Chapter Text
Não aconteceu como nos filmes de herói. Não teve nenhum herói correndo a tempo de pegar a donzela pendurada pelo pulso a tempo de a pobrezinha perder as forças das pontas dos dedos e unhas e cair. Não.
O Demolidor, ou melhor, Matt ouviu desamparado Foggy despencar do quarto andar. Ele ouviu o grito breve e se pudesse ver, a última coisa que ele veria seriam os olhos arregalados de seu parceiro antes de seu destino. Ele sentiu o rastro de seu perfume, suor, sangue e medo despencando e sendo interrompido pelos sons de ossos se partindo, carne dilacerando e órgãos sacudindo quando o corpo de Foggy atingiu o concreto naquele final de tarde ensolarada.
“Você vai sair, mas já? Nós nem fechamos.” Foggy seguiu Matt pelo escritório enquanto o homem cego vestia o paletó e partia para a saída, desarmando a bengala. “O sol nem se pôs, Matt. Você vai arriscar sair-- “Ele sussurrou. “com a máscara?”
Matt se virou e sorriu na direção de Foggy.
“Eu vou ser cauteloso.” Ele deu uma tapinha no ombro de Foggy que não significava nada mais que não estou pedindo sua permissão. Passamos dessa fase a alguns anos, esqueceu?
Foggy suspirou desanimado e derrotado apenas sorriu tristemente.
“Se cuide então, preciso de você.” Ele sorriu docemente e Matt o segurou pelo pulso, sentindo a pele fina e quente.
Os toques sempre foram um conforto para ambos desde que se conheceram na faculdade.
Porém foi somente depois daquele dia de verão quente que Foggy disse emocionado, com verdadeira paixão que não queria perder Matt e Matt simplesmente passou o dia pensado nisso.
À noite, Matt apareceu no apartamento minúsculo de Foggy e se sentou ao lado dele na cama. Foggy, com o sono pesado, não percebeu Matt hesitantemente correndo os dedos pelos seus cabelos compridos.
Sonolento, ele se aconchegou naquele carinho e Matt sorriu, sentindo que ali estava todo seu mundo e ele havia perdido tanto tempo quando ele podia ser tão feliz ao lado de alguém que sempre o amou e que ele sempre amou de volta.
Então, quando Foggy acordou com os olhos turvos de sono, ele apenas se deparou com uma figura ao lado de sua cama. Mas ele sorriu, pensando se tratar de um sonho e Matt partiu.
No dia seguinte, em seu escritório, Matt contou a ele e Foggy riu nervosamente. Matt não queria que isso virasse um hábito estranho, mas ele queria continuar sentido Foggy nas pontas de seus dedos para sempre.
“Você precisa de melhores trancas nas suas janelas.” Matt provocou e Foggy riu ainda mais.
“Não acho que os bandidos de NY tenham dons ninjas como os seus, seu espertinho.” Foggy caminhou com papéis nas mãos.
Porém, Matt se aproximou suavemente e disse com reverência.
“É sério Foggy, eu não quero perder você. Seja mais cuidadoso.” Ele o segurou pelo pulso.
“Olha quem fala.” Foggy provocou de volta, mas ele soou tenso em vez de brincalhão e Matt fechou a distância. Foggy aceitou isso como um convite e ambos se beijaram docemente.
Foi só questão de dias para que Foggy se mudasse para o lugar de Matt e Matt amava encontrar o homem que ele sempre amou em sua cama depois de algumas patrulhas. Ele amava que agora, agora sim ele tinha um lar.
Então Matt beijou a testa dele e partiu.
Foggy voltou para sua sala e preparou uma papelada apenas para fins de pesquisa para um cliente que havia ligado a meia hora e que Matt disse que Foggy, competente como ele era, poderia lidar com isso sozinho.
Não demorou muito para o suposto cliente chegar. Ele não bateu, apenas atravessou a porta e se dirigiu a sala de Foggy e Foggy sentiu um frio na espinha.
“Senhor Nelson, você está lembrado de mim?” O homem grande, corpulento disse sem um sorriso. Foggy manteve a calma.
“Desculpe?” Ele fingiu com um apertar de olhos. Ele sabia muito bem quem era ali na frente dele.
“O seu parceiro cego fechou meu estabelecimento.” O homem disse parado em frente a Foggy.
“Não, a justiça fechou seu estabelecimento ilegal. Matt apenas representou uma cliente cujo o cônjuge faleceu dentro do carro que vocês instalaram o filtro de ar. A justiça encontrou muitas outras irregularidades...”
Antes de Foggy terminar a frase, o homem puxou Foggy da cadeira pelo colarinho e o arrastou.
Foggy gritou, mas os outros escritórios estavam vazios.
“Socorro!” Foggy gritou. “Me solte...”
“Você faz ideia do prejuízo que você me causou? Meu filho teve que sair da faculdade por sua culpa.” O homem o jogou na estante com força, e os livros caíram em cima de Foggy. “Minha esposa teve que começar a trabalhar e ela está cansada, doente por sua culpa.” Zonzo, Foggy tentou se levantar, apenas para ser puxado pelos cabelos pelo homem que lhe transferiu um soco que o lançou novamente no chão. Novamente, ele tentou se arrastar para fora, porém o homem segurou um punhado de seu colete e o levantou, o arrastando pelo corredor em direção a escada que dava acesso ao telhado.
Foggy tentava alcançar o pulso do homem sem sucesso. Ele estava zonzo, suas vistas turvas e ele não tinha alcance nem forças para se livrar do aperto do homem.
Por fim, o homem em questão arrastou Foggy para o telhado.
“Me solta. Nós não temos nada... ahhg. Me solta!”
Foggy tentava alcançar as garras do homem, mas sempre que tentava se soltar o homem alto e forte que o lembrava Fisk o segurava em qualquer parte que pudesse agarrar machucando a carne do advogado.
Por fim, Foggy se soltou quando a manga de sua camisa rasgou. Foggy cambaleou e tentou correr com as mãos apoiadas no chão de cascalho do telhado, mas o homem o puxou pelos cabelos e o arrastou de volta e o empurrou até a borda do telhado com as duas mãos apertando sua garganta o estrangulando.
“Solte ele!”
Matt gritou sem fôlego e o homem virou-se para encarar Matt.
“Deixe-o! É a mim que você quer!” Matt ordenou novamente e o vento que bagunçava os cabelos de Foggy e os dele tornavam uma tarefa difícil se concentrar nos batimentos cardíacos para antecipar os movimentos daquele homem.
Foggy já não tinha forças para tentar se soltar do aperto do homem em seu pescoço e suas vistas falharam. Ele não estava respirando.
“Se você não o soltar você vai preso por tentativa de homicídio. E de que um pai de família é útil na prisão?”
Matt o persuadiu com as duas mãos erguidas tentando o acalmar e chegar perto para impedir o homem de soltar Foggy.
Com isso o homem refletiu e respirou fundo soltando o aperto do pescoço de Foggy que soltou uma chocou uma quase respiração engasgada.
O homem se afastou com passos desanimados.
“Fodam se vocês dois.” Ele passou por Matt e Matt correu até Foggy desesperadamente.
Foggy tentava puxar uma respiração, mas era inútil, ele perdeu a consciência.
Matt sentiu o corpo do homem na borda ficando mole e pendendo para trás.
“Foggy!” Matt tentou esticar o braço o mais rápido que pôde, mas não chegou a tempo de Foggy despencar do quarto andar.
Notes:
Título e inspiração enquanto eu ouvia Saturn de Marianne Beaulieu
Chapter 2: Nelsons
Summary:
Matt lida com algumas desconfianças ao passo que Foggy luta pela vida
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Foggy tinha a mania de beliscar a pele dos dedos quando estava ansioso. Ele tomava respirações longas e mordia o lábio inferior, arrancando a pelinha solta.
Matt aprendera a catalogar aquele homem desde que se conheceram, mas somente nos últimos dias ele passou a anotar cada pequeno gesto e a refletir como cada detalhe nele formavam a pessoa que ele mais amava no mundo.
O tranquilizando, Matt colocou a mão por cima da dele.
Foggy mantinha as mãos de baixo da mesa de jantar na casa dos Nelsons.
Ele havia ligado para sua mãe e dito que levaria Matt para o jantar.
Eles estavam acostumados a ter Matt, de modo que Foggy simplesmente não sabia como interromper o fluxo de conversa borbulhante e contar a eles que finalmente Matt havia se dado conta que eles se amavam e que deveriam ficar juntos.
Com um olhar ávido, Anna encarou o filho e inconscientemente, todos na mesa ficaram em silêncio.
“O que está acontecendo, querido?” Anna questionou.
Foggy engolia nervosamente, vermelho como um tomate.
Theo os encarou como que esperando eles admitirem que estavam falidos e precisando de dinheiro para a conta de luz. Essa não seria a primeira vez.
Foggy tomou uma respiração e Matt, sem hesitar, e pelo bem do coração de seu recém namorado, Matt apenas levantou a mão com os dedos de Foggy entrelaçados nela.
“Oh.” Ed exclamou e riu batendo palmas e Theo correu para pegar algo especial para brindar.
Anna colocou as duas mãos na boca e se levantou, puxando os dois em um abraço e chorando disse: Finalmente!
Matt massageou a pele fina do pulso de Foggy com o polegar, sentindo toda a ansiedade do homem saindo pelos poros.
“Não entendo por que você estava tão preocupado.” Matt disse ao lado de Foggy enquanto abria a porta de seu apartamento. “Sua família é tão compreensiva.”
Ele tirou os óculos e os colocou na mesa de entrada.
“Nossa família e...” Foggy suspirou. “Não sei.” Foggy partiu para o quarto tirando o casaco. “Tive receio de haverem muitas perguntas do tipo, por que demoraram tanto para fazer isso?”
Matt riu e se aproximou. Foggy fechou a distância.
Com um toque gentil em sua bochecha, Matt o beijou suavemente.
“Eu sou idiota.”
Ele afirmou depois de se separarem.
Foggy riu e juntou as testas.
“Eu sei.” Ele sussurrou.
Matt procurou os lábios de Foggy e o beijou profundamente.
Juntando seus corpos, Matt começou a desabotoar a camisa de Foggy que gemeu mostrando o pescoço como um convite e Matt beijou e mordeu seu maxilar.
Congelando, Matt sentiu o coração do homem batendo mais forte como das outras vezes. Não era por excitação ou antecipação, no entanto.
Matt se afastou e respirou, levemente desapontado, porém compreensivo.
“Eu vou esperar quando você estiver pronto e cem por cento certo disso.” Matt o beijou na testa.
“Me desculpe.” Foggy corou envergonhado.
“Oh, meu amor. Não há nada com o que se desculpar.” Matt segurou o rosto de Foggy e o beijou docemente.
“Eu tenho medo de você se cansar de mim.” Foggy admitiu com a voz aguada e olhar triste.
“Eu nunca, nunca vou me cansar de você. E sempre temos outros meios.” Matt riu maliciosamente e dessa vez o coração de Foggy bateu ansiosamente e ele riu.
Nunca havia passado pela cabeça de Matt que Foggy nunca havia dormido com um homem.
Ele estava honrado em ser o primeiro. Mas ele ia fazer isso apenas quando Foggy estivesse seguro.
Correndo, Matt desceu pelas escadas até a rua onde pessoas se aglomeravam em cima de um corpo em uma poça de sangue no concreto.
Felizmente, havia uma pessoa chamando uma ambulância.
Matt ouviu algumas pessoas sussurrando.
“É o senhor Nelson!”
“Jesus, ele caiu lá de cima.”
“Ele está morto?”
Matt correu e, empurrando um par de pessoas, ele se abaixou.
Havia muito sangue. Uma perna de Foggy estava torcida de um modo que deixava claro que estava quebrada. O braço direito escondido debaixo de seu corpo em posição fetal; a clavícula quebrada. O quadril fraturado. Um possível traumatismo.
Matt parou de catalogar os ferimentos para se concentrar na pulsação fraca.
“Aguenta firme meu amor, por favor, a ambulância está chegando.”
Matt sussurrava palavras sem sentido de encorajamento. O cheiro enjoativo de cobre do sangue de Foggy inundando os sentidos.
“Você é tão forte. Você vai sair dessa. Você é forte, corajoso...” Matt dizia, orava sem poder ao menos tocar em Foggy.
O único conforto que ele conseguiu, foi tirar o cabelo que cobria metade do rosto de Foggy.
“Deus, não tira ele de mim.” Chorando desesperadamente, Matt pediu aos céus.
*
Anna foi a primeira a chegar na emergência. Theo ainda estava estacionando e Ed sempre tinha um andar mais lento e por isso, ficou para trás.
Avistando Matt, ela se apressou e o chamou.
Matt virou o rosto na direção dela.
Ela estava eufórica, ofegante e com medo.
Atrás dela, os dois homens se apressaram o máximo que os passos lentos de Ed permitiam.
“Como ele está?” Ela perguntou a Matt.
O rosto de Matt amassou e seus lábios tremeram e Anna o abraçou.
“Como foi que isso aconteceu?” Ed questionou Matt.
Ele soou irracionalmente duro e Anna interveio.
“O que aconteceu Matt? Como ele caiu do terraço? O que ele estava fazendo lá?”
Ela perguntou com urgência.
Os lábios de Matt tremeram.
“Eu- eu não estava no escritório... Mas cheguei a tempo de sentir que havia algo estranho e ouvi os gritos vindos do andar de cima. Havia um homem... E ele-- meu Deus...” Matt se sentou novamente, tentando ouvir o máximo que podia a sala onde Foggy estava sendo operado naquele momento.
Ao passo que Anna se sentou ao lado dele, Theo puxou o pai pelo braço e sussurrou.
“Ele está sempre deixando Foggy sozinho.” O homem mais jovem disse com indignação.
“Você acha que...” Ed olhou para Matt por cima do ombro de Theo. “Não. Matt não seria capaz.”
Theo apenas deu de ombros.
As sobrancelhas de Matt se levantaram até a altura da linha do cabelo.
Foggy adormecera no sofá mais uma vez.
Matt perdera a conta de quantas vezes disse para Foggy não se preocupar e não esperar por ele voltar de suas patrulhas.
Depois de tirar o capacete, Matt se abaixou e tirou o cabelo da testa de Foggy.
“Ei. Vamos para o quarto.” Ele falou baixinho com afeição.
Foggy abriu os olhos lentamente.
“Que horas são?”
Ele sempre perguntava as horas. Era como se dissesse a Matt: Olha só a hora que você está chegando em casa!
Ele só não queria soar como uma dona de casa desesperada, no entanto.
“É tarde.” Matt disse, apenas.
Foggy se sentou lentamente e depois de procurar quaisquer indícios de sangue ou dor em Matt, ele perguntou:
“Você está ferido?”
“Não. A noite foi tranquila.” Matt falou calmamente e andou com Foggy até o quarto deles.
Matt ouvia Foggy respirando tenso na cama enquanto ele tirava o resto do traje e depois tomava um banho morno.
As coisas poderiam ser mais fáceis se Foggy não fosse tão sensível. E se Foggy fosse se sentir assim todas as noites, ele ia acabar colapsando. E eles estavam morando juntos a apenas dez dias.
Foggy não dormiu.
Matt apenas o deixou relaxar em silêncio, monitorando sua respiração. Mas Matt sempre soube que Foggy nunca conseguia deixar um assunto para depois.
“Matt.” Foggy chamou baixinho no escuro do quarto.
Matt apertou os braços ao redor de Foggy e o puxou para mais perto.
“Hm?”
“Eu não sei se consigo continuar fazendo isso.” Foggy chorou. “Me desculpe.”
Matt apenas respirou atrás dele e beijou sua nuca.
Chorando, Foggy continuou.
“Eu tenho tanto medo. Tenho medo de um dia você não voltar para casa... para mim. E agora que eu finalmente tenho você, eu não quero te perder... de novo.”
Gentilmente, Matt virou Foggy para ficar de frente a ele.
“Eu vou voltar. Eu sempre vou voltar. Eu prometo.”
Matt o beijou solenemente.
Depois de se separarem, Foggy enterrou o rosto no peito de Matt e finalmente adormeceu.
“Matt, eu te trouxe um café.” Anna chamou entregando um copo de café para ele e se sentando novamente ao lado dele enquanto aguardavam por quaisquer notícias.
Matt por sua vez, ouvia tudo que se passava com Foggy. Era angustiante ouvir impotente a carne de Foggy sendo cortada, o som de seus ossos sendo recolocados em seu lugar e os bipes ao mesmo tempo em que os médicos falavam trivialidades com tanta naturalidade.
Theo e Ed de braços cruzados andavam de um lado ao outro.
“Obrigado.” Matt segurou o copo sem a intenção de beber.
Ela se mexia desconfortavelmente e Matt sentiu Ed e Theo olhando na direção deles. Matt se preparou, endireitando a espinha.
“Matt, filho...” Ela mordeu o lábio inferior e Matt inclinou a cabeça em direção a ela.
Anna respirou algumas vezes e depois clicou a mandíbula, se calando.
“Estou te escutando, Anna.” Matt pediu tristemente. Seus olhos fitando o chão.
“É só que...” Ela tomou mais uma respiração profunda e se levantou. “Não é nada. Só estou com medo.” Ela disse se afastando.
Medo e mentira soavam distintos nos ouvidos de Matt embora ela não estivesse mentindo.
Ele não poderia lidar com desconfiança dos Nelsons agora.
"Onde está Matt dessa vez?” Theo perguntou quando se dirigia a porta do apartamento 6A.
Ele costumava trazer cortes de carnes frescos todas as quartas-feiras e Matt aparentemente nunca estava em casa.
Curioso e levemente desconfiado, Theo passou a ir em horários da noite diferentes e depois dias diferentes com desculpas diferentes apenas para provar a si mesmo sua desconfiança não era mera especulação.
Então, como bom Nelson que era e cansado de segurar para si, Theo resolveu investigar.
Foggy apenas respirou fundo.
“Cara, eu adoro Matt.” Theo adicionou. “Mas você não acha estranho ele ir para academia, tarde da noite?”
“Theo, apenas pare, okay. Eu confio em Matt.”
Theo o encarou por uns segundos e Foggy odiou a expressão de dó que seu irmão tinha no rosto.
Matt ouviu quando o cirurgião afirmou que o paciente estava pronto para ser levado a U.T.I.
Isso pelo menos o fez respirar um pouco aliviado. Foggy tinha superado essa etapa.
Os sons ao lado dele estavam abafados e ele só conseguia se concentrar em Foggy respirando por um tubo agora.
Eles tinham superado tanta coisa. Eles iam superar mais isso também.
Notes:
Sem beta, me avise por favor caso encontre um erro ou algo incomum.
Chapter 3: A Estrela
Summary:
“Não desiste de mim.” Foggy disse com os braços ao redor de Matt e com a cabeça em seu peito.
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“Ele vai ficar bem. Vai ser uma longa jornada, mas ele vai ficar bem.” O médico assegurou.
Matt sentiu uma mão firme em seu ombro. O homem mais velho perguntou se mais algum familiar gostaria de entrar com Matt.
Ed e Theo encararam Anna que prontamente se apressou ao lado dos dois homens, rumo ao quarto de U.T.I onde Foggy se encontrava.
Foggy dormiu no sofá mais uma vez. Matt respirou fundo e afastou o cabelo que cobria metade do rosto do homem.
Havia comida no micro-ondas o esperando. Matt nunca tivera alguém para lhe fazer comida caseira desde da morte de seu pai. Na maioria das vezes, ou ele pegava uma cerveja, ou apenas se arrastava para sua cama, cansado até os ossos. Mas ali estava uma refeição cheirando tão bem e feita com tanto cuidado e carinho.
Isso não estava funcionando.
Com a ponta do polegar, Matt sentiu os cílios de Foggy ainda húmidos e sua face fria e pegajosa. O homem chorou até cair no sono... mais uma vez.
Matt disse para Foggy não o esperar, mas o homem era ansioso e preocupado.
Matt o cobriu e partiu para um banho.
“Matt?” Matt ouviu Foggy chamando do banheiro. “Você está aí?”
Com a toalha ainda enrolada em seu corpo, Matt partiu para o quarto para se vestir.
“Sim, querido.” Ele respondeu simplesmente.
“Eu não te vi chegar.” Foggy bocejou.
Ele se sentou no sofá e Matt se aproximou apenas para beijar ele nos lábios.
“Eu não queria te acordar. Essa foi a primeira vez que você não me esperou acordado.”
“Acho que estou ficando velho.” Foggy riu sem humor.
Matt se ajoelhou em frente a ele e segurou sua mão com as duas mãos e a beijou. E, oh meu Deus, o homem começou a chorar.
“Foggy, você não tem que ficar me esperando toda vez, eu sei me cuidar.”
“E- eu não consigo, eu me preocupo tanto.” E lá estavam aqueles olhos azuis esverdeados cristalinos e chorosos que Matt tanto amava, mas que estavam tornando tudo tão difícil.
Matt respirou fundo e se levantou.
“Vamos para cama.” Ele segurou o homem pela cintura.
Matt se sentiu sendo guiado pelo som de Foggy respirando por um tubo em sua boca. Os bips e cheiros atingiram Matt antes mesmo que ele entrasse no quarto.
Ele se segurou para não correr em direção a Foggy. Anna segurou a respiração e a soltou lentamente.
“Vou deixar você sozinhos com ele.” O médico se retirou.
“Matt.” Anna disse suavemente e o segurou pelo cotovelo, o guiando desnecessariamente.
Matt sentia a subida e descida do peito de Foggy tão ritmada, tão superficial.
Ele se aproximou e estendeu a mão lentamente.
Matt sentiu uma faixa enrolando a cabeça do homem.
Imitando o movimento de Matt, Anna tocou o rosto do filho. Ele tinha os olhos inchados e roxos negros ao redor. A perna esquerda erguida em gesso e o braço direito com gesso também.
“Matt, ele--” Anna soluçou. “Matt, meu filhinho. Meu filhinho... Matt... Por que...”
Matt engoliu pesadamente.
Felizmente, ela não podia “ver” o quão machucado ele estava internamente.
Tão logo Anna levou as duas mãos na boca em um soluço contido, Matt se inclinou e beijou a testa do homem. Ele sussurrou “me desculpe.” E o coração de Foggy não mudou em nada a frequência.
“Quem fez isso com ele, e porquê?”
Ela perguntou a Matt e Matt lutou para ignorar o tom acusatório em sua voz.
“Eu não, eu não sei.” Matt permaneceu em silêncio depois disso. Lágrimas descendo atrás dos óculos
“Não desiste de mim.” Foggy disse com os braços ao redor de Matt e com a cabeça em seu peito.
Matt sentia o aroma do shampoo do homem e do rastro de sexo e suor e gozo depois que ambos se beijaram e tocaram até seus limites como dois adolescentes.
Foggy ainda não se sentia seguro o suficiente para perder virgindade com Matt.
Matt, traçava padrões nas costas do homem e beijou o topo de sua cabeça.
“Nunca.”
“Eu vou passar a noite com ele.” Matt disse a Anna, encarando o homem na cama.
Anna se aproximou dele e colocou uma mão em seu ombro.
“Por favor me avise... qualquer coisa.”
Ambos se retiraram do quarto para que Ed e Theo entrassem.
“Matt,” Anna disse baixinho no corredor dos quartos.
Matt apenas inclinou seu rosto para ela.
Ela respirou fundo, sempre tão sincera.
“Foggy te ama tanto. Me desculpe, mas não acho que você o ame na mesma medida.” Ela o encarou tristemente e aquilo doeu mais em Matt do que os golpes que ele levava na noite.
Theo olhou o relógio de pulso impacientemente e encarou o irmão mais velho do outro lado da sala cheia.
Passara das dez e Matt deveria estar lá as oito.
Com o rosto vermelho de vergonha, Foggy ligou pela décima ou vigésima vez para Matt, sem resultado. Até que algo nele clicou.
Ele procurou em sua agenda aquele número salvo com o ícone do diabo.
Matt, ou melhor, o Demolidor atendeu no segundo toque.
“Matt. Onde você está!” Foggy sussurrou na cozinha da casa dos Nelsons.
Os sons da família barulhenta de Foggy encheu os ouvidos de Matt.
“Eu-estou indo.” Ele soou sem fôlego.
“Meus pais estão preocupados. Eles querem saber por que não chegamos juntos. E... eu não gosto dos olhares tristes das pessoas para mim.” Foggy colocou uma mão entre a boca e o celular, numa tentativa frustrada de não ser ouvido pelos arredores.
Matt respirou e Foggy ouviu ele correndo esbaforido, provavelmente pulando de telhado em telhado.
“Eu- eu já... estou... chegando.” Matt repetiu entre fôlegos curtos e Foggy desligou. Quando ele se virou, Theo o estava encarando de braços cruzados.
“Então...” Ele perguntou com uma sobrancelha erguida.
“Então o que.” Foggy perguntou com os ombros caídos.
“Onde ele está?”
“Ele está vindo, Theo.”
Theo balançou a cabeça devagar
“O que ele está fazendo de tão importante para não estar presente? São as bodas de nossos pais, eu achei que ele queria estar na família, mas ele nem se importa. Ele não se importa com que é importante para você.” Theo acusou.
Foggy clicou a mandíbula e passou por Theo, esbarrando no ombro no homem mais jovem.
“Matt está vindo, ele só teve um imprevisto no metrô.” Foggy repetiu a mentira coxa para mãe.
Ele odiava mentir para sua mãe, e a mentira era tão vaga, tão sem graça, que era obvio que ela o encararia com pena. Ela colocou uma mão no queixo dele com compaixão e se retirou.
Enquanto os Nelsons riam, bebiam, comiam e celebravam, Foggy apenas estava no quintal olhando as estrelas.
A estrela, na verdade. Porque com a poluição de Nova Iorque, ele tinha sorte em poder ver apenas um ponto brilhante no céu.
“E então, como vai o namoro?”
Foggy se virou para encarar a tia Beth.
A senhora baixinha e gordinha e cigana de cabelos loiros avermelhados e desgrenhados que morava no México e só se mudou para Nova Iorque há poucos meses. Ela era tão diferente da maioria dos Nelsons.
Ele sorriu ao ver ela com um copo de cerveja na mão e um charuto na outra.
“Estamos bem.” Ele disse sem graça.
“Onde ele está? Eu ainda não tive a oportunidade de conhecer ele. Apenas por fotos e... reputação.” Ela segurou uma risada.
“Ele está vindo. Matt tende a perder a hora às vezes”. Foggy disse a ela e isso era uma verdade.
Ela o examinou por um tempo.
“Por que...”
“Perdão?” Ele piscou
“Por que agora? Digo, por que ele só descobriu agora que quer ficar com você?”
“Uau.” Ele riu, “vocês andam mesmo falando sobre mim."
“Um pouco,” ela deu de ombros. “Sabe como são os Nelsons...”
“Mas você não é uma Nelson...” Foggy levantou uma sobrancelha divertida.
“Detalhes,” ela riu. E imediatamente ficou séria, “você não me respondeu.”
Foggy respirou fundo e se virou para encarar aquela única estrela no alto.
“Não sei, talvez ele tenha ficado velho e sem opções.” Foggy nunca havia pensando nisso, mas saiu de seu peito tão naturalmente que parecia que fazia sentido agora.
“Bobagem,” Ela riu. “Ele não me parece um cara sem opções.”
Foggy respirou e abraçou o meio de seu corpo.
“Às vezes eu não sei o que ele viu em mim. Às vezes eu acho que ele apenas sente pena e católico como é, ficar comigo é uma caridade...” Ele deu de ombros.
“Você diz isso de novo e eu vou enfiar esse charuto no seu--"
Foggy deu uma pequena risadinha pelo menos.
“Mas é verdade. Talvez se eu fosse mais... menos...” Foggy gesticulou no ar se depreciando em silêncio, “ele teria mais motivos para ficar.”
“Você acha que ele não te ama?”
Foggy pensou por um momento.
Não havia motivos para Matt manter ele se não o amasse. Mas era como se ele sempre estivesse em segundo plano na vida de Matt.
Ele não era egoísta. Foggy sabia que Matt amava a Cidade, mas era como se Matt sempre fugisse dele. Matt havia entendido que ele não se sentia à vontade para transar ainda. Ele sabia que Foggy precisava de um tempo. Mas então por que ele sempre agia como se tivesse se arrependido depois que eles haviam ficado juntos?
Sem esperar por uma resposta ela perguntou novamente o escrutinando:
“Se você fosse ele, você amaria você?” Havia um sorriso na voz dela que Foggy não fez muita questão de entender o motivo.
Foggy piscou confuso, depois respondeu simplesmente.
“Com tantas opções que Matt tem, amar um cara como eu é desperdício.” Ele bufou uma risada. Foggy inclinou o rosto para cima e respirou fundo.
“Bem, eu acho que ele te ama.” Ela afirmou e tragou seu charuto, soltando a fumaça ao ar.
“O que te leva a dizer isso se você nem o conhece?” Foggy perguntou aguado e baixou a cabeça tristemente.
“Porque eu nunca me engano.” Ela disse.
“E porque é a verdade”. Matt disse e Foggy se virou surpreso.
Ele estava do lado da velha senhora que ria contente. Ah, isso explicava porque ela soava como uma cumplice de uma traquinagem.
“E ele me disse isso lá dentro.” Ela gesticulou com o polegar contendo uma risadinha.
Ela os deixou sozinhos e os dois se encararam por um instante.
“Me desculpe por ter me atrasado. Dessa vez eu sei que estou errado.”
Matt disse.
Foggy sorriu.
“O que você ouviu da nossa conversa, seu abelhudo?”
“O suficiente para não concordar. Precisamos conversar sobre isso eventualmente. Mas vamos lá para dentro. Seus pais merecem um abraço nosso. E... eu trouxe um presente para eles também.” Matt segurou na mão de Foggy.
“Eu posso saber o que é?” Foggy perguntou, arregalando os olhos, curioso.
“Não.” Matt riu
Era uma passagem para Miami com estadias em um lindo hotel.
O médico lhe informou que tiraria os medicamentos aos poucos para que Foggy voltasse do coma induzido.
Ele ficaria bem e Matt poderia concertar tudo entre eles.
E então o celular de Matt tocou.
“Senhor Murdock. É Mahoney.”
Não apenas Brett. Essa não era uma ligação informal para saber o estado de Foggy.
“Sim.”
Matt ouviu o homem, mas seus sentidos estavam concentrados em Foggy na cama.
“Precisamos conversar sobre o que pode ter acontecido com o Senhor Nelson.”
Matt ouviu a voz e Brett falhando por um breve segundo. Não era incomum para Brett chamar Foggy de Nelson, quando ele o estava provocando ou respondendo uma provocação. Mas dessa vez, soava diferente pois fazia parte de um doloroso protocolo.
Mesmo sabendo que esperar, Matt sentiu um frio percorrer sua espinha.
Ele segurou a mão de Foggy assim que guardou o celular no bolso da jaqueta novamente.
O oxímetro e o intravenoso atrapalhavam o movimento. Matt beijou um pedaço de pele e assegurou Foggy que eles ficariam bem.
Chapter 4: A Lua Sabe
Summary:
Foggy foi perfeito. Matt nunca havia imaginado que um dia, aquele garoto sem jeito que conhecera num quarto na faculdade, estaria em sua cama dessa forma. Matt nunca havia sido tão gentil e suave com alguém durante o sexo. Talvez não fosse apenas sexo. O sexo era apenas parte do pacote. Talvez isso fosse amor verdadeiro. Matt amava Foggy Nelson. Isso acabara de se tornar um fato consumado.
Chapter Text
“Eu nunca pensei que ficar com você fosse me fazer me sentir tão inseguro.”
Foggy baixou a cabeça e deu meio sorriso jovial numa tentativa de soar despreocupado. Mas ele estava tenso todo jantar. Matt podia sentir o suor em sua testa, seu coração palpitando e suas mãos frias e húmidas.
Matt o levou num lugar especial dias depois da reunião de bodas dos Nelsons e ele percebeu que o homem loiro não parava de olhar para Matt como se estivesse de frente a um super star de alto escalão.
Matt estendeu a mão e Foggy a pegou com um sorriso, o olhando nos olhos agora. Mesmo de óculos escuros, Matt podia sentir Foggy olhando fundo em seus olhos, em sua alma.
“Você não tem razão para estar...” Ele assegurou e se mexeu na cadeira. “Nos conhecemos a quantos anos?” Matt o incentivou com um sorriso sincero.
“Muitos.” Foggy bufou um sorriso.
“E você tem ideia de quantas vezes eu ouvi... quantas vezes desde a faculdade eu tenho ouvido as pessoas cobiçando você? Dizendo... coisas a respeito de você, sobre seu... corpo, seus olhos, seu sorriso--"
“Sério?” Foggy animou-se, mas seu tom era incrédulo.
É claro que sempre haviam os idiotas, não era possível agradar a todos. Muitas pessoas rejeitavam Matt e o achavam feio e esquisito. Mas no caso de Foggy, tanto seu carisma, quando atributos físicos chamavam atenção tanto de homens como de muitas mulheres. E esse foi um dos motivos que fez Matt se sentir curioso sobre como o homem se parecia e tocar seu rosto pela primeira vez.
“Sim. Bem... eu ainda ouço--"
Foggy revirou os olhos e Matt continuou.
“Eu... um dia...” Matt corou. Foggy estava presenciando Matt Murdock, o Demolidor corando na frente dele e isso era fantástico.
Isso arrancou um sorriso sincero do homem loiro que se inclinou em silêncio para ouvir atentamente, e Matt amava quando a atenção de Foggy era totalmente voltada a ele, somente para ele.
“Eu ouvi um grupo de pessoas em L&Z falando sobre como você cheira bem, é sexy e educado. Adorável e...” Ele lambeu os lábios.
“E?” Foggy incentivou Matt a continuar, divertido e verdadeiramente curioso.
“Gostoso.” Matt revelou simplesmente.
“De jeito nenhum!” Foggy deu uma gargalhada.
“Algumas vezes, você pensava que as pessoas nos lugares estavam olhando para mim, quando na verdade, eles estavam olhando para você. E eu não podia te dizer isso na época por causa dos sentidos.”
“Oh.” Foggy corou dessa vez.
“E haviam os comentários na faculdade sobre você ser bom, você sabe...” Matt gesticulou ao ar.
“Sim, sim. Não preciso mais saber desses detalhes. Sou um homem totalmente crescido, Murdock.” Foggy ergueu a mão olhando ao redor. Não é como se ele não soubesse isso. Ele só não se sentia à vontade para trazer esse assunto à tona com Matt por enquanto. Todas as garotas o adoravam e apreciavam como elas o faziam se sentir na cama. E os caras nunca reclamaram de seus boquetes e punhetas, mas quando as coisas esquentavam, ele sempre dava um jeito de escapar.
Ainda assim.
“Ainda assim eu me sinto imensuravelmente sortudo.” Ele apertou a mão de Matt.
“Não mais do que eu.” Matt apertou a mão de Foggy de volta.
Foggy ainda se demorou encarando o homem ruivo. Aquele rosto iluminado por duas velas que estavam na mesa ao lado de uma garrafa de vinho. Os óculos carmesins diabolicamente serenos e convidativos. O sorriso com dentes perfeitamente brancos e alinhados sorrindo ali, para ele.
“Eu te amo.” Foggy disse suavemente e no campo de visão dos sentidos de Matt, a aura dele brilhava em um tom de azul e dourado, divino e tão calmante. Talvez era assim que um anjo se parecia.
Aquela foi a primeira vez que ele disse isso em voz alta para Matt. Matt ouviu um coração batendo ensurdecedoramente forte, alto demais, abafando os sons ao redor.
Era seu próprio coração que parecia que ia arrebentar seu peito e cair ao chão. Ele ficou de boca aberta ao sentir como o coração de Foggy era estável, calmo como um rio cristalino. Era uma verdade simples e pura e aquele homem corajoso a entregou para Matt sem esperar nada em troca. Ele acabara de entregar a Matt sua joia, seu bem mais precioso; seu coração. E Matt simplesmente não sabia o que fazer com aquele tesouro. Ele nunca tivera oportunidade de se apossar de algo tão imensuravelmente estimado e raro assim.
“Eu- eu entendo você não sentir o mesmo...de verdade.” Foggy disse quando o tempo se estendeu em silencio e seu coração anda era estável, embora ele tinha se sentido desconfortável com o desconforto do momento. Ele simplesmente não esperava retribuição de Matt. Ele estava satisfeito apenas em estar ali, ao lado do homem que ele amava e que apenas sentia consideração, afeto e carinho por ele.
E Matt, Matt não sabia o que fazer com aquele sentimento. Paralisado, ele não sabia o que fazer com o seu próprio coração que batia uma batida nova como uma música lírica tocada por um coral de anjos. Ele nunca havia sentido nada assim antes.
Diga que também o ama, diga que sem ele sua vida não tem sentido. Diga que aquela época em que ele partiu, foi o seu inferno e que nada fazia sentido. Sua vida não faz sentido sem ele. Diga que ele é seu sol, seu ar... diga algo, apenas diga, diga a ele seu idiota!
“Eu--" Matt balbuciou. “Vinho?”
“É claro.” Foggy sorriu docemente e estendeu a taça para Matt derramar o líquido cor púrpura.
“Eu te amo.”
Matt lamentou como se dizendo isso, ia compensar todo o tempo perdido. Ele ouviu um leve gemido do fundo da garganta do homem na cama. Talvez fosse bom chamar um médico para avaliar ele. O rosto de Foggy amassou em dor.
Tateando na cama, Matt achou o botão para chamar alguém.
Inclinando a cabeça, Matt tentou ouvir mais além dos sons irritantes de bips. Matt tocou com as pontas dos dedos o peito do homem.
Foggy estava muito machucado internamente. Ele realmente teve sorte em estar vivo e estável.
O homem gemeu virando a cabeça mais um pouco e Matt tocou mais uma vez o botão para chamar alguém para ver ele.
“Cara...” Foggy bocejou e colocou as chaves na mesa de entrada do apartamento de cobertura de Matt. “Eu não deveria ter comido tanto. Da próxima vez me pare quando perceber que eu estou exagerando. Você sabe, nós Nelsons nunca sabemos quando parar de comer.”
“Bobagem.” Matt se dirigiu ao quarto enquanto tirava o terno. Eu acho que você está exagerando agora. Você pode comer o quanto quiser, enquanto estivermos juntos.”
Foggy o seguiu e começou a se despir.
Amanhã seria domingo, eles poderiam ficar na cama até tarde. Bem, não necessariamente. Matt costumava ir à igreja aos domingos pela manhã. Foggy prometera que um dia iria com ele. Um dia. Mas não amanhã. Ele só queria dormir o dia todo amanhã.
Eles se deitaram de frente a frente e Foggy sorriu para Matt.
“Ei.”
“Ei.” Matt respondeu de volta.
“Nada de Demolidores hoje à noite?” Ele puxou Matt para perto.
“A única aventura que quero ter é com você.”
Foggy gargalhou do galanteio de Matt que se aproximou e o beijou.
Eles se beijaram e a mão de Foggy tateou até as boxes de Matt.
O homem já estava meio duro.
Matt fez o mesmo, porém sua mão invadiu o cós da box de Foggy, encontrando seu membro aveludado. Ele roçou com toques de pluma apenas com as ponta dos dedos, provocando.
Foggy deixou escapar um gemido na boca de Matt e Matt tomou aquilo como incentivo para intensificar as carícias.
Essa seria mais uma noite de toques e beijos como dois adolescentes se descobrindo. E embora Matt sentisse saudades de sexo no sentido pleno da palavra, ele estava começando a gostar de estar apenas assim com Foggy. Tinha algo de puro e fantástico e excitante em ir com calma, se descobrir, saber o que cada um gostava. Os tipos de toques e carícias que os faziam se excitar mais ou menos. Descobrir seus corpos juntos. Isso, Matt nunca teve com mais ninguém.
“Vou chamar um médico para ver ele.” A enfermeira informou Matt assim que verificou Foggy se retirou.
“Mas, mas ele está bem? Matt perguntou com urgência, a seguindo.
“Ele só está acordando. Nesse estágio, é comum começar a se dar conta das lesões.”
Foggy gemeu novamente, virando rosto.
Matt se abaixou o e beijou a testa do homem.
“Vai ficar tudo bem. Estou aqui. Estou aqui.” Matt sussurrava no ouvido de Foggy.
Foggy gemeu novamente. Ele definitivamente estava com dor.
Matt odiava ser o motivo pelo qual Foggy sentia dor.
Eles se beijavam e se tocavam nus, ambos quadris golpeando o ar inutilmente. Ambos sabiam que precisavam.
Matt, no entanto, tinha medo de trazer isso à tona e soar como quem apenas quer sexo, uma vez que ele descobrira com Foggy, que sexo era secundário comparado ao que eles tinham.
Foggy, embora adorasse e ansiasse sexo no sentido pleno da palavra, sempre soube seus limites.
Aquele homem, sempre fora mais corajoso que o próprio homem sem medo.
“Porra, Matty eu... Foggy engoliu enquanto Matt mordia o queixo dele. “Eu quero...” Ele respirou. “Por favor, eu quero sentir você dentro de mim.”
“Você tem certeza?” Matt perguntou embriagado com a antecipação, beijando a extensão do rosto de Foggy, em todos os lugares que ele podia alcançar e afastando os cabelos que já cobriam metade de seu rosto.
“Sim, porra, cem por cento. Eu não, não aguento mais.” Foggy se contorceu.
Matt continuou beijando e tocando Foggy desesperadamente. Ele não queria deixar Foggy um segundo então, relutantemente, Foggy se libertou de Matt, e alcançou a gaveta tirando um tubo de lubrificante.
Estava acontecendo. Finalmente estava acontecendo o que ambos tanto queriam.
Foggy finalmente não apenas queria, mas estava disposto. O coração dele soava como um tambor de guerra.
Matt ia ser gentil e suave, afinal, aquela seria a primeira vez de Foggy. E deles juntos. E Matt se sentia honrado, premiado e indigno.
Matt faria ser especial.
Aquele definitivamente era o som das batidas de um coração que estava despertando.
Matt, ao mesmo tempo que estava otimista, se sentia apavorado. Tantos “e se”s permeando sua mente.
Quanto mais os minutos passavam, mais o coração de Foggy batia rápido e alto e assustado. Suas pálpebras se mexiam pelo quarto como que procurando por algo.
“Vamos diminuir os sedativos pouco a pouco.” O médico, um homem de terceira idade, alto e pesado informou a Matt assim que ajustou o intravenoso na mão de Foggy. “Nos chame quando ele acordar.”
O homem tocou o ombro de Matt e se retirou.
O coração de Foggy finalmente se estabilizou e Matt pode respirar aliviado.
Ele odiava ver Foggy sentindo dor.
“Me avise se doer e eu paro.”
Matt disse enquanto tinha a ponta do dedo indicador dentro de Foggy. Sentido o homem pulsando ao redor.
“Si- sim.” Foggy respirou.
Matt empurrou lentamente e sentiu o homem se contorcer e engatar uma respiração.
“Você está indo tão bem, querido. Tão bem.” Matt massageou a panturrilha de Foggy.
Ele puxou o dedo lentamente e repetiu o processo o mais delicado e suave possível.
“Ma- Matty” Foggy gemeu.
Matt congelou.
“Você quer que eu pare?”
“N-naõ é só que... isso é muito bom.”
Respirando aliviado Matt sorriu e beijou a virilha de Foggy e sorriu.
“Preparado para mais?”
“Mais do que preparado.” Foggy se apoiou nos cotovelos, encarando Matt.
Alcançando o tubo de lubrificante, Matt despejou uma bela quantidade em sua mão, ao mesmo tempo que massageava a e extensão da perna de Foggy, toques reconfortantes e suaves.
Lentamente, Matt empurrou dois dedos e sentiu Foggy jogar a cabeça no travesseiro. Engolindo pesadamente e respiração engatando.
Ele dobrou os dedos, tocando na próstata do homem que gemeu alto e riu, inebriado de prazer. E Matt amava ser o causador dessas sensações naquele homem especial.
Se arrastando pelo colchão, Matt alcançou a boca de Foggy e calou seu gemido com um beijo longo e cheio de língua, mas de modo algum ele parou de emburrar e deslizar para fora os dedos.
“Porra Matt. Isso ... oh...” Foggy gemia. “...por favor... Matty.”
“Sim.” Matt beijou Foggy, empurrando uma perna dele mais alto, para enganchar em seus quadris e tesourando a entrada do homem com dois dedos.
“Matty. Eu quero você, por favor.”
Foggy gemia.
“Eu estou aqui, querido.”
“Eu quero agora...” Foggy choramingou virando a cabeça de um lado a outro e Matt não conseguiu conter um sorriso afeiçoado.
“Vamos com calma.” Matt beijou Foggy, mas não conseguiu obter resposta no beijo. Foggy já estava totalmente em êxtase, entorpecido por antecipação. Seu pênis duro, rosado pendia em seu estômago e ele já estava quase pronto. Quase.
Matt não ia ser o motivo pelo qual ele ia sentir dor.
“Matt?”
Anna entrou no quarto e se deparou com Matt segurando a mão de Foggy e rezando baixinho.
“Desculpe, não quis interromper.” Ela disse e se sentou, esperando Matt terminar sua prece.
Despois que colocou a mão de Foggy gentilmente em cima de seu peito, Matt beijou a testa dele e se sentou numa cadeira ao lado de Anna.
“Como ele está?” Ela perguntou finalmente.
Matt tomou uma longa respiração.
“O médico disse que ele está acordando. Estão tirando os sedativos...” Ele inclinou a cabeça, girando o pescoço.
Anna o analisou.
“Va para casa, descanse um pouco e tome um banho. Eu te ligo qualquer coisa.”
Matt balançou a cabeça apenas.
“Eu vou ficar.”
Anna plantou a mão em cima da dele e isso fez com que ele levasse um pequeno susto. Ele realmente estava exausto.
“Ele precisa de mim. Eu...” Matt respirou (“eu não posso deixar ele sozinho de novo, nunca mais vou deixar ele sozinho...” Matt não disse.)
“Ele vai precisar que você esteja bem. Por favor? Ele vai querer ver o marido limpo e arrumado como sempre. Se ele te ver assim quando acordar, ele vai achar que a situação dele é pior do que parece.”
Bem, ela tinha um ponto. Matt pensou por um momento. Foggy odiava ver Matt esfarrapado, cansado e destruído.
Matt se levantou, suas juntas doendo.
“Por favor, me ligue caso... apenas me ligue”
“Apenas vá. Quanto mais rápido você for, mais cedo você volta.” Ela riu e se levantou para perto de Foggy
A pedido de Foggy, Matt não usou camisinha. Ele jamais negaria nada aquele homem, e ele estava mais que disposto a isso.
Era natural empurrar para dentro. Era como casa, como se ele já tivesse feito isso com Foggy desde uma eternidade. Eles se pertenciam desde outras vidas.
Foggy gemeu e suas mão arranharam as costas de Matt.
Devagar, Matt puxou para fora e depois para dentro, estabelecendo um ritmo monótono no começo.
“Você está indo bem. Tão bem. Você é tão bom.”
Matt dizia na clavícula de Foggy.
O homem embaixo dele estava perdido em sensações, sentindo Matt de todas as formas. Sentindo o coração de Matt batendo em seu peito, através de sua pele. Devia ser assim que Matt se sentia. Ele sentia a pulsação de Matt dentro dele, e o coração de Matt em sua caixa torácica
Foggy puxou Matt para mais perto. Seus lábios no ouvido de Matt e repetia em sussurros: “eu te amo, eu te amo tanto, tanto, tanto...”
Havia os aromas de sexo, inconfundíveis no quarto. A luz da lua iluminando de azuis corpos nus e Matt podia ver e sentir Foggy, seu Foggy ali, agarrado a ele. Seu aroma de corpo suado e frescor de um shampoo que Matt comprou para ele. Creme para mãos, colônia e cheiro fresco de roupa limpa. Pré sêmen, e lubrificante e sal.
Sal de lágrimas que derramavam, não pela dor, mas pela emoção de um amor que doía. Um amor que Foggy pensava, nunca ser correspondido na mesma medida. Um amor descompensado, mas que ele estava cem por cento bem com isso.
Perdendo o ritmo, Matt começou a atingir o ponto dentro de Foggy, arrancando gemidos no mesmo ritmo das estocadas. A cama balançando à medida que o clímax se intensificava.
Com um grito abafado na jugular de Foggy, Matt gozou dentro dele.
Lhe restava poucas forças, mas ainda assim, Matt continuava empurrando, e saindo lentamente quando Foggy gozou logo em seguida com um gemido, apertando ao redor de Matt que ainda derramava dentro dele.
Cada minuto era precioso, e crucial
Matt correu para o quarto, a procura de um carregador de celular sobressalente.
Ele ia deixar o celular carregando enquanto tomava banho.
Ele não tinha fome de qualquer maneia então ele pensou exatamente nas duas coisas a fazer assim que chegasse em casa: Tomar banho e voltar para Foggy.
Abrindo a gaveta do criado, Matt achou a pasta que Foggy guardou ali com tanto carinho. Ele lia cautelosamente todas as cláusulas, todos os dias. Ele contava para Matt, com um sorriso no rosto, cada detalhe, mesmo sabendo que Matt tinha sua própria cópia em braile.
E Matt amava como Foggy deixava tudo mais iluminado, cheio de vida e esperança. Foggy transformou sua vida e algo bom. E agora, Foggy estava disposto a pegar na mão de Matt para ambos darem um passo extremamente importante.
Encarando a pasta, sem realmente a ver, Matt apenas podia sentir um vazio e se perder na memória de poucas noites atrás.
O acidente de Foggy, a desconfiança da família, o tempo que Foggy se recuperaria... tudo isso iam adiar, ou possivelmente cancelar os planos da adoção e de uma barriga de aluguel. O sonho de formar uma família grande cheia de alegria, assim como Foggy amava e assim como Matt tanto merecia e ansiava.
Matt respirou aguado e guardou a pasta no lugar, fechando a gaveta.
Traçando padrões nas costas de Matt, Foggy sorriu realizado, satisfeito e relaxado depois do coito.
“Ei... você dormiu?” Ele disse suavemente.
“Não, eu, só estava ouvindo seu coração.” Matt respondeu.
“E como soa?” Foggy escovou os cabelos ruivos de Matt com os dedos.
A noite havia se tornado madrugada, e Matt puxou o edredom sobre seus copos nus. O banho ia ficar para depois.
Foggy foi perfeito. Matt nunca havia imaginado que um dia, aquele garoto sem jeito que conhecera num quarto na faculdade, estaria em sua cama dessa forma. Matt nunca havia sido tão gentil e suave com alguém durante o sexo. Talvez não fosse apenas sexo. O sexo era apenas parte do pacote. Talvez isso fosse amor verdadeiro. Matt amava Foggy Nelson. Isso acabara de se tornar um fato consumado.
Matt respirou, inalando o aroma de Foggy.
“Soa como meu.”
Foggy beijou o tipo da cabeça de Matt e olhou pela janela. A lua sabia que Matt o amava. E isso era o suficiente.
Chapter 5: A Família
Summary:
“Por que você é incrível, e generoso, e gentil e adorável...” Ele beijou o nariz de Foggy que riu. “Eu adoro como seu coração bate no mesmo ritmo que o meu quando estamos na cama. Eu adoro seu cheiro, seu sorriso e sua alma é a mais linda que eu já tive o privilégio de tocar.” Ele afirmou suavemente.
Chapter Text
Foggy nunca quis um casamento cerimonial na Igreja. Ele na verdade, não concordava com muitas coisas na igreja católica em especial, mas ele respeitava os ensinamentos, especialmente depois de ter conhecido Matt. Principalmente depois que eles começaram a ter um relacionamento como casal.
Ele ia na Igreja de Matt vez por outra e escutava o culto com respeito e até voltava para casa um pouco mais leve. Mas ele odiava a forma com que algumas pessoas os olhavam, mesmo que eles não entrassem de mãos dadas no local.
Quando Matt queria se confessar, Foggy apenas ficava em casa. Ele nunca gostou dessa coisa de penitência também. Simplesmente não fazia sentido na cabeça dele. Matt até explicou por que aceitar a penitência era um aspecto importante do arrependimento, mas ele ouviu quando o coração de Foggy batia mais rápido, ou quando ele engatava uma respiração se segurando para não jogar um contra argumento. Ele amava Matt o suficiente para respeitar as decisões dele. Talvez um dia ele entenderia os planos de Deus assim como Matt entendia e aceitava.
De qualquer forma. Ele não queria um casamento na igreja.
A princípio.
Depois que voltou para o hospital, uma enfermeira o parou no meio do caminho e disse que era permitido apenas Matt no quarto a princípio, para não sobrecarregar Foggy que estava acordando pouco a pouco.
Os olhos de Foggy rolaram ao redor e ele tentou mexer sua cabeça um pouco, sendo impedido pelo colar cervical.
Ele parecia assustado e confuso, até que seus olhos encontraram Matt, que segurava sua mão.
“Oi.” Matt sussurrou para Foggy que sorriu de leve.
“Oi.” Ele disse baixinho. “O que... o que aconteceu.” A garganta dele doía como se alguém tivesse a apertando além do colar cervical e Matt ouviu o coração dele pular na lembrança. “Eu caí...Mas quem... por que...”
“Ei... shhh. Está tudo bem. Você vai ficar bem. O médico me disse que você teve muita sorte.”
“Sorte." Foggy repetiu. "Eu... eu caí?” Ele perguntou para Matt. As memórias voltando pouco a pouco.
Matt balançou a cabeça
“Como? E quem fez isso?”
“Vamos no preocupar com isso depois. Sua família está lá fora. Eles estão muito preocupados com você.”
Matt beijou a testa dele e partiu para a porta chamando os familiares de Foggy para entrarem rapidamente.
Quando os mesmos entraram, Matt sentiu o coração de Foggy disparar com tantas as emoções dos familiares de Foggy e Anna se aproximando e rindo chorosa.
“Meu filho... graças aos céus...” Ela repetia.
Theo sorria ao lado de Ed. Mas Foggy...
O coração dele batia disparado e a máquina apitou.
“Eu, eu conheço vocês?” Foggy os encarou consternado e todos na sala se entreolharam.
Foggy estava sorrindo. Suas mãos ensanguentadas, mas ele sorria um sorriso pequeno, parecia sonhador até.
“O que foi?” Matt perguntou. Ele era o motivo das mãos de Foggy estarem sujas de sangue. Ele sempre sentia que ele manchava Foggy com sua impureza.
“É que... você acreditaria.” Foggy limpou o ferimento e colocou a gaze de lado, em cima de um jornal no chão. “Teve um tempo que...” Ele abiu a caixa de primeiros socorros e preparou alinha e agulha. Seriam apenas três pontos, mas o corte era profundo então ele não arriscaria qualquer infeção em Matt ou mesmo um machucado feio que nunca cicatrizaria.
“Pode dizer”. Matt insistiu impaciente. Já prevendo uma repreensão de Foggy, mesmo sentido que o coração dele estava calmo. E isso nada tinha a ver com as duas taças de vinho que ele tomou no meio da noite. Não que ele estivesse esperando Matt voltar da patrulha. Ele estava apenas maratonando uma série. Sozinho.
Ah a ironia.
“Teve um tempo que eu sentia raiva de mim por te deixar ir até Claire para ser costurado. Quero dizer...” Ele puxou um ponto e Matt estremeceu. Foggy estava calmo, no entanto,. “Eu pensava que tipo de amigo eu era por nunca poder ajudar.”
“Foggy...” Matt começou a repreender.
“Não terminei.”
“Okay.”
“Eu tinha...” Ele parou ponderando e puxando a agulha na carne, concentrado. “Eu tinha ciúmes porque eu sentia que isso era minha obrigação e olha só. Nem tínhamos nada naquela época. Mas eu sentia raiva de mim e medo, medo de me oferecer para o trabalho e você pensar que eu estava cruzando uma linha. Então...” mais um ponto e Matt respirou fundo com a fisgada. “Eu fiz um curso de primeiros socorros. E começamos a ser algo a mais. Foi como que uma coincidência. Então eu apenas me peguei pensando...” O último ponto e o nó. Então ele pegou a tesoura e o cortou. “E se... e se Matt estiver comigo apenas por causa dos meus dons de fazer curativos perfeitos e dar pontos perfeitamente alinhados?”
Matt riu aliviado.
“Quero dizer.” Foggy se levantou e esticou as costas enquanto Matt traçava os dedos nos pontos recém costurados, sim, perfeitamente alinhados. A cicatriz seria pequenina. “Eu faço o melhor chocolate quente e tenho os melhores abraços também, é claro...”
“É claro que eu estou com você pelos benefícios, por que mais seria, senhor Nelson?”
Matt se levantou e o beijou na testa.
“Não sei, diga-me você.” Foggy provocou.
Matt fez o que podia para o encarar.
“Por que você é incrível, e generoso, e gentil e adorável...” Ele beijou o nariz de Foggy que riu. “Eu adoro como seu coração bate no mesmo ritmo que o meu quando estamos na cama. Eu adoro seu cheiro, seu sorriso e sua alma é a mais linda que eu já tive o privilégio de tocar.” Ele afirmou suavemente.
Nessa última parte, Foggy congelou
“Isso, isso foi tão lindo Matt.” Foggy se jogou nos braços dele e o abraçou forte.
“Perda de memória seletiva”. O médico os informou assim que Foggy entrou em pânico com Ed dizendo a ele que ele era seu pai e perguntando se ele não se lembrava de sua mãe e irmão.
Ambos estavam todos tão confusos.
“Mas ele se lembra de Matt”. Theo indagou e Matt, ao lado de Foggy na cama ouviu o tom de indignação do jovem e Foggy o encarou com espanto.
“É por isso que é seletiva. Normalmente ela volta em algum tempo, não o forcem.” O médico bateu no ombro de Ed e se retirou levando os Nelson consigo para poder conversar um pouco mais com eles.
“Ed.” Anna se virou para o marido depois que o médico se retirou. “Nós vamos para casa ou apenas...”
Não havia o que ser feito, por enquanto.
Theo resolveu ir até o quarto e depois de bater na porta, colocou a cabeça e chamou Matt.
“Um minuto querido.” Matt se levantou da cadeira ao lado da cama.
“Sim.” Matt fechou a porta atrás dele deixando Foggy os olhando desconfiado do outro lado da sala.
“Por favor nos avise... qualquer coisa.” O jovem pediu.
“Eu farei isso, Theo e sinto muito, mas não é culpa dele.”
“Nós sabemos querido.” Anna disse chorosa, mas ainda assim deu um sorriso para Matt.
“Eventualmente as memórias vão voltar.” Ed afirmou e se retirou amparando Anna e Theo o seguiu.
Voltando para o quarto, Matt encontrou Foggy encarando o teto pensativo.
“Matt... eu não sei quem são essas pessoas.” Seus olhos cheios de lágrimas.
“Foggy... Matt se sentou e Foggy apenas virou os olhos para ele. “O quanto você se lembra?”
“Você quer saber se eu me lembro daquele segredo seu? Sim, eu me lembro disso.” Ele disse sussurrando. Matt respirou aliviado. Ele não estava preparado para passar por todo aquele turbilhão mais uma vez.
“Mas e quanto a sua família?”
Foggy balançou a cabeça.
“Quando eu tento achar uma família nas minhas memórias, ela apenas me leva para Rosalind.” Ele disse.
Oh maldição. Matt pensou.
Foggy tentou virar a cabeça em direção a Matt. Ele parecia pensar e pensar. A mãe biológica de Foggy. A mulher que apenas pagou sua faculdade e que Matt teve o desprazer de conhecer e em todas as interações que eles tiveram, ela insistia para Matt que estar com um homem como Foggy era perda de tempo.
“O médico disse que as memórias vão voltar eventualmente, não se preocupe.” Matt escolheu dizer.
Ele ponderou um instante ouvindo os bips. Ele sorriu quando o silencio se estendeu. Não era bom para Foggy tentar forçar nada.
“Você se lembra de nos dois, não lembra?” Matt perguntou esperançosamente, mas já sabia a resposta.
O sorriso de Foggy se ampliou.
“Como eu poderia esquecer que o coração do homem mais arrogante de toda Nova Iorque pertence a mim?”
Matt se inclinou e o beijou rapidamente.
Piscando de repente na lembrança, Matt tirou algo da jaqueta e pegou a mão esquerda de Foggy.
Em silêncio, Matt colocou a aliança no dedo de Foggy.
“O que é isso?” Foggy ergueu a mão na altura dos olhos e Matt estremeceu.
“Você ...você, não...”
Foggy riu.
“É claro que eu me lembro, seu idiota. Eu só estava testando se seus sentidos ainda estavam afiados.”
Matt respirou aliviado pelo menos e sorriu.
Ele catalogou os ferimentos de Foggy enquanto o homem sorria. Muitos.
Foggy era um milagre na vida de Matt Murdock e seu milagre estava ali com ele, e vivo. E por isso, ele era imensamente grato.
Chapter 6: Karen
Summary:
“Eu sou o homem mais sortudo do mundo.” Foggy disse com a voz rouca e cansada para a enfermeira que sorriu para ele.
Chapter Text
“Como ele acordou hoje, senhor Murdock?” A enfermeira perguntou baixinho, quando entrou no quarto e prontamente ajustou a bolsa que pingava os medicamentos direto no IV de Foggy.
Foggy ainda estava sonolento e Matt como sempre sentado ao lado dele apenas observando o homem ali existindo, vivo e seguro.
Matt abriu a boca e foi interrompido por um gemido fraco de Foggy.
“Eu apenas estou pensando... quando tirarem todas as drogas... eu já estou em agonia agora.” Ele gemeu se contorcendo. O colar cervical coçava, incomodava e privava ele de olhar Matt melhor, o braço engessado doía e a perna levantada doía pulsando. Isso sem contar seu quadril e o desconforto interno de sua carne e músculos machucados.
Matt sorriu um sorriso pequeno e preocupado.
“Tente não pensar muito nisso agora, okay.” Matt disse de maneira reconfortante.
Ele se levantou se sua poltrona e escovou os cabelos de Foggy de sua testa enquanto a enfermeira fazia anotações.
Foggy lançou um sorriso carinhoso em direção a Matt que sorriu de volta.
A enfermeira os observou afeiçoada.
“Eu sou o homem mais sortudo do mundo.” Foggy disse com a voz rouca e cansada para a enfermeira que sorriu para ele.
“Pelo visto, ambos são. O médico vai vir em breve conversar com vocês dois.” Com isso ela saiu e Foggy tossiu um pouco.
“Tente não se esforçar muito.” Matt caminhou alguns passos em direção a um jarro de água e o serviu num copo de plástico e por fim, levou o pequeno copo de plástico a boca do homem na cama.
Engolir doeu e ele fez uma careta.
“Como você se sente, tirando a parte da agonia.” Matt perguntou com um sorriso pequeno.
“Você quer dizer, a memória e essas coisas?”
“Isso também.”
“Péssimo. Eu me sinto estranho, errado. Aquelas pessoas...” Foggy suspirou.
“Eles são sua família, Foggy. Sua mãe, pai e irmão.” Matt se sentou e puxou a poltrona para mais perto do leito.
Foggy olhou distante e apertou os olhos. Doeu. Seu rosto todo doía. Ele se lembrou de levar um soco no escritório.
“Eu- eu não me lembro. Eu não me lembro da minha infância, Matt. Tudo que vejo, tudo que há na minha cabeça são borrões de pessoas sem rosto... eu não--” Ele disse a beira do desespero.
“Ei, ei... fique calmo.” Matt alcançou a mão de Foggy.
Foggy o olhou de soslaio.
“Mas eu me lembro de nós. Eu me lembro de você. Do Demolidor... Daquele dia.” Ele sussurrou.
Matt sorriu triste. Isso era um alívio, pelo menos.
“Eu acho que isso é-- isso é bom. Eu não sei se eu suportaria passar por tudo aquilo mais uma vez.” Matt deu um sorriso patético para Foggy.
Foggy não rendeu o assunto. Ele sabia o quão mal Matt se sentia por ter feito Foggy passar por tanto estresse e decepção.
Foggy também odiava ver Matt se sentindo tão culpado por coisas que ele não tinha controle.
Demorou anos para ele pensar assim. Ele ainda se preocupava com a segurança de Matt. Mas ele sabia que Matt era o Demolidor e que sem essa parte importante de Matt, o homem poderia apenas definhar dia após dia.
Foggy respirou fundo e fechou os olhos, silenciosamente tentando buscar memórias em sua cabeça. Mas elas simplesmente não vinham.
“Rosalind.” Foggy revelou de repente. “Minha mãe. Eu me lembro de ir ao parque com ela, do dinheiro que ela mandava... eu não me lembro de mais nada. Nada... Jesus.” Ele levou a mão com o I.V até os olhos e os esfregou até ver estrelas.
Rosalind. A mãe biológica de Foggy que o buscava ocasionalmente para passar um dia na semana juntos quando ele era criança. Foggy havia contado isso a Matt. A medida que ele ia crescendo, as visitas ficavam cada vez mais escassas, até que ela simplesmente substituiu passeios no parque, por ligações e por fim, por depósitos em sua conta bancaria.
A frequência cardíaca de Foggy começou a aumentar e Matt gentilmente removeu a mão dele dos olhos e a apertou um aperto suave.
“Calma. Fique calmo. As memórias vão voltar eventualmente.” Matt disse suavemente.
“Eu- que quero ir para casa, Matt.”
Matt clicou a mandíbula e seu olhar estava perdido em algum ponto da tipoia do braço quebrado de Foggy.
“O que foi?” Foggy perguntou.
“Foggy, querido...” Matt se aproximou e tocou o rosto dele com carinho. A barba dele já estava levemente crescida e coçava, mas nunca incomodou Matt que Foggy deixasse a barba crescer um pouco, ao contrário, ele gostava da textura fina dos pelos lisos do corpo de Foggy.
Foggy o encarou com olhos largos e preocupados e Matt continuou.
“Moramos no sexto andar. Você tem uma lesão no quadril, três costelas quebradas, e uma perna e um braço quebrados, fora alguns ferimentos internos. Você simplesmente não pode voltar para casa assim. Eu preciso que você entenda que você está sob drogas muito fortes para a dor... e quando os efeitos passarem começarem a passar--"
“Uma lesão... no quadril... eu- eu vou voltar a andar?” Foggy perguntou preocupado.
“Vai. Mas pode demorar um pouco.”
“Não...” Tão logo Foggy abriu a boca para protestar, o médico entrou no quarto.
“Senhor Nelson, bom dia. Como você está se sentindo?” O homem de uns sessenta anos perguntou, pairando sobre a cama e Matt se levantou.
“Como se tivesse caído de um prédio de quatro andares.” Foggy gemeu.
O médico riu e Matt fechou o rosto numa carranca atrás de seus óculos escuros.
“Você teve muita sorte.” O homem mais velho disse.
“Eu disse a ele.” Matt adicionou seriamente.
“Bem,” O médico abriu o prontuário e começou a falar sobre as lesões e os melhores tratamentos que constituíam na maior das hipóteses, repouso e muitos antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios. “Não há muito o que fazer, apenas monitorar.”
Matt ouviu o coração de Foggy acelerando e segurou sua mão gentilmente.
“Quanto a minha memória?” Foggy perguntou, preocupado.
“Você teve um traumatismo leve e um inchaço no cérebro. Sua memória, ou falta dela, é seletiva. Você não está se lembrando de pessoas e acontecimentos específicos. Então isso é um bom sinal. Tente não se forçar a lembrar. Vamos ter paciência e fazer alguns exames e continuar monitorando--"
“Quando eu vou ter alta?” Foggy interrompeu.
“Foggy--” Matt repreendeu condescendente.
O médico riu e olhou para Matt.
Matt, por sua vez lançou um rosto severo em direção a Foggy.
“Ele não é muito paciente, não?” O homem brincou.
“Por incrível que pareça, ele é.” Matt disse e o médico se retirou dizendo que voltaria à tarde para verificar Foggy.
Desanimado, Foggy se mexeu impaciente na cama e Matt apertou o botão para a cama ajustar Foggy em uma posição mais sentada.
Suspirando, ele disse:
“Eu estou cansado. Eu quero minha casa, minha cama...”
Matt sorriu afeiçoado.
“Nossa cama.” Ele retificou.
“Detalhes Matthew.”
“E quando ao escritório. Há quanto tempo está fechado?”
“Desde o seu ataque.” Matt o informou e se sentou novamente.
“Eu não sei há quantos dias eu estou aqui.” O homem disse soando preocupado.
“Oito dias”. Matt disse com um nó na garganta.
“Oh.” Foggy suspirou cansado. “Karen deve estar cuidando de tudo, então--” Foggy fechou os olhos se preparando para mais uma soneca.
Ele percebeu quando Matt enrijeceu a espinha e ficou em silêncio.
“O que. Ela, ela não está mais trabalhando para nós?” Foggy bufou. “Sempre soube que mais cedo ou mais tarde ela nos deixaria. Ela é esperta de mais para aguentar nossa bobagem...”
“Foggy... Querido--” Matt disse suavemente.
“É Frank, não é? Ela foi atrás daquele lunático...” Foggy disse se sentindo embalado pelas drogas, fechando os olhos lentamente.
“Foggy...” Matt disse mais uma vez. As palavras estavam presas em sua garganta, em seu coração.
Foggy virou o rosto o máximo que o colar cervical o permitia. Ele lia o olhar, a reação de Matt estampada em seu rosto. Os olhos de Foggy se encheram de lágrimas.
“O que foi Matt. O que aconteceu com Karen nesses dias que eu estive aqui.” Ele perguntou. Ele sempre soube que Karen era um ímã para problemas. Ele sempre se preocupou com ela como um irmão mais velho, como a família que ela nunca teve.
“Foggy,” A voz de Matt saiu pequena, quebrada. “Karen está morta a anos.” Ele revelou.
Matt ouviu quando o coração de Foggy afundou e bateu rápido e apreensivo em sua caixa torácica.
Ele a amava tanto.
“Q-quando. C-como?”
“Foggy... você ouviu o médico--"
“Como Matt?” Foggy insistiu.
“Dex, Dex a matou na igreja.”
Com isso Foggy soltou um grito dolorido com o nome de sua amiga e Matt o cobriu o embalando, o confortando sem palavras.
Ia doer ainda mais quando Foggy se lembrasse de tudo que havia acontecido naquela época.
Chapter 7: Brett
Chapter Text
“Foggy...” Matt começou suavemente. “Não podemos ir para casa. Você não pode subir às escadas do prédio até o nosso apartamento.” Ele repetiu, depois que Foggy acordou de mais uma soneca, dizendo que queria ir para casa. Matt colocou a aliança de volta no dedo de Foggy.
“Para onde então.” Foggy questionou cansado olhando Matt de soslaio. O colar cervical impedindo qualquer movimento além de olhares doloridos e cansados. Cansado daqueles sons e cheiros. E preocupado com Matt. Ele devia estar sobrecarregado com seus sentidos capturando tanta coisa desagradável ao seu redor ao mesmo tempo.
Matt respirou fundo, se preparando para dizer algo que ele sabia que não iria ser nada divertido para Foggy ouvir.
“A única opção é nos seus pais.” Matt suspirou.
“Mas...”
“Eu sei, Foggy. Mas não temos opção. Até você melhorar e poder se locomover apropriadamente pelo menos, lá é o único lugar na cidade que podemos ir. Eles têm um quarto para nós. Sempre teve um desde que...”
Foggy sorriu para ele.
“Eu me lembro de nós dois.” Ele disse travesso. “Mas deles não. Eles são um borrão na minha cabeça e é tão frustrante tentar lembrar e não conseguir...” Ele concluiu apertando os olhos.
“Você vai se lembrar eventualmente.” Matt beijou o topo da cabeça dele e se sentou, ouvindo o som da gota incansável caindo no intravenoso direto no braço de Foggy.
“O que foi, amor? Você parece preocupado.”
Matt sorriu desanimado para ele. Até onde Foggy podia ver, Matt parecia um lixo.
O homem ruivo coçou sua barba.
“Um oficial vem falar com você daqui a uns instantes.”
“Para que?”
“Eles querem saber a sua versão do seu acidente.”
“Mas eu não me lembro...”
“Eu sei. Não se culpe por isso.” Matt coçou os olhos por baixo dos óculos e se recostou na poltrona e depois entrelaçou os dedos com os de Foggy. A mão do homem estava fria por causa do ar condicionado.
O velório de Karen foi pequeno. Ela não tinha parentes e tinha poucos amigos.
Nem mesmo seu pai compareceu. Foggy ligou para ele, mas o homem apenas ficou em silêncio na linha por alguns dolorosos segundos antes de dizer que apenas sentia muito e que estava em paz, porque Karen agora encontraria paz que nunca teve. E com isso ele desligou, deixando Foggy tão zangado e agradecido por ter pais amorosos.
Foggy desligou com raiva.
Matt, como sempre, fez um pequeno discurso sobre esperança e fé. Ele não falou de Deus; Karen não tinha confiança Nele.
Coube a Jessica guardar as coisas dela em um galpão e manter a chave. Maggie prometeu doar os livros e roupas para os necessitados.
Foggy passou dias sem comer direito. Matt podia sentir as roupas dele ficando soltas ao passo que ele perdia peso. O silêncio em sua casa doía.
Foggy, que sempre soube o que dizer e mesmo quando não sabia, dizia mesmo assim, se manteve calado em um luto culpado. Karen teria um futuro brilhante se ela nunca tivesse os conhecido.
Embora Matt e Karen tiveram um breve relacionamento, Foggy sempre fora como um irmão protetor para ela.
Matt estava sofrendo muito, mas ele guardou sua dor numa gaveta em seu coração. Ao lado de todas as coisas que eram uma promessa boa e bonita. Matt era doce como um anjo e forte como um demônio.
Dos dois, Foggy sempre fora o mais sensível. Dos três, o mais esperançoso.
“Ela sempre queria fazer o que era certo.” Matt interrompeu o silêncio no jantar quando percebeu Foggy mexendo sua sopa de um lado para o outro.
“Mesmo que de uma maneira distorcida.” Ele deu um risinho. “Ela era mais forte que nós dois juntos.” Foggy disse.
Matt estendeu a mão e Foggy a pegou.
“Temos que ser fortes como ela também.” Matt declarou e Foggy sorriu para ele.
Matt sentiu os olhos azuis de Foggy brilhando para ele com uma ponta de esperança surgindo no horizonte.
Finalmente, o homem colocou uma colherada de sopa na boca e Matt sentiu um pouco de alívio.
Ele não podia se dar ao luxo de ter que cuidar de Foggy ao mesmo tempo que sofria um luto silencioso.
“Senhor Murdock." Brett os cumprimentou. " Você pode permanecer aqui enquanto eu converso com senhor Nelson.”
“Não precisa de formalidades, Brett.” Matt sorriu de leve e Foggy semicerrou os olhos para o oficial.
“Estou aqui como oficial da lei, não como seu amigo, Murdock.”
“Você não queria estar aqui, fale a verdade.” Matt zombou, sentindo a tensão irradiando do homem.
Brett colocou as mãos na cintura e arqueou uma sobrancelha para Matt.
“Não, mas eu quero encontrar um motivo para ajudar vocês.”
“Você quer dizer Eu nesse caso, não é, Brett?” Matt se levantou e erguendo o queixo, sorriu orgulhosamente em direção a Brett.
“O que está acontecendo, Matt?” Foggy interrompeu.
“Diga a ele, Brett.”
Brett encarou Foggy e mordeu o lábio tentando encontrar as palavras certas, mas não foi necessário. Matt interveio.
“Murdock é o principal suspeito de--” Brett começou e soou preocupado destacando cautelosamente a palavra suspeito. Mas Foggy não comprou isso.
Foggy arregalou os olhos.
“De tentar me matar? O que... Não! Nunca! Não foi Matt!”
“É por isso que estou aqui. Preciso que você prove o contrário. Não encontrei indícios de que ninguém esteve no seu escritório. As câmeras do prédio estavam desligadas e ninguém viu nada.” Brett disse.
Foggy encarava Matt em pânico.
“Não, não foi Matt. Não...”
“Fica calmo, meu querido.” Matt se aproximou e planou a mão sobre a mão na tipoia de Foggy.
Chapter 8: Demolidor
Summary:
“Cuidado, Murdock. Você vai acabar se apaixonando.” Ele disse, com um sorriso patético, debaixo da chuva. Embora seu coração sussurrasse: "Me escolhe, por favor".
Chapter Text
Ele capturou os olhares trocados. Ele observava a forma com que Karen o olhava e Matt corava. Essa era a forma do homem cego retribuir os gracejos dela. Corando, sendo foto. Ele ria e aquelas covinhas ficavam ainda mais protuberantes e se Foggy pudesse ouvir corações, ele sabia que o de Karen estava pulando uma ou duas batidas.
Ele observou as risadinhas deles, como quem compartilha um segredo. Ele entendeu, é claro que ele entenderia. Eles eram amigos, afinal. E eles sentiram atração um pelo outro desde o primeiro dia quando Foggy não passava de apenas um parceiro, um amigo para ambos.
Mas, às vezes, ele sentia que estava atrapalhando, como uma terceira roda capenga e quebrada. Ele ainda não morava com Matt e eles apenas tinham trocado uns beijos. E ele sempre estava choroso e preocupado esperando por Matt no apartamento de Matt, no sofá de Matt, com uma caneca de chá para Matt. Como uma daquelas donas de casa histéricas das novelas antigas chorando na cama de Matt.
Foggy estava sempre angustiado e Matt parecia sempre se segurar por um fio de paciência com ele por causa disso.
Matt, Foggy sabia, nunca havia terminado um relacionamento para começar outro. Por que com ele seria diferente? Ainda mais sabendo que o que eles não tinham não era nada oficial, tampouco especial.
Então, ele percebeu Matt se aproximando de Karen e Karen retribuindo. E vice-versa.
Em silêncio, ele não protestou, apenas deu espaço aos dois quando os dois o excluíam das conversas. Em silêncio, ele se afastou. Mas no fundo, ele esperava que Matt fizesse uma escolha. Mesmo que, no fundo, ele soubesse que ele nunca seria a escolha de Matt.
Então, naquela noite, depois de saírem do bar, Foggy decidiu jogar uma carta.
“Cuidado, Murdock. Você vai acabar se apaixonando.” Ele disse, com um sorriso patético, debaixo da chuva. Embora seu coração sussurrasse: "Me escolhe, por favor".
Ele sabia que não seria a escolha de Matt. Quer dizer, olhe para ela.
O sorriso de Foggy se desvaneceu ao passo que a chuva molhava seu rosto.
Matt não sorriu de volta, apenas esperou por Karen para irem no sentido oposto de Foggy.
Mas naquela noite, Matt não quis transar com ela.
Ele não conseguiu deixar de esboçar uma reação quando o recém casal se beijou no hospital quando eles foram ver o Justiceiro. Porque, claro, era impossível não se indignar um pouco mesmo já esperando por isso.
“O escritório é pequeno, ele- ele vai ter que se acostumar.” Matt disse, assim que o casal o deixou sozinho naquele quarto de hospital.
Ele soou melancólico de mais para os ouvidos dela.
“Sabe.” Ela riu e se chegou mais perto.
“O que é.”
Matt a ouvia, mas ele também ouvia Foggy lá dentro, revirando as páginas do processo do Justiceiro. As mãos do advogado tremiam e ele respirava e inspirava, em um ritmo lento e contido, acalmando-se. Ele nao ia chorar ali. Ele estava se segurando. Foggy sempre foi bom em se manter calmo, mesmo que por dentro ele estivesse prestes a desmoronar.
Ela mordeu o lábio.
“Nada.” Ela riu de leve.
“Pode dizer.” Matt riu, também.
“Okay”, Ela riu, tensa. “Eu sempre pensei que você dois. Quero dizer. É nítido que ele sente algo por você, mas teve um tempo que...” Ela gaguejou, procurando as palavras menos ofensivas. “Matt?” Ela perguntou quando notou o rosto dele sério, plano. “Desculpe se eu insinuei que você é... Eu sei que você é católica e tudo, e eu...” Ela gaguejou.
“Gay?” Ele perguntou com a sobrancelha levantada.
“Sim?”
“Eu não sou gay.” Matt disse sério.
Ela riu e soltou um bufo aliviado.
“Bissexual.” Matt afirmou com o mesmo tom seco.
A boca dela se abriu involuntariamente.
“Se isso for algum problema para você--” Ele disse sem humor.
“Não, é que. Eu pensei que... uau.” Ela disse.
Matt permaneceu com a sobrancelha levantada.
“Eu não tenho nada contra e... Mas você não é católico e--”
“O que uma coisa tem a ver com a outra.”
“Nada é que...” Então os olhos dela se arregalaram. “Então você e Foggy, vocês já--”
Matt clicou a mandíbula.
Ela levou a mão na boca.
“Vocês já tiveram algo.” Ela disse e sua voz soou abafada.
“Tentamos, não deu certo.” Matt disse, ainda irritantemente sério, seco. “Podemos apenas...” Ele finalmente suspirou. “Apenas ir embora e terminar de preparar o caso?” Matt andou e ela o seguiu em silêncio.
Karen não merecia isso. Mas não seria ele quem iria falar com ela.
Foggy pensou tristemente, assim que Matt entrou no escritório sozinho.
Karen, como sempre, iria parar em algum lugar para pegar um café para seus chefes e um de seus chefes agora era também seu namorado. Ele tambem era o vigilante que ela tanto admirava e que Matt se recusava a contar para ela sobre isso.
Foggy se conteve por quase uma hora completa, antes de irromper o escritório fechado de Matt.
“Você acha mesmo correto o que você está fazendo?” O coração dele batia rapidamente, embora sua voz fosse calma.
“O que você quer dizer?” Matt perguntou, ajustando os óculos e saindo de trás de sua mesa, e ficando em frente a Foggy.
“Você e Karen.” Foggy disse e sua voz quebrou ao pronunciar o nome dela.
“Não tínhamos nada oficial, Foggy e…”
Foggy soltou um suspiro e se virou.
“Nos vemos amanhã. E-eu vou terminar de trabalhar nesse caso em casa.”
Matt o segurou.
“É melhor assim, acredite.”
“Para quem?” Foggy falou entre os dentes e, puxando o braço, se retirou.
“Para nós três, Foggy.” Matt sussurrou de cabeça baixa.
Era certo que sim. Na mente de Matt, aquela era a melhor decisão. Karen precisava de Matt perto, pois ela era um ímã para confusão e Foggy, Foggy precisava de Matt longe, pois ele era vulnerável demais. Inocente demais. Frágil demais. Suave demais. E Matt era todo oposto dele.
Matt era perigoso.
Estar perto fisicamente e longe emocionalmente de Foggy parecia ser o destino dele.
Porém, se ele não estivesse ao lado de Foggy e o empurrasse para longe, aquela bala teria acertado o coração de Foggy.
Ele manteve pressão no ferimento enquanto Foggy respirava bravamente com a dor pulsante e fervente de uma bala que passou queimando por seu corpo e atingiu a parede.
Queimava, ardia e era muito sangue. Quase deixava Matt enjoado.
Mas Foggy era corajoso. Forte. Ele em nenhum momento chorou, ou choramingou ou reclamou. Ele apenas se assustou a princípio. Mas tão logo ele se deu conta que o ferimento estava em seu ombro, ele respirou se estabilizando. Ele ficaria bem. Diferente da promotora.
Ainda assim.
“Eu não estou pedindo sua permissão.” Matt disse a Foggy antes do homem entrar na ambulância e se deparar com Karen, beijar a testa dela e então partir para seu trabalho.
Não era uma desculpa para não encarar Foggy dessa vez, ele apenas estava vigiando a cidade e meditando sobre seus próximos passos. Ele precisava parar quem quer que estivesse por trás disso, antes que outras pessoas fossem mortas.
“A bala atravessou o ombro dele. Ele teve sorte.” Claire disse e deu a ele um sermão, antes de descer.
Matt ainda adorava ela.
Eles tiveram algo também. Foi só um beijo e então ela se foi, pois ela sabia que o coração dele tinha um dono no instante em que aquele advogado exasperado ligou para ela costurar um vigilante em uma poça de sangue no apartamento 6A.
Ele ainda adorava ela, mas não passava de admiração pela sua bravura e resiliência.
Andares abaixo, ele ouviu Foggy desligar a televisão. Mas ele não dormiu. Seu coração ainda estava em estado de alerta, talvez refletindo os acontecimentos daquele dia.
Foggy no entanto, tentava não se concentrar no beijo que Matt deu nela, e não nele.
Em breve ele iria cair no sono que somente os sedativos eram capazes de proporcionar. Dormir ainda era melhor que sua realidade, de qualquer maneira.
Maldita hora que Matt apareceu em seu seu apartamento e lhe deu esperança. Era melhor ele começar a esquecer Matt da forma que seu coração estava começando a se acostumar com ele. Como finalmente seu.
Com esse pensamento, Foggy adormeceu.
Então, Matt resolveu descer.
O homem roncava de leve, tinha uma leve carranca e seu ombro pulsava quente.
Por pouco aquela bala não tinha atingido o coração dele.
Matt tirou uma mecha de cabelo que cobria a testa de Foggy e o homem se mexeu, se virando para a figura de vermelho.
“Espero que eu esteja vivo e que não tenha ido para o inferno.” Ele disse encarando Matt, que deu um leve sorriso.
“Você vai ficar bem.” Matt o assegurou e beijou-lhe a testa.
Foggy fechou os olhos e Matt sentiu o cheiro de lágrimas presas nos cílios dele.
Lágrimas que escorreram de seus olhos, assim que eles os abriram.
Ele não questionou, apenas aceitou Matt ali com ele.
Foggy sempre seria pego pelo fogo cruzado. O Demolidor sempre deixaria uma mancha vermelha carmesim na alma daquele homem.
O Foggy de anos atrás, o homem inseguro e carente, aceitaria qualquer migalha vinda de Matt.
“Ei.” Matt disse, escovando uma mecha de cabelo da testa de Foggy.
O advogado abriu os olhos e gemeu de leve.
“Você esta febril.” Matt disse e lhe beijou a testa.
“Eu não me sinto muito bem.” Ele disse com a voz grossa de sono.
“Eu sei.” Matt se sentou na cadeira. “Você também esteve chorando. Quer conversar?”
“Vou receber alta amanhã de manhã.” Ele disse, virando os olhos para onde Matt estava sentado.
“Eu... seu médico me disse assim que eu voltei... Sinto muito.” Matt o consolou.
“Não é sua culpa.” Foggy suspirou e fechou os olhos, resignado.
Qual parte? Matt pensou.

AnastasiaAana on Chapter 1 Tue 11 Nov 2025 05:45PM UTC
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