter Text
Apesar de ter adorado passar um tempo em Argo, com seus pais, sua cultura e seus costumes, Kara gostava muito mais da sensação do sol amarelo sobre sua pele, de como ela podia se sentir aquecida e, ao mesmo tempo, como poderia ouvir cada pequeno e insignificante som, mas também a batida rítmica tão conhecida do coração de Lena ao seu lado ou do resto de sua família. Ela podia ouvir facilmente como Alex, Kelly e Esme estavam se divertindo juntas tomando o café da manhã antes de deixar sua sobrinha na escola e também seria capaz de ouvir as pessoas sendo gentis umas com as outras, ela não tinha limites.
― Seja bem vinda à Terra, meu amor ― Lena desejou, acariciando o dorso da mão da esposa enquanto a observava perdida em seus próprios pensamentos.
― É bom estar de volta ― Kara sorriu abertamente e selou seus lábios aos da esposa com carinho ― Agora, antes de voltarmos aos nossos trabalhos, o que acha de tomar café da manhã no Noonan’s?
― Parece uma boa ideia, vamos alimentar esse monstrinho ― Cutucou o abdômen definido de Kara e riu ao ver as bochechas da esposa ficarem completamente vermelhas ― Adorável ― Pontuou divertida.
― Lena! ― Kara resmungou baixinho enquanto caminhavam de mãos dadas pela calçada a caminho do lugar escolhido.
{...}
Depois de um café caprichado e mais alguns beijos, as recém-casadas se despediram e a heroína se dirigiu para a CatCo. Então, Kara e Cat iniciaram a discussão sobre a próxima revista. Havia todo material produzido em Argo.
― Acho que deveríamos aproveitar essas fotos das roupas, na sessão de moda ― Kara propôs ― Não tem nada parecido na Terra e a moda é uma representação de uma cultura ― Pontuou.
― Vamos colocar essa aqui ― Cat apontou a foto de uma kryptoniana em trajes tradicionais ― E coloque essa ao lado ― Indicou a foto de Lena ― Ela representa como a cultura kryptoniana pode cair bem em uma mulher terráquea.
― Podemos colocar essas aqui também ― Mostrou a foto de dois rapazes vestindo as túnicas com os brasões de suas casas.
― Vamos lançar uma tendência ― Cat brincou, sorrindo para Kara.
― Espero que estejam falando sobre a edição deste mês ― Nia entrou, chamando atenção ― Aqui está a matéria que me pediram sobre a história de Krypton. Fiz um breve resumo e também, aqui está o que consegui da organização política ― Entregou a sonhadora.
― Srta Nal, isso é surpreendente ― Cat disse, olhando por cima as reportagens.
― Então, temos política, moda e história ― Kara observou ― A religião, eu fecharei hoje a tarde.
― E ainda temos as entrevistas sobre seu casamento ― Cat a lembrou ― E também, a entrevista com os pais da Supergirl.
― Essa entrevista vai dar o que falar ― Nia pensou, alto.
Kara e Lena também haviam visto a matéria e sabiam que ela era polêmica.
― Acho que seria interessante trazer Kelly, como psicóloga, para falar no podcast ao vivo que faremos para o lançamento ― Kara imaginou, vendo Cat sinalizar para ela continuar ― Podemos comentar sobre as questões envolvidas na formação de uma pessoa. E também, debater um pouco sobre o quanto a presença de um lar acolhedor e seguro é importante na vida de toda criança e adolescente.
― O que acha de fazermos em blocos? ― Nia propôs ― Podemos trazer especialistas para comparar a política, a moda e também a história.
― A religião não é possível ― Cat pontuou ― Temos muitas, não é como Krypton e qualquer um pode se sentir desrespeitado.
― E traremos a Sra Luthor-Zor-El para comparar a tecnologia da terra com a de Krypton ― Brincou a loira, sorrindo ― Eu estou com o artigo sobre a Ciência e Tecnologia de Krypton.
Nia e Cat riram.
― Vamos ignorar a parte que sabemos que quer roubar uns beijinhos da sua esposa durante os comerciais ― Brincou a rainha da mídia e Kara apenas corou.
― Essa edição sobre Argo-Krypton vai marcar a história. ― Nia disse empolgada.
― Será a maior exclusiva de todas, empoderando a maior heroína da Terra ― Cat disse ― Se preparem para prêmios Pulitzers.
― Eu não estou pronta para isso ― Nia falou, levando as mãos ao peito e Kara riu. Ela sabia a emoção de ser reconhecida por seu trabalho.
{...}
― Mamãe, mamãe ― Esme gritou animada enquanto corria para dentro de casa com um pedaço de papel em mãos e a mochila da escola nas costas.
Kelly vinha logo atrás da filha com um sorriso bobo nos lábios e Alex sentiu seu coração derreter novamente, como sempre acontecia quando sua garotinha lhe chamava daquela forma.
― Oi querida, como foi o dia na escola? ― Indagou, se abaixando na altura de Esme, recebendo, como todos os dias, o abraço apertado depois da escola, como uma pequena tradição entre elas.
― Foi incrível, mamãe, hoje tivemos aula de artes, eu já contei para a mãe e ela já viu meu desenho, agora é a sua vez de ver ― Explicou calma e puxou Alex pela mão até o sofá, largou a mochila no pé do sofá e subiu, a ruiva se sentou ao seu lado e Kelly aproveitou para sentar do outro lado, apenas para admirar novamente o desenho.
― Então, querida, qual foi o tema do desenho hoje? ― Alex indagou curiosa.
― Hoje foi dia de desenhar a nossa família mamãe e olha só, quase não coube todo mundo no papel ― A menina sorriu animada, mostrando seu desenho com orgulho ― Aqui, eu desenhei o Papa J’onn, a vovó Eliza ― Começou a nomear os bonequinhos desenhados na folha branca ― A vovó Alura, o vovô Zor-El, depois eu desenhei nós três, o tio James, a tia Nia, o tio Brainy, a dindinha e a tia Kara, viu como ficou bonito? ― Sorriu abertamente.
― Ficou incrível, meu amor ― Alex sorriu boba ― Tenho certeza que Lena e Kara vão adorar ver o seu desenho hoje a noite.
― Vamos ter uma noite de jogos? ― Seus olhinhos brilharam em animação.
― Sim, querida ― Kelly confirmou a informação.
― Oba! ― Gritou animada e pulou do sofá apenas para fazer a sua dancinha da felicidade ― Podemos ir agora?
― Ainda não, querida, primeiro, a senhorita precisa de um bom banho ― Kelly lhe lembrou, tocando com o dedo indicador no nariz da garotinha, fazendo-a rir.
― Para o banho, mocinha ― Alex ordenou em seguida, tentando segurar a própria risada.
― Sim, mamãe ― Esme fez uma continência desajeitada e correu para o banheiro, arrancando risadas de suas duas mães.
― Mal sabe ela que consegue qualquer coisa com aquele sorrisinho ― Alex suspirou apaixonada ainda observando o desenho.
― Quem diria, a poderosa agente Danvers, derrotada por uma garota de 5 anos ― Kelly riu abertamente e se aproximou ainda mais da esposa.
― A garota de 5 anos que me chama de mamãe, é inevitável ― Riu baixinho e beijou os lábios de Kelly com carinho uma e outra vez ― Obrigada pela nossa família, meu amor.
― Isso não vai fazer você fugir da tarefa do banho, mocinha ― Kelly sussurrou, com seus olhos muito perto uns dos outros, assim como seus lábios.
― Sim senhora, patroa ― Alex deu uma piscadela e roubou um beijo da esposa, antes de correr para o banheiro e ajudar a filha no banho.
{...}
Quando a família Danvers-Olsen chegou, já estavam todos acomodados na sala de jogos que Lena e Kara haviam pensado para receber a família.
Sam e Lena estavam conversando perto do barzinho, enquanto Nia e Kara contavam para Brainy e Ruby sobre o artigo que estavam escrevendo.
J’onn e M’gann haviam deixado “as crianças” sozinhas, alegando que teriam patrulhas. Alex riu quando ouviu a desculpa, horas mais cedo, sabendo que eles estavam planejando algum encontro.
Eliza, que estava na cidade acompanhando Sam na empresa, estava terminando a torta de chocolate que Kara tanto amava.
― Tem whisky para mim também? ― Indagou a ruiva, chegando perto de Sam e Lena.
― Só se me ajudar com uma missão impossível ― Lena brincou.
― Fazer essa teimosa a sair com o professor da Ruby outra vez? ― Alex perguntou, rindo.
― Essa mesma ― Riu a morena ― Hoje fomos pegar Ruby e ele estava arrumado, de terno escuro e perfumado. Quando a Sam desceu do carro para encostar toda sexy na frente dele e esperar a Ruby. O professor Jackson fez questão de vir cumprimentar a mãe da sua aluna mais inteligente e com o maior potencial para Harvard.
― Desde quando Ruby quer ir para Harvard? ― Alex quis confirmar aquela informação.
― Ela quer o MIT ― Lena falou ― E ele se embananou todo para dizer isso, tentando impressionar a Sam, depois que ela nem mesmo deu um beijinho nele. Ele tem um doutorado e é técnico do time de futebol, além de jogar boliche e ter ganhado o campeonato da cidade. Também gosta de filmes mudos e a Sam rejeitou o convite dele para ir assistir o musical no centro, essa semana, porque ela precisa lavar roupa.
― Você não criou uma lava e seca com IA para resolver esse problema? ― Alex perguntou.
― Sim e eu lembrei ela disso ― Lena explicou ― Assim, como lembrei ela que a Ruby pode ficar aqui, que eu posso criar um protetor para o pulso dela para ela jogar boliche com ele e até mesmo podemos comprar um capacete para ela ir ver o jogo de baseball do Red Sox no final de semana e não acabar com um galo se alguma bola a acertar. E então, ela se lembrou que precisava levar o Pingo no veterinário.
― Quem é Pingo? ― Alex perguntou, não entendendo nada.
― O cachorro que agora ela vai precisar comprar pra Ruby para tornar a mentira que ela contou ao professor, real ― Lena explicou.
― Você vai comprar um cachorro só para fugir de um encontro que você não precisa repetir depois se for ruim? ― Perguntou a ruiva, incrédula.
― Ele me deixa nervosa ― Sam resmungou, cruzando os braços
― Ela ta gostando dele ― Pontuou o óbvio.
― Ele é um bom homem ― Sam se rendeu ― Fomos comer pizza logo que eu voltei de Argo, enquanto a Sra aproveitava sua lua de mel. E ele não é do tipo que você sai uma vez e dá um fora logo pela manhã. Já saímos duas vezes e ele não tentou me beijar, ele é diferente da maioria dos homens.
― Se ele te levasse para a cama logo, seria mais fácil? ― Indagou Lena, preocupada.
― Se ele me levasse para a cama, eu simplesmente poderia acordar no dia seguinte, ir tomar banho enquanto ele veste as roupas dele e some da minha vida ― Sam falou, levemente irritada ― Mas ele é do tipo que traz flores para o encontro, ele quer me conhecer.
― E você está surtando porque ele quer algo sério? ― Alex indagou.
― Se eu sair com ele pela terceira vez, vai ficar sério ― Sam surta.
― Tá fugindo igual a Andy ― Lena provoca.
― Andy está certa, ela vai pra onde o vento leva ― Sam lhe lembrou.
― Até o dia que alguém roubar o coração dela ― Lena provocou ― Igual o professor Jackson roubou o seu.
― LENA! ― Sam ralhou com a amiga, falar aquilo em voz alta tornava as coisas reais demais, mas a morena estava gargalhando abertamente, junto da ruiva enquanto faziam um brinde com seu whisky ― Odeio vocês ― Resmungou baixinho, se retirando dali, para encarar qualquer coisa, menos os seus sentimentos.
― Hey Esme ― Lena sorriu ao ver a garotinha se aproximar.
― Dindinha Lee! ― A garotinha gritou animada e correu para abraçar as pernas da madrinha ainda segurando um pedaço de papel em suas mãozinhas.
― Olá, Esme, como você está? ― Era impossível para Lena conter o sorriso perto da garotinha.
― Eu estou bem, dindinha, hoje eu tive aula de artes na escola e eu desenhei a minha família, fiz um desenho grandão com todo mundo junto, mas também fiz um desenho para você e a tia Kara ― começou a tagarelar ― Tia Kara, vem aqui ― Chamou pela loira que logo se aproximou ― Olha, eu desenhei nós três ― Mostrou a folha de papel.
― Ficou lindo, querida ― Kara sorriu boba.
― Dindinha, eu contei para os meus amiguinhos sobre você e a tia Kara, sobre como vamos tomar sorvete no parque, ou quando brincamos o dia todo juntas e também contei sobre como é legal quando a tia Kara me leva para voar sem as mamães saberem ― Confessou a última parte baixinho, fazendo as duas rirem ― Eles ficaram felizes em saber que agora eu tenho uma família incrível.
― Nós que somos sortudos por ter você conosco, querida ― Lena beijou as bochechas rosadas da afilhada ― Vamos colocar esse desenho junto com os outros, tudo bem? ― Viu a garota assentir.
― Dindinha, tia Kara, agora que vocês são casadas, vão me dar uma priminha logo para brincar comigo? ― Indagou curiosa e seus olhinhos brilhavam em expectativa.
― Quem sabe, no futuro, querida ― Lena explicou com calma e a menina assentiu, descendo do colo da madrinha logo depois.
― Então, vamos começar a jogar? ― Kara pediu animada.
― Vamos começar por qual jogo? ― Brainy indagou.
― Mímica! ― Nia e Kara pontuaram juntas enquanto os amigos pediam ajuda para ligar com a animação delas.
A primeira no jogo foi Kara, a loira tirou o papelzinho e riu quando viu “Super-Heroína”, aquela palavra seria molezinha. Deixou Nia começar a contar o tempo e começou a agir como fazia quando estava vestida de supergirl, usou um pouco de seus poderes para voar, gesticulou com tudo de si, mas nenhum de seus amigos foi capaz de acertar a maldita palavra.
― Sério, como não conseguiram chutar Super-Heroína? ― Kara resmungou como uma criancinha.
― Kara, você é péssima fazendo mímica ― Alex riu abertamente.
― Não sou não ― Fez biquinho.
― Não é, meu amor ― Lena respondeu baixinho e beijou o beicinho da esposa ― O que acham de jogarmos Monopoly?
― Onde você pode roubar de nós? Nem a pau Lutessa! ― Samantha riu.
― Eu não tenho culpa se vocês são péssimos investidores ― Lena deu de ombros.
― Sério, você não pode jogar para satisfazer todas as vontades da Kara e ainda ganhar de lavada de todos nós, é injusto ― Alex cruzou os braços.
― Ela pode sim ― Kara deu língua para a irmã enquanto Kelly se perguntava onde diabos tinha se metido.
― Eu posso sim! ― Lena reafirmou ― Afinal, eu sou uma Luthor.
― Luthor-Zor-El ― Kara corrigiu.
― Isso mesmo, meu amor ― A morena beijou os lábios da loira mais uma vez, sem ligar para todas as reclamações ao redor delas, a noite de jogos estava apenas começando.
{...}
Conforme a edição foi publicada e o casamento de Kara e Lena ficou em evidência, assim como a curiosidade sobre Argo virou moda, os dias passaram.
Lena havia retomado o controle da Fundação e agora a CatCo preparava outra edição.
Cat, como CEO da CatCo estava de volta aos negócios e Kara se sentia realizada como editora-chefe. A mesa ao lado da janela, onde o sol da manhã batia todos os dias, era seu refúgio.
Os dias foram passando. E então, eles se tornaram um mês.
Sentindo-se um pouco nostálgica naquele dia, Kara passou no Noonan’s e, mesmo já tendo tomado café da manhã com sua esposa, pediu três cafés para viagem, um para si, outro para Cat e outro para Nia. Ela caminhou pelas ruas de National City, sorrindo e cumprimentando as pessoas que lhe reconheciam e logo chegou em seu trabalho.
Para variar, a pobre secretária de Cat estava sendo chamada pelo milésimo nome errado que a rainha da mídia era capaz de inventar e Nia parecia distraída com alguma conversa com outros jornalistas que já estavam ali.
― Cat, você ainda vai ficar sem secretária por causa da sua fama ― Pontuou divertida enquanto entrava na sala da chefe ― Seu Latte, srta. Grant, e se estiver frio, posso esquentar para a senhora.
― Você foi a minha melhor secretária, Kira ― Cat resmungou mandando a garota para fora de sua sala.
― E, mesmo assim, não acerta meu nome ― Kara continuou, fazendo a chefe rir.
― O que eu posso dizer? É o meu charme ― Deu uma piscadela para a loira ― Agora vamos, chame os jornalistas, precisamos definir a capa de nossa próxima edição da CatCo.
― E, vamos lá ― Kara riu baixinho e caminhou para fora da sala de Cat, ela deu o café de Nia e começou a tomar o seu enquanto convocava a próxima reunião na sala da senhorita Grant.
Quinze minutos depois, todos estavam acomodados na sala de Cat enquanto várias fotos rodavam pelo telão.
― Temos uma nova onda de ajuda comunitária em National City, essas fotos ilustram um pouco de um projeto social desenvolvido pela Universidade de National City, são alunos da área da saúde realizando consultas com médicos especialistas, levando alimentos, roupas e brinquedos e realizando dinâmicas com as crianças das comunidades mais pobres, como podemos desenvolver essa matéria? ― Cat começou.
― Eu passei por lá com a Lena ontem a tarde e nós duas ajudamos levando brinquedos e comida, tem muitas crianças carentes que só querem cinco minutos de sua atenção, acabamos passando o resto do dia por lá ― Kara complementou a chefe.
― Podemos falar um pouco sobre moda e sustentabilidade ― Nia lembrou animada ― Podemos conseguir explicar como transformar roupas mais antigas em algo completamente novo.
― Como vamos nomear a manchete dessa vez? ― Kara indagou enquanto pensava em alguma ideia, coçando o queixo enquanto andava pela sala e ninguém parecia estranhar a atitude da loira, já que era comum ― Todo cidadão pode ser o herói de alguém ― Sorriu com a própria ideia e Cat Grant apenas sorriu orgulhosa.
― Parece que temos uma manchete ― Manteve o sorriso ― Agora, ao trabalho.
― Vamos ― Kara saiu puxando os funcionários para fora da sala ― Nia, quero aquela reportagem sobre moda na minha mesa ainda essa semana, a nossa entrevista será com o idealizador do projeto social da universidade, Makenzie, a entrevista é sua e está agendada para amanhã cedo, não se atrase ― Relembrou ― Josh, quero a coluna de poesia pronta até o fim do dia, espero que tenha conseguido um novo autor.
― E vamos escrever de novo sobre você? ― Um dos jornalistas ironizou.
― Claro, todos querem saber se a Supergirl já voltou da Lua-de-Mel ― Kara respondeu no mesmo tom ― Só pela gracinha, você será o responsável da vez pela coluna da Supergirl e se fizer trabalho mal-feito, será demitido, entendido?
― Você não tem poder para me demitir ― Desafiou a heroína, Kara apenas respirou fundo e contou até dez uma e outra vez enquanto se impedia de jogar o idiota no sol ― Sua esposinha não manda mais aqui.
― Lena não é dona da CatCo há anos, você precisa se atualizar, garoto ― Kara revirou os olhos ― E, se quiser duvidar da minha palavra, é escolha sua, não reclame quando as consequências também chegarem.
O silêncio que se instalou no recinto deu a tensão que Kara queria, porque todos os jornalistas foram trabalhar em suas tarefas, enquanto a heroína supervisionava tudo e ainda fazia seu próprio trabalho.
Perto do horário do almoço, Kara ouviu um pedido de socorro vindo de uma das conveniências perto da CatCo, ela suspirou baixinho achando que poderia acabar perdendo parte de seu horário de almoço com Lena e ativou seu traje, antes de sair voando janela afora.
Ao chegar no local, um jovem rendia uma senhorinha com uma arma e ele parecia bastante nervoso, diria até um tanto perdido sobre seu próprio papel ali e Kara apenas pediu paciência.
― Você não vai fazer isso ― Abordou o garoto e viu ele mover a mão e mirar com a arma nela.
― Supergirl ― A senhorinha se espantou por ver a heroína ― Ele é apenas um garoto, não sabe o que está fazendo.
― Eu não sou um garoto! ― gritou e atirou contra a heroína, completamente nervoso.
Kara apenas desviou da bala como se não fosse nada e segurou a bala em suas mãos, mirando-a no garoto e usando-a para deixá-lo desacordado.
― A polícia já está a caminho senhora, eu preciso ir agora, ainda vou buscar o almoço da minha esposa ― Sorriu animada ao pensar na Lena e esperou a senhorinha lhe agradecer para ir atrás do almoço dela e de Lena.
Quando entrou na Fundação Lena Luthor, 10 minutos atrasada para o almoço e resmungando baixinho, Lena soube que algo havia acontecido com a esposa.
― Deixe eu adivinhar, imprevisto como Supergirl? ― Tentou animar a esposa.
― Primeiro aquele idiota veio tentar debochar da minha carreira como heroína e me desrespeitar como superior dele, quase joguei o idiota no sol ― Continuou resmungando ― Depois, um garoto inconsequente tentou atirar em mim com uma arminha comum, sério, porque eles sequer tentam? ― Revirou os olhos ― É irritante, e ainda por cima me atrasaram para o nosso almoço.
Lena até tentou segurar a risada, mas foi basicamente impossível.
― Você fica uma gracinha resmungona ― Brincou com a esposa e se aproximou dela com cuidado, antes de beijá-la uma única vez, fazendo-a parar e sorrir ― Agora sim, Oi, Kar.
― Oi Lee ― Kara suspirou baixinho, apaixonada ― Eu amo você.
― Também amo você, querida, agora, porque não vamos alimentar esse seu monstrinho ― Cutucou levemente a barriga de Kara, fazendo-a rir ― E, enquanto fazemos isso, você não me conta como foi a sua manhã? Eu posso lhe contar sobre o novo projeto da Fundação.
― Com todos os detalhes nerds e legais? ― Pediu, quase fazendo seu famoso biquinho.
― Com todos os detalhes que você quiser, querida ― Lena beijou novamente a esposa em seus lábios e puxou ela para o sofá de sua sala, onde poderiam comer.
{...}
A rotina de Kara agora parecia mais estável, apesar de sempre ter uma ou outra ocorrência para Supergirl. Enquanto isso, Lena Luthor estava ainda em busca de uma estabilidade maior de suas empresas.
Com Sam à frente da L-Corp, Lena só precisava estar presente em alguns momentos. Momentos de grandes decisões que envolviam suas ações. No entanto, no resto do tempo, seu tempo era dedicado a cuidar da Supergirl e prosperar a Fundação Lena Luthor.
Refazer seu nome após tantos erros de sua família não era fácil, mas Lena estava disposta a trabalhar duro por um futuro que ela acredita e que Brainy garantiu ser inesquecível. O apoio de Kara, sempre fundamental, estava presente em cada abraço, em cada almoço compartilhado e também em cada silêncio ouvindo o coração uma da outra.
Mas agora, neste exato momento, diante de alguns velhos chatos do conselho, Lena se via a ponto de perder a paciência.
― A L-Corp não constrói armas nucleares, Lion ― Sam tomou a palavra ― E Lena está de acordo com o investimento em energia em países da África para desenvolver as economias locais.
― Mas os lucros que teríamos vendendo armas para as grandes potências seriam muito maiores. ― Contra-argumentou o acionista.
― Produza armas hoje e receba um tiro delas amanhã, dizia meu pai ― Falou a morena tomando a palavra ― E nossa prioridade deve ser construir um futuro brilhante para a humanidade, desenvolver populações deve ser nosso foco. A África tem desafios enormes pela frente. Eles estão tentando parar a expansão do Saara e nós vamos ajudar, mas também vamos construir matrizes energéticas lá para depois, construirmos filiais. Vamos gerar emprego e com a fundação, vamos investir em educação e saúde. Vamos apoiar o desenvolvimento de hospitais. ― Lena contou ― E seus impostos ficarão mais baratos, graças aos subsídios que conseguiremos. Talvez no final do ano, sua economia com imposto de renda te deixe bem feliz.
― Impostos, Lena? ― Questionou Lion, irritado.
― Sim, está em trâmite aumento dos impostos para a população com maior renda. Porém, meus advogados encontraram uma emenda que pode nos beneficiar se a L-Corp for comprovadamente uma empresa investidora no desenvolvimento humano ― Lena contou ― Faremos tudo dentro da lei, mas também colheremos os benefícios desta legislação.
― Sr Lion, essa é uma das melhores opções que temos ― Sam ofereceu ― Não iremos explorar mão de obra do povo africano, pagaremos salários justos e qualquer um que for contra, pode revistar o relatório comigo, pessoalmente ― Sam avisou, séria.
― E se o senhor se sentir prejudicado ou estiver insatisfeito, sinta-se à vontade para me vender suas ações ― Lena respondeu, se controlando para não transformar o acionista em uma banana gigante.
― Se ninguém tem mais nada a dizer, encerramos por hoje ― Sam decretou o final da reunião do conselho e observou todos saindo. Lion não se pronunciou e saiu calado.
― Não sei como aguenta esses caras ― Lena comentou.
― Eu gosto de colocar todos eles no devido lugar deles ― Riu a castanha
― E essa coragem toda só existe aqui ― Lena provocou ― Com o professor…
― Vou sair com ele hoje a noite, Lutessa ― Sam avisou e foi saindo da sala
Lena se levantou e quase correu atrás da amiga.
― Volta aqui agora, Samantha e me conta tudo ― A morena pediu, imitando o beicinho de Kara.
― Realmente, você é o que você come ― Brincou com a amiga, rindo ao vê-la ficar vermelha de vergonha, aquilo sim era uma novidade, Lena Luthor vermelha a sua frente, arrancando risadas sinceras da castanha.
Elas conversaram por algumas horas enquanto trabalhavam em uma papelada importante da L-Corp e se despediram pouco depois, indo cada uma para sua própria casa.
{...}
Lena não conseguiu segurar o sorriso bobo quando chegou em casa, às vezes, nem ela acreditava em seu próprio casamento, parecia inacreditável demais para ser verdade. Ela sabia que Kara não estava em casa, havia ouvido no rádio sobre um incêndio de grandes proporções em um dos prédios mais altos de National City e ela aproveitou o momento para preparar um jantar para ela e Kara, afinal, sabia como sua heroína chegaria faminta.
Enquanto pensava no que fazer, Lena deixou a bolsa no aparador perto da porta e tirou seus saltos, deixando seus pés relaxarem contra o carpete da sala e tirou o sobretudo que ainda usava. Pouco depois, dobrou as mangas de sua camisa de tecido e começou a separar alguns ingredientes para cozinhar enquanto esperava sua esposa.
Decidida a não demorar muito na cozinha, Lena encomendou algumas porções de potstickers e também, uma barca de comida japonesa, sabendo bem o quanto Kara gostava das porções de comida oriental. Ela deixou tudo pronto para apenas receber a comida e então servir quando a esposa chegasse. Os pratos na mesa, o vinho branco gelado separado e as taças colocadas, Lena subiu para tomar um banho relaxante e enquanto a água quente corria por seu corpo, ela teve uma ideia de como poderia terminar aquela noite com Kara, por isso, apressou seu próprio banho e se vestiu com um conjunto de moletom de sua heroína e preparou o banheiro com velas aromáticas para ajudar a loira a relaxar depois do dia cheio.
Exatamente quando terminou de organizar tudo, ela ouviu o som agora suave das botas de Kara na varanda delas. Lena desceu as escadas para recebê-la e, em um primeiro momento, por baixo de toda aquela fuligem e sujeira por causa do fogo, a morena procurou por qualquer arranhão em sua esposa.
― Não me machuquei, querida ― Kara lhe conhecia muito bem e tratou de acalmar a esposa ― Boa noite, Lee.
― Boa noite, meu amor ― Lena sorriu mais tranquila ― Parece que teve um dia cheio hoje ― Viu a loira assentir ― Vamos, vamos limpar essa sujeira ― Puxou a esposa pela mão com carinho ― Tinham muitas pessoas no prédio?
― Estava cheio quando o incêndio começou, os bombeiros estavam com dificuldade para evacuar todos e ainda conseguir apagar o fogo, então eu ajudei a tirar todos para que ninguém se machucasse ― Kara explicou ― Quando os vidros começaram a explodir por causa do calor, as coisas ficaram ainda mais intensas ― Suspirou baixinho ― Uma das estagiárias quase não sobreviveu.
― Nem sempre vai poder salvar todo mundo, Kar ― Lena lhe lembrou e viu a esposa assentir ― Mas ainda é a minha heroína ― Também lhe lembrou daquele pequeno detalhe e viu a loira sorrir com o carinho, naquele momento, a morena não se importou com a bagunça e selou seus lábios aos de Kara com carinho, apenas para lhe mostrar um pouco mais de amor ― Vamos, você precisa tirar esse uniforme sujo e limpar toda essa sujeira ― Ficou atrás de Kara, para ajudá-la a tirar o uniforme de Supergirl ― Nunca entendi porque essa capa é tão pesada ― Resmungou baixinho.
― Porque ela é feita de um material especial, querida, eu já lhe expliquei ― Kara riu baixinho, era incrível como apenas estar com Lena já mudava seu dia e melhorava seu humor. Ela pegou a capa e colocou no canto do banheiro, fez o mesmo com o resto de seu uniforme e suas botas, ficando apenas de lingerie ― Vou tomar uma chuveirada para limpar essa poeira ― Resmungou baixinho.
Lena assentiu e caminhou até onde a banheira ficava enquanto Kara se limpava no chuveiro e começou a encher a banheira com água morna e alguns sais de banho, além de ter acendido todas as velas colocadas ali estrategicamente.
― Quando terminar no chuveiro, venha para a banheira ― Pediu, vendo Kara assentir.
Pouco depois, a loira se deixou afundar na banheira e suspirou baixinho quando sentiu as mãos de Lena começarem a massagear seus ombros tensos.
― Como foi seu dia hoje? ― Indagou baixinho para a morena.
― Precisei passar o dia na L-Corp ― Contou no mesmo tom enquanto fazia massagem nos ombros de Kara ― Não sei como Sam ainda aguenta aqueles caras do conselho, eles são horríveis.
― Argh, Sam deve ser um anjo, eu teria jogado eles no sol ― Kara resmungou.
― Querida, você sabe que não pode jogar ninguém no sol ― Lena riu abertamente, fazendo a loira sorrir.
― Ah, eu posso, sou a Supergirl, amor ― Fez biquinho.
― É a supergirl, não a sua gêmea maligna ― Lena continuou rindo.
― Não me lembre dela, era um horror ― Resmungou desfazendo o biquinho.
― Mas nada me impede de transformá-los em bananas gigantes ― Lena comentou, casualmente, fazendo a esposa explodir em uma gargalhada gostosa, fazendo-a rir também.
― Qual a sua fixação por bananas? ― Kara continuava rindo ― Não foi o suficiente transformar todas as armas em bananas na batalha de Argo?
― Não querida ― Lena brincou ainda rindo com a esposa, percebendo-a finalmente relaxar ― Aquele jornalista continua lhe desafiando?
― Não, demiti aquele idiota semana passada ― Kara deu de ombros ― Ele tentou transformar a coluna da Supergirl em chacota, eu não deixei e quando Cat soube, ela demitiu ele de novo.
― Cat é incrível.
― Ela é Cat Grant, afinal ― Riu baixinho ― Mesmo antes de nos conhecermos, Cat me deu muitos conselhos ― Contou ― Se hoje sou editora chefe da CatCo, parte é por ela que me permitiu crescer e parte é por você que me deu uma direção sem nem perceber.
― Eu amo você ― Beijou os lábios de Kara mais uma vez.
― Também amo você ― A loira sorriu abertamente, completamente relaxada da tensão daquele dia.
― Agora, o que acha de vestir um pijama quentinho e aproveitar o jantar que eu pedi para nós duas? Podemos abrir um vinho e assistir um dos filmes que combinamos ― Sugeriu.
― O que você pediu? ― Indagou curiosa, sentindo seu estômago roncar.
― Vai precisar me encontrar na sala para descobrir ― Deu uma piscadela para a loira e se retirou do banheiro após ouvir a campainha da casa, enquanto ria e, Kara, protestava indignada.
Quando desceu, alguns minutos depois, viu Lena arrumando o jantar delas na mesinha de centro da sala e aproveitou para espiar, sorrindo abertamente ao ver a barca japonesa e seus amados potstickers.
― Você é simplesmente a melhor ― Kara sorriu abertamente e abraçou a esposa por trás animada, deixando um beijo no pescoço de Lena e sentindo-a se arrepiar em seus braços ― Boa noite Lee.
― Boa noite, querida ― Lena se virou para a esposa e beijou seus lábios mais uma vez, antes de abraçá-la com carinho ― Pronta para alimentar o seu monstrinho?
― Sim, Lee ― Kara riu baixinho e puxou a esposa para se sentarem no tapete da sala.
― Eu estava ansiosa para ficar pertinho de você ― Lena disse tímida ― E aqui, sentada no tapete, a gente pode ficar assim…
― Eu gosto assim ― Kara sorriu e deu um selinho em Lena.
Enquanto Kara começava a atacar os potstickers, Lena começou a procurar um filme para assistirem naquela noite, era o fim de dia perfeito para elas duas.
{...}
Enquanto J’onn resolvia assuntos oficiais fora do DEO, Alex havia ficado encarregada de começar o treinamento dos novos recrutas e pediu a ajuda da irmã para mostrar um ponto aos seus colegas de equipe, era parte do novo DEO.
― Bom dia recrutas, sejam todos bem vindos ao primeiro dia de treinamento do DEO ― Alex começou, com Kara logo ao seu lado, também vestida em um traje de treino do DEO.
― Hoje vocês vão começar a entender como pode ser difícil ser parte do DEO, estamos aqui para proteger humanos e alienígenas de forma igualitária, para resolver casos sérios e levar os criminosos à Justiça e, nem sempre vai ser fácil, por muitas vezes tivemos muitos desafios, muitas dificuldades e, sim, nós já perdemos uma batalha, mas lembrem-se, uma guerra não é feita de uma única batalha ― Kara continuou.
― Eu e Kara vamos fazer uma pequena demonstração para vocês hoje, iremos treinar nessa sala especial, capaz de suprimir os poderes de cada alienígena a partir de suas fraquezas, iremos ajustar conforme formos nos conhecendo e aprimorar nossas formas de treinamento e, não iremos sair com armamento letal, ninguém está autorizado a tirar uma vida, entendido?
― Sim, diretora Danvers ― Todos responderam.
― Ainda se lembra como fazer isso, sis? ― Alex brincou com a irmã, ativando a sala com kryptonita para enfraquecer Kara e tornar aquela disputa justa.
― Claro que sim, sis ― Kara brincou de volta e elas começaram a desferir alguns golpes uma contra a outra e, quem via de fora, podia observar perfeitamente uma espécie de sincronia entre as duas, de anos lutando juntas.
Alex treinou sua irmã para ser melhor que ela mesma, ela não se arrependia daquilo vendo como ela havia crescido em técnicas de combate com o tempo, mas ela só realmente percebeu aquilo, durante a batalha de Argo, onde Kara lutou completamente sem poderes.
Kara conseguiu imobilizar a irmã pouco depois e elas encerraram a primeira luta, recebendo uma salva de palmas dos agentes presentes ali.
― Vamos, entre pares, comecem a treinar, humano com alienígena, precisam começar a aprender a trabalhar juntos ― Alex instruiu.
― Vamos observar vocês, descobrir o que já sabem, e partir daí ― Kara explicou.
Pela próxima hora elas apenas observaram as duplas, fazendo anotações criteriosas e preparando-se para começar a colocar naquela mesma sala, outras formas de enfraquecer outros tipos de alienígenas.
― Diretora Danvers ― Briany chamou por Alex pouco depois.
― Sim, Agente Dox? ― Alex tirou seus olhos dos agentes para observar o amigo.
― A Sra. Danvers e a Senhorita Olsen-Danvers estão aqui para vê-la ― Sorriu levemente.
― Vou vê-las em um minuto, Brainy ― Alex sorriu abertamente, mesmo precisando manter sua pose de bandida má ali ― Vamos fazer uma pausa de 15 minutos.
― Aproveitem para se hidratar e pensar em novas formas de combate, quando voltarmos, vamos começar a intercalar as duplas e alguns dos agentes vão lutar comigo ― Kara sorriu animada com aquela ideia.
Elas se retiraram juntas e foram até uma sala privada, onde Kelly e Esme lhes esperavam.
― Mamãe! ― Esme gritou animada e correu para abraçar a ruiva que sorriu abertamente enquanto sentia seu coração se derreter com a fofura de sua garotinha.
― Oi querida, como foi na escola hoje? ― Indagou divertida.
― Foi muito legal, nós fizemos mais desenhos na aula de artes ― Começou a tagarelar.
― Oi, querida ― Alex se dirigiu à esposa enquanto Esme tagarelava de seu jeito infantil e deixou um selinho nos lábios da esposa.
― Tia Kara! ― Esme gritou novamente quando percebeu a presença da tia ali e correu para abraçá-la, sem precisar conter sua força mimetizada pelos seus poderes.
― Hey, Esme ― Kara sorriu abertamente e apertou a criança em seus braços, aquele era um comprimento único entre elas duas ― Que tal me contar o que você desenhou enquanto suas mães conversam? ― Puxou a garotinha pela mão.
― Elas vão falar sobre aquelas coisas de adulto? ― Indagou curiosa.
― Eu acho que elas vão ficar se beijando ― Resmungou baixinho.
― Ew! ― Reclamou fazendo careta, enquanto a loira gargalhava abertamente e Kelly havia prendido Alex dentro da bolha delas, concentradas demais uma na outra para se deixarem interromper, elas sabiam que sua filha estaria segura com a tia ― Quando eu vou ver a dindinha de novo? ― Indagou curiosa.
― Hm, ela está trabalhando na Fundação Luthor hoje, mas podemos marcar uma noite de filmes para nós três ― Kara lhe lembrou.
― E vamos poder assistir Frozen? ― Perguntou curiosa enquanto seus olhinhos brilhavam em pura animação.
― Quantas vezes quiser, querida ― Kara sorriu abertamente e começou a fazer cosquinhas na sobrinha, apenas para lhe ouvir gargalhar.
Ela gostava daqueles momentos como gostava de estar com Lena e aproveitaria cada segundo antes de ter que voltar a treinar os agentes do DEO.
Continua…
Chapter 12: Confissões da noite das garotas
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Depois de seus 15 minutos de descanso, Kara voltou para a sala de treinamento do DEO, com Esme ao seu lado e ligou novamente a sala para poder suprimir seus poderes, explicou para a garotinha como funcionava aquela sala e como ela poderia lhe ajudar a ter mais controle de seus próprios poderes e logo depois, pediu para todos formarem um semicírculo para voltarem a treinar, desta vez, fariam uma luta de cada vez.
― Quem será o primeiro? ― Kara indagou divertida e deixou o primeiro se voluntariar, eles se cumprimentaram e começaram a trocar alguns golpes, o rapaz tentou acertar a loira diversas vezes, mas não teve tanto sucesso assim, ele fez um golpe que fez Kara desejar estar de uniforme, apenas para mostrar o truque da capa.
Depois da primeira luta, com Esme torcendo fervorosamente para sua tia favorita (se lhe perguntassem, ela negaria, claro), uma garota se ofereceu para lutar, o que deixou Kara ainda mais animada, elas fizeram uma luta limpa e muito bem equilibrada e, no final, quando a heroína ganhou mais uma vez, Kara lhe deu apenas um conselho, tenha uma torcida incrível como eu tenho. Isso fez os agentes rirem abertamente, aquele era um lado novo da heroína e muitos deles estavam amando conhecer.
― Vamos lá, quem é o próximo? ― Ela viu agora um dos agentes de outro planeta se colocar de pé, o homem tinha basicamente o dobro de seu tamanho e a heroína não sabia exatamente quais eram os poderes dele, eles ainda estavam avaliando tudo e ela não se lembrava de já ter visto a ficha dele ― Você tem poderes, certo? ― Viu o homem assentir ― Então podemos parar de suprimir meus poderes e ter uma luta justa, não podemos?
― Lutaremos sem usar nossos poderes, como fiz desde quando começamos ― Kara analisou a postura do homem por alguns segundos e algo dentro de si queria ter feito como pensou, mas ela resolveu dar uma chance para ele.
Então, uma nova luta começou, Kara tentou desferir os primeiros golpes e percebeu ele se esquivar com muita facilidade, ela podia ouvir Esme gritando seu nome “Tia Kara, Tia Kara”, repetidamente, a garotinha estava feliz em estar ali, Kara e Alex eram as únicas que deixavam ela participar daqueles momentos, e ela gostava.
Porém, em algum momento, algo deu errado, o homem deu uma rasteira em Kara e lhe derrubou no chão, sem piedade e avançou para cima da heroína, com golpes duros em seu abdômen e rosto.
― Pare! ― Kara gritou enquanto tentava se defender dele, mas parecia em vão.
― Isso é por aquele jornalista que você demitiu ― O homem gritou e continuou a desferir golpes em Kara.
Quando a loira tentou socar o homem, ele segurou seu pulso e torceu, arrancando um grito de dor de Kara, foi quando Esme percebeu que já não estava certo aquilo.
― Tia Kara! ― Gritou preocupada e usou de seus poderes para mimetizar os poderes do homem para tentar tirá-lo de cima de sua tia, mas ele apenas se virou para ela, ainda mais furioso.
― Garota estúpida! ― Levantou a mão para bater nela, mas Kara se ergueu rapidamente, apesar da dificuldade e tomou a frente de Esme, recebendo o golpe duro em seu rosto, tão forte que a fez cair inconsciente no chão, com a garotinha correndo até a tia em seguida.
― Mamãe! ― Esme gritou pedindo ajuda enquanto o mais alto ria satisfeito com seu trabalho e se retirava rapidamente do DEO. O mais incrível, nenhum dos outros agentes foi capaz de fazer absolutamente nada, encolhidos em seu próprio medo.
― Esme? O que houve? ― Alex entrou correndo na sala quando ouviu o grito da filha, ela estava voltando para o treinamento com Kelly ― Kara? ― Chamou pela irmã e se preocupou quando Kara nem mesmo se mexeu.
― Ela está machucada, mamãe, o homem mau fez isso com ela ― Esme explicou com suas próprias palavras.
― Venha, querida ― Kelly pediu e deu colo para a filha, para lhe acalmar e deixar Alex cuidar da irmã.
― Cadê esse idiota? ― Alex estava cheia de ódio.
― Alex, primeiro ajude sua irmã, depois vamos atrás dele ― Kelly lhe trouxe um pouco de razão e, enquanto Alex corria para desligar a supressão dos poderes de Kara da sala, Kelly mandava um sinal de alerta para Lena, para trazer a morena até o local.
― Kara? ― Alex chamou pela loira mais uma vez enquanto tentava perceber a extensão de seus ferimentos.
Kara apenas gemeu pela dor em seu corpo, mesmo que seus poderes já não estivessem suprimidos, ela ainda sentia muita dor pela surra e seu pulso latejava.
― Vamos cuidar de você ― Explicou baixinho e pediu uma maca para levar a irmã até a ala médica.
Meia hora depois, Lena entrou com tudo no local, tentando entender o que diabos havia acontecido.
― Onde ela está? ― Indagou assim que chegou, Kelly ainda segurava Esme em seu colo e escondeu o rosto da filha ao ver os olhos de Lena brilhando em um vermelho diferente, como se sua magia estivesse fora de controle.
― Alex está cuidando dela, você precisa se acalmar ― Kelly pediu.
― Quando eu pegar aquele bastardo… ― Lena apertou seus punhos com força.
― Dindinha, foi horrível ― Esme comentou, se virando para olhar Lena e, naquele momento, a morena se preocupou ainda mais, porque foi quando percebeu que Esme havia visto tudo.
― Sinto muito que tenha visto, querida ― Lena acariciou as costas da menina com carinho ― Sua tia vai ficar bem, ela sempre fica ― Tentou dar um pouco de esperança para a garotinha.
― Brainy está rastreando o alienígena que fez isso e nós vamos pegá-lo ― Kelly atualizou a morena.
― Kara está descansando sob as luzes de sol amarelo ― Alex suspirou quando finalmente conseguiu voltar ― Ela teve muitos ferimentos, ele conseguiu quebrar duas costelas e o pulso de Kara, agora nós vamos pegar esse idiota.
― E quero que fique aqui, Lena ― Kelly pediu.
― Mas Kelly…
― Lena, me ouça, sua magia está intimamente conectada com suas emoções, sair nesse estado não vai ajudar, vai fazer você ser imprudente ao ponto de matar o idiota e não queremos isso. ― Kelly a chamou.
― Mas ele precisa pagar. ― Lena retrucou, irritada.
― E ele vai ― Alex lhe lembrou ― Eu prometo, Lena, esse bastardo vai pagar pelo que fez com a minha irmãzinha. Mas para pegarmos ele, você precisa ficar aqui, com Kara e Esme, tudo bem?
― Tudo bem ― Lena assentiu e pegou Esme em seu próprio colo, abraçou a afilhada com carinho e caminhou para a ala médica, onde Kara descansava.
― Dindinha, a titia vai ficar bem mesmo? ― Indagou baixinho.
― Quer ver uma coisa muito legal? ― Lena indagou se aproximando de Kara e desligando as luzes de sol amarelo por apenas alguns instantes enquanto Esme assentia.
Então, sem sequer precisar dizer o encanto, Lena passou suas mãos pelo corpo da esposa, curando cada pequeno machucado em seu corpo e, depois, voltou a ligar as luzes de sol amarelo, para ajudá-la a se recuperar.
― Agora, só precisamos esperar, querida ― Suspirou baixinho e se sentou ao lado de Kara, ficando ali ao seu lado, com Esme em seu colo.
Do outro lado, Kelly e Alex saíram vestidas a caráter e encontraram o idiota poucas quadras depois do DEO e fizeram questão de prendê-lo, não sem antes lhe dar uma surra, como ele fez com Kara.
No fim daquela noite, até mesmo Cat Grant sabia do acontecido e, nem mesmo a rainha da mídia conseguiu não se preocupar com a heroína de National City.
― Lee? ― Kara murmurou baixinho, ainda sentindo dor em seu corpo.
― Hey, estamos aqui ― Lena sorriu levemente, Esme dormia serenamente em seu colo e Alex estava logo do outro lado.
― O que aconteceu? ― Indagou um tanto confusa ― Sinto como se tivesse apanhado de um troglodita ― Resmungou.
― Bem, foi mais ou menos isso mesmo, mas você estava com os poderes suprimidos e Lena curou você ― Alex explicou resumidamente.
― Ele disse que era por causa do jornalista que eu demiti na CatCo ― Kara se lembrava daquela frase muito bem.
― Vamos processá-lo, querida ― Lena tinha certeza daquele fato ― Nos certificar dele nunca mais poder trabalhar com jornalismo e eu tenho certeza que Cat irá me apoiar.
― Droga, eu tinha que terminar uma matéria para a CatCo ― Kara até tentou se levantar, mas seu corpo protestou em dor e Alex fez a irmã se deitar novamente.
― Precisa ir com calma, todos sabem do acontecido, alguém do DEO vazou o acontecido em um blog anônimo, acreditamos que foi o próprio jornalista que encomendou o ato ― Alex suspirou.
― Cat me ligou ainda pouco para saber de você e recomendou repouso até que se sinta melhor.
― Tudo bem ― Suspirou baixinho, procurando a mão de sua esposa com a sua, Lena entrelaçou as duas e sorriu levemente, ainda preocupada ― Nenhuma chance de podermos ir para casa?
― Você mal se aguentaria em pé, querida, precisa descansar sobre as luzes solares ― Lena explicou.
― Você vai ficar comigo? ― Pediu fazendo biquinho.
― Sempre, meu amor, Alex deixou uma cama separada para mim, ao seu lado, mas não podemos dormir juntas porque você vai continuar sob as luzes solares.
― Tudo bem, parece o suficiente para mim ― Suspirou baixinho.
― Eu vou deixar vocês descansarem ― Alex avisou e pegou a filha no colo antes de ir embora.
― Podemos pedir potstickers? ― Kara pediu, observando a esposa.
― Achei que ia querer sua comida favorita hoje, por isso, pedi algumas porções para nós duas ― Mostrou o pacote pardo guardado ali perto.
― Você é a melhor ― Kara sorriu.
― Interesseira ― Lena brincou divertida e as duas riram juntas, antes de começarem a comer os potstickers e aproveitarem o resto da noite, até Kara voltar a dormir pela exaustão física de seu corpo.
{...}
Havia se passado uma semana desde o ataque a Kara sem nenhum outro incidente. Os Superamigos agora estavam mais relaxados. Claro que o crime ainda estaria lá. Gotham era a prova disso, eles brincavam às vezes, mas National City parecia começar a ter dias de paz.
Com a rotina voltando à normalidade, Kara observou Lena saindo em seu sobretudo bege e os saltos.
― Divirta-se, amor ― desejou a loira, recebendo um beijo e um sorriso de Lena.
― Você também, aproveite ― Lena pediu para a esposa ― Alex já está chegando. Não deixa ela acabar com minha adega.
E as duas mulheres riram, quando Kara ouviu o apito da campainha.
― É a minha deixa ― Falou Lena, cumprimentando a cunhada e deixando a residência.
― Tchau cunhadinha ― Alex desejou, vendo a Luthor entrar no carro ― Oi maninha, como você está?
― Oi Sis ― Kara se levantou e abraçou a irmã ― Parece uma eternidade desde a última vez que tivemos uma noite das irmãs Danvers.
― Nem me fale, foi tanta coisa ― Alex comentou ― Você casou, mudou e não me contou. Aí resolveu ir pra Argo, tomar uma surra de um brutamontes e as desculpas só aumentam pra fugir de mim e meu interrogatório.
― Até parece que fui a única que casou nesse meio tempo ― Ironizou a loira.
― Eu convidei todo mundo, nem vem ― Alex devolveu ― Você casou escondida e esperou uma kryptoniana louca no comando de um exército resolver atacar pra todo lado pra lembrar de dizer “Então, eu e a Lena casamos, mas não se preocupem, a gente comprou uma casa gigante e vocês podem ir lá comer pipoca e ver uns filmes”.
― Não foi bem assim ― Resmungou a super heroína fazendo beicinho.
― Sis, nós tínhamos um bolão de apostas em vocês e casamento secreto não tava nem perto ― Alex contou ― Você poderia ter contado pra mim, eu dividia a grana com você.
― Alex!
― Só porque casou com uma bilionária e o dinheiro não é mais problema para você, eu ainda tenho uma filha para mandar para a faculdade no futuro ― Continuou resmungando.
― Espero que demore bastante para ela ir para a faculdade ― Kara comentou, rindo ― Quero curtir e mimar muito minha sobrinha.
― Sabe que sua esposa vai tornar ela super mimada ― Alex a lembrou.
― Ela vai ― Kara suspirou ― E eu vou ajudar.
― Kelly vai me matar ― Choramingou a ruiva. ― Mas e vocês, estão pensando sobre filhos?
Kara observou a irmã por um instante, em dúvida e levemente corada.
― Eu ouvi seu pai e sua mãe falando sobre isso.
― Eu quero, mas ainda preciso conversar com Lena ― Suspirou a loira, coçando a cabeça.
― Lena não quer crianças?
― Ela quer, mas não agora, eu acho. ― Kara contou ― A gente não conversou muito. Nos casamos, então Nyxly aconteceu, depois Faora e bem, nos casamos de novo. Foi tanta loucura junta que eu nem processei tudo direito ― Kara admitiu ― Ainda preciso ir a terapia, preciso me sentir mais segura como editora-chefe na CatCo e acho que Lena quer viajar, quer alguns anos de folga, antes disso.
― E você ? ― Alex perguntou, sabendo o quanto a irmã sempre desejou ter uma família, com crianças correndo pela casa.
― Com nosso casamento em Argo, podemos usar a matriz e então, um filho nosso pode ser gestado por uma de nós, mas não sei se Lena quer carregar uma criança ― Kara admitiu.
― Mas você quer? ― Continuou indagando.
― Eu adoraria ficar grávida de um filho dela ― Kara falou sorrindo, sonhadora, enquanto passava a mão no próprio ventre, imaginando como seria carregar seu filho e de Lena.
― Conversa com ela, sis ― Alex aconselhou ― E então, vocês podem decidir juntas quando vai ser o momento de terem essa alegria.
― Ser mãe é um sonho que eu passei tanto tempo acreditando que não ia acontecer, que agora eu tenho até medo - Confessou.
― Ser mãe é uma responsabilidade enorme, Kara. Não vou mentir, tem dias que eu tenho que ser dura com a Esme. Não deixar comer doce antes do jantar, não andar com os pés descalços na neve ou mesmo sair no vento logo depois do banho ― Enumerou, lembrando das pequenas coisas que a levaram a dar uma bronca, mesmo que leve, em Esme e viu a garotinha ficar chateada ― Mas também é uma das maiores alegrias da vida. Sentar na sala e ler com ela ou só ver um filme. Colocar ela na cama, contar uma história e então, apagar as luzes depois de a cobrir e dar um beijo de boa noite em sua testa. Receber aquele abraço apertadinho dela todo dia. É algo que não sei mais viver sem. Você vai se pegar arrumando a lancheira dela e então, se sentirá realizada só por saber que ela comeu os legumes no jantar.
― Nunca vou me sentir realizada por obrigar meu filho a comer legumes ― Reclamou a loira, fazendo uma careta esquisita.
― Sua esposa vai ― Alex riu, imaginando a cunhada sofrendo com sua irmã quando o assunto fosse a alimentação de seus filhos.
{...}
― Papa J’onn, você esqueceu o seu tutu ― Esme lembrou ao marciano, enquanto arrumava seu próprio tutu rosa bebê para a próxima cena de seu filme favorito da semana, Barbie 12 princesas bailarinas ― Vamos dançar, Papa J’onn, se lembra disso?
― Claro, querida ― J’onn suspirou baixinho negando com a cabeça e fez o maldito tutu igual ao da menina aparecer em seu corpo com seus poderes, era no mínimo hilário ver o herói de tutu, mas ele não se importava em fazer as vontades da menina ― Pronto, vamos poder dançar agora, Esme.
― Oba! ― Gritou animada e começou a rodopiar pela sala enquanto as princesas dançavam ao som de uma das músicas do filme para depois puxar J’onn para fazer o mesmo.
O homem apenas riu e puxou a garotinha para si, colocando seus pequenos pés em cima dos seus e segurando-a desajeitadamente, melhorando aquela dança um tanto sem sentido entre os dois.
Eles dançaram por mais algum tempo até o filme acabar, depois, jantaram juntos e J’onn deu um bom banho na garotinha e ajudou-a a vestir seu pijama de donuts, cortesia de sua tia Kara.
― Papa J’onn, conta uma historinha? ― Pediu sorridente.
― Qual história quer ouvir hoje? ― Indagou enquanto se sentava ao lado de Esme na cama de casal do quarto de hóspedes de seu apartamento.
― Hm ― Tocou o indicador em seu queixo, pensando em qual história gostaria de ouvir ― Como a tia Kara conheceu a dindinha? ― Deixou a sua curiosidade aflorar.
― Ah, essa é uma boa história ― J’onn sorriu abertamente ― Acredita que sua tia salvou Lena desde o primeiro dia? E, às vezes, como Kara Danvers e não como Supergirl.
― Tia Lena não sabia do segredo dela? ― Indagou confusa.
― Não querida, era um grande segredo para revelar assim tão fácil ― Explicou.
― E como tudo aconteceu? ― Perguntou novamente, coçando seus olhinhos e abraçando melhor sua zebrinha de pelúcia.
― Tudo começou quando uma nave chamada Venture explodiu, sua tia Lena era a única passageira que não estava a bordo e a explosão aconteceu exatamente em cima do assento dela ― Começou.
― Ainda bem que ela não estava lá, não é?
― Ainda bem, querida ― Sorriu levemente ― Então, Clark estava na cidade também…
― O tio Kal-El? ― Ela viu o Marciano assentir.
― Ele já era um renomado repórter e foi entrevistar Lena para saber sobre essa explosão da Venture, porque achavam que Lena era o principal alvo, então a vida dela estava em risco.
― E como a tia Kara salvou a tia Lena? ― Indagou baixinho, quase adormecida, foi quando J’onn resolveu resumir um pouco mais a história.
― A vida de Lena estava, de fato, em risco ― J’onn explicou ― Então, quando tentaram contra a vida dela novamente, Kara salvou e protegeu Lena como a heroína incrível que ela sempre foi.
― Eu também acho a tia Kara incrível, papa J’onn ― Confessou baixinho, praticamente adormecida.
― Sua tia Lena também é, assim como suas mães ― Finalizou baixinho, percebendo que Esme havia dormido.
Por fim, ele terminou de cobrir a garotinha e deixou um beijo no topo de sua cabeça, antes de se retirar do quarto e avisar Kelly e Alex que estava tudo bem com a menina.
{...}
Assim que Andrea adentrou o bar alienígena, a latina olhou desconfiada para o lugar. Não era seu tipo de lugar, mas Lena e Sam haviam garantido que ela iria gostar.
― Como vocês acham esses lugares? ― Indagou, quando chegou à mesa que Lena e Sam dividiam.
― Kara e os amigos vieram aqui e nos apresentaram ― Sam esclareceu.
― Usando o vale-night para vir no local que sua esposa pode te achar, Leninha? ― Provocou Andrea, vendo Sam rir.
― Nem é um vale-night hoje ― Lena avisou ― A minha cunhada também vem ― Avisou ― E sinceramente, eu gosto mais do meu vale-night quase diário, ele envolve meu quarto e minha esposa.
― Lena do céu ― Sam riu, observando a amiga ― O que você quer que a gente pense desse casamento?
― Que ele é feliz ― A morena riu, vendo as amigas rirem também ― Afinal, eu tenho uma super esposa.
― Ela é mesmo tão super assim?
― Vocês não fazem ideia ― Brincou, se abanando.
― Eu ainda não acredito que nunca liguei os pontos da identidade dela ― Andrea resmungou ― Eram só um par de óculos, um rabo de cavalo e muitas saídas aleatórias. E ainda passou meses em uma espécie de viagem com Cat Grant que não me rendeu nenhuma matéria.
― Ela estava na Zona Fantasma nessa época ― Esclareceu Lena ― Não gostamos de lembrar dessa época ― Avisou Lena ― Mas, se isso serve de consolo, eu também não liguei os pontos a princípio e fui melhor amiga dela por 3 anos antes de saber de tudo.
― Mas não vamos falar de coisas tristes, o importante é que o relacionamento delas é lindo ― Sam trocou de assunto ― O que nos recomenda pedir, enquanto Kelly e Nia não chegam?
― Definitivamente, não peça nenhuma bebida alienígena, não sabemos quais delas podem ser mortais para nós humanos ― Lena riu.
― Espera, com uma bebida dessas você pode embebedar a sua esposa? ― Andrea tinha um sorriso divertido nos lábios.
― Sim, e é muito engraçado ver a Kara bêbada ― Lena riu novamente, lembrando da situação ― Ela me pediu em casamento de novo, chorou quando eu disse que era casada e cantou cinco músicas para mim no karaokê dizendo “dedico essa música para aquela gostosa casada sentada ali” e a Alex gritou de volta “É sua esposa, sua tapada” fazendo todo mundo do bar rir.
― Me diz que alguém filmou, por favor ― Sam pediu enquanto gargalhava.
― Não, essa é uma memória para guardar com carinho ― Lena sorriu.
― Me lembra de comprar álcool alienígena e mandar de presente para Kara, por favor ― Andrea riu.
― Temos algumas garrafas de álcool alienígena na nossa adega em casa, são apenas para ocasiões especiais ― Lena contou.
― Tudo bem, vamos pedir ― Elas continuaram numa conversa amena e fizeram os seus pedidos.
Kelly e Nia chegaram pouco depois, igualmente animadas.
― Com quem vocês deixaram Esme? ― Lena foi a primeira a indagar pela garotinha.
― Com o J’onn ― Kelly riu divertida ― Ela disse que ia fazer ele dançar com ela usando um tutu de balé ― As meninas começaram a rir junto com a mulher.
― E ela conseguiu convencer ele? ― Sam estava curiosa.
― Quem ela não consegue convencer? ― Lena indagou.
― Com a Lena ela nem precisa perguntar, ela só chega com aqueles olhinhos adoráveis e diz “Dindinha”, pronto, ela tem Lena Luthor na palma das mãos.
― Se já é assim com a afilhada, imagine com os filhos ― Sam provocou a amiga novamente.
― Argh, eu estou ferrada, não estou? ― Lena indagou e ouviu um coro de “sim” das amigas.
― Mas me diga Lena, vocês já pensam em ter filhos? ― Kelly estava curiosa com o assunto.
― Ainda não conversamos sobre isso, Kelly, acho que vai acontecer com o tempo, eu quero absolutamente tudo com Kara ― Suspirou apaixonada.
― E dizia no internato que nunca seria mãe ― Andrea provocou.
― O amor opera milagres ― Nia riu abertamente.
― E, você, Sam? Como está com o professor? ― Kelly voltou a perguntar.
― O professor está bem, obrigada ― Sam desconversou.
― Sam ― Andrea a chamou ― Vai mesmo maltratar o pobre homem?
― Não estou maltratando ele ― Resmungou a castanha ― Só não quero dar corda para vocês me zuarem como fazem com a Lena.
― Ei ― Protestou a morena ― Eu não estou te zuando por estar pensando em morar junto com ele.
― Vão morar juntos? ― Nia perguntou, surpresa.
― Samantha Arias, porque eu não estou sabendo a fofoca e a Lena está? ― Indagou Andrea, curiosa.
― Porque ele me convidou hoje para almoçar e fez a proposta de tentarmos ― Sam confessou ― E eu estou seriamente tentada a aceitar.
― E por que não aceitou ainda ?
― Conversarei com Ruby primeiro, ela é uma adolescente…
― E ela não quer?
― Pelo contrário, ela é a maior incentivadora de me ver namorando, já que vai para a faculdade no ano que vem e não quer me ver sozinha.
― Ela e Alex ― Lena comentou ― As duas querem ver a Sam casada.
― Eu sempre achei que Alex tinha uma quedinha por você ― Kelly comentou, despretensiosa.
― Talvez tenha tido ― Sam falou, indiferente ― Mas duvido muito que foi algo mais que isso. Ela havia terminado com a Maggie por querer filhos e eu era meio que um pacote completo, mas também era a Reign ― Lembrou a castanha ― E acho que a gente nunca chegou a imaginar nada além da nossa amizade. Desde o começo, funcionamos bem como amigas, diferente de vocês que rolou um desejo meio que de cara.
― Seria difícil competir com você ― Kelly brincou.
― Pensei o mesmo da Alex, quando vi ela no apartamento da Kara pela primeira vez ― Lena confessou ― E fiquei aliviada quando descobri que elas eram irmãs.
― Alex Danvers é uma gostosa ― Kelly brincou, rindo e todas a acompanharam.
― Ainda prefiro Kara Danvers ― Lena falou, provocando.
― Acho que preciso arrumar amigas solteiras ― Andrea reclamou.
― Você precisa é de alguém para te achar gostosa ― Sam disse, vendo a amiga corar ― E pelo seu rubor, você concorda.
― Ora Arias, eu sou uma gostosa do mundo ― Andrea devolveu ― E não tem nesse mundo quem consiga me fazer ficar cadelinha igual essas duas.
Nia e Lena apenas a olharam e riram.
― A gente vai beber ou vamos continuar falando sobre a minha vida amorosa? ― Andrea falou, vendo as amigas continuarem com as brincadeiras e provocações.
― Melhor bebermos, pra não falar da falta de sua vida amorosa, você quis dizer ― Lena falou ― Eu quero um whisky duplo e batatas fritas, passei o dia desejando um prato delas com muito queijo e bacon.
― Desejos, Leninha ― Sam a observou, levantando uma sobrancelha.
A morena corou.
― Pelo visto, Kara tem alguns talentos desconhecidos? ― Andrea se juntou a Sam.
― Parem vocês duas ― Lena falou arqueando a sobrancelha e cruzando os braços.
― Não é bom você beber, Lena ― Kelly entrou na brincadeira ― Que tal um suco de laranja?
― O bebê não pode se estressar, meninas ― Nia também provocou, rindo
― Até tu? ― Lena a olhou, incrédula.
― Fazer o que se queremos sobrinhos? ― Nia respondeu divertida.
― Falando em sobrinhos, quando vai casar com Brainy?
― Quando ele quiser.
― Você pegou o buquê, ou melhor, trapaceou por ele, então peça ele em casamento logo ― Kelly a lembrou ― Estamos nos tempos das mulheres empoderadas.
― Se quiser, posso ir com você comprar um anel ― Lena opinou.
― Eu queria que ele tivesse entendido que eu trapaceei no buquê para ele me pedir. ― Admitiu a sonhadora
― Acho que vou levar Brainy para conhecer o senhor Balthazar na segunda-feira ― Lena riu, pensando alto.
― Quem é o senhor Balthazar?
― O joalheiro favorito dela ― Andrea entregou ― faz peças exclusivas para a família Luthor há trinta anos.
― Na verdade, trinta e cinco ― Lena a corrigiu.
Nia a olhou sem palavras.
― Acho que você quebrou a Nia, Lena ― Sam avisou, olhando a sonhadora em choque.
― Brainy vai quebrar a Nia, eu só vou levar ele para conhecer meu velho amigo artesão ― Riu a morena, vendo Nia a olhando encantada.
― Eu amo essa família ― disse a super-heroína, saindo de seu estado de choque.
Chapter 13: Jornalistas em Festa
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O elegante vestido verde deixava as curvas de Kara em realce. A silhueta esbelta e as pernas longas deixaram Lena impressionada quando a esposa desceu a escada da casa onde as duas atualmente moram. Em seu terno azul escuro, Lena apenas observou a loira usando as cores que a morena costumava usar.
― Como estou? ― Perguntou, em dúvida.
― Deslumbrante, meu amor ― Conseguiu responder, após tomar um pouco de fôlego ― Como uma ganhadora.
― Como uma Luthor?
― Como uma Luthor Danvers ― Brincou, dando um selinho, com medo de bagunçar a perfeição que Kara estava ― Vamos? ― Esticou o braço para deixar Kara entrelaçar o dela ao seu.
― Vamos ― Kara sorriu entrelaçando o braço ao de Lena e respiro fundo uma e outra vez ― Eu estou nervosa ― Confessou depois de entrarem no carro enquanto o motorista lhes guiava até o local da premiação.
― Eu também estou ― Lena confessou ― Minha esposa vai ganhar seu segundo Pulitzer, é uma celebridade ― Brincou.
― Lena! ― Kara riu, revirando os olhos em uma falsa indignação ― Você é uma celebridade, querida.
― Quer dizer então que eu tenho chances com a premiada da noite? ― Indagou baixinho, observando os olhos azuis.
― Vai precisar ser mais específica, o Pulitzer tem 21 categorias Lena ― Kara brincou, rindo da cara indignada da esposa.
― Como quebrar o clima, por Kara Danvers ― Resmungou.
― Luthor ― A loira corrigiu a esposa e virou seu rosto com cuidado para deixar outro selinho em seus lábios ― Talvez, depois da festa a gente possa comemorar, querida ― Sorriu maliciosa vendo a esposa sorrir para si em entendimento, seria uma noite e tanto.
{...}
― Boa noite senhoras e senhores ― Andrea Rojas deu início a cerimônia de premiação do Pulitzer daquele ano ― Sejam todos bem vindos à cerimônia de entrega do Pulitzer. E, por falar em Pulitzer, ele foi criado por Joseph Pulitzer em 1917 e o primeiro prêmio foi entregue em 4 de junho do mesmo ano. Todos os anos, premiamos vinte vencedores por trabalhos de excelência nas áreas do jornalismo, literatura e composição musical, além de um Jornal pelo Serviço de Jornalismo Público de qualidade. Então, vamos às categorias de hoje ― Ela continuou seu discurso.
― Não sabia que Andrea estava de volta a cidade ― Kara cochichou ao lado de Lena enquanto a Rojas anunciava as primeiras categorias e seus devidos vencedores.
― Eu soube ontem a noite, ela avisou que estava tentando melhorar ― Lena confessou ― Parte disso ela precisou fazer na Argentina, onde morava.
― Parem de conversar e prestem atenção ― Alex pediu, curiosa.
― Tia Lena, estou com fome ― Esme resmungou baixinho ao lado da morena.
― Aqui, querida, tem mais potstickers para você e Kara ― Lena sorriu.
― Por isso é a minha favorita ― A loira sorriu abertamente e engoliu mais um potsticker.
― Como Lena conseguiu que tivesse potstickers na cerimônia do Pulitzer? ― Kelly estava um tanto confusa.
― Eu patrocinei a festa, óbvio ― Deu de ombros como se estivesse contando sobre como ela foi no mercado comprar pão.
― Ela patrocina toda festa só para ver a Kara feliz e para ter as comidas favoritas dela ― Nia pontuou.
― Fiquem quietos vocês, eu quero ouvir o discurso da Andrea ― Brainy resmungou.
― Você é, literalmente, do Futuro, sabe exatamente o que vai acontecer ― Lena riu divertida.
― Eu ganho? ― Kara indagou curiosa.
― Não! ― Brainy respondeu quase furioso.
― Eu não ganho? ― Kara quase tinha um bico em seus lábios.
― Ótimo, agora você deixou a Kara triste ― Alex resmungou.
― Não pode deixar a titia triste, tio Brainy ― Esme cruzou os braços, quase aborrecida com o homem.
― Não briguem com ele, ela quem perguntou ― Nia resmungou revirando os olhos.
― Se ele mudar o futuro, eu não brigo ― Esme fez seu típico beicinho que tinha aprendido com Kara.
― Eu compro esse prêmio para você, querida ― Lena segurou na mão da loira com carinho.
― Sério, vocês são impossíveis ― Kelly queria muito rir de toda a situação.
― Não! Quando eu ganhar, quero que seja por mim mesma, não porque você é a dona do prêmio, Lee ― Resmungou baixinho como uma criança birrenta.
― Sério, eu desisto de vocês ― John riu abertamente enquanto todos batiam palmas para o premiado da vez.
― Juro, eles tem um parafuso a menos, mãe ― Alex incluiu Eliza na conversa.
― Não diga isso da sua irmã ― A mulher cruzou os braços.
― Mãe? ― Alex resmungou ― Você ainda fica do lado dela? ― Cruzou os braços também.
― Mas Brainy, porque eu não ganho? ― Indagou a loira com um beicinho nos lábios.
― Céus, vocês sequer me deixaram terminar ― Brainy reclamou ― Eu não sei o que acontece nessa noite, porque o futuro se modificou quando eu resolvi ficar.
― Oh ― Todos concordaram juntos, como se aquela fosse a maior descoberta do mundo.
― Vocês são assim todos os dias? ― Cat indagou um tanto assustada.
― Não, eles são piores ― Alex resmungou novamente.
― Ei! ― Kara reclamou com a irmã.
― Prestem atenção, é a vez da categoria da Nia ― Brainy pediu.
― Apresentando a vocês agora a Categoria de Reportagem de Denúncia ― Andrea continuou um tanto quanto mais animada, como se já soubesse quem ganharia aquela ― Nós tivemos muitos trabalhos bons, mas a reportagem ganhadora, foi… ― Abriu o envelope com cuidado e sorriu antes de ler as palavras dali ― “A invisibilidade da comunidade pobre e LGBT” por Nia Nal.
― Não creio ― Nia quase gritou sentada em seu próprio lugar.
― Você ganhou! ― Kara gritou animada ― Minha pupila ganhou ― Começou a comemorar animada enquanto Nia ainda não sabia como fazer para conseguir andar até o pequeno palco improvisado.
― Sempre acreditei nessa jornalista ― Sam pontuou divertida, enquanto via Kara animada demais em sua cadeira, Lena olhando a esposa como uma boba e todos os outros parabenizando a jornalista.
― Vamos lá, eu ajudo você ― Brainy sorriu cordial e ajudou a namorada a se levantar, guiou ela até o palco e aplaudiu junto dos outros convidados uma das estrelas daquela noite, a mais brilhante, ele diria.
― É uma honra receber esse prêmio hoje ― Nia começou um tanto atrapalhada ― Eu nunca pensei que chegaria até aqui, mesmo querendo desde pequena ― Se emocionou ao lembrar de sua família ― Minha primeira apoiadora, foi a minha mãe, ela era meu coração e eu tenho certeza de que ela adoraria estar aqui e, de certa forma, ela está ― Limpou a lágrima que escorreu por sua bochecha ― Mas a grande responsável por eu ter chegado até aqui, foi minha mentora ― Confessou, voltando seu olhar para Kara ― Antes de saber que Kara era a Supergirl, ela já era minha heroína, quem nunca desacreditou de mim, nem quando eu não acreditava ou tinha segurança para defender as minhas ideias, ela estava lá, me ajudando com as palavras certas, os donuts que ela não divide com ninguém…
― Só com a Lee e a Esme ― Eles ouviram Kara gritar animada e riram abertamente.
― E com esse senso de humor maravilhoso ― Riu abertamente ― Obrigada por tudo Kara, e obrigada a todos aqueles que também me apoiaram ― Finalizou com um grande sorriso nos lábios e desceu do pequeno palco ao som de uma salva de palmas orgulhosa de todas as pessoas que lhe viam naquele momento.
― Eu sempre soube que você ganharia ― Brainy sorriu abertamente, acompanhando a namorada até o local deles enquanto Nia se sentia prestes a flutuar.
― E ainda disse que não sabia nada sobre essa noite, seu mentiroso ― Kara resmungou divertida.
― Kara, sério! ― Sam gargalhou abertamente.
― Ignora Sam, ela não conhece expressões ― Brainy revirou os olhos ― E, depois, eu quem sou o extraterrestre.
― Mas você é ― Lena pontuou o óbvio.
― E sua esposa também ― Resmungou.
― Ah, eles são mesmo? ― Jackson indagou um tanto confuso.
― Oh, querido, ignore elas ― Sam riu baixinho e beijou a bochecha do homem com carinho.
― Formam um casal lindo ― Kelly pontuou.
― Ela deixou você pedí-la em namoro? ― Lena indagou divertida.
― Não deixamos ela permitir ― Ruby contou à tia ― Nós montamos tudo e ela não teve escolha.
― Meu namorado e minha filha contra mim, formando complôs ― Sam resmungou baixinho.
― E você odiou né Samantha, pensa que engana quem? ― Lena riu abertamente junto das outras meninas.
― Mas Brainy, eu não ganho mesmo? ― Kara indagou curiosa e, quase triste, apesar de estar feliz por Nia.
― Por Rao, Kara, preste atenção na premiação ― Alex quem brigou com a irmã.
― Não brigue com a sua irmã ― Eliza recriminou a filha.
― É, mamãe, não pode brigar com a tia Kara ― Esme cruzou os bracinhos.
― Céus, é um complô contra mim, e as mães ainda dizem que não tem um filho preferido ― Resmungou baixinho ― Kelly, minha própria filha, amor ― Choramingou.
― O que eu posso fazer, querida? Sua irmã é única.
― Ah, agora vai me trocar por ela também? ― Resmungou ciumenta.
― Só se a Lena aceitar um trisal, e aí Lena, aceita? ― Kelly indagou como se aquela fosse a pergunta mais importante da noite.
― Mãe, o que é um trisal? ― Esme indagou curiosa.
― Oh, olha, vão anunciar a próxima categoria ― Kara trocou de assunto rapidamente, salvando a irmã e a cunhada de mais uma pergunta difícil da garotinha.
― A próxima categoria é de Reportagem Especial ― Andrea se empolgou novamente ― Eu preciso confessar, muitas matérias incríveis concorreram a esta categoria, porém uma delas se sobressaiu de tal maneira que foi impossível não premiá-la esta noite. Senhoras e Senhores, a reportagem ganhadora é “Sejam Bem Vindos a Argo” que contou com detalhes sobre o casamento da nossa Supergirl, Kara Danvers e Lena Luthor que aconteceu em Argo, uma cidade de Krypton, escrita por Catherine Grant.
Uma grande salva de palmas começou, enquanto Cat se levantou e caminhou até o palco com um grande sorriso em seus lábios, aquela tinha sido uma das reportagens mais especiais de sua vida, era justo ela ser reconhecida daquela forma.
― Na verdade, é um meteoro que orbita um sol vermelho parecido com o que tínhamos em Krypton, nosso deus Rao ― Kara corrigiu ― E a cúpula protetora de Argo criou uma atmosfera estável para que houvessem mais alguns kryptonianos sobreviventes.
― Kiera, não estrague meu momento ― Cat resmungou divertida.
― Desculpe srta Grant, mas Argo não é Krypton ― Kara reclamou como uma criancinha.
― Detalhes, Kiera ― Cat respondeu, rindo.
― Amor, deixa a Cat curtir o momento dela. ― Pediu a morena, vendo Cat assumir seu lugar ao lado de Andrea para receber o prêmio.
― Apesar da Supergirl insistir em me corrigir ― Cat riu ― Se ela não fosse minha assistente, acredito que ela nunca teria chegado perto de conhecer a esposa dela. E se Kara não fosse minha assistente, ela nunca seria a Supergirl. Afinal, eu criei nossa Super-heroína. Lena Luthor, lembre de me agradecer depois por mandar Kiera junto do primo dela para te entrevistar. Mas voltando, foco foco, graças a esse nosso trabalho juntas, eu conheci a mulher que me levou para o espaço ― E todos riram ― E voltei, com essa matéria incrível sobre uma cultura anteriormente dita morta. Pude ver como as duas se amam de verdade e como Kara estava extremamente feliz por poder compartilhar de suas origens conosco, obrigada.
Outra salva de palmas começou a ecoar pelo local, todos pareciam contentes com o discurso de Cat.
― Hey, Cat ― Andrea chamou pela mulher baixinho.
― Hm? ― A mulher estava devidamente curiosa.
― Aqui ― Esticou um pequeno cartão para a mulher ― Caso queira comemorar a noite de uma forma diferente ― Deu um sorriso sedutor e uma piscadela para a dona da CatCo, deixando ela ir logo em seguida.
― Oh ― Cat sorriu para si mesma, escondendo o cartão em suas mãos para poder ligar para Andrea depois da premiação.
― Quando vai chegar a vez da minha categoria? ― Kara indagou um tanto entediada e ao mesmo tempo curiosa e nervosa.
― Kara, por favor ― Kelly pediu querendo rir ― Mantenha a calma.
― Aliás, Cat Grant, o que foi aquilo que eu vi? Você flertando com Andrea Rojas? ― Lena pontuou com um sorriso malicioso nos lábios.
― Não acredito! ― Sam riu divertida ― Andrea flertou com você? Aquela latina safada.
― Sou uma mulher solteira srta. Arias ― Cat sorriu um tanto sem graça ― E parece que terei uma ótima companhia depois do prêmio.
― Uou ― As meninas pontuaram juntas, surpresas.
― Andrea é mesmo marcante, aproveite ― Lena comentou, quase divertida.
― Devo me preocupar? ― Kara indagou, claramente enciumada.
― Não se preocupe, Kiera, se ela é marcante, eu sou inevitável ― Cat brincou mesmo sabendo que não era sobre ela a preocupação.
― Isso deveria ME deixar com ciúmes, Kara? ― Lena indagou arqueando a sobrancelha e a loira simplesmente abriu e fechou a boca várias vezes até entender o que a morena estava realmente insinuando enquanto Cat segurava sua própria risada.
― Ew! Não, não, não ― Kara balançou a cabeça várias vezes ― Rao Lena, Cat é minha chefe, ew! ― Balançou seu corpo, como se quisesse tirar aqueles pensamentos de sua mente enquanto todos riam abertamente.
― Bem, você sabe que tem um tipo, não é? ― Sam resolveu continuar a brincadeira ― Gosta de mulheres no poder, Kara ― Tentou segurar a risada enquanto a heroína ficava completamente vermelha.
― Eu também fui sua chefe, querida. E, veja onde estamos? ― Mostrou sua aliança na mão esquerda e o bracelete em seu braço.
― Olha a Andrea vai falar sobre a minha categoria agora ― Kara tentou fugir novamente de perguntas difíceis enquanto sua irmã e suas amigas, por Rao, até sua esposa, gargalhavam abertamente de suas bochechas incrivelmente vermelhas.
― Nossa Penúltima categoria de hoje é Reportagem Investigativa ― Andrea continuou apresentando a premiação ― Como sempre, muitos trabalhos exemplares concorreram nessa categoria, alguns vão dizer que não foi um prêmio justo, mas eu digo que é uma honra apresentar a campeã desta noite, “Faora-Ul: Uma Ameaça de Krypton” por Kara Luthor-Danvers, uma salva de palmas para a nossa heroína.
Kara estava prestando atenção, mas ao mesmo tempo estava tão alheia à situação que não percebeu em um primeiro momento que ela realmente tinha ganhado e todos estranharam o silêncio vindo dela.
― Kara, você ganhou ― Brainy tentou ajudar.
― Brainy, não precisa esfregar na minha cara que eu não ganhei ― Resmungou baixinho.
― Querida, você não entendeu, você ganhou ― Lena fez a loira olhar para si ― Oi minha campeã.
― Eu ganhei? ― Indagou observando os olhos de sua esposa e sorriu quando a viu assentir ― Eu ganhei! ― Gritou animada, arrancando uma risada e uma nova salva de palmas dos convidados.
Seguindo o protocolo, Kara caminhou até o pequeno palco e recebeu animada o seu prêmio das mãos de Andrea, ela se recompôs minimamente e tentou se preparar para seu discurso tão ensaiado e já esquecido.
― Boa noite, eu sou a Kara, mas vocês já me conhecem ― Riu baixinho, fazendo todos rirem novamente ― Essa reportagem foi incrivelmente difícil para todos nós heróis, não foi nada fácil derrotar Faora, foi incrivelmente difícil ter que assistir às atrocidades que ela fez de camarote e, foi incrivelmente doloroso vê-la machucar minha esposa em nossa primeira batalha ― Explicou calma olhando para a esposa naquele momento ― Mas, apesar de tudo isso, deu tudo certo no final, nós fomos capazes de derrotá-la e eu pude escrever uma matéria espetacular sobre seus verdadeiros planos. Mas essa escritora aqui, só chegou aqui por causa de sua rede de apoio, primeiro da minha querida esposa, Lena, me tornei repórter apenas por causa dela, ela me colocou na linha certa quando nos encontramos pela primeira vez. Depois, Cat me ajudou com cada conselho misterioso e maluco que me deu quando eu na verdade estava pedindo conselhos como heroína e ela sempre sabia o que dizer ― Riu baixinho ― Minha mãe adotiva Eliza, também foi importante na minha vida, me acolheu no momento mais difícil da minha vida, Alex é a melhor irmã que eu poderia ter, Esme é minha pequena garotinha serelepe que sempre quer ouvir um pouco mais sobre o mundo e todos os nossos amigos são importantes nessa jornada. Sim, isso inclui meus pais biológicos, sem eles eu não teria chegado a Terra, muito menos teria conhecido o amor da minha vida, obrigada ― Agradeceu com carinho, sendo recebida por todos com mais palmas, pareciam estar todos muito orgulhosos de sua heroína.
― Muito obrigada pelas palavras, Kara ― Andrea agradeceu ― Todos entendemos que você é apaixonada pela sua esposa ― Os convidados riram abertamente enquanto a loira já estava de frente para Lena, beijando seus lábios em comemoração ― Agora, para encerrar a noite, vamos a nossa última categoria. Diversos jornais concorreram a ela, seus trabalhos são todos excepcionais, sem sombra de dúvidas, com a verdade, iluminaram muitas vidas e levaram esperança nos momentos mais difíceis onde tudo parecia impossível. E, hoje, aquele mesmo jornal, mais conhecido como “Jeans de cintura alta: Sim ou Não?”, leva o Pulitzer por todas as reportagens que trabalharam para a população, parabéns CatCo Magazine ― Ela mesma tinha um pouco de orgulho por aquele prêmio, afinal, ela mesma havia trabalhado por um tempo na revista.
― Eu sabia! ― Kara gritou animada.
― O que acha de ir até lá receber o prêmio comigo, Kiera? ― Cat esticou a mão para pegar a da loira com um sorriso genuíno nos lábios ― É justo que minha editora chefe venha comigo ― Deu uma piscadela.
― Não dê em cima da minha esposa, Grant ― Lena pontuou séria tentando não continuar sorrindo pelo orgulho que sentia naquele momento.
― Nunca, Luthor ― Deu a mesma piscadela para a morena e puxou Kara consigo até o palco.
― Olha eu aqui de novo ― Kara brincou, fazendo os convidados rirem.
― Queremos agradecer a cada um que contribuiu para o crescimento da CatCo ― Cat foi sincera naquele momento ― Eu posso estar a frente de uma grande companhia e gerir um enorme número de funcionários, mas eles também são responsáveis por nossos resultados espetaculares, Kara como minha editora-chefe e braço direito na empresa tem feito muito pela revista e batalhou todos os dias para trazer cada vez mais conteúdos atuais e sérios para a população de National City. Ok, ainda temos nossa coluna de moda, então, Sim, ainda usamos Jeans de cintura alta ― Os convidados riram novamente ― Mas também lhes deixamos a par dos planos de cada um que tente machucar nossa cidade, porque a CatCo se tornou muito mais do que uma revista, se tornou uma comunidade. Obrigada.
Outra salva de palmas encerrou aquela premiação, havia sido uma noite incrível e inesquecível para todos eles.
Quando terminou, Kara pegou Esme quase adormecida em seu colo e ninou a sobrinha com cuidado enquanto se dirigiam para seus carros e ela tentou mesmo não ver quando Andrea e Cat Grant saíam juntas do salão de festas.
{...}
Quando Kara entrou no carro, com Lena ao volante, a loira estranhou o caminho que a morena estava tomando. Não era o caminho para casa e quando olhou o retrovisor, notou que Alex as seguia. Nia e Brainy estavam no carro com Alex e Kelly, enquanto Esme estava adormecida na cadeirinha. Logo atrás, vinha o carro do namorado de Sam, o professor Jackson também seguia o comboio, com Cat Grant encerrando a fila, no carro de Andrea Rojas.
Com Eliza no banco de trás, Kara não conseguiria perguntar a morena onde estavam indo. Ela pensou que provocaria a morena durante o trajeto, mas com a mãe podendo ouvir, a loira corou com o pensamento.
― Tudo bem, querida? ― Lena perguntou segurando a mão da esposa, quando pararam no semáforo.
― Sim ― Respondeu, levemente assustada, por ser tirada de seus pensamentos.
― Não se preocupe, tem comida para onde estamos indo ― Eliza brincou, conhecendo a filha.
― Isso é uma informação bastante relevante ― Kara sorriu ― Mas para onde estamos indo, exatamente?
― Vamos fazer uma pequena parada, antes de ir para casa ― Lena avisou.
― E eles também? ― A super garota perguntou, curiosa.
― Hum, talvez? ― Lena riu.
― Querida, apenas confie na sua esposa. ― Eliza pediu.
― E Cat Grant e Andrea Rojas fazem parte do plano? ― Kara perguntou, curiosa.
― Elas vão fingir que foram com a gente e sumir em dez minutos ― Lena comentou, rindo ― Você viu como ela não tirava os olhos da Cat? Enfim, chegamos ― Lena anunciou estacionando o carro em frente um dos restaurantes mais elegantes da cidade.
― OH Lena ― Eliza falou surpresa ― Quando me contou… oh Lena ― E se apressou em descer, enquanto Kara apenas encarava a esposa.
― Lena? Você comprou o restaurante?
― então, você adora churrasco querida e essa aqui estava por um preço que considerei um investimento, para nosso patrimônio e para nossa família ― A morena respondeu, corada ― Surpresa?
― Lena!
― Eu gosto de comprar coisas para você ― Lena brincou, dando um selinho na esposa, que ainda estava surpresa.
― Lena!
― Vamos amor, vai ser divertido ― Chamou a morena abrindo a porta
― E eu pensando que nossa comemoração seria em nossa cama ― Kara provocou a morena.
Lena apenas voltou para a esposa e sentou novamente no banco do motorista. Com cuidado, ela pegou a mão de Kara e a levou para baixo de sua camisa. Kara deixou a esposa conduzir sua mão e então reparou que a textura não era a pele da morena. A loira engoliu em seco quando percebeu que haviam amarras e rendas no tecido. Lena usava um espartilho de rendas. Interrompendo os pensamentos da loira, Lena desceu a mão da esposa, indo para sua coxa. A loira sentiu que entraria em combustão quando sentiu que ali havia uma liga. Lena sorriu maliciosa.
― Nós iremos ― Prometeu ― Só que mais tarde, amor ― E dando um beijo em Kara para quebrar o olhar que ambas mantiveram, a morena deixou o carro.
Kara precisou de um momento para respirar fundo, antes de sair no ar fresco. Seu corpo ainda não lhe respondia direito, enquanto seus pensamentos não estavam sincronizados com a Terra. A loira só conseguia focar em Lena e no que haveria por baixo daquele terno ainda mais sensual.
Depois que todos se acomodaram no restaurante e as bebidas foram servidas, Lena e Brainy se colocaram mais ao centro do lugar, prontos para algo já ensaiado alguns dias antes.
― Antes que perguntem, sim, eu comprei o restaurante porque a Kara ama churrasco ― Todos riram abertamente ― Eu sei, inacreditável, Kara ainda não acreditou, certeza ― Riram novamente ― Mas além disso, eu gostaria de agradecer a todos pela presença aqui, é um dia de festa, CatCo tem a honra de ter 4 Pulitzers a mais nessa noite, e minha querida esposa é incrível, não é? ― Indagou com um sorriso bobo nos lábios enquanto Kara sentia suas bochechas ficarem vermelhas novamente ― Parabéns meu amor, você merece.
― E, Nia, você também ― Brainy complementou, claramente nervoso.
― Então, uma noite dessas, eu levei o Brainy para conhecer alguém muito talentoso, o senhor Balthazar ― Lena sorriu ― E pedi a ele para fazer duas coisinhas muito importantes, Kar, Nia, podem se aproximar? ― Pediu e viu as duas se aproximarem um tanto confusas ― Kara, o senhor Balthazar é o joalheiro de longa data da família Luthor, ele passou anos trabalhando com joias exclusivas para nós, achei que já estava na hora de você ter a sua ― A morena tirou a caixinha de veludo negro de dentro do bolso de seu terninho e abriu-a com cuidado revelando uma gargantilha de metal NTH revestida por ouro com o símbolo da Fundação Luthor entrelaçado ao símbolo da Casa de El ― Espero que goste, meu amor.
― É perfeita, Lee ― Kara sorriu emotiva e se virou para deixar Lena colocar o objeto em seu pescoço.
― Nia ― Brainy chamou pela namorada poucos segundos depois, enquanto Kara abraçava a esposa de lado para observar os amigos.
― O que foi querido? ― Nia estava curiosa, ainda mais depois de ouvir falar sobre o Senhor Balthazar.
― Eu não sei muito bem como falar sobre isso, ou melhor, quando o assunto é você, eu perco toda a minha dicção e meu QI parece não existir ― Brincou, arrancando uma risada da namorada ― Porque eu gosto muito de você e tenho 100% de certeza que quero passar o resto da minha vida com você, se você também quiser. Então… ― Brainy se ajoelhou no chão, ouvindo os suspiros de surpresa dos convidados e a surpresa estampar os olhos de Nia ― Nia Nal, você aceita se casar comigo? ― Abriu a caixinha que vinha guardando consigo com o anel exclusivo feito para eles.
― Aceito! ― Nia sorriu emocionada e se jogou nos braços do noivo, beijando-o com fervor.
Enquanto o casal se beijava e Brainy colocava o anel no dedo da noiva, o resto do grupo comemorava abertamente, aquela definitivamente era uma ótima forma de terminar o dia.
{...}
Enquanto os casais dançavam, sob o som da música lenta que a banda tocava, Lena e Kara pareciam estar em um mundo só delas.
― Nunca imaginei que seria tão feliz quando pousei aqui ― Kara falou, sorrindo para a esposa.
Lena deu um selinho na mulher, a puxando mais para si.
― Eu também nunca imaginei que teria tudo isso ― Lena admitiu.
― Eu te amo, minha esposa ― O sorriso bobo no rosto da loira entregava toda sua felicidade e a alegria de chamar Lena de sua esposa. A morena também sorria, totalmente apaixonada.
― Eu também te amo, querida ― A morena declarou de volta, também apaixonada e completamente rendida ao amor que sentia por Kara.
― Lee, sabe… eu estava pensando ― Levemente insegura a loira fez a morena lhe encarar com maior seriedade.
― No que você tanto pensa, meu amor? ― A curiosidade evidente na voz de Lena.
― Somos heroínas, salvamos dois mundos ― A loira estava lembrando de Argo e também da Terra, todos os acontecimentos recentes ― Eu sou a editora chefe da CatCo, ganhei mais um Pulitzer e você é a CEO mais sexy e poderosa que existe. A fundação está indo bem ― A morena riu da ousadia de sua esposa ― E eu estive pensando… o que acha de pensarmos em talvez, se você quiser, claro… não precisa responder agora, você pode pensar, assim como eu pensei.
― Diga logo, Kara, está me agoniando.
― Quero ter um filho seu, Lee ― Kara pediu após reunir um pouco de coragem.
Lena levou dois segundos para entender aquelas palavras e então, um sorriso tomou seu rosto. Se alguém lhe perguntasse se ela queria ser mãe anos atrás, ela diria não. Mas agora, ali, com sua família e com Kara, Lena não tinha dúvidas.
― Então, minha sogra já lhe cobrou alguns netinhos? ― A morena tentou brincar, vendo Kara corar. ― Amor, eu quero muito ter um filho nosso.
― Eu te amo, Lee ― E tomou a esposa em um rompante, lhe roubando um beijo apaixonado. Aquele que seria apenas o primeiro beijo de uma sequência de vários que levaram a Supergirl carregar sua esposa em seus braços para a casa delas, onde finalmente veria o que havia sob aquele terno.
Continua?
Chapter 14: Sempre foi nosso destino
Chapter Text
Quando o dia amanheceu, Kara despertou. Os raios solares vermelhos iluminaram seu rosto. A loira tentou esconder-se da luz se aconchegando um pouco mais na morena, a fazendo rir.
― Esqueceu a cortina aberta de novo ― A voz de sono fez a loira deixar um beijo suave no pescoço de Lena. Kara havia se escondido sob a cortina de cabelos negros que tanto adorava. ― Bom dia, querida.
― Hum, bom dia, Lee ― Cumprimentou a loira, puxando a esposa um pouco mais para si ― Vamos dormir mais um pouquinho?
― Sabe que temos de levantar ― Lena a lembrou ― Seu pai quer falar com a gente e ainda temos outros compromissos…
― Eu sei, mas tá tão bom aqui ― Resmungou baixinho.
― Tudo bem, mais dez minutos ― A morena cedeu ― Afinal, não teremos isso depois ― Riu diante do resmungo de Kara ― Achei que estava empolgada para ser mãe, amor.
― Mas eu amo dormir com você ― Reclamou.
― Eu também. ― E deu um beijo carinhoso nos cabelos de Kara e fazendo um carinho em suas costas.
― Precisamos mesmo levantar? ― A loira resmungou baixinho, gostando daquela sensação de não ouvir todo o mundo ao seu redor.
― Você sabe que sim, querida ― Lena riu baixinho ― Seus pais já devem ter se levantado e devem estar esperando por nós duas, para tomarmos café da manhã.
― E meu pai já deve ter planejado nosso dia todinho ― Continuou no mesmo tom baixinho.
― Você conhece ele, ele se empolga ― Lena riu junto da esposa ― Vamos, vamos levantar ― Ela viu a loira finalmente assentir.
{...}
Depois de um café da manhã animado, com Kara comendo todas as suas comidas favoritas de Krypton preparadas por Kelex e Zor-El comentando animadamente sobre a agenda lotada de compromissos como fazer um passeio pela cidade ou almoçar em um dos restaurantes granfinos, o tempo no laboratório e também, a grande inauguração da estátua em homenagem a elas, as heroínas de Krypton, seria um dia bem cheio.
Quando chegaram, no final do dia anterior, Zor-El e Alura ficaram muito animados com a surpresa da filha, afinal, ela poderia presenciar a inauguração da estátua em homenagem a elas, mas quando as duas contaram o verdadeiro motivo de estarem ali, Zor-El ficou mais emotivo ainda e Alura parecia orgulhosa de sua filha, eles ficaram realmente felizes por serem os primeiros a saberem daquela decisão maravilhosa e se sentiam honrados por poderem ajudar a realizar o desejo de sua filha.
― Quando vamos chegar ao laboratório? ― Kara perguntou, um tanto impaciente, ela estava bastante ansiosa desde que chegaram porque queria fazer tudo ser perfeito.
― Logo mais, querida, antes de irmos, eu gostaria de presenteá-la com uma coisa ― Zor-El estendeu a caixinha com as cores da família para a loira e esperou ansiosamente pela reação da filha.
Kara, por sua vez, pegou a caixinha com curiosidade, abriu com cuidado e se deparou com um dos típicos cristais de Krypton, mas ela não sabia muito bem a funcionalidade daquele, afinal, existiam diversos usos em seu planeta.
― Eu sei, existem muitos usos para os cristais em Krypton ― Zor riu baixinho ― Mas, desde quando me contou o que aconteceu com a Fortaleza da Solidão na Terra devido ao ataque de Faora, eu e sua mãe começamos a trabalhar nesse novo cristal para você, filha. Com ele, poderá ter um pedacinho de casa na Terra, poderá ter a sua própria Fortaleza.
― V-Vocês, sério? ― Kara não tinha palavras para descrever o significado daquele objeto em suas mãos.
― Sim, querida, conseguimos colocar um pouco de nossas memórias, uma forma efetiva de comunicação interplanetária e um portal para facilitar nossas idas e vindas quando o primeiro filho de vocês nascer ― Zor sorriu animado ― Afinal, vou querer conhecer meu primeiro netinho de perto.
― E se for uma netinha? ― Lena indagou divertida, dando tempo para sua esposa processar as informações do presente, justamente porque entendia como ele era importante.
― Será amada do mesmo jeito ― Zor sorriu.
― Nem me toquei, se for uma menina, coitado do primeiro namoradinho ou namoradinha dela, vai ter avós kryptonianos e uma mãe kryptoniana para conquistar ― Lena quase ficou com dó de seu futuro filho ou filha naquele momento.
― Nosso bebê não vai namorar amor ― Kara cruzou os braços fazendo bico.
― Então, você percebeu quem será a mãe mais ciumenta, não é? ― Zor entrou na brincadeira.
― Vamos dizer que isso significa que ele sempre estará seguro ― Lena sorriu e beijou o bico da esposa, fazendo-a sorrir.
― Obrigada, Ukhur ― Kara agradeceu e abraçou o pai com carinho ― Significa o mundo para mim.
― De nada, Inah ― Zor apertou um pouco mais sua garotinha em seus braços, aproveitando aquele pequeno momento.
― Agora podemos ir para o laboratório? ― Dessa vez, Lena quem pediu animada.
― Vamos lá, vamos ao laboratório ― Zor riu abertamente quando as duas começaram a comemorar atrás de si, enquanto ele guiava o caminho ― Hora de ajudar minhas meninas a me darem meu primeiro netinho.
{...}
― Sejam bem-vindos a cerimônia de inauguração da estátua de nossas heroínas ― Alura desejou quando a cerimônia teve início, todos os novos membros do conselho estavam presentes, além dos cidadãos de Argo.
― Hoje ― Zor-El tomou a palavra ― Temos a honra de poder contar com a presença das nossas homenageadas ― Apontou para Kara e Lena que mantinham as mãos entrelaçadas e os sorrisos gentis nos lábios ― Kara Zor-El e Lena Zor-El foram essenciais para banir a tentativa de guerra erguida por Ursa Zod-On, sem elas não teríamos vencido porque nossos combatentes já não estavam mais prontos para guerra, viramos um povo pacífico que jamais esquecerá esta falha e será sempre grato a todos os heróis que estiveram presentes e ajudaram a salvar nosso lar.
― Contemplem a estátua que representa não apenas as nossas heroínas ou uma nova era, mas também a união da Terra com Krypton ― Alura sorriu orgulhosa da filha ― Monumentos como esses não deixam coisas importantes esquecidas.
― Obrigada ― Kara e Lena desejaram contemplando a enorme estátua das duas, A morena tinha uma das mãos erguida com uma pequena chama de sua magia saindo dela e a outra entrelaçada à da loira, representada em seu típico traje de Supergirl, ambas com sorrisos estonteantes e, a pequena placa ao pé da estátua ainda receberia suas assinaturas, era definitivamente, uma nova época em Krypton.
{...}
Quando anoiteceu, Zor-El e Alura haviam colocado a mesa farta.
― Esquecemos algo? ― Zor-El perguntou, olhando para a mesa e Alura apenas riu ao fundo.
― Você colocou praticamente todas as comidas favoritas da Kara na mesa, inclusive a comida terráquea favorita dela ― Alura apenas notou que Zor-El observou os potstickers na mesa, dentro de uma panela própria que Lena havia trazido para garantir que mesmo em Argo, os desejos da esposa pudessem ser atendidos.
― Ela agora precisa comer mais ― Falou o kryptoniano, querendo garantir que sua filha tivesse tudo que pudesse estar com vontade, ignorando a zombaria da esposa.
― Você a mima demais, Zor ― Revirando os olhos, Alura voltou para a cozinha, em busca de algumas bebidas que havia comprado mais cedo.
― Ela é minha princesinha e está carregando nosso netinho. Eu vou mimar ela para sempre, querida.
― Eu estou sentindo o cheiro de Potstickers? ― A loira perguntou, sentindo o cheiro do jantar.
― Lena trouxe aquela panela de bambu e explicou pro Kelex que deveria cozinhar no vapor ― Explicou Alura, mostrando para Kara os utensílios novos ― E pelo que posso notar, você aprova ― Riu a mãe da super-heroína vendo a filha roubar um e se deleitar com o sabor.
― Eu te amo ― A loira falou, quando viu sua morena entrar na cozinha ― Você é a melhor esposa do universo.
― Eu também te amo, amor ― Lena retribuiu, levemente surpresa e com um sorriso bobo ― Mas aconteceu algo especial?
― Kara descobriu que você trouxe a panela pros potstickers dela e está dizendo que você é a melhor esposa do mundo enquanto come todos.
― Oh, sim ― Lena riu ― Se quiser provar, sugiro que aproveite que aqui ela não dispara laser pelos olhos ― A morena viu a surpresa nos olhos da sogra e então riu quando Kara a olhou, com um beicinho ― Amor, sabemos que não divide comida, mas seus pais tem direito de provar.
― LEE…
― Kara, pare de ameaçar seus amigos com a visão laser para não dividir sua comida ― Alura a repreendeu.
― Mas… ― Kara tentou argumentar.
― Sem mais ou meio mais, mocinha ― Alura cortou a filha, tirando sua chance de retrucar.
― Alura, ela está grávida ― Zor-El tentou defender a filha.
― Por isso mesmo, precisa ensinar bons modos aos nossos netos ― A juíza explicou, vendo Lena concordar ― E nós nos encarregamos de mimá-los ― Para a alegria de Zor-El, Alura sorriu conspiratória com ele.
― Rao me ajude ― Lena suspirou seu pedido, pensando no quanto de trabalho teria pela frente, enquanto seus sogros riam.
{...}
As duas passaram apenas o fim de semana em Argo e foram muito mimadas por Alura e Zor-El, depois, quando voltaram para a Terra, a primeira missão das duas foi escolher um novo lugar para receber a Fortaleza de Kara, um pedacinho de sua casa na Terra.
Em um primeiro momento, Kara pensou em mantê-la no Ártico, era isolado o suficiente para evitar curiosos, mas Lena lhe ofereceu uma ideia igualmente encantadora em uma forma de tornar aquilo delas, como Zor-El havia pedido.
Então, quando a segunda-feira amanheceu em National City, Lena e Kara estavam de partida novamente, rumo à Irlanda. A heroína guiou as duas até uma das áreas mais remotas do País, longe dos olhos curiosos dos turistas e relativamente perto da casa onde a mãe biológica de Lena morou por tantos anos.
A floresta fechada deixava o ambiente ainda mais esplendoroso e uma enorme caverna no meio dela esperava por um novo mistério. Kara pegou o cristal recebido de seu pai e o colocou em uma das paredes da caverna antes de se afastar um pouco com Lena.
Aos poucos, elas viram o lugar se transformar completamente e se fechar para todos, deixando transparecer apenas uma pequena tela também camuflada no meio das pedras.
― Meu pai pensou até na chave da porta ― Kara riu baixinho percebendo a espécie de fechadura que apareceu ali e colocou a mão na tela, sendo identificada de imediato.
― Seja bem vinda, Kara Zor-El ― A voz robótica desejou enquanto suas portas se abriam ― Seja bem vinda também, Lena Zor-El.
― Obrigada ― As duas desejaram enquanto entravam no ambiente, ficando completamente encantadas com tudo.
Bem ao centro do local que agora parecia ainda mais alto, havia uma estátua de sua família, Alura, Zor-El, Kara e Lena como em uma espécie de foto em família, parecida com as esculturas da antiga Fortaleza da Solidão, bem como um centro de comandos similar, mas um pouco maior e apenas de olhar, Kara conseguia ver mais funcionalidades.
― Eles disseram que teríamos um meio de comunicação com eles por aqui, mas como faremos isso? ― Lena indagou curiosa observando toda aquela tecnologia kryptoniana.
― Kelex? ― Kara chamou pelo robô, se seus pais tinham criado toda aquela fortaleza, provavelmente incluíram um pequeno robô como aquele.
― As suas ordens, Sra. Zor-El ― O robô respondeu poucos segundos depois, aparecendo para as duas.
― Meu pai deixou instruções pela Fortaleza? ― Indagou.
― Sim, Kara Zor-El, Zor-El me deixou encarregado de lhes explicar como a Fortaleza funciona ― Continuou ― Diferente da antiga, nós temos um painel de controle com mais funcionalidades, eles adicionaram a possibilidade de ver o céu de Krypton ― Apertou um pequeno botão, fazendo tudo ao redor delas ficar igual ao céu noturno, como Kara sempre amou ver aquele céu, seus pais sabiam como aquilo poderia agradá-la ― Além disso, na segunda parte do centro de comandos há uma espécie de telefone intergalático que é capaz de comunicar vocês e eles.
― Obrigada Kelex ― Kara agradeceu e voltou a observar o local depois das estrelas desaparecerem novamente ― Ele também disse que temos um portal aqui.
― Não só isso, ele montou algo diferente aqui ― Lena apontou para uma nova ala que mais se parecia a uma pequena sala de televisão.
― Tem alguns cristais por aí? ― Kara indagou curiosa, imaginando o que aquilo poderia ser.
― Sim, tem vários cristais na verdade ― Lena estranhou.
― Vamos ver ― Kara sorriu animada e colocou o primeiro cristal no local correto, fazendo um holograma aparecer para elas, nele, Alura segurava um bebê em seu colo e Zor-El lhe abraçava por trás, sorrindo para o bebê ― Não acredito! ― Seu queixo caiu e ela nem sentiu quando a primeira lágrima escorreu por suas bochechas.
― É você? Quando bebê? ― Lena estava igualmente surpresa e se aproximou da esposa para abraçá-la com carinho e lhe dar apoio naquele momento.
― Sim ― murmurou baixinho ― Eles adicionaram as nossas lembranças, eu achei que tivessem perdido quando Krypton explodiu.
― Pelo visto, conseguiram recuperar ― Lena sorriu quando viu outra foto de Kara bebê aparecer ― Você era uma fofura, amor ― Sorriu boba ― Nosso bebê será lindo se puxar você.
― E será ainda mais lindo se tiver os seus olhos ― Kara confessou, completamente apaixonada pela esposa e passou um pouco o tempo pelas fotos ― Essa é do meu primeiro dia na escola ― Riu baixinho ao se ver em um traje típico de Krypton com o sorriso perfeitamente alinhado ― Meus pais contam que eu não deixei eles dormirem um dia antes de ir para a escola, eu estava muito animada em ser uma cientista como meu pai.
― Uma mini cientista, que fofa ― Lena riu abertamente e apertou as bochechas da esposa, vendo-a ficar completamente vermelha ― Adorável.
― Pelo menos não temos esse costume estranho da Terra de tirar fotos de bebês peladinhos ― Kara suspirou aliviada ― Ou eu definitivamente morreria de vergonha.
Lena voltou a gargalhar abertamente, enquanto passava o tempo ainda mais pelas fotos, era incrível poder conhecer aquele lado de sua heroína e, agora, elas tinham um lugar especial para adicionar ainda mais memórias.
{...}
Depois de conhecerem a nova Fortaleza de Kara, elas voltaram às suas rotinas normais e o tempo se passou. Algumas semanas se passaram e elas continuavam esperando algum sinal de que tudo havia dado certo, mas a loira ainda não havia sentido nada de diferente em seu corpo, seus sentidos continuavam da mesma forma, ela continuava comendo da mesma forma e não havia sentido absolutamente nada de diferente até aquele dia.
A pedido de Cat, Kara estava terminando de revisar uma matéria importante que precisava entrar na próxima edição da revista, todos os seus colegas de trabalho pareciam muito mais barulhentos naquele dia e isso estava começando a tirar a heroína do sério, ou melhor, estava lhe dificultando de conseguir se concentrar e ela não conseguia progredir em seu trabalho. Isso estava deixando Kara extremamente frustrada e a pobre caneta em suas mãos se despedaçou rapidamente sem que ela percebesse.
― Por Rao? ― Indagou para si mesma largando os pedaços da caneta em sua mesa e massageou suas têmporas tentando entender porque todos pareciam tão barulhentos naquele dia.
― Kiera, você conseguiu terminar de revisar a… ― Cat se parou quando percebeu a postura de Kara, a loira parecia um tanto irritada? Ela não sabia muito bem se essa era a palavra certa, mas parecia ser.
― Não Cat, não consegui ainda, o que aconteceu que hoje estão todos tão barulhentos? ― Indagou realmente irritada com o barulho em seus ouvidos.
― Na verdade, eles estão até mais silenciosos ― Cat estranhou ― Está tudo bem, Kara? ― Resolveu se aproximar quando viu a loira levar as mãos até os ouvidos com um pouco mais de força do que o necessário.
― Os barulhos não param ― Kara sussurrou, sentindo-se sobrecarregada com todos os sons da cidade, como quando ainda não controlava seus poderes, mas pior, porque ela não conseguia focar em nada para lhe ajudar.
― Eu vou chamar Lena ― Cat avisou fechando as persianas da sala de Kara para afastar os curiosos e tirou o telefone do bolso.
Menos de 30 minutos depois, quando Lena chegou, claramente preocupada, Kara continuava com a mesma posição, a testa encostada na mesa fria de metal NTH, os olhos fechados e as mãos tapando os ouvidos.
― Kar? ― Lena se aproximou com cuidado e tocou sua mão na da loira ― O que houve?
― Não consigo controlar minha audição ― Confessou baixinho, sentindo uma dor quase insuportável em seus ouvidos.
― Vamos para casa ― A morena sugeriu, elas tinham feito sua casa ser adaptada para as mais diversas ocasiões e isolamento acústico era uma delas ― Vem ― Ajudou Kara a se levantar com cuidado e sussurrou algumas palavras de conforto para sua esposa.
Foram mais alguns minutos de tortura para Kara até chegarem em casa e a loira fez questão de deitar em sua cama e esconder o rosto com o travesseiro, aproveitando a paz e o silêncio daquele lugar.
Enquanto Kara descansava, Lena colocou uma roupa confortável e foi para a cozinha. Pegando alguns ingredientes, a morena colocou o forno para aquecer, enquanto começou a picar os tomates. Com a precisão adquirida para cozinhar, Lena iniciou o preparo de um molho. Ela fritou alho e cebola, depois colocou os tomates e água. A massa, ela não queria fazer, pensando em Kara comer logo. Então, a massa pronta logo foi para a forma, junto das colheradas do molho que ela preparou, a carne e o queijo. Kara sempre amou lasanha. Lena aprendeu a preparar somente pela esposa.
― Amor, a lasanha está quase pronta ― anunciou baixinho, quando entrou no quarto e notou Kara com a respiração suave.
Porém, quando Lena abriu a porta, o cheiro do alho, misturado ao da cebola e ao tomate. Um enjoo acometeu seu corpo e a loira disparou para o banheiro, sem notar, em supervelocidade.
― Kara, o que houve? ― Lena correu para acompanhar a mulher, a vendo vomitar. Se ajoelhando ao lado da esposa, a morena segurou os cabelos da kryptoniana e fazendo um carinho suave em suas costas.
Quando a loira se sentiu melhor, elas levantaram e Lena ajudou a loira a lavar o rosto e colocou pasta na escova de dentes. Kara escovou os dentes e depois, se permitiu abraçar.
― O que está havendo comigo? ― Kara perguntou baixinho, enquanto Lena a abraçava fortemente. ― Nunca me senti mal ao sentir o cheiro da sua lasanha.
― Querida, o que acha… ― Lena perguntou, retirando o teste que havia comprado na farmácia de dentro do armário. Elas nem sabiam se funcionaria, mas não custava tentar.
― Você acha? ― Kara parecia um tanto insegura.
― É uma possibilidade, você está enjoada com o cheiro de comida que você ama, perdeu controle dos poderes e bem… a gente está tentando e não temos certeza se funcionou. ― Lena a lembrou e a loira a olhou, com a dúvida deixando seus olhos.
― Acho que podemos tentar então ― Kara aceitou e pegou o teste de farmácia. Ela foi para o banheiro e quando terminou, elas esperaram pelo resultado juntas.
{...}
Quando o segundo traço surgiu no teste de gravidez, após Lena e Kara ficarem encarando o pequeno pedaço de plástico com ansiedade por alguns minutos.
As duas se olharam emocionadas.
― Lee…
― O que nós fazemos agora? ― Perguntou a morena, olhando a esposa, ainda sem acreditar.
― Hm, Lee… está certo? ― Kara não conseguia conter as lágrimas.
― Querida, vamos para a fortaleza? Vamos confirmar com Kelex? Ele deve ter uma forma de garantir.
― Qual a chance desse teste estar errado?
― Para humanas, costuma haver uma margem de apenas 1% de erro ― Lena leu na embalagem ― Vamos confirmar com Kelex agora, porque eu tenho certeza que você está grávida.
― Eu estou grávida, Lee ― Kara falou emocionada, com algumas lágrimas deixando seus olhos.
― Sim, você meu amor. Você está enjoada, seus poderes estão bagunçados e amor, deu positivo ― As duas trocaram um abraço, sorrindo e suas lágrimas caindo.
Levou algum tempo para elas sentirem que precisavam sair daquele abraço e tomar ações práticas.
― Lee, não posso voar. Meus poderes não estão sob meu controle, seria perigoso ― Kara lembrou, preocupada ― Como vamos chegar até o Kelex?
― Vamos de portal, querida ― Lena riu, acionando o relógio e abrindo um portal para chegarem até a fortaleza de Kara. A fortaleza delas.
{...}
― Seja bem vinda Kara Zor-El ― Cumprimentou o robô kryptoniano. ― Bem vinda Lena Zor-El.
― Olá Kelex, tudo em ordem? ― Kara o cumprimentou.
― Tudo está como deixou, minha senhora ― o robô respondeu ― Em que posso ajudá-las?
― Como podemos confirmar a gestação de Kara? ― Lena perguntou ansiosa.
― Venham comigo ― Convidou e as levou até uma câmara, onde o scan começou a varrer o corpo de Kara.
― Kara Zor-El, estou lendo nos registros que você está com seus níveis hormonais alterados. Esses níveis representam que você está gerando o herdeiro da Nobre Casa de El ― O robô informou, fazendo Lena correr para os braços de Kara e a envolver. Kara se deixou envolver e juntas, elas trocaram um beijo apaixonado, envoltas em sua felicidade. ― Devemos avisar Zor-El e Alura Zor-El?
― O que acha? Quer fazer a chamada?
― Quero contar a Alex primeiro ― Pediu a loira, timida ― Podemos contar para meus pais depois?
― Claro amor, como você quiser ― A morena concordou, sorrindo e abraçando Kara mais uma vez.
― Kelex, porque meus poderes estão descontrolados? ― Kara se lembrou de perguntar enquanto ainda abraçava Lena.
― Pelos meus conhecimentos, durante uma gestação humana, as mulheres costumam ficar com os seus sentidos aguçados, como o olfato, por isso se sente enjoada com coisas que a senhora Zor-El gosta de comer, em Krypton, quando ainda haviam mulheres grávidas, acontecia a mesma coisa ― Kelex explicou.
― Então não é algo que eu possa controlar? ― A loira quis saber.
― A princípio, não, porém posso pesquisar para as senhoras uma forma de estabilizar seus poderes Kara Zor-El.
― Tudo bem Kelex, obrigada ― As duas suspiraram baixinho.
― Por hora, o melhor é evitar usar seus poderes, Kar ― Lena comentou colocando uma mecha dos cabelos dourados atrás da orelha da esposa e viu-a assentir ― Então, pronta para contar a novidade para nossa família? ― Trocou de assunto em uma tentativa de animar a loira.
― Alex não vai desmaiar quando souber, não é? ― Indagou baixinho ouvindo a morena gargalhar abertamente.
― Aposto 5 pratas que ela vai desmaiar quando descobrir.
― Lena! ― Kara resmungou divertida.
― Tudo bem, eu lhe dou uma bela porção de potstickers depois, ela desmaiando ou não ― Se rendeu.
― Oba! ― A heroína sorriu abertamente lembrando do gosto maravilhoso de sua comida favorita.
― Interesseira ― Acusou enquanto abria um novo portal com seu relógio.
― Lee! ― Lena não olhava para a esposa, mas era capaz de ver atrás de si, o bico fofo de sua heroína.
{...}
Ao invés de irem para casa e buscarem o carro ou aproveitarem o motorista delas, as duas resolveram continuar com os portais e abriram um na porta de Alex e Kelly, esperando encontrá-las ali.
― Elas estão assistindo desenho com a Esme ― Kara pontuou, um tanto nervosa.
― Você quer contar só para Alex? ― Lena tentou entender o nervosismo da esposa.
― Não, quer dizer, eu pensei em contar primeiro para ela, mas elas já estão ali e eu sei que a Esme vai adorar a novidade e…
― Kara, respire, querida ― Lena riu baixinho e beijou os lábios da loira com carinho ― O que acha de bater na porta e deixar as coisas acontecerem?
― Tudo bem ― Kara respirou fundo e pediu para Lena bater, afinal, ela não queria quebrar a porta da casa da irmã.
Lena bateu na porta apenas duas vezes e logo elas foram atendidas por uma Kelly maquiada de forma infantil e com os cabelos um tanto bagunçados.
― Oi meninas, entrem ― Deu espaço para elas entrarem no apartamento ― Desculpem a bagunça, estamos brincando de cabeleireiro.
― É maquiador mamãe ― Esme corrigiu a mulher com um sorriso estonteante nos lábios ― Oi dindinha, oi tia Kara ― Se aproximou das duas e abraçou suas pernas com carinho, aproveitando o aconchego do abraço de suas tias favoritas.
― Espera, Eliza está aqui também? ― Kara indagou, percebendo o batimento cardíaco tão característico de sua mãe adotiva.
― Como você sabe? ― Alex indagou curiosa antes de bater na própria testa ― Duh, superpoderes né ― Riu abertamente e se aproximou das duas para cumprimentá-las devidamente, a ruiva estava um pouco mais arrumada.
― Ué, sis, ainda não passou pela sua maquiadora profissional? ― Kara provocou a irmã.
― Sabe como é, alguém precisa ajudar Eliza na cozinha ― Continuou na brincadeira.
― A vovó está fazendo biscoitos, tia ― Esme contou animada.
― Hm, eu bem gostaria de comer alguns biscoitos da mamãe agora ― Kara pontuou desejosa.
― Eu ouvi que alguém quer comer biscoitos? ― Eliza indagou aparecendo na sala com uma travessa cheia de biscoitos.
― Oi mãe ― Kara desejou se aproximando de Eliza e abraçou ela com carinho antes de roubar cinco biscoitos de uma vez só.
― Deixe de ser exagerada, mulher ― Alex resmungou.
― Deixe sua irmã ― Eliza brigou com Alex.
― E dizem que uma mãe não tem a sua preferida ― A ruiva continuou resmungando.
― Chore mais, sis ― Kara riu terminando de engolir o terceiro biscoito que comia, o gosto parecia ainda melhor naquele dia.
― Nossa, Lena, você não alimentou sua esposa? ― Kelly brincou ao ver o apetite voraz da loira.
― Alimentei, acha que eu ia deixar minha mulher com fome? ― Lena revirou os olhos divertida.
― Ifo está muifo gosfofo ― Kara elogiou de boca cheia com um sorriso contente que logo sumiu de seu rosto quando ela sentiu o mesmo enjoo anterior voltar com tudo e, novamente, ela correu em supervelocidade para o banheiro, com Lena indo atrás pouco depois enquanto Alex, Eliza, Kelly e Esme tinham caras confusas ― Eu não acredito que me fez vomitar os biscoitos maravilhosos da mamãe ― Kara resmungou chorosa, conversado com sua própria barriga.
― Como se sente? ― A morena indagou um tanto preocupada com a esposa.
― Eu estou indignada com esse desperdiçador de comida ― Continuou no mesmo tom choroso ― Você é meu bebê, devia amar comida, não desperdiçar ― Fez o maior bico.
― Espera, bebê? ― Eliza indagou chocada, ela tinha ido atrás das duas para saber o que tinha acontecido.
― Vou dar couve a você, querida, vai que ele puxou meu paladar? ― Lena tentou brincar.
― Seu bebê traíra ― Kara choramingou ainda observando a própria barriga, alheia demais para ter ouvido a pergunta de sua própria mãe.
― O que houve? ― Alex perguntou e estranhou quando viu a mãe congelada em seu próprio lugar ― Mãe?
― Kara ficou enjoada ― Lena explicou e ajudou a esposa a levantar.
― Esse bebê é um traíra que desperdiça tudo o que eu como ― A loira respondeu ainda chorosa.
― Espera, espera, bebê? ― Alex parecia perplexa com a notícia.
― Bebê? Quem vai ter um bebê? ― Kelly se juntou a elas.
― Nós vamos ― Lena sorriu.
― Lena! Era para eu contar que estou grávida ― Kara cruzou os braços e fez bico como uma criancinha.
― Mas você contou amor, enquanto falava com nosso bebê ― Lena tentou se defender.
― Espera, tia Kara, eu vou ganhar um priminho para brincar comigo? ― Esme indagou ainda mais animada naquele momento.
― Vai sim, meu amor ― Kara sorriu abertamente para a sobrinha e apertou a menina em seus braços com cuidado e carinho.
― Oba! ― Sorriu animada e depois de se soltar do abraço com Kara, fez o mesmo com Lena ― Mas onde está o bebê? ― Indagou curiosa.
― Na minha barriga, querida ― Kara respondeu tocando em seu ventre.
― Como ele foi parar aí? ― Inclinou a cabeça em pura curiosidade.
― Então, querida, em Argo, existe um equipamento especial que serve para unir uma sementinha minha e outra de sua tia para gerar um bebê que pode crescer na minha barriga ou na da sua tia, ela quis muito deixá-lo crescer na barriga dela, então, agora, nosso papel é cuidar direitinho dela ― Lena explicou pacientemente.
― Pode deixar tia Lena, nossa missão será perfeitamente concluída ― Prometeu e voltou a abraçar Kara.
― Eu fico tão feliz por vocês, queridas ― Eliza sorriu boba ― Eu vou ser avó de novo.
― E-Eu…
― Quebramos a sua irmã, querida, devo me preocupar? ― Lena indagou baixinho para a esposa.
― Alex? ― Kara chamou pela irmã um tanto insegura, sem saber se aquela atitude de Alex era algo bom ou ruim.
― Estou muito orgulhosa de vocês sis ― Alex sorriu abertamente e abraçou a irmã e a cunhada com carinho.
― Vai me fazer chorar ― Kara resmungou quase limpando as lágrimas de seu próprio rosto.
― Agora, vamos comemorar essa gravidez ― Kelly falou animada e as meninas foram puxadas até a sala por uma Esme animada demais para falar com o bebê dentro da barriga de sua tia Kara.
{...}
O jantar daquela noite prometia na casa de Kara e Lena. Depois de contar a novidade para Alex, a loira pediu a Lena para mandar Kelex convidar seus pais para jantar. Com os recursos da fortaleza, os pais de Kara chegaram à Terra na hora combinada.
Eliza havia decidido ir com Kara e Lena para a casa delas. A loira mais velha queria ficar mais com a filha e mimar sua nova neta. Ela voltaria mais tarde para ficar alguns dias com Alex e sua família. Porém, naquele momento, sentiu que precisava estar com Kara.
A loira não se opôs e a ruiva concordou com a mãe ir com Kara. Havia muito que talvez elas precisassem falar. Alex apenas sorriu, pensando se depois, poderia falar com Lena sobre o processo e se elas seriam capazes de replicar. Ver Kara radiante despertou uma antiga vontade que ela tinha.
Então, quando a lua tomou o céu e a campainha soou, Kara soube que seus pais haviam chegado.
A mesa estava posta e Eliza e Lena conversavam no andar térreo da casa. Elas estavam falando sobre todos os afazeres, inclusive, Eliza estava comentando com Lena sobre o pré-natal.
Elas haviam concordado que Alex realizaria os exames e então, em breve, teriam as primeiras fotos: o ultrassom. Lena ouviria o som do coração de seu bebê batendo. Kara havia tentado mais cedo, mas a dificuldade de controlar os poderes não permitia que a loira focasse no batimento cardíaco em sua barriga. Então, ela vinha evitando procurar novos sons, se mantendo naqueles já tão bem conhecidos.
― Querida, seus pais chegaram ― Lena chamou, sabendo que Kara a ouviria.
― Estou descendo. ― Avisou a loira.
― E então, como estão? ― Eliza perguntou cumprimentando Alura e Zor, iniciando uma conversa por vários minutos, até Kara aparecer na escada, vestindo um soltinho vestido de verão.
Lena foi até a escada e estendeu a mão para a esposa. Kara aceitou e quando pisou no último degrau, a loira deu um suave beijo na bochecha de sua esposa.
― Está pronta? ― A morena perguntou, vendo a esposa um pouco ansiosa.
― Está comigo? ― Questionou a loira, sorrindo.
― Para sempre ― A morena afirmou segurando a mão de Kara.
― Então, estou pronta ― A loira virou-se para seus pais, caminhando para abraçá-los.
― Olá querida ― Zor-El a cumprimentou, seguido por Alura ― E então, temos novidades? ― Perguntou ansioso.
― Zor, se contenha ― A juíza pediu, tentando disfarçar sua própria ansiedade.
― Você também está ansiosa, Zhao ― retrucou o kryptoniano.
― Vamos Kara, fale logo ― Pediu a kryptoniana se rendendo ― E então?
― Yeyu, deu certo ― a loira respondeu, indo para o abraço dos pais. Eliza e Lena observavam, enquanto os kryptonianos continuavam emocionados.
― Está feliz? ― Eliza perguntou para Lena, baixinho.
― Muito feliz ― Respondeu a morena, aceitando o abraço da loira mais velha.
Aquele jantar prometia ser uma noite memorável. Só falta Alex e Kelly chegarem para a festa estar completa.
Continua…
Chapter 15: No tempo certo
Notes:
Notinhas do Ale
Começou com uma one, era um plot que foi mudando e mudando. E foi ficando esquecido no docs, cheio de poeira. Ai resolvemos tentar escrever essa one. Pois é, quinze capiutlos depois, aqui esta o final finalmente hahah. Fico feliz por cada um que acompanhou a jornada que tivemos até aqui e nos deixoou seu carinho. E obrigado bb, a vc, por dividir esse plot doidinho comigo. Foi incrivelNotinhas da Bia
Oi oii gente, tudo bem com vocês? Espero que sim viu
Da saga o aniversário é meu, mas o presente é de vocês, veio muito aí o último capítulo de The Secret Marriage, estão prontos para esse pequeno evento? Já vou avisando que talvez precisem de insulina e também de lencinhos
Antes que digam, já é o último capítulo? Como o Ale disse, era pra ser uma one, mas essa fic foi simplesmente crescendo e crescendo e, de repente, vocês tem 14 capítulos de bônus hahahah, então saibam que esse é o final definitivo dessa fic
Espero de coração que gostem e se divirtam como eu e o Ale nos divertimos
E, bb, o prazer foi meu, fazer essa história foi uma das loucuras mais incríveis do mundo
Boa leitura a todos
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
― Então, eu vou ser tia? ― Cat perguntou para Lena e Kara, surpresa. As duas estavam em seu escritório e Cat parecia levemente incrédula ― E eu não posso gritar para o mundo que o baby mais poderoso da história deste planeta está sendo gerado pela Supergirl neste momento? ― Cat questionou, confirmando sua suspeita.
― Não estou com controle total dos meus poderes ― Kara falou ― E acabo ficando vulnerável e nosso bebê pode acabar em perigo.
― Supergirl sem poderes, anotado ― Cat pensou alto ― Vou mandar contratar mais três seguranças para CatCo, por precaução e redobrar o aviso do elevador ser exclusivo para nós duas e Lena.
― Obrigada Cat, mas não acha que é demais? ― Kara questionou, preocupada de Cat se empolgar.
― Demais seria eu impedir a Cat de fazer isso, quando criei tudo isso ― Lena falou, mostrando a maleta que trazia consigo para as duas loiras a sua frente. Quando Lena a abriu, Cat sentiu seu queixo cair e Kara ficou a olhando intrigada ― Aqui, um relógio de portal para cada uma ― Entregou o primeiro acessório ― E, para você, Cat, esse blaster pode te ajudar a proteger Kara se alguma coisa deu errado. Sei que fez aulas de tiro com John Joss e atira muito bem.
― Andou fazendo sua pesquisa, Sra Luthor-Danvers ― Cat sorriu, pegando o blaster.
― Vocês não estão exagerando? ― A loira indagou, assustada com todo armamento.
― Você, meu amor, ganha esse traje novo ― Lena colocou a pulseira no braço de Kara e o ativou. O traje que envolvia a loira era diferente, parecia mais leve e também, mais energizado, por assim dizer ― Esse traje é feito de uma combinação de cristais kryptonianos que seu pai me entregou e um pouco de magia.
― E eu contratar seguranças parecia um exagero para você, Sra Luthor-Danvers ― Cat sorriu, vendo a loira corar.
― Estou perdida com vocês duas ― Resmungou baixinho.
― O importante é que esteja segura, Kara ― Lena lhe lembrou.
― Tudo bem ― Suspirou baixinho.
― É assim que se fala, agora, que tal donuts? ― Cat sugeriu.
― Hm, eu adoraria uma bela caixa daqueles donuts agora ― Sorriu desejosa, passando a mão na própria barriga.
― Mickey ― Cat chamou pela nova secretária.
― É Mackenzie, srta. Grant ― A jovem tentou lhe corrigir pela milésima vez.
― Nem tente ― Kara tentou aconselhar ela, enquanto Lena ria baixinho.
― Quero que vá buscar uma caixa de donuts para Kara, o mais rápido possível ― Ordenou.
― Para Kara? Mas eu sou sua secretária, Srta. Grant ― A menina estava confusa.
― Quer continuar sendo? ― Viu a menina assentir rapidamente ― Então mostre que sabe cumprir ordens ― Ordenou e viu a garota se retirar da sala como um furacão.
― Vão perceber que você tem uma favorita, Cat ― Lena brincou divertida.
― O que importa? Eu vou ser tia ― Cat comemorou animada e, pela primeira vez em anos, abraçou Kara com livre espontânea vontade, deixando a loira com o coração quentinho.
{...}
Depois de deixar todos os seus amigos saberem da novidade, Kara e Lena passaram a curtir cada pequeno momento juntas da gravidez, elas choraram quando Alex lhes colocou para ouvir o coração de seu bebê pela primeira vez durante a primeira ultrassom e Kara poderia dizer que estava surtando com tanta proteção por parte de todos, mas também estava agradecida porque significava que seu bebê estava seguro.
Aos poucos, eles voltaram às suas rotinas e cobraram de Kara e Lena uma noite de jogos para comemorar a novidade. Então, elas decidiram convidar Cat e Andrea também para trazer as mulheres para seu convívio já que Cat estava fazendo tanto por elas e ainda garantindo seu segredo sobre o bebê até que Kara estivesse novamente no controle total de seus poderes, o que não demoraria a acontecer.
Sendo assim, Andrea e Lena ficaram responsáveis por buscar Kara, Cat e Nia para a noite de jogos no fim do expediente e nenhuma delas esperava encontrar alguns poucos jornalistas no local.
― O que você faz aqui? ― Andrea não esperava o tom rude de um dos seus ex-funcionários, mas pelo visto, era mais odiada do que imaginava ― Perdeu seu poder, querida ― Sorriu irônico.
― Eu vim ver a minha mulher, não que seja da sua conta ― Andrea sorriu sarcástica ― E, você, vai perder seu emprego e qualquer chance de continuar trabalhando como jornalista, seu imprestável.
― Está demitido ― Cat não gritou, ela simplesmente apareceu, impressionando o jornalista que saiu correndo.
― Eu ganhei poder, querido ― Resmungou divertida mesmo sabendo que ele provavelmente não lhe ouviria.
― Céus, eu criei dois monstros ― Lena suspirou coçando a nuca enquanto procurava Kara com o olhar pela empresa e sorriu abertamente ao vê-la caminhando até si, correspondendo de bom grau o beijo em seus lábios segundos depois.
― Precisamos ir ― Cat lhes lembrou ― Nura, cadê você? ― Chamou por Nia que era a única que faltava ― Não podemos deixar Kara com fome esperando pela boa vontade dessa garota aparecer.
― Cat, se acalme, você mandou Mackenzie me servir um lanche tem uma hora ― Kara riu divertida.
― Me acalmar? Você come por dois agora, querida, precisa se alimentar direito. Luthor, como você aparece de mãos vazias? Ia deixar sua mulher passar fome até que horas? ― Cruzou seus braços utilizando sua pose autoritária contra Lena que apenas arregalou a sobrancelha.
― É senhora Zor-El agora ― Lena respondeu ― E, eu não vi de mãos vazias, trouxe chocolates para Kara, estão no carro ― Pontuou como se fosse óbvio.
― Nia, vamos, Lena trouxe chocolate ― Gritou a amiga querendo ir para o carro comer seus amados chocolates.
― Vamos ― Nia resmungou ― Mas, sério que você já está com fome? ― Pontuou quase indignada.
― Ela está grávida, Nura, ela come por dois kryptonianos ― Cat pontuou como se fosse óbvio.
― Não seriam por vinte, não? ― Andrea entrou na brincadeira enquanto Kara cruzava os braços e um bico se formou em seus lábios.
― Você por acaso ficou maluca? Perdeu o medo de morrer? ― Lena arregalou os olhos ficando quase preocupada com a mulher, pois as mudanças de humor de Kara ainda eram bruscas e ela ainda tinha poderes, afinal.
― Kira, você não vai jogar minha mulher da sacada, por favor ― Pediu ― E você ― Apontou para Andrea ― Não fale do meu futuro protegido.
― Ra! Eu sabia que Cat Grant tinha uma favorita ― Nia pontuou animada.
― Conte para alguém e ela decepa você ― Lena lhe lembrou.
― Ela não faria ― Nia estreitou os olhos.
― Faria sim ― As meninas responderam juntas, deixando Nia levemente preocupada com aquilo.
{...}
Quando escolheram aquela casa, uma das coisas que Kara e Lena decidiram era que seria uma casa para compartilhar com os amigos e a família. Era uma casa para eles estarem juntos e aproveitarem.
O bar era quase sempre o destino certo de Alex e Andrea, junto a Lena. Juntas, as três mulheres haviam descoberto seu gosto comum pelas bebidas que Lena escolhia para compartilharem. Enquanto Kelly e Esme estavam na cozinha, junto de Cat, Kara e Nia, preparando algumas coisas. A menininha havia se encantado por Cat e parecia que a rainha da mídia também estava conquistada.
― Quando Kara me disse que estava grávida, confesso que fiquei preocupada ― Alex admitiu, somente para Lena e Andrea escutarem.
― Ela é a Supergirl, afinal ― Andrea tentou tranquilizar Alex, não com ironias ou menosprezando a situação toda ― E a outra mãe desse bebê é Lena Luthor, afinal ― Completou e arrancou risos da ruiva.
― Por ser Lena Luthor a outra mãe que estou mais tranquila ― Alex surpreendeu a morena mais uma vez ― Sei que faria de tudo para protegê-los ― Sorriu, fazendo Lena disfarçar sua emoção.
― Ela faz ― Andrea respondeu ― Mas Cat ainda é mais atenciosa, pelo que vimos hoje, ela faz todo mundo da empresa servir sua irmã.
― Cat olha pra pessoa e decide na hora se é jornalista, garçom ou entregador ― Lena riu, lembrando de quantas vezes alguém saiu correndo para buscar algo para Kara, sob ordens de Cat Grant ― E ela nem lembra o nome de todos eles direito, só importa se é alguém que se move, porque nem trabalhar pra ela, precisa mais ― A morena tinha razão, Cat era impossível quando se tratava dos desejos de Kara. ― Muitas vezes, nem me dá tempo de chegar para atender os desejos loucos da sua irmã.
― Quero ver quando Kara recuperar controle total dos poderes ― Andrea mencionou, lembrando da loira voando por aí.
― Ela não vai voar com meu sobrinho por aí ― Alex reagiu, com medo da loira decidir ir buscar comida na Europa ou Ásia.
― Eu não pensei sobre ISSO quando aceitei ela grávida ― Lena lamentou ― E manter ela no chão vai ser bem complicado, ela sente falta de voar ― A morena estava cansada, notou Alex ― Ela quer voar, ela sente falta de lutar pela cidade, defender a todos e só eu sei quantas vezes tive que acordar de madrugada para fazer lasanha para ela comer a forma inteira e vomitar tudo depois.
― Quem mandou engravidar minha irmã, Luthor ― Alex provocou, fazendo Andrea rir.
― Fazer o que se sua irmã é uma grande gostosa? ― Provocou a Luthor de volta ― Nem sempre dá tempo de lembrar de proteção com aqueles dedos fortes e aquele corpo sarado.
― CHEGA, CHEGA, CHEGA ― Alex gritou, saindo a passos largos e bufando.
― Traumatizando sua cunhada, Leninha? ― Indagou a latina, rindo.
― É meu segundo passatempo favorito ― Andrea apenas riu, sabendo bem qual era o primeiro da lista de Lena.
{...}
― Um beijo pelos seus pensamentos ― Lena pediu, observando sua esposa quieta demais depois que elas deitaram na cama para dormir e a morena continuou fazendo carinho na pequena protuberância que era a barriga de 4 meses de sua esposa, o tempo parecia estar voando.
― Eu sei que não podemos esconder a gravidez até nosso bebê nascer, mas como vai ser quando contarmos? ― Indagou baixinho sentindo o carinho de Lena em sua barriga, ela podia sentir que o bebê dormia naquele momento, pois ele estava calmo e graças a Rao ela já não se sentia tão enjoada e conseguia lidar com seus poderes de forma plena novamente.
― Como assim, querida, o que lhe preocupa? ― Lena voltou a olhar dentro dos olhos azuis da esposa.
― Que tentem fazer mal ao nosso bebê ― Confessou baixinho, sendo completamente sincera ― Eu tenho muitos inimigos e, querendo ou não, estou gerando nosso bebê e me deixando ser vulnerável por isso, e se alguém quiser se aproveitar e tentar fazer mal a nós?
― Hey, lembra como você achou exagero seu traje novo, os seguranças a mais e todas as precauções que Alex instituiu no DEO? ― Viu a loira assentir ― Nós fizemos isso porque também temos medo de alguém tentar fazer mal a vocês, vocês são tudo para mim, querida ― Foi sincera em suas palavras ― Nós estaremos juntas e Cat irá concordar comigo se não quiser trabalhar na sede da empresa por alguns dias depois de contarmos.
― Eu não quero faltar o trabalho porque estou grávida, não me parece justo ― Resmungou baixinho.
― Eu sei, querida ― Lena beijou sua testa e logo depois seus lábios em um selinho carinhoso ― Nós vamos cuidar de você e ninguém irá fazer mal ao nosso bebê ― Garantiu, segura de suas palavras.
― Você acha que é um menino ou uma menina? ― Indagou baixinho, querendo mudar de assunto enquanto o sono não vinha.
― Não tenho ideia ― Riu baixinho ― Mas vou amar de toda a forma, vou levar ele ou ela com seu pai até os laboratórios, fazer ele amar livros e ciência e se tiver seu pequeno gênio, será um grande herói um dia.
― Oh, e se for um kryptoniano mago? ― Kara sorriu animada enquanto Lena ria abertamente.
― Só se ele for imune a magia, querida ― Lena lhe explicou.
― Não fizemos isso indiretamente quando cruzamos nosso DNA? ― Indagou realmente curiosa.
― Não tenho certeza, querida, mas podemos verificar depois ― Lena lhe explicou ― Agora, vamos descansar, amanhã essa grande notícia nos espera.
― E Cat vai poder gritar aos quatro ventos ― Sorriu levemente e voltou a se aconchegar nos braços de Lena com cuidado, antes de finalmente se deixar adormecer.
{...}
― Não tinha mais como esconder mesmo ― Alex falou, colocando o jornal na mesa onde Lena e Kara apareciam abraçadas saindo de um restaurante. A foto de capa focava na barriga da super-heroína.
― Mas não queria que fosse assim ― Resmungou a loira, chateada.
― Bem, amor, você estava desejando tanto comer em uma churrascaria que não tinha jeito. Eu não queria nosso pequenino nascendo com cara de filé de wagon ― Lena retrucou dando de ombros ― E agora, é ligar pro meu RP e fazer um pronunciamento oficial, não é mesmo? ― Lena falou observando a manchete: “Uma Luthor e uma Super Grávidas".
― Cat vai ter um dia cheio e seu RP, mais ainda ― Alex brincou, rindo, enquanto Kara fazia beicinho ― Não me olhe assim, Kara ― Censurou a ruiva ― Você estava com desejo e sua esposa não te nega nada.
― Mas aquele casaco disfarçava super bem ― Resmungou, baixinho e Lena riu.
― Sim, ele disfarçou até o mês passado, amor ― Lena respondeu ― Mas agora, nosso pequenino está crescido e seu corpo sempre foi… esguio ― Lena concluiu, tentando evitar deixar Kara chateada novamente.
― E lá vai ela, me falando que estou gorda, de novo ― Reclamou a loira, mais uma vez, jogando as mãos pro alto e pisando duro. ― Já não basta Cat querendo minha cabeça por esse furo de reportagem, minha esposa fica me chamando de gorda.
― Boa sorte ― Alex gesticulou com a boca, sem saber exatamente como Lena conseguiria se livrar daquela.
― Não, Kar, amor você não está gorda ― Lena caminhou atrás da loira e fez ela olhar em seus olhos ― Desculpe se fiz parecer isso e, veja, eu tenho certeza de que Cat não vai ficar uma fera com você, ela te ama e está fazendo todas as suas vontades e protegendo você, porque ela ficaria uma fera?
― Porque ela não gritou aos quatro ventos sobre o nosso bebê ― Fungou ainda chateada.
― Ela ainda pode fazer isso, podemos fazer uma entrevista exclusiva quando descobrirmos o sexo do bebê, tenho certeza de que ela vai gostar da ideia, o que acha? ― Tentou contornar a situação.
― Eu sei o que está tentando fazer ― Resmungou limpando seu rosto.
― E está funcionando? ― Lena indagou com um sorrisinho leve em seus lábios.
― Só se me levar para tomar sorvete ― Murmurou no mesmo tom e Lena sorriu abertamente, isso ela poderia fazer.
― Vamos, meu amor ― Esticou a mão para pegar a de Kara.
― Kara, precisa parar de comer só besteiras ― Alex resmungou, mas parou ao ver o olhar quase mortal de Lena e Kara para si ― Ok, ok, bom sorvete ― Se rendeu e se retirou resmungando baixinho que um dia elas ainda iriam matá-la de tanto estresse.
{...}
Na correria de atender os desejos de Kara, tocar seus negócios e dar exclusivas a Cat Grant, a descoberta do sexo do bebê acabou ficando para o sexto mês, pois Kara havia ficado na duvida se queria ou não saber.
Lena, com toda paciência do mundo, aguardou a loira decidir que finalmente queria para descobrirem.
― Então, maninha, finalmente chegou o momento ― Alex falou, empolgada. Como médica, ela respeitava a escolha de Kara. Como tia, era outra história. Alex queria comprar mimos para aquele pequeno bebê, mas como precisava guardar o segredo do sexo que ela sabia há algum tempo já, tinha que se policiar em varios momentos.
― Será que podemos ouvir o coraçãozinho, primeiro? ― Pediu a loira, emotiva, aquele com toda certeza era o seu momento favorito de toda consulta.
― Claro ― Alex ligou o áudio e aproveitou o momento junto a irmã e a cunhada. Era um de seus momentos favoritos da consulta, também.
O som que tomou a sala fez Kara e Lena se emocionarem mais uma vez. Um pequeno choro tomando as duas. Havia aquela felicidade de saber que eles estariam juntos em breve e a curiosidade do rostinho era bem grande.
― E então, futura mamãe, pronta para saber mais sobre nosso pequeno bebê? ― Indagou Lena, tentando ocultar sua curiosidade. Por Kara, Lena havia esperado, mas queria montar o quarto e precisava decidir tantos detalhes ainda.
― Pronta ― Kara afirmou, apertando a mão da esposa.
― Então, estão prontas? ― Alex perguntou, fazendo suspense.
― Estamos ― Falaram juntas e Alex sorriu.
― Parabéns mamães, vocês serão mães de um pequeno menininho comilão e arteiro ― Alex revelou, as parabenizando.
― Um garotinho ― Kara sorriu boba olhando nos olhos de sua esposa ― Que vai ter os seus olhinhos verdes…
― E o seu sorriso contagiante ― Lena continuou com o mesmo sorriso bobo em seus lábios ― Agora podemos começar a montar o quartinho dele.
― E eu posso mimar meu sobrinho, obrigada ― Alex riu divertida e completamente animada ― Ele está completamente saudável, sis, vamos continuar com as mesmas recomendações de sempre.
― Eu sei, esse pequeno traíra desperdiçador de comida e amante de couve ainda vai me pagar ― Kara resmungou baixinho se lembrando de quando acordou com vontade de comer couve ou pior, brócolis.
― Ele puxou a mamãe, amor ― Lena riu abertamente da careta de Kara enquanto ajudava Alex a limpar a barriga da esposa ― Nós amamos você, meu amor ― Lena comentou para a barriga de Kara e deixou um beijo ali antes de cobrir a barriga da loira.
― Ele está chutando ― Kara riu baixinho e trouxe a mão de Lena para onde o bebê chutava ― Ele definitivamente gosta de atenção.
― Puxou as mães, afinal ― Alex brincou ― Agora podemos contar a todo mundo e descobrir quem ganhou a aposta?
― É claro que apostaram no sexo do nosso filho ― Lena revirou os olhos divertida ainda sentindo seu bebê chutando contra sua mão ― Seus tios são as pessoas mais loucas que você vai conhecer filho ― Cochichou.
― E mais amorosas também ― Kara completou ― Oh, e superprotetores, mas você já vai ter duas mães assim, não precisamos adicionar eles à lista por hora.
― Precisa sim ― Alex resmungou antes de sair do consultório apenas para gritar que tinha ganhado a aposta.
{...}
Quando Kara chegou, no começo do oitavo mês, em casa, após um longo dia na CatCo, ela reparou em duas coisas diferentes: A casa estava escurecida, com flores espalhadas no chão traçando um caminho e havia uma música suave tocando.
A loira descalçou seus saltos, que apesar de baixos, estavam incomodando o dia todo por conta de seus pés inchados.
― Amor? ― Chamou a loira, seguindo a trilha de pétalas de rosa espalhadas pela casa.
O caminho terminava na porta do banheiro delas. Ao abrir, Kara encontrou Lena sentada na borda da banheira, com uma mão na água, como se checasse a temperatura.
Haviam velas espalhadas pelo ambiente e a música tocava baixinho. Lena vestia um roupão branco.
― Oi, meu amor ― A morena se levantou e se dirigiu até a esposa. Kara apenas a observou. ― Deixe-me te ajudar com isso ― Lena pediu, indo para as costas da loira e puxando o blazer da loira. Kara permitiu que a esposa a despisse, sentindo que Lena guiou suas mãos para os botões de sua camisa, soltando os três e então, indo para a barra e a tirando por sobre sua cabeça.
Lena respirou fundo, contemplando as costas nuas de sua esposa, dando um beijo em sua pele sedosa e então, envolvendo a loira em um abraço.
― O que pretende, Sra Zor-El? ― Kara tentou soar provocante, mas sua voz estava trêmula.
― Que relaxe, Sra Zor-El ― E seguindo o ritmo que havia criado, a morena terminou de despir a loira e então, a conduziu para a banheira, onde ajudou Kara a entrar e sentar. Despindo então seu roupão, a morena entrou também e começou uma massagem nas costas da loira, arrancando suspiros da esposa. ― Eu te amo ― Declarou, dando um beijo nos ombros de Kara.
― Eu também te amo ― Kara sorriu, deixando seu corpo relaxar, enquanto Lena continuava sua massagem ― E estou bem feliz que ainda me deseja assim ― A loira disse, suspirando, quando sentiu o toque de Lena descer de seus ombros para seus seios.
― Acredite, é impossível deixar de desejar você ― A morena respondeu, puxando a loira para um beijo apaixonado.
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Como combinado entre Alex, Kara, Lena e Zor-El, quando Kara fez exatamente 37 semanas de gravidez, elas entraram pelo portal da nova fortaleza delas e foram rumo a Argo, ali Kara não teria poderes e assim poderia ter um parto mais fácil e longe dos olhos da mídia, o que era bom para as duas.
Além disso, Zor-El não podia deixar seu primeiro netinho nascer longe dele, ele não aceitaria menos do que isso e ainda pôde aproveitar o final da gravidez da filha e foi uma experiência enriquecedora para dizer o mínimo, ele não entendia como sua garotinha podia estar sempre tão emocional e não sabia como Lena conseguia lidar tão bem com ela, era uma confusão, se pudesse ser sincero, ele podia, se Kara não estivesse ouvindo, claro, ou ela choraria, pela milésima vez no dia.
Graças a parte, não demorou muito para que Kara entrasse em trabalho de parto em Argo, elas estavam almoçando no restaurante favorito da loira em família quando ela sentiu o líquido escorrer por suas pernas, ela já estava sentindo um certo desconforto desde a noite anterior, mas não falou nada porque não queria preocupar ninguém, mas agora ela sabia, seu bebê estava chegando.
Eles correram como loucos até o hospital, onde o médico já esperava por elas. Eles fizeram o primeiro atendimento e Kara agradeceu por não ter poderes ali, ou ela destruiria a mão de sua esposa durante o parto pela dor que atravessava seu corpo a cada contração.
Ela prestou atenção nas coordenadas do médico e tentou manter sua respiração calma, mas não era nada fácil. Então, quando ela achava que não ia conseguir, Lena lhe dava um pouco de sua força, lhe dizendo palavras carinhosas, sobre o quanto estava orgulhosa e o quanto os amava. Durante o último “eu te amo” de Lena, o pequeno garotinho nasceu, cortando o barulho da sala com seu choro alto e persistente.
― Seja bem vindo ao mundo, pequenino ― O doutor sorriu segurando o bebê e logo o envolveu em um pano seco para depois colocá-lo sobre o peito de Kara, o primeiro contato entre os dois era muito importante.
― Hey, querido ― Kara sorriu cansada, observando os pequenos olhinhos verdes lhe observando atentamente.
― Seja bem vindo ao mundo, meu amor ― Lena desejou com carinho, acariciando os poucos cabelos loirinhos do bebê, antes de deixar o médico colocar a pequena touca nele.
― Quer cortar o cordão, Lena? ― O médico ofereceu e a morena assentiu, fazendo como instruído a ela.
― Agora, podem me contar o nome do bebê? Precisamos colocar na pulseirinha dele ― A enfermeira pediu com um sorriso largo em seus lábios, faziam anos desde o último parto ocorrido em Argo, esse momento, era como um evento histórico.
― Kayron-El Danvers Luthor ― Lena respondeu por elas com um grande sorriso ― Todos os heróis da Terra começam com K.
― Mas o seu começa com L, Lee ― Kara sorriu encantada, apesar do cansaço.
― Mas todos os Supers, começam com K, nada mais justo que o nosso pequenino também receba essa honra ― Contou ― O nome vem do Irlandês e significa…
― No tempo certo ― Kara completou ― Como tudo que aconteceu conosco, Kayron veio no tempo certo.
― Sim, querida ― Lena sorriu abertamente ― E eu amo vocês ― Confessou, ela sentia uma felicidade enorme em seu peito, como se o mundo pudesse explodir dentro de seu peito de tanta alegria.
― Nós também amamos você, mamãe ― Kara confessou baixinho, aproveitando um pouco mais do contato de sua família consigo, porque aquele era apenas o primeiro dia do resto de suas vidas.
FIM.
Notes:
Espero de coração que tenham gostado da história tanto quanto nós gostamos
Nos vemos nos comentários
Biia e Ale
Lesuri on Chapter 1 Mon 12 Dec 2022 05:56PM UTC
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CoveiroSensei on Chapter 1 Mon 12 Dec 2022 07:27PM UTC
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DutchgirlCollege on Chapter 1 Fri 11 Aug 2023 09:25PM UTC
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CoveiroSensei on Chapter 1 Sat 14 Oct 2023 03:11AM UTC
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Wanhedasupercorp on Chapter 6 Sun 06 Nov 2022 11:52PM UTC
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CoveiroSensei on Chapter 6 Mon 07 Nov 2022 02:15AM UTC
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robmac61 on Chapter 8 Thu 01 Dec 2022 11:46PM UTC
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CoveiroSensei on Chapter 8 Fri 02 Dec 2022 08:03PM UTC
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