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Language:
Português brasileiro
Stats:
Published:
2025-05-27
Completed:
2025-06-30
Words:
357,325
Chapters:
54/54
Comments:
2
Kudos:
6
Hits:
456

When He Hungers | Tradução

Chapter 49: Capítulo 49

Chapter Text

Capítulo 49

 

Alcance mais longe, Hermione ordenou, forçando sua magia profunda — já exausta e tensionada — até o limite enquanto avançavam silenciosamente pelo castelo escuro, seguindo a liderança de Draco.

A magia oscilava como uma criança teimosa, resistindo ao comando antes de, a contragosto, se esticar, procurando as mentes ao redor dela para proteger.

O déjà vu era nauseante — o peso de vidas equilibrado em suas mãos, as almas deles pressionadas contra suas palmas.

Mas aquilo era diferente da arena.

Ali, tudo estava coberto por uma escuridão sufocante, uma confusão estranha que turvava seus sentidos. Ela sentia a presença dos demônios — mas não havia nada concreto para sua magia agarrar ou expulsar.

Ela era a última linha de defesa deles.

Todos haviam recuperado suas magias agora, o suficiente para afastar os demônios se eles tentassem arranhar os limites de suas mentes. Pelo menos, ela sabia que não precisava se preocupar com Harry e Draco; habilidosos em Oclumência, seriam imunes às tentativas de invasão mental dos demônios. Mas se essa defesa nos outros vacilasse, Hermione precisava ser o escudo final, a última barreira para proteger suas almas.

Honestamente, sua preocupação se concentrava em Neville.

Sua magia, ainda frágil e incerta, oscilava. Ela sentia seu cansaço — a luta para recuperar a força. Ele era o mais vulnerável, e ela não podia deixá-lo cair.

Esse era o segundo ponto mais preocupante do plano: suas magias, sua própria humanidade, provavelmente brilhavam como um farol naquele reino. Hermione não tinha como saber se Voldemort já os sentia, ou se seus esforços em camuflá-los tanto com a invisibilidade quanto com sua magia sombria e febril eram suficientes para garantir preciosos segundos.

Mas o primeiro — e mais angustiante — motivo de preocupação era Draco. Ele estava completamente visível, oferecendo-se como isca para atrair a atenção de Voldemort.

Ele havia exigido isso, recusando-se a seguir o plano dela a menos que ocupasse seu lugar nele.

Esse havia sido o único nó em sua estratégia apressada que quase desfez tudo.

Draco como isca não fazia sentido.

Ela sabia disso.

Os outros sabiam disso.

E ela tinha quase certeza de que aquele teimoso dragão de homem também sabia.

Voldemort queria ela — estaria muito mais focado nela se ela estivesse exposta, dando ao grupo o tempo que precisava para buscar Nagini. Mas Draco não quis nem ouvir. Jurou, diante de todos, que faria Voldemort focar nele tempo suficiente para que o plano deles desse certo.

Ela não sabia dizer se ele estava blefando, e a culpa a corroía quando o pensamento de invadir a mente dele surgia — de ler seus pensamentos para ter certeza de que estava falando sério.

Não — eles não faziam mais isso um com o outro. Não sem permissão. Não agora, quando a frágil base de confiança entre os dois finalmente criara raízes.

Draco já não espreitava mais nos cantos de sua mente.

Sua presença — tanto como seu campeão impiedoso quanto como aquela voz sem nome à qual ela se acostumara — havia desaparecido.

Mas ela sabia, com uma certeza dolorida, que se o chamasse, ele responderia sem hesitação.

Então ela chamou.

Draco.

Ele não hesitou, sua voz deslizando delicadamente em sua mente: — Granger.

— Me torna fraca admitir que estou com medo?

Só um tolo entraria em batalha sem medo; e você não é tola, Hermione Granger.

Hermione expirou em silêncio, forçando a respiração a se manter estável. — Todo o plano era pra evitar uma batalha.

Draco ficou em silêncio por um momento antes de responder: — Também aprendi que é imprudente entrar em qualquer operação tendo a esperança ingênua como único plano de apoio.

Muito sombrio da sua parte — ela resmungou, depois acrescentou: — Você acha que sua mãe está aqui?

— Infelizmente, tenho certeza que sim.

Um arrepio percorreu o núcleo de Hermione. — Não tente ser o herói.

Ele zombou: — Quando é que eu já fiz algo que sugerisse interesse por heroísmo?

— Constantemente — ela rebateu, flashes das memórias dele ricocheteando em sua mente.

Eu falei sério quando disse que já estou além da salvação, Granger.

— Sei que você acredita nisso, mas isso não torna verdade... e não muda o fato de que todo mundo aqui está vivo por sua causa.

A resposta de Draco foi se retirar da mente dela enquanto eles viravam um corredor, subindo por degraus que Hermione não reconhecia de nenhuma das memórias que havia absorvido. Cada corredor parecia o mesmo, como se estivessem presos em um ciclo sem fim. Ainda assim, o passo de Draco era firme o bastante para que ela confiasse que ele sabia para onde os levava.

Enquanto envolvia sua magia ao redor do restante do grupo invisível, ela sentiu a essência de Theo ziguezagueando pelo corredor — só por diversão.

Sua mente vagou até Pansy, torcendo para que sua busca não tivesse sido em vão, torcendo para não ter condenado aquela bruxa brilhante à morte por enviá-la direto à toca do leão.

De repente, os passos de Draco ficaram mais cautelosos enquanto ele os guiava por uma passagem estreita e escura.

Ali, com um movimento da varinha, ele transfigurou as roupas casuais que usava na sede em um terno preto, elegante e severo. Era como se ele estivesse vestindo de novo uma persona que esperava ter deixado para trás.

O olhar de Hermione travou na varinha dele, girando repetidamente em sua mão — a mesma varinha que ela precisava desarmar.

Os fios soltos de seu plano pareciam prestes a se desfazer, um por um, enquanto ela lutava para mantê-los no lugar.

Mas a realidade era: ela teria que encontrar uma forma de desarmá-lo. Se conseguissem matar Nagini, havia a chance de o próprio Voldemort aparecer, e quando isso acontecesse, ela teria que cumprir a missão de Evyvesor.

Então ela saboreava cada olhar furtivo que podia roubar de Draco naquele estado mais suave, tomado de amor — pois cada um deles podia ser o último.

O momento em que o desarmasse — e, com isso, o traísse — aquela frágil base de confiança se quebraria, como o lustre da Mansão Malfoy um dia se quebrara.

Quando saíram do corredor estreito e sombrio, uma onda de reconhecimento invadiu Hermione — a sensação de que já estivera naquele exato lugar antes, ainda que apenas por meio de uma lembrança.

O corredor se dividia em três caminhos distintos, cada um serpenteando rumo à escuridão incerta. Draco parou e ergueu a varinha. Com um movimento, apagou as pequenas chamas que forravam as paredes — um sinal silencioso.

Por um instante, ninguém se moveu.

Até mesmo Hermione se viu paralisada.

Aquele era o ponto de convergência — o momento horrível, porém necessário, de separação. Um momento que poderia se provar o mais brilhante ou o mais tolo de todos os que haviam tomado.

Neville foi o primeiro a se mover, deslizando sem uma palavra pelo corredor oposto ao que Draco seguiria rumo à câmara principal.

— Ginny, Harry — murmurou Hermione, a voz pouco mais que um sussurro. — Vão pela direita. Fiquem juntos o máximo que conseguirem. Ginny, não esqueça de—

— Já entendi — respondeu Ginny, em tom baixo e tranquilo.

Uma pausa pairou — um adeus não dito — antes que obedecessem e desaparecessem pelo caminho escuro.

— E eu, Cabelinhos? Pra onde você quer que eu vá? — a voz de Theo veio suave, quase hesitante.

— Fique comigo só mais um pouco — disse ela, surpreendendo a si mesma. — Até chegarmos ao corredor do salão do trono.

Theo não contestou.

Com isso, Draco seguiu adiante, guiando-os pelo caminho que Hermione já havia percorrido antes.

Passaram por uma cela — ou gaiola — que um dia abrigara uma das criaturas daquele reino. Hermione lançou um olhar cauteloso para dentro, encontrando-a vazia. Não sabia dizer se aquilo era um alívio ou um presságio.

Avançaram em silêncio, cada passo sobre a escada antiga e estreita era cuidadoso, cada respiração contida.

Quando chegaram ao topo, Hermione sentiu a magia de Theo se afastar dela e de Draco, descendo pelo primeiro corredor para iniciar sua busca solitária.

Hermione sabia que, em algum momento, ela também teria que deixar Draco para trás. Mas parte dela ainda não conseguia conceber essa separação, mesmo quando sua mente implorava para que focasse em salvar o mundo, não apenas um homem.

Ainda assim, uma parte dela — tola ou desafiadora — insistia que talvez fosse possível fazer os dois.

— Isso não te preocupa? — Hermione perguntou a Draco. — Não termos encontrado nenhuma criatura, duende ou Comensal?

— Imensamente.

— Então você concorda... tem algo errado?

— Algo está diferente.

Draco continuou, os passos firmes enquanto se aproximavam das portas imensas do salão do trono.

Hermione vinha logo atrás, o olhar se desviando para um corredor menor que se ramificava da trilha principal.

Era ali.

A hora de se afastar, de partir sem alarde.

Ela parou, o coração pesado com palavras que não conseguia dizer.

Despedidas nunca foram seu forte — nem com Dumbledore, nem com seus pais, nem com McGonagall, nem mesmo com Luna.

Afinalidade não combinava com ela, como se se recusasse a reconhecê-la, acreditando que assim ela nunca aconteceria de verdade.

Ela deu um passo em direção ao corredor, afastando-se do caminho de Draco.

Então dedos esguios envolveram seu pulso.

Assustada, ela se virou e encontrou os olhos de Draco já fixos desesperadamente nos seus, como se ela tivesse estado visível o tempo todo, como se ele nunca a tivesse perdido na escuridão.

— Como você...?

— Eu disse que sabia onde você está — murmurou ele. Apertou o aperto, o olhar implorando. — Fique comigo.

— Eu preciso encontrar—

— Acho que nós dois sabemos onde ela provavelmente vai estar.

O coração de Hermione afundou, a esperança se espatifando no estômago. Ela não queria acreditar, mas o receio silencioso na voz de Draco confirmava o que começara a temer — aquilo tudo podia ser uma armadilha.

Uma armadilha na qual ela os havia conduzido sem saber.

— Há quanto tempo você suspeita que a Nagini estaria nessa sala? — Hermione perguntou.

— Desde o momento em que você me contou seu plano.

Uma faísca de traição acendeu dentro dela. — Por quê?

— Porque, se eu fosse ele, é exatamente o que eu faria.

— Não podemos ter certeza de que ele sabe—

— Ele sabe — assegurou Draco, sombrio.

Ela balançou a cabeça, negando com veemência. — Mas—

Ele deslizou as mãos até os ombros dela, o toque firme, porém gentil. — Eu sou a isca, exatamente como planejei. Mas se você estiver lá dentro, invisível, pode invocar a presa e matar a Nagini enquanto eu o distraio.

— E depois? — ela rebateu, a frustração transbordando. — Com certeza você vai ser morto.

Draco balançou a cabeça, a determinação cravada nos traços. — Não se fizermos tudo no tempo certo. No mínimo, sei que você estará segura.

A garganta de Hermione se apertou enquanto ela insistia:
— Por que você está tão disposto a morrer? Por que quer me deixar?

— Eu nunca vou te deixar, Granger. Eu sou seu, agora e sempre. Mas também não sou idiota. Sei que o nosso amor está em tempo emprestado.

Parte dela queria gritar, socá-lo no peito, atordoá-lo, se fosse a única forma de salvar aquela vida imprudente.

Em vez disso, forçou-se a manter a calma e disse:

— Lute. Se o que você acha que está lá dentro for realmente perigoso, fuja no momento em que sua vida estiver em risco—

— Hermione—

— Me prometa, Draco Malfoy. Jure pela minha vida que fará tudo o que puder para se salvar.

Ele observou o espaço vazio onde ela estava, o olhar intenso. Após um momento, murmurou:
— Eu prometo pela sua vida que farei o meu melhor pra não morrer hoje.

A honestidade dele era o suficiente para ela.
— Então vamos ver o que ele preparou pra nós agora.

Com um movimento decidido, Hermione se desvencilhou do abraço dele e assumiu a dianteira em direção à beirada do corredor. Draco manteve-se logo atrás.

Quando se aproximaram das portas gêmeas gigantescas, elas se abriram com um rangido suave, confirmando que, ao menos um deles, era de fato esperado.

Imediatamente, os ouvidos de Hermione foram invadidos por um grito agudo de dor — um grito feminino que fez sua espinha se arrepiar.

Quando as portas se escancararam por completo, a origem do grito ficou clara.

Suspensa no ar, o corpo de Narcisa Malfoy se arqueava de forma antinatural, como se estivesse possuída. Seus cabelos, de alabastro e ébano, estavam embaraçados e caíam em cascata enquanto sua cabeça se contorcia de dor.

Logo abaixo de Narcisa pairava o alvo da missão de Hermione — Nagini. A serpente deslizava de um lado para o outro, pronta para atacar, escolhendo seu próximo alvo no corpo vulnerável de Narcisa.

Do outro lado da sala, Voldemort estava sentado em seu trono, um sorriso sinistro curvando seus lábios enquanto fixava os olhos em Draco, que permanecia congelado, em estado de choque.

— Que bom que finalmente se juntou a nós — o sibilo de Voldemort ecoou na câmara. — Já estava começando a me preocupar que teria que alimentar sua mãe à Nagini. Ela tem sido absurdamente paciente, sabe?

Voldemort fez um gesto com a cabeça, dando a Nagini o sinal para atacar Narcisa na frente de Draco. A serpente se lançou no ar, cravando as presas profundamente na palma da mão de Narcisa.

Ela se contorceu, sufocando o grito agora que o filho estava presente, enquanto seu corpo tremia em agonia.

Hermione desviou o olhar de Voldemort, pressionando a varinha contra os lábios. Sussurrou o mais silenciosamente que conseguiu:

— Ginny. A presa. Agora.

Em menos de meio segundo, Hermione sentiu o peso reconfortante da presa em sua mão. Agradeceu mentalmente pela poção de Pansy estender a invisibilidade a tudo que ela tocasse.

Draco despertou do transe, avançando com uma determinação fria e inflexível:
— Vim oferecer a mim mesmo no lugar da minha mãe.

Hermione começou a se mover, avançando com o máximo de lentidão possível. Aproximava-se da serpente, ajustando a posição da presa de basilisco em sua mão, buscando o ângulo perfeito.

Tinha apenas uma chance.

Tinha que ser perfeita.

Tinha que atingir para matar.

Mas, acima de tudo, precisava se mover em completo silêncio.

Eles não podiam saber que ela estava ali.

A risada de Voldemort explodiu — um som tenso e perturbador que reverberou pela sala.

Aproveitando o momento, Hermione avançou mais alguns passos na direção da cobra, o riso sinistro abafando o som de seus passos.

— Não, jovem Malfoy — Voldemort respondeu, sua voz cortante. — Não foi por isso que veio aqui.

Draco deu de ombros, fingindo tédio.
— Certo, você tem razão. Não vim por ela. Vim pra fazer um acordo com você.

Voldemort soltou um suspiro agudo, entediado, passando a mão prateada pelo rosto pálido.
— Também não é por isso que está aqui.

Draco forçou uma risada.
— Tudo bem. Se tem tanta certeza de que sabe o motivo, por que não me conta?

Hermione deu mais dois passos à frente. Agora estava a apenas cinco passos da maldita cobra.

Precisava que eles continuassem falando só um pouco mais, apenas o suficiente para abafar o som—

— Ah, por favor. Chega de teatralidade — Voldemort bradou, lançando a mão na direção de Hermione.

Num instante, seu corpo tornou-se visível novamente — e ela foi lançada para trás, arremessada pelo ar até colidir com violência contra a parede dos fundos do salão do trono.

A presa de basilisco em sua mão queimou sua palma, um calor insuportável irradiando por sua pele, arrancando um grito de dor de seus lábios enquanto a presa se desintegrava, desmoronando no chão como cinzas ao vento.

Voldemort ergueu a mão, e o corpo de Hermione a seguiu, obedecendo como uma marionete.

Ele a arrastou pela parede até o meio das nuvens escuras que formavam o teto. Seus pulmões se encheram de uma substância semelhante a fumaça.

A sensação era devastadora.

Ela não podia gritar, não podia respirar.

Era uma boneca de pano, completamente à mercê dos caprichos dele.

— HERMIONE! — o grito de Draco ecoou na câmara.

— Se se mover sem minha permissão, eu a mato! — Voldemort guinchou quando Draco se encolheu.

Draco congelou novamente, obedecendo ao aviso.

— Ainda está se perguntando se eu conheço sua verdadeira intenção ao vir aqui, Draco Malfoy? — Voldemort perguntou, o tom zombeteiro e preguiçoso.

Draco apenas balançou a cabeça uma vez, não ousando se mover.

O olhar de Voldemort subiu até Hermione, presa contra a escuridão, o sorriso sombrio e os olhos mais demoníacos do que nunca. Era como se aquele reino o estivesse contaminando, amplificando sua malevolência.

— Senhorita Granger, como eu clamei por você, invoquei, até chorei por você, esperando que retornasse ao meu lado — apenas para perceber que de alguma forma se esquivou de um voto inquebrável... — Ele olhou para baixo por um momento, suspirando profundamente, antes de explodir do trono com um brado: — Não importa! Estamos todos juntos novamente. Cada um dos meus traidores está aqui, pronto para o destino que planejei especialmente para eles!

— Por favor! — Draco implorou, o desespero em sua voz. — Deixe Hermione ir! Deixe-os ir e leve a mim no lugar—

— De joelhos — Voldemort ordenou, o tom frio e absoluto.

Sem hesitar, Draco caiu, os joelhos batendo contra o chão de pedra com um estalo doentio.

Voldemort avançou lentamente, saboreando cada momento da rendição de Draco. A tensão no ar se adensava, esmagando Hermione enquanto ela lutava contra a magia opressora que a mantinha presa. Dentro dela, sua magia antiga fervilhava, viva em suas veias, lutando contra as amarras — mas ela não conseguia mover um músculo.

Voldemort se curvou, o rosto a centímetros do de Draco, agarrando seu queixo com força de ferro e forçando-o a encará-lo.

Então, Voldemort cuspiu em seu rosto antes de berrar:

VOCÊ REALMENTE ACHOU QUE PODERIA ESCAPAR DESSA, GAROTO? EU DEIXEI MIGALHAS DE PÃO PRA VOCÊ! SEU VERMINE FÉTIDO E DESPREZÍVEL! AGORA É A HORA EM QUE VOCÊ VAI SOFRER UMA ETERNIDADE NAS MINHAS MÃOS, ASSISTINDO AQUELES QUE MAIS AMA SEREM TORTURADOS, VIOLADOS E DESTRUÍDOS! E SÓ ENTÃO EU VOU DEIXAR VOCÊ MORRER, QUANDO OS CADÁVERES DELES ESTIVEREM TÃO DESINTEGRADOS QUE NEM EU PODEREI FAZER MAIS NADA COM ELES!

Uma lágrima solitária escapou do olho de Hermione, descendo por sua bochecha enquanto ela tremia de medo bruto e irrestrito, cada tremor ecoando o terror que a paralisava enquanto Voldemort arrastava Draco pelo colarinho em direção à Nagini, no centro da sala.

Então, o tempo pareceu parar. Outra figura se materializou atrás de Voldemort e Draco — uma figura de cabelo prateado como o de Draco, porém mais longo, despenteado e selvagem.

O rosto era mais marcado, vincado pela exaustão e pelas cicatrizes de anos de sofrimento indescritível.

Era Lucius Malfoy.

Sem hesitar, Lucius ergueu a varinha, mirando diretamente na espinha de Voldemort, e gritou: — AVADA KEDAVRA!

Um clarão verde explodiu da varinha de Lucius, atingindo Voldemort em cheio nas costas.

O corpo de Voldemort ricocheteou como se tivesse sido baleado, a força do feitiço o lançou longe, fazendo-o empurrar Draco contra o chão.

No caos, Hermione sentiu-se despencar em direção ao solo, mal conseguindo reagir a tempo. Instintivamente posicionou a varinha, mas era tarde demais; seu corpo colidiu com o chão de pedra, um grito rasgando sua garganta.

O tempo distorceu, acelerando e desacelerando ao mesmo tempo, enquanto Voldemort se virava para encarar Lucius, os olhos arregalados de choque e fúria — injetados de vermelho, tomados pela raiva.

— Lucius Malfoy — ele rosnou, um sorriso sinistro nos lábios —, isso... eu não esperava. — Voldemort ergueu a Varinha das Varinhas e, com um gesto, atordoou Lucius, congelando-o no lugar.

Ficava tragicamente claro que o feitiço de Avada não tinha poder algum sobre Voldemort — atuando apenas como uma maldição dolorosa.

— Por essa transgressão, Mestre Malfoy, quero que veja sua esposa e seu filho sangrarem diante de você.

Draco jazia caído aos pés de Nagini, o olhar da serpente fixo no pescoço da mãe dele, pronta para desferir o golpe final.

Voldemort permanecia focado em Lucius, saboreando o momento, cego por sua própria arrogância.

Então aconteceu.

Hermione ergueu o olhar, o sangue pingando do nariz enquanto uma luz inesperada começava a brilhar.

Ela cintilava primeiro nas palmas trêmulas de Draco, um farol radiante no meio do caos.

E então, a luz se transformou em metal — prata pura com brilho espelhado, sua lâmina majestosa parecendo ter sido forjada exatamente para caber em sua mão.

Hermione piscou, a descrença percorrendo seu corpo ao reconhecer a espada que agora repousava nas mãos de Draco.

Aquilo não era uma espada qualquer.

O rubi reluzente no punho estava gravado em sua memória.

Era a Espada de Godric Gryffindor.

A testa de Draco se franziu à medida que a compreensão o atingia também.

Num piscar de olhos, ele estava estirado no chão, a espada repousando em suas palmas abertas.

No instante seguinte, ele brandiu a poderosa arma, cortando o ar com uma determinação feroz — bem quando Nagini se lançava mais uma vez em direção a Narcissa, as presas à mostra, prontas para o golpe fatal.

Naquele instante, ele separou a cabeça da serpente do corpo, a lâmina atravessando carne e escamas com perfeição, fazendo-as girar no ar numa grotesca dança de morte.

Narcissa tombou ao chão, soterrando a cobra sob seu corpo.

O grito de Voldemort explodiu de dentro dele, um misto aterrador de agonia e medo — algo que Hermione jamais imaginou que ele fosse capaz de sentir.

Seu corpo estremeceu violentamente, desmoronando ao solo enquanto ele era finalmente — finalmente — despojado das vidas que havia roubado há tanto tempo.

Limpando o sangue do lábio superior, Hermione se arrastou até os joelhos, um choque agudo de dor irradiando por seu corpo ao perceber que talvez tivesse fraturado um osso na queda. Mas ignorou a agonia — era apenas distração.

Agora, era ela e Voldemort — um confronto profano em que ela precisava tomar posse da Varinha das Varinhas.

Ele não podia continuar andando por qualquer reino — destruição demais seguia seus passos.

Mas isso significava que ela precisava desarmar Draco. Agora.

Draco fitava a espada antiga e preciosa em sua mão, a lâmina prateada reluzindo com um poder não dito. Hermione ficou atônita ao perceber que a espada de Gryffindor não recuou diante da linhagem serpentina de Draco. De algum modo, sua história manchada — suas batalhas contra a escuridão e as cicatrizes que isso deixara — o tornavam mais corajoso do que todos eles.

Isso o tornava digno.

Quando Draco levou a mão à varinha, a boca de Hermione se abriu, instintivamente pronta para lançar o feitiço que o desarmaria.

Mas uma lágrima brotou no canto de seu olho, e o peso da traição caiu sobre ela com mais força do que qualquer ferida. A dor de se voltar contra o homem que amava a dilacerou, quase quebrando sua determinação. Sua mão hesitou, o aperto da varinha se intensificando.

Mas antes que pudesse agir, o ambiente mudou.

Num piscar de olhos, Voldemort estava ali — tão próximo, sua recém-descoberta mortalidade ao alcance, sua vulnerabilidade flutuando no ar. Ela poderia acabar com tudo. De uma vez por todas.

No instante seguinte, Voldemort desapareceu numa nuvem rodopiante de trevas, recuando em sua fraqueza. No lugar dele, restou um exército de demônios, formas retorcidas e tangíveis, preenchendo o salão com uma energia escura e sufocante.

Draco ergueu o corpo inerte da mãe sobre o ombro, a espada na mão esquerda enquanto enfrentava o primeiro demônio que investia contra ele. Girou a lâmina num arco ágil, cortando uma das garras alongadas antes que ela pudesse rasgar sua garganta. Com a mão direita, lançou um Incendio displicente contra um demônio que surgia por trás.

Ao seu lado, Lucius se movia com precisão letal, lançando feitiços silenciosos, sua varinha cortando o ar ao abater demônio após demônio.

— Não deixem que as garras deles toquem vocês! — Hermione gritou, assombrada pela última vez em que enfrentara aquelas criaturas.

— Ela realmente achou que eu pretendia deixar? — Lucius resmungou.

Hermione lembrou-se das instruções de Evyesor, deixando o instinto assumir o controle ao erguer a varinha e gritar:

— Bombarda!

O feitiço explosivo detonou as fileiras mais próximas de demônios, imobilizando tantos quanto ela pôde alcançar.

— Um pouco de ajuda! — Draco gritou para a varinha, pedindo socorro aos bruxos espalhados pelo castelo.

— Tô aqui, idiota! — A voz de Theo ecoou pela câmara, aguda e reconfortante. — Ouvi os gritos e fui esperto o bastante pra assumir que vocês estavam ferrados!

Hermione lançou outro Bombarda antes de olhar na direção da voz. Só viu sombras — até que uma faísca de fogo brilhou na ponta da varinha de Theo, iluminando sua figura por um instante feroz.

Ela sentiu uma centelha de surpresa — ele realmente seguira suas instruções.

Para cada demônio abatido ou imobilizado, outros tantos surgiam das sombras, implacáveis e infinitos.

— Precisamos sair daqui! Somos poucos contra muitos! — A voz de Hermione parecia distante aos seus próprios ouvidos, abafada pela dor crescente que ameaçava dominá-la.

— Você é um gênio, Cabeluda! — Theo gritou, tomado pela adrenalina.

— Todo mundo — para o barco, agora! — ela gritou pela varinha, ignorando as provocações enquanto se concentrava na fuga. Mais do que nunca, desejava que Aparatar fosse possível naquele reino.

Lucius liderou o caminho, correndo pelo longo corredor escuro do castelo. Hermione mancava atrás dele, os passos de Theo estrondando ao seu lado. Atrás, Draco vinha arfando, lutando para equilibrar o corpo da mãe no ombro enquanto empunhava a varinha e a espada, repelindo os demônios que se aproximavam.

Hermione lançava feitiços por cima do ombro, mal parando enquanto olhava para trás — o sangue gelando ao ver a horda.

Eles entoavam em uma língua distorcida, seus gritos um apelo febril por morte e sangue. Alguns rastejavam em quatro patas, olhos incandescentes de ódio, enquanto outros voavam acima como sombras vivas.

Um deles mergulhou em direção a Draco, garras estendidas, mirando Narcissa.

— Não! — Hermione gritou. — Draco, cuidado!

Draco olhou para cima a tempo, desviando das garras. Hermione lançou uma maldição que atingiu o demônio no ar, parando-o antes que alcançasse o alvo.

Eles despencaram pelas escadas, pulando degraus para tentar escapar das criaturas que vinham logo atrás.

Na base da escadaria, Lucius parou de repente, forçando Hermione a cambalear para frente, sua varinha rastreando instintivamente o caminho adiante.

Ela resistiu ao impulso de olhar para Draco — sabia que ele era capaz de lidar com aquilo, mesmo diante daquela horda implacável.

De repente, uma ruiva de cabelo curto e dois bruxos surgiram de um corredor estreito, colidindo com Hermione enquanto se reagruparam.

— Graças a Merlin, vocês estão bem! — ela ofegou, aliviada ao vê-los caindo ao seu lado.

— Por favor, diga que ao menos conseguimos matar a cobra! — Ginny gritou por cima do rugido das maldições de fogo de Harry.

— Eu sou testemunha ocular — a cabeça foi cortada fora —, respondeu Theo, a voz vibrando de satisfação.

Ginny soltou uma risada, puxando um pequeno frasco de dentro da capa.

Estendendo-o no ar enquanto corriam, ela esperou até que a mão invisível de Theo o apanhasse, engolindo o conteúdo de um gole só.

Ele reapareceu ao lado deles, um sorriso juvenil no rosto enquanto devolvia o frasco como se fosse sal da sorte.

— Muito melhor!

— Bom ter você de volta — Hermione sorriu, permitindo-se imaginar, só por um instante, um mundo onde todos escapariam vivos.

Mas ao dobrarem mais um corredor, seu coração apertou.

Um demônio irrompeu por uma janela próxima, asas enormes batendo furiosamente enquanto avançava.

Estavam encurralados.

As criaturas os cercavam, grotescas e ameaçadoras.

Hermione ergueu a varinha, pronta para lançar um Incendio, quando um clarão de luz explodiu das garras do demônio — uma luz que, sem dúvida, vinha de uma varinha.

O olhar de Hermione se estreitou ao perceber a verdade. Aquilo não era como os outros; seus olhos não brilhavam com fogo infernal.

— Pansy! — ela gritou, a esperança rompendo o pânico.

O demônio — Pansy — revirou os olhos, bufando de exasperação enquanto sobrevoava Hermione, indo direto até Draco. Em segundos, voltou, segurando Narcissa com firmeza nas garras enquanto voava em direção à janela aberta.

Hermione correu até a janela, olhando para baixo e vendo que ainda estavam um andar acima do local onde o barco repousava invisível entre as pedras e as ondas famintas. Pansy depositou Narcissa no chão com cuidado antes de voltar à sua forma original.

— Acho melhor a gente pular! — Theo sugeriu.

— Odeio admitir, mas concordo — gritou Harry, se lançando pela beirada sem dizer mais nada.

Theo foi logo atrás.

— Arresto Momentum! — Hermione e Ginny gritaram juntas, apontando suas varinhas para os dois, diminuindo a queda.

No momento em que Harry tocou o chão, olhou para cima com um sorriso rápido:

— Boa ideia.

Neville veio em seguida, depois Ginny.

Hermione olhou para trás, o coração apertando ao ver Lucius agora cambaleando, a exaustão estampada em seu rosto. Draco segurava o braço do pai sobre o ombro, praticamente o arrastando enquanto lançava feitiços para deter os demônios, cujas mandíbulas e olhos selvagens estavam cada vez mais próximos.

Sem hesitar, Hermione correu até eles, lançando todos os Bombarda que conseguiu conjurar.

Quando os alcançou, os olhos de Draco encontraram os dela — olhos infantis tomados pelo terror — enquanto os pés de Lucius arrastavam inutilmente sob o corpo.

— Me deixem — Lucius murmurou, a voz fraca. — Me deixem, meu garoto.

— O que está acontecendo com ele? — Hermione gritou, passando o braço de Lucius por cima de seu ombro para ajudar com o peso.

— A vida dele... está ligada à lealdade com Voldemort — Draco gaguejou. — Eu nunca entendi de verdade o que isso significava—

Ao chegarem à janela, Lucius estremeceu e segurou o rosto de Draco com as duas mãos, os dedos pressionando suas bochechas como se tentasse memorizar suas feições uma última vez. Seu olhar estava pesado, caindo, como se lutasse contra um cansaço eterno para manter os olhos abertos.

— Me desculpe... por tudo — Lucius sussurrou, a voz um sopro. — Agora vá.

— Eu não vou te deixar! — Draco engasgou, apertando o pai com força.

Lucius balançou a cabeça.

— Eu não estou te dando escolha.

Com um movimento da varinha, o corpo de Draco foi lançado pela janela, um Wingardium Leviosa silencioso o elevando na noite.

Hermione ficou olhando para Lucius, um assombro relutante crescendo dentro dela ao vê-lo sob uma luz que jamais imaginou.

Lucius lançou-lhe um olhar quase arrependido — mais por seus próprios pecados do que por ela. — Nunca quis condená-lo à escuridão.

Ela assentiu, sem conseguir encontrar palavras.

Os demônios estavam a segundos de distância.

Não havia tempo para Hermione salvar um homem já morto.

— Eu vou segurá-los — ele murmurou, escorando-se na janela. — Cuide dele.

Era tanto uma ordem quanto um pedido.

— Eu vou.

No momento em que se forçou para fora da janela, ouviu Lucius bradar: — Pestis Incendium!

Sentiu o calor escaldante das chamas no instante em que Harry a agarrou no ar. Quando tocaram o chão, ela olhou para cima e viu a janela explodindo em um fogo alaranjado — a última resistência de Lucius — Fiendfyre.

O barco, agora visível, já estava repleto de sobreviventes abalados, os rostos fantasmagóricos sob o luar.

Draco tremia, o olhar fixo na janela enquanto os gritos angustiados dos demônios em chamas se misturavam ao último brado de seu pai.

Juntos, empurraram o barco das rochas irregulares para as águas negras e revoltas — águas que pareciam reconhecer a transgressão deles, fervendo em fúria.

À medida que as ondas se chocavam contra eles, Theo gritou: — Eu não acho que a gente vai sobreviver a isso!

— A perspectiva não é nada promissora! — concordou Ginny, agarrada a Harry com força desesperada.

Hermione tentou bloquear os gritos, concentrando-se para dentro de si, cavando desesperadamente nas profundezas da própria magia.

Ela precisava encontrar uma maneira de reabrir o caminho entre os mundos.

Mas a tarefa parecia impossível, sua mente fraturada demais pela dor e exaustão.

Então, veio como um alarme soando em sua mente — um grito cortante de alerta, revelando o que sua dor havia mascarado até agora.

— Nós não queremos que vocês sobrevivam a isso — disse a voz de Neville atrás dela — mas não era mais Neville. Não completamente.

Os olhos dele brilhavam com fendas negras, algo distorcido e dolorosamente familiar.

O coração de Hermione afundou. O ar lhe faltou. Por quanto tempo esse demônio havia rastejado dentro de Neville? Por quanto tempo ela deixou a guarda baixa?

Hermione abriu a boca para lançar o feitiço de exorcismo, mas Neville se atirou sobre ela, dentes à mostra num rosnado selvagem, empurrando-a para fora do barco e em direção ao mar.

As ondas negras a atingiram como punhos.

Aquilo não era água como ela conhecia — era escuridão líquida, escaldante, cada onda queimando sua pele como brasas vivas.

Quando arfou, o líquido escaldante invadiu seus pulmões, espalhando-se como lava por seu peito, acendendo cada nervo em agonia.

Debatendo-se contra a dor, mal conseguiu puxar ar antes que o demônio a submergisse novamente, forçando-a para baixo, nas profundezas castigadoras.

Ela não conseguia abrir os olhos debaixo d’água — a única tentativa lhe pareceu que queimara completamente suas pupilas.

Apertou a varinha com força, o pânico crescendo, temendo perdê-la para as ondas — ou para Neville.

Ela precisava de um único fôlego, um instante para pronunciar as duas palavras que poderiam expulsar o demônio dele.

Mas as mãos ao redor de seu pescoço apertaram, espremeram-lhe a vida, enquanto ela se debatia em desespero.

Então, o caos virou silêncio.

A força das ondas cessou, mesmo com Hermione ainda lutando contra o aperto de Neville.

Um tipo de calma estranha a envolveu e, quando pensou que se afogaria em desespero, outra mão — familiar, amada — agarrou-a, puxando-a para cima.

Ela rompeu a superfície, arfando por ar, a água fria escorrendo de seu corpo.

Draco a jogou dentro do barco primeiro, os movimentos frenéticos enquanto Ginny e Harry a puxavam para dentro.

— Neville! — Hermione tossiu, o pânico rasgando sua garganta ao olhar para a água escura. — Ele está—

— Neville! — Draco gritou, vasculhando as ondas, o rosto tomado pelo desespero. — Neville!

— Draco lançou o feitiço que devia parar o demônio, mas aí Neville só... afundou — explicou Theo, a voz morrendo em aflição no momento em que Draco mergulhou de volta no abismo.

— Não! — gritou Hermione, horrorizada, vendo a figura pálida de Draco desaparecer nas profundezas.

Pansy se esticou pelo barco, enfiando um frasco de Wiggenweld nas mãos trêmulas de Hermione.

— Bebe isso! Você precisa se curar o máximo que puder se quiser abrir aquela maldita barreira!

— Mas Draco, Neville— — Hermione tentou protestar, a urgência dilacerando seu peito.

— Estamos todos mortos se você não conseguir abrir a barreira! Você tá pálida feito um fantasma! Bebe essa porcaria, sua Grifinória teimosa, ou eu mesma vou enfiar na sua goela!

Hermione obedeceu, engolindo a poção num gole desesperado.

Com um suspiro violento, Draco emergiu, lutando contra as ondas enquanto puxava o corpo inerte de Neville ao lado. A água espirrava ao redor deles num frenesi de caos, mas ele ergueu Neville até Theo e Harry, que o puxaram para dentro do barco com urgência silenciosa.

— Me desculpa, me desculpa! Eu devia ter prestado mais atenção! — Hermione murmurava incoerentemente enquanto Draco desabava em seu colo, o corpo exausto, a respiração pesada após a luta contra o mar.

— Só foca em tirar a gente daqui! — gritou Pansy, tentando fazer Narcissa beber uma Wiggenweld.

Hermione fez exatamente isso, mergulhando no núcleo de sua magia — não mais pedindo com gentileza, mas exigindo com fúria. Uma centelha acendeu dentro dela, escurecendo sua pele imediatamente enquanto tentáculos de sombra se erguiam, envolvendo-a como um manto da noite.

O mundo ao redor começou a desaparecer, engolido pelo caos do Reino do Vazio.

As ondas se agitavam violentamente abaixo, mas ela ia mais fundo, sentindo a barreira como um muro antigo, impassível. Resistia ao seu toque, como se zombasse de seu esforço.

Pânico tomou conta de sua mente — vozes se misturando em um coro de medo e incerteza.

Ela ouviu o gemido de uma criatura colossal vindo das profundezas, algo que prometia engoli-los vivos.

O Reino do Vazio era implacável, tentando distraí-la com seus horrores antigos.

Mas Hermione não podia perder o foco.

Com cada gota de sua força de vontade, ela lutou contra a barreira, exigindo que cedesse à sua necessidade desesperada.

Eles iam morrer.

Seriam devorados por algum horror inimaginável se ela falhasse.

Então, como um sussurro suave rompendo o caos, sentiu uma mão delicada sobre a sua — um toque feminino, com as marcas esmaecidas de duas mordidas.

Aquela mão transmitiu uma onda de poder, uma corrente elétrica incendiando seus sentidos como fogos de artifício — como os shows trouxas a que seus pais a levavam quando criança, quando magia e beleza caminhavam juntas.

Como se um terceiro olho se abrisse, ela viu tentáculos se estendendo — não só de si, mas de Narcissa Malfoy, forçando a abertura junto com ela.

Em vez de simplesmente ajudar, Narcissa entrelaçava sua magia à de Hermione, não como apoio, mas como um canal de energia.

Ela também não via a passagem? Hermione entendeu: Narcissa não oferecia alavanca — ela canalizava sua própria magia Mens Levius por Hermione, suavizando e amplificando, revivendo sua força.

Com um grito primal que ecoou em seu peito, elas avançaram rumo à barreira e, com um último esforço desesperado, escorregaram pela fenda, a barreira finalmente cedendo à força unida.

O barco sacudiu violentamente ao atravessar, como se tivesse deixado um pedaço de si para trás.

Num instante de triunfo, Hermione olhou para trás a tempo de ver uma criatura marinha colossal — escamosa, feroz, com uma boca cheia de dentes afiados — se lançar contra a borda do barco.

Os olhos da criatura reviraram no momento em que o portal se fechou com força atrás deles, cortando-lhe a cabeça em um golpe brutal.

Os restos de sua forma caíram na água, afundando nas profundezas do que agora era o mundo dela — o mundo deles.

Hermione olhou ao redor, contando os corpos borrados, garantindo que ninguém fora devorado.

Mas o cansaço foi mais forte. E a escuridão a levou antes que encontrasse Draco.